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RESUMO 2a prova - SDN, ONU, OMC, FMI, BIRD, OEA

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SEGUNDA PROVA DE ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS 
A LIGA DAS NAÇÕES – RICARDO SEITENFUS 
 A Conferência de paz que põe fim a Primeira Guerra adotou o projeto que criou a 
Sociedade das Nações (SDN) – Associação intergovernamental, de caráter permanente, com 
vocação universal, baseada nos princípios da segurança coletiva e da igualdade entre 
Estados soberanos. Suas principais funções fora a segurança, cooperação econômica, 
social e humanitária, e a execução de certos dispositivos dos tratados de paz de 
Versalhes. 
 Com a Liga das Nações, tem-se pela primeira vez uma verdadeira Organização 
Internacional com o objetivo especifico de manter a paz através de mecanismos jurídicos. 
 Além dos 32 Estados-membros originários, a Liga convidou outros treze para 
associarem-se. Além desses, tinham os Estados admitidos posteriormente em razão de votos 
positivos de 2/3 da Assembleia. A SDN analisava caso a caso, podendo vir a admitir não-
Estados e dificultar o ingresso de Estados. Contrastando com a prática da admissibilidade, a 
SDN demonstra absoluta falta de preocupação com a possibilidade de desligamento dos 
Estados-membros. 
 Isso conjugada à ausência de sanção material para os infratores teve como 
consequência o encorajamento à agressão, pois bastava o Estado agressor retirar-se da Liga 
para que não fosse alcançado pelo principio da Segurança Coletiva. 
 Apesar de acolher não-Estados, a representação institucional é feita exclusivamente 
pelos representantes governamentais. Nesse sentido, a SDN é fundamentalmente uma 
organização diplomática. Os tratados internacionais, como os acordos de arbitragem, e os 
entendimentos regionais, não são considerados incompatíveis com os ditames do Pacto, o 
que permitiu o surgimento e aplicação do conceito de regionalismo no organismo mundial. 
 A ideia central para a manutenção da paz repousa no principio da segurança coletiva. 
Convencidos da imperiosa necessidade em controlar os arsenais bélicos, os redatores do 
Pacto previram que os Estados-Membros deveriam informar sobre o nível de suas forças e 
armamentos militares, navais e aéreos. Contudo, esse controle consistia numa simples 
recomendação. Para a solução pacifica dos litígios, o Pacto invoca a arbitragem, que é 
mais uma vez uma recomendação. 
Caso algum Estado-Membro viesse a recorre à guerra, contrariando os compromissos 
assumidos no Pacto, além de esse ato considerado como tendo cometido um ato de guerra 
contra todos os outros Membros da Sociedade, estes se comprometem a romper 
imediatamente, com ele todas as relações comerciais ou financeiras, a proibir todas as 
relações entre seus nacionais e os do Estado que tiver rompido o Pacto e a fazer que cessem 
todas as comunicações financeiras, comerciais, ou pessoais entre os nacionais desse Estado 
e os de qualquer outro Estado, membro ou não da Sociedade. Essa incitação para os 
Estados-membros colocarem suas forças armadas à disposição do Conselho também é feita 
de forma recomendatória. 
Evidentemente, os mecanismos de manutenção da paz previstos pelo Pacto 
dependiam da existência da boa-fé dos Estados-membros. O sucesso da LDN repousaria na 
existência de um nível de confiança reciproca e na atuação da pressão publica internacional. 
 ____________ 
Com as SDN, nasceu a formula institucional clássica das organizações internacionais, 
que é tripartite: Assembleia, com representação plena e igualitária; um Conselho restrito, 
espécie de executivo da organização; e um Secretariado permanente. A esses estão 
vinculados os órgãos de auxilio técnico e os de apoio politico, além de vínculos com alguns 
órgãos especializados; 
Na Assembleia, cada Estado tem direito a um voto. O Conselho da LDN possuía 
cinco membros permanentes, e outros quatro membros temporários; sendo que os 
permanentes possuíam poder de veto. 
A ampliação do Conselho – em vez de quatro viraram nove, e em vez de ser 
temporários eram semipermanentes uma vez que podiam se reeleger varias vezes – e as 
barganhas de pequena política nacional que envolveram sua reformulação enfraqueceram-
no. 
O Secretariado da Liga reunia, sob a conduta de um Secretário-Geral, o apoio 
administrativo e técnico da organização. O Pacto criou também uma Corte permanente de 
Justiça Internacional – CPJI – formada por 15 juízes, reconhecidamente competentes e 
independentes de seus Estados nacionais, eleitos pela Assembleia segundo indicações do 
Conselho da SDN. 
_____________ 
As atividades desenvolvidas pela SDN demonstram que sua preocupação com a 
manutenção da paz deveria desenvolver-se em três planos distintos: fazer com que fossem 
respeitados os tratados internacionais, em particular as clausulas negociadas em Versalhes; 
esforços com vistas a criar um clima de confiança que viesse reforçar a segurança das 
relações internacionais. 
As contradições e lacunas do Pacto, adicionadas à volta de um nacionalismo 
agressivo e revanchista no inicio da década de 1930, fizeram com que os limites da ação 
da Liga fossem expostos. 
______________ 
Pag 99-103 Grandes sucessos 
Pag 103- 107 Grandes fracassos 
____________ 
Formalmente, a SDN encerrou suas atividades em 31 de julho de 1947. Todavia, 
desde meados do século 30 havia perdido sua credibilidade. O golpe mortal a SDN é 
desferido, em setembro de 1939, pela Alemanha ao desencadear a Segunda Guerra Mundial. 
Em época de guerra as organizações internacionais são varridas do cenário mundial, como 
algo inútil e desgastado. Os argumentos dos Estados era que eles procuravam, terrenos 
longe do direito e da moral, para desenvolver suas agressivas politicas exteriores. 
O Pacto que criou a Liga das Nações não criou a sociedade internacional, mas uma 
associação de caráter jurídico privado, pois foi incapaz de impor-se aos Estados que não 
desejaram integra-la. 
O Pacto estabeleceu, vagamente, direitos e deveres aos Estados membros, mas ao 
excluir os países derrotados na guerra, e ser parte integrante do Tratado de Versalhes, o 
Pacto foi uma aliança militar entre os vencedores. 
O Pacto foi aplicável na medida em que contou com a boa vontade dos sócios. 
Apesar do anuncio de uma nova era das relações internacionais, com a divulgação dos 
princípios wilsonianos, notou-se que as velhas praticas da pequena diplomacia de prestigio 
e de falsos problemas continuou conduzindo a ação dos Estados. 
- os 14 pontos de Wilson 
 1. Abolição da diplomacia secreta; 
 2. Liberdade dos mares; 
 3. Eliminação das barreiras econômicas entre as nações; 
 4. Redução dos armamentos nacionais; 
 5. Redefinição da política colonialista, levando em consideração o interesse dos povos 
colonizados; 
 6. Retirada dos exércitos de ocupação da Rússia; 
 7. Restauração da independência da Bélgica ; 
 8. Restituição da Alsácia-Lorena à França; 
 9. Reformulação das fronteiras italianas; 
 10. Reconhecimento do direito ao desenvolvimento autônomo dos povos da Áustria- 
Hungria; 
 11. Restauração da Romênia, da Sérvia e de Montenegro e direito de acesso ao mar 
para a Sérvia; 
 12. Reconhecimento do direito ao desenvolvimento autônomo do povo da Turquia e 
abertura permanente dos estreitos que ligam o Mar Negro ao Mediterrâneo; 
 13. Independência da Polônia; 
 14. Criação da Liga das Nações, ou Sociedade das nações. 
A ausência dos EUA, a incapacidade da Liga em transformar-se em algo fora e acima 
dos Estados, o retorno da diplomacia secreta e o egoísmo dos Estados, baseado no 
princípios do chamado interesse nacional, marcaram a derrota da Liga da Nações. 
______________________________________________________________ 
A ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS – RICARDO SEITENFUS 
 Reunidos em São Francisco, 50 países aprovaram a Carta das Nações Unidas, em 
25/06/1945, com o objetivo de institucionalizaras relações internacionais. 
 A Carta do Atlântico, firmada por GB e EUA em 14/08/1941, enumera os seguintes 
princípios: direito dos povos de escolher sua organização política; proibição do uso da força 
nas relações exteriores; obrigação de consulta às populações em caso de modificações 
territoriais; acesso aos mercados e matérias-primas; liberdade de navegação no mares; e 
segurança coletiva. 
 Em janeiro de 1942, após a entrada da URSS e dos EUA na Guerra, uma conferencia 
foi realizada em Washington. Ao reiterar os princípios da Carta do Atlantico, anunciou-se 
pela primeira vez a necessidade de uma solidariedade destas Nações, a partir daquele 
momento Unidas, para fazer frente ao Eixo. 
 Em outubro de 1943, na Conferência de Moscou, reuniram-se EUA, GB e URSS, em 
que insistiram na criação de uma organização internacional baseada nos princípios da igual 
soberania de todos os estados, com o objetivo de manter a paz e a segurança 
internacionais. 
 O novo organismo só seria eficaz caso contasse com a aprovação das grandes 
potências, mas sem restringir-se tão-somente aos grandes, pois isso seria contrario ao 
espirito universalista da nova organização. Para que essa organização conseguisse atingir 
seus objetivos então, decidiu-se que, ao contrário da Liga das Nações, a nova organização 
deveria permitir o acesso às instancias decisórias somente a um pequeno e seleto grupo de 
países. 
 Assim, do ponto de vista institucional, a organização deveria contar com duas 
câmaras: uma geral e sem poder real, onde todos os estado estarão representados em pé de 
igualdade; e outro órgão restrito, onde as grandes potências vencedoras da guerra, capazes 
militarmente e com interesses generalizados, serão representadas de forma permanente. 
