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Testamento Vital O Testamento Vital, também chamado de "Diretrizes Antecipadas de Vontade", é definido como um documento estritamente autônomo, escrito, onde uma pessoa capaz e em pleno gozo de sua lucidez, declara qual tipo de tratamento médico e assistência hospitalar deseja ou recusa, numa situação futura, em que possa estar acometido de doença terminal na qual a medicina atual não dispõe de cura ou tratamento que possibilite ao paciente uma vida saudável física e mentalmente, ou que tenha sofrido um acidente onde não lhe seja mais possível manifestar plenamente sua vontade. Assim, o paciente relata, que não quer ser submetido a determinados procedimentos médicos que vão prolongar sua vida, lhe causando ainda mais sofrimento. Vale evidenciar que, o testamento vital, em hipótese alguma poderá conter disposições contrárias ao nosso ordenamento jurídico, devendo então respeitar as leis e suas disposições para que tenha validade e eficácia. Se um testamento tratasse sobre a eutanásia, como por exemplo, o desligamento de aparelhos ou a suspensão de tratamentos ordinários, este seria inválido e ineficaz, pois a eutanásia é proibida no Brasil. Legitimou-se pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), cuja regulamentação do tema possibilitou que o paciente registre seu testamento vital no prontuário médico, de forma a mudar a conduta do profissional da área quanto aos pacientes em quadro de estado terminal. Porém, no Brasil, o testamento vital não tem previsão legal (lei própria) expressa no ordenamento jurídico, o que faz com que sua validade tenha como base a interpretação e a análise dos princípios constitucionais e também das normas infraconstitucionais, como o princípio da dignidade humana (Art 1º, Inciso III da Constituição Federal), o Art 5º Inciso II da Constituição Federal que determina que "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;" e também o Art 15º do Código Civil Brasileiro que estabelece que "Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica." Por não ter uma legislação específica sobre o tema no Brasil, e pelo fato do Testamento significar "a manifestação de última vontade pelo qual um indivíduo dispõe, para depois da morte, em todo ou uma parte de seus bens" (Wikipédia), é sugerido pela doutrina, que esse documento seja chamado de "Diretrizes Antecipadas de Vontade", já que seus efeitos possuem eficácias ainda em vida. Para fazer um "testamento vital", como dito no primeiro parágrafo, há necessidade de que o indivíduo esteja em plena Capacidade, ou seja, ter completado a maioridade (18 anos) e estar em perfeitas condições de discernimento e de expressar sua vontade. Entretanto, entendemos que uma pessoa que seja menor de 18 anos pode fazer o testamento vital, desde que haja autorização judicial, baseada no discernimento desta pessoa. Recomenda-se que o interessado, consulte dois profissionais para o procedimento, sendo eles, um médico de confiança a fim de que este converse com o paciente e o informe acerca de quais tratamentos são ordinários e quais são extraordinários e tire as dúvidas que por ventura existirem e um advogado, preferencialmente especialista no tema, para que tenha o respaldo necessário na feitura do documento. Para que o testamento vital possua maior efetividade, recomenda-se também que o declarante registre o documento perante o tabelião de notas, uma vez que os tabeliães possuem fé pública. Quanto às disposições de aceitação e recusa, tratamentos e procedimentos, para serem válidas frente ao ordenamento jurídico brasileiro, o paciente não poderá dispor da recusa dos cuidados paliativos, uma vez que estes são garantidores do princípio constitucional da Dignidade da Pessoa Humana e do direito à morte digna, mas também por ser a orientação da prática médica no tratamento de pacientes terminais no Brasil. Portanto, apenas disposições que digam respeito à recusa de tratamentos que não serão benéficos ao paciente serão válidas, como por exemplo, não intubação, não realização de traqueostomia, suspensão de hemodiálise, ordem de não reanimação, dentre outros. Quanto a inclusão de doação de órgãos no documento, este não é permitido, pois desnatura o instituto, uma vez que o testamento vital tem efeito ainda em vida e é feito de maneira autônoma, e os ditames para a doação de órgãos seja após a sua morte e estritamente por autorização do cônjuge ou de parente maior de idade, obedecida a linha colateral. No mais, saliento aqui a necessidade de uma lei específica para o testamento vital no ordenamento jurídico brasileiro, pois este é de extrema importância para os indivíduos/declarantes que optam por fazer o documento e este atinja a validade e eficácia que faz jus, além de o tornar mais conhecido entre os brasileiros.