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Brasília-DF. LegisLação apLicada a engenharia de segurança do TrabaLho Elaboração Luiz Roberto Pires Domingues Junior Paulo Rogério Albuquerque Oliveira Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 5 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7 UNIDADE ÚNICA LEGISLAÇÃO E NORMAS ..................................................................................................................... 11 CAPÍTULO 1 HIERARQUIA DAS LEIS ............................................................................................................. 11 CAPÍTULO 2 SEGURIDADE SOCIAL ............................................................................................................. 16 CAPÍTULO 3 LEGISLAÇÃO TRABALHISTA ...................................................................................................... 49 CAPÍTULO 4 ADICIONAIS ........................................................................................................................ 104 CAPÍTULO 5 VISÃO ACIDENTÁRIA DA SAÚDE DO TRABALHADOR ............................................................... 108 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 148 4 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico- tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 5 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Praticando Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer o processo de aprendizagem do aluno. 6 Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Exercício de fixação Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/ conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não há registro de menção). Avaliação Final Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber se pode ou não receber a certificação. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 7 Introdução “Ubi societas, ibiius1” Luiz Roberto Pires Domingues Junior Figura 1. Monólito com o Código de Hamurabi. Fonte: http:// arqueologiabiblica13.blogspot. com/2010/04/codigo-de- hamurabi-comentado.html O homem é um ser gregário, necessitando da convivência de outros de sua espécie para sobreviver. Enquanto o homem estava no estágio nômade de seu desenvolvido evolutivo os grupos humanos contavam com no máximo poucas dezenas de indivíduos, sendo fácil estabelecer uma relação de poder e de divisão de tarefas dentro do grupo. Com a descoberta da agricultura e o consequente assentamento do homem, estes grupamentos cresceram substancialmente tornando mais complexa a sociedade, pois a demanda de homens destinados a promover a sustentabilidade do grupo diminuiu, “sobrando” mão de obra para outras atividades – artesanato, construção, comércio, administração pública..., inclusive com a ampliação da influencia geográfica deste grupamento. No início a estruturação das normas se deu com a organização e a sistematização dos costumes presentes em uma sociedade. A esta organização dos costumes em norma legal é dado o nome de Direito Consuetudinário 2. A primeira sistematização dos costumes que se tem conhecimento é o código de Ur- Nammu na Suméria em 2100 a.C., seguido do Código de Hamurabi em 1.700 a.C. 1 Onde há sociedade, há o direito. 2 No direito consuetudinário, as leis não precisam necessariamente estar num papel ou serem sancionadas ou promulgadas. Os costumes transformam-se nas leis. É importante a distinção entre uso e costume, uma vez que, para se falar num costume, é preciso observar se há prática reiterada e constante (relativamente a alguma matéria), tendo de estar associada a convicção de obrigatoriedade. O costume é então constituído pelo elemento material, o uso, e pelo psicológico, a convicção de que o comportamento adotado é, de fato, obrigatório. http://pt.wikipedia.org/wiki/Consuetudinário. Exemplos: a. Fazer Fila em um local onde há um número grande de pessoas para um único atendente. Considera-se a fila uma forma de organização, mesmo não estando prevista em lei. B.Cheque pré-datado. Muito usado no Brasil, não é expresso em lei escrita, senão somente na lei usual. É o senso comum, os costumes da sociedade. 8 Código de Hamurabi – 1700 a.C. Possuía 283 artigos e alguns com aplicação até os dias de hoje, como, por exemplo, o seu art. 1o que determinava: “Se alguém enganar a outrem, difamando esta pessoa, e este outrem não puder provar, então aquele que enganou deve ser condenado à morte”X Constituição Federal do Brasil de 1988: art 5o inciso V – “é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem”. Tratava de questões que ainda hoje são tabus em nossa sociedade: art. 154 “se alguém conhece a própria filha, deverá ser expulso da terra.” E indicava diretrizes de conduta pessoal que são extremamente atuais: 1. os preços: os honorários dos médicos variam de acordo com a classe social do enfermo; 2. os salários variam segundo a natureza dos trabalhos realizados; 3. a responsabilidade profissional: um arquiteto que construir uma casa que se desmorone, causando a morte de seus ocupantes, é condenado à morte; 4. o funcionamento judiciário: a justiça é estabelecida pelos tribunais, as decisões devem ser escritas, e é possível apelar ao rei; 5. as penas: a escala das penas é descrita segundo os delitos e os crimes cometidos. A lei de talião3 é a base desta escala. O Império Romano estabeleceu duas codificações: a lei das XII tábuas e o Corpus Juris de Justiniano. Do império romano até meados do século XVIII, não houve evolução na prática da sistematização das leis, predominando o Direito Consuetudinário. Em 1804 é publicado o primeiro código moderno: O Code Civil dês Français, elaborado por Napoleão Bonaparte e até hoje base do Direito Civil Francês e de grande influência no Direito Brasileiro. Objetivos: » Apresentar toda a legislação atinente ao campo de engenharia de segurança no trabalho. » Observar a hierarquia das leis e focalizar as legislações sindicais, acidentárias e previdenciária. » Conceituar responsabilidades e atribuições civis e criminais, técnicas de preparo de normas e elaboração de instrução e ordens de serviços relativos à engenharia de segurança. 