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apostila advocacia previdenciaria na pratica v1

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Curso Beta On-line© Elaborado por Gabriel 
Palatnic 
1 
 
 
INTROITO: 
 
A presente apostila foi montada a partir das aulas ministradas no Curso de Advocacia 
Previdenciária na Prática do Curso Beta. 
 
Partindo-se do pressuposto que se trata de um curso prático, não há qualquer pretensão 
em esgotar temas ou mesmo aprofundar deveras o direito material e processual 
previdenciário. 
 
Por óbvio, os temas contidos na apostila são, segundo o entendimento do professor, os 
mais necessários ao neófito da área previdenciária. 
 
Desta feita, a apostila tem como fim apresentar um norte para os advogados, estagiários 
ou demais profissionais que estão iniciando os estudos do Direito Previdenciário e com os 
demais cursos e apostilas que se seguirão, o professor, pretende sedimentar e aprofundar 
o conhecimento na matéria. 
 
Mais uma vez me coloco à disposição dos alunos pelo e-mail: palatnic@gmail.com; pela 
minha página do facebook: https://www.facebook.com/profgabrielpalatnic/. 
 
1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA: 
 
1.1 - Assistência Pública: 
 
A primeira etapa da proteção social foi a da assistência pública, fundada na caridade 
desempenhada por membros da sociedade, religiosos e familiares, sem qualquer relação 
com o Estado. No Brasil alguns doutrinadores atribuem o início da assistência pública à 
criação em 1543 da Santa Casa de Misericórdia de Santos. 
 
A desvinculação entre o auxílio ao necessitado e a caridade começou no Inglaterra em 1601 
quando Isabel I editou o act of relief the poor (Lei dos Pobres), pela primeira vez se 
reconheceu que cabia ao Estado amparar os comprovadamente necessitados e isso se 
dava mediante a arrecadação de uma taxa obrigatória vertida a um fundo administrado 
pela Igreja. (Institucionaliza-se o binômio igualdade-solidariedade). 
 
No Brasil a assistência pública foi primeiramente prevista na Constituição de 1824, no art. 
179, §31 que garantia os socorros públicos. 
 
 
 
Curso Beta On-line© Elaborado por Gabriel 
Palatnic 
2 
 
 
1.2 – Seguro Social: 
 
A previdência social nasce da necessidade de criação de outros mecanismos de proteção 
não baseados na caridade e na necessidade de comprovação de ajuda. 
 
Surgiram assim empresas seguradoras, com fins lucrativos e administração baseada em 
critérios econômicos. A primeira forma de seguro foi o seguro marítimo, que surgiu no 
século XII por reivindicação dos comerciantes italianos; este decorria de contrato e tinha 
natureza facultativa. 
 
Nesse momento já não bastava a caridade para o auxílio dos necessitados e muitas 
categorias profissionais (armadores de navios) começaram a criar caixas de auxílio que 
tinham natureza mutualista e davam direito a auxílio-doença ou morte. 
 
Deve-se destacar que no Estado Absolutista, ou mesmo no liberal, eram tímidas as medidas 
governamentais de providências positivas, porquanto, no primeiro, sequer existia um 
Estado de Direito, enquanto no segundo vigorava a doutrina de mínima intervenção 
estatal, sendo o Poder Público apenas garantidor das liberdades negativas (direitos civis e 
políticos), o que disseminou a miséria (Padre Lacordaire – entre o fraco e o forte a 
liberdade escraviza e a lei liberta). 
 
O final do século XIX marcou o surgimento de um tipo novo de seguro, cuja garantia de 
efetividade dependia da distribuição dos riscos por grupo numerosos de segurados. 
 
Entende-se como nascido o seguro social na Prússia em 1883 com a Lei do Seguro Social 
que criou o Seguro de Enfermidade, resultado da proposta de Otto Bismarck. 
 
A evolução natural da sociedade levou o estado liberal a entrar em crise em razão das 
guerras mundiais, da Revolução Soviética, da crise econômica de 1929 e, uma vez que este 
modelo estatal é inerte para a solução de dilemas básicos da população, como trabalho, 
saúde, moradia, educação, haja vista a inexistência de interesse regulatório. 
 
Um sistema de Seguridade Social, englobando as políticas de Saúde, Assistência Social e 
Previdência Social, como o que temos atualmente, é algo recente na história brasileira, 
tendo surgido com a Constituição Federal de 1988. 
 
1.3 – Evolução Histórica no Brasil: 
 
 
 
Curso Beta On-line© Elaborado por Gabriel 
Palatnic 
3 
 
Assim, vamos abordar os principais fatos históricos ligados à origem e à evolução da 
Previdência Social e Seguridade Social no Brasil. 
 
1835 – É criado o Montepio Geral da Economia dos Servidores do Estado (Mongeral), 
sendo a primeira entidade de previdência privada a funcionar no país. Os montepios 
estavam organizados em um sistema mutualista, ou seja, de pessoas que se associavam e 
contribuíam para um fundo comum, o qual realizava a cobertura de certos riscos sociais, a 
partir da entrega de determinados benefícios; 
 
1891 - A Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil assegurou a 
Aposentadoria por Invalidez aos funcionários públicos; 
 
1919 – A Lei nº 3.724/19 torna o seguro contra acidentes do trabalho obrigatório para 
certas categorias de atividades profissionais; 
 
1923 – Foi publicada a Lei Eloy Chaves (Decreto Legislativo nº 4.682 de 24 de janeiro de 
1923) que determinou a criação das Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP) para os 
empregados das empresas ferroviárias. Esta lei marca o início da previdência social no 
Brasil. A partir de outras leis que se sucederam, diversas foram as entidades criadas nessa 
época e também para empregados 
de outros setores como os portuários, dos serviços telegráficos, etc. Havia, assim, uma CAP 
para cada empresa. Eram as empresas que organizavam e geriam as CAP’s com a 
participação dos seus empregados. Essa forma de administração colegiada se mantém até 
hoje. Atente que não tínhamos a participação do Poder Público no custeio; 
 
1933 – Criou-se o Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Marítimos (IAPM), dando 
início a uma fase que se prolongaria até a década de 1950, de unificação das Caixas de 
Aposentadorias e Pensões (CAP´s) em Institutos Públicos de Aposentadorias e Pensões 
(IAP´s). Os Institutos eram Autarquias Públicas que não se organizavam mais por empresa, 
mas por categorias profissionais e possuíam âmbito nacional. 
 
1934 – A Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil previu o custeio tripartite 
da previdência, com a participação do Governo, Empregadores e Empregados. 
 
Obs. 01 - A Constituição de 1934 foi resultado da Revolução Constitucionalista de 1932 e 
dizia em seu preâmbulo que visava organizar um regime democrático que assegurasse a 
nação, a unidade, a liberdade, a justiça e o bem-estar social e econômico. Porém, foi a 
Constituição que menos durou na história do Brasil, pois durou menos de 03 anos, mas 
 
 
Curso Beta On-line© Elaborado por Gabriel 
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vigorou oficialmente por apenas 01 ano. O cumprimento à risca de seus princípios nunca 
ocorreu (Constituição “para inglês ver”). 
 
1960 – Foi editada a Lei nº 3.807 de 26 de agosto de 1960, chamada de Lei Orgânica da 
Previdência Social (LOPS), que promoveu a unificação legislativa das contribuições e dos 
critérios de concessão dos benefícios por aqueles diversos IAP´s. 
 
1963 – Promulgou-se a Lei nº 4.214/63 que criou o FUNRURAL – Fundo de Assistência ao 
Trabalhador Rural. 
 
1966 – Todavia, somente com o Decreto-Lei nº 72 de 21 de novembro de 1966 foi que 
ocorreu a unificação administrativa daqueles diversos Institutos – IAP´s - dando origem ao 
Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), o antecessor do atual Instituto Nacional 
do Seguro Social (INSS).1972 – Os empregados domésticos passam a ser incluídos na Previdência Social. 
 
1977 – Foi instituído com a Lei nº 6.439/77 o Sistema Nacional de Previdência Social e 
Assistência Social (SINPAS), que se estruturou da seguinte maneira: 
DATAPREV - Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social, que presta 
serviço de processamento de dados (Ex. e-Recursos); 
 
» INPS - Instituto Nacional de Previdência Social: criado para a concessão e controle dos 
benefícios. 
 
» IAPAS - Instituto de Administração Financeira da Previdência Social: criado para 
arrecadar, fiscalizar e cobrar as contribuições previdenciárias. Fusão em 1990 para formar 
o INSS. 
 
» INAMPS - Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social: criado para a 
prestação assistência médica. Extinto em 1993. 
 
» LBA - Fundação Legião Brasileira de Assistência: instituído para a prestação de assistência 
às pessoas carentes. Extinto em 1995. 
 
» FUNABEM - Fundação Nacional do Bem-estar: criada para a prestação de assistência ao 
bem-estar do menor. Extinto em 1995. 
 
 
 
Curso Beta On-line© Elaborado por Gabriel 
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» CEME - Central de Medicamentos: tinha a função de distribuir medicamentos às pessoas 
carentes. Extinto em 1997. 
 
Obs. 02 - Este sistema tinha como objetivo a integração de atividades na área de assistência 
social, saúde e previdência social, sendo imperioso destacar que, após a “extinção em 
massa” dos institutos/fundações na década de 1990, restou somente a DATAPREV. 
 
Obs. 03 - Cumpre-nos ressaltar que, segundo publicação em Diário Oficial da União – D.O.U 
do dia 19/05/2016, a DATAPREV foi fundida ao Conselho Nacional de Previdência Social 
passando a se chamar Conselho Nacional de Previdência Social e Empresa de Tecnologia e 
Informações da Previdência, na competência do Ministério da Fazenda. 
 
