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SEGUNDA PROVA DE ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS A LIGA DAS NAÇÕES – RICARDO SEITENFUS A Conferência de paz que põe fim a Primeira Guerra adotou o projeto que criou a Sociedade das Nações (SDN) – Associação intergovernamental, de caráter permanente, com vocação universal, baseada nos princípios da segurança coletiva e da igualdade entre Estados soberanos. Suas principais funções fora a segurança, cooperação econômica, social e humanitária, e a execução de certos dispositivos dos tratados de paz de Versalhes. Com a Liga das Nações, tem-se pela primeira vez uma verdadeira Organização Internacional com o objetivo especifico de manter a paz através de mecanismos jurídicos. Além dos 32 Estados-membros originários, a Liga convidou outros treze para associarem-se. Além desses, tinham os Estados admitidos posteriormente em razão de votos positivos de 2/3 da Assembleia. A SDN analisava caso a caso, podendo vir a admitir não- Estados e dificultar o ingresso de Estados. Contrastando com a prática da admissibilidade, a SDN demonstra absoluta falta de preocupação com a possibilidade de desligamento dos Estados-membros. Isso conjugada à ausência de sanção material para os infratores teve como consequência o encorajamento à agressão, pois bastava o Estado agressor retirar-se da Liga para que não fosse alcançado pelo principio da Segurança Coletiva. Apesar de acolher não-Estados, a representação institucional é feita exclusivamente pelos representantes governamentais. Nesse sentido, a SDN é fundamentalmente uma organização diplomática. Os tratados internacionais, como os acordos de arbitragem, e os entendimentos regionais, não são considerados incompatíveis com os ditames do Pacto, o que permitiu o surgimento e aplicação do conceito de regionalismo no organismo mundial. A ideia central para a manutenção da paz repousa no principio da segurança coletiva. Convencidos da imperiosa necessidade em controlar os arsenais bélicos, os redatores do Pacto previram que os Estados-Membros deveriam informar sobre o nível de suas forças e armamentos militares, navais e aéreos. Contudo, esse controle consistia numa simples recomendação. Para a solução pacifica dos litígios, o Pacto invoca a arbitragem, que é mais uma vez uma recomendação. Caso algum Estado-Membro viesse a recorre à guerra, contrariando os compromissos assumidos no Pacto, além de esse ato considerado como tendo cometido um ato de guerra contra todos os outros Membros da Sociedade, estes se comprometem a romper imediatamente, com ele todas as relações comerciais ou financeiras, a proibir todas as relações entre seus nacionais e os do Estado que tiver rompido o Pacto e a fazer que cessem todas as comunicações financeiras, comerciais, ou pessoais entre os nacionais desse Estado e os de qualquer outro Estado, membro ou não da Sociedade. Essa incitação para os Estados-membros colocarem suas forças armadas à disposição do Conselho também é feita de forma recomendatória. Evidentemente, os mecanismos de manutenção da paz previstos pelo Pacto dependiam da existência da boa-fé dos Estados-membros. O sucesso da LDN repousaria na existência de um nível de confiança reciproca e na atuação da pressão publica internacional. ____________ Com as SDN, nasceu a formula institucional clássica das organizações internacionais, que é tripartite: Assembleia, com representação plena e igualitária; um Conselho restrito, espécie de executivo da organização; e um Secretariado permanente. A esses estão vinculados os órgãos de auxilio técnico e os de apoio politico, além de vínculos com alguns órgãos especializados; Na Assembleia, cada Estado tem direito a um voto. O Conselho da LDN possuía cinco membros permanentes, e outros quatro membros temporários; sendo que os permanentes possuíam poder de veto. A ampliação do Conselho – em vez de quatro viraram nove, e em vez de ser temporários eram semipermanentes uma vez que podiam se reeleger varias vezes – e as barganhas de pequena política nacional que envolveram sua reformulação enfraqueceram- no. O Secretariado da Liga reunia, sob a conduta de um Secretário-Geral, o apoio administrativo e técnico da organização. O Pacto criou também uma Corte permanente de Justiça Internacional – CPJI – formada por 15 juízes, reconhecidamente competentes e independentes de seus Estados nacionais, eleitos pela Assembleia segundo indicações do Conselho da SDN. _____________ As atividades desenvolvidas pela SDN demonstram que sua preocupação com a manutenção da paz deveria desenvolver-se em três planos distintos: fazer com que fossem respeitados os tratados internacionais, em particular as clausulas negociadas em Versalhes; esforços com vistas a criar um clima de confiança que viesse reforçar a segurança das relações internacionais. As contradições e lacunas do Pacto, adicionadas à volta de um nacionalismo agressivo e revanchista no inicio da década de 1930, fizeram com que os limites da ação da Liga fossem expostos. ______________ Pag 99-103 Grandes sucessos Pag 103- 107 Grandes fracassos ____________ Formalmente, a SDN encerrou suas atividades em 31 de julho de 1947. Todavia, desde meados do século 30 havia perdido sua credibilidade. O golpe mortal a SDN é desferido, em setembro de 1939, pela Alemanha ao desencadear a Segunda Guerra Mundial. Em época de guerra as organizações internacionais são varridas do cenário mundial, como algo inútil e desgastado. Os argumentos dos Estados era que eles procuravam, terrenos longe do direito e da moral, para desenvolver suas agressivas politicas exteriores. O Pacto que criou a Liga das Nações não criou a sociedade internacional, mas uma associação de caráter jurídico privado, pois foi incapaz de impor-se aos Estados que não desejaram integra-la. O Pacto estabeleceu, vagamente, direitos e deveres aos Estados membros, mas ao excluir os países derrotados na guerra, e ser parte integrante do Tratado de Versalhes, o Pacto foi uma aliança militar entre os vencedores. O Pacto foi aplicável na medida em que contou com a boa vontade dos sócios. Apesar do anuncio de uma nova era das relações internacionais, com a divulgação dos princípios wilsonianos, notou-se que as velhas praticas da pequena diplomacia de prestigio e de falsos problemas continuou conduzindo a ação dos Estados. - os 14 pontos de Wilson 1. Abolição da diplomacia secreta; 2. Liberdade dos mares; 3. Eliminação das barreiras econômicas entre as nações; 4. Redução dos armamentos nacionais; 5. Redefinição da política colonialista, levando em consideração o interesse dos povos colonizados; 6. Retirada dos exércitos de ocupação da Rússia; 7. Restauração da independência da Bélgica ; 8. Restituição da Alsácia-Lorena à França; 9. Reformulação das fronteiras italianas; 10. Reconhecimento do direito ao desenvolvimento autônomo dos povos da Áustria- Hungria; 11. Restauração da Romênia, da Sérvia e de Montenegro e direito de acesso ao mar para a Sérvia; 12. Reconhecimento do direito ao desenvolvimento autônomo do povo da Turquia e abertura permanente dos estreitos que ligam o Mar Negro ao Mediterrâneo; 13. Independência da Polônia; 14. Criação da Liga das Nações, ou Sociedade das nações. A ausência dos EUA, a incapacidade da Liga em transformar-se em algo fora e acima dos Estados, o retorno da diplomacia secreta e o egoísmo dos Estados, baseado no princípios do chamado interesse nacional, marcaram a derrota da Liga da Nações. ______________________________________________________________ A ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS – RICARDO SEITENFUS Reunidos em São Francisco, 50 países aprovaram a Carta das Nações Unidas, em 25/06/1945, com o objetivo de institucionalizaras relações internacionais. A Carta do Atlântico, firmada por GB e EUA em 14/08/1941, enumera os seguintes princípios: direito dos povos de escolher sua organização política; proibição do uso da força nas relações exteriores; obrigação de consulta às populações em caso de modificações territoriais; acesso aos mercados e matérias-primas; liberdade de navegação no mares; e segurança coletiva. Em janeiro de 1942, após a entrada da URSS e dos EUA na Guerra, uma conferencia foi realizada em Washington. Ao reiterar os princípios da Carta do Atlantico, anunciou-se pela primeira vez a necessidade de uma solidariedade destas Nações, a partir daquele momento Unidas, para fazer frente ao Eixo. Em outubro de 1943, na Conferência de Moscou, reuniram-se EUA, GB e URSS, em que insistiram na criação de uma organização internacional baseada nos princípios da igual soberania de todos os estados, com o objetivo de manter a paz e a segurança internacionais. O novo organismo só seria eficaz caso contasse com a aprovação das grandes potências, mas sem restringir-se tão-somente aos grandes, pois isso seria contrario ao espirito universalista da nova organização. Para que essa organização conseguisse atingir seus objetivos então, decidiu-se que, ao contrário da Liga das Nações, a nova organização deveria permitir o acesso às instancias decisórias somente a um pequeno e seleto grupo de países. Assim, do ponto de vista institucional, a organização deveria contar com duas câmaras: uma geral e sem poder real, onde todos os estado estarão representados em pé de igualdade; e outro órgão restrito, onde as grandes potências vencedoras da guerra, capazes militarmente e com interesses generalizados, serão representadas de forma permanente. Não bastava fazer parte de um órgão decisional restrito; era necessário que as potências pudessem controlar o rumo de suas decisões. Assim, na Conferência de Yalta chegou-se a solução de diferenciar os países membros do Conselho em permanentes e transitórios. Qualquer decisão emanada deste órgão não deveria sofrer oposição de um membro permanente. Portanto, os membros permanentes deveriam agir de forma unanime, para que uma decisão viesse a ser adotada - poder de veto. Características da Carta de São Francisco A Carta da ONU surge pela iniciativa de um bloco de países coligados circunstancialmente numa aliança militar. Portanto, a Carta representa o compromisso de países unidos no presente, em razão da existência de um inimigo comum, com vistas a organizar o futuro das relações internacionais. O preâmbulo da Carta torna ilegal a utilização unilateral da força, mas prevê que ela venha a ser empregada, individual ou coletivamente, para defender o interesse comum - interesse da ONU. A ONU possui 4 objetivos principais: 1. manter a paz e a segurança internacionais, e para esse fim tomar coletivamente, medidas efetivas para evitar ameaças à paz e reprimir os atos de agressão ou outra qualquer ruptura da paz e chegar, por meios pacíficos e de conformidade com os princípios da justiça e do direito internacional. O capitulo VII da Carta consiste na possiblidade de existirem ações preventivas por parte da ONU. Assim, o inimigo a combater será a ameaça de guerra. O conselho de Segurança que determinará a existência de qualquer ameaça a paz, e decidirá as medidas a serem tomadas. Uma vez tomada a decisão pelo Conselho, ela é obrigatória para o conjunto dos Estados- Membros. 