3 Consiste na rigorosa reciprocidade do crime e da pena — apropriadamente chamada retaliação. Esta lei é frequentemente expressa pela máxima olho por olho, dente por dente. É uma das mais antigas leis existentes. 9 » Analisar as convenções e recomendações da O.I.T., da C.L.T. e do trabalho da mulher e do menor; a importância da utilização de normas técnicas internas para a engenharia de segurança; as normas nacionais e internacionais relativas à segurança e à saúde do trabalhador; as portarias normativas e outros dispositivos; e a utilização do poder de embargo e interdição. 10 11 UNIDADE ÚNICALEGISLAÇÃO E NORMAS CAPÍTULO 1 Hierarquia das leis Com as sociedades tornando-se cada vez mais complexas, o simples ordenamento legal dos costumes tornou-se insuficiente para o regramento das relações, assim surgiram diversas categorias de diplomas normatizadores, com características singulares e campo de atuação distinta, tanto de eficácia como de cobertura geográfica. Michel Temer4 estabelece que uma espécie normativa é hierarquicamente inferior a outra quando aquela encontra seu fundamento de validade, sua razão de ser, nesta. De outra forma, podemos considerar o processo legislativo ou normativo a que a norma está sujeita, quanto mais qualificado for sua aprovação, mais ascendente é a norma. No Brasil, apresenta-se a seguinte estruturação hierárquica de nosso ordenamento jurídico. I. Constituição ou Carta Magna: É o conjunto de leis (codificadas ou não) que define as características políticas fundamentais (república X monarquia; presidencialismo X parlamentarismo; sistema de representação política etc.), os princípios políticos (organização de partidos políticos), os princípios sociais (art. 5o Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade), e estabelece a estrutura, os procedimentos, os poderes e os direitos, de um governo. A Constituição é a lei máxima de nosso País. Ela determina as relações presentes na sociedade, define os direitos e deveres dos cidadãos e impõe os limites para que a vida em comunidade seja possível. 4 Constitucionalista e Vice-Presidente da República. 12 UNIDADE ÚNICA │LEGISLAÇÃO E NORMAS Nenhuma outra lei, código, medida provisória ou decreto pode entrar em conflito com o que está estabelecido no documento promulgado em 1988. Fonte: <http://www2.planalto.gov.br/presidencia/legislacao> Trata-se da Lei Maior, a sua alteração necessita, no caso brasileiro, de rito legislativo específico, isto é, precisa da convocação de uma assembleia constituinte, em que os legisladores serão escolhidos com este objetivo principal. II. Emendas à Constituição: Leis que alteram a Constituição. A própria Constituição em seu art. 60 disciplina a figura da Emenda à Constituição. Como trata-se de dispositivo que altera a estrutura da Lei Maior, o quorum para a sua apresentação é qualificado (necessita de 1/3 dos membros da câmara e/ou do senado ou de iniciativa do Presidente da República), assim como a sua aprovação: A proposta de emenda constitucional será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros (art. 60, § 2o, da Constituição Federal). Dessa forma, ressalte- se o quorum diferenciado para aprovação, bem como a necessidade de dupla votação em cada Casa Legislativa. Não existe participação do Presidente da República na fase constitutiva do processo legislativo de uma emenda constitucional, uma vez que o titular do poder constituinte derivado reformador é o Poder Legislativo. Assim, não haverá necessidade de sanção ou veto. Disponível em: <http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=964> III. Leis complementares: São leis destinadas a complementarem a Constituição, por determinação expressa do legislador constituinte5, situando-se em nível intermediário entre a Constituição e a lei ordinária. É possível que a lei ordinária venha a regulamentar os aspectos decorrentes de lei complementar, tendo de manter aí a predominância da lei complementar, de quorum superior. Para aprovar-se uma lei complementar, é necessária a aprovação por maioria absoluta dos membros da casa legislativa, ou seja, “a metade mais um”. Por exemplo, na Câmara dos Deputados existem 513 deputados, assim, o projeto somente é aprovado pelo voto da maioria absoluta dos membros: 258 votos, segundo o que determina o art. 69 da CF/88. 5 Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar. 13 LEGISLAÇÃO E NORMAS│ UNIDADE ÚNICA IV. Leis Ordinárias: Leis comuns, formuladas pelo Congresso Nacional (na área federal), pela assembleia legislativa (estadual) ou pela câmara dos vereadores (municipal). A lei ordinária diz respeito à organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, à nacionalidade, à cidadania, aos direitos individuais, políticos e eleitorais, planos plurianuais e orçamentos e a todo o direito material e processual, como os códigos civil, penal, tributário e respectivos processos. Para a sua aprovação, basta que a maioria absoluta esteja presente e que a metade destes vote favoravelmente ao projeto de lei ordinária, por exemplo, na Câmara Federal, onde há 513 membros, basta que 258 estejam presentes e que 130 votem favoravelmente ao projeto para que ele seja aprovado. Lei Complementar X Lei Ordinária A Doutrina jurídica indica que não há uma hierarquia entre as leis complementares e as leis ordinárias, tendo como base o entendimento exposto por Michel Temer. O legislador Constituinte separou estas leis de modo a estabelecê-lassegundo um grau