 Não bastava fazer parte de um órgão decisional restrito; era necessário que as 
potências pudessem controlar o rumo de suas decisões. Assim, na Conferência de Yalta 
chegou-se a solução de diferenciar os países membros do Conselho em permanentes e 
transitórios. Qualquer decisão emanada deste órgão não deveria sofrer oposição de um 
membro permanente. Portanto, os membros permanentes deveriam agir de forma unanime, 
para que uma decisão viesse a ser adotada - poder de veto. 
Características da Carta de São Francisco 
 A Carta da ONU surge pela iniciativa de um bloco de países coligados 
circunstancialmente numa aliança militar. Portanto, a Carta representa o compromisso de 
países unidos no presente, em razão da existência de um inimigo comum, com vistas a 
organizar o futuro das relações internacionais. 
 O preâmbulo da Carta torna ilegal a utilização unilateral da força, mas prevê que ela 
venha a ser empregada, individual ou coletivamente, para defender o interesse comum - 
interesse da ONU. 
 A ONU possui 4 objetivos principais: 
1. manter a paz e a segurança internacionais, e para esse fim tomar coletivamente, 
medidas efetivas para evitar ameaças à paz e reprimir os atos de agressão ou outra 
qualquer ruptura da paz e chegar, por meios pacíficos e de conformidade com os 
princípios da justiça e do direito internacional. O capitulo VII da Carta consiste na 
possiblidade de existirem ações preventivas por parte da ONU. Assim, o inimigo a 
combater será a ameaça de guerra. O conselho de Segurança que determinará a 
existência de qualquer ameaça a paz, e decidirá as medidas a serem tomadas. Uma vez 
tomada a decisão pelo Conselho, ela é obrigatória para o conjunto dos Estados-
Membros. 
2. Desenvolver relações amistosas entre as nações, baseadas no respeito do principio de 
igualdade de direito de de autodeterminação dos povos, e outras medidas apropriadas ao 
fortalecimento da paz universal. 
3. As Nações Unidas deverão lutar para conseguir uma cooperação internacional para 
resolver os problemas internacionais de caráter econômico, social, cultural ou 
humanitário, e para promover e estimular o respeito aos direitos humanos e às liberdades 
fundamentais para todos. Prevê a criação da ECOSOC - conselho econômico e social- 
para elaboração de estudos sobre assuntos internacionais de caráter econômico, social, 
cultural, educacional e sanitário; preparação de projetos de convenções a serem 
submetidos à Assembleia Geral; a possibilidade de convocar conferências 
internacionais; recomendações à Assembleia Geral. 
4. Os membros da ONU que forem parte em acordos regionais, ou que constituírem tais 
entidades, Empregarão todos os esforços para chegar a um solução pacifica de 
controversa locais por meio desses acordos e entidades regionais, antes de as submeter 
ao CS. 
Os Estados-Membros 
 Os Estados-Membros são classificados em dois grupos: os 51 membros originários; e 
todos os demais Estados, que foram admitidos como membros por decisão da Assembléia 
Geral, mediante recomendação do Conselho de Segurança. Ao depender dessa 
recomendação do CS, a admissão de novos membros prestou-se a barganhas e interdições 
de natureza estritamente política e ideológicas, através da utilização do direito de veto por 
parte dos membros permanentes. 
 Uma diferença fundamental separa a experiência da SDN e a da ONU. A primeira 
exibia escasso universalismo, e a segunda, beneficiada pelo processo de descolonização, 
consegue abarcar todos os Estados. A acolhida de todos os Estados, implica a coabitação 
entre microestado e as grandes Potências. 
A estrutura 
 A estrutura da ONU apresenta um bicefalia provocada pela tentativa de equilibrar o 
peso das grandes potências com o principio da maioria. Destacam-se cinco órgãos principais 
na ONU: Assembleia Geral, Conselho de Segurança, Corte Internacional de Justiça, 
Conselho Econômico e Social e Secretariado. 
A Assembléia Geral 
 Todos os Estados-membros, com direito a um voto, estão representados na 
Assembléia. Os Estados-membros são representados por no máximo 5 delegados e 5 
suplentes. Para auxiliar a Assembléia na organização de sua reunião anual, ela conta com 
sete comissões: política, política especial, econômica, social, tutelar, administrativa e 
financeira e a comissão jurídica. 
 A tomada de decisões na Assembleia Geral obedece, para as questões processuais, à 
maioria simples dos presentes e votantes. AS prerrogativas da Assembleia podem ser 
definidas por extremamente amplas e escassamente eficientes. Ela poderá discutir quaisquer 
questões ou assuntos que estiverem dentro das finalidades da Carta ou que se relacionares 
com as atribuições e funções dos órgãos nela previstos. 
 A Assembleia não fará nenhuma recomendação a respeito dessa controvérsia ou 
situação, a menos que o CS solicite. A manifestação da vontade da Assembleia se 
materializa através de resoluções, com caráter de recomendações, ausente qualquer 
elemento de constrangimento. 
O Conselho de Segurança 
 O CS possui a principal responsabilidade pela manutenção da paz, podendo definir e 
executar sanções militares contra Estados, no caso de ameaça contra a paz, ruptura da paz 
ou ato de agressão. O Conselho aplica tais sanções através de forças armadas colocadas à 
sua disposição pelos Estado-membros. 
 Os países são interditados absolutamente do recurso à força armada, exceto em caso 
de legitima defesa. 
 O CS é composto por 15 estados, 5 permanentes (EUA, GB, FRA, RUS, CHN) e 10 
membros não-permanentes. 
 Diante da impossibilidade de consenso entre as potências de matrizes ideológicos 
diversos, a regra da unanimidade entre os membros permanentes foi responsável pela 
paralisia que predominou nessa instancia durante a Guerra Fria. 
 Na atualidade, com o fim da bipolaridade, confirma uma evidente impropriedade 
estrutural. EUA, FRA e GB tomam suas decisões em reuniões previas - instancia P3- que 
sintetiza a posição ocidental. E depois os 5 membros permanentes reúnem-se em petit 
comité - instancia P5. 
 Para Kelsen, um órgão para juízo de sobre a existência ou não de um conflito,para 
aplicação de sanções, e juízo sobre quem aplicará e em que condições será aplicada tal 
sanção deverá ser jurisdicional, pois seria constituída de juízes - técnicos e imparciais. 
Entretanto, o atual conselho, é composto de unidades políticas, ou seja é Executivo, portanto 
é dotado de imparcialidade. 
 Face à hegemonia institucionalizada dos detentores do poder de veto, político e 
parcial, o Conselho leva os Estados a considerar mais importante estar protegidos por um 
dos grandes do que respeitar o direito. 
 A escola realista afirma que o direito de veto não é um instrumento de poder, mas 
apenas uma manifestação de responsabilidade. Assim, as grandes potências não são 
membros do CS porque a ele cabe a função primordial de manter a paz; é por elas serem 
membros, que o CS tem essa função primordial. 
O Secretariado 
 Frente à adm. da ONU encontramos um Secretário-Geral, o funcionário mais 
graduado da instituição; nomeado pela Assembléia, seguindo recomendações do CS. 
Portanto, o Secretário deve reunir a unanimidade dos membros permanentes. A Assembléia 
definiu, através de uma resolução, que o mandato do Secretário seria de cinco anos, 
podendo ser reconduzido uma vez. 
 O Secretário deve ser imparcial, assim como os seus assessores e o conjunto dos 
funcionários internacionais que estão a serviço da Organização; para tanto, usufruem de 
imunidades diplomáticas. Os funcionários internacionais deverão ser recrutados segundo 
critérios de eficiência, competência e integridade. 
 O Secretário-Geral tem iniciativa diplomática para mediar ou conciliar conflitos. 
Pessoalmente ou através de representantes, o Secretário pode estar à frente dos esforços para 
a solução pacifica das controvérsias. 
 Ele possui ainda funções operacionais de tipo político e militar. Exercendo também 
uma ação diplomática preventiva. 
Corte Internacional de Justiça 
 A Corte é o principal órgão judiciário da ONU, mas não detém a possibilidade de 
impor suas sentenças ao coletivo internacional, face as peculiaridades do próprio direito 
internacional. Sua competência é ampla, compreendendo: a interpretação de tratados; 
qualquer ponto de direito internacional; a existência de qualquer fato que, se verificado, 
constituiria violação de um compromisso internacional; a natureza ou a extensão da 
reparação devida pela ruptura de um compromisso internacional; pode julgar qualquer 
questão que as partes lhe submetam. 
 Existem duas formas básicas pelas quais um caso chega à Corte: 1) atine a um caso 
específico, já concretizado no mundo fático, que os Estados, membros ou não da ONU, 
decidem a ela submeter; 2) antecipação, subdividindo-se em dois modelos: a previsão num 
tratado de que a Corte será a responsável por julgar questões suscitadas; ou a declaração, 
por um Estado, de que se sujeita a jurisdição da Corte, seja em caráter permanente, por 
prazo determinado ou em condições de reciprocidade. Um Estado só está sujeito à decisão 
da Corte se tiver expressado seu consentimento, e assim sendo, a sentença é definitiva e 
inapelável. 
 A Corte é composta por 15 membros, cuja nacionalidade não é levada em conta, 
entretanto, não pode haver dois nacionais de um mesmo país. Os juízes devem gozar de alta 
consideração moral, desempenhar altas funções judiciarias em seu países ou ser 
reconhecidos jurisconsultos em direito internacional. 
 Os juízes são eleitos por maioria absoluta da Assembléia Geral e do Conselho de 
Segurança da ONU, a partir de listas; não funcionando o direito de veto nessa eleição. Os 
juízes possuem mandato de 9 anos, podendo ser reeleitos; desfrutam de privilégios e 
imunidades diplomáticas. Devem dedicar-se exclusivamente à Corte; além de estarem 
impedidos de participar de decisão sobre tema no qual tenham anteriormente intervindo, no 
seu país ou não, de qualquer modo. 