1988 – A Constituição da República Federativa do Brasil de 05 de outubro de 1988 
estruturou nos arts. 194 a 204 a moderna Seguridade Social, caracterizada por 
compreender um conjunto integrado de prestações de Saúde, de Previdência Social e de 
Assistência Social. 
 
1990 – A Lei nº 8.029 de 12 de abril de 1990, determinou a criação do Instituto Nacional 
do Seguro Social (INSS) a partir da fusão do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) 
e do Instituto de Administração Financeira da Previdência Social (IAPAS). Logo após, com 
o Decreto nº 99.350/90 fica definida a estrutura básica do Instituto (atualmente disposta 
no Decreto nº 7.556/11). 
 
Obs. 04 - O INSS tinha, naquele momento, as atribuições administrativas relacionadas à 
arrecadação das contribuições sociais previdenciárias e de analise e concessão dos 
benefícios. 
 
1991 – Foram publicadas as duas leis mais importantes da Seguridade Social: Lei nº 
8.212/91 que organiza a Seguridade Social e cria o seu Plano de Custeio e a Lei nº 
8.213/91 que criou o Plano de Benefícios do Regime Geral de Previdência Social (RGPS). 
1998 – Publicada a Emenda Constitucional – EC nº 20 de 15 de dezembro de 1998 que 
introduziu grandes mudanças no Regime Geral de Previdência Social (RGPS) e nos Regimes 
Próprios de Previdência Social (RPPS). 
 
Obs. 05 - Dentre outras alterações, ela extinguiu a aposentadoria por tempo de serviço, 
criando no seu lugar a aposentadoria por tempo de contribuição; extinguiu a 
aposentadoria por tempo de serviço proporcional, que permaneceu apenas como regra 
de transição (16/12/1998 – 40% do tempo de faltava para a concessão do benefício); 
determinou a obrigatoriedade de observância pela Previdência Social, de critérios que 
 
 
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preservem o equilíbrio financeiro e atuarial; incluiu os aposentados na gestão da 
Seguridade Social que era, antes, tripartite, passando a ser quadripartite. 
 
1999 – Editado o Decreto nº 3.048/99 (Regulamento da Previdência Social - RPS), no qual 
reúne normas sobre o custeio da Seguridade Social e sobre as prestações previdenciárias 
do Regime Geral de Previdência Social (RGPS). 
 
Obs. 06 – Este Decreto é extremamente importante aos profissionais que atuam na área 
previdenciária, tão importante quanto (quiçá mais importante) que as Leis nº 8.212/91 e 
nº 8.213/91, apesar das críticas relativas a hierarquia de normas. 
 
2005 – A Lei nº 11.098/05 criou a Secretaria da Receita Previdenciária (SRP), vinculada ao 
extinto Ministério da Previdência Social (MPS), que passou a exercer as funções de 
arrecadação, fiscalização, lançamento e normatização das receitas previdenciárias, 
retirando-as da competência do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). 
 
2007 – Todavia, mais ou menos dois anos depois, a Lei nº 11.457/07 retirou função 
arrecadatória da Secretaria da Receita Previdenciária (SRP), a passando para a 
competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB), vinculada ao Ministério da 
Fazenda. 
 
Obs. 07 - Hodiernamente, compete à Secretaria da Receita Federal do Brasil planejar, 
executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, à fiscalização, à 
arrecadação, à cobrança e ao recolhimento das contribuições (art. 33 e §§ c/c parágrafo 
único do art. 11 da Lei nº 8.212/91). 
 
2014 – Medida Provisória nº 664 de 30 de Dezembro de 2014 que alterou as Leis 
no 8.213/91, nº 10.876/04, nº 8.112/90 e a Lei nº 10.666/03, instituindo novas regras para 
a concessão de pensão por morte e auxílio-doença no RGPS, pensão por morte do Regime 
Jurídico Único dos Servidores Civis da União, tirou a exclusividade dos peritos do INSS para 
análises técnicas e modificou o critério de compensação financeira entre regimes 
previdenciários. 
 
2015 – A supracitada medida provisória foi convertida na Lei nº 13.135/15 sofrendo 
diversos vetos e alterações que impactaram no critério de concessão e tempo de 
recebimento do benefício de pensão por morte. 
 
2. SEGURIDADE SOCIAL: 
 
 
 
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A Constituição da República Federativa do Brasil de 05/10/1988 (CRFB/88) foi a primeira a 
introduzir o sistema da Seguridade Social que tem por objetivo englobar ações na área da 
previdência social, da assistência social e da saúde pública. 
 
Segundo o professor Fábio Zambitte Ibrahim a Seguridade Social é a rede protetiva 
formada pelo Estado e particulares, com contribuição de todos, incluindo parte dos 
beneficiários dos direitos, no sentido de estabelecer ações positivas no sustento de 
pessoas carentes, trabalhadores em geral e seus dependentes, providenciando a 
manutenção de um padrão mínimo de vida. 
 
Importante apontar que dentro deste sistema da seguridade social coexistem dois 
subsistemas, isto é, um subsistema contributivo, composto apenas pela previdência social 
pressupondo o pagamento de contribuições previdenciárias dos segurados para a sua 
cobertura e dos seus dependentes; e um subsistema não contributivo, integrado pela 
saúde pública e pela assistência social, custeado por tributos (especialmente as 
contribuições ao custeio da seguridade social – art. 195 da CRFB/88 e art. 11 da Lei nº 
8.212/91) e disponível a todas as pessoas que dela necessitem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Apresentada esta introdução passamos a compreender melhor o conceito de Seguridade 
Social no Brasil, qual seja: um conjunto integrado de ações de iniciativa do Poder Público 
e da toda a sociedade que visam assegurar os direitos fundamentais à saúde, à assistência 
e à previdência social. 
 
Portanto, verifica-se que a Seguridade Social ostenta a natureza jurídica de direito de 2ª 
dimensão, eis que estamos diante de um direito social com natureza prestacional positiva 
(art. 6º da CRFB/88), mas também de 3ª dimensão(direitos transindividuais), pois tem 
caráter universal de natureza coletiva. 
 
2.1 – Saúde: 
Seguridade Social 
Subsistema 
Contributivo 
 
Subsistema não 
Contributivo 
Previdência 
Social 
Saúde Pública 
SUS 
Assistência 
Social 
 
 
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A saúde é um direito de todos e dever do Estado (art. 196 da CRFB/88). Antes da CRFB/88 
a saúde pública não era universal, tendo direito somente aqueles que arcassem com seu 
custeio que, em regra, era acrescido à contribuição previdenciária (por isso a confusão 
entre a saúde e a previdência social). 
 
Hoje, a saúde tem organização totalmente distinta da previdência social, pois, após a 
extinção do INAMPS as ações nesta área passaram a ser de responsabilidade direta do 
Ministério da Saúde, por meio do Sistema Único de Saúde – SUS (Lei nº 8.080/90). 
 
Devido ao caráter universal da saúde, hodiernamente, mesmo a pessoa que 
comprovadamente possua meios de patrocinar seu próprio atendimento terá a rede 
pública como opção (universalidade do atendimento). 
 
2.2 – Assistência Social: 
 
A Assistência Social nos termos da Lei nº 8.742/93 (Lei Orgânica da Assistência Social), 
direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva que 
prevê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de 
iniciativa pública e da sociedade, para garantir as necessidades básicas. 
 
A CRFB/88 determina que a ação estatal na Assistência Social seja realizada 
preferencialmente com recursos do orçamento de Seguridade Social e organizada com 
base na descentralização político-administrativa cabendo a coordenação e as normas 
gerais à esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos programas às 
esferas estaduais e municipais. 
 
A prestação pecuniária assistencial (não é benefício previdenciário) é denominada de 
benefício de prestação continuada – BPC (Amparo Social), sendo intransferível, razão pela 
qual não dá direito a recebimento de pensão por morte. Assevera-se, contudo, que é 
garantido aos herdeiros o recebimento dos valores não recebidos pelo beneficiário em vida 
à luz do art. 23 do Decreto nº 6.214/07 (Regulamento do Benefício de Prestação 
Continuada - RBPC). 
 
2.3 – Previdência Social: 
 
2.3.1 - Modelos Paradigmáticos: 
 
 
 
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Modelo Bismarckiano (Alemanha 1883): o chamado modelo bismarckiano era um seguro 
social garantidor de uma cobertura restrita aos trabalhadores, sendo financiado por 
contribuições sociais arrecadas dos trabalhadores e empresas (o Estado não contribuía) 
e seus benefícios tinham relação com a cotização individual. 
 
Modelo Universal (Reino Unido 1941): o modelo universal foi desenvolvido pelo Lorde 
William Beveridge e tinha como premissa a proteção universal, independente de 
contribuição individual, financiada por impostos arrecadados de toda a sociedade e com 
benefícios iguais para todos, visando criar um padrão mínimo de vida. 
 
Modelo Brasileiro (CRFB/88): O Brasil apesar de se filiar ao modelo bismarckiano 
apresenta incongruências que poderiam nos levar a conceitua-lo como um seguro social 
sui generis, pois sua filiação aos regimes básicos é compulsória (RGPS e RPPS), tem 
natureza coletiva, é contributivo e de organização estatal, amparando seus beneficiários 
contra os chamados riscos sociais; contudo o primeiro princípio/objetivo da Seguridade 
Social, na CRFB/88, é a universalidade de cobertura e atendimento. 
 
