Buscar

Psicologia da gravidez

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

A grande transformação 
Julia T. Costa de Albuquerque
Vitória Fiorini
Geórgia Bueno 
Pontifícia Universidade Católica de Goiás
Goiânia, 2018
 A grande transformação
Julia T. Costa de Albuquerque
 Vitória Fiorini
Pontifícia Universidade Católica de Goiás 
	
Na gravidez ocorrem transformações biológicas, físicas, psicológicas e sociais que influenciam o modo como a gestante passa a ver o mundo que a cerca e a ver se u próprio eu, refletindo e m todo o processo da maternidade e na relação mãe - filho. É um dos momentos mais importantes da vida da mulher, já que esta passa a reconstruir toda sua vida e os papeis que ela exerce na sociedade. A perspectiva da psicologia que trabalha com o desenvolvimento humano trás que no ciclo vital da mulher, há três períodos de transição que constituem verdadeiras fases do desenvolvimento da personalidade, entre elas está: a adolescência, a gravidez, e o climatério. Esses três períodos são importantes no desenvolvimento por se rem marcados por crises de equilíbrio e por transições biológicas como mudanças metabólicas, alterações no f ísico do corpo e alterações hormonais e todos esses períodos e nvolvem necessidade d e novas ad aptações, reajustamentos interpessoais e intrapsíquicos. (Malddonado,1979).
A experiencia de ter um filho sinaliza extrema importância na vida de uma mulher, momento esse que rerquer, sobre tudo, uma reorganização psiqauica frente a essa complexa realidade de ser mae. Maldonado (1988) ressalta que a gravidez é uma transição que faz parte do processo de desenvolvimento e envolve a necessidade de reestruturação em várias dimensões; uma delas é a mudança de identidade e a nova definição de papéis. A transição para a maternidade é, assim, um dos mais importantes acontecimentos de vida em termos desenvolvimentais (Mercer, 2004), já que a maternidade é um processo a longo prazo que ultrapassa a gravidez, onde ser mãe também “é uma acomodação contínua entre expectativas e realidades” (Colman & Colman, 1994, p.178). Assume-se que a maternidade seja um projecto de longo prazo (mínimo 18 anos), distanciando-se desta forma do acontecimento biológico que é a gravidez. ( Carvalho & Loureiro & Simões, 2006). Sendo assim podemos identificar o nascimento de um filho, principapelmente o primeiro como uma situação que funciona como agente de mudança ativo na vida de todos os membros da família principalmente o da mae.
 A gravidez é considerada um momento de crise, mas crise no sentido de mudança e transformação, no sentido de metamorfose. O que caracteriza a gravidez como transição é o fato de representar uma possibilidade de atingir a outros níveis de integração amadurecimento eexpenção da personalidade. Evidentemente, situar a gravidez como crise ou transição não quer dizer que o perido de transição acabe com o parto, sendo que a grande parte das mudanças ocorrem após o parto e, por tanto o purperio seja considerado como a continuação da situação de transformação, pois implica em novas mudanças psicológicas e fisiológicas em relação pais-filho. ( Maldonado,1979).
Durante a gestação a mulher elabora um conjunto de expetativas relativas ao momento do parto. Estas expetativas têm sido influenciadas pela perceção de que o parto resume-se a uma intervenção médica, à qual está associada maior segurança tanto para mulher como para o bebé (Inhorn & Kitzinger, 2006 citado por Pereira & Leal, p. 261, 2015). O parto é um processo bastante intenso vivenciado pela mulher de acordo com a sua singularidade. Dessa forma, é importante compartilhar esse momento com alguém de confiança que possa proporcionar uma vivência mais segura à puérpera. Por sua vez, o modo como a grávida antecipa o parto, determina muitas dimensões importantes do seu bem-estar e comportamento em relação a esta experiência, nomeadamente os seus medos e receios, assim como o tipo de preparação que irá realizar, o local que irá escolher, o recurso ou não a métodos e técnicas de controlo da dor, as pessoas que irá ou não desejar ter presentes, entre outros aspectos. Dado que muito do comportamento da mulher durante o parto é determinado pelo modo como previamente concebe esta experiência, importa saber e perceber melhor a forma como a grávida antecipa o parto, nomeadamente para a ajudar a preparar-se e a participar mais adequadamente no parto. ( Figueredo & Pacheco & Costa & Pais, 2006).