de importância ou relevância dos assuntos que cada uma deve tratar, pois, cada uma possui um quorum de aprovação específico. A outra grande diferença entre as espécies legislativas em questão é o âmbito material ou os assuntos que cada uma pode tratar. Um assunto é tratado em lei complementar quando a Constituição Federal de 1988 expressamente prever tal disposição, enquanto a aprovação por lei ordinária não exige tal determinação constitucional. V. Tratado Internacional: O tratado internacional, depois de reconhecido pelo Poder Executivo e aprovado pelo Poder Legislativo, incorpora-se ao arcabouço jurídico brasileiro, colocando no mesmo patamar da lei ordinária. O tratado internacional deve adequar-se a Constituição Federal, podendo inclusive ser declarado inconstitucional. Se houver conflito do tratado internacional com a legislação infraconstitucional, o tratado é considerado como lei ordinária; se o conflito permanecer em função da hierarquia das leis, prevalece o texto mais recente (decisão do Supremo Tribunal Federal)6 . A exceção a esta regra é o caso dos tratados e das convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, que equivalem às emendas constitucionais, sendo, portanto, hierarquicamente superiores à lei ordinária7. 6 Recurso Extraordinário no 80.004, de 1978. 7 O primeiro tratado aprovado conforme este rito é a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, juntamente com o seu Protocolo Facultativo, celebrada em Nova Iorque em 30 de março de 2007 e referendada pelo Congresso Nacional por meio do decreto legislativo 186, de 9 de julho de 2008. 14 UNIDADE ÚNICA │LEGISLAÇÃO E NORMAS VI. Medida Provisória: A medida provisória é um ato do Executivo com força provisória de lei. É um ato emanado do Presidente da República, em circunstâncias excepcionais de relevância e urgência, com força provisória de lei, que necessita da aprovação do Congresso Nacional para que tenha força definitiva de lei, devendo ser convertida em lei ordinária no prazo de sessenta dias prorrogável uma vez por igual período, caso contrário, perde sua eficácia desde o momento de sua edição. Art. 58. O Presidente da República, em casos de urgência ou de interesse público relevante, e desde que não resulte aumento de despesa, poderá expedir decretos com força de lei sobre as seguintes matérias: I – segurança nacional; II – finanças públicas. Parágrafo único. Publicado o texto, que terá vigência imediata, o Congresso Nacional o aprovará ou o rejeitará, dentro de sessenta dias, não podendo emendá-lo; se, nesse prazo, não houver deliberação, o texto será tido como aprovado. A medida provisória, editada pelo presidente da República, deve ser submetida ao Congresso; não pode ser aprovada por decurso de prazo nem produz efeitos em caso de rejeição. VII. Lei Delegada: Equiparam-se às leis ordinárias, diferindo destas apenas na forma de elaboração. A lei delegada é elaborada pelo presidente, a partir de delegação específica do Congresso, mas não pode legislar sobre atos de competência do Congresso, de cada Casa, individualmente, sobre matéria de lei complementar nem sobre certas matérias de lei ordinária. VIII. Decreto-Lei: Um decreto-lei é um decreto emanado pelo Poder Executivo e não pelo Poder Legislativo que tem força de lei. Atualmente, não é mais possível a produção de um decreto-lei, mas existem ainda muitos em vigor. IX. Decreto Legislativo: São normas promulgadas pelo Congresso Nacional em assunto de sua competência. O decreto legislativo é de competência exclusiva do Congresso Nacional, sem necessitar de sanção presidencial. A resolução legislativa também é privativa do Congresso ou de cada Casa isoladamente, por exemplo, a suspensão de lei declarada inconstitucional. X. Decreto: São atos administrativos da competência dos chefes dos Poderes Executivos (presidente, governadores e prefeitos), que visam a explicar a lei e a facilitar a sua execução, melhorando suas determinações e orientando sua aplicação. Um decreto é usualmente usado pelo chefe do Poder Executivo para fazer nomeações e regulamentos das leis (como para lhes dar cumprimento efetivo, por exemplo), entre outras coisas. 15 LEGISLAÇÃO E NORMAS│ UNIDADE ÚNICA XI. Instrução Normativa: Ato administrativo expedido por quem possui delegação de poder para tal, com o objetivo de auxiliar/ordenar a execução de leis, decretos e regulamentos XII. Resolução: “Resoluções são atos administrativos normativos expedidos pelas autoridades do Executivo, mas não pelo Chefe do Executivo ou pelos presidentes de tribunais, órgãos legislativos e colegiados administrativos, para disciplinar matéria de sua competência específica. As Resoluções são sempre atos normativos inferiores ao regulamento não podendo inová-los, mas simplesmente complementá-los e explicá- los.”8 XII. Portaria: Documento de ato administrativo de qualquer autoridade pública, que contém instruções acerca da aplicação de leis ou regulamentos, recomendações de caráter geral, normas de execução de serviço, nomeações, demissões, punições, ou qualquer outra determinação de sua competência. “As portarias, como demais atos administrativos internos, não atingem e nem obrigam a particulares, pela manifesta razão de que os cidadãos não estão sujeitos ao poder hierárquico da administração pública. Nesse sentido vem decidindo o Supremo Tribunal Federal – RF 107/65 e 277, 112/2029”. Veja a Lei Complementar no 95, de 26 de fevereiro de 1998, que dispõe sobre a elaboração, a redação, alteração e a consolidação das leis, para conhecer como se faz uma lei. 8 Hely Lopes Meirelles – Direito administrativo brasileiro. 35a edição, p. 185. 9 Hely Lopes Meirelles – Direito administrativo brasileiro. 35a edição, p. 187. 