2. Desenvolver relações amistosas entre as nações, baseadas no respeito do principio de igualdade de direito de de autodeterminação dos povos, e outras medidas apropriadas ao fortalecimento da paz universal. 3. As Nações Unidas deverão lutar para conseguir uma cooperação internacional para resolver os problemas internacionais de caráter econômico, social, cultural ou humanitário, e para promover e estimular o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais para todos. Prevê a criação da ECOSOC - conselho econômico e social- para elaboração de estudos sobre assuntos internacionais de caráter econômico, social, cultural, educacional e sanitário; preparação de projetos de convenções a serem submetidos à Assembleia Geral; a possibilidade de convocar conferências internacionais; recomendações à Assembleia Geral. 4. Os membros da ONU que forem parte em acordos regionais, ou que constituírem tais entidades, Empregarão todos os esforços para chegar a um solução pacifica de controversa locais por meio desses acordos e entidades regionais, antes de as submeter ao CS. Os Estados-Membros Os Estados-Membros são classificados em dois grupos: os 51 membros originários; e todos os demais Estados, que foram admitidos como membros por decisão da Assembléia Geral, mediante recomendação do Conselho de Segurança. Ao depender dessa recomendação do CS, a admissão de novos membros prestou-se a barganhas e interdições de natureza estritamente política e ideológicas, através da utilização do direito de veto por parte dos membros permanentes. Uma diferença fundamental separa a experiência da SDN e a da ONU. A primeira exibia escasso universalismo, e a segunda, beneficiada pelo processo de descolonização, consegue abarcar todos os Estados. A acolhida de todos os Estados, implica a coabitação entre microestado e as grandes Potências. A estrutura A estrutura da ONU apresenta um bicefalia provocada pela tentativa de equilibrar o peso das grandes potências com o principio da maioria. Destacam-se cinco órgãos principais na ONU: Assembleia Geral, Conselho de Segurança, Corte Internacional de Justiça, Conselho Econômico e Social e Secretariado. A Assembléia Geral Todos os Estados-membros, com direito a um voto, estão representados na Assembléia. Os Estados-membros são representados por no máximo 5 delegados e 5 suplentes. Para auxiliar a Assembléia na organização de sua reunião anual, ela conta com sete comissões: política, política especial, econômica, social, tutelar, administrativa e financeira e a comissão jurídica. A tomada de decisões na Assembleia Geral obedece, para as questões processuais, à maioria simples dos presentes e votantes. AS prerrogativas da Assembleia podem ser definidas por extremamente amplas e escassamente eficientes. Ela poderá discutir quaisquer questões ou assuntos que estiverem dentro das finalidades da Carta ou que se relacionares com as atribuições e funções dos órgãos nela previstos. A Assembleia não fará nenhuma recomendação a respeito dessa controvérsia ou situação, a menos que o CS solicite. A manifestação da vontade da Assembleia se materializa através de resoluções, com caráter de recomendações, ausente qualquer elemento de constrangimento. O Conselho de Segurança O CS possui a principal responsabilidade pela manutenção da paz, podendo definir e executar sanções militares contra Estados, no caso de ameaça contra a paz, ruptura da paz ou ato de agressão. O Conselho aplica tais sanções através de forças armadas colocadas à sua disposição pelos Estado-membros. Os países são interditados absolutamente do recurso à força armada, exceto em caso de legitima defesa. O CS é composto por 15 estados, 5 permanentes (EUA, GB, FRA, RUS, CHN) e 10 membros não-permanentes. Diante da impossibilidade de consenso entre as potências de matrizes ideológicos diversos, a regra da unanimidade entre os membros permanentes foi responsável pela paralisia que predominou nessa instancia durante a Guerra Fria. Na atualidade, com o fim da bipolaridade, confirma uma evidente impropriedade estrutural. EUA, FRA e GB tomam suas decisões em reuniões previas - instancia P3- que sintetiza a posição ocidental. E depois os 5 membros permanentes reúnem-se em petit comité - instancia P5. Para Kelsen, um órgão para juízo de sobre a existência ou não de um conflito,para aplicação de sanções, e juízo sobre quem aplicará e em que condições será aplicada tal sanção deverá ser jurisdicional, pois seria constituída de juízes - técnicos e imparciais. Entretanto, o atual conselho, é composto de unidades políticas, ou seja é Executivo, portanto é dotado de imparcialidade. Face à hegemonia institucionalizada dos detentores do poder de veto, político e parcial, o Conselho leva os Estados a considerar mais importante estar protegidos por um dos grandes do que respeitar o direito. A escola realista afirma que o direito de veto não é um instrumento de poder, mas apenas uma manifestação de responsabilidade. Assim, as grandes potências não são membros do CS porque a ele cabe a função primordial de manter a paz; é por elas serem membros, que o CS tem essa função primordial. O Secretariado Frente à adm. da ONU encontramos um Secretário-Geral, o funcionário mais graduado da instituição; nomeado pela Assembléia, seguindo recomendações do CS. Portanto, o Secretário deve reunir a unanimidade dos membros permanentes. A Assembléia definiu, através de uma resolução, que o mandato do Secretário seria de cinco anos, podendo ser reconduzido uma vez. O Secretário deve ser imparcial, assim como os seus assessores e o conjunto dos funcionários internacionais que estão a serviço da Organização; para tanto, usufruem de imunidades diplomáticas. Os funcionários internacionais deverão ser recrutados segundo critérios de eficiência, competência e integridade. O Secretário-Geral tem iniciativa diplomática para mediar ou conciliar conflitos. Pessoalmente ou através de representantes, o Secretário pode estar à frente dos esforços para a solução pacifica das controvérsias. Ele possui ainda funções operacionais de tipo político e militar. Exercendo também uma ação diplomática preventiva. Corte Internacional de Justiça A Corte é o principal órgão judiciário da ONU, mas não detém a possibilidade de impor suas sentenças ao coletivo internacional, face as peculiaridades do próprio direito internacional. Sua competência é ampla, compreendendo: a interpretação de tratados; qualquer ponto de direito internacional; a existência de qualquer fato que, se verificado, constituiria violação de um compromisso internacional; a natureza ou a extensão da reparação devida pela ruptura de um compromisso internacional; pode julgar qualquer questão que as partes lhe submetam. Existem duas formas básicas pelas quais um caso chega à Corte: 1) atine a um caso específico, já concretizado no mundo fático, que os Estados, membros ou não da ONU, decidem a ela submeter; 2) antecipação, subdividindo-se em dois modelos: a previsão num tratado de que a Corte será a responsável por julgar questões suscitadas; ou a declaração, por um Estado, de que se sujeita a jurisdição da Corte, seja em caráter permanente, por prazo determinado ou em condições de reciprocidade. Um Estado só está sujeito à decisão da Corte se tiver expressado seu consentimento, e assim sendo, a sentença é definitiva e inapelável. A Corte é composta por 15 membros, cuja nacionalidade não é levada em conta, entretanto, não pode haver dois nacionais de um mesmo país. Os juízes devem gozar de alta consideração moral, desempenhar altas funções judiciarias em seu países ou ser reconhecidos jurisconsultos em direito internacional. Os juízes são eleitos por maioria absoluta da Assembléia Geral e do Conselho de Segurança da ONU, a partir de listas; não funcionando o direito de veto nessa eleição. Os juízes possuem mandato de 9 anos, podendo ser reeleitos; desfrutam de privilégios e imunidades diplomáticas. Devem dedicar-se exclusivamente à Corte; além de estarem impedidos de participar de decisão sobre tema no qual tenham anteriormente intervindo, no seu país ou não, de qualquer modo. Observa-se que 5 dos 15 juízes refletem a nacionalidade dos permanentes, além disso 1/3 dos assentos são ocupados por nacionalidades europeias. Soma-se ao método de perfil dos juízes, as posições políticas de seu