 Observa-se que 5 dos 15 juízes refletem a nacionalidade dos permanentes, além disso 
1/3 dos assentos são ocupados por nacionalidades europeias. Soma-se ao método de perfil 
dos juízes, as posições políticas de seu governo, numa completa distorção de suas funções. 
Assim, esse órgão está causando uma sensação de impunidade dos infratores do direito 
internacional e um mal estar generalizado, pois prioriza menos o direito e mais a 
negociação. 
 A Corte age como se fosse um foro de arbitragem, quando deveria ter a 
independência e a autoridade de um Tribunal. 
As Nações Unidas em Movimento: Um Balanço de suas realizações. 
 Comparando com a SDN, a ONU apresentou importantes conquistas: 
1. universalidade 
2. nenhum Estado fundador a abandonou 
3. ampliação de suas atividades - sobretudo no auxilio ao desenvolvimento 
4. caráter de indispensabilidade - as criticas visam sua reforma e não sua extinção 
A impossível socialização do desenvolvimento 
 O processo de descolonização fez com que o cenário internacional fosse dominado 
pelos países em desenvolvimento, numericamente. Todavia, o contraste entre eles fez surgir 
a necessidade de ações concertadas para tentar remediar essa situação. 
 Devido ao âmbito multilateral atual, tornou-se necessário identificar critérios 
objetivos e quantitativos que possibilitem a hierarquização socioeconômica dos países 
integrantes da sociedade internacional. Alinham-se assim, indices sobre disparidades 
sociais, mortalidade infantil, escolaridade, nível de instrução, esperança de vida, produto 
interno bruto, renda per capita, crescimento demográfico, pirâmide de idade, comercio 
exterior, divisão entre os setores de produção, saneamento básico, infra-estrutura dos 
serviços públicos, produção técnico-cientifica, registro de invenções e concessão de 
patentes, consumo de jornais, investimentos, serviços financeiros, formação de terceiro grau 
e outros itens… 
 A hierarquização mundial permite, então, identificar no cenário internacional a 
existência de dois grupos de países, os desenvolvidos/industrializados - indices 
socioeconômicos altamente expressivos - e os subdesenvolvidos/populosos/países em via 
de desenvolvimento (PVD) - apresentam baixos indices de desenvolvimento 
socioeconômico, marcantes disparidades sociais no interior de cada sociedade, escassa 
representação política, e normalmente localizados no Hemisfério Sul. 
As transformações institucionais 
 Para enfrentar o desafio do subdesenvolvimento da maioria dos Estados-membros, a 
ONU criou duas estruturas: A Conferencia das Nações Unidas para o Comercio e o 
Desenvolvimento (CNUCED); e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento 
(PNUD). 
 A ideia central da CNUCED, 1964, consistia em tratar de forma diferenciada os 
países desenvolvidos e os em desenvolvimento, ou seja, os países pobres teriam direitos 
preferenciais para o comercio e derrogações do direito internacional. O GATT aceitou 
também, a inclusão de um novo capitulo concedendo um sistema de comercio exterior 
diferenciado para os PVD. O CNUCED pode ser definida como uma instancia de avaliação, 
estudos e deliberações sobre as questões envolvendo o desenvolvimento econômico e social 
dos países membros da ONU, com absoluta ausência de coercibilidade. A Secretaria 
responde pela administração da CNUCED, e suas funções compreendem a elaboração da 
pauta de reuniões do Conselho e da pesada organização da Conferência. 
 O PNUD foi criado em 1965, com o objetivo de unificar as operações de ajuda ao 
desenvolvimento ja existentes, propondo racionalizar os programas multilaterais de pré-
investimento. Trata-se de um programa de assistência técnica que objetiva oferecer 
condições para que os verdadeiros investimentos para o desenvolvimento sejam realizados. 
Para alcançar seu objetivos, pretende desenvolver e transferir tecnologias, formar recursos 
humanos, criar estruturas aptas para enfrentar os desafios de um política de 
desenvolvimento e auxiliar na identificação e aumento dos recursos naturais dos países-
membros.O PNUD é colocado sob autoridade do ECOSOC e da Assembleia Geral, sendo 
dirigido por um Conselho Administrativo composto por 48 membros. O PNUD apenas 
financia, coordena e avalia os projetos que são executas por terceiros; aplica, portanto, a 
doutrina da institucionalização programática e da terceirização. 
O Resultado das Transformações 
 O progresso socioeconômico dos PVD só podem ser alcançados pela solidariedade 
dos países industrializados, que contribuem apenas 0,4% de seu PIB para ajuda publica ao 
desenvolvimento. A transferencias desses recursos são feitas por acordos bilaterais, criando 
então submissão e dependência. A concessão obriga o concessionário a adquirir bens 
exclusivamente do país concedente. 
Outras ações da ONU 
 A ONU transformou-se no único espaço onde se encontra a diversidade, sob todas as 
formas, do gênero humano. Anualmente, representantes dos Estados-membros se reúnem na 
Assembléia Geral, manifestando sua vontade de convívio internacional. 
1. Processo de descolonização 
2. O estabelecimento de normas e a defesa dos direitos do homem - 1948, Declaração 
Universal dos Direitos do Homem: direito à vida, à liberdade, segurança pessoal, 
proibição da escravidão e tratamentos desumanos, igualdade perante a lei, proibição de 
prisão arbitrária e do exílio forçado, propriedade, liberdade de pensamento, de 
consciência, de religião, de associação, de casamento e liberdade política. 
3. Iniciativas humanitárias - Cruz Vermelha, FAO (alimentos, medicamentos e material 
sanitário), OMS, OIT. 
4. As dificuldades para a manutenção da segurança e da paz internacionais 
Os limites do sistema 
 O fenômeno da globalização serve de biombo para o discurso liberalizante e a pratica 
excludente dos países industrializados. 
 A riqueza e o poder político-militar concentra-se num pequeno grupo de países que 
fecham-se aos contatos com a grande massa dos países pobres. Essas elites dirigentes não 
foram ainda convencidas pela ONU sobre a necessidade em praticar um mínimo de justiça 
social. 
 A escassa eficiência da ONU é compensada por ampla e pesada burocracia. Dezenas 
de instituições são criadas, muitas com objetivos sobrepostos. Assim a ONU se transforma 
num imensa fabrica de letras. 
 As instituições devem ser aperfeiçoadas, sobretudo o CS, com a introdução de novos 
membros permanentes. Deve-se introduzir, para certas matérias, o voto moderado na 
Assembleia. É necessário, também, reformar profundamente a burocracia da ONU. 
 A vontade da ONU é simplesmente o desejo de seus membros mais influentes. Caso 
eles não se convenças de que a organização pode desempenhar um papel fundamental na 
reestruturação de um mundo mais pacifico e justo, prevalecerá o egoismo nacional. 
____________________________________________________________ 
AS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS ESPECIALIZADAS - RICARDO 
SEITENFUS 
CONCEITO 
 As organizações internacionais de carter técnico e administrativo sofreram, a partir 
da criação da ONU, uma dupla evolução. Esses organismos foram considerados como 
instituições especializadas da ONU. As organizações especializadas: 1) foram criadas por 
um acordo firmado entre Estados; 2) dotadas de amplas e reconhecidas atribuições nos 
assuntos relacionados em seu tratado constitutivo; 3) vinculam-se às nações unidas através 
de um acordo específico. 
 Apesar dos laços formais com a ONU, as organizações especializadas não podem ser 
consideradas como sendo seus órgãos, tanto especiais quanto subsidiário. Elas conservam 
uma independência jurídica e de conteúdo. 
 A autonomia das organizações especializadas coloca uma grave questão: como 
coordenar ações que se apresentam objetivos próximos ou semelhantes, como no caso 
das iniciativas do campo socioeconômico, se cada instituição especializada entende por 
preservar sua independência? Nestas condições a dificuldade em estabelecer funções e 
prioridades aceitáveis tem provocado uma dispersão de meios e uma luta por espaços, 
reduzindo sensivelmente seu nível de eficácia. 
BANCO INTERNACIONAL PARA RECONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO 
(BIRD) 
 
 O Banco Mundial foi criado em 1944, juntamente com o FMI, através dos Acordos 
de Bretton Woods. Trata-se do principal organismo multilateral de financiamento ao 
desenvolvimento social e econômico, composto por 181 Estados. O FMI, por sua vez, 
presta somente uma ajuda monetária, e desempenha o papel de conselheiro sobre 
políticas públicas. 
 O BIRD apresenta um caráter ambíguo. Por um lado, utiliza técnicas de um banco 
comercial, pois fornece recursos financeiros aos países membros cobrando juros e auferindo 
lucros que permitem a sua sustentação. Além disso, capta recursos no mercado de capitais e 
nas disponibilidades oferecidas pelos países-membros. Por outro lado, em razão de seus 
objetivos, pode ser apresentado como sendo um serviço público internacional, muito 
próximo das organizações internacionais clássicas. 
 O BIRD é dirigido por um conselho de Governadores que representam todos os 
Estados-membros e um conselho de administração composto de 24 membros. O processo de 
tomada de decisão ocorre através do voto ponderado. Cada país-membro detém 250 votos, 
aos quais são adicionados os correspondentes às partes de capital. Para tanto, cada 100.000 
dólares americanos de capital equivalem a um voto suplementar. 
 O estatuto do BIRD indica, em seu primeiro artigo, que o objetivo perseguido é de 
ajudar a reconstrução e o desenvolvimento. O Plano Marshall e a reconstrução na Europa 
fizeram do BIRD, desde 1947, um banco voltado exclusivamente ao desenvolvimento. 