16 CAPÍTULO 2 Seguridade social “A era da liberdade só será atingida quando a previdência social e o bem-estar humano se tornarem o objetivo principal dos homens e das nações”. Mackenzie King. 1o Ministro Canadense, 1942 Após a tomada de noção de como estruturam-se os diplomas legais brasileiros, torna- se imprescindível entender em qual esfera da atuação o profissional de segurança do trabalho se insere, e as consequências de seus atos e de suas ações. A evolução da seguridade social O termo “seguridade social” – de onde vem e o que é O termo “seguridade” tem origem no latim, e não no castelhano, como expõem diversos autores, e foi incorporada no arcabouço jurídico contemporâneo mundial. Em latim, é securitate(m), acusativo de securitas, que o professor Ernesto Faria, em seu Dicionário Escolar Latino-Português, define: “I – Sentido próprio: 1) tranquilidade de espírito, ausência de preocupações ou de cuidados; 2) Segurança, ausência de perigo. II – Sentido pejorativo: 3) Descuido, indiferença.” O primeiro registro da expressão “seguridade social”, vem do discurso proferido pelo libertador Simon Bolívar, em Angostura (Colômbia), em 1819, quando afirmou que: “o sistema de governo mais perfeito é aquele que produz maior soma de felicidade possível, maior soma de seguridade social e maior soma de estabilidade política”. Na sequência, a expressão “seguridade social”, foi introduzida na legislação do “New Deal” – Social Security Act de 1935, como referente à proteção social. A seguridade social como expressão jurídica tornou-se definitiva quando, em 1938, a Nova Zelândia adotou a “Lei de Seguridade Social”, que promoveu a fusão da assistência social pública com a previdência social. Em 1959, a Repartição Internacional do Trabalho10, elaborou o que deveria ser a concepção da seguridade social, e quais os seus objetivos:10 Revista “Industriários, no 70 – Lições de Seguridade Social 17 LEGISLAÇÃO E NORMAS│ UNIDADE ÚNICA a. cobrir, de maneira completa e coordenada, todas as eventualidades capazes de levar o trabalhador, sem culpa sua, a perder o respectivo salário, temporário ou definitivamente; completar essa proteção pela assistência médica e pelos abonos familiares; b. estender a proteção a todas as pessoas adultas, na medida de suas necessidades, e aos seus dependentes; c. prover prestações que, embora de montante moderado, permitam aos beneficiários manter nível de vida aceitável, e que sejam outorgadas em virtude de um direito nitidamente definido pela lei. A seguridade social contemporânea deve ser entendida como um conjunto de políticas públicas, destinadas a garantir a subsistência de indivíduos de uma sociedade: 1) nas situações que caracterizam risco social: seja por invalidez laboral (temporária ou permanente), seja por incapacidade de suprir suas necessidades de sobrevivência, seja por estar em situações que lhe coloque em risco a sua vida; 2) nas situações que caracterizam recompensa ou indenização: seja por aposentadoria em função dos anos trabalhados em benefício da sociedade, seja por reconhecimento por algum ato de bravura ou heroísmo; seja por reconhecimento de dívida da sociedade com relação a um indivíduo (indenização de anistiados políticos, acidente devido a negligência do Estado). Assim, a seguridade social tem em seu arcabouço primário a ideia de prover a segurança do individuo, para que este não desestabilize a sociedade na qual está inserido. A evolução da seguridade social Até chegarmos ao entendimento contemporâneo do que é seguridade social, fundamentada no tripé Assistência Social, Assistência à Saúde e Previdência, ela foi absorvendo conceitos e políticas públicas no curso da história humana. No princípio, quando os homens vagavam por entre pradarias e florestas em busca de alimentos e de caça, isto é, pertenciam a uma sociedade coletora-caçadora, a permanência de indivíduos no grupo que não tinham como garantir a sua sobrevivência ou não atendiam de forma adequada as suas funções (fracos, doentes e velhos, principalmente), colocava o grupo ou em risco, pois a permanência deles poderia retardar o seu avanço, atrapalhando a busca dos alimentos necessários, ou a mercê de predadores. Com a descoberta da agricultura, e o posterior assentamento da sociedade humana com a consequente estratificação do trabalho, a permanência destes indivíduos não mais 18 UNIDADE ÚNICA │LEGISLAÇÃO E NORMAS colocaria o grupo social em risco, permitindo que a sociedade criasse mecanismos de amparo a eles. A primeira política deliberada de seguridade social, com o fim claro de garantir a amabilidade das massas junto a estrutura governante, foi a política do pão e circo adotada pelo Império Romano. Pois somente com esta política o establishment poderia manter a governabilidade da cidade de Roma, que possuía uma população superior a quinhentas mil almas, e que dependia do Império para seu sustento. Era uma política assistencialista, na conotação mais pejorativa do termo, mas que apresentou resultados efetivos por vários séculos. Poder-se-á dizer que grande parte da segurança do Estado Romano fundamentava-se na Assistência Social concedida a seus cidadãos na forma de assistência alimentar e de lazer. Após a queda do Império Romano, as políticas de seguridade social, na Europa, foram assumidas pela Igreja, que manteve e ampliou a política de Assistência Social, voltada para uma assistência alimentar, no qual teve o monopólio efetivo até fins do século XVI. É deste período a criação das principais ordens mendicantes. Do Império Romano até século XVII, a Assistência à Saúde não existiu na forma de política pública e as ações “governamentais” nunca tiveram uma conotação de “cura do doente”, mas de evitar que o mal espalhasse pela cidade. No Império Romano, os doentes eram deslocados para locais distantes das cidades e colocados em hospitales11 para esperarem a morte. Não se podia