Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 2 Olá, amigos! Este é mais um Ebook de Direito Previdenciário. Nele, trago os principais pontos da Seguridade Social, que é assunto comum em praticamente todas as provas que trazem nossa matéria. Especificamente para o concurso do INSS, é fundamental entender a essência da Seguridade, bem como sua estrutura constitucional e princípios básicos. Nosso objetivo é formar o alicerce para todo o estudo posterior. Este Ebook certamente será de grande auxílio nessa empreitada! Estamos no segundo semestre de 2020 e, certamente, vocês devem ter ouvido comentários sobre a possibilidade de um novo concurso em 2022... Portanto, chegou a hora de começar uma preparação mais efetiva! É o momento de organizarmos o material de estudo, estabelecermos um cronograma e, se der tudo certo, concluirmos os estudos, com base no edital anterior, dentro de um prazo máximo de 1 ano. Se a lição for bem aprendida, podemos chegar a 2022 bastante afiados e, partir daí, mantermos o aprendizado com base em revisões periódicas e milhares de questões! Mais do que nunca o estudo completo do Direito Previdenciário torna-se necessário para todos que querem ingressar no INSS. Como sabemos, no dia 13 de novembro de 2019, foi publicada a Emenda Constitucional nº 103/2019 (Reforma da Previdência), que modificou a essência de diversos institutos do Direito Previdenciário. A aposentadoria por tempo de contribuição, por exemplo, foi extinta, tendo sido criadas regras de transição para os que já se encontravam filiados à Previdência na data anterior à publicação da EC 103. Também, a forma de cálculo dos benefícios foi profundamente alterada, o que, certamente, será objeto de cobrança na próxima prova. Por essa razão, estarei com vocês, a cada aula, tirando todas as dúvidas, até chegarmos à aprovação! Qualquer dúvida ou sugestão, estou aqui! Podem me encaminhar e-mail - profmoisesmoreira@gmail.com. É isso, meus amigos! Contem comigo! Sou amigo de todos que lutam! Um forte abraço! 3 SUMÁRIO 1. SEGURIDADE SOCIAL ..................................................... 5 1.1 NOÇÕES INICIAIS E EVOLUÇÃO LEGISLATIVA .................................... 5 1.2 DIREITO PREVIDENCIÁRIO ........................................................ 12 1.2 CONCEITUAÇÃO ................................................................... 13 2. ORGANIZAÇÃO E PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS ............ 32 2.1 ORGANIZAÇÃO .................................................................... 32 2.2 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS .................................................. 33 2.2.1 UNIVERSALIDADE DA COBERTURA E DO ATENDIMENTO ................................ 33 2.2.2 UNIFORMIDADE E EQUIVALÊNCIA DOS BENEFÍCIOS E SERVIÇOS ÀS POPULAÇÕES URBANAS E RURAIS .............................................................................. 34 2.2.3 SELETIVIDADE E DISTRIBUTIVIDADE NA PRESTAÇÃO DOS BENEFÍCIOS E SERVIÇOS ....... 35 2.2.4 IRREDUTIBILIDADE DO VALOR DOS BENEFÍCIOS ....................................... 36 2.2.5 EQUIDADE NA FORMA DE PARTICIPAÇÃO NO CUSTEIO ................................. 38 2.2.6 DIVERSIDADE DA BASE DE FINANCIAMENTO .......................................... 39 2.2.7 CARÁTER DEMOCRÁTICO E DESCENTRALIZADO DA ADMINISTRAÇÃO .................... 40 2.2.8 SOLIDARIEDADE .................................................................... 43 2.2.9 PREEXISTÊNCIA DA FONTE DE CUSTEIO .............................................. 43 2.2.10 ANTERIORIDADE NONAGESIMAL OU MITIGADA ....................................... 44 3. QUESTÕES DE CONCURSOS .......................................... 45 3.1 GABARITO COMENTADO .......................................................... 54 4 Sumário 1. Seguridade Social5 1.1 Noções Iniciais e Evolução Legislativa5 1.2 Direito Previdenciário 13 1.3 Conceituação15 2. Organização e Princípios Constitucionais 36 2.1 Organização36 2.2 Princípios Constitucionais37 1 1.1 1.2 2.2.1 Universalidade da Cobertura e do Atendimento37 2.2.2 Uniformidade e Equivalência dos Benefícios e Serviços às Populações Ur- banas e Rurais39 2.2.3 Seletividade e Distributividade na Prestação dos Benefícios e Serviços39 2.2.4 Irredutibilidade do Valor dos Benefícios41 2.2.5 Equidade na Forma de Participação no Custeio43 2.2.6 Diversidade da Base de Financiamento 44 2.2.7 Caráter Democrático e Descentralizado da Administração 45 2.2.8 Solidariedade 47 2.2.9 Preexistência da Fonte de Custeio48 2.2.10 Anterioridade Nonagesimal ou Mitigada48 2 3. Questões de concursos 71 3 3.1 Gabarito comentado86 01. SEGURIDADE SOCIAL 5 1. SEGURIDADE SOCIAL Estudar a Seguridade Social significa adentrar em uma das matérias mais interessantes do direito brasileiro, que envolve o dia a dia de milhões de trabalhadores e que é muito, mas muito, cobrada em concursos públicos que trazem a matéria de Direito Previdenciário. Portanto, esta aula introdutória vale ouro para todo nosso curso. Vamos lá! 1.1 Noções Iniciais e Evolução Legislativa Amigos, para entendermos a essência da Seguridade Social é preciso que tenhamos em mente o alcance e o significado do termo proteção social. A proteção social engloba uma série de medidas adotadas ao longo dos anos pelos grupos sociais, com objetivo de amparar e proteger pessoas que se encontram em situações de necessidade social que impeçam ou dificultem a obtenção dos meios necessários à sobrevivência. Reparem nosso dia a dia: Estudamos, trabalhamos, viajamos...E, nestas ações, todos estamos sujeitos a eventos, como acidentes, que podem vir a nos privar da capacidade para o trabalho. Caso tais eventos se concretizem, seremos protegidos e amparados, seja por meio do auxílio de familiares ou entidades filantrópicas, seja por meio de benefícios e serviços concedidos pelo Estado. Como exemplo de necessidades sociais, também chamadas, por alguns doutrinadores, de riscos sociais, tem-se a morte, a idade avançada e a incapacidade para o trabalho. A origem da proteção pela sociedade remonta a tempos antigos. Inicialmente, ocorria no âmbito das próprias famílias em relação aos que se encontravam em dificuldades, sem participação direta do Estado. Além disso, havia as assistências voluntárias, prestadas por pessoas estranhas ao grupo familiar, que se reuniam e forneciam ajuda àqueles que precisavam. Num momento posterior, mas também voltada à proteção das pessoas carentes, foi editada na Inglaterra, em 1601, a chamada “Lei dos Pobres” – Poor Relief Act. Por meio desta Lei, criou-se uma contribuição obrigatória, arrecada da sociedade pelo Estado, para fins sociais1, cujos valores eram administrados pela Igreja com vistas a manter um sistema de proteção social em relação a pessoas hipossuficientes, principalmente crianças, idosos, inválidos e 1 Zambitte, 2015, p. 46 6 desempregados. Referida Lei é considerada o marco inicial da proteção social no mundo. Atenção A "Lei dos Pobres"não possuía caráter previdenciário, mas sim assistencial! Em 1789, com a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, houve a universalização da ideologia de seguridade e proteção social, que não mais se restringiria a questões de caridade, mas também, como direitos universais, deveriam ser garantidas a todos. Contudo, o século XVIII é marcado pelo absenteísmo estatal e o consequente afastamento do Poder Público em relação à proteção social. Tal situação somente se modifica a partir do final do século XIX e início do século XX. A exacerbação das liberdades individuais e o afastamento do Estado dos conflitos sociais, fatos ocorridos, principalmente, na segunda metade do século XVIII, contribuíram fortemente para o aumento das desigualdades entre as pessoas e das ofensas à dignidade humana. Costuma-se citar, por exemplo, que, no período da revolução industrial, crianças de 4 anos de idade eram submetidas a regimes de trabalho de cerca de 14 horas diárias2. Houve lutas e reações diante desse cenário.Direitos sociais foram, então, conquistados, e o Estado passou a intervir mais diretamente na sociedade. Inicia-se, então, o chamado “intervencionismo estatal”, em contraposição ao absenteísmo característico do século anterior. Ainda no final do século XIX, entre os anos 1883 a 1889, surge, na Alemanha, o primeiro sistema previdenciário do mundo, criado pelo então chanceler Otto Von Bismarck. Nesse sistema, foi previsto, inicialmente, o seguro-doença, custeado por contribuições dos empregados, dos empregadores e do Estado, cujos valores se destinavam à manutenção de um sistema protetivo em prol dos trabalhadores. Em 1884, foi instituído o seguro contra acidentes de trabalho, custeado pelos empresários e, em 1889, o seguro-invalidez e o seguro-velhice, custeados por trabalhadores, empregadores e pelo Estado. Os benefícios previstos no sistema Bismarckiano constituíam verdadeiro direito público subjetivo dos trabalhadores, de forma que estes podiam exigir do Estado a concessão das prestações nos casos de necessidades sociais relacionadas a incidência dos 2 Ver em https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/trabalho-infantil-no-mundo.htm 7 riscos protegidos (acidente, velhice etc.). Nem sempre os avanços e conquistas sociais são fruto da lucidez e da generosidade dos líderes e políticos dos povos. Na realidade, a história humana, muitas vezes, revela motivações e decisões bem distantes dessas virtudes. A ampliação da proteção previdenciária promovida por Bismarck teve, dentre outros objetivos, o de minimizar as insatisfações socais e de mitigar as chances de uma revolução dos trabalhadores diante do agravamento dos riscos e necessidades sociais gerados pelos elevados números de acidentes, invalidez e mortes, que assolavam à sociedade da época3. Na primeira metade do século XX, em continuidade às grandes transformações do século anterior, as conquistas relacionadas aos direitos sociais se tornaram ainda mais sólidas. A Constituição Mexicana de 1917 é um marco nesse sentido, sendo a primeira no mundo a adotar um sistema de direitos sociais, incluindo a Previdência Social (é a primeira a tratar do tema previdenciário). Após, em 1919, veio a Constituição Alemã de Weimar, que buscou implementar um modelo de Estado intervencionista, regulador das relações e garantidor de um rol de direitos sociais. Esse modelo viria a ter grande desenvolvimento em boa parte do mundo. Nos Estados Unidos, a política do New Deal, baseada no modelo de intervenção do Estado na economia, adotada após a crise da bolsa de valores de 1929, inspirada no modelo do Estado do bem-estar social (Walfare State), proporcionou o desenvolvimento da proteção social e a criação de normas previdenciárias. Em 1935, por exemplo, a previdência foi oficialmente instituída como forma de proteção social por meio do Social Security Act. Inobstante os diversos documentos e políticas implementados ao longo do século XX, foi o Plano Beveridge, adotado na Inglaterra no ano de 1942, que estabeleceu um modelo amplo de seguridade social, sendo considerado, assim, o marco da seguridade social no mundo. Willian Henry Beveridge, importante economista e reformista social britânico, propôs, dentre outros assuntos, que todas as pessoas com idade para trabalhar deveriam pagar uma contribuição ao Estado, e que esse valor seria utilizado como subsídio para doentes, desempregados e viúvas. Tratava-se de um sistema que garantia a todos um estado mínimo, abaixo do qual ninguém deveria viver; nesse sentido, ficou famosa a expressão de que o Estado deveria proteger toda 3 Atribui-se a Bismarck a seguinte frase: “Por mais caro que pareça o seguro social, resulta menos gravoso que os riscos de uma revolução” (CASTRO, 2013, p. 04). 8 e qualquer pessoa “do berço ao túmulo”. A partir do Plano Beveridge, tem-se a sistematização da seguridade social tal qual a conhecemos hoje, ou seja, um conjunto de ações com vistas a assegurar os direitos relativos à saúde, assistência e previdência. Resumindo Marco da Assistência Social no mundo Poor Of Relief,de 1601, na Inglaterra. Marco da Previdência Social no mundo Lei de Bismark, de 1883, na Alemanha. Marco da Seguridade Social no mundo Plano Beveridge, de 1942, na Inglaterra. Origem e evolução legislativa no Brasil No Brasil, a origem e evolução legislativa da Seguridade Social seguem, em linha geral, os acontecimentos mundiais. No início da colonização, por exemplo, existiam as Santas Casas de Misericórdia, como a de Santos, fundada em 1543, que são as primeiras manifestações protetivas de que se têm notícia em nosso país. A Constituição de 1824 tratou dos socorros públicos, estabelecendo, em seu art. 179, inciso XXXI, que “A Constituição também garante os socorros públicos”. Em virtude do caráter protetivo que possuíam, merecem registro os Montepios surgidos no Brasil, a exemplo do Montepio Geral dos Servidores do Estado – Mongeral -, de 1835, de natureza mutualista, ou seja, baseado nas contribuições dos respectivos membros, de modo a formar um fundo que seria utilizado para cobertura de necessidades sociais dos próprios membros ou familiares. A Constituição de 1891 instituiu a aposentadoria por invalidez para os servidores públicos. Esse documento, contudo, não chega a ser considerado marco da previdência, dado o caráter bastante restrito da abordagem realizada. 9 No ano de 1919, o Decreto Legislativo 3.724 criou o Seguro de Acidente do Trabalho – SAT, mas com natureza estritamente privada, pago pelo empregador ao empregado acidentado, sem que houvesse participação do Estado. Em que pese a existência de normas anteriores sobre o assunto, a Lei Eloy Chaves (Decreto- Legislativo nº 4.682, de 24 de janeiro de 1923) recebe o título de marco da Previdência Social no Brasil. Tal titulação se deve ao nível de estruturação e desenvolvimento conferidos à Previdência a partir dessa norma. Por meio dela, foram instituídas as Caixas de Aposentadorias e Pensões - CAPs dos ferroviários, garantindo-lhes os benefícios de aposentadoria por invalidez, aposentadoria ordinária, pensão por morte e assistência médica. As CAPs eram ligadas a empresas e custeadas por contribuições destas e dos empregados. O Estado não participava da administração e do gerenciamento das Caixas. Atenção para o trecho grifado. É questão de prova! Na década de 1930, com a urbanização mais acentuada e o fortalecimento dos sindicatos, o modelo das CAPs, restrito a empresas, mostrou-se insuficiente e outro passou a ser adotado, a partir da unificação da maioria das Caixas de Aposentadoria e Pensões existentes. Foram criados, então, os Institutos de Aposentadorias e Pensões - IAPs, autarquias federais, vinculados a categorias profissionais, e não mais a empresas. É importante sabermos que o Estado passou a administrar os Institutos por meio das contribuições de empregados e empregadores, iniciando-se a consolidação de um modelo previdenciário mais amplo. Havia os Institutos de Aposentadoria e Pensões dos marítimos - IAPM; dos bancários - IAPB; dos industriários - IAPI; dos comerciários - IAPC; dos empregados das empresas de transportes e cargas - IAPETEC. A Constituição de 1934 costuma ser citada em concursos por ter estabelecido a tríplice forma de custeio, prevendo contribuições do Poder Público, dos trabalhadores e das empresas. Já a Constituição 1937, pouco cobrada em provas, apenas mencionou em seu texto a expressão “seguro social”, sem, contudo, avançar nesse tema. A Constituição de 1946 é inovadora e representa a primeira grande tentativa de sistematizar a proteção social, chegando, inclusive, a utilizar a expressão “previdência social” em seu texto. 10 Nota Ao longo da primeira metade do século XX, houve avanço nos modelos previdenciários nacionais, todavia, devido a coexistência de diversos critérios para concessão e análise de benefícios, tornou-se necessária a unificaçãoe padronização das normas. A primeira tentativa de uniformização ocorreu em 1960, com a publicação da Lei Orgânica da Previdência e Assistência Social - LOPS (Lei n. 3.807). Houve a unificação dos critérios para concessão de benefícios existentes nas IAPs. No entanto, a estrutura destas foi mantida. Porém, somente a partir da criação do Instituto Nacional de Previdência Social – INPS pelo Decreto-Lei n. 72, que entrou em vigor em 01/01/1967, é que ocorreu a efetiva padronização de todos os critérios, consolidando-se um novo modelo e estrutura da previdência brasileira. Atenção! Ponto recorrente em provas! Mesmo com todo avanço e padronização do sistema previdenciário, algumas categorias profissionais continuavam alijadas da estrutura protetiva, a exemplo dos trabalhadores rurais e dos empregados domésticos. Em relação aos trabalhadores rurais, ainda no ano de 1963, a Lei 4.214, em seu art. 158, criou o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural – FUNRUAL, destinado ao custeio da prestação de assistência médico social ao trabalhador rural e seus dependentes, sendo constituído de determinadas contribuições. Mas foi somente em 1971, com a criação do Programa de As- sistência do Trabalhador Rural - PRORURAL, que o trabalhador rural passou a ter direito às aposentadorias por velhice e por invalidez, pensão e auxílio funeral, no valor de meio salário mínimo, sem obrigatoriedade de contribuições. O FUNRURAL tonou-se uma autarquia, sen- do responsável pela administração do PRORURAL. Quanto aos trabalhadores domésticos, apenas em 1972, com a edição da Lei 5.859, é que lhes foram concedidos direitos previstos na Lei Orgânica da Previdência Social. Esta Lei foi revogada em 2015 pela Lei Complementar n. 150, que, dentre outros pontos, dispôs sobre o direito dessa categoria aos benefícios acidentários e ao salário-família. Em 1977, foi instituído o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social - SINPAS, pela Lei 6.439, por meio do qual as atividades de saúde, previdência e assistências médica e social foram integradas mediante a reunião de vários órgãos e autarquias com funções 11 próprias: a) INPS – Instituto Nacional de Previdência Social: Responsável pela concessão e manutenção dos benefícios; b) IAPAS - Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social: Responsável pela arrecadação, fiscalização e cobrança de contribuições e demais recursos; c) INAMPS - Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social: Área médica; d) LBA - Fundação Legião Brasileira de Assistência: Assistência social; e) FUNABEM - Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor; f) CEME - Central de Medicamentos: Distribuição de medicamentos; g) DATAPREV - Empresa de Processamento de dados da Previdência Social. Desses órgãos, apenas a DATAPREV permanece em atividade. Ela é a responsável por prestar serviços de tecnologia, dentre outros, ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS. Despenca na prova A lei 8.029, de 12 de abril de 1990, autorizou a criação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, a partir da junção do INPS e do IAPAS. Com isso, as atividades de conceder benefícios e de arrecadar, fiscalizar e cobrar as contribuições previdenciárias concentraram-se no INSS. Porém, em 2004, estas últimas atribuições foram repassadas à Secretaria da Receita Previdenciária – SRP, criada pela MP nº 222 (posteriormente convertida na Lei 11.098/2005), passando o INSS a cuidar apenas da administração dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social - RGPS. A SRP, por sua vez, foi extinta quando do surgimento Secretaria da Receita Federal do Brasil – SRFB (Lei 11.457/2007), que se tornou a responsável por arrecadar, cobrar e fiscalizar as contribuições previdenciárias. 