governo, numa completa distorção de suas funções. Assim, esse órgão está causando uma sensação de impunidade dos infratores do direito internacional e um mal estar generalizado, pois prioriza menos o direito e mais a negociação. A Corte age como se fosse um foro de arbitragem, quando deveria ter a independência e a autoridade de um Tribunal. As Nações Unidas em Movimento: Um Balanço de suas realizações. Comparando com a SDN, a ONU apresentou importantes conquistas: 1. universalidade 2. nenhum Estado fundador a abandonou 3. ampliação de suas atividades - sobretudo no auxilio ao desenvolvimento 4. caráter de indispensabilidade - as criticas visam sua reforma e não sua extinção A impossível socialização do desenvolvimento O processo de descolonização fez com que o cenário internacional fosse dominado pelos países em desenvolvimento, numericamente. Todavia, o contraste entre eles fez surgir a necessidade de ações concertadas para tentar remediar essa situação. Devido ao âmbito multilateral atual, tornou-se necessário identificar critérios objetivos e quantitativos que possibilitem a hierarquização socioeconômica dos países integrantes da sociedade internacional. Alinham-se assim, indices sobre disparidades sociais, mortalidade infantil, escolaridade, nível de instrução, esperança de vida, produto interno bruto, renda per capita, crescimento demográfico, pirâmide de idade, comercio exterior, divisão entre os setores de produção, saneamento básico, infra-estrutura dos serviços públicos, produção técnico-cientifica, registro de invenções e concessão de patentes, consumo de jornais, investimentos, serviços financeiros, formação de terceiro grau e outros itens… A hierarquização mundial permite, então, identificar no cenário internacional a existência de dois grupos de países, os desenvolvidos/industrializados - indices socioeconômicos altamente expressivos - e os subdesenvolvidos/populosos/países em via de desenvolvimento (PVD) - apresentam baixos indices de desenvolvimento socioeconômico, marcantes disparidades sociais no interior de cada sociedade, escassa representação política, e normalmente localizados no Hemisfério Sul. As transformações institucionais Para enfrentar o desafio do subdesenvolvimento da maioria dos Estados-membros, a ONU criou duas estruturas: A Conferencia das Nações Unidas para o Comercio e o Desenvolvimento (CNUCED); e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). A ideia central da CNUCED, 1964, consistia em tratar de forma diferenciada os países desenvolvidos e os em desenvolvimento, ou seja, os países pobres teriam direitos preferenciais para o comercio e derrogações do direito internacional. O GATT aceitou também, a inclusão de um novo capitulo concedendo um sistema de comercio exterior diferenciado para os PVD. O CNUCED pode ser definida como uma instancia de avaliação, estudos e deliberações sobre as questões envolvendo o desenvolvimento econômico e social dos países membros da ONU, com absoluta ausência de coercibilidade. A Secretaria responde pela administração da CNUCED, e suas funções compreendem a elaboração da pauta de reuniões do Conselho e da pesada organização da Conferência. O PNUD foi criado em 1965, com o objetivo de unificar as operações de ajuda ao desenvolvimento ja existentes, propondo racionalizar os programas multilaterais de pré- investimento. Trata-se de um programa de assistência técnica que objetiva oferecer condições para que os verdadeiros investimentos para o desenvolvimento sejam realizados. Para alcançar seu objetivos, pretende desenvolver e transferir tecnologias, formar recursos humanos, criar estruturas aptas para enfrentar os desafios de um política de desenvolvimento e auxiliar na identificação e aumento dos recursos naturais dos países- membros.O PNUD é colocado sob autoridade do ECOSOC e da Assembleia Geral, sendo dirigido por um Conselho Administrativo composto por 48 membros. O PNUD apenas financia, coordena e avalia os projetos que são executas por terceiros; aplica, portanto, a doutrina da institucionalização programática e da terceirização. O Resultado das Transformações O progresso socioeconômico dos PVD só podem ser alcançados pela solidariedade dos países industrializados, que contribuem apenas 0,4% de seu PIB para ajuda publica ao desenvolvimento. A transferencias desses recursos são feitas por acordos bilaterais, criando então submissão e dependência. A concessão obriga o concessionário a adquirir bens exclusivamente do país concedente. Outras ações da ONU A ONU transformou-se no único espaço onde se encontra a diversidade, sob todas as formas, do gênero humano. Anualmente, representantes dos Estados-membros se reúnem na Assembléia Geral, manifestando sua vontade de convívio internacional. 1. Processo de descolonização 2. O estabelecimento de normas e a defesa dos direitos do homem - 1948, Declaração Universal dos Direitos do Homem: direito à vida, à liberdade, segurança pessoal, proibição da escravidão e tratamentos desumanos, igualdade perante a lei, proibição de prisão arbitrária e do exílio forçado, propriedade, liberdade de pensamento, de consciência, de religião, de associação, de casamento e liberdade política. 3. Iniciativas humanitárias - Cruz Vermelha, FAO (alimentos, medicamentos e material sanitário), OMS, OIT. 4. As dificuldades para a manutenção da segurança e da paz internacionais Os limites do sistema O fenômeno da globalização serve de biombo para o discurso liberalizante e a pratica excludente dos países industrializados. A riqueza e o poder político-militar concentra-se num pequeno grupo de países que fecham-se aos contatos com a grande massa dos países pobres. Essas elites dirigentes não foram ainda convencidas pela ONU sobre a necessidade em praticar um mínimo de justiça social. A escassa eficiência da ONU é compensada por ampla e pesada burocracia. Dezenas de instituições são criadas, muitas com objetivos sobrepostos. Assim a ONU se transforma num imensa fabrica de letras. As instituições devem ser aperfeiçoadas, sobretudo o CS, com a introdução de novos membros permanentes. Deve-se introduzir, para certas matérias, o voto moderado na Assembleia. É necessário, também, reformar profundamente a burocracia da ONU. A vontade da ONU é simplesmente o desejo de seus membros mais influentes. Caso eles não se convenças de que a organização pode desempenhar um papel fundamental na reestruturação de um mundo mais pacifico e justo, prevalecerá o egoismo nacional. ____________________________________________________________ AS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS ESPECIALIZADAS - RICARDO SEITENFUS CONCEITO As organizações internacionais de carter técnico e administrativo sofreram, a partir da criação da ONU, uma dupla evolução. Esses organismos foram considerados como instituições especializadas da ONU. As organizações especializadas: 1) foram criadas por um acordo firmado entre Estados; 2) dotadas de amplas e reconhecidas atribuições nos assuntos relacionados em seu tratado constitutivo; 3) vinculam-se às nações unidas através de um acordo específico. Apesar dos laços formais com a ONU, as organizações especializadas não podem ser consideradas como sendo seus órgãos, tanto especiais quanto subsidiário. Elas conservam uma independência jurídica e de conteúdo. A autonomia das organizações especializadas coloca uma grave questão: como coordenar ações que se apresentam objetivos próximos ou semelhantes, como no caso das iniciativas do campo socioeconômico, se cada instituição especializada entende por preservar sua independência? Nestas condições a dificuldade em estabelecer funções e prioridades aceitáveis tem provocado uma dispersão de meios e uma luta por espaços, reduzindo sensivelmente seu nível de eficácia. BANCO INTERNACIONAL PARA RECONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO (BIRD) O Banco Mundial foi criado em 1944, juntamente com o FMI, através dos Acordos de Bretton Woods. Trata-se do principal organismo multilateral de financiamento ao desenvolvimento social e econômico, composto por 181 Estados. O FMI, por sua vez, presta somente uma ajuda monetária, e desempenha o papel de conselheiro sobre políticas públicas. O BIRD apresenta um caráter ambíguo. Por um lado, utiliza técnicas de um banco comercial, pois fornece recursos financeiros aos países membros cobrando juros e auferindo lucros que permitem a sua sustentação. Além disso, capta recursos no mercado de capitais e nas disponibilidades oferecidas pelos países-membros. Por outro lado, em razão de seus objetivos, pode ser apresentado como sendo um serviço público internacional, muito próximo das organizações internacionais clássicas. O BIRD é dirigido por um conselho de Governadores que representam todos os Estados-membros e um conselho de administração composto de 24 membros. O processo de tomada de decisão ocorre através do voto ponderado. Cada país-membro detém 250 votos, aos quais são adicionados os correspondentes às partes de capital. Para tanto, cada 100.000 dólares americanos de capital equivalem a um voto suplementar. O estatuto do BIRD indica, em seu primeiro artigo, que o objetivo perseguido é de ajudar a reconstrução e o desenvolvimento. O Plano Marshall e a reconstrução na Europa fizeram do BIRD, desde 1947, um banco voltado exclusivamente ao desenvolvimento. Todavia, o Banco deve somente facilitar o investimento privado através da concessão de garantias e de complemento de fundos. O objetivo dos investimentos deve restringir-se a fins produtivos, que possam auxiliar o desenvolvimento dos Estados, aumentar a produtividade e o nível de vida das populações. Os países que recorrem aos recursos do Banco Mundial devem reembolsar os empréstimos num prazo de 15-20 anos, com 