Todavia, o Banco deve somente facilitar o investimento privado através da concessão de 
garantias e de complemento de fundos. O objetivo dos investimentos deve restringir-se a 
fins produtivos, que possam auxiliar o desenvolvimento dos Estados, aumentar a 
produtividade e o nível de vida das populações. 
 Os países que recorrem aos recursos do Banco Mundial devem reembolsar os 
empréstimos num prazo de 15-20 anos, com 4-5 anos de carência. A taxa de juros é menor 
do que a praticada no mercado privado de capitais. Além disso, via de regra, os projetos 
aprovados implicam a existência de uma contrapartida do país tomador de empréstimo. 
 O BIRD iniciou uma uma política de financiamento de projetos produtivos de longo 
prazo - educação, reforma agrária, meio ambiente. Deflagrou também programas para 
formar recursos humanos nos países em via de desenvolvimento e aconselhou políticas 
públicas. 
FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL (FMI) 
 
 Quando de sua criação, o FMI apresentava os propósito de auxiliar 
temporariamente os países-membros a eliminar ou reduzir desequilíbrios de sua 
balança de pagamentos e propiciar uma cooperação monetária internacional, para 
fornecer estabilidade ao sistema monetário. 
 O FMI possui como funções: 1) assegurar a estabilização entre as moedas - central de 
câmbio.O Fundo detém uma conta junto aos bancos centrai dos países-membros em sua 
moeda nacional; 2) conceder facilidades aos ajustes econômicos. 
 A adesão dos Estados ao Fundo é feita através das cotas-partes, ou seja, da 
contribuição financeira que cada país oferece para a constituição do capital disponível. Ao 
ingressar no Fundo, cada Estado recebe uma declaração de cota-parte cujo montante é 
proporcional ao valor da subscrição ao capital da instituição. Ela indica o valor do auxilio 
que o Estado poderá receber e, sobretudo, determina o peso de seu voto nas decisões do 
Fundo. Além de indicar o desempenho econômico de cada um dos Estados-membros, a 
divisão das cotas-partes determina a distribuição do poder de voto na instituição. Pode-se 
definir então, o FMI como uma sociedade por cotas ou ações, em que os acionistas 
majoritários detêm as rédeas institucionais. 
 Cada Estado-membro dispõe de 250 votos aos quais é adicionado 1 voto suplementar 
para cara 100.000 dólaresamericanos de cota-parte. O voto é feito no Conselho de 
governadores, no qual cabe decidir sobre o orçamento, a admissão de novos membros e a 
revisão das cotas-partes. A Junta de Governadores é um órgão de grande relevo, composta 
de 24 representantes, é encarregado de delinear a política do Fundo. 
 Originalmente, o FMI intervinha para manter a paridade das moedas dos Estados-
membros. Nesse sentido, um Estado que desvalorizasse unilateralmente sua moeda poderia 
ser sancionado com a proibição de recorrer às reservas do Fundo. Além disso, através do 
FMI, os Estados poderiam comprar divisas para seus pagamentos internacionais e transferir 
capitais de forma controlada. 
 A estrutura financeira do FMI articula-se através de um fundo comum ou Conta 
Geral, calculado na cota-parte de cada sócio. Foram criados ainda os Direito Especiais de 
Saques (DES). Eles formam uma conta especial, a disposição dos Estados que a 
subscreveram. Estes podem retirar, em caso de necessidade, recursos para equilibrar suas 
contas externas. 
 O maciço ingresso de países em desenvolvimento levou o FMI a posicionar-se em 
relação às condições especificas dos novos parceiros. O fundo condiciona, nesses casos, a 
liberação de recursos à adoção de medidas de reforma estrutural dos países solicitantes, 
trata-se do programa de ajustes - que definem a política orçamentária, a emissão 
monetária, a taxa de câmbio, a política comercial e os pagamentos externos. Estas decisões 
são formalizadas através de uma carta de intenções, que o país entrega ao Fundo como 
compromisso que assegura o cumprimento de metas anuais. Esse programa cria o 
principio da condicionalidade que pode ser definido como um vínculo imperativo que o 
FMI estabelece entre a ajuda concedida e a garantia fornecida pelo Estado membro 
solicitante, em aplicar uma política econômica que resolva ou atenue seus problemas 
de pagamentos externos. Os recursos financeiros contratados somente serão liberados caso 
as metas definidas na carta de intenções sejam atingidas. 
 O objetivo central do FMI consiste em reorientar a economia nacional a fim de 
melhorar a eficiência das despesas publicas e fazer com que seja honrada a divida 
externa. 
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMERCIO (OMC) 
 No pós-Segunda Guerra, Roosevelt e Churchill mencionaram, na Carta do Atlântico, 
a necessidade de manter aberto o acesso ao comercio e as matérias primas do mundo, 
indispensáveis para a prosperidade econômica. O grupo preparatório da Conferência de 
Havana, do Conselho Econômico e Social da ONU, redigiu um Acordo Geral sobre tarifas e 
comércio (GATT). O GATT pode ser definido como um acordo comercial multilateral 
dinâmico. Trata-se de um rol de normas procedimentais sobre as relações comerciais entre 
os Estados-partes. Por outro lado, trata-se de um fórum de negociação comercial onde, 
através de instrumentos próprios à diplomacia parlamentar, de natureza comercial, procura-
se aproximar posições entre os Estados partes. 
 Procurando atingir a chamada igualdade de tratamento para os produtos de origem 
diferente, o GATT utiliza-se do princípio automático e incondicional da clausula da nação 
mais favorecida, com o propósito de fazer desaparecer as restrições ao livre comercio. 
Deverão diminuir as barreiras alfandegárias e as medidas de proteção de mercados, tanto as 
quantitativas quanto as não-tarifárias. O acordo significa um primeiro passo da liberalização 
do comercio mundial, que deverá ser progressiva. Para tanto, o GATT introduz a pratica de 
rodadas de negociações que se sucedem a cada período. 
 O primeiro artigo do Acordo determina que qualquer vantagem, favor, privilegio 
ou imunidade concedida por uma parte contratante a um produto originário de outro 
País ou destinado a ele será concedida imediata e incondicionalmente a todo produto 
similar originário dos territórios de todas as demais Partes contratantes ou a elas 
destinado. O tratamento em matéria tributaria e fiscal dos produtos importados entre 
as Partes contratantes deve ser o mesmo concedido aos produtos internos. Finalmente, 
não será tolerada qualquer restrição quantitativa à entrada de produtos das Partes 
contratantes no território dos signatários. 
 O GATT deu origem à OMC. A forma mais eficaz de dirimir um conflito de natureza 
comercial, entre os Estados partes da OMC, é acionar o seu sistema autônomo de solução 
de controvérsias (painel). Na primeira etapa, os países partes num suposto litígio são 
obrigados a proceder a consultas com vista aos esclarecimentos dos fatos e à definição de 
uma solução. Caso não a alcancem, o Diretor-Geral da OMC pode propor seus bons ofícios, 
uma mediação ou uma arbitragem. 
 A ausência de acordo conduz o caso ao âmbito do mecanismo de solução de 
controvérsias estabelecido no tratado de Marrakesh. Situação em que o reconhecimento da 
jurisdição é prévio, e a decisão, uma vez cumprido o rito descrito, sem recurso, ou seja, é 
uma verdadeira e obrigatória jurisdição internacional. 
 A progressiva redução dos entraves tarifários e não tarifários tem contribuído para 
um sensível incremento do comercio mundial, especialmente no caso dos países 
industrializados. 
 Além das Rodadas de negociação, O GATT coloca à disposição das Partes 
Contratantes a assinatura de acordos e códigos com o objetivo de regulamentar o livre 
comercio. 
 A OMC enfrenta quatro questões fundamentais , que condicionam a sua consolidação 
como ordenadora do comercio internacional. Em primeiro lugar, não ficou claramente 
estabelecida a proibição de tomada de medidas de represálias de forma unilateral; em 
segundo lugar, os países menos desenvolvidos continuam a reclamar um tratamento 
diferenciado, tanto no que diz respeito às tarifas que deverão proteger seu mercado quanto 
ao acesso aos mercados dos países desenvolvidos; em terceiro lugar, apesar da liberalização 
comercial, o desemprego continua em ascensão; enfim, os processos de integração 
econômica - União Europeia, Mercosul -, que são constituídos sobre a base de uma 
discriminação tarifaria com relação aos terceiros países, continuam a provocar dificuldades 
para um liberalização tarifaria ampla e sem restrições. 
 Os objetivos da OMC são: incrementar a produção e do comercio de bens e 
serviços, trabalhar para assegurar o pleno emprego e aumentar os níveis de vida das 
populações dos países-membros, alem de reiterar o apoio ao desenvolvimento 
sustentável e o respeito ao meio ambiente. 
 A estrutura da OMC possui como órgão máximo a Conferência Ministerial, em que 
todos os países tem assento. Ela se reunirá a cada dois anos, e sua responsabilidade consiste 
em coordenar os comitês de comercio e desenvolvimento, de restrições ao comercio 
motivadas por problemas na balança de pagamentos e o de assuntos orçamentários, 
financeiros e administrativos. Abaixo da Conferência está o Conselho Geral, órgão 
permanente, que está igualmente encarregado de examinar as políticas comerciais e propor-
se como órgão de solução de controvérsia. Conta também com uma Secretária permanente. 
____________________________________________________________ 
A ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA) - RICARDO 
SEITENFUS 
Condicionantes das Relações Interamericanas 
 As relações interamericanas apresentam elementos que fundamentam e modelam de 
maneira profunda sua evolução através das organizações internacionais de alcance regional. 
Condicionantes: 
1. grande disparidade entre os Estados da região. 
2. construção e consolidação de um poder hegemônico - EUA 
3. Grande dimensão espacial do continente, dificultando a formação de macrointeresses. 
4. As expectativas e a materialização das políticas dos Estados em suas relações reciprocas 
possuem alcance diferenciado. 