12 Para finalizar este tópico, é muito importante sabermos que a Constituição de 1988 é que dá os contornos definitivos e atuais da Seguridade Social. É a primeira a promover completa sistematização de cunho protetivo, estabelecendo a organização e os princípios aplicáveis ao sistema! Atenção! Ponto recorrente em provas! 1.2 Direito Previdenciário Agora que vimos a essência da Seguridade Social e sua evolução histórica no Brasil e no mundo, precisamos identificar qual o ramo do direito é responsável por seu estudo e detalhamento. O Direito Previdenciário, ramo de direito público, é o responsável pelo estudo das regras e princípios aplicáveis aos planos básicos e complementares de previdência social, bem como aos órgãos e entidades que atuam nessa área. Os planos básicos envolvem o Regime Geral de Previdência Social – RGPS e os Regimes Próprios de Previdência Social – RPPS. Já os planos complementares dizem respeito à previdência complementar. As principais normas de Direito Previdenciário estão na Constituição Federal, artigos 40 (Regimes próprios), e 194 ao 203 (Seguridade Social), na Lei 8.212/91, que trata do financiamento da Seguridade Social, e na Lei 8.213/91, que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social. Costumo dizer que essas normas formam o livro sagrado do concurso previdenciário. No rol de normas importantes de nossa matéria, também merecem ser incluídas a Lei 8.742/1993, que dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências; a Lei 11.457/2007, a partir da qual as contribuições previdenciárias passaram a ser arrecadas e fiscalizadas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil; e o Decreto 3.048, de 6 maio de 1999, que aprova o Regulamento da Previdência social – RPS, e dá outras providências. Em 2019, foi aprovada a maior, mais ampla e profunda reforma previdenciária: Ela, a * Emenda Constitucional 103/2019, que mudou muita coisa em nosso estudo! Competência para legislar De acordo com o art. 22, XXIII, da CF, compete privativamente à União legislar sobre Seguridade Social. Todavia, nos termos do parágrafo único desse artigo, lei complementar 13 poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas que envolvam tal assunto. Em relação à previdência social, proteção e defesa da saúde, nos termos do art. 24, XII, da CF, a competência é concorrente entre União, Estados e Distrito Federal, cabendo à União a edição de normas gerais e aos Estados e DF a edição de normas suplementares. Igualmente, a CF dispõe, no inciso XIV do citado artigo, que a competência é concorrente sobre a proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência. Esclarecendo! Repararam que existe algo estranho nos dois últimos parágrafos? Como é que a competência para legislar sobre Seguridade Social é privativa da União, enquanto que a competência para legislar sobre previdência, saúde e temas ligados à assistência (CF, art. 24, XII e XIV), é concorrente? A aparente contradição é resolvida da seguinte forma: a) Cabe à União legislar sobre Previdência Social, salvo quanto aos servidores públicos efetivos dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, cujas regras previdenciárias podem ser editadas por estes entes, desde que observadas as normas gerais emitidas pela União ou constantes da Constituição. b) Em relação à Saúde e à Assistência, a competência, é, de fato, concorrente. À União cabe editar normas gerais, o que foi feito pelas Leis 8.080/90 (Saúde) e 8.742/93 (Assistência). Aos demais entes compete a emissão de normas complementares, de acordo com as respectivas peculiaridades. 1.3 Conceituação O conceito e a abrangência da Seguridade Social foram estabelecidos pela Constituição de 1988, por meio de um capítulo específico ao tema, o qual foi inserido no Título VIII – Da Ordem Social. 14 Título VIII - Da Ordem Social (arts. 193 a 232) Capítulo I - Disposição Geral (art. 193) Capítulo II - Da Seguridade Social (arts. 194 a 204) Seção I - Disposições Gerais (arts. 194 e 195) Seção II - Da Saúde (arts. 196 a 200) Seção III - Da Previdência Social (arts. 201 e 202) Seção IV - Da Assistência Social(arts. 203 e 204) O primeiro ponto a chamar nossa atenção é que a Seguridade Social está ligada ao Título que trata da Ordem Social. Assim, é preciso que saibamos em que consiste essa “Ordem”. De acordo com o art. 193 da CF, a ordem social tem por base o primado do trabalho e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais. Esses valores norteiam a Seguridade Social, de modo que os princípios desta devem ser interpretados para potencializar o trabalho como alicerce e o bem-estar e justiça sociais como horizonte a ser alcançado pelas ações securitárias. Nesse sentido, a Seguridade Social abrange determinados direitos sociais destinados a pre- servar a dignidade humana, a reduzir as desigualdades e a fornecer proteção em caso de necessidades sociais. É, pois, um relevante instrumento de proteção social, instituído pela CF, composto por um conjunto integrado de ações dos Poderes Públicos e da sociedade, com vistas a assegurar os direitos relativos à saúde, à assistência e à previdência social (CF, art. 194). Saúde, Assistência e Previdência são direitos sociais, os quais garantem condições mínimas para que as pessoas possam usufruir outros direitos. Estão ligados ao Estado protecionista, que atua para proteger e amparar os indivíduos. 15 DICA DE MEMORIZAÇÃO (Seguridade Social possui PAS) P A S P = Previdência A = Assistência S = Saúde A Seguridade Social é gênero do qual são espécies Saúde, Previdência e Assistência Social. Saúde e Assistência formam um sistema não contributivo. Já a Previdência compõe um sistema contributivo. Desse modo, Saúde e Assistência são direitos cujo acesso independe do pagamento de contribuições específicas. A Assistência se destina àqueles que comprovem dela necessitar, incluindo os estrangeiros residentes no país, conforme decidiu o STF (RE 587.970 – SP). Já a Saúde será prestada a todos, indistintamente, brasileiros ou estrangeiros. A Previdência Social, porém, é um direito adstrito aos que para ela contribuem, os chamados segurados e seus dependentes. Para se ter direito a um benefício previdenciário, é preciso que haja qualidade de segurado ou as contribuições necessárias ao direito. Faz-se necessário o vínculo jurídico, denominado filiação, do qual decorrem obrigações (de contribuir) e direitos (aos benefícios). Tome nota! Saúde: É direito de todos e dever do Estado! É gratuita e destinada a todos! Assistência: Será prestada a quem dela necessitar! Também é gratuita e se destina a quem dela precisar! Previdência: Será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória! É destinada aos beneficiários da Previdência, que são os segurados e dependentes! A Saúde é direito de todos e dever do Estado. Nesse sentido, devem ser adotadas medidas ou políticas sociais e econômicas, que visem à redução do risco de doença e de outros agravos, bem como ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação desse direito (CF, art. 196, caput). 16 Cabe ao Poder Público regulamentar, fiscalizar e controlar as ações e os serviços de saúde, os quais podem ser executados diretamente pelo Estado ou pela iniciativa privada (médicos e hospitais particulares). Porém, nos termos do §2º do art. 199 da CF, é proibida a destinação de recursos públicos para auxílios e subvenções às instituições privadas com fins lucrativos. O Sistema Único de Saúde – SUS é formado por uma rede regionalizada e hierarquizada, cuja organização deverá obedecer às seguintes diretrizes: descentralização, com direção única em cada esfera de governo; atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; e participação da comunidade (CF, art. 198). O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195 da CF, com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes. Amigos, existe certas regras sobre aplicação dos recursos da saúde, previstas nos §§ 2º e 3º do art. 198 da CF, que, apesar de praticamente não serem cobradas em nossa matéria, devem, pelo menos, ser mencionadas aqui, por cautela. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados sobre: I - no caso da União, a receita corrente líquida do respectivo exercício financeiro, não podendo ser inferior a 15% (quinze por cento); II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios; III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º. § 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada cinco anos, estabelecerá: I - os percentuais de que tratam os incisos II e III do § 2º; 17 II – os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados a seus respectivos Municípios, objetivando a progressiva redução das disparidades regionais; III – as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas esferas federal, estadual, distrital e municipal; Pessoal, atenção! A contratação de agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias somente poderá ser realizada, pelos gestores locais do sistema único de saúde, por meio de processo seletivo público, de acordo com a natureza e complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para sua atuação (CF, art. 198, §4º). Ademais, estabelece a Constituição que lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial profissional nacional, as diretrizes para os Planos de Carreira e a regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e agente de combate às endemias, competindo à União, nos termos da lei, prestar assistência financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, para o cumprimento do referido piso salarial (CF, art. 198, §5º). Amigos, despenca em prova: A assistência à saúde é livre à iniciativa privada! Já repararam que existem hospitais públicos e particulares? Pois então, a saúde pode ser prestada de ambas as formas. Além disso, é facultada a participação de instituições privadas, de forma complementar, ao sistema único de saúde, desde que observadas as diretrizes deste. Tal participação ocorrerá mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos (CF, art. 199, §1º). Todavia, além de ser proibida a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos, é vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei (CF, art. 199, §§ 2º e 3º). 18 Importante! Nos termos do §4º do art. 199 da CF, a lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização. Para finalizar o tópico relativo à Saúde, resta-nos transcrever o art. 200 da CF, segundo o qual: Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; II - executaras ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; IV - participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico; V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação; VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano; VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. 19 � A Assistência Social se destina a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à Seguridade Social. Em nossa Constituição, o tema é tratado nos ar- tigos 203 e 204. Na legislação infraconstitucional, a norma mais importante é a Lei 8.742/93, a chamada LOAS – Lei Orgânica da Assistência Social. Nos termos do art. 1º da LOAS, a assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas. De acordo com o art. 203 da CF, a Assistência Social tem por objetivos: a) A proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice. b) O amparo às crianças e adolescentes carentes. c) A promoção da integração ao mercado de trabalho. d) A habilitação e a reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária. Cuidado para não confundir, pois na Previdên- cia existe o serviço de reabilitação profissional! e) A garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de defi- ciência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. Amigos, aqui é importante registrar a existência de dois benefícios assistenciais muito conhe- cidos: O Amparo Social à Pessoa Portadora de Deficiência e o Amparo Social ao Idoso (os famosos benefícios da Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS). Apesar de serem opera- cionalizados pelo INSS, não se confundem com os benefícios previdenciários, visto que são concedidos independentemente de contribuições. Para fazer jus ao benefício, o idoso ou o deficiente deverão comprovar que a renda per capita familiar é inferior a ¼ do salário mínimo, nos termos do §3º do art. 20 da Lei 8.742/93. Família, para fins assistenciais, nos termos do art. 20, §1º, da Lei 8.742/93, é aquela compos- ta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madras- ta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, 20 desde que vivam sob o mesmo teto. Jurisprudência! No julgamento dos RE 567.985 e 580.963, em abril de 2013, o STF declarou a inconstitucionalidade incidental do §3º do art. 20 da Lei 8.742/93, que prevê o critério de renda per capita inferior a ¼ do salário mínimo. Porém, tal decisão não é vinculante, pois não foi proferida em sede de controle abstrato de constitucionalidade. Desse modo, o critério citado continua sendo aplicável na via administrativa. De acordo com o §14 da Lei 8742/93, incluído pela Lei 13.982/2020, o benefício de prestação continuada ou o benefício previdenciário no valor de até 1 salário-mínimo concedido a idoso acima de 65 anos de idade ou pessoa com deficiência não será computado, para fins de concessão do benefício de prestação continuada a outro idoso ou pessoa com deficiência da mesma família, no cálculo da renda per capta há pouco mencionada. Também é importante sabermos que a pessoa deficiente recebedora de amparo social po- derá trabalhar como aprendiz por até 2 anos, sem que ocorra a suspensão do seu benefício. As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com recursos do orçamento da seguridade social, além de outras fontes, e organizadas com base nas seguin- tes diretrizes: I. Descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e as normas ge- rais à esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos programas às esferas estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e de assistência social. A coordenação da Política Nacional de Assistência Social compete ao Ministério do Desen- volvimento Social – MDS4. O Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS, órgão supe- rior de deliberação colegiada, vinculado ao MDS, composto por 18 membros (9 representan- tes do Poder Público e 9 da sociedade civil), é o responsável por aprovar a política nacional de Assistência Social. O CNAS é presidido por um representante eleito entre seus membros, para um mandato de 1 ano, permitida uma recondução por igual período. 4 Conforme nova estrutura do Governo Federal, aprovada pela Medida Provisória 870/2019, o MDS foi extinto e suas atribui- ções foram assumidas pelo Ministério da Cidadania. 21 Dentre outras competências previstas no art. 18, da Lei 8.742/93, merece destaque que ao CNAS cabe: a) Normatizar as ações e regular a prestação de serviços de natureza pública e priva- da no campo da assistência social. b) Acompanhar e fiscalizar o processo de certificação das entidades e organizações de assistência social no Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. c) Apreciar relatório anual que conterá a relação de entidades e organizações de as- sistência social certificadas como beneficentes e encaminhá-lo para conhecimento dos Conselhos de Assistência Social dos Estados, Municípios e do Distrito Federal. d) Zelar pela efetivação do sistema descentralizado e participativo de assistência social. e) Estabelecer diretrizes, apreciar e aprovar os programas anuais e plurianuais do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS). O Sistema Único de Assistência Social – SUAS tem por objetivo, dentre outros: a) Consolidar a gestão compartilhada, o cofinanciamento e a cooperação técnica entre os entes federativos que, de modo articulado, operam a proteção social não contributiva. b) Estabelecer as responsabilidades dos entes federativos na organização, regula- ção, manutenção e expansão das ações de assistência social. c) Estabelecer a gestão integrada de serviços e benefícios. As proteções sociais básicas e especiais serão prestadas no Centro de Referência de As- sistência Social – CRAS e no Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS e pelas entidades sem fins lucrativos de assistência social. O CRAS é a unidade pública municipal, de base territorial, localizada em áreas com maiores índices de vulnerabilidade e risco social, destinada à articulação dos serviços socioassis- tenciais no seu território de abrangência e à prestação de serviços, programas e projetos 22 socioassistenciais de proteção social básica às famílias. O CREAS é a unidade pública de abrangência e gestão municipal, estadual ou regional, des- tinada à prestação de serviços a indivíduos e famílias que se encontram em situação de risco pessoal ou social, por violação de direitos ou contingência, que demandam intervenções especializadas da proteção social especial. II. Participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis. Para a prova, é