4-5 anos de carência. A taxa de juros é menor do que a praticada no mercado privado de capitais. Além disso, via de regra, os projetos aprovados implicam a existência de uma contrapartida do país tomador de empréstimo. O BIRD iniciou uma uma política de financiamento de projetos produtivos de longo prazo - educação, reforma agrária, meio ambiente. Deflagrou também programas para formar recursos humanos nos países em via de desenvolvimento e aconselhou políticas públicas. FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL (FMI) Quando de sua criação, o FMI apresentava os propósito de auxiliar temporariamente os países-membros a eliminar ou reduzir desequilíbrios de sua balança de pagamentos e propiciar uma cooperação monetária internacional, para fornecer estabilidade ao sistema monetário. O FMI possui como funções: 1) assegurar a estabilização entre as moedas - central de câmbio.O Fundo detém uma conta junto aos bancos centrai dos países-membros em sua moeda nacional; 2) conceder facilidades aos ajustes econômicos. A adesão dos Estados ao Fundo é feita através das cotas-partes, ou seja, da contribuição financeira que cada país oferece para a constituição do capital disponível. Ao ingressar no Fundo, cada Estado recebe uma declaração de cota-parte cujo montante é proporcional ao valor da subscrição ao capital da instituição. Ela indica o valor do auxilio que o Estado poderá receber e, sobretudo, determina o peso de seu voto nas decisões do Fundo. Além de indicar o desempenho econômico de cada um dos Estados-membros, a divisão das cotas-partes determina a distribuição do poder de voto na instituição. Pode-se definir então, o FMI como uma sociedade por cotas ou ações, em que os acionistas majoritários detêm as rédeas institucionais. Cada Estado-membro dispõe de 250 votos aos quais é adicionado 1 voto suplementar para cara 100.000 dólaresamericanos de cota-parte. O voto é feito no Conselho de governadores, no qual cabe decidir sobre o orçamento, a admissão de novos membros e a revisão das cotas-partes. A Junta de Governadores é um órgão de grande relevo, composta de 24 representantes, é encarregado de delinear a política do Fundo. Originalmente, o FMI intervinha para manter a paridade das moedas dos Estados- membros. Nesse sentido, um Estado que desvalorizasse unilateralmente sua moeda poderia ser sancionado com a proibição de recorrer às reservas do Fundo. Além disso, através do FMI, os Estados poderiam comprar divisas para seus pagamentos internacionais e transferir capitais de forma controlada. A estrutura financeira do FMI articula-se através de um fundo comum ou Conta Geral, calculado na cota-parte de cada sócio. Foram criados ainda os Direito Especiais de Saques (DES). Eles formam uma conta especial, a disposição dos Estados que a subscreveram. Estes podem retirar, em caso de necessidade, recursos para equilibrar suas contas externas. O maciço ingresso de países em desenvolvimento levou o FMI a posicionar-se em relação às condições especificas dos novos parceiros. O fundo condiciona, nesses casos, a liberação de recursos à adoção de medidas de reforma estrutural dos países solicitantes, trata-se do programa de ajustes - que definem a política orçamentária, a emissão monetária, a taxa de câmbio, a política comercial e os pagamentos externos. Estas decisões são formalizadas através de uma carta de intenções, que o país entrega ao Fundo como compromisso que assegura o cumprimento de metas anuais. Esse programa cria o principio da condicionalidade que pode ser definido como um vínculo imperativo que o FMI estabelece entre a ajuda concedida e a garantia fornecida pelo Estado membro solicitante, em aplicar uma política econômica que resolva ou atenue seus problemas de pagamentos externos. Os recursos financeiros contratados somente serão liberados caso as metas definidas na carta de intenções sejam atingidas. O objetivo central do FMI consiste em reorientar a economia nacional a fim de melhorar a eficiência das despesas publicas e fazer com que seja honrada a divida externa. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMERCIO (OMC) No pós-Segunda Guerra, Roosevelt e Churchill mencionaram, na Carta do Atlântico, a necessidade de manter aberto o acesso ao comercio e as matérias primas do mundo, indispensáveis para a prosperidade econômica. O grupo preparatório da Conferência de Havana, do Conselho Econômico e Social da ONU, redigiu um Acordo Geral sobre tarifas e comércio (GATT). O GATT pode ser definido como um acordo comercial multilateral dinâmico. Trata-se de um rol de normas procedimentais sobre as relações comerciais entre os Estados-partes. Por outro lado, trata-se de um fórum de negociação comercial onde, através de instrumentos próprios à diplomacia parlamentar, de natureza comercial, procura- se aproximar posições entre os Estados partes. Procurando atingir a chamada igualdade de tratamento para os produtos de origem diferente, o GATT utiliza-se do princípio automático e incondicional da clausula da nação mais favorecida, com o propósito de fazer desaparecer as restrições ao livre comercio. Deverão diminuir as barreiras alfandegárias e as medidas de proteção de mercados, tanto as quantitativas quanto as não-tarifárias. O acordo significa um primeiro passo da liberalização do comercio mundial, que deverá ser progressiva. Para tanto, o GATT introduz a pratica de rodadas de negociações que se sucedem a cada período. O primeiro artigo do Acordo determina que qualquer vantagem, favor, privilegio ou imunidade concedida por uma parte contratante a um produto originário de outro País ou destinado a ele será concedida imediata e incondicionalmente a todo produto similar originário dos territórios de todas as demais Partes contratantes ou a elas destinado. O tratamento em matéria tributaria e fiscal dos produtos importados entre as Partes contratantes deve ser o mesmo concedido aos produtos internos. Finalmente, não será tolerada qualquer restrição quantitativa à entrada de produtos das Partes contratantes no território dos signatários. O GATT deu origem à OMC. A forma mais eficaz de dirimir um conflito de natureza comercial, entre os Estados partes da OMC, é acionar o seu sistema autônomo de solução de controvérsias (painel). Na primeira etapa, os países partes num suposto litígio são obrigados a proceder a consultas com vista aos esclarecimentos dos fatos e à definição de uma solução. Caso não a alcancem, o Diretor-Geral da OMC pode propor seus bons ofícios, uma mediação ou uma arbitragem. A ausência de acordo conduz o caso ao âmbito do mecanismo de solução de controvérsias estabelecido no tratado de Marrakesh. Situação em que o reconhecimento da jurisdição é prévio, e a decisão, uma vez cumprido o rito descrito, sem recurso, ou seja, é uma verdadeira e obrigatória jurisdição internacional. A progressiva redução dos entraves tarifários e não tarifários tem contribuído para um sensível incremento do comercio mundial, especialmente no caso dos países industrializados. Além das Rodadas de negociação, O GATT coloca à disposição das Partes Contratantes a assinatura de acordos e códigos com o objetivo de regulamentar o livre comercio. A OMC enfrenta quatro questões fundamentais , que condicionam a sua consolidação como ordenadora do comercio internacional. Em primeiro lugar, não ficou claramente estabelecida a proibição de tomada de medidas de represálias de forma unilateral; em segundo lugar, os países menos desenvolvidos continuam a reclamar um tratamento diferenciado, tanto no que diz respeito às tarifas que deverão proteger seu mercado quanto ao acesso aos mercados dos países desenvolvidos; em terceiro lugar, apesar da liberalização comercial, o desemprego continua em ascensão; enfim, os processos de integração econômica - União Europeia, Mercosul -, que são constituídos sobre a base de uma discriminação tarifaria com relação aos terceiros países, continuam a provocar dificuldades para um liberalização tarifaria ampla e sem restrições. Os objetivos da OMC são: incrementar a produção e do comercio de bens e serviços, trabalhar para assegurar o pleno emprego e aumentar os níveis de vida das populações dos países-membros, alem de reiterar o apoio ao desenvolvimento sustentável e o respeito ao meio ambiente. A estrutura da OMC possui como órgão máximo a Conferência Ministerial, em que todos os países tem assento. Ela se reunirá a cada dois anos, e sua responsabilidade consiste em coordenar os comitês de comercio e desenvolvimento, de restrições ao comercio motivadas por problemas na balança de pagamentos e o de assuntos orçamentários, financeiros e administrativos. Abaixo da Conferência está o Conselho Geral, órgão permanente, que está igualmente encarregado de examinar as políticas comerciais e propor- se como órgão de solução de controvérsia. Conta também com uma Secretária permanente. ____________________________________________________________ A ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA) - RICARDO SEITENFUS Condicionantes das Relações Interamericanas As relações interamericanas apresentam elementos que fundamentam e modelam de maneira profunda sua evolução através das organizações internacionais de alcance regional. Condicionantes: 1. grande disparidade entre os Estados da região. 2. construção e consolidação de um poder hegemônico - EUA 3. Grande dimensão espacial do continente, dificultando a formação de macrointeresses. 4. As expectativas e a materialização das políticas dos Estados em suas relações reciprocas possuem alcance diferenciado. 5. As ações estatais são marcadas por naturezas distintas: a dos EUA é ofensiva, e as dos outros Estados permanece defensivas. 