e nem se devia misturar os vivos com os mortos12, e quando morriam eram enterrados à beira das estradas como a Via Appia. Neste aspecto, Focault em sua obra Microfísica do Poder13 expõe: Antes do século XVIII, o hospital era essencialmente uma instituição de assistência aos pobres. Instituição de assistência, como também de separação e exclusão. O pobre como pobre tem necessidade de assistência e, como doente, portador de doença e de possível contágio, é perigoso. Por estas razões, o hospital deve estar presente tanto para recolhê-lo, quanto para proteger os outros do perigo que ele encarna. O personagem ideal do hospital, até o século XVIII, não é o doente que é preciso curar, mas o pobre que está morrendo. É alguém que deve ser assistido material e espiritualmente, alguém a quem se deve dar os últimos cuidados e o último sacramento. Esta é a função essencial do hospital. No âmbito privado, na assistência à saúde, a relação médico paciente era individualista e baseava-se no conflito entre o homem, a doença e o médico, e este último devia atuar 11 Hospedarias 12 ÁRIES, Philippe. História da Morte no Ocidente. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003, p. 36,. 13 Microfísica do Poder, 20. edição, p. 101. 19 LEGISLAÇÃO E NORMAS│ UNIDADE ÚNICA nos momentos de agudização da doença, para que pudesse debelá-la. No âmbito de política pública, com a assunção da Igreja, a Assistência à Saúde estava direcionada a salvar a alma e não a carne. Em fins do século XVI, as necessidades de controle da arrecadação de impostos conjugados com a invenção do mosquete, alteraram de forma significativa às políticas de seguridade social. Da Idade Média até o século XVII, existiam três tipos de hospitais (ainda na conotação conceitual estabelecida pelos romanos): o das cidades, os marítimos e os de campanha. Uma das principais fontes de divisas para os Estados era a renda da aduana. Os passageiros e tripulantes que desembarcassem alegando estarem doentes eram direcionados aos hospitais marítimos, com todos os seus pertences, sem ter com isso de passar pela alfândega. Não demorou muito para que os hospitais marítimos começassem a ser rota de contrabando. Tal fato gerou um impasse: como garantir a sanidade da população das cidades contra as pestes que podem vir dos viajantes d’além mar e, ao mesmo tempo, brecar a evasão de divisas? Na mesma época, foi inventado o mosquete, que revolucionou as forças armadas, pois exigiu que os governos aplicassem tempo e dinheiro para o treinamento da tropa, fazendo com que a perda de homens adestrados representasse elevado custo, pois teria de substituir este soldado com os mesmos custos que teve para com o primeiro, tornando mais barato evitar que o soldado desertasse ou agir para curá-lo do que treinar outro. Para resolver estas duas questões, foi necessário mudar o lócus da Assistência à Saúde, não sendo mais interessante salvar somente a alma, era importante salvar a carne, e para salvar a carne era necessário estabelecer normas e procedimentos para identificar os sãos dos doentes, e o seu impacto na sociedade. Para isso, internalizou- se o médico nos hospitais, e ocorreu a medicalização dos hospitais; os religiosos foram colocados em situação secundária. O médico deveria passar a observar o ambiente, tratar o doente, sendo o hospital o lócus de definição deste papel. Neste processo de passagem, destacaram-se o Dr. Howard14 e o Francês Dr. Tenon. É neste ambiente que ocorre a publicação, em 1703, da Obra De Morbis Artificum Diatriba de Bernardo Ramazzini, considerado hoje pai da Medicina do Trabalho, obra que primeiro correlacionou as doenças com as profissões ou atividades, e que inseriu na anamnese do médico a pergunta: “e que arte exerce?15”. 14 Inglês que percorreu hospitais, prisões e lazaretos com este objetivo, entre os anos de 1775 e 1780. 15 [...] o médico que vai atender a um paciente proletário não se deve limitar a pôr a mão no pulso, com pressa, assim que chegar, sem informar-se de suas condições; não delibere de pé sobre o que convém ou não convém fazer, como se não jogasse com a vida humana; deve sentar-se, com dignidade de um juiz, ainda que não seja em cadeira dourada, como em caso de magnatas; 20 UNIDADE ÚNICA │LEGISLAÇÃO E NORMAS Esta mudança de paradigmas ocorrida durante o século XVIII fez com que a Assistência à Saúde, como política pública, se voltasse para a cura do doente. É a época dos primeiros trabalhos epidemiológicos de John Snow16. A publicação da Declaração dos Direitos do Homem, em 1789, em seu artigo 21 fortaleceu o sentimento de Seguridade Social, englobando nesta época tão somente a Assistência à Saúde e a Social, e assim determinou: XXI – Os auxílios públicos são uma dívida sagrada. A sociedade deve a subsistência aos cidadãos infelizes, quer seja procurando-lhes trabalho, quer seja assegurando os meios de existência àqueles que são impossibilitados de trabalhar. No século XIX com as guerras travadas pela Prússia, para o estabelecimento da Alemanha moderna, principalmente contra o império Austro-Hungaro e a França, o número de soldados aleijados que voltavam do front, sem condições de garantir a sua sobrevivência e de suas famílias e com a necessidade de garantir a estabilidade interna da Prússia e da Alemanha que estava se formando como país, Otto Von Bismarck (1815- 1896), primeiro ministro, implementou a primeira política de Previdência Social, com o objetivo de garantir a subsistência destes soldados e que mais tarde foi estendida a toda a população, por meio de três legislações ordinárias: Seguro obrigatório de enfermidades – 13 de junho de 1833; seguro de acidentes do trabalho dos empregados em empresas industriais – 6 de julho de 1884; e o seguro de invalidez e velhice – 22 de junho de 1889. É no estabelecimento da