A natureza jurídica da Previdência Social não é contratual, como a dos seguros privados 
tradicionais, mas sim estatutária, uma vez que não há vontade de ambas as partes, sendo 
o sistema contributivo obrigatório (com exceção do segurado facultativo), por meio de 
mandamento legal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.3.2 – Regimes Previdenciários: 
 
Previdência 
Social 
Regimes Básicos (Públicos): 
- RGPS (art. 201 da CRFB/88). 
- RPPS (art. 40 da CRFB/88). 
 
Regimes Complementares: 
- Privado (art. 202 da CRFB/88). 
- Aberto (Entidades Abertas de Previdência 
Complementar - EAPC). 
- Fechadas (Entidades Fechadas de 
Previdência Complementar - EFPC): 
trabalhadores privados e públicos.. 
 
 
 
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O Sistema Previdenciário Brasileiro é dotado de dois regimes básicos o regime geral de 
previdência social e os regimes próprios de previdência de servidores e militares e de dois 
regimes complementares (aberto e fechado no RGPS e somente fechado no RPPS). 
 
O regime geral é organizado pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, Autarquia 
que já foi vinculada ao Ministério da Previdência, passou ao Ministério do Trabalho, 
Emprego e Previdência Social e, hoje, está no Ministério do Desenvolvimento Social e 
Agrário (MP nº 726 de 12/05/2016). 
 
Os regimes próprios de previdência social são mantidos pela União, pelos Estados e por 
boa parte dos Municípios e buscam fundamento no art. 40 da CRFB/88 e sua organização 
deve seguir a Lei nº 9.717/98 enquanto o regime previdenciário dos militares (inatividade 
remunerada custeada integralmente pelo Tesouro, sem a perda da condição de militar) 
segue as diretrizes da Lei nº 6.880/80 e tem previsão constitucional no art. 142, X da 
CRFB/88. 
 
O regime complementar possui caráter facultativo e natureza privada, com exceção do 
regime complementar dos servidores públicos vinculados a regime próprio de previdência 
que tem natureza pública, aos auspícios da EC nº 41/03. 
 
Pergunta: Pode uma pessoa ser vinculada ao RGPS e a algum RPPS? 
 
Resposta: Pode, desde que esteja vinculado ao RGPS e vinculado ao RPPS (Ex. Professor 
de uma faculdade federal e de uma faculdade privada); podendo, inclusive cumular 
aposentadorias em regimes distintos. Seguindo um exemplo extremo, mas lícito, um 
médico que acumule dois cargos públicos (Federal e Estadual) e trabalhe em sua clínica 
particular, pode vir a receber três aposentadorias. 
 
3 – COMPETÊNCIA LEGISLATIVA PREVIDENCIÁRIA: 
 
Em razão da natureza introdutória do presente curso, vamos partir diretamente para a 
análise da competência legislativa, bradando de pronto que em regra compete 
privativamente à União legislar sobre seguridade social (art. 22 da CRFB/88), contudo há 
competência concorrente entre a União, os Estados e o Distrito Federal para legislar 
sobre previdência social, proteção e defesa da saúde, dos portadores de deficiência, da 
infância e juventude (art. 24 incisos XII, XIV e XV da CRFB/88). 
 
 
 
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Importantíssimo ressaltar que os Municípios também têm competência para legislar 
sobre estas matérias (art. 30 da CRFB/88) quando houver interesse local (inciso I) e de 
forma suplementar à legislação estadual e federal (inciso II). 
 
Apresenta-se uma aparente antinomia (contradição entre princípios) em relação ao arts. 
22, 24 e 30 da CRFB/88, pois somente a União pode legislar sobre a seguridade social, mas 
os Entes da Federação podem legislar sobre previdência, saúde e temas da assistência 
social (todos integrantes da Seguridade Social). 
 
Contudo, a solução do conflito é muito simples, qual seja: somente a União pode legislar 
sobre previdência social, EXCETO com relação aos regimes próprios de previdência social 
dos servidores dos Estados, Distrito Federal e Municípios, cabendo a estes Entes a edição 
de normas para instituí-los e discipliná-los, bem como a criação de normas relativas à 
previdência complementar dos seusservidores à luz do §14 do art. 40 da CRFB/88. 
 
Obs. 07 – Somente a União pode legislar sobre a previdência complementar privada, eis 
que prescinde a criação de Lei Complementar Federal conforme dispõe o art. 202 da 
CRFB/88 (Leis Complemantares nº 108/01 e 109/01). 
 
Com relação à saúde (Lei nº 8.080/90) e à assistência social (Lei nº 8.742/93) a 
competência para legislar é concorrente, cabendo à União editar normas gerais a serem 
complementadas pelos demais Entes da Federação. 
 
3.1 – Legislação Previdenciária: 
 
Inicialmente cumpre-nos asseverar que somente podem criar direitos e impor obrigações 
em matéria previdenciária a Constituição da República Federativa do Brasil, as Emendas 
Constitucionais, as Leis Complementares, as Leis Ordinárias, as Leis Delegadas e as 
Medidas Provisórias. 
 
Já os Decretos Executivos, as Portarias, as Instruções Normativas, e demais atos 
administrativos normativos, visam apenas regulamentar e especificar comandos, não 
podendo de forma alguma contrariar a Lei. 
 
Conforme já asseveramos as principais fontes formais do Direito Previdenciário são a 
Constituição da República Federativa do Brasil (em especial os arts. 194 a 204), a Lei nº 
8.212/91 (Lei de Custeio), a Lei nº 8.213/91 (Lei de Benefícios), a Lei nº 8.742/93 (LOAS – 
Lei Orgânica da Assistência Social) e o Decreto nº 3.048/99 (Regulamento da Previdência 
Social). 
 
 
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3.2 - Vigência: 
 
Normalmente, uma norma de Direito Previdenciário tem vigência a partir de sua 
publicação no Diário Oficial da União (D.O.U), no entanto, se a Lei nada previr, ela começa 
a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada (vacatio 
legis), conforme prevê o art. 1º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro – 
LINDB (Decreto-Lei nº 4.657/42). 
 
Contudo, a legislação previdenciária que contenha regras relativas à criação ou aumento 
das contribuições sociais somente poderá ser exigida depois de decorridos 90 (noventa) 
dias da data de sua publicação, conforme estabelece o art. 195 §6º da CRFB/88 
(Anterioridade Nonagesimal). 
 
3.3 – Interpretação e Integração: 
 
A interpretação das normas previdenciárias deve ser aquela voltada à sua finalidade, aos 
objetivos que foram estabelecidos constitucionalmente, ou seja, são direitos 
fundamentais sociais e transindividuais que se destinam a garantir a “segurança social”. 
 
A título meramente exemplificativo de como, no processo interpretativo, a finalidade do 
direito previdenciário pode influenciar na aplicação do mesmo, pensemos no caso do 
companheiro homossexual, que pode ser considerado dependente de Classe I (art. 16, 
inciso I, do Plano de Benefícios), para fins de concessão de benefício. Se a finalidade da 
Previdência Social é a proteção dos trabalhadores e dos seus dependentes diante de fatos, 
infortúnios, que eliminam ou diminuem a sua capacidade de auto-sustento, não há porque 
excluir este(a) companheiro(a) apenas pela sua opção sexual. 
 
Com relação à integração, brada-se que esta somente ocorre no caso de haver uma lacuna, 
uma omissão, que impossibilite a aplicação da legislação previdenciária à situação concreta 
que se apresenta. 
 
A integração, ou seja, a complementação da legislação previdenciária deve se dar por meio 
da aplicação da analogia, dos costumes e dos princípios gerais do direito (art. 4º do 
Decreto-Lei nº 4.657/42), por meio das quais se chegará, então, a uma solução para o caso. 
 
4. OBJETIVO/PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS: 
 
 
 
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Com o advento do constitucionalismo pós-positivista os princípios passaram à categoria de 
normas jurídicas ao lado das regras, não tendo mais apenas a função de integrar o sistema 
quando ausentes as regras regulatórias, sendo agora dotados de coercibilidade e servindo 
de alicerce para o ordenamento jurídico, pois axiologicamente inspiram a elaboração das 
normas regras. 
 
Atenta-se, ainda, que no atual patamar do constitucionalismo o conflito entre princípios 
não se resolve com o sacrifício abstrato de um deles, devendo ser equacionada a tensão 
de acordo com o caso concreto, observadas as suas peculiaridades, manejando o princípio 
da proporcionalidade. 
 
A maioria dos princípios informadores da seguridade social estão arrolados no art. 194 da 
CRFB/88, sendo tratados pelo constituinte como objetivos do sistema. 
 
4.1 - Princípio da Solidariedade (inciso I do art. 3º da CRFB/88): 
 
Porém, começaremos pelo princípio norteador e de maior importância, mas que não está 
no art. 194 da CRFB/88, mas sim no inciso I do art. 3º da CRFB/88 como um dos objetivos 
da República Federativa do Brasil. 
 
Este princípio traduz o espírito da previdência social, isto é, a proteção coletiva, na qual as 
pequenas contribuições individuais geram recursos suficientes para a criação de um manto 
protetor sobre todos, viabilizando a concessão de prestações previdenciárias em 
decorrência de eventos preestabelecidos. 
 
A garantia de saúde pública a todos e de medidas assistenciais a quem delas precise 
também decorre diretamente deste princípio. 
 