6. dificuldade de afirmação dacooperação regional - oposição dos EUA 7. A matriz europeia no processo de colonização não constitui elementos suficientes para fomentar uma política de cooperação Origens das Organizações internacionais nas Américas As tentativas de organização passaram por três etapas: 1. fase do voluntarismo 2. fase das guerras mundiais 3. fase da organização institucional Nos anos 30, o anuncio de Roosevelt da chamada política de boa vizinhança, permite a abertura de uma nova fase no relacionamento dos EUA com a América Latina. Assim, em 1936, convoca-se uma conferencia pan-americana a ser realizada em Buenos Aires. O objetivo era consolidar a paz determinando como a paz pode ser mantida entre as Repúblicas americanas e impedindo o surgimento de qualquer ameaça estrangeira ao continente - Doutrina Monroe (América para os americanos). Em razão do fracasso da Conferência de Buenos Aires, na Conferência de Lima enfatizou-se os seguintes pontos: 1. reafirmação da solidariedade continental 2. princípios de segurança coletiva 3. defesa contra as ameaças externas do continente 4. reunião não-protocolar e urgente dos Ministros de R.E. quando uma situação continental ou extra-continental exigir. 5. não reconhecer as conquistas territoriais conseguidas por meio de coerção ou força 6. rejeição do conceito de minoria étnica, linguistica ou religiosa. Esses pontos foram considerados apenas como recomendações devido a oposição argentina. Ao reafirmas a solidariedade continental, o Estados se propõem a colaborar para defender a não intervenção estrangeira nas questões continentais. A Conferência previu também a convocação de reuniões extraordinárias dos ministros de R.E. sempre que a paz continental estiver ameaçada. A solidariedade está alicerçada no voluntarismo. O principio da segurança coletiva, ao contrário, repousa na concepção de que um ataque dirigido a um país membro da coalizão é considerado um ataque à própria coalizão. Portanto, a segurança individual passa a ser considerada segurança de todos. Assim, dirige- se à ação propriamente dita, e não apenas a intenção. A segurança coletiva implica na construção de mecanismo de atuação conjunta. As Conferência realizadas no período da 2a GM, visavam a neutralidade do continente para proteger a paz e estabelecer mecanismo de cooperação econômica continental, alem de estabelecer os destinos das colônias dos países derrotados na guerra localizados nas Américas. Outra coisa discutida foi a união da América a posição dos EUA, e a recomendação de rompimento das relações diplomáticas e financeiras com o Eixo Roma- Berlim-Tóquio. A ultima reunião desse período, ocorreu no México em 1945, com o objetivo de organizar as relações interamericanas no pós-guerra, em que se afirmou o respeito aos princípios da ONU, e se buscou, na Conferência de Bogotá, 1948, a definir uma reforma da União Pan-Americana, propiciando a criação de uma organização regional moderna e permanente. Objetivos e principios da Carta de Bogotá A IX Conferência adotou 3 textos: 1 sobre os princípios - Declaração dos Direitos do Homem -, um organizacional - Carta de Bogotá -, e um texto jurídico - O pacto, sobre os processos decisórios. Esses textos entraram em vigor em 1951 e fizeram surgir a OEA. Essa Organização tem o objetivo de lutar para preservara a paz e a segurança do continente. E para isso é necessário prevenir eventuais conflitos, e recorrer-se a uma solução pacifica dos litígios através da negociação, mediação, investigação, conciliação e arbitragem. Por outro lado, o principio da segurança coletiva é reiterado - legitima defesa coletiva. Os propósitos essenciais da Carta de Bogotá são: 1. garantir a paz e a segurança continentais 2. promover e consolidar a democracia representativa 3. prevenir as causas e assegurar a solução pacifica de controvérsias entre os membros 4. ação solidaria em caso de agressão 5. procurar a solução dos problemas politicos, jurídicos e econômicos, que surgirem entre os Estados-membros 6. promover, pela cooperação, o desenvolvimento econômico, social e cultural 7. Alcançar uma efetiva limitação de armamentos convencionais que permita dedicar a maior soma de recursos ao desenvolvimento econômico-social dos Estados-membros. A estrutura institucional da OEA A OEA apresentou duas experiências institucionais distintas; a primeira fase começa em 48 e termina com a reforma da Carta através do Protocolo de Buenos Aires, que entrou em vigor em fevereiro de 1970. A segunda fase iniciou-se com o Protocolo de Buenos Aires e perdura até hoje. O protocolo modifica substancialmente a Carta da OEA. Criando a Assembléia Geral (AG), reunida anualmente com representação de todos os países. É a Assembléia que decide sobre ações e política geral, define o orçamento, a estrutura e funções do conjunto da Organização. Cada Estado-membro possui um voto, e suas decisões são tomadas pela maioria absoluta, salvo na admissão de novos membros, que seria aplicada a regra dos 2/3. A Reunião dos Ministros das Relações Exteriores (RMRE), permaneceu com as mesmas funções consultivas. Reunindo-se quando surgirem problemas de caráter urgente e de interesse comum que coloquem em perigo a paz continental. Além disso é o órgão de ligação ente a OEA e o tratado interamericano de assistência reciproca (TIAR), servindo como instrumento de consulta. Já o Conselho sofre mudanças profundas, criando-se três conselhos distintos. O primeiro é o Conselho Permanente (CP), encarregado de velar pela manutenção das relações de amizade entre os membros. Todos os membros estão representados, e a presidência será exercida seguindo a ordem alfabética com mandato não superior a 6 meses. Deverá exercer funções de bons ofícios, e decidindo pela maioria de 2/3 propor soluções para os eventuais litígios, podendo constituir comissões ad hoc. Foi criado o Conselho Interamericano Econômico e Social (CIES) e transfere o vinculo do CP para a AG. Tem por finalidade promover a cooperação entre os países americanos com o objetivo de conseguir seu desenvolvimento econômico e social acelerado. Possui 8 membros. O Conselho Interamericano de Educação, Ciência e Cultura (CIECC) tem por finalidade promover relações amistosas e entendimento mutuo entre os povos da América, mediante cooperação e intercâmbio educacionais, científicos, e culturais entre os Estados- membros, para elevar o nível cultural de seus habitantes, reafirmar sua dignidade como pessoas, habilitá-lo para as tarefas do progresso e fortalecer os sentimentos de paz, democracia e justiça social. A Comissão Jurídica Interamericana (CJI) tem por finalidade servir de corpo consultivo em assuntos jurídicos, promover o desenvolvimento progressivo e a codificação do direito internacional; e estudar os problemas jurídicos referentes à integração dos países em desenvolvimento do Continente, bem como a possiblidade de uniformizar suas legislações. O protocolo cria ainda a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), cuja função é promover o respeito e a defesa dos direitos humanos e servir como órgão constitutivo da Organização em tal matéria. A proteção dos DH’s pode ser feita também pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, composta por 7 juízes de diferentes nacionalidades, eleitos pelo voto da maioria da Assembléia. Somente os Estados-Partes da Comissão tem direito de submeter caso à decisão da Corte. O Secretariado da OEA conta com 34 Estados-membros. A Carta considera os Estados juridicamente iguais, e que desfrutam de iguais direitos e de igual capacidade para exercê-los, e em deveres iguais. A inovação da OEA consiste na perfeita igualdade jurídica de seus membros. Essa experiência marca um sensível avanço em termos de democratização. A solução pacifica dos litígios e a institucionalização da Cooperação militar:o tratado interamericano de assistência reciproca (TIAR). O TIAR foi concluído no RJ em 1947, e ratificado em 1948. Pretende assegurar a paz por todos os meios possíveis, prover auxilio reciproco efetivo para enfrentar ataques armados contra qualquer Estado Americano e conjurar as ameaças de agressão contra qualquer deles. Assim, os Estados signatários condenam formalmente a guerra e se obrigam a não recorrer à ameaça nem ao uso da força. Os meios a serem utilizados pelo coletivo para se colocar um ponto final à uma agressão armada, são progressivos e cumulativos, resumindo-se em : retirada dos chefes de missão diplomática, ruptura das relações diplomáticas, ruptura das relações consulares, interrupção parcial ou total das relações econômicas, ou comunicações, emprego das forças armadas. Perspectiva da OEA A escassa eficácia da OEA, no campo da cooperação ao desenvolvimento e no de manutenção da paz e segurança regionais, foi indissociável da disponibilidade dos países membros em cooperar para o coletivo as Américas. Seu alcance limitado e a não-indicação dos meios para atingir os resultados esperados tendem a demonstrar que a OEA continuará a desempenhar um papel negligenciável nas relações interamericanas. ____________________________________________________________ RESUMO TEXTO: “A UNIÃO EUROPEIA APÓS A QUEDA DO MURO DE BERLIM: SUCESSOS E DESAFIOS” Introdução Esse texto trata dos efeitos da queda do muro de Berlim no processo de integração europeia, tentando perceber até que ponto o papel da UE no teatro das relações internacionais sofreu alterações em resultado das mudanças geopolíticas operadas após a queda do muro de Berlim. A União Europeia após a queda do muro de Berlim Por efeitos endógenos consideramos as alterações na natureza e no funcionamento das Comunidades Europeias (CE) ditadas pela Janela de oportunidades aberta pela queda do muro de Berlim. A causalidade encontra-se num fenômeno exterior ao processo de integração