legislação ordinária alemã que fica patente a ideia de garantir a subsistência do indivíduo para que este não se volte contra a sociedade. Bismarck, quando da promulgação da Lei do seguro obrigatório contra enfermidades, manifestou- se sem rodeios: “Embora seja necessário muito dinheiro para contentar os deserdados, nunca será demasiado caro fazê-lo; ao contrário, representa boa colocação de recursos sente-se mesmo num banco, examine o paciente com fisionomia alegre e observe detidamente o que ele necessita dos seus conselhos médicos e dos seus cuidados piedosos. Um médico que atende um doente deve informar-se de muita coisa a seu respeito pelo próprio e pelos seus acompanhantes, segundo o preceito do nosso Divino Preceptor: “quando visitares um doente convém perguntar-lhe o que sente, qual a causa, desde quantos dias, se seu ventre funciona e que alimento ingeriu”, são palavras de Hipócrates no seu livro “Das Afecções”; a estas interrogações devia-se acrescentar outra: “e que arte exerce?” Tal pergunta considero oportuno e mesmo necessário lembrar ao médico que trata um homem do povo, que dela se vale chegar às causas ocasionais do mal, a qual quase nunca é posta em prática, ainda que o médico a conheça. Entretanto, se a houvesse observado, poderia obter uma cura mais feliz. Ramazzini, Bernardo As Doenças dos Trabalhadores (De Morbis Artificum Diatriba) – Fundacentro 1999, prefácio. 16 1813 - 1858. Um dos mais influentes sanitaristas do século XIX nascido em York, Inglaterra, mais conhecido por seu trabalho em cólera e anestesiologia, é considerado um dos fundadores da moderna epidemiologia. Auxiliar de cirurgias de William Hardcastle, graduou-se na Universidade de Londres (1843). Solteirão convicto, dedicou toda sua vida aos seus pacientes e a pesquisa médica. Nos anos 1840, desenvolveu pioneiramente equipamentos empregados para aplicação do éter com segurança para pacientes. Seu livro On Ether(1847), permaneceu como referência padrão até meados do século XX. Talvez sua maior contribuição foi demonstrar (1854) que fezes contaminavam a água e esta era a origem da infecção pela cólera, embora que também sua transmissão poderia ocorrer de pessoa para pessoa e através do alimento contaminado e, assim, deduzindo ser um organismo vivo o causador da doença. A aprovação de suas recomendações sanitárias preventivas eliminou a cólera da totalidade das comunidades inglesas. Fundou a Epidemiological Society e morreu durante a terceira pandemia de cólera asiática (1846-1863), em Londres. 21 LEGISLAÇÃO E NORMAS│ UNIDADE ÚNICA financeiros, pois com eles evitaremos uma revolução que consumiria quantidades muito superiores”. E sob a política alemã de Seguridade Social manifestou-se HUGON, Paul17 “... Bismarck compreendeu, aliás, o partido que poderia tirar das ideias do socialismo de cátedra; fez dele, ao mesmo tempo, um instrumento de luta contra o socialismo e de desenvolvimento do poderio do Estado. Sua influência na doutrina se estendeu também fora da Alemanha e contribuiu na maior parte dos países para o desenvolvimento das atribuições legislativas do Estado.” Na Inglaterra quando da aprovação de legislação semelhante, em 1911, Lloyde George, definiu a Seguridade Social como o seguro contra a revolução. Nesta época, com o objetivo de lutar contra o socialismo e ao mesmo tempo defender uma condição mais justa aos trabalhadores, mas sem se aprofundar nas questões da relação de trabalho, o Vaticano do Papa Leão XIII publica a Carta Encíclica Rerum Novarum, em 15 de maio de 1891, que, citado por Johnson (2001), Aceitou os sindicatos, desde que autorizados pelo Estado; condenou o capital e o trabalho, em suas expressões radicais. Tanto o socialismo quanto a usura eram errados; a propriedade particular era essencial a liberdade, e a sociedade sem classes era contrária à natureza humana. Os trabalhadores jamais deveriam recorrer à violência. Os empregadores deveriam adotar uma atitude paternal para com seus funcionários, pagar-lhe salário justo protegê-los das oportunidades do pecado, aplicar qualquer riqueza que sobrassem “da manutenção de sua posição social” na promoção “do aperfeiçoamento de suas próprias naturezas” e funcionar como administradores “da providência divina em benefício alheio”. Mas o Papa afirma na Encíclica que a ajuda aos trabalhadores dever vir da caridade, pois pelos empregadores só é devido o salário: “[...] Referimo-nos à fixação do salário. Uma vez livremente aceite o salário por uma e outra parte, assim se raciocina, o patrão cumpre todos os seus compromissos desde que o pague e não é obrigado a mais nada.” Vale asseverar, no entanto que a legislação de Seguridade Social que veio como um instrumento de luta contra o socialismo, por ter apresentado tanta eficácia no que se refere aos direitos dos trabalhadores, fez com que, em 1904, o Congresso Internacional Socialista, declara-se o seguinte: Os trabalhadores de todos os países devem exigir instituições próprias, para prevenir o quanto seja possível a enfermidade, os acidentes de trabalho e a invalidez, e para dar--lhes, mediante leis de seguro 17 História das Doutrinas Econômicas. Editora Atlas, São Paulo, 1946, p. 243. 