4.2 - Princípio da Universalidade da Cobertura e do Atendimento (art. 194, parágrafo 
único, inciso I da CRFB/88): 
 
Estabelece, em um primeiro momento, que qualquer pessoa pode participar da proteção 
social patrocinada pelo Estado. Deve-se compreender que este princípio possui uma 
dimensão objetiva (universalidade de cobertura) e uma subjetiva (universalidade do 
atendimento); ou seja, as ações sociais devem cobrir todos os riscos sociais que possam 
gerar o estado de necessidade (doenças, invalidez, morte, velhice etc.) e alcançar a todos 
que pertencerem ao sistema protetivo. 
 
 
 
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É exemplo do viés subjetivo do princípio os tratados internacionais firmados pelo Brasil 
com países como Portugal, Grécia, Itália, Japão e países do MERCOSUL visando o 
reconhecimento de tempo de contribuição prestado por brasileiros no exterior para 
pagamentos de benefícios previdenciários. 
 
Além do sistema especial de inclusão previdenciária dos trabalhadores de baixa renda e 
dos que exercem trabalho doméstico sem renda própria (§§ 12 e 13 do art. 201 da CRFB/88 
e art. 21 da Lei nº 8.212/91). 
 
A universalidade não tem condição de ser absoluta, vez que inexistem recursos financeiros 
disponíveis para o atendimento de todos os riscos sociais existentes, razão pela qual são 
escolhidos os mais relevantes de acordo com o interesse público e a reserva do possível1. 
 
Desta feita, no âmbito da saúde encontra a sua máxima efetividade, mas no âmbito da 
Assistência Social e da Previdência Social tal princípio é mitigado, no primeiro pela 
comprovação da necessidade da prestação e, no segundo, pela necessária 
contributividade. 
 
Interessante destacar o art. 13 da Lei nº 8.213/91 que faculta a toda pessoa com mais de 
14 anos de idade, que não trabalhe, a possibilidade de filiação ao RGPS, desde que verta 
contribuições ao sistema previdenciário. 
 
4.3 - Princípio da Uniformidade e Equivalência dos Benefícios e Serviços às populações 
urbanas e rurais (art. 194, parágrafo único, inciso II da CRFB/88): 
 
Corolário do princípio da isonomia, impõe que as prestações securitárias devem ser 
idênticas para trabalhadores rurais ou urbanos, não sendo lícita a criação de benefícios 
diferenciados; desta forma, a uniformidade exige que as mesmas contingências devem ser 
cobertas e a equivalência determina que, no aspecto pecuniário ou na qualidade dos 
serviços prestados, deve existir equivalência (o que não significa igualdade).Deve-se deixar claro que benefícios são obrigações de pagar quantia certa e serviços são 
obrigações de fazer. 
 
Isso não quer dizer que não se possa ter tratamentos diferenciados, pois conforme dispõe 
o art. 195, §8º da CRFB/88 prevê uma forma especial de contribuição previdenciária 
baseada na produção comercializada. 
 
1 (Expressão de J. J. Canotilho) Tem berço doutrinário e jurisprudencial na Alemanha, pregando que a efetividade 
dos direitos sociais condiciona-se a efetiva disponibilidade de recursos públicos. 
 
 
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4.4 - Princípio da Seletividade e Distributividade na Prestação dos Benefícios (art. 194, 
parágrafo único, inciso III da CRFB/88): 
 
O crescimento das obrigações positivas trouxe, com maior evidência, o conhecido Princípio 
da Reserva do Possível, que demanda limitações à atuação estatal dentro das 
possibilidades orçamentárias, fazendo com que algumas prestações sejam extensivas 
somente a algumas parcelas da população. 
 
Exemplo: EC nº 20/98 que restringiu a concessão do salário-família e do auxílio-reclusão 
para os dependentes dos segurados de baixa renda, conforme o art. 201, inciso IV da 
CRFB/88. 
 
Por seu turno a distributividade coloca a seguridade social como sistema realizador da 
justiça social, como instrumento de desconcentração da riqueza. 
 
Sérgio Pinto Martins: “Seleciona para poder distribuir.”. 
 
4.5 - Princípio da Irredutibilidade no Valor dos Benefícios (art. 194, parágrafo único, 
inciso IV da CRFB/88): 
 
Diz respeito, na acepção ampla, à correção do benefício, o qual deve ter seu valor 
atualizado de acordo com a inflação do período. O STF limita este comando constitucional 
à simples hipótese de irredutibilidade do valor nominal do benefício (da RMI), pois o art. 
201, §4º da CRFB/88 já prevê expressamente a necessidade de revisões periódicas da 
prestação previdenciária. 
 
Voto relativo à correção do salário de benefício: 
 
“[...] Indeferimento. Recurso Ordinário. Revisão de RMI caducada. Revisão do salário de 
benefício pelo salário mínimo nacional, impossibilitada. Legalidade do ato recorrido. 
Base Legal - arts. 41-A e 103 ambos da Lei nº 8.213/91. 
 
Recurso tempestivo nos termos do art. 305, §1º do Decreto nº 3.048/99, mas presente 
prejudicial que impede a análise do mérito. 
 
Deve-se ressaltar que o direito à revisão analítica está decaído, uma vez que o prazo 
decadencial de 10 anos previsto pelo art. 103 da Lei nº 8.213/91 expirou em 03/2001, eis 
que a Recorrente afirmou que a alteração do RMI passou a viger em 03/1991, a saber: 
 
 
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Art. 103. É de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do 
segurado ou beneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício, a contar do dia 
primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação ou, quando for o caso, 
do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no âmbito 
administrativo. 
Contudo, se partirmos à análise de mérito do presente recurso, perceberemos que a 
Recorrente não faz jus à revisão pretendida. 
Assenta-se que a Lei nº 8.212/91 e a Lei nº 8.213/91, que dispõem, respectivamente, sobre 
o Plano de Custeio da Seguridade Social e o Plano de Benefícios da Previdência Social, 
regulamentaram as disposições constitucionais relativas à Previdência Social. 
Destarte, a partir da edição dessas Leis os benefícios de valor superior ao piso foram 
desvinculados da variação do salário mínimo, sendo imperioso destacar que a redação 
original do art. 41 da Lei nº 8.213/91, dispunha que os benefícios seriam reajustados na 
mesma data-base do salário mínimo, tomando-se como referência para a preservação de 
seus valores reais a variação acumulada do Índice Nacional de Preços ao Consumidor – 
INPC, nos doze meses anteriores. 
Este não é o espaço para análises históricas, mas podemos ressaltar que de 1991 até 2014, 
os benefícios do Regime Geral de Previdência Social - RGPS foram reajustados pelo INPC, 
pelo IRSM, pelo IPC-r e pelo IGP-DI, sendo, por um tempo, reajustados por decreto 
presidencial. 
Hodiernamente, está em vigor o disposto no art. 41-A da Lei nº 8.213/91 (incluído pela Lei 
nº 11.430/06), a saber: 
“Art. 41-A. O valor dos benefícios em manutenção será reajustado, anualmente, na mesma 
data do reajuste do salário mínimo, pro rata, de acordo com suas respectivas datas de 
início ou do último reajustamento, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor 
- INPC, apurado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE". 
Logo, a Recorrente não faz jus a revisão do RMI, eis que decaído o prazo para a revisão, 
como também não faz jus ao requerimento de atualização do salário de benefício em 
percentuais do salário mínimo; o que não é permitido pela legislação pátria. 
 
 
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CONCLUSÃO: Pelo exposto, VOTO no sentido de, preliminarmente, CONHECER DO 
RECURSO, interposto por [...] , para no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO. [...]”. 
4.6 - Princípio da Equidade na Forma de Participação do Custeio (art. 194, parágrafo 
único, inciso V da CRFB/88): 
 
Há que se ressaltar que o fundamento da cobrança das cotizações é a solidariedade entre 
o grupo, o que impõe a participação de todos. Alguns podem até ser dispensados se 
comprovada a condição de miserabilidade, razão da proteção ao mínimo existencial. 
 
Portanto, as contribuições devem ser instituídas conforme a capacidade econômica do 
contribuinte, que é o princípio da capacidade contributiva, desdobramento do princípio da 
igualdade que está previsto no art. 5º da CRFB/88. 
 
Tal princípio justifica a progressividade das alíquotas das contribuições previdenciárias dos 
trabalhadores, proporcionalmente à remuneração, sendo de 08%, 09% ou 11% 
(empregado, doméstico e avulso). Sob o mesmo esteio podemos afirmar a possibilidade 
de progressividade das alíquotas e base de cálculo suportadas pelas empresas (art. 195, 
§9º da CRFB/88), em razão da atividade econômica, da utilização intensiva da mão de obra, 
do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho. 
 
4.7 - Princípio da Diversidade na base de financiamento (art. 194, parágrafo único, inciso 
VI da CRFB/88): 
 
O substrato do financiamento da Seguridade Social ainda é mantido pela antiga forma 
tríplice de custeio (trabalhadores, empresas e Governo). 
 
O art. 195 da CRFB/88 proclama que a Seguridade Social será financiada por toda a 
sociedade, podendo ainda a Lei instituir outras fontes de custeio, sendo certo que a ideia 
principal da diversidade da base de financiamento é apontar para um custeio que não sofra 
com as oscilações setoriais, comprometendo a arrecadação. 
 
Além do custeio da seguridade social com recursos de todas as entidades políticas, já há 
previsão das seguintes formas no art. 195, incisos I a IV da CRFB/88: 
 
a) do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei; 
b) do trabalhador e dos demais segurados da previdência social; 
c) apostadores (receita de concursos de prognósticos); 
d) importador de bens ou serviços do exterior ou equiparados. 
 