europeia, o que poderia levantar duvidas sobre a qualificação daqueles efeitos como endógenos. Os efeitos dizem respeito à natureza e ao funcionamento das CE, o que faz deles endógenos ao processo de integração europeia Efeitos Endógenos A Comunidade Econômica Europeia (CEE) foi criada em 1957. A primeira revisão da CE aconteceu em 1986, com o Ato Único Europeu programou-se o mercado interno para 01/01/1993, estendendo a liberdade de circulação de mercadorias. Na criação da primeira das 3 CE - Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA) - estavam presentes propósitos politicos de manutenção da paz, depois disso o processo de integração europeia orientou-se pelos parâmetros da integração econômica. A extinção do comunismo e a reunificação alemã inverteram o curso do processo de integração europeia, pois o mundo deixava de estar atormentado pela Guerra Fria. Por causa da reunificação alemã, a estratégia da CE passou a ser levar a Alemanha a fazer uma jura de fidelidade às CE através de uma salto quantitativo da integração europeia. O desanuviamento geopolítico e a desagregação dos regimes comunistas dos países dos Leste Europeu facilitaram a tarefa dos visionários de uma “Nova Europa”. Estava-s em fase preparatória para os trabalhos da conferência intergovernamental que iria estudar a segunda revisão dos tratados constitutivos. Com a queda do muro de Berlim o cenário se tornou tão favorável que nessa conferência estudaram as modificações relevantes no plano da integração econômica, e foi inscrito o objetivo da união política. A primeira conferência teve que estudar as condições para que a CEE pudesse avançar para a união econômica e monetária (UEM). O que fez com que o processo de integração passasse a circular numa velocidade vertiginosa. a mudança de estratégia da integração econômica tem como selo a queda do muro de Berlim. Em paralelo decorriam as negociações sobre a união política, marca visível da geopolítica pós queda do muro de Berlim. Conceitualmente, uma união política exige uma política externa e uma política de defesa comuns, assim como uma autoridade central dotada de poderes substanciais. Por isso foi pensada na criação de um federalismo, ideia rapidamente abandonada devido aos conflitos gerados em certos setores nacionais. A UEM, aprazada para 1997-1999, acrescentava dois pilares políticos: 1) a política externa e de segurança comum (PESC); 2) cooperação no domínio da justiça e assuntos internos (CJAI). Essa revisão dos tratados ficou conhecida como Tratado de Mastricht. Perante a relutância inicial da Alemanha em aceitar a união econômica e monetária, a CE e os restantes dos Estados Membros procuraram oferecer contrapartidas que assegurasse a adesão alemã. É assim que surge a união política - em particular a PESC -, uma vez que ofereceu-se aos alemães a possibilidade de participarem em missões militares no exterior sempre que fossem organizadas no âmbito da PESC. A Alemanha trocava soberania monetária por soberania militar. Outro efeito endógeno foi o alargamento da UE aos países do leste, justamente os países que transitaram do comunismo para a democracia e para a economia de mercado. A adesão era entendida como um alicerce do processo de transição desses países. Efeitos Exógenos O papel exterior da UE afirmou-se mais no plano econômico, em resultado da criação da UEM; a união monetária foi produto do ajustamento à globalização e à autonomização dos mercados em relação ao processo político. A união monetária conseguiu ser um espaço de estabilidade macroeconômica e gerou uma moeda única que passou a ter visibilidade internacional, se impondo e passando a rivalizar com o dólar e com o iene. Fora do âmbito econômico, os efeitos exógenos são limitados. A UE desperdiçou algumas oportunidades de se afirmar externamente, marcando sua presença em conflitos bélicos, por não conseguir unanimidade dos países, mostrando que a PESC é mais um catálogo de intenções do que um roteiro de ação - uma vez que os interesses nacionais sobrepõe-se sempre que as divergências entre os países europeus falam mais alto. A UE desapareceu diante do protagonismo dos grandes estados membros, e a intervenção dos EUA. Desunida na frente diplomática e com pouco interesse em ir alem de operações de cosmética no plano militar, a UE não conseguiu se afirmar externamente no mundo saído dos escombros do comunismo. A ordem bipolar fora substituída, então, por uma ordem unipolar, como os EUA como superpotência dominante. A União Europeia: Ainda um anão, ou um gigante eternamente prometido? A UE é um gigante econômico mas continua a ser um anão político. Há sucessos associados às condições geradas pelo fim da ameaça comunista. Todavia, localizam-se na vertente da integração econômica, daí resultando o agigantamento da Europa econômica. Em contrapartida, o nanismo politico foi determinado pelo insucesso da UE pela incapacidade em ser um ator internacional. Sendo certo que a transformação das CE na UE acrescentou lastro político à integração europeia, não se pode perder de vista que os Estados membros são as unidades fundamentais do processo. Ou seja, a soberania continua a residir nos Estados membros. Os interesses nacionais mantém um peso determinante na configuração do processo de integração europeia. É aqui que confluem as soberanias nacionais com as diferente culturas do países pertencentes à UE - Unidade na Diversidade (lema da integração). Talvez seja excessivo olhar para a timidez da PESC e diagnosticar um fracasso da integração europeia. A unanimidade é a regra de deliberação na PESC, para que assim fiquem salvaguardados os interesses nacionais sempre que eles sejam divergentes e dessa divergência resulte um atropelo dos interesses do país em causa. A UE é incapaz de falar a uma só voz no âmbito das relaçõesinternacionais, atendendo ao contexto do peso dos interesses dos Estados no plano das relações externas e na vertente militar. Assim, não se pode esperar que a UE seja comparável a um Estado- nação. A UE tem chamado a si o papel de mediador de conflitos, e encarrega-se de missões de pacificação de palcos martirizados por conflitos bélicos. Se a UE for exemplar no desempenho desse papel de mediação, ela não pode ser vista como um anão político. Conclusão A derrocada do muro de Berlim fez mais pelo processo de integração europeia do que a UE fez pelo mundo, devido a preponderância dos efeitos endógenos sobre os exógenos. A assimetria entre a união econômica e a política não diminuo os sucesso alcançados pelo processo de integração europeia desde que o comunismo entrou em colapso. ____________________________________________________________ A UNIÃO EUROPEIA NO INÍCIO DO SÉCULO XXI: EXPANSÃO GEOGRÁFICA, INDEFINIÇÃO POLÍTICA E IRRELEVÂNCIA ESTRATÉGICA Introdução A União Europeia ajudou a trazer paz e estabilidade para Europa, além de ter um Estado de bem-estar social muito bom. Contudo, qualidade de vida não significa relevância como ator internacional e/ou participação nos processo decisórios que afetam a vida de todos os Estados e sociedades dentro de um mundo globalizado. Assim, o projeto europeu sempre foi dar paz e prosperidade aos seus membros e ser um instrumento que permitisse a Europa recuperar o seu antigo poder de influencia mundiais. Esse texto procura analisar os esforços da União Europeia para se constituir um ator internacional relevante na ultima década. A expansão geográfica: até onde vai a Europa? Originalmente a UE consistia de seis Estados membros - Alemanha Ocidental, Itália, França, Bélgica, Luxemburgo e Holanda. Ela cresceu progressivamente, em 1973 - Reino Unido, Irlanda e Dinamarca -, em 1981 - Grécia -, 1986 - Espanha e Portugal. Nos anos 90, com a queda do bloco soviético, a União europeia incorporou a Alemanha Oriental e vários dos antigos Estados neutros (Suécia, Finlândia e Austria). Em 2004, o numero de Estado pertencentes a UE passou de 12 para 25, e atualmente possui 27. Isso deve-se a expansão da UE para a Europa Oriental. É provável que a futura definição da Europa acabe por mesclar vários componentes. A geografia deve pesar e a futura UE possivelmente, se definira como um condomínio de nações de origens cristãs e ocidentais, defensoras do desenvolvimento econômico, da democracia e dos direitos humanos. mas restrita ao espaço entre o mundo eslavo e o Atlântico. Através da Turquia, também o Cáucaso e a Ásia Central sentirão a força da Europa. Esse processo de expansão é um dos grandes atrativos e poderes da UE para sua atuação no mundo; ela seduz pela prosperidade e pela promessa de integração no bloco, o que facilitou a estabilização de boa parte da Europa oriental depois da queda do comunismo. A sedução de ser membro da UE é fundamental para a atuação internacional e, especialmente, regional da UE. No entanto, os limites desse poder são claros. Os países da UE são majoritariamente cristãos e brancos, um pré-requisito que nunca deve ser mencionado, mas que, lá no fundo, está sempre presente. Dessa forma, a sedução de ser membro da UE só funcionará enquanto houver países adequados para a integração. Essa expansão da União também traz outros problemas. Os custos de absorção, tantos financeiros, como sociais são altos e isso pode diminuir o ímpeto europeísta em vários países. Do mesmo modo, há riscos imensos de que ela acabe por gerar uma estrutura ampla geograficamente,mas com laços frouxos entre si, amplificando problemas já existentes hoje. Nesse caso, a futura UE seria apenas uma frouxa confederação de Estados unidos por uma moeda única e um mercado comum e inoperante, em termos globais, por total incapacidade de coordenar políticas externas e mesmo internas. Indefinição política: federação ou confederação? A UE