22 UNIDADE ÚNICA │LEGISLAÇÃO E NORMAS obrigatório, o direito de obter suficientes meios de vida e assistência durante o tempo em que não seja possível aplicar sua força de trabalho, em razão de enfermidade, de acidente, de invalidez, de velhice, de maternidade e de desemprego. No século XX, sob grande influência da Declaração dos Direitos do Homem, da Encíclica Rerum Novarum, e sob as legislações previdenciárias alemãs, diversos estatutos constitucionais foram estabelecidos (tabela 1), recepcionando a questão da SeguridadeSocial. Entre estas podemos destacar a Constituição da República de Weimar, de 1919, que em seu art. 161, Título V, diz in verbis: O Reich criará um amplo sistema de seguros para poder, com o concurso dos interessados, atender à conservação da saúde e da capacidade para o trabalho, à proteção da maternidade e a previsão das consequências econômicas da velhice, da enfermidade e das vicissitudes da vida. Tabela 1. Constituições que foram influenciadas pelo arcabouço jurídico alemão. País ano Artigo País ano Artigo Albânia 1946 11 Liechtenstein 1931 26 Alemanha 1919 165 Luxemburgo 1948 11 Áustria 1929 10 México 1926 123 Bielo-Rússia 1937 95 Mongólia 1940 78 Bolívia 1947 125 Nicarágua 1948 83 Brasil 1946 157 Panamá 1946 93 Bulgária 1947 75 Paraguai 1940 14 Chile 1943 10 Peru 1933 48 Colômbia 1945 19 Polônia 1947 11 Coreia do sul 1948 19 Portugal 1933 41 Cuba 1940 65 Romênia 1948 25 Equador 1946 174 Suíça 1926 34 Espanha 1942 28 Tchecoslováquia 1948 29 Guatemala 1945 63 Ucrânia 1937 100 Itália 1948 38 URSS 1936 20 Iugoslávia 1947 20 Uruguai 1942 58 Japão 1946 25 Venezuela 1947 11 Em 1938, surge o conceito atual de Seguridade Social, em função da legislação Neozelandesa, que unificou a assistência social pública e a previdência. As guerras de 1914/18 e a 1939/45, longe de destruírem ou diminuírem o ritmo de implantação de arcabouços jurídicos para a Seguridade Social, ampliaram seu espectro, fazendo com que esta tenha inegável expressividade. Neste contexto, vale lembrar o programa de ação estabelecido pelo Conselho Nacional da Resistência (Francesa), 23 LEGISLAÇÃO E NORMAS│ UNIDADE ÚNICA quando em 14 de março de 1944, construído sem a briga de seitas, partidos políticos ou ideologias consideraram como fundamental: “Um plano completo de seguros sociais, visando a garantir a todos os cidadãos os meios de existência em todos os casos de incapacidade e de falta de trabalho, mediante gestão autônoma dos representantes dos interessados do Estado.” Em plena 2a Guerra Mundial, a Inglaterra amplia a proposta Neozelandesa e publica o Plano Beveridge em contraposição ao modelo bismarckiano18, que tem como objetivo principal o combate à pobreza, e se pauta por direitos universais a totalidade dos cidadãos incondicionalmente, garantindo uma renda mínima a todos os cidadãos que necessitam, é o início efetivo do Welfare State. Em 1948, invertendo-se o caminho de influências, a Organização das Nações Unidas – ONU, tendo como base as Constituições estabelecidas anteriormente (Tabela 1) proclama a Declaração Universal dos Direitos do Homem, que acolhe no seu art. 25, in verbis: I) Todo o homem tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda de meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle. II) A maternidade e a infância tem direito a cuidados e a assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social. A Carta Magna dos Direitos Sociais, aprovada em Santiago do Chile, em 1942, propunha uma Seguridade Social, integral, orgânica e humana: “[...] as medidas destinadas a aumentar as possibilidades de emprego e mantê-las num alto nível; a incrementar a produção e as rendas nacionais, e distribuí-las equitativamente; e a melhorar a saúde, a alimentação, o vestuário, a habitação e a educação geral dos trabalhadores e familiares”. Em 1952, é aprovada a Convenção Internacional do Trabalho de no 102 que assegura uma Seguridade Social mínima e garante às pessoas protegidas a concessão, quando seu estado requeira, de assistência médica de caráter preventivo ou curativo com o objetivo de manter, recuperar ou elevar a saúde do indivíduo protegido, assim como sua aptidão para o trabalho, e fazer frente a suas necessidades pessoais – arts. 7o e 10.19 18 “O modelo bismarckiano tem por objetivo assegurar renda aos trabalhadores em momentos de riscos sociais decorrentes da ausência de trabalho. Os direitos aos benefícios são garantidos aos trabalhadores, via contribuição direta anterior, cujo montante das prestações é proporcional à contribuição efetuada.” Salvador, Evilásio – Revista Tributação em Revista ano 12, n. 48, p. 18. 19 Convenção só recepcionada pelo Brasil em 2010. 24 UNIDADE ÚNICA │LEGISLAÇÃO E NORMAS A Igreja manifesta-se oficialmente pela primeira vez com relação à Seguridade Social em 1961, com a encíclica Mater et Magistra de João XXIII, nos seus itens 134 e 135. CARTA ENCÍCLICA DE JOÃO XXIII MATER ET MAGISTRA EVOLUÇÃO DA QUESTÃO SOCIAL À LUZ DA DOUTRINA CRISTà Seguros sociais e previdência social 134. Na agricultura pode ser indispensável estabelecer dois sistemas diferentes de seguros: um, para os produtos agrícolas; e outro, para os agricultores e suas famílias. Pelo simples fato de o rendimento agrícola pro capite ser geralmente inferior ao dos setores da indústria e dos serviços públicos, não seria conforme à justiça social e à equidade estabelecer sistemas e seguros sociais ou de previdência social em que os lavradores e respectivas famílias se vissem notavelmente menos bem- tratados que os setores da indústria e dos serviços. Julgamos, porém, que a política social deve ter como objetivo proporcionar aos cidadãos um regime de seguro que não apresente diferenças notáveis, qualquer que seja o setor econômico em que trabalham ou de cujos rendimentos vivem. 