 
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Por fim, assevera-se que é permitida a criação de novas fontes de custeio, mas há exigência 
constitucional expressa de que seja feita por lei complementar (quórum qualificado de 
maioria absoluta). 
 
4.8 - Princípio daCaráter democrático e descentralizado da Administração – Gestão 
Quadripartite (art. 194, parágrafo único, inciso VII da CRFB/88): 
 
Visa a participação da sociedade na organização e no gerenciamento da Seguridade Social, 
mediante gestão quadripartite (trabalhadores, empregadores, aposentados – incluídos 
pela EC nº 20/98 - e governo), vê-se que a atual Constituição adotou a gestão democrática 
da Seguridade Social, como Beveridge já havia defendido. 
 
Como exemplo podemos citar a composição do CNPS – Conselho nacional de Previdência 
Social. 
 
 
 
 
5. PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS: 
 
5.1 - Princípio da Preexistência de Custeio ou Contrapartida (art. 195, §5º da CRFB/88): 
 
Visa o equilíbrio atuarial e financeiro do sistema securitário, indicando que a criação de 
benefício, ou mesmo a mera extensão de prestação já existente, somente será feita com a 
previsão da receita necessária. 
 
Aumentos injustificados e desvinculados do plano de benefícios, mesmo em casos fortuitos 
e de força maior, são inconstitucionais. 
 
5.2 - Princípio da Anterioridade Nonagesimal (art. 195, § 6º da CF): 
 
As contribuições sociais poderão ser exigidas após 90 (noventa) dias da data da publicação 
da Lei que as houver instituído, majorado ou modificado, não sendo aplicada a 
anterioridade do exercício financeiro. 
 
5.3 - Princípio do Orçamento Diferenciado (art. 165, § 5º, inciso III da CF): 
 
 
 
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A Lei Orçamentária Anual da União compreende, além do orçamento fiscal e o de 
investimento nas empresas estatais federais, o orçamento da seguridade social 
abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou 
indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público. 
 
O que em regra, impede que a União utilize esses recursos para outras despesas, porém, 
de acordo com o art. 167, inciso VIII da CRFB/88, em situações deveras excepcionais a 
União pode se valer destes recursos para suprir necessidades ou cobrir déficits de 
empresas, fundações e fundos. Sendo necessária autorização legislativa específica. 
 
6. ORGANIZAÇÃO DA SEGURIDADE SOCIAL: 
 
Conforme previsto na CRFB/88 a seguridade social segue uma gestão democrática 
quadripartite, composta por trabalhadores, empregadores, aposentados – incluídos pela 
EC nº 20/98 - e pelo governo. 
 
Essa participação se materializa través de órgãos colegiados como o Conselho Nacional da 
Previdência Social (CNPS), Conselhos de Previdência Social (CPS), Conselho de Recursos da 
Previdência Social (CRPS), agora Conselho de Recursos do Seguro Social (CRPSS), Conselho 
Nacional de Saúde (CNS) e o Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS). 
 
6.1 - Conselho Nacional de Previdência Social: 
 
O Conselho Nacional de Previdência Social é o órgão superior de deliberação colegiada, 
que tem como finalidade a deliberação sobre a política de Previdência Social e sobre a 
gestão do sistema previdenciário. 
 
→ O CNPS é presidido pelo Ministro da Previdência Social e é composto por: 
06 representantes do Governo Federal; 
09 representantes da Sociedade Civil, sendo 03 representantes dos aposentados e 
pensionistas, 03 dos trabalhadores em atividade e 03 dos empregadores. 
 
As competências e obrigações do CNPS estão previstas no art. 296 do Decreto nº 
3.048/99): 
 
“Art. 296. Compete ao Conselho Nacional de Previdência Social: 
I - estabelecer diretrizes gerais e apreciar as decisões de políticas aplicáveis à previdência 
social; 
II - participar, acompanhar e avaliar, sistematicamente, a gestão previdenciária; 
 
 
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III - apreciar e aprovar os planos e programas da previdência social; 
IV - apreciar e aprovar as propostas orçamentárias da previdência social, antes de sua 
consolidação na proposta orçamentária da seguridade social; 
V - acompanhar e apreciar, mediante relatórios gerenciais por ele definidos, a execução 
dos planos, programas e orçamentos no âmbito da previdência social; 
VI - acompanhar a aplicação da legislação pertinente à previdência social; 
VII - apreciar a prestação de contas anual a ser remetida ao Tribunal de Contas da União, 
podendo, se for necessário, contratar auditoria externa; 
VIII - estabelecer os valores mínimos em litígio, acima dos quais será exigida a anuência 
prévia do Procurador-Geral ou do Presidente do Instituto Nacional do Seguro Social para 
formalização de desistência ou transigência judiciais, conforme o disposto no Art. 353; 
IX - elaborar e aprovar seu regimento interno; 
X - aprovar os critérios de arrecadação e de pagamento dos benefícios por intermédio da 
rede bancária ou por outras formas; e 
XI - acompanhar e avaliar os trabalhos de implantação e manutenção do Cadastro Nacional 
de Informações Sociais.” 
 
Já no que se refere às obrigações dos órgãos governamentais, o CNPS presta toda e 
qualquer informação necessária ao adequado cumprimento das competências, 
fornecendo até mesmo estudos técnicos e o Governo tem a obrigação de encaminhar ao 
CNPS, até dois meses antes do envio ao Congresso Nacional, a proposta orçamentária da 
Previdência Social. 
 
Os membros e seus suplentes serão nomeados pelo Presidente da República, tendo 
mandato de 02 anos, podendo ser reconduzido de imediato uma vez. 
 
Os representantes da sociedade são indicados pelas centrais sindicais e pelas 
confederações nacionais. 
 
As reuniões serão mensais, não podendo ser adiadas por mais de 15 dias, se houver este 
requerimento por parte dos conselheiros. 
 
Todas as resoluções devem ser publicadas no Diário Oficial da União garantindo a 
publicidade de todos os atos. 
 
6.2 - Conselho da Previdência Social: 
 
Com a finalidade de criar unidades descentralizadas do CNPS, surgiu o CPS, previsto no 
artigo 296-A: 
 
 
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“Art. 296-A. Ficam instituídos, como unidades descentralizadas do Conselho Nacional de 
Previdência Social - CNPS, Conselhos de Previdência Social - CPS, que funcionarão junto às 
Gerências-Executivas do INSS. 
§ 1º Os CPS serão compostos por dez conselheiros e respectivos suplentes, designados pelo 
titular da Gerência Executiva na qual for instalado, assim distribuídos I - quatro 
representantes do Governo Federal; e II - seis representantes da sociedade, sendo: 
a) dois dos empregadores; 
b) dois dos empregados; e 
c) dois dos aposentados e pensionistas. 
 
O Presidente do Conselho é o Gerente Executivo e devem compor o CPS os servidores da 
Divisão ou do Serviço de Benefício ou Atendimento ou ainda da Procuradoria Federal 
Especializada junto à Previdência Social ou Representante da SRFB ou da DATAPREV. 
 
As reuniões serão mensais ou bimensais e abertas ao público. As funções de conselheiros 
não são remuneradas, porém, são consideradas serviço público relevante. Constitui 
caráter consultivo e de assessoramento, competindo ao CNPS, regular seus procedimentos 
para funcionamento, competências, critérios de seleção dos membros, prazo dos 
mandatos e estipular resoluções e regimento do CPS. 
 
6.3 - Conselho de Recursos da Previdência Social: 
 
O Conselho de Recursos da Previdência Social é órgão de controle jurisdicional das decisões 
do INSS nos processos administrativos referentes a benefícios. 
 
O referido Conselho funciona como um tribunal administrativo e tem por função básica 
mediar os litígios entre segurados e a Previdência Social, no âmbito administrativo. 
 
Esse órgão é formado por Câmaras de Julgamento, em Brasília e Adjuntas em algumas 
Capitais, Juntas de Recursos, em todos os Estados da Federação, e Conselho Pleno. 
 
O CRPSé presidido por representante do governo que tenha notório conhecimento da 
legislação previdenciária, nomeado pelo Ministro da Previdência Social, cabendo a este 
dirigir os serviços administrativos do órgão. 
 
O mandato dos membros é de 02 anos, podendo haver reconduções. 
 
6.3.1 - Conselho Pleno: 
 
 
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Compete uniformizar a jurisprudência previdenciária. 
 
6.3.2 - Juntas de Recursos (Portaria nº 548/11): 
 
As Juntas de Recursos possuem quatro membros: 02 representantes do Governo, 01 das 
empresas e 01 dos trabalhadores. Elas têm competência para julgar em primeira instância 
os recursos interpostos contra decisões prolatadas pelos órgãos regionais do INSS em 
matéria de benefício. 
 
6.3.3 - Câmaras de Julgamento: 
 
As Câmaras de Julgamento têm competência para recursos em segunda instância. São 
recursos interpostos contra as decisões proferidas pelas Juntas que infligirem a lei, 
regulamento ou ato normativo. 
 
As referidas Câmaras são compostas por 04 membros: 02 representantes do governo, 01 
representante das empresas e 01 representante dos trabalhadores. 
 
7. SEGURADOS DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL: 
 
7.1 – Beneficiários do RGPS: 
 
Os beneficiários do RGPS são as pessoas naturais que fazem jus ao recebimento de 
prestações previdenciárias no caso de serem atingidas por algum dos riscos sociais 
previstos em lei, bem como as pessoas que se enquadrem como seus dependentes. 
 