5. As ações estatais são marcadas por naturezas distintas: a dos EUA é ofensiva, e as dos 
outros Estados permanece defensivas. 
6. dificuldade de afirmação dacooperação regional - oposição dos EUA 
7. A matriz europeia no processo de colonização não constitui elementos suficientes para 
fomentar uma política de cooperação 
Origens das Organizações internacionais nas Américas 
 As tentativas de organização passaram por três etapas: 
1. fase do voluntarismo 
2. fase das guerras mundiais 
3. fase da organização institucional 
 Nos anos 30, o anuncio de Roosevelt da chamada política de boa vizinhança, permite 
a abertura de uma nova fase no relacionamento dos EUA com a América Latina. Assim, em 
1936, convoca-se uma conferencia pan-americana a ser realizada em Buenos Aires. O 
objetivo era consolidar a paz determinando como a paz pode ser mantida entre as 
Repúblicas americanas e impedindo o surgimento de qualquer ameaça estrangeira ao 
continente - Doutrina Monroe (América para os americanos). 
 Em razão do fracasso da Conferência de Buenos Aires, na Conferência de Lima 
enfatizou-se os seguintes pontos: 
1. reafirmação da solidariedade continental 
2. princípios de segurança coletiva 
3. defesa contra as ameaças externas do continente 
4. reunião não-protocolar e urgente dos Ministros de R.E. quando uma situação continental 
ou extra-continental exigir. 
5. não reconhecer as conquistas territoriais conseguidas por meio de coerção ou força 
6. rejeição do conceito de minoria étnica, linguistica ou religiosa. 
 Esses pontos foram considerados apenas como recomendações devido a oposição 
argentina. Ao reafirmas a solidariedade continental, o Estados se propõem a colaborar para 
defender a não intervenção estrangeira nas questões continentais. A Conferência previu 
também a convocação de reuniões extraordinárias dos ministros de R.E. sempre que a paz 
continental estiver ameaçada. A solidariedade está alicerçada no voluntarismo. 
 O principio da segurança coletiva, ao contrário, repousa na concepção de que um 
ataque dirigido a um país membro da coalizão é considerado um ataque à própria coalizão. 
Portanto, a segurança individual passa a ser considerada segurança de todos. Assim, dirige-
se à ação propriamente dita, e não apenas a intenção. A segurança coletiva implica na 
construção de mecanismo de atuação conjunta. As Conferência realizadas no período da 2a 
GM, visavam a neutralidade do continente para proteger a paz e estabelecer mecanismo de 
cooperação econômica continental, alem de estabelecer os destinos das colônias dos países 
derrotados na guerra localizados nas Américas. Outra coisa discutida foi a união da América 
a posição dos EUA, e a recomendação de rompimento das relações diplomáticas e 
financeiras com o Eixo Roma- Berlim-Tóquio. 
 A ultima reunião desse período, ocorreu no México em 1945, com o objetivo de 
organizar as relações interamericanas no pós-guerra, em que se afirmou o respeito aos 
princípios da ONU, e se buscou, na Conferência de Bogotá, 1948, a definir uma reforma da 
União Pan-Americana, propiciando a criação de uma organização regional moderna e 
permanente. 
Objetivos e principios da Carta de Bogotá 
 A IX Conferência adotou 3 textos: 1 sobre os princípios - Declaração dos Direitos do 
Homem -, um organizacional - Carta de Bogotá -, e um texto jurídico - O pacto, sobre os 
processos decisórios. Esses textos entraram em vigor em 1951 e fizeram surgir a OEA. Essa 
Organização tem o objetivo de lutar para preservara a paz e a segurança do continente. E 
para isso é necessário prevenir eventuais conflitos, e recorrer-se a uma solução pacifica dos 
litígios através da negociação, mediação, investigação, conciliação e arbitragem. Por outro 
lado, o principio da segurança coletiva é reiterado - legitima defesa coletiva. Os propósitos 
essenciais da Carta de Bogotá são: 
1. garantir a paz e a segurança continentais 
2. promover e consolidar a democracia representativa 
3. prevenir as causas e assegurar a solução pacifica de controvérsias entre os membros 
4. ação solidaria em caso de agressão 
5. procurar a solução dos problemas politicos, jurídicos e econômicos, que surgirem entre 
os Estados-membros 
6. promover, pela cooperação, o desenvolvimento econômico, social e cultural 
7. Alcançar uma efetiva limitação de armamentos convencionais que permita dedicar a 
maior soma de recursos ao desenvolvimento econômico-social dos Estados-membros. 
A estrutura institucional da OEA 
 A OEA apresentou duas experiências institucionais distintas; a primeira fase começa 
em 48 e termina com a reforma da Carta através do Protocolo de Buenos Aires, que entrou 
em vigor em fevereiro de 1970. A segunda fase iniciou-se com o Protocolo de Buenos Aires 
e perdura até hoje. 
 O protocolo modifica substancialmente a Carta da OEA. Criando a Assembléia Geral 
(AG), reunida anualmente com representação de todos os países. É a Assembléia que decide 
sobre ações e política geral, define o orçamento, a estrutura e funções do conjunto da 
Organização. Cada Estado-membro possui um voto, e suas decisões são tomadas pela 
maioria absoluta, salvo na admissão de novos membros, que seria aplicada a regra dos 2/3. 
 A Reunião dos Ministros das Relações Exteriores (RMRE), permaneceu com as 
mesmas funções consultivas. Reunindo-se quando surgirem problemas de caráter urgente e 
de interesse comum que coloquem em perigo a paz continental. Além disso é o órgão de 
ligação ente a OEA e o tratado interamericano de assistência reciproca (TIAR), servindo 
como instrumento de consulta. 
 Já o Conselho sofre mudanças profundas, criando-se três conselhos distintos. O 
primeiro é o Conselho Permanente (CP), encarregado de velar pela manutenção das relações 
de amizade entre os membros. Todos os membros estão representados, e a presidência será 
exercida seguindo a ordem alfabética com mandato não superior a 6 meses. Deverá exercer 
funções de bons ofícios, e decidindo pela maioria de 2/3 propor soluções para os eventuais 
litígios, podendo constituir comissões ad hoc. 
 Foi criado o Conselho Interamericano Econômico e Social (CIES) e transfere o 
vinculo do CP para a AG. Tem por finalidade promover a cooperação entre os países 
americanos com o objetivo de conseguir seu desenvolvimento econômico e social acelerado. 
Possui 8 membros. 
 O Conselho Interamericano de Educação, Ciência e Cultura (CIECC) tem por 
finalidade promover relações amistosas e entendimento mutuo entre os povos da América, 
mediante cooperação e intercâmbio educacionais, científicos, e culturais entre os Estados-
membros, para elevar o nível cultural de seus habitantes, reafirmar sua dignidade como 
pessoas, habilitá-lo para as tarefas do progresso e fortalecer os sentimentos de paz, 
democracia e justiça social. 
 A Comissão Jurídica Interamericana (CJI) tem por finalidade servir de corpo 
consultivo em assuntos jurídicos, promover o desenvolvimento progressivo e a codificação 
do direito internacional; e estudar os problemas jurídicos referentes à integração dos países 
em desenvolvimento do Continente, bem como a possiblidade de uniformizar suas 
legislações. 
 O protocolo cria ainda a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), 
cuja função é promover o respeito e a defesa dos direitos humanos e servir como órgão 
constitutivo da Organização em tal matéria. A proteção dos DH’s pode ser feita também pela 
Corte Interamericana de Direitos Humanos, composta por 7 juízes de diferentes 
nacionalidades, eleitos pelo voto da maioria da Assembléia. Somente os Estados-Partes da 
Comissão tem direito de submeter caso à decisão da Corte. 
 O Secretariado da OEA conta com 34 Estados-membros. A Carta considera os 
Estados juridicamente iguais, e que desfrutam de iguais direitos e de igual capacidade para 
exercê-los, e em deveres iguais. 
 A inovação da OEA consiste na perfeita igualdade jurídica de seus membros. Essa 
experiência marca um sensível avanço em termos de democratização. 
A solução pacifica dos litígios e a institucionalização da Cooperação militar:o tratado 
interamericano de assistência reciproca (TIAR). 
 O TIAR foi concluído no RJ em 1947, e ratificado em 1948. Pretende assegurar a paz 
por todos os meios possíveis, prover auxilio reciproco efetivo para enfrentar ataques 
armados contra qualquer Estado Americano e conjurar as ameaças de agressão contra 
qualquer deles. Assim, os Estados signatários condenam formalmente a guerra e se obrigam 
a não recorrer à ameaça nem ao uso da força. 
 Os meios a serem utilizados pelo coletivo para se colocar um ponto final à uma 
agressão armada, são progressivos e cumulativos, resumindo-se em : retirada dos chefes de 
missão diplomática, ruptura das relações diplomáticas, ruptura das relações consulares, 
interrupção parcial ou total das relações econômicas, ou comunicações, emprego das forças 
armadas. 
Perspectiva da OEA 
 A escassa eficácia da OEA, no campo da cooperação ao desenvolvimento e no de 
manutenção da paz e segurança regionais, foi indissociável da disponibilidade dos países 
membros em cooperar para o coletivo as Américas. Seu alcance limitado e a não-indicação 
dos meios para atingir os resultados esperados tendem a demonstrar que a OEA continuará a 
desempenhar um papel negligenciável nas relações interamericanas. 
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RESUMO TEXTO: “A UNIÃO EUROPEIA APÓS A QUEDA DO MURO DE 
BERLIM: SUCESSOS E DESAFIOS” 
Introdução 
 Esse texto trata dos efeitos da queda do muro de Berlim no processo de integração 
europeia, tentando perceber até que ponto o papel da UE no teatro das relações 
internacionais sofreu alterações em resultado das mudanças geopolíticas operadas após a 
queda do muro de Berlim. 