constitui-se num ambicioso projeto de engenharia política, o qual, em ultima instancia, deveria unificar o continente europeu. Examinaremos, inicialmente, o que a UE é hoje em termos internacionais. Primeiramente, fica claro como os Estados europeus cederam parte razoável de seus poderes para a entidade, sendo a criação do Banco Central europeu e do euro exemplos disso. Além disso, renunciaram o direito de resolver suas disputas uns com os outros pela guerra. No entanto, nenhum dos Estados membros abdicou de uma política externa independente e eles também conservam a soberania de seus territórios. Como a UE ainda é apenas uma associação de Estados soberanos, não podemos dizer que ela tenha rompido completamente com padrões anteriores. O grande divisor de águas na Europa será o momento de transferencia de soberania dos Estados nacionais para a União, com a unificação dos sistemas judicial e eleitoral, da polícia, das forças armadas, da política externa, de imigração, etc. e a formação de uma federação. Será a partir desse momento que surgirá, ou não, algo radicalmente novo no continente. Esse passo radical pode muito bem não se dar e, nesse caso, a Europa continuará a ser a confederação de Estados que é hoje. O que deve ser a tendência, uma vez que os Estados europeus possuem resistência em cedes sua soberania. A condução da política econômica depende do poder político, e não há um único governo europeu, por isso, a medidas tomadas pela UE para conter a crise do Euro não foram totalmente eficazes, uma vez que a política econômica comum não pode ser substituída pela monetária. Assim, a fragilidade institucional da Europa acaba tendo reflexos econômicos e isso, por sua vez, pode abalar a crença no projeto como um todo. Do mesmo modo, sem um governo comum que conduza a política externa e forças militares unificadas, o peso da Europa tende a ser naturalmente menos, o que leva ao problema da irrelevância estratégica, com todas as suas consequências. Irrelevância militar estratégica O projeto da UE tem três objetivos chave: impedir novas guerras no continente, garantir a prosperidade dos seus povos e recuperar a relevância internacional do continente. O dois primeiros parecem garantidos, mas o terceiro está longe de ser atingido. Frente ao poder americano, a Europa já se demonstrou quase irrelevante em varias questões chave dos últimos anos e o grande temor é que, com a ascensão estratégica de China, Brasil e outros poderes, a influência europeia diminua ainda mais. A relativamente pequena capacidade europeia em fazer valer a sua voz no cenário mundial deriva de vários fatores: a lenta decadência econômica e demográfica do continente o faz perder peso frente aos emergentes; incapacidade em criar uma política externa comum; falta de um instrumento militar adequado para ação internacional. A falta de um poder militar adequado realmente é um limitado de peso na ação internacional da Europa. Não há duvidas de que uma unificação das forças armadas europeias seria uma maneira, talvez a única, de dar a Europa uma capacidade de defesa mais apropriada. A união delas poderia produzir uma estrutura mais enxuta, com menos burocracia e órgãos administrativos, economia graças ao aumento de escala em aquisições e manutenção e, acima de tudo, mais efetiva pela simples combinação de recursos. Essa unificação vem ocorrendo. O europeus tem imensa experiência em missões conjuntas, além de estar abordando regularmente o tema da defesa, legislando a respeito, e desenvolvendo programas e aquisição comunitários de armamentos comuns. Apesar disso ser um imenso progresso, as limitações ainda são imensas. O principal problema é que as forças armadas respondem a estratégias nacionais de defesa separadas e obedecem as ordens de Estados diferentes, que nem sempre concordam com uma ação específica. Voltamos, assim, a questãoanterior, ficando claro como só a unificação política pode permitir uma real unificação das políticas externas e das forças armadas, e como consequência, uma maior capacidade europeia em contar no mundo. Conclusão A Europa tem o melhor nível de vida do mundo devido seus generosos investimentos sociais e a distribuição de renda. Isso é positivo, mas em compensação, isso favorece o envelhecimento e a contração populacional e exige uma concentração de recursos no social que priva os Estados dos recursos para uma ação mais incisiva no mundo. Ela conseguiu também criar um ambiente pacífico num continente tradicionalmente militarista e tornar a perspectiva de guerra algo distante da maioria. Mas a aversão a guerra também torna os europeus muito mais refratários a pagar o preço inevitável para quem quer contar em termos globais. A força cultural e econômica da Europa ainda dará visibilidade e voz ao continente por muitas décadas, mas dificilmente ele retornará ao seu período de supremacia do inicio do século XX. Depois de séculos de guerras civis no continente e de muito sangue derramado pelo mundo, os europeus não parecem dispostos a pagar o preço pela independência e por terem voz nos assuntos mundiais. ____________________________________________________________ RESUMO TEXTO A DIMENSÃO MULTILATERAL DO MERCOSUL A analise do multilateralismo como variável condicionante do processo negociador do Mercosul requer, em primeiro lugar, que se considerem o modo como essa multilateralização se produziu, bem assim o contexto, os interesses, os objetivos e os fatores que concorreram para tanto. Além disso é preciso ultrapassar o sentido estritamente formal do multilateralismo, relacionado ao numero de atores envolvidos no processo negociador, para considerar sua dimensão substantiva como fonte de elementos específicos para a analise de sua influencia como dimensão estruturantes. Do bilateralismo à multilateralização: contexto e interesse na incorporação do Uruguai e do Paraguai Com o mandato político da criação de um mercado comum entre o Brasil e a Argentina, formalizado na Ata de Buenos Aires, de junho de 1990, desencadeou-se o processo de negociação que conduziria à assinatura do ACE 14, no âmbito da Aladi, e em um segundo momento, à multilateralização do processo refletida no Tratado de Assunção, de março de 1991. O objetivo fundamental do Brasil e da Argentina era consubstanciar as decisoes políticas da Ata de Buenos Aires, de modo a permitir a implantação do processo de liberalização comercial entre os dois países no curto prazo. A multilateralização do processo de interação, que vinha sendo conduzido bilateralmente produziu-se, em primeiro lugar, com a mudança de postura do Uruguai. Da assinatura dos primeiros protocolos bilaterais até a assinatura da Ata de Buenos Aires, 1986-1990, o Uruguai manteve-se como observador, vinculando-se por meio de alguns dos protocolos setoriais bilaterais. No entanto, já havia manifestado repetidamente o interesse em incorporar-se de modo pleno. Assim, houve 3 encontros presidenciais tripartite entre 1986-87, que discutiram formas de associação do Uruguai ao processo bilateral. Com esses acordos, o Uruguai havia procurado, além do acesso privilegiado aos mercados dos seus dois principais parceiros econômicos, consolidar instrumentos que tornassem natural sua participação em entendimentos entro o Brasil e a Argentina em matéria econômica e com tratamento diferenciado, evitando, ser levado pela força da integração de seus vizinhos. A diplomacia presidencial, no entanto, não resultou, naquela fase, em nenhum avanço efetivo quanto à incorporação do Uruguai nos termos que ele pretendia. As perspectivas brasileira e argentinas eram a de buscar uma forma de envolvimento do Uruguai que não descaracterizasse o processo bilateral e que não implicasse a diluição ou perda da capacidade de sua conduto a partir do eixo bilateral original, tampouco a necessidade de estender tratamento diferenciado ao Uruguai para alem dos acordos já existentes, uma vez que a relação Brasil-Argentina vinha sendo conduzida com os princípios da simetria e da reciprocidade. Sarney e Alfonsín acordaram com o uruguaio Sanguinetti, em 1988, a gradual associação do Uruguai ao processo de integração bilateral. A participação do Uruguai seria instrumentalizada de acordo com os graus e modalidade que conviessem a cada caso. Decidiu-se também que a participação tripartite seria regida pelos princípios, também, da reciprocidade e simetria. Formou-se uma forma de associação parcial, sendo infrutíferos os esforços uruguaios de tornar trilateral o processo de integração e de nele manter condição privilegiada, em razão de seu menos tamanho. O foco maior de resistência foi o Brasil, que não queria reproduzir a experiência da Aladi - não reciprocidade. Com Collor e Menem, Brasil e Argentina alteraram partes dos acordos. Esses tinham a intenção de formalizar o compromisso de estabelecer um mercado comum no prazo de 5 anos, e não mais de 10. Sabendo disso, o presidente uruguaio, Localle, determinou uma mudança de posicionamento de sua chancelaria e passou a atuar ativamente de modo a alterar a condição marginal do Uruguai e seu status de observados no processo, defendendo a plena e imediata incorporação ao mesmo, o que se transformou em prioridade da pex uruguaia então. O Governo Sarney, havia se mantido fiel à concepção da integração que privilegiava a Argentina e resistiu às propostas formuladas por ela, no inicio do Governo Menem, de estender a iniciativa ao Chile. A partir da posse de Collor, o Brasil reviu sua posição, admitindo incorporar outros países, desde que a incorporação estivesse condicionada à aceitação dos princípios, formas, prazos e mecanismo já pactuados bilateralmente com a Argentina. Com isso, estruturaria-se um bloco comercial que lhe serviria de plataforma de inserção externa