Estão cobertos pelo sistema instituído pelo RGPS os segurados obrigatórios e os segurados 
facultativos, sendo certo os segurados obrigatórios são os que compulsoriamente se filiam 
ao sistema no momento em que passam a exercer atividade remunerada, enquanto os 
segurados facultativos são os que, apesar de não exercerem atividade remunerada, 
desejem integrar o sistema previdenciário. 
 
Excetuam-se da classificação de segurado obrigatório do RGPS (Regime Geral de 
Previdência Social) os servidores públicos e militares vinculados aos seus respectivos 
RPPS’s (Regimes Próprios de Previdência Social) em função dos seus cargos; porém, estes 
podem desenvolver atividade laboral remunerada paralela ao serviço público, razão em 
que serão segurados obrigatórios – também – do RGPS. 
 
 
 
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Atenta-se que os é vedada a filiação ao RGPS, como segurado facultativo, da pessoa 
participante do RPPS, sendo possibilitada somente na hipótese de afastamento sem 
vencimento e, desde, não seja permitida a contribuição ao RPPS que está vinculado. 
 
Os segurados obrigatórios se dividem em cinco categorias: empregado, trabalhador avulso, 
empregado doméstico, contribuinte individual e segurado especial. 
 
 
 
7.2 – Segurados Obrigatórios: 
 
Os segurados obrigatórios estão dispostos no art. 12 da Lei nº 8.212/91, no art. 11 da Lei 
nº 8.213/91 e são regulamentados pelo art. 9º do Decreto nº 3.048/99, conforme 
doravante se disporá. 
 
 
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Importante destacar que a caracterização de trabalhador urbano e rural, para fins 
previdenciários, depende da natureza do labor e não do local onde este é prestado, 
existindo diversas profissões que levantam dúvidas. 
 
Podemos apontar que o art. 7º inciso V e suas alíneas da Instrução Normativa nº 77/2015 
apresentam uma lista de profissões que, mesmo exercidas em zona rural caracterizam o 
segurado como trabalhador urbano; a saber: 
 
a) carpinteiro, pintor, datilógrafo, cozinheiro, doméstico e toda atividade que não se 
caracteriza como rural; 
b) motorista, com habilitação profissional, e tratorista; 
c) empregado do setor agrário específico de empresas industriais ou comerciais, assim 
entendido o trabalhador que presta serviços ao setor agrícola ou pecuário, desde que tal 
setor se destine, conforme o caso, à produção de matéria-prima utilizada pelas empresas 
agroindustriais ou à produção de bens que constituíssem objeto de comércio por parte das 
empresas agrocomerciais, que, pelo menos, desde 25 de maio de 1971, vigência da Lei 
Complementar - LC nº 11, de 25 de maio de 1971, vinha sofrendo desconto de 
contribuições para o ex-Instituto Nacional de Previdência Social - INPS, ainda que a 
empresa não as tenha recolhido; 
d) empregado de empresa agroindustrial ou agrocomercial que presta serviço, 
indistintamente, ao setor agrário e ao setor industrial ou comercial; 
e) motosserrista; 
f) veterinário e administrador e todo empregado de nível universitário; 
g) empregado que presta serviço em loja ou escritório; e 
h) administrador de fazenda, exceto se demonstrado que as anotações profissionais não 
correspondem às atividades efetivamente exercidas. 
 
O assunto é bastante controverso na jurisprudência. O E. STJ possui precedentes que 
caracterizam o tratorista como trabalhador rural (Resp. 591.370) em entendimento 
contrário à alínea “b” do inciso V do art. 7º da IN. nº 77/2015, enquanto o TRF da 1ª Região 
adere, em alguns acórdãos, ao disposto na alínea “b” do inciso V do art. 7º da IN. nº 
77/2015, classificando o motosserrista como trabalhador urbano. 
 
No entender do professor há que se beber da Lei nº 5.889/73 (estatui norma reguladoras 
do trabalho rural) que no art. 2º dispõe que trabalhador rural é “toda pessoa física que em 
propriedade rural ou prédio rústico, presta serviços de natureza não eventual a 
empregador rural, sob a dependência deste e mediante salário.”. 
 
 
 
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7.2.1 – Segurado Empregado: 
 
Há que destacar que os segurados empregados comportam uma definição mais extensa 
do que disposta na CLT como de relação de trabalho, que exige a presença de 
remuneração, pessoalidade, subordinação e habitualidade. 
 
Nos termos do art. 9º do Decreto nº 3.048/99 são segurados empregados: 
 
A) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não 
eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor 
empregado. 
 
Primeiro ponto importante a ser destacado é que, nos termos da Lei nº 11.457/07 o vínculo 
empregatício pode ser considerado para fins previdenciários, independentemente de 
reconhecimento pela Justiça do Trabalho. 
 
O menor-aprendiz (maior de 14 anos e menor de 24 anos inscrito em programa de 
aprendizagem) é considerado segurado empregado, mediante a comprovação de contrato 
de aprendizagem firmado pelo prazo máximo de 02 anos2. 
 
Desta forma, a jurisprudência dominante aceita o aluno-aprendiz como segurado 
empregado, desde que perceba remuneração – mesmo que indireta (bolsa de estudos, 
alimentação, uniforme etc.) -, nos termos do verbete de súmula da jurisprudência da 
Turma Nacional de Uniformização – TNU nº 18, acompanhado pela súmula nº 24 da 
Advocacia-Geral da União – AGU. 
 
Administrativamente, somente se considera para fins de cômputo de tempo de 
contribuição o período laborado pelo menor-aprendiz até 16/12/1998 data da EC nº 
20/1988 que extinguiu a contagem de tempo de serviço e inaugurou a contagem por 
tempo de contribuição (art. 76 da IN nº 77), em arrepio à jurisprudência dominante. 
 
Em consonância com a jurisprudência pacificada o monitor acadêmico e o jogador de 
futebol amador não são segurados obrigatórios do RGPS, pois a monitoria gera direito a 
bolsa indenizatória como contraprestação à extensão curricular o que não se caracteriza 
como remuneração indireta. 
 
No caso do jogador de futebol amador (Lei nº 9.615/98 – Lei Pelé) é aquele que possui 
idade entre 14 anos e 20 anos, contratado para a prática desportivaformadora e que 
 
2 O aprendiz portador de deficiência não tem limite máximo de idade 
 
 
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percebe somente auxílio-financeiro nos termos da Lei Pelé; portanto, como não há 
presença de remuneração, não será enquadrado como segurado obrigatório. 
 
O empregado rural, tal qual dispõe o art. 2º da Lei nº 5.889/73 é segurado obrigatório 
como segurado empregado. 
 
Também é segurado obrigatório (segurado empregado) o empregado público, o ocupante 
exclusivo de cargo comissionado e o ocupante de cargo temporário, aos auspícios do art. 
40 §13 da CRFB/88. 
 
B) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, por prazo não superior 
a três meses, prorrogável, presta serviço para atender a necessidade transitória de 
substituição de pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços 
de outras empresas. 
 
Estamos diante da figura do trabalhador temporário (art. 2º da Lei nº 6.019/74), valendo 
lembrar que a contratação temporária tem o prazo máximo de 03 meses, prorrogável. 
 
C) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como 
empregado no exterior, em sucursal ou agência de empresa constituída sob as leis 
brasileiras e que tenha sede e administração no País. 
 
Considera-se empresa brasileira a pessoa jurídica constituída sob a égide da legislação 
pátria e que conte com sede e administração no Brasil (art. 176 §1º da CRFB/88). 
 
Assenta-se que no presente caso temos uma exceção ao princípio da territorialidade da 
filiação, uma vez que o segurado trabalhará em um país, mais verterá contribuições ao 
RGPS brasileiro. 
 
D) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartição consular de 
carreira estrangeira e a órgãos a elas subordinados, ou a membros dessas missões e 
repartições, excluídos o não-brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro 
amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva missão diplomática ou 
repartição consular. 
 
A natureza da existência desta alínea é cobrir os brasileiros que estiverem laborando para 
missões diplomáticas e não forem acobertados pelo regime previdenciário daquele país, 
bem como os estrangeiros residentes no país. 
 
 
 
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É unânime na doutrina a crítica a este dispositivo que exclui dos segurados obrigatório o 
brasileiro acobertado pelo regime previdenciário do país da respectiva missão diplomática, 
pois, caso não haja tratado internacional entre os países para compensação recíproca o 
brasileiro, após deixar de trabalhar para a missão diplomática “perde todo o tempo de 
contribuição”. 
 
E) o brasileiro civil que trabalha para a União no exterior, em organismos oficiais 
internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e 
contratado, salvo se amparado por regime próprio de previdência social. 
 
Também estamos diante de uma norma subsidiária, pois acolhe os brasileiros que não 
estejam amparados pela legislação estrangeira. 
 
Ressalta-se que o servidor público civil ou militar não está amparado por esta norma, eis 
que se trata de vínculo firmado com o RPPS. 
 
Nesta alínea podemos enquadrar a figura do auxiliar local que é o brasileiro ou estrangeiro 
admitido para prestar serviços ou desempenhar atividades de apoio que exijam 
familiaridade com o país em que esteja sediado o posto (Declaração de Tempo de 
Contribuição). 
 
F) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como 
empregado em empresa domiciliada no exterior com maioria do capital votante 
pertencente à empresa constituída sob as leis brasileiras, que tenha sede e 
administração no País e cujo controle efetivo esteja em caráter permanente sob a 
titularidade direta ou indireta de pessoas físicas domiciliadas e residentes no País ou de 
entidade de direito público interno. 
 