muito importante sabermos que é facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a programa de apoio à inclusão e promoção social até 0,5% de sua receita tributária líquida, vedada a aplicação desses recursos no pagamento de: a) Despesas com pessoal e encargos sociais. b) Serviço da dívida. c) Qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações apoiados. � A Previdência Social será organizadasob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados os critérios que preservem o equi- líbrio financeiro e atuarial. Notem que a Previdência é contributiva, ou seja, para se ter direito aos benefícios e serviços previdenciários é preciso pagar contribuições, é preciso ser um segurado (ou dependente deste) do Regime Geral de Previdência Social – RGPS. Além disso, a Previdência é obrigatória. Aquele que exerce atividade remunerada está com- pulsoriamente vinculado ao RGPS. Assim, um médico que atende a clientes em seu con- sultório é obrigado a contribuir para o Regime Geral. Se não o fizer, estará em débito com a Previdência. Contudo, meus amigos, existem aqueles que, mesmo sem exercer atividade remunerada, optam por contribuir para a Previdência. São os segurados facultativos, os quais decidem ingressar no RGPS, mediante contribuição, para ter direito aos benefícios e serviços do INSS. * A EC 103/2019 alterou profundamente o art. 201 da CF. Agora, com a nova redação, tal artigo estabelece que a previdência social atenderá, na forma da lei, 23 a) Cobertura dos eventos de incapacidade temporária ou permanente para o trabalho e idade avançada5. Em razão dessa proteção social, são previstos em nossa legislação benefícios tais como o benefício por incapacidade temporária (antigo auxílio-doença), benefício por incapacidade permanente (antiga aposentadoria por invalidez). Em ou- tras palavras, cada benefício previdenciário corresponde a um risco ou necessidade social, os quais são chamados pela CF de “eventos”, e que recebem proteção social. b) Proteção à maternidade, especialmente à gestante – Nesse sentido, existe, por exem- plo, o benefício de salário-maternidade, que é devido aos segurados da Previdência; c) Proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário – Aqui há um pon- to polêmico no Direito Previdenciário: Afinal, o seguro-desemprego é um benefício previdenciário? A questão é tormentosa, e há respeitáveis posições tanto no sentido positivo (por causa da previsão contida no art. 201, III, da CF/88), quanto no negativo (pois a Lei 8.213/91, em seu art. 9º, §1º, excluiu do RGPS a cobertura da situação de desemprego, que será objeto de Lei específica). Dica! Para a prova, recomendo o seguinte: se houver menção ao texto constitucional, considere que o desemprego involuntário é um risco social a ser protegido pela Previdên- cia e pelo RGPS. Porém, se a questão afirmar que se trata de benefício a ser pago pelo Regime Geral, conclua que está errado, pois quem operacionaliza o seguro-desemprego do segurado empregado urbano é o Ministério do Trabalho, o qual é financiado por meio de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT. d) Salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda – Notem que esta previsão possui caráter restritivo, pois os benefícios citados somen- te serão devidos se os segurados forem de baixa renda. e) Pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes. 5 Na redação anterior, havia a referência a cobertura do evento doença, o que era objeto de críticas, vez que o risco social a ser coberto não é a doença em si, mas a incapacidade dela decorrente. Além disso, foi suprimida a referência ao evento “morte”, pois este já constava do inciso V, em repetição ociosa. Vejam a redação anterior à Reforma: Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada. 24 Foco nesse ponto! Pessoal, acerca dos aspectos constitucionais da Previdência Social, convém destacarmos os seguintes pontos, que constam dos parágrafos do art. 201 da CF: ● Nos termos do §1º do art. 201 da CF, conforme redação dada pela * EC 103/2019, é proibida a adoção de requisitos ou critérios diferenciados para concessão de benefícios, ressalvada, nos termos de lei complementar, a possibilidade de pre- visão de idade e tempo de contribuição distintos da regra geral para concessão de aposentadoria exclusivamente em favor dos segurados: I - Com deficiência, previamente submetidos a avaliação biopsicossocial reali- zada por equipe multiprofissional e interdisciplinar; II - Cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação. Amigos, anteriormente à Reforma6, a vedação para adoção de critérios ou requisitos diferenciados se referia apenas à concessão de aposentadorias no RGPS; agora, ve- da-se a adoção de requisitos ou critérios diferenciados para concessão de benefícios. Ademais, anteriormente, a permissão para adoção de requisitos ou critérios diferen- ciados era genérica, referindo-se, tão somente, aos casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudicassem a saúde ou a integridade física ou quando se tratasse de segurados portadores de deficiência, nos termos de lei complementar. Amigos, conforme disse, neste e nos próximos tópicos, é preciso tranquilidade. Va- mos estudar exaustivamente em Aulas futuras os benefícios do RGPS. Neste mo- mento, somente preciso que vocês tenham em mente as nuances constitucionais, a exemplo da regra acima, que proíbe critérios diferenciados na concessão dos bene- fícios previdenciários, ou seja, que determina à legislação previdenciária prezar pela uniformidade dos requisitos e critérios de seus benefícios. Todavia, conforme explicita a regra constitucional, em relação às atividades exercidas com efetiva exposição a agentes agressivos, bem como aos segurados portadores de 6 Vejam a redação anterior à EC 103/2019: § 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar. 25 deficiência, pode haver diferenciação nos critérios de idade e tempo de contribuição. Nesse sentido, por exemplo, a Lei Complementar 142/13 prevê que os portadores de deficiência se aposentarão com tempo de contribuição reduzido, conforme critérios relativos ao grau da deficiência (leve, moderada e grave). Mas, como disse, calma...vamos estudar tudo isso! ●Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo (CF, art. 201, §2º). Em outras palavras, somente os benefícios previdenciários não substitutivos do rendi- mento do trabalhador, a exemplo do auxílio-acidente, que é meramente indenizatório, é que podem ter valor inferior ao salário mínimo. A aposentadoria por incapacidade permanente (antiga aposentadoria por invalidez), por exemplo, substitui aquilo que o segurado ganhava, não podendo, pois, ter valor inferior ao salário mínimo. ●Todos os salários de contribuição considerados para o cálculo de benefício serão devidamente atualizados, na forma da lei (CF, art. 201, §3º). Também vamos estudar, em momento oportuno, institutos básicos dos benefícios previdenciários, como a carência e o salário de benefício. Por ora, basta sabermos que o salário de benefício é produto de uma média aritmética simples das contribui- ções que, conforme regra do art. 29-B da Lei 8.213/91, serão corrigidas mês a mês de acordo com a variação integral do Índice Nacional de Preços ao Consumidor - INPC, calculado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. �É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráterpermanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei (CF, art. 201, §4º). Amigos, os benefícios previdenciários, além de terem a garantia da irredutibilidade nominal, prevista art. 194, parágrafo único, IV, da CF, gozam de proteção quanto ao valor real, ou seja, possuem irredutibilidade material, devendo ser reajustados de modo a garantir cobertura de eventuais perdas inflacionárias. �É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência (CF, art. 201, §5º). 26 A Previdência se volta para os que exercem atividades remuneradas. Contudo, em atenção ao princípio da universalidade da cobertura e do atendimento, também po- dem acessá-la pessoas que não exercem tais atividades. São os segurados faculta- tivos, cujos exemplos mais corriqueiros em prova são os do estudante e da dona de casa. A filiação como facultativo tem como pressuposto lógico o não exercício de atividade de segurado obrigatório, pois, se alguém está obrigatoriamente “protegido” por um regime previdenciário, a legislação não lhe confere nova proteção. Assim, um trabalhador com carteira assinada é segurado empregado da Previdência, sendo-lhe vedada a filiação como facultativo, pois já está vinculado a uma categoria obrigatória (a de empregado). Também, por semelhante razão, os que estiverem vinculados a regime próprio não po- dem, em regra, se filiar ao RGPS como segurados facultativos. Este é o fundamento da regra constitucional. �A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá por base o valor dos proventos do mês de dezembro de cada ano (CF, art. 201, §6º). Amigos, aposentados e pensionistas da Previdência também fazem jus ao pagamento de 13º salário (gratificação natalina), com base nos proventos de dezembro de cada ano. Mesmo benefícios provisórios, como o auxílio-doença, dão direito ao 13º, de for- ma proporcional aos meses de recebimento. �Atenção! A * EC 103/2019 extinguiu a aposentadoria por tempo de contribuição! Conforme redação atual7 do §7º do art. 201 da CF, é assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições: I - 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, observado tempo mínimo de contribuição; II - 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e 55 (cinquenta e cinco) anos de idade, se mulher, para os trabalhadores rurais e para os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal (CF, art. 201, §7º). 