A União Europeia após a queda do muro de Berlim 
 Por efeitos endógenos consideramos as alterações na natureza e no funcionamento 
das Comunidades Europeias (CE) ditadas pela Janela de oportunidades aberta pela queda do 
muro de Berlim. A causalidade encontra-se num fenômeno exterior ao processo de 
integração europeia, o que poderia levantar duvidas sobre a qualificação daqueles efeitos 
como endógenos. Os efeitos dizem respeito à natureza e ao funcionamento das CE, o que 
faz deles endógenos ao processo de integração europeia 
Efeitos Endógenos 
 A Comunidade Econômica Europeia (CEE) foi criada em 1957. A primeira revisão da 
CE aconteceu em 1986, com o Ato Único Europeu programou-se o mercado interno para 
01/01/1993, estendendo a liberdade de circulação de mercadorias. Na criação da primeira 
das 3 CE - Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA) - estavam presentes 
propósitos politicos de manutenção da paz, depois disso o processo de integração 
europeia orientou-se pelos parâmetros da integração econômica. 
 A extinção do comunismo e a reunificação alemã inverteram o curso do processo de 
integração europeia, pois o mundo deixava de estar atormentado pela Guerra Fria. Por causa 
da reunificação alemã, a estratégia da CE passou a ser levar a Alemanha a fazer uma jura 
de fidelidade às CE através de uma salto quantitativo da integração europeia. 
 O desanuviamento geopolítico e a desagregação dos regimes comunistas dos países 
dos Leste Europeu facilitaram a tarefa dos visionários de uma “Nova Europa”. Estava-s em 
fase preparatória para os trabalhos da conferência intergovernamental que iria estudar a 
segunda revisão dos tratados constitutivos. Com a queda do muro de Berlim o cenário se 
tornou tão favorável que nessa conferência estudaram as modificações relevantes no 
plano da integração econômica, e foi inscrito o objetivo da união política. 
 A primeira conferência teve que estudar as condições para que a CEE pudesse 
avançar para a união econômica e monetária (UEM). O que fez com que o processo de 
integração passasse a circular numa velocidade vertiginosa. a mudança de estratégia da 
integração econômica tem como selo a queda do muro de Berlim. Em paralelo decorriam as 
negociações sobre a união política, marca visível da geopolítica pós queda do muro de 
Berlim. 
 Conceitualmente, uma união política exige uma política externa e uma política 
de defesa comuns, assim como uma autoridade central dotada de poderes substanciais. 
Por isso foi pensada na criação de um federalismo, ideia rapidamente abandonada devido 
aos conflitos gerados em certos setores nacionais. 
 A UEM, aprazada para 1997-1999, acrescentava dois pilares políticos: 1) a política 
externa e de segurança comum (PESC); 2) cooperação no domínio da justiça e 
assuntos internos (CJAI). Essa revisão dos tratados ficou conhecida como Tratado de 
Mastricht. 
 Perante a relutância inicial da Alemanha em aceitar a união econômica e monetária, a 
CE e os restantes dos Estados Membros procuraram oferecer contrapartidas que assegurasse 
a adesão alemã. É assim que surge a união política - em particular a PESC -, uma vez 
que ofereceu-se aos alemães a possibilidade de participarem em missões militares no 
exterior sempre que fossem organizadas no âmbito da PESC. A Alemanha trocava 
soberania monetária por soberania militar. 
 Outro efeito endógeno foi o alargamento da UE aos países do leste, justamente os 
países que transitaram do comunismo para a democracia e para a economia de mercado. A 
adesão era entendida como um alicerce do processo de transição desses países. 
 
Efeitos Exógenos 
 O papel exterior da UE afirmou-se mais no plano econômico, em resultado da 
criação da UEM; a união monetária foi produto do ajustamento à globalização e à 
autonomização dos mercados em relação ao processo político. A união monetária conseguiu 
ser um espaço de estabilidade macroeconômica e gerou uma moeda única que passou a ter 
visibilidade internacional, se impondo e passando a rivalizar com o dólar e com o iene. 
 Fora do âmbito econômico, os efeitos exógenos são limitados. A UE desperdiçou 
algumas oportunidades de se afirmar externamente, marcando sua presença em conflitos 
bélicos, por não conseguir unanimidade dos países, mostrando que a PESC é mais um 
catálogo de intenções do que um roteiro de ação - uma vez que os interesses nacionais 
sobrepõe-se sempre que as divergências entre os países europeus falam mais alto. A UE 
desapareceu diante do protagonismo dos grandes estados membros, e a intervenção dos 
EUA. 
 Desunida na frente diplomática e com pouco interesse em ir alem de operações 
de cosmética no plano militar, a UE não conseguiu se afirmar externamente no mundo 
saído dos escombros do comunismo. A ordem bipolar fora substituída, então, por uma 
ordem unipolar, como os EUA como superpotência dominante. 
A União Europeia: Ainda um anão, ou um gigante eternamente prometido? 
 A UE é um gigante econômico mas continua a ser um anão político. Há sucessos 
associados às condições geradas pelo fim da ameaça comunista. Todavia, localizam-se na 
vertente da integração econômica, daí resultando o agigantamento da Europa econômica. 
Em contrapartida, o nanismo politico foi determinado pelo insucesso da UE pela 
incapacidade em ser um ator internacional. 
 Sendo certo que a transformação das CE na UE acrescentou lastro político à 
integração europeia, não se pode perder de vista que os Estados membros são as unidades 
fundamentais do processo. Ou seja, a soberania continua a residir nos Estados membros. 
 Os interesses nacionais mantém um peso determinante na configuração do processo 
de integração europeia. É aqui que confluem as soberanias nacionais com as diferente 
culturas do países pertencentes à UE - Unidade na Diversidade (lema da integração). 
 Talvez seja excessivo olhar para a timidez da PESC e diagnosticar um fracasso da 
integração europeia. A unanimidade é a regra de deliberação na PESC, para que assim 
fiquem salvaguardados os interesses nacionais sempre que eles sejam divergentes e 
dessa divergência resulte um atropelo dos interesses do país em causa. 
 A UE é incapaz de falar a uma só voz no âmbito das relaçõesinternacionais, 
atendendo ao contexto do peso dos interesses dos Estados no plano das relações externas e 
na vertente militar. Assim, não se pode esperar que a UE seja comparável a um Estado-
nação. 
 A UE tem chamado a si o papel de mediador de conflitos, e encarrega-se de missões 
de pacificação de palcos martirizados por conflitos bélicos. Se a UE for exemplar no 
desempenho desse papel de mediação, ela não pode ser vista como um anão político. 
Conclusão 
 A derrocada do muro de Berlim fez mais pelo processo de integração europeia do que 
a UE fez pelo mundo, devido a preponderância dos efeitos endógenos sobre os exógenos. A 
assimetria entre a união econômica e a política não diminuo os sucesso alcançados pelo 
processo de integração europeia desde que o comunismo entrou em colapso. 
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A UNIÃO EUROPEIA NO INÍCIO DO SÉCULO XXI: EXPANSÃO GEOGRÁFICA, 
INDEFINIÇÃO POLÍTICA E IRRELEVÂNCIA ESTRATÉGICA 
Introdução 
 A União Europeia ajudou a trazer paz e estabilidade para Europa, além de ter um 
Estado de bem-estar social muito bom. Contudo, qualidade de vida não significa relevância 
como ator internacional e/ou participação nos processo decisórios que afetam a vida de 
todos os Estados e sociedades dentro de um mundo globalizado. Assim, o projeto europeu 
sempre foi dar paz e prosperidade aos seus membros e ser um instrumento que permitisse a 
Europa recuperar o seu antigo poder de influencia mundiais. 
 Esse texto procura analisar os esforços da União Europeia para se constituir um ator 
internacional relevante na ultima década. 
A expansão geográfica: até onde vai a Europa? 
 Originalmente a UE consistia de seis Estados membros - Alemanha Ocidental, Itália, 
França, Bélgica, Luxemburgo e Holanda. Ela cresceu progressivamente, em 1973 - Reino 
Unido, Irlanda e Dinamarca -, em 1981 - Grécia -, 1986 - Espanha e Portugal. Nos anos 90, 
com a queda do bloco soviético, a União europeia incorporou a Alemanha Oriental e vários 
dos antigos Estados neutros (Suécia, Finlândia e Austria). 
 Em 2004, o numero de Estado pertencentes a UE passou de 12 para 25, e atualmente 
possui 27. Isso deve-se a expansão da UE para a Europa Oriental. 
 É provável que a futura definição da Europa acabe por mesclar vários componentes. 
A geografia deve pesar e a futura UE possivelmente, se definira como um condomínio de 
nações de origens cristãs e ocidentais, defensoras do desenvolvimento econômico, da 
democracia e dos direitos humanos. mas restrita ao espaço entre o mundo eslavo e o 
Atlântico. Através da Turquia, também o Cáucaso e a Ásia Central sentirão a força da 
Europa. 
 Esse processo de expansão é um dos grandes atrativos e poderes da UE para sua 
atuação no mundo; ela seduz pela prosperidade e pela promessa de integração no bloco, o 
que facilitou a estabilização de boa parte da Europa oriental depois da queda do comunismo. 
A sedução de ser membro da UE é fundamental para a atuação internacional e, 
especialmente, regional da UE. 
 No entanto, os limites desse poder são claros. Os países da UE são majoritariamente 
cristãos e brancos, um pré-requisito que nunca deve ser mencionado, mas que, lá no fundo, 
está sempre presente. Dessa forma, a sedução de ser membro da UE só funcionará enquanto 
houver países adequados para a integração. 