Importante ressaltar que será segurado empregado (segurado obrigatório) somente no 
caso da maioria do capital votante pertencer à empresa constituída sob as leis brasileiras. 
 
G) o servidor da União, Estado, Distrito Federal ou Município, incluídas suas autarquias 
e fundações, ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre 
nomeação e exoneração. 
 
Nesta alínea estão incluídos os Ministros e Secretários (estaduais e municipais) na forma 
do ar. 12 §6º da Lei nº 8.212/91, todavia até a EC nº 20/1998 somente estavam inseridos 
os servidores de cargo em comissão federais. 
 
 
 
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H) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no 
Brasil, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social. 
 
Mais uma norma supletiva, pois somente estarão abarcados pelo RGPS, quando inexistir 
proteção previdenciária para este trabalhador. 
 
I) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não 
vinculado a regime próprio de previdência social. 
 
A contribuição previdenciária sobre a remuneração dos ocupantes de cargo eletivo 
municipal, estadual e federal somente pode ser exigida após a vigência da Lei nº 10.887 de 
21 de junho de 2004, observando-se o prazo nonagesimal (21/09/2004). 
 
Desta forma, os ocupantes de cargo eletivos podem requerer a restituição dos valores 
retidos a título de contribuição previdenciária no período de 01/02/1998 a 18/09/2004. 
 
O art. 79 da IN nº 77/2015, corroborando os termos da Portaria MPS nº 133/1998, concede 
a possibilidade, ao ocupante de cargo eletivo que teve valores descontados neste período, 
de solicitar a filiação na qualidade de segurado facultativo mediante recolhimento 
complementar e com abatimento dos valores retidos. 
 
Assim sendo, caso haja interesse na utilização do período em que foi descontado deve o 
segurado escolher entre manter como contribuição somente o valor retido, opção na qual 
será considerado como salário de contribuição o valor recolhido dividido por dois décimos; 
ou, considerar o salário de contribuição pela totalidade dos valores recebidos 
complementando os valores devidos à alíquota de 20%. 
 
Comungamos da tese do Professor Frederico Amado, na qual o INSS deve considerar sem 
qualquer exigência adicional os recolhimentos perpetrados pelo titular de mandato eletivo 
no período de 01/02/1998 a 18/09/2004, SALVO, no caso de restituição em processo 
individual. 
 
Os períodos anteriores a 01/02/1998 somente serão considerados para o RGPS quando 
houver filiação a outro regime previdenciário e estes períodos a serem utilizados não 
tenham sido utilizados para aposentadoria neste regime diverso do RGPS. 
 
Caso não haja filiação a nenhum regime previdenciário e nem recolhimentos naquele 
período, o segurado poderá requerer a inclusão do período mediante a comprovação da 
 
 
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remuneração percebida pelo cargo eletivo, bem como pelo pagamento da contribuição 
com indenização. 
 
Deve-se deixar claro que apenas será filiado ao RGPS, na condição de empregado, o titular 
de mandato eletivo não vinculado ao RPPS, contudo como o vereador pode exercer 
atividade remunerada – desde que haja compatibilidade de horários – no caso de ser 
servidor público efetivo será obrigatoriamente filiado ao RGPS em razão do cargo eletivo 
e ao RPPS com relação ao cargo efetivo. 
 
Tratando-se de outros mandatos eletivos como no caso de prefeito o servidor deverá ser 
afastado do cargo podendo optar pelasua remuneração, mas a sua contribuição será 
vertida ao RPPS como se no exercício estivesse. 
 
Não será filiado ao RGPS o congressista que se filiar ao Plano de Seguridade Social dos 
Congressistas, desta forma os Senadores e Deputados Federais podem, alternativamente: 
 
I – estar filiado ao RPPS se for servidor público efetivo ou militar; 
II – estar filiado ao PSSC; 
III – estar filiado ao RGPS, se não for servidor público efetivo ou militar e não optar pelo 
PSSC. 
 
7.2.2 – Segurado Empregado Doméstico: 
 
Aquele que presta serviço de natureza contínua a pessoa ou família, no âmbito da 
residência desta, em atividades sem fins lucrativos (art. 12, inciso II da Lei nº 8.212/91). 
 
O empregado doméstico é regido pela Lei Complementar nº 150/2015 que acresceu a 
possibilidade de haja atividades externas, desde que relacionadas à família e sem 
finalidades lucrativas, como motorista, caseiro etc. 
 
Para a formação do vínculo empregatício é necessária a comprovação de prestação de 
serviço de forma contínua, subordinada, onerosa, pessoal e de finalidade não lucrativa por 
mais de 02 dias por semana. 
 
O parágrafo único do art. 24 da lei nº 8.212/91 (acrescido pela Lei nº 12.470/11) apresenta 
restrição à contração de microempreendedor individual – MEI como empregado 
doméstico, sob pena de ficar sujeito a todas as obrigações, inclusive trabalhistas, 
previdenciárias e tributárias. 
 
 
 
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Com a EC nº 72/2013 outra inovação foi apresentada aos empregados domésticos, sendo 
agora a idade mínima para a admissão desta categoria de trabalhador somente aos 18 
anos. 
 
A Autarquia a partir de 21/03/1991 não considera vínculo empregatício o contrato de 
trabalho doméstico entre cônjuges, filhos e pais à luz do art. 19 §9º da IN nº 77/2015. 
 
Contudo, esta legislação protetiva do trabalhador doméstico é recente. Há que se 
asseverar que, até a vigência do Decreto nº 71.885/73, a filiação da empregada doméstica 
era facultativa, passando a partir daí a ser obrigatória (o que importa em contribuição para 
o RGPS), sendo que, quando se trata de segurada doméstica, o legislador dá tratamento 
especial quanto aos benefícios previdenciários, lembrando que o §5º do art. 216 do 
Decreto nº 3.048/99 prescreve que o desconto da contribuição legalmente determinado 
sempre se presumirá feito, oportuna e regularmente, pelo empregador doméstico, não lhe 
sendo lícito alegar qualquer omissão para se eximir do recolhimento, ficando o mesmo 
diretamente responsável pelas importâncias que deixar de descontar, o que significa dizer 
que, mesmo que o empregado doméstico não tenha sido descontado, em seus ganhos, da 
parte que lhe cabe, a cobrança é sempre feita ao empregador (art. 243, §2º do mesmo 
Decreto). 
Esta responsabilidade tributária do empregador baseia-se no inciso V do art. 30 da Lei nº 
8.212/91. 
Ademais, há necessidade de se interpretar a legislação de forma sistemática, conjugando-
se os diversos artigos a respeito dessa categoria de segurado, sendo que o Enunciado nº 
18 do CRPS assim também entende, vide seu teor, como segue: 
“Não se indefere benefício sob fundamento de falta de recolhimento de contribuição 
previdenciária quando esta obrigação for devida pelo empregador.” 
Por certo, conforme resposta aposta na questão 19 do Parecer CONJUR/MPS nº 616/2010, 
de observância obrigatória por este colegiado, os vínculos não deveriam ser computados 
a não ser a partir da primeira contribuição paga em dia. No entanto, de acordo com a Nota 
Técnica PFE/INSS/CGMBEN/DIVCONS nº 078/2009, que remete ao Parecer da Consultoria 
Jurídica do MPS, não há necessidade de comprovação de recolhimentos para a concessão 
do benefício no valor de um salário-mínimo. O mesmo entendimento resta consagrado no 
Parecer CONJUR nº 672/2012. 
 
 
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7.2.3 – Segurado Trabalhador Avulso: 
 
É o trabalhador sindicalizado, ou não, que presta serviço por intermédio de órgão gestor 
de mão-de-obra ou do sindicato da categoria (art. 12, inciso VI da Lei nº 8.212/91 e art. 9º 
inciso VI do Decreto nº 3.048/99). 
 
São necessários à caracterização os seguintes itens: prestação de serviço urbano ou rural; 
intermédio por órgão gestor de mão-de obra ou sindicato; e exercer uma das funções 
dispostas nas alíneas “a” a “j” do inciso VI do Decreto nº 3.048/99 – rol taxativo (ex. 
capatazia, estiva, vigilância de embarcações, trabalhador em alvarenga). 
 
Existem dois tipos de trabalhadores avulsos os portuários e os não-portuários. Os não-
portuários são os que prestam serviço de carga e descarga de qualquer natureza e os 
portuários são os que prestam, serviço de capatazia, estiva conferência de carga, conserto 
de carga, bloco e vigilância de embarcações. 
 
Os trabalhadores avulsos não tem vínculo empregatício, diferenciando-se do contribuinte 
individual pela intermediação feita pelo órgão gestor de mão de obra ou sindicato da 
categoria. 
 
Por força da Lei nº 12.815/13 o trabalhador avulso portuário que não preencher os 
requisitos para a concessão de aposentadoria terá direito a um benefício assistencial de 
até um salário mínimo, desde que conte com 60 anos de idade e não possua meios para 
prover a sua subsistência. 
 
7.2.4 – Segurado Especial: 
 
O segurado especial está disposto no art. 11 inciso VII do Decreto nº 3.048/99, sendo 
caracterizado pela pessoa física residente em imóvel rural ou aglomerado urbano ou rural 
próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com 
auxílio eventual de terceiros a título de mútua colaboração. 
 
A) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro, 
outorgado, comodatário ou arrendatário rurais que explore: 
 
I – Agropecuária em área até 04 módulos fiscais; 
II – Seringueiro ou extrativista vegetal que exerça atividade baseado na coleta e extração, 
de modo sustentável, de recursos naturais renováveis (Lei nº 9.985/00). 
 