O trabalho em questão traz uma visão das nuances de uma gestação com o relato de uma mulher de 21 anos gravida de 35 semans, abordando melhor a compreensão das questões intrigantes em relação a suas experiencias e sentimentos durante duas gestações.
Método
Participante
Participante do sexo feminino (A.K), 21 anos, casada, mora no estado de Goiás, do lar e mãe. Está gestante de 35 semanas, de seu segundo filho, sendo o priemiro homem e a segunda mulher. 
Ambiente/Materiais
A entrevista em questão foi desenvolvida na sala da casa da participante, onde estavam presentes apenas ela as entrevistadoras e seu filho de 10 meses. No local tinha dois sofás, um de dois e outro de três lugares, uma televisão que estava desligada no momento, ar condicionado ligado, um tapete no centro da sala, almofadas, a porta estava fechada, uma sala de mais ou menos 3,15 mts x 4,90 mts. A participante estava sentada de frente para uma das entrevistadoras e as demais estavam nos outros sofás. 
Foi utilizado uma entrevista semi- estruturada que foi feita pelas discente a entrevista se encontra no Anexo 1.
Os demais materiais utilizados foram: canetas, lápis, folha de papel A4, impressora, computador, prancheta para apoiar a entrevista.
Procedimento
O presente estudo foi desenvolvido em etapas:
1º etapa: Foi estabelecido um primeiro contato a partir de uma ligação, a participante foi indicada por uma conhecida de uma das integrantes da dupla. Ocorreu o contanto via telefone no dia 28/05 aproximadamente as 14;30 da tarde, foi dito a participante que a mesma estava sendo solicitada para participar de um entrevista feita por estudantes de psicologia que tinham como objetivo uma maior compreensão de como foi e esta sendo passar por uma gravidez e que sua participação era de grande valia, combinamos data, local e horário para ser realizada a entrevista.
 2º etapa: A entrevista foi realizada dia 04/06/2018 às 13h50min ate 15h20min na casa da participante, teve duração media de 1 hora e 30 minutos, foi desenvolvida em apenas um encontro. Uma acadêmica ficou responsável pelas perguntas e a outra pelas anotações, não ouve revezamento já que a participante teve mais abertura com uma das acadêmicas.
	
Resultados e Discussão
 A grávida entrevistada estava de 35 semanas, e essa é a sua segunda gravidez. Há 11 meses ela deu luz ao primeiro filho, C. Ela relata que na primeira gravidez a escolha do parto cesárea foi devido a dores que vinha sentindo. Inclusive nos conta que a bolsa não estourou, e não sentiu contração. Mas sentia muita dor nas costas. E optou dessa forma. Na gravidez atual, a sua escolha de parto decorre da situação de que faz menos de um ano que teve a gravidez anterior. Onde a forma mais segura para ela seria a cesárea. Relatou sentir-se receosa quanto a recuperação do parto, sobre a questão da cicatrização, ir ao banheiro, que vai precisar de ajuda e etc.
O parto é um processo, e é caracterizado por mudanças rápidas (Chiattone, 2006). A mulher geralmente o teme como algo desconhecido, doloroso e como momento inaugural de concretude da relação mãe-filho; teme também o papel de mãe por este ser mitificado e conter a exigência de a mãe ser um modelo de perfeição, a máscara da maternidade envolvida nesse momento. Com todas essas exigências, a gestante chega ao parto, muitas vezes, sem refletir sobre seus desejos, suas possibilidades e suas limitações (Pamplona, 1990). Muitas gestantes por falta de renda não possuemum acompanhamento durante a gravidez, um acompanhamento psicológico, inclusive. Para que assim seja possível discutir maneiras de lidar com essas mudanças que estão ocorrendo tanto fisicamente como psicologicamente, o parto e os medos e anseios que existem sobre ele, e tantas outras questões que a gestante deveria, por direito, estar à par.