e de maior projeção. Obs.: Collor defendia interesses liberais. Brasil e Argentina, se reuniram em Buenos Aires em 1989, ocasião em que acordaram uma serie de iniciativas de integração, envolvendo a criação de empresas binacionais, cooperação no setor energético e fluvial, instalação de comitês de fronteira e operação de terminais de combustível. Se reuniram também em novembro do mesmo ano, em que firmaram o Acordo de Complementação Econômica e acordos de cooperação no campo energético. A possibilidade de incorporar outros países ao países ao processo - Uruguai e Paraguai - também permitiria à Argentina cumprir importantes objetivos em relação ao Brasil - lidar com seu protecionismo e diluir o peso relativo do Brasil na condução do processo de integração. O Chile também foi convidado por iniciativa argentina, entretanto, esse país optou por não participar da integração. Criando-se então acordos bilaterais entre Chile e Argentina. Em contrapartida, o Brasil, para ampliar sua influencia política no blog em formação, passou a defender a inclusão do Paraguai. Na agenda bilateral Brasil-Paraguai estavam postas questões energéticas e diversas outras relacionadas ao comercio fronteiriço. A inexistência de disciplina comercial por parte do Paraguai, percebido como fator de vulnerabilidade para o Cone Sul, terminou por consolidar o interesse brasileiro em incorporar o Paraguai para das maior envergadura ao bloco em formação. A incorporação formal e plena do Uruguai aconteceu em setembro de 1990, e a pronta aceitação pelo governo paraguaio do convite para incorporar-se ao processo de integração, e a opção chilena de não se vincular, terminaram por definir a composição quadripartite com a qual surgiria o Mercosul. Denota-se, então, que o Mercosul resultou da confluência de dois fatores imediatos, o anúncio da IPA - fator exógeno, e os esforços do Uruguai em se juntar ao processo de integração.Depreende-se que as motivações do Br a da Arg, no sentido da absorção do Paraguai e do Uruguai, bem como a do Chile, apesar de serem distintas, possuíam um substrato comum que outorgou o impulso definitivo à multilateralização do processo de integração. Tendo em vista o contexto que se esboçava na AL, a expressão multilateral com que surgiu o Mercosul respondeu mais a injunções e interesses políticos que a considerações de ordem econômica ou afeitas à dinâmica do próprio processo de integração. Para o processo de negociação, isso implicou a necessidade de encontrar uma formula de harmonizar os interesses e o peso político dos dois sócios maiores com as expectativas de benefícios dos países menores, de modo a evitar que eventuais frustrações viessem a minar a vitalidade e credibilidade do processo. Assim, a tomada de decisão dependia do consenso. A regra do consenso como critério fundamental para a tomada de decisão conferia legitimidade e credibilidade, além de ser um elemento nivelador das acentuadas assimetrias entre eles, constituindo uma característica definidora do multilateralismo dentro do Mercosul. Para a Argentina e principalmente para o Brasil, o preço a pagar pela ampliação da escala de negociações traduzia-se, no que tange à tomada de decisões, na abdicação de qualquer critério de ponderação de seu peso relativo no bloco. A Dimensão Substantiva do multilateralismo: Princípios, normas e procedimentos na negociação do Mercosul. O multilateralismo, como condicionante estrutural do processo de negociação do Mercosul, representa dimensão associada não apenas ao numero das partes. O multilateralismo consubstancia dimensão institucional, configurada pela existência de princípios e valores orientadores do comportamento das partes, empregados por essa para tratar de problemas de coordenação e colaboração e para tomar decisões e atuar conjuntamente no plano da integração sub-regional. A dimensão multilateral, levando em consideração o numero de países do Mercosul, 4, trouxe elementos significativos. Facilitou a manutenção do conjunto de iniciativas desmanchadas pelo Brasil e Argentina, que terminaram por configurar a espinha dorsal do processo de integração; além disso facilitou a operacionalização do processo decisório baseado no consenso, permitindo que os países pudessem negociar para tentar alcançar resultados equilibrados; por fim, o pequeno numero de países participantes do processo negociador contribuiu para restringir a possibilidade de formação de coalizões e alianças táticas, contribuindo assim para a preservação do eixo Brasil-Argentina como fundamento da integração. Entretanto, não se deve considerar apenas o aspecto nominal do multilateralismo, mas também a dimensão qualitativa, que é aquela que o distingue de outras formas organizacionais de coordenação de políticas nacionais entre três ou mais Estados. A que define o tipo de relação institucionalizada entre os membros com base em princípios, normas e procedimentos que instrumentalizam suas relações mutuas, orientam seu comportamento e a tomada de decisão no processo negociador. A consagração da democracia como valor político fundamental para a integração, com sua transposição para o plano multilateral no Mercosul, teve incidência e consequências diretas para o processo de integração e para o relacionamento entre os 4 países. A integração, então, viria a configurar uma importante dimensão da estratégia e um espaço de construção e consolidação da democracia em âmbito sub-regional. Na perspectiva do processo de negociação, uma consequência direta do primado da democracia como valor político diz respeito à maior acessibilidade e permeabilidade por parte dos governos na formação de posições de negociação e na condução política do processo de integração às expectativas e demandas de distintos setores domésticos. Ao lado do primado da democracia, um segundo principio herdado da etapa bilateral e reafirmado com o Mercosul foi o gradualismo, ênfase dada à consecução de objetivos no plano comercial em prazos delimitados como etapa e condição previas para se alçar níveis mais profundos de integração. A fixação, no Tratado de Assunção e no Cronograma de Las Leñas, de metas a serem alcançadas dentro de prazos definidos e limitados representou elemento de forte impacto para as negociações, na medida em que se definia a agenda sobre a qual os negociadores deveriam concentrar-se imprimindo às negociações um ritmo intenso. A negociação multilateral esteve, portanto, condicionada e impulsionada pela necessidade de cumprimento de metas e prazos. Em decorrência dessa sistemática, a orientação política do processo e os próprios parâmetros e prazos estabelecidos, assim com a metodologia de desgravação tarifária, se tornaram temas não negociáveis; o que retirou a possiblidade de que qualquer parte pudesse buscar rediscutir ou reformular os termos de sua participação no processo de integração, tornando menos suscetível a inflexões emanadas de pressão ou resistências domesticas ou a mudanças de posição dos governos. A delimitação de prazos estritos para a consecução de metas e dos objetivos pactuados representava também a contrapartida a qualquer sentido protelatório que o gradualismo pudesse induzir, e manifestava a disposição política dos membros de não reproduzir no âmbito do Mercosul, os erros que haviam conduzido o processo de integração da Aladi a uma condição de inoperância. Em síntese, o gradualismo não deveria fomentar o descomprometimento, mas deveria representar elemento de reforço e viabilização dos compromisso assumidos conjuntamente. Pelo principio da reciprocidade, procurou se estabelecer condição de isonomia entre os países do Mercosul em relação aos compromisso assumidos, independentemente de seu grau de desenvolvimento relativo. Era um princípio que tinha também expressão no campo político, uma vez que restringia a possibilidade de que os dois países menores pudessem adorar, com êxito, estratégia pendular ante dois sócios maiores. Contudo, o principio foi flexibilizado na fase final do período de transição, como o regime de adequação à tarifa externa comum, adotado em 1994. Outro principio é o da flexibilidade, não incorporado plenamente ao Mercosul. Os governos dos países do Mercosul, por um lado, acordaram um esquema de integração mais rígido quanto à forma de operacionalização, ao mesmo tempo procuraram garantir a preservação de amplos espaços de soberania, retratado na delimitação da arena comercial como o principal espaço de promoção da integração, na recusa à criação de instâncias supranacionais, na firme defesa de um arranjo institucional intergovernamental e nas diferenças substantivas de orientação de políticas domesticas e também de políticas exteriores entre os dois países naquele mesmo período. Assim, a pouca flexibilidade dos instrumentos de integração encontrava contrapartida na preservação da prerrogativa de atuar com discricionalidade em areas e temas não alcançados pelos instrumentos de integração na fase considerada e que se restringiu fortemente à esfera comercial. A tomada de decisão, consenso, implicava, teoricamente, que qualquer as partes usufruiria de poder e veto. A questão que se coloca, no entanto, diz respeito à capacidade real para fazê-lo, que não se desvincula da avaliação dos custos que a dissensão representaria. Esses custos afiguravam-se maiores para os dois sócios menores, uma vez que o bloqueio do processo decisório, por ele, em temas fundamentais para a construção do Mercosul, poderia implicar dificuldades para a consecução de seu interesse principal - garantir acesso privilegiado aos mercados dos dois sócios maiores. Desse modo, a capacidade do exercício do poder de veto dentro do esquema consensual, estava desigualmente distribuída em favor dos dois sócios maiores.