 Essa expansão da União também traz outros problemas. Os custos de absorção, 
tantos financeiros, como sociais são altos e isso pode diminuir o ímpeto europeísta em 
vários países. Do mesmo modo, há riscos imensos de que ela acabe por gerar uma estrutura 
ampla geograficamente,mas com laços frouxos entre si, amplificando problemas já 
existentes hoje. Nesse caso, a futura UE seria apenas uma frouxa confederação de Estados 
unidos por uma moeda única e um mercado comum e inoperante, em termos globais, por 
total incapacidade de coordenar políticas externas e mesmo internas. 
Indefinição política: federação ou confederação? 
 A UE constitui-se num ambicioso projeto de engenharia política, o qual, em ultima 
instancia, deveria unificar o continente europeu. Examinaremos, inicialmente, o que a UE é 
hoje em termos internacionais. Primeiramente, fica claro como os Estados europeus 
cederam parte razoável de seus poderes para a entidade, sendo a criação do Banco Central 
europeu e do euro exemplos disso. Além disso, renunciaram o direito de resolver suas 
disputas uns com os outros pela guerra. No entanto, nenhum dos Estados membros abdicou 
de uma política externa independente e eles também conservam a soberania de seus 
territórios. 
 Como a UE ainda é apenas uma associação de Estados soberanos, não podemos dizer 
que ela tenha rompido completamente com padrões anteriores. O grande divisor de águas na 
Europa será o momento de transferencia de soberania dos Estados nacionais para a União, 
com a unificação dos sistemas judicial e eleitoral, da polícia, das forças armadas, da política 
externa, de imigração, etc. e a formação de uma federação. Será a partir desse momento que 
surgirá, ou não, algo radicalmente novo no continente. 
 Esse passo radical pode muito bem não se dar e, nesse caso, a Europa continuará a 
ser a confederação de Estados que é hoje. O que deve ser a tendência, uma vez que os 
Estados europeus possuem resistência em cedes sua soberania. 
 A condução da política econômica depende do poder político, e não há um único 
governo europeu, por isso, a medidas tomadas pela UE para conter a crise do Euro não 
foram totalmente eficazes, uma vez que a política econômica comum não pode ser 
substituída pela monetária. 
 Assim, a fragilidade institucional da Europa acaba tendo reflexos econômicos e isso, 
por sua vez, pode abalar a crença no projeto como um todo. Do mesmo modo, sem um 
governo comum que conduza a política externa e forças militares unificadas, o peso da 
Europa tende a ser naturalmente menos, o que leva ao problema da irrelevância estratégica, 
com todas as suas consequências. 
Irrelevância militar estratégica 
 O projeto da UE tem três objetivos chave: impedir novas guerras no continente, 
garantir a prosperidade dos seus povos e recuperar a relevância internacional do continente. 
O dois primeiros parecem garantidos, mas o terceiro está longe de ser atingido. 
 Frente ao poder americano, a Europa já se demonstrou quase irrelevante em varias 
questões chave dos últimos anos e o grande temor é que, com a ascensão estratégica de 
China, Brasil e outros poderes, a influência europeia diminua ainda mais. 
 A relativamente pequena capacidade europeia em fazer valer a sua voz no cenário 
mundial deriva de vários fatores: a lenta decadência econômica e demográfica do 
continente o faz perder peso frente aos emergentes; incapacidade em criar uma 
política externa comum; falta de um instrumento militar adequado para ação 
internacional. 
 A falta de um poder militar adequado realmente é um limitado de peso na ação 
internacional da Europa. Não há duvidas de que uma unificação das forças armadas 
europeias seria uma maneira, talvez a única, de dar a Europa uma capacidade de 
defesa mais apropriada. A união delas poderia produzir uma estrutura mais enxuta, com 
menos burocracia e órgãos administrativos, economia graças ao aumento de escala em 
aquisições e manutenção e, acima de tudo, mais efetiva pela simples combinação de 
recursos. 
 Essa unificação vem ocorrendo. O europeus tem imensa experiência em missões 
conjuntas, além de estar abordando regularmente o tema da defesa, legislando a respeito, e 
desenvolvendo programas e aquisição comunitários de armamentos comuns. Apesar disso 
ser um imenso progresso, as limitações ainda são imensas. 
 O principal problema é que as forças armadas respondem a estratégias nacionais de 
defesa separadas e obedecem as ordens de Estados diferentes, que nem sempre concordam 
com uma ação específica. Voltamos, assim, a questãoanterior, ficando claro como só a 
unificação política pode permitir uma real unificação das políticas externas e das 
forças armadas, e como consequência, uma maior capacidade europeia em contar no 
mundo. 
Conclusão 
A Europa tem o melhor nível de vida do mundo devido seus generosos investimentos sociais 
e a distribuição de renda. Isso é positivo, mas em compensação, isso favorece o 
envelhecimento e a contração populacional e exige uma concentração de recursos no social 
que priva os Estados dos recursos para uma ação mais incisiva no mundo. 
 Ela conseguiu também criar um ambiente pacífico num continente tradicionalmente 
militarista e tornar a perspectiva de guerra algo distante da maioria. Mas a aversão a guerra 
também torna os europeus muito mais refratários a pagar o preço inevitável para quem quer 
contar em termos globais. 
 A força cultural e econômica da Europa ainda dará visibilidade e voz ao continente 
por muitas décadas, mas dificilmente ele retornará ao seu período de supremacia do inicio 
do século XX. Depois de séculos de guerras civis no continente e de muito sangue 
derramado pelo mundo, os europeus não parecem dispostos a pagar o preço pela 
independência e por terem voz nos assuntos mundiais. 
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RESUMO TEXTO A DIMENSÃO MULTILATERAL DO MERCOSUL 
 A analise do multilateralismo como variável condicionante do processo negociador 
do Mercosul requer, em primeiro lugar, que se considerem o modo como essa 
multilateralização se produziu, bem assim o contexto, os interesses, os objetivos e os fatores 
que concorreram para tanto. Além disso é preciso ultrapassar o sentido estritamente formal 
do multilateralismo, relacionado ao numero de atores envolvidos no processo negociador, 
para considerar sua dimensão substantiva como fonte de elementos específicos para a 
analise de sua influencia como dimensão estruturantes. 
Do bilateralismo à multilateralização: contexto e interesse na incorporação do Uruguai e 
do Paraguai 
 Com o mandato político da criação de um mercado comum entre o Brasil e a 
Argentina, formalizado na Ata de Buenos Aires, de junho de 1990, desencadeou-se o 
processo de negociação que conduziria à assinatura do ACE 14, no âmbito da Aladi, e em 
um segundo momento, à multilateralização do processo refletida no Tratado de Assunção, 
de março de 1991. 
 O objetivo fundamental do Brasil e da Argentina era consubstanciar as decisoes 
políticas da Ata de Buenos Aires, de modo a permitir a implantação do processo de 
liberalização comercial entre os dois países no curto prazo. 
 A multilateralização do processo de interação, que vinha sendo conduzido 
bilateralmente produziu-se, em primeiro lugar, com a mudança de postura do Uruguai. Da 
assinatura dos primeiros protocolos bilaterais até a assinatura da Ata de Buenos Aires, 
1986-1990, o Uruguai manteve-se como observador, vinculando-se por meio de alguns dos 
protocolos setoriais bilaterais. No entanto, já havia manifestado repetidamente o interesse 
em incorporar-se de modo pleno. Assim, houve 3 encontros presidenciais tripartite entre 
1986-87, que discutiram formas de associação do Uruguai ao processo bilateral. 
 Com esses acordos, o Uruguai havia procurado, além do acesso privilegiado aos 
mercados dos seus dois principais parceiros econômicos, consolidar instrumentos que 
tornassem natural sua participação em entendimentos entro o Brasil e a Argentina em 
matéria econômica e com tratamento diferenciado, evitando, ser levado pela força da 
integração de seus vizinhos. 
 A diplomacia presidencial, no entanto, não resultou, naquela fase, em nenhum avanço 
efetivo quanto à incorporação do Uruguai nos termos que ele pretendia. As perspectivas 
brasileira e argentinas eram a de buscar uma forma de envolvimento do Uruguai que não 
descaracterizasse o processo bilateral e que não implicasse a diluição ou perda da 
capacidade de sua conduto a partir do eixo bilateral original, tampouco a necessidade de 
estender tratamento diferenciado ao Uruguai para alem dos acordos já existentes, uma vez 
que a relação Brasil-Argentina vinha sendo conduzida com os princípios da simetria e da 
reciprocidade. 
 Sarney e Alfonsín acordaram com o uruguaio Sanguinetti, em 1988, a gradual 
associação do Uruguai ao processo de integração bilateral. A participação do Uruguai seria 
instrumentalizada de acordo com os graus e modalidade que conviessem a cada caso. 
Decidiu-se também que a participação tripartite seria regida pelos princípios, também, da 
reciprocidade e simetria. 
 Formou-se uma forma de associação parcial, sendo infrutíferos os esforços uruguaios 
de tornar trilateral o processo de integração e de nele manter condição privilegiada, em 
razão de seu menos tamanho. O foco maior de resistência foi o Brasil, que não queria 
reproduzir a experiência da Aladi - não reciprocidade. 
 Com Collor e Menem, Brasil e Argentina alteraram partes dos acordos. Esses tinham 
a intenção de formalizar o compromisso de estabelecer um mercado comum no prazo de 5 
anos, e não mais de 10. Sabendo disso, o presidente uruguaio, Localle, determinou uma 
mudança de posicionamento de sua chancelaria e passou a atuar ativamente de modo a 
alterar a condição marginal do Uruguai e seu status de observados no processo, defendendo 
a plena e imediata incorporação ao mesmo, o que se transformou em prioridade da pex 
uruguaia então. 