A mãe também relata que está fazendo o possível para não deixar o outro bebê de lado. Agora que terá dois bebês ao mesmo tempo, ela precisa de cuidado redobrado com ambos. E tem um certo receio de não conseguir cuidar dos dois, já que ela tem que da conta sua mae deu porque ela não daria. Para Maushart,2006, isso acontece porque a mulher de hoje trata a maternidade como mais um papel e obrigação social, negando, assim, toda a sua dimensão emocional. Quando engravida, ela consome através de livros e cursos uma quantidade enorme de informações sobre gestação, parto, amamentação e primeiros cuidados. Não que esses aspectos não sejam importantes e não mereçam uma atenção, mas as mudanças que a chegada de um filho provoca na vida de uma mulher, do casal e da família, as expectativas, inseguranças, medos e dúvidas são tão ou mais importantes. a mulher não se prepara para o que vem depois, por isso, quando o filho nasce, muitas mulheres adotam a máscara da maternidade. Ao fazê-lo, ela passa a negar suas emoções e a fazer malabarismo acreditando que tudo vai ser como antes. Adota uma rotina estressante tentando desesperadamente conciliar maternidade, casamento, vida profissional e outros papéis que ela desempenha no seu cotidiano. Terminando o dia, muitas vezes, exausta, frustrada, profundamente infeliz e convicta de que é a pior mãe, profissional e esposa do mundo. (Maushart, 2006).
A expectativa que ela possui sobre essa filha é o encantamento em ser uma menina, que ela poderá colocar tiarinhas, e etc. O que ela sempre gostou. Não demonstrou descontentamento pelo sexo do bebê. 
Ela possui o ovário policístico, o que dificulta uma gestação a vir ocorrer, contudo mesmo nessa situação e se prevenindo aconteceu a primeira gravidez. E por não estar casada, ela temia mais a reação da família, a reação de A.K foi de acolher o seu bebe, e de proteger de tudo e de todos, e que ninguém ia tirar ele dela. Mas todos ficaram felizes. Com essa segunda gravidez agora, a mesma coisa. 
Para algumas sociedades o nascimento de uma criança consuma o casamento e, em muitas partes do mundo, a mulher só atinge o estatuto de adulta depois de dar à luz. O parto é um processo social também porque afecta a relação entre homem e mulher, entre grupos de descendência e porque define a identidade da mulher de uma nova forma (Kitzinger, 1978 citado por Pacheco & Figueredo 2005). A.k refere- se durante a entrevista sobre o sentimento que sente em saber que por estar casada agora na segunda gestação as coisas serão diferentes e ela terá o apoio que tanto necessitava. E que mesmo tendo o primeiro filho so se sentiu completa quando se casou.
Ela relata que agora, depois do primeiro filho, muita coisa mudou. Como, por exemplo, ter sua casa e uma rotina diferente. O marido chega para almoçar, tem que dar banho no Caio, alimentar ele, colocar para dormir. Ela admite ser cansativo, mas acredita que está bom, também, e que a vida de casado é melhor que morar com mãe. 
Maldonado (1988) ressalta que a gravidez é uma transição que faz parte do processo de desenvolvimento e envolve a necessidade de reestruturação em várias dimensões; uma delas é a mudança de identidade e a nova definição de papéis. Logo a entrevistada passou de papel de filha para mãe, e agora esposa também. Se faz necessário essa reestruturação, pois faz parte essa mudança na vida da mulher que irá se tornar mãe.