7 Vejam a redação anterior do §7º do art. 201 da CF: É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições: I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher; II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, reduzido em cinco anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal. 27 Também aqui peço paciência... As aposentadorias serão estudadas a fundo em Aula específica. Por ora, tenhamos em mente que nossa legislação atual prevê: � Aposentadoria por idade e tempo de contribuição, denominada agora de “aposen- tadoria programada”, que exige 65 anos de idade para os homens, e 62 anos, para as mulheres, no caso de trabalho urbano, observado o tempo mínimo de contribuição. � Aposentadoria aos 60 anos para os homens, e 55 anos para as mulheres, para os trabalhadores rurais e para os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal. �Conforme redação dada pela * EC 103/2019, o requisito de idade a que se refere o inciso I do § 7º será reduzido em 5 (cinco) anos, para o professor que comprove tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio fixado em lei complementar. (CF, art. 201, §8º). Na redação anterior à Reforma8, não havia referência à fixação de tempo de efetivo exercício das funções de magistério por meio de lei complementar. Agora, até que seja editada referida lei, nos termos do §1º, II, do art. 19 da * EC 103/2019, para o segu- rado filiado após a data de entrada em vigor desta Emenda, até que seja editada a lei complementar a que se refere o §8º, dispondo sobre a redução de idade mínima, será concedida aposentadoria ao professor que comprove 25 anos de contribuição exclu- sivamente em efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio e tenha 57 (cinquenta e sete) anos de idade, se mulher, e 60 (sessenta) anos de idade, se homem. Mais uma vez, digo: Vamos estudar com bastante tranquilidade tudo isso...☻ Professores universitários continuam excluídos dessa regra. �Conforme redação dada pela *EC 103/20199, para fins de aposentadoria, será assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição entre o Regime Geral de Previdência Social e os regimes próprios de previdência social, e destes entre 8 Vejam a redação anterior do §8º do art. 201 da CF: Os requisitos a que se refere o inciso I do parágrafo anterior serão redu- zidos em cinco anos, para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio. 9 Vejam a redação anterior do §9º do art. 201 da CF: Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos regimes de previdência social se compensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei 28 si, observada a compensação financeira, de acordo com os critérios estabeleci- dos em lei. (CF, art. 201, §9º). Nossa legislação admite a contagem recíproca do tempo de contribuição, que é a pos- sibilidade de somar tempos em diferentes regimes, situação em que, no futuro, quando da aposentadoria, gerará compensação previdenciária, ou seja, aquele regime para o qual a contribuição foi vertida deverá arcar com parte dos valores pagos pelo regime em que se deu a aposentadoria. Vamos imaginar que você tenha trabalhado 5 anos na condição de empregado de cer- ta empresa. Quando de sua aprovação no concurso, o tempo de contribuição para o RGPS poderá ser contabilizado, mediante averbação, no regime próprio ao qual seu cargo está vinculado. Daí, no futuro, no momento da aposentadoria, o RGPS deverá repassar ao RPPS os valores referentes aos 5 anos em que recebeu suas contribuições. �A * EC 103/2019 incluiu o §10-A ao art. 201 da CF, pelo qual o tempo de serviço militar exercido nas atividades de que tratam os arts. 42, 142 e 143 e o tempo de contribuição ao Regime Geral de Previdência Social ou a regime próprio de previ- dência social terão contagem recíproca para fins de inativação militar ou aposen- tadoria, e a compensação financeira será devida entre as receitas de contribuição referentes aos militares e as receitas de contribuição aos demais regimes. Amigos, os militares não estão sujeitos à aposentadoria nos mesmos moldes dos traba- lhadores vinculados ao RGPS ou ao RPPS. Eles possuem um regime constitucional, que prevê a transferência para a inatividade. Agora, com o novel parágrafo inserido no âmbito da Reforma, consta expressamente no texto constitucional a possibilidade de compensação financeira entre os diferentes regi- mes, inclusive o dos militares. �Conforme redação dada pela * EC 103/2019, lei complementar poderá disciplinar a cobertura de benefícios não programados, inclusive os decorrentes de acidente do trabalho, a ser atendidaconcorrentemente pelo Regime Geral de Previdência Social e pelo setor privado. (CF, art. 201, §10). Amigos, a nova redação10 dada pela Reforma prevê a edição de lei complementar para cobertura dos benefícios não programados, tais quais os benefícios por incapacidade, 10 Vejam a redação anterior do §11 do art. 201 da CF: Lei disciplinará a cobertura do risco de acidente do trabalho, a ser aten- dida concorrentemente pelo regime geral de previdência social e pelo setor privado 29 inclusive daqueles decorrentes de acidente do trabalho, a erem cobertos tanto pelo RGPS quanto pela iniciativa privada. Atualmente, o risco de acidente do trabalho é co- berto apenas pelo Regime Geral de Previdência Social, mediante pagamento da con- tribuição relativa ao SAT/RAT. Tal assunto será abordado em nossa aula sobre custeio da seguridade social. �Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e consequente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei (CF, art. 201, §11). Vamos estudar o salário de contribuição em Aula específica. Trata-se do valor básico sobre o qual incide contribuição previdenciária. A regra constitucional afirma que os ganhos habituais do empregado devem ser computados para fins de contribuição e consequente repercussão nos benefícios previdenciários, conforme previsto em lei (Lei 8.212/91). �Conforme redação dada pela * EC 103/2019, lei instituirá sistema especial de in- clusão previdenciária, com alíquotas diferenciadas, para atender aos trabalhado- res de baixa renda, inclusive os que se encontram em situação de informalidade, e àqueles sem renda própria que se dediquem exclusivamente ao trabalho do- méstico no âmbito de sua residência, desde que pertencentes a famílias de baixa renda. Além disso, a aposentadoria concedida ao segurado de que trata o § 12 terá valor de 1 (um) salário-mínimo (CF, §§ 12 e 13). Pessoal, com a alteração promovida pela * EC 103/201911, não há mais previsão cons- titucional para adoção de carência diferenciada para os trabalhadores de baixa renda, mas somente de alíquotas distintas. No regime anterior, havia tal previsão, porém não regulamentada, porquanto a Lei 8.212/91, em seu art. 21, §2º, previu apenas redução de alíquotas para os facultativos de baixa renda, que são aqueles cuja renda familiar é de até 2 salários mínimos. �A *EC 103/2019 incluiu o §14 ao art. 201 da CF, segundo o qual é vedada a con- tagem de tempo de contribuição fictício para efeito de concessão dos benefícios previdenciários e de contagem recíproca. 11 Vejam a redação anterior dos §§ 12 e 13 do art. 201 da CF: § 12. Lei disporá sobre sistema especial de inclusão previdenciária para atender a trabalhadores de baixa renda e àqueles sem renda própria que se dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde que pertencentes a famílias de baixa renda, garantindo-lhes acesso a benefícios de valor igual a um salário-mínimo. § 13. O sistema especial de inclusão previdenciária de que trata o § 12 deste artigo terá alíquotas e carências inferiores às vigentes para os demais segurados do regime geral de previdência social. 30 Com a Reforma, além da vedação expressa à contagem de tempo fictício no RPPS, foi in- cluída regra semelhante no art. 201, aplicável ao RGPS. Vale destacar, todavia, que referi- da proibição já constava da legislação infraconstitucional (Lei 8.213/91, art. 96). Ademais, também consta agora norma constitucional expressa quanto à vedação da contagem de tempo fictício para fins de contagem recíproca. �A *EC 103/2019 incluiu o §15 ao art. 201 da CF, segundo o qual lei complementar estabelecerá vedações, regras e condições para a acumulação de benefícios previ- denciários. Trata-se de norma autoexplicativa, que faz referência à lei complementar que irá tratar da acumulação dos benefícios previdenciários. Atualmente o regramento básico se encontra no art. 124 da Lei 8.213/91 �A *EC 103/2019 incluiu o §16 ao art. 201 da CF, segundo o qual, os empregados dos consórcios públicos, das empresas públicas, das sociedades de economia mista e das suas subsidiárias serão aposentados compulsoriamente, observado o cumpri- mento do tempo mínimo de contribuição, ao atingir a idade máxima de que trata o inciso II do § 1º do art. 40, na forma estabelecida em lei. A Reforma trouxe para o âmbito constitucional uma figura de aposentadoria compulsó- ria aplicável a empregados públicos, os quais são segurados do RGPS. Assim, quando completarem a idade de 75 anos, serão aposentados obrigatoriamente, não podendo mais exercer suas atividades nas seguintes pessoas jurídicas: consórcios públicos, das empresas públicas, das sociedades de economia mista e das suas subsidiárias. 