 O Governo Sarney, havia se mantido fiel à concepção da integração que privilegiava 
a Argentina e resistiu às propostas formuladas por ela, no inicio do Governo Menem, de 
estender a iniciativa ao Chile. A partir da posse de Collor, o Brasil reviu sua posição, 
admitindo incorporar outros países, desde que a incorporação estivesse condicionada à 
aceitação dos princípios, formas, prazos e mecanismo já pactuados bilateralmente com a 
Argentina. Com isso, estruturaria-se um bloco comercial que lhe serviria de plataforma de 
inserção externa e de maior projeção. Obs.: Collor defendia interesses liberais. 
 Brasil e Argentina, se reuniram em Buenos Aires em 1989, ocasião em que 
acordaram uma serie de iniciativas de integração, envolvendo a criação de empresas 
binacionais, cooperação no setor energético e fluvial, instalação de comitês de fronteira e 
operação de terminais de combustível. Se reuniram também em novembro do mesmo ano, 
em que firmaram o Acordo de Complementação Econômica e acordos de cooperação no 
campo energético. 
 A possibilidade de incorporar outros países ao países ao processo - Uruguai e 
Paraguai - também permitiria à Argentina cumprir importantes objetivos em relação ao 
Brasil - lidar com seu protecionismo e diluir o peso relativo do Brasil na condução do 
processo de integração. 
 O Chile também foi convidado por iniciativa argentina, entretanto, esse país optou 
por não participar da integração. Criando-se então acordos bilaterais entre Chile e 
Argentina. 
 Em contrapartida, o Brasil, para ampliar sua influencia política no blog em formação, 
passou a defender a inclusão do Paraguai. Na agenda bilateral Brasil-Paraguai estavam 
postas questões energéticas e diversas outras relacionadas ao comercio fronteiriço. A 
inexistência de disciplina comercial por parte do Paraguai, percebido como fator de 
vulnerabilidade para o Cone Sul, terminou por consolidar o interesse brasileiro em 
incorporar o Paraguai para das maior envergadura ao bloco em formação. 
 A incorporação formal e plena do Uruguai aconteceu em setembro de 1990, e a 
pronta aceitação pelo governo paraguaio do convite para incorporar-se ao processo de 
integração, e a opção chilena de não se vincular, terminaram por definir a composição 
quadripartite com a qual surgiria o Mercosul. 
 Denota-se, então, que o Mercosul resultou da confluência de dois fatores imediatos, o 
anúncio da IPA - fator exógeno, e os esforços do Uruguai em se juntar ao processo de 
integração.Depreende-se que as motivações do Br a da Arg, no sentido da absorção do 
Paraguai e do Uruguai, bem como a do Chile, apesar de serem distintas, possuíam um 
substrato comum que outorgou o impulso definitivo à multilateralização do processo de 
integração. 
 Tendo em vista o contexto que se esboçava na AL, a expressão multilateral com que 
surgiu o Mercosul respondeu mais a injunções e interesses políticos que a considerações de 
ordem econômica ou afeitas à dinâmica do próprio processo de integração. 
 Para o processo de negociação, isso implicou a necessidade de encontrar uma 
formula de harmonizar os interesses e o peso político dos dois sócios maiores com as 
expectativas de benefícios dos países menores, de modo a evitar que eventuais frustrações 
viessem a minar a vitalidade e credibilidade do processo. Assim, a tomada de decisão 
dependia do consenso. 
 A regra do consenso como critério fundamental para a tomada de decisão conferia 
legitimidade e credibilidade, além de ser um elemento nivelador das acentuadas assimetrias 
entre eles, constituindo uma característica definidora do multilateralismo dentro do 
Mercosul. 
 Para a Argentina e principalmente para o Brasil, o preço a pagar pela ampliação da 
escala de negociações traduzia-se, no que tange à tomada de decisões, na abdicação de 
qualquer critério de ponderação de seu peso relativo no bloco. 
A Dimensão Substantiva do multilateralismo: Princípios, normas e procedimentos na 
negociação do Mercosul. 
 O multilateralismo, como condicionante estrutural do processo de negociação do 
Mercosul, representa dimensão associada não apenas ao numero das partes. O 
multilateralismo consubstancia dimensão institucional, configurada pela existência de 
princípios e valores orientadores do comportamento das partes, empregados por essa para 
tratar de problemas de coordenação e colaboração e para tomar decisões e atuar 
conjuntamente no plano da integração sub-regional. 
 A dimensão multilateral, levando em consideração o numero de países do Mercosul, 
4, trouxe elementos significativos. Facilitou a manutenção do conjunto de iniciativas 
desmanchadas pelo Brasil e Argentina, que terminaram por configurar a espinha dorsal do 
processo de integração; além disso facilitou a operacionalização do processo decisório 
baseado no consenso, permitindo que os países pudessem negociar para tentar alcançar 
resultados equilibrados; por fim, o pequeno numero de países participantes do processo 
negociador contribuiu para restringir a possibilidade de formação de coalizões e alianças 
táticas, contribuindo assim para a preservação do eixo Brasil-Argentina como fundamento 
da integração. 
 Entretanto, não se deve considerar apenas o aspecto nominal do multilateralismo, 
mas também a dimensão qualitativa, que é aquela que o distingue de outras formas 
organizacionais de coordenação de políticas nacionais entre três ou mais Estados. A que 
define o tipo de relação institucionalizada entre os membros com base em princípios, 
normas e procedimentos que instrumentalizam suas relações mutuas, orientam seu 
comportamento e a tomada de decisão no processo negociador. 
 A consagração da democracia como valor político fundamental para a integração, 
com sua transposição para o plano multilateral no Mercosul, teve incidência e 
consequências diretas para o processo de integração e para o relacionamento entre os 4 
países. A integração, então, viria a configurar uma importante dimensão da estratégia e um 
espaço de construção e consolidação da democracia em âmbito sub-regional. 
 Na perspectiva do processo de negociação, uma consequência direta do primado da 
democracia como valor político diz respeito à maior acessibilidade e permeabilidade por 
parte dos governos na formação de posições de negociação e na condução política do 
processo de integração às expectativas e demandas de distintos setores domésticos. 
 Ao lado do primado da democracia, um segundo principio herdado da etapa bilateral 
e reafirmado com o Mercosul foi o gradualismo, ênfase dada à consecução de objetivos no 
plano comercial em prazos delimitados como etapa e condição previas para se alçar níveis 
mais profundos de integração. A fixação, no Tratado de Assunção e no Cronograma de Las 
Leñas, de metas a serem alcançadas dentro de prazos definidos e limitados representou 
elemento de forte impacto para as negociações, na medida em que se definia a agenda sobre 
a qual os negociadores deveriam concentrar-se imprimindo às negociações um ritmo 
intenso. 
 A negociação multilateral esteve, portanto, condicionada e impulsionada pela 
necessidade de cumprimento de metas e prazos. Em decorrência dessa sistemática, a 
orientação política do processo e os próprios parâmetros e prazos estabelecidos, assim com 
a metodologia de desgravação tarifária, se tornaram temas não negociáveis; o que retirou a 
possiblidade de que qualquer parte pudesse buscar rediscutir ou reformular os termos de sua 
participação no processo de integração, tornando menos suscetível a inflexões emanadas de 
pressão ou resistências domesticas ou a mudanças de posição dos governos. 
 A delimitação de prazos estritos para a consecução de metas e dos objetivos 
pactuados representava também a contrapartida a qualquer sentido protelatório que o 
gradualismo pudesse induzir, e manifestava a disposição política dos membros de não 
reproduzir no âmbito do Mercosul, os erros que haviam conduzido o processo de integração 
da Aladi a uma condição de inoperância. Em síntese, o gradualismo não deveria fomentar o 
descomprometimento, mas deveria representar elemento de reforço e viabilização dos 
compromisso assumidos conjuntamente. 
 Pelo principio da reciprocidade, procurou se estabelecer condição de isonomia entre 
os países do Mercosul em relação aos compromisso assumidos, independentemente de seu 
grau de desenvolvimento relativo. Era um princípio que tinha também expressão no campo 
político, uma vez que restringia a possibilidade de que os dois países menores pudessem 
adorar, com êxito, estratégia pendular ante dois sócios maiores. Contudo, o principio foi 
flexibilizado na fase final do período de transição, como o regime de adequação à tarifa 
externa comum, adotado em 1994. 
 Outro principio é o da flexibilidade, não incorporado plenamente ao Mercosul. Os 
governos dos países do Mercosul, por um lado, acordaram um esquema de integração mais 
rígido quanto à forma de operacionalização, ao mesmo tempo procuraram garantir a 
preservação de amplos espaços de soberania, retratado na delimitação da arena comercial 
como o principal espaço de promoção da integração, na recusa à criação de instâncias 
supranacionais, na firme defesa de um arranjo institucional intergovernamental e nas 
diferenças substantivas de orientação de políticas domesticas e também de políticas 
exteriores entre os dois países naquele mesmo período. Assim, a pouca flexibilidade dos 
instrumentos de integração encontrava contrapartida na preservação da prerrogativa de atuar 
com discricionalidade em areas e temas não alcançados pelos instrumentos de integração na 
fase considerada e que se restringiu fortemente à esfera comercial. 
 A tomada de decisão, consenso, implicava, teoricamente, que qualquer as partes 
usufruiria de poder e veto. A questão que se coloca, no entanto, diz respeito à capacidade 
real para fazê-lo, que não se desvincula da avaliação dos custos que a dissensão 
representaria. Esses custos afiguravam-se maiores para os dois sócios menores, uma vez que 
o bloqueio do processo decisório, por ele, em temas fundamentais para a construção do 
Mercosul, poderia implicar dificuldades para a consecução de seu interesse principal - 
garantir acesso privilegiado aos mercados dos dois sócios maiores. Desse modo, a 
capacidade do exercício do poder de veto dentro do esquema consensual, estava 
desigualmente distribuída em favor dos dois sócios maiores.