 
 
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B) pescador artesanal ou assemelhado a este que faça da pesca profissão habitual ou 
principal meio de vida; 
 
C) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 anos de idade ou a este 
equiparado do segurado especial que comprovadamente trabalhem com o grupo 
familiar respectivo. 
 
Entende-se como regime de economia familiar a atividade em que o trabalho dos membros 
da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do 
núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a 
ajuda de empregados permanentes (art. 9º §5º do Decreto nº 3.048/99). 
 
Nos termos do §6º do art. 9º do supracitado Decreto entende-se como auxílio eventual de 
terceiros aquele que ocorre ocasionalmente, em condição de mútua colaboração, não 
existindo subordinação ou remuneração. 
 
Considera-se pequena propriedade rural ou posse rural familiar aquela explorada 
mediante o trabalho pessoal do agricultor e empreendedor familiar rural de até 04 
módulos fiscais (http://www.incra.gov.br/tabela-modulo-fiscal). 
 
Importante destacar que a limitação de área é aplicada somente após 23/06/2008 data 
da vigência da Lei nº 11.718/08, uma vez que a lei nova não pode retroagir em prejuízo 
do segurado. 
 
Antes da Lei nº 11.718/08 vigia o entendimento postulado no verbete de súmula da 
jurisprudência da TNU nº 30 que dispunha que “Tratando-se de demanda previdenciária, 
o fato de o imóvel ser superior ao módulo rural não afasta, por si só, a qualificação do seu 
proprietário como segurado especial, desde quecomprovada, nos autos a sua exploração 
em regime de economia familiar”. 
 
Esta súmula ainda não foi cancelada, mas claramente perdeu seu sentido. 
 
O E. STJ pacificou sua jurisprudência no sentido de descaracterizar a qualidade de segurado 
especial ao proprietário de latifúndio de exploração3, pois é pouco provável a realização 
de mútua cooperação entre os membros do núcleo familiar indispensável a sua própria 
subsistência (ex. Agravo em Resp. nº 68.166/BA de 07/03/2012). 
 
 
3 Latifúndio de exploração são propriedades indevidamente exploradas ou inexploradas, em regra destinadas à 
Reforma Agrária. 
 
 
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Em contrário senso, a atividade rural agroextrativista (coleta de Castanhas-do-Pará) 
independe da dimensão da área para o enquadramento como segurado especial. 
 
Para ser considerado pescador artesanal segundo o §14 do art. 9º do Decreto nº 3.048/99 
o segurado deve comprovar que faz da pesca seu meio de subsistência ou profissão 
habitual, laborando sozinho ou em regime de economia familiar sem o uso de embarcação 
ou com embarcações de pequeno porte. 
Importante asseverar que pesca não se restringe a captura de peixes, mas de todos os 
animais e vegetais hidróbio. 
 
Até a entrada em vigor do Decreto nº 8.424/154 (regulamentou o seguro-desemprego no 
período de defeso e promoveu modificações do Decreto nº 3.048/99) a embarcação de 
pequeno porte tinham o limite de peso de 06 toneladas de arqueação bruta (barco próprio) 
e 10 toneladas de arqueação bruta (barco de parceiro). 
 
O Decreto nº 8.424/15 modificou o inciso II do §14 do art. 9º do Decreto nº 3.048/99 que 
passou a dispor que embarcação de pequeno porte está classificada na Lei nº 11.959/09 
(Lei da Pesca e Agricultura), ou seja, agora a dimensão foi elevada para 20AB (AB – 
arqueamento bruto), valendo lembrar que se ultrapassar o segurado para a categoria de 
contribuinte individual. 
 
Importe destacar que no art. 41 inciso V da IN. nº 77/2015 há previsão de reconhecimento 
do uso de “embarcação miúda”5 por mera declaração do sindicato ou colônia de 
pescadores do local onde o pescador artesanal labora e reside, eliminando a necessidade 
de certificação emitida por órgãos competentes. 
 
Outro ponto importante é que a esposa do pescador (ou o esposo da pescadora) que 
trabalha no conserto de redes, ou auxilia constantemente no reparo da embarcação, ou 
promove o tratamento dos mariscos será considerada (o) segurada (o) especial. Pois, o §14 
do art. 9º do Decreto equipara estas atividades a de pescador artesanal. 
 
7.2.4.1 – Enquadramento do grupo familiar: 
 
Para que sejam caracterizados como segurados especiais o cônjuge, o companheiro ou o 
filho maior de 16 anos deverão trabalhar comprovadamente nas atividades laborais do 
grupo familiar (Decreto nº 8.499 de 12/08/2015). 
 
4 Publicado em D.O.U em 01/04/2015 
5 São consideradas embarcações miúdas quaisquer tipos de embarcações ou dispositivos flutuantes com 
comprimento inferior ou igual a 5 metros ou com comprimento até 8 metros, desde que o motor não exceda 30 HP. 
 
 
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Ressalta-se que até 23/06/2008 data da publicação da Lei nº 11.718/08 a filiação do 
segurado especial poderia iniciar aos 14 anos de idade, passando para 16 anos no dia 
24/06/2008 pela modificação legislativa. 
 
Segundo entendimento da TNU até 24/07/1991 (Lei nº 8.213/91) a prestação de serviço 
rural por menor entre 12 e 14 anos, devidamente comprovada, poderia ser reconhecida 
para fins previdenciários (súmula nº 05 da TNU); no período entre 25/07/1991 a 
23/06/2008 somente pode contar para fins de comprovação de efetiva atividade rural o 
labor a partir dos 14 anos de idade; e, a partir de 24/06/2008 somente se computa o labor 
iniciado aos 16 anos de idade. 
 
Entretanto Frederico Amado defende, a nosso ver de forma justa, que a EC nº 20/1998 
(D.O.U 16/12/1998) promoveu a modificação da idade mínima de labor de 14 anos para 
16 anos e a partir da sua vigência (17/12/1998) a alteração já deveria ter validade. 
 
Não integram o grupo familiar do segurado especial os filhos casados, separados, 
divorciados, viúvos, que estão ou estiveram em união estável (inclusive homoafetiva), os 
irmãos, os genros e noras, os sogros, os tios, os sobrinhos, os primos, os netos e os afins. 
 
a) Não descaracteriza a condição de segurado especial (art. 12 §9º da Lei nº 8.212/91): 
 
I – a outorga, por meio de contrato escrito de parceria, meação ou comodato, de até 50% 
(cinquenta por cento) de imóvel rural cuja área total não seja superior a 04 (quatro) 
módulos fiscais, desde que outorgante e outorgado continuem a exercer a respectiva 
atividade, individualmente ou em regime de economia familiar; 
II – a exploração da atividade turística da propriedade rural, inclusive com hospedagem, 
por não mais de 120 (cento e vinte) dias ao ano; 
III – a participação em plano de previdência complementar instituído por entidade 
classista a que seja associado, em razão da condição de trabalhador rural ou de produtor 
rural em regime de economia familiar; 
IV – ser beneficiário ou fazer parte de grupo familiar que tem algum componente que seja 
beneficiário de programa assistencial oficial de governo; 
V – a utilização pelo próprio grupo familiar, na exploração da atividade, de processo de 
beneficiamento ou industrialização artesanal, na forma do § 11 do art. 25 desta Lei; 
VI - a associação em cooperativa agropecuária ou de crédito rural; 
VII - a incidência do Imposto Sobre Produtos Industrializados - IPI sobre o produto das 
atividades desenvolvidas nos termos do § 14 deste artigo (ex. casa de farinha). 
 
 
 
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Também não descaracteriza a condição de segurado especial o fato de um dos membros 
do grupo familiar desempenhar atividade urbana, devendo cada caso ser analisado 
detidamente para a apuração da real condição do segurado (súmula nº 41 da TNU). 
 
Todavia, se a renda advinda da atividade urbana for a principal fonte de subsistência do 
grupo familiar, resta descaracterizada a condição de segurado especial dos membros deste 
grupo, segundo entendimento reiterado em jurisprudências da TNU e do STJ. 
 
Ainda sobre o tema, podemos asseverar que, mesmo que a atividade urbana não seja a 
principal fonte de renda do grupo familiar, o que não descaracterizaria a condição de 
segurado especial dos membros do grupo, a prova material de atividade especial do 
membro que labora em atividade urbana não poderá servir de prova para os demais 
(Informativo nº 507 do E. STJ). 
 
Atenta-se que, nos termos do §21 do art. 9º, O grupo familiar poderá utilizar-se de 
trabalhador em épocas de safra, à razão de no máximo cento e vinte pessoas/dia dentro 
do ano civil, em períodos corridos ou intercalados ou, ainda, por tempo equivalente em 
horas de trabalho, à razão de oito horas/dia e quarenta e quatro horas/semana. 
 
O termo 120 pessoas/dia dentro do ano civil quer dizer que se o segurado contratar uma 
pessoa ela pode laborar por 120 dias, se contratar duas por 60 dias, etc. 
 
A Lei nº 12.873/13 promoveu alteração na Lei nº 8.212/91, mais especificamente no §8º 
do art. 12, que possuía a mesma redação do §21 do art. 9º do Decreto, mas lhe foi acrescida 
a seguinte frase: “não sendo computado nesse prazo o período de afastamento em 
decorrência da percepção de auxílio-doença.”. 
 
A referida Lei (advinda da Medida Provisória nº 619/2013) acrescentou o §14 ao 
supracitado art. 12 possibilitando a participação

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