31 02. ORGANIZAÇÃO E PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA SEGURIDADE SOCIAL 32 2. ORGANIZAÇÃO E PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA SEGURIDADE SOCIAL Depois de compreendermos a essência da Seguridade Social, chegou o momento de enten- dermos a sua organização e conhecermos seus princípios de forma detalhada. Vamos em frente! 2.1 Organização Conforme estudamos, a Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. De acordo com o art. 194, parágrafo único, da CF/88, compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a Seguridade Social, com base nos seguintes objetivos: I - universalidade da cobertura e do atendimento; II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; V - equidade na forma de participação no custeio; VI - diversidade da base de financiamento; VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. Reparem que a CF fala em objetivos e não em princípios da Seguridade Social. Apesar disso, podemos ficar tranquilos, porque ambas as expressões são empregadas num mesmo sentido, de modo que se o concurso trouxer qualquer uma delas, podem considerar a questão como correta. 33 Fique atento! Conforme art. 194, parágrafo único, da CF/88, a Seguridade Social será organizada apenas pelo Poder Público e com base nos princípios (objetivos) citados. Cuidado para não confundir com o conceito: “conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade...”. Existem ainda outros princípios que, apesar de não constarem do rol citado, são aplicáveis à Seguridade Social, a exemplo da Solidariedade, da Preexistência da Fonte de Custeio e da Anterioridade Nonagesimal ou Mitigada. Vamos aos princípios? 2.2 Princípios Constitucionais 2.2.1 Universalidade da Cobertura e do Atendimento A Seguridade Social deve promover a maior cobertura possível dos eventos de risco ou ne- cessidade social, a exemplo da incapacidade permanente ou temporária, idade avançada, morte; trata-se do aspecto objetivo desse princípio. Também, deve visar ao atendimento de todas ou do maior número possível de pessoas; sendo este o seu aspecto subjetivo. Assim, por exemplo, a incapacidade para o trabalho, se preenchidos os requisitos legais, gera atendimento e concessão de auxílio temporário por incapacidade (antigo auxílio-doen- ça). Em outras palavras, a proteção do risco social relativo à incapacidade (cobertura) será destinada a todos que cumprirem os requisitos previdenciários (atendimento). Do mesmo modo, mas direcionado a qualquer pessoa, o tratamento de determinada doença (cobertura), tanto de brasileiros, como de estrangeiros (atendimento), poderá ser feito pelo sistema único de saúde. Tome nota! O princípioem estudo possui maior incidência na área da Saúde, pois esta é destinada a todos. Quanto à Assistência, destina-se àqueles que sejam necessitados. Na Previdência, é preciso contribuição, pois somente os segurados e seus dependentes é que terão acesso aos benefícios previdenciários. 34 Importante! Em atendimento ao princípio da universalidade de cobertura e atendimento é que foi facultada, para todo aquele que assim desejar, a possibilidade de contribuir para o RGPS, desde que não exerça atividade remunerada. Trata-se da figura do segurado facultativo. Por fim, temos de ter em mente que tal princípio não é absoluto, devendo ser aplicado pon- deradamente com outro, também de índole constitucional, a seletividade e distributividade, que será logo mais estudado. 2.2.2 Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanos e rurais Consiste na semelhança de tratamento aplicável à população urbana e rural. Resolve a antiga discrepância contida na legislação brasileira, acabando com o preconceito em relação aos rurais. Qualquer diferenciação só poderá ser feita diante do princípio da igualdade material e com base na razoabilidade, sendo proibidos privilégios e discriminações preconceituosos. A pró- pria Constituição Federal prevê distinções, a exemplo das contribuições diferenciadas para o pequeno produtor rural (art. 195, §8º). A uniformidade diz respeito aos eventos sociais a serem protegidos em relação aos rurais e aos urbanos. O tratamento deve ser igual quanto à cobertura da idade avançada, incapaci- dades e morte. A equivalência está ligada ao valor dos benefícios e à qualidade dos serviços prestados, que devem ser equivalentes entre urbanos e rurais. Assim, por exemplo, o valor do benefício que substitua a renda do segurado urbano ou rural não pode ser inferior ao salário mínimo (CF, art. 201, §2º). 35 Importante! Diferenças de requisitos podem existir, desde que devidamente justificadas. O que se proíbe é o tratamento preconceituoso ou desproporcional entre a população rural e urbana. 2.2.3 Seletividade e distributividade A seletividade se refere à técnica utilizada para proteção dos direitos relativos à saúde, à assistência e à previdência, cuja aplicação ocorre, especialmente, quando da elaboração das leis. Considerando que os recursos são limitados, selecionam-se os riscos e eventos de maior relevância social para serem protegidos. Depois, selecionam-se as pessoas que terão direito às prestações, em estrita observância ao interesse público e às necessidades sociais. Assim, pode-se dizer que a seletividade funciona como um guia para a escolha dos benefícios e serviços da seguridade social, bem como dos respectivos requisitos de concessão, conforme os riscos sociais mais relevantes e os recursos orçamentários existentes, atuando, portanto, como princípio limitador da universalidade da seguridade social. Já a distributividade atende aos ditames da justiça social, promovendo meios de subsistência, principalmente, àqueles que mais precisam. Um bom exemplo da aplicação desse princípio está no benefício de Amparo Social ao Idoso. Este somente é devido àqueles que tiverem 65 anos ou mais e que comprovem não possuir meios de prover o próprio sustento ou de tê-lo provido pela família. Assim, seleciona-se uma camada necessitada da população (idosos que não possuem renda) para depois distribuir-lhes um benefício assistencial. Registre-se que a distributividade alcança sua máxima expressão no campo da Assistência, porquanto redireciona recursos aos que se encontram em situação de fragilidade ou vulnerabilidade sociais. Outro exemplo de aplicação do princípio em comento foi restrição do acesso, promovida pela EC 20/1998, aos benefícios de salário-família e auxílio-reclusão, cuja concessão deverá observar critérios de baixa renda. 36 Esclarecendo! A título de ilustração da seletividade e distributividade, basta visualizarmos o benefício de amparo social ao idoso: foram selecionados os maiores de 65 anos que não possuem condição de prover o próprio sustento ou de tê-lo provido por alguém da família, para que lhes fosse distribuída renda por meio desse benefício. 2.2.4 Irredutibilidade do valor dos benefícios Consiste na proibição de diminuição do valor dos benefícios. Assim, por exemplo, se a apo- sentadoria de João foi concedida no valor de R$1.000,00, este valor não poderá ser reduzi- do; não se aplica, por exemplo, aquela regra do Direito do Trabalho que autoriza redução do salário por Acordo ou Convenção Coletiva. Segundo o Supremo Tribunal Federal – STF, a irredutibilidade prevista no art. 194, parágrafo único, inciso IV, da CF/88, visa a proteger apenas o valor nominal dos benefícios (irredutibili- dade nominal) – ganho mil, tenho de continuar a ganhar, pelo menos, mil! Porém, especificamente para a Previdência, tem-se garantido, além da nominal, outro tipo de irredutibilidade, a real, de modo que o reajuste dos benefícios previdenciários deve garantir, pelo menos, a recomposição das perdas geradas pela inflação. Atualmente se utiliza o Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC. Assim, por exemplo, Pedro recebe R$2.000,00 de aposentadoria por idade. Após um ano, se a inflação no período foi de 10%, o benefício de Pedro deverá ser reajustado para, pelo menos, R$2.200,00 (10% x R$2.000,00). Sobre a irredutibilidade real, veja o que dispõe o art. 201, §4º, da Constituição: Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados cri- térios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: § 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar- 37 lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei. Fique atento! Conforme consta do art. 194, parágrafo único, IV, a irredutibilidade se refere tão somente ao valor dos benefícios. Não se aplica aos serviços! Atenção, amigos! Cuidado aqui! Em 2011, uma importante banca organizadora de concursos (a FCC), no concurso para Juiz do Trabalho do TRT da 1ª Região, considerou que não é um princípio da seguridade social “a irredutibilidade do valor dos benefícios, restrita ao aspecto nominal”. Isso pode ter ocorrido tanto porque referida banca se pautou pela literalidade do texto consti- tucional (art. 194, parágrafo único, IV), quanto pelo fato de que o Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99, no parágrafo único, IV, do art. 1º, dispõe que a Seguridade Social obedecerá ao “princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios, de forma a preservar-lhes o poder aquisitivo”. De todo modo, temos de ter cuidado na hora da prova: a) Se a questão citar o STF, não tenha dúvida, a irredutibilidade dos benefícios da Segu- ridade Social é apenas a nominal. b) Se nada mencionar, considere a literalidade do texto constitucional, que fala apenas em “irredutibilidade do valor dos benefícios”. c) Se fizer referência ao RPS, considere que o princípio da irredutibilidade dos benefícios da Seguridade Social garante tanto o valor nominal, quanto o valor real (poder aquisitivo). 