Há, também, a questão que é pontuada pela autora Susan Maushart em a Máscara da Maternidade, onde ela nos elucida questões de como mulheres ao redor do mundo fazem tantos papéis ao longo do dia, e sentem a necessidade de parecem bem com tudo isso. A entrevistada confirma se sentir cansada, mas na maioria dos momentos trazidos em sua fala sobre as dificuldades, ela pareceu querer demonstrar um está tudo bem, pois ela não poderia se dar ao luxo de não estar. Afinal, dentro da lógica da Máscara da Maternidade, as mulheres que são mães devem conseguir concretizar tudo de forma perfeito. E não apenas mães. Mas mulheres em geral.
O parto é um processo bastante intenso vivenciado pela mulher de acordo com a sua singularidade. Dessa forma, é importante compartilhar esse momento com alguém de confiança que possa proporcionar uma vivência mais segura à puérpera.
Após o parto do Caio, ela teve uma leve depressão pós-parto, onde se sentiu mal ao ver o corpo diferente, com estrias na barriga, o cabelo caiu, e se sentiu muito triste com essas mudanças. A mãe dela falou que ela não poderia ficar triste se não cortaria o leite de vir, e ela foi tentando se adaptar. A situação também era diferente, uma vez que não tinha o apoio do pai do bebê. Dessa vez, ela acredita que o parto da Eloá será mais tranquilo. Que não irá ter uma depressão pós-parto, pois dessa vez ela possui um acolhimento maior, principalmente do pai da criança. E dos familiares. 
O suporte da rede social tem um grande impacto na forma como esta mulher lida com as vivências físicas e emocionais (Pacheco, et al., 2005). Estudos realizados nesta área verificaram que relativamente ao suporte no momento do parto a mulher é bastante seletiva, dando enfoque à mãe, à irmã e à sogra (Figueiredo, Costa, & Morais, 1982). Contudo cada vez mais o pai do bebé começa a ser mencionado como sendo a figura principal de apoio no parto (Relvas & Lourenço, 2006). Desde os primórdios, o parto era entendido como um evento essencialmente feminino, da mulher, o que fortaleceu uma cultura de exclusão do homem nesse cenário. Porém, com a luta pela humanização e vivência mais natural do parto, viu-se que a participação masculina poderia ser positiva. A reflexão sobre o suporte da rede social da grávida não é realizada exclusivamente sobre o momento do parto, também é feita relativamente ao pós-parto, uma vez que há um redimensionar de todas as relações, a nível dos papéis e tarefas que cada um desempenha (Canavarro, 2006; Relvas & Lourenço, 2006).
Referencias
Canavarro, M. (2006). Gravidez e maternidade – Representações e tarefas de desenvolvimento. In M. Canavarro (Ed.), Psicologia da gravidez e maternidade (pp. 17-49). Coimbra: Quarteto. Chiattone, H. B. C. (2006).
Psicologia e obstetrícia. Trabalho apresentado no XIII Congresso Brasileiro de Psicologia Hospitalar, UNIP, São Paulo
Pacheco, A., Figueiredo, B., Costa, R., & Pais, A. (2005). Antecipação da Experiência de Parto: Mudanças desenvolvimentais ao longo da Gravidez. Revista Portuguesa de Psicossomática, 7, 7-41.
Figueiredo, E., Costa, M. E., & Morais, M. R. (1982). Pessoas significativas na gravidez: primeiros dados. Psiquiatria Clínica, 2, 151-157.
Relvas, A. P., & Lourenço, M. C. (2006). Uma Abordagem Familiar da Gravidez e da Maternidade: Perspectiva Sistémica. In M. Canavarro (Ed.). Psicologia da Gravidez e da Maternidade (pp. 105-132). Coimbra: Quarteto Editora
Maldonado, M. T. P. (1988). Psicologia da gravidez, parto e puerpério. Petrópolis, RJ: Vozes.Pamplona, V. (1990). 
Mulher, parto e psicodrama (2a ed.) São Paulo: Agora.

Continue navegando