38 Curiosidade! Não devemos relacionar o valor dos benefícios ao valor do salário mínimo. Muitos fazem essa vinculação, dizendo, por exemplo, que quando se aposentaram recebiam 10 salários mínimos, mas que, com o tempo, o valor do benefício foi diminuindo, correspondendo a 5 salários atualmente. Não se deve fazer essa relação! A diminuição refere-se ao fato de que o índice de reajustamento dos benefícios concedidos em valor superior ao mínimo é inferior ao índice utilizado para o aumento deste. 2.2.5 Equidade de participação no custeio Equidade significa aplicação de critérios de justiça ao caso concreto. Assim, na Seguridade Social, esse princípio exige que as contribuições correspondam aos ganhos, de maneira queaquele que pode mais, contribui com valor maior - observa-se a capacidade contributiva. De modo semelhante, quanto maior o risco de a atividade exercida gerar contingências de cobertura (acidentes de trabalho, por exemplo), maior deverá ser a contribuição. Nesse sentido, dispõe o § 9º, do art. 195, da Constituição Federal, que as contribuições sociais poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão de obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho. Esclarecendo! Para ficar bem claro, outro exemplo de aplicação do princípio da equidade de participação no custeio é o da tabela de contribuição progressiva para os segurados empregados, trabalhadores avulsos e empregados domésticos, calculada mediante a aplicação da correspondente alíquota sobre o salário de contribuição mensal (8%, 9% ou 11%). 39 2.2.6 Diversidade da base de financiamento, identificando-se, em rubricas contábeis específicas para cada área, as receitas e as despesas vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência social, preservado o caráter contributivo da previdência so- cial – * Redação dada pela EC 103/2019 Significa que as fontes de custeio e financiamento da Seguridade Social devem ser as mais variadas possíveis. O objetivo é garantir a sustentabilidade do sistema, evitando-se que a crise num setor prejudique a solvibilidade financeira de toda a Seguridade. Nesse sentido, dispõe o art. 195, da Constituição Federal, que a Seguridade Social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante re- cursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- cípios, e das seguintes contribuições sociais: I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; b) a receita ou o faturamento; c) o lucro; II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201. III - sobre a receita de concursos de prognósticos. IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. 40 Tome nota! Ainda no âmbito desse princípio, de acordo com o art. 195, §4º, da CF, está autorizada a criação de novas contribuições sociais além daquelas previstas nos incisos I a IV do art. 165. Essas novas contribuições somente podem ser cridas mediante lei complementar e fazem parte da denominada “competência residual” da União. 2.2.7 Caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação do governo, trabalhadores, empregadores e aposentados nos órgãos colegiados. Este princípio garante que as decisões envolvendo a Seguridade Social considerem diferentes esferas de interesses, visando à condução democrática e descentralizada da administração. A título de exemplo, cite-se o Conselho Nacional da Previdência Social – CNPS, instituído pelo art. 3º, da Lei n. 8.213/91, composto por seis representantes do governo federal, três dos aposentados e pensionistas, três dos trabalhadores em atividade e três dos empregadores. Compete ao CNPS, dentre outros, estabelecer as diretrizes gerais e apreciar as decisões de política aplicáveis à Previdência Social. Nos termos da Lei 8.213/91: Art. 3º Fica instituído o Conselho Nacional de Previdência Social– CNPS, órgão superior de deliberação colegiada, que terá como membros: I - seis representantes do Governo Federal; II - nove representantes da sociedade civil, sendo: a) três representantes dos aposentados e pensionistas; b) três representantes dos trabalhadores em atividade; c) três representantes dos empregadores. § 1º Os membros do CNPS e seus respectivos suplentes serão nomeados pelo Presidente da República, tendo os representantes titulares da sociedade civil mandato de 2 (dois) anos, podendo ser 41 reconduzidos, de imediato, uma única vez. § 2º Os representantes dos trabalhadores em atividade, dos aposentados, dos empregadores e seus respectivos suplentes serão indicados pelas centrais sindicais e confederações nacionais. § 3º O CNPS reunir-se-á, ordinariamente, uma vez por mês, por convocação de seu Presidente, não podendo ser adiada a reunião por mais de 15 (quinze) dias se houver requerimento nesse sentido da maioria dos conselheiros. § 4º Poderá ser convocada reunião extraordinária por seu Presidente ou a requerimento de um terço de seus membros, conforme dispuser o regimento interno do CNPS. § 5º (Revogado pela Lei nº 9.528, de 1997) § 6º As ausências ao trabalho dos representantes dos trabalhadores em atividade, decorrentes das atividades do Conselho, serão abonadas, computando-se como jornada efetivamente trabalhada para todos os fins e efeitos legais. § 7º Aos membros do CNPS, enquanto representantes dos trabalhadores em atividade, titulares e suplentes, é assegurada a estabilidade no emprego, da nomeação até um ano após o término do mandato de representação, somente podendo ser demitidos por motivo de falta grave, regularmente comprovada através de processo judicial. § 8º Competirá ao Ministério do Trabalho e da Previdência Social proporcionar ao CNPS os meios necessários ao exercício de suas competências, para o que contará com uma Secretaria-Executiva do Conselho Nacional de Previdência Social. § 9º O CNPS deverá se instalar no prazo de 30 (trinta) dias a contar da publicação desta Lei. Art. 4º Compete ao Conselho Nacional de Previdência Social–CNPS: I - estabelecer diretrizes gerais e apreciar as decisões de políticas 42 aplicáveis à Previdência Social; II - participar, acompanhar e avaliar sistematicamente a gestão previdenciária; III - apreciar e aprovar os planos e programas da Previdência Social; IV - apreciar e aprovar as propostas orçamentárias da Previdência Social, antes de sua consolidação na proposta orçamentária da Seguridade Social; V - acompanhar e apreciar, através de relatórios gerenciais por ele definidos, a execução dos planos, programas e orçamentos no âmbito da Previdência Social; VI - acompanhar a aplicação da legislação pertinente à Previdência Social; VII - apreciar a prestação de contas anual a ser remetida ao Tribunal de Contas da União, podendo, se for necessário, contratar auditoria externa; VIII - estabelecer os valores mínimos em litígio, acima dos quais será exigida a anuência prévia do Procurador-Geral ou do Presidente do INSS para formalização de desistência ou transigência judiciais, conforme o disposto no art. 132; IX - elaborar e aprovar seu regimento interno. Parágrafo único. As decisões proferidas pelo CNPS deverão ser publicadas no Diário Oficial da União. Art. 5º Compete aos órgãos governamentais: I - prestar toda e qualquer informação necessária ao adequado cumprimento das competências do CNPS, fornecendo inclusive estudos técnicos; II - encaminhar ao CNPS, com antecedência mínima de 2 (dois) meses do seu envio ao Congresso Nacional, a proposta orçamentária da Previdência Social, devidamente detalhada. 43 2.2.8 Solidariedade Por este princípio, a contribuição para a Seguridade Social deverá ser feita independente- mente de o benefício ou serviço da Seguridade Social virem a ser usufruídos. Constitui o fundamento do próprio sistema: uma geração de pessoas contribui para garantir o benefício de outra, e dentro da própria geração as pessoas contribuem não para si mes- mas, mas para o todo. De acordo com o art. 3º, I, da CF/88, constitui objetivo fundamental da República Federativa do Brasil, dentre outros, construir uma sociedade livre, justa e solidária. É por causa desse princípio
Compartilhar