135. Os sistemas de seguros sociais e de previdência social podem contribuir eficazmente para uma distribuição do rendimento total de um país, segundo critérios de justiça e de equidade; e podem, portanto, considerar-se como instrumento para reduzir os desequilíbrios dos níveis de vida entre as várias categorias de cidadãos. A evolução da Seguridade Social no Brasil No Brasil as medidas mais antigas no campo da Seguridade Social remontam a 1543, principalmente na esfera da assistência social. Com a vinda da família Real em 1808, tornou-se comum a prática da esmola concedida pelo Estado, em benefício a poucos escolhidos. Apresento aqui alguns relatos20: “Senhor, Apolinário, maior de 60 anos de idade, escravo de José de Freitas Valadares, vem perante o Trono de Vossa Majestade Imperial pedir a 20 Exemplos retirados do Livro: Aspectos Históricos de Petrópolis, de Casadei, Thalita O. Petrópolis, 1983, p. 156 25 LEGISLAÇÃO E NORMAS│ UNIDADE ÚNICA graça de concorrer com uma esmola para a liberdade do suplicante. Pede Vossa Majestade Imperial deferimento. Petrópolis, 11 de dezembro de 1885 O recibo junto diz: “Recebi da Superintendência de Petrópolis a quantia de 20$000 que Sua Majestade Imperial mandou dar de esmola. Petrópolis, 14 de dezembro de 1885, a rogo de Apolinário, Sebastião José de Lemos” “O capitão José Francisco de França e Silva, subdelegado de Polícia do 1o Distrito de Petrópolis, Atesta que Lino Ribeiro de Novais, ex-cabo de esquadra do 41 de Voluntários da Pátria, cidadão brasileiro com 50 anos de idade, casado, é pobre e aleijado por ferimentos recebidos em campanha o que jura sob a fé do cargo. Petrópolis, 20 de janeiro de 1885 José Francisco de França e Silva Recibo: Recebi da Superintendência de Petrópolis a quantia de 10$000 que Sua Majestade o Imperador mandou me dar de esmola. Petrópolis, 21 de janeiro de 1885 Lino Ribeiro de Novais.” “A viúva Ana Pongmann, natural da suíça de onde tem vindo com seu falecido marido, tendo vindo a Petrópolis a fim de procurar emprego para seus dois filhos o que felizmente conseguiu, deseja voltarpara sua colônia sita em Blumenau. Faltando-lhe porém os meios pecuniários vem, cheia do maior respeito apelar a conhecida generosidade de Sua Majestade Imperial, pedindo um pequeno auxílio para poder fazer a viagem, favor pelo qual ficará eternamente grata à benevolência de toda Augusta Majestade Imperial. Petrópolis, 21 de janeiro de 1885 A requerente recebeu 20$000 de esmola.” “O padre Teodoro Esch atestou em 12 de janeiro de 1885 que a viúva Margarida Gimpel, com 77 anos, moradora nesta Freguesia é sumamente pobre, sem recursos, vivendo na companhia de uma filha casada, também pobre e carregada de filhos, e portanto nas condições de merecer a caridade pública. A viúva recebeu 20$000 de esmola.” “Recebeu esmolas os pretos aleijados: Recebemos da Superintendência de Petrópolis a quantia de 40$000 que Sua Majestade o Imperador nos mandou dar de esmola, sendo 20$000 a cada um de nós. Petrópolis, 20 de janeiro de 1885. 26 UNIDADE ÚNICA │LEGISLAÇÃO E NORMAS A rogo dos pretos aleijados Manoel e Gentil. Oscar Augusto Adrien”. “Henrique Batista Ebique, natural de Campos, com 23 anos, filho de Henrique Batista Ebique, tendo a infelicidade de ser vítima de um raio, no mês de maio, no lugar denominado Posse, município da Paraíba do Sul, vê-se hoje privado da fala e sem recurso e desejando voltar para Campos, vem pedir a Sua Majestade Imperial uma esmola pelo amor de Deus. Petrópolis, 10 de maio de 1886. Recebeu uma esmola de 20$000.” “A portadora deste, Suzana Frederica Maria Vicência Ender, natural da Alemanha, solteira, 44 anos, ultimamente tratada no Hospital desta cidade é pobre e falta de todos os recursos e ao que parece sofrente das faculdades mentais não tendo outro recurso senão dirigir-se à caridade pública. Recebeu 10$000 de esmola.” “Senhor, Maria Pinto de Brito Maia, viúva de Francisco Alves de Brito Maia que foi por longos anos empregado no Palácio de Petrópolis, como escrivão da Superintendência acha-se viúva, pobre, sem recursos, e sobrecarregada de 3 filhos, um do sexo masculino um tanto apoucado que trabalha na fábrica de tecidos São Pedro de Alcântara, ganhando 1.800 réis nos dias em que trabalha, e 2 meninas; tendo de seu apenas a casinha em que mora e nada mais e vendo-se envergonhada por um credor que lhe pede o pagamento de 130$000: que lhe deve bem contra a vontade de gêneros para o sustento de sua família e que não pode pagar porque falta-lhe recurso, vem respeitosamente pedir a Vossa Majestade Imperial uma esmola pelo amor de Deus para ver se pode pagar a esse credor e ele poder continuar a fornecer os gêneros alimentícios para sua subsistência e de seus filhos”. Recebeu 50$000.” Como pode ser visto a assistência social, tinha um caráter de caridade, alcançava todos os tipos de pedido e na maioria dos casos era pontual, não alterando de forma significativa a vida das pessoas que receberam a esmola (salvo o exemplo do escravo liberto). Até a Abolição da Escravatura, em 1889, existiam três tipos de instituições de proteção social no Brasil, salvo as esmolas imperiais: As Santas Casas de Misericórdia, vinculadas 27 LEGISLAÇÃO E NORMAS│ UNIDADE ÚNICA a Igreja Católica; a Sociedade Musical de Benemerência (1834); e a Sociedade da Corporação dos Artífices (1838). No Brasil a primeira política na área de Seguridade Social, foi o Plano de Assistência destinados aos Órfãos e às Viúvas da Marinha, em 1795, seguido do Montepio do Exército, em 1827, e o Montepio Geral da Economia, em 1835, mas o primeiro arcabouço jurídico definitivo foi a Lei no 3.397, de 24 de novembro de 1888, que criou a Caixa de Socorros, garantindo pequena pensão em períodos de doença e/ou mortes de empregados da estrada de ferro. À época a única prestação monetária continuada era a aposentadoria, reservada a poucos funcionários públicos, e que gradualmente foram se incorporando outros funcionários: funcionários da economia (1890), Ministério da Guerra (1891), Arsenal de Marinha da Capital Federal (1892), da Estrada de Ferro Central do Brasil (1890), Casa da Moeda (1911) e dos Portos do Rio de Janeiro (1912), à estes dois últimos era garantido quinze (15) dias de férias remuneradas (1889). Com a abolição da escravatura, o estabelecimento da República, e os ventos sociais trazidos dos arcabouços jurídicos europeus, criou-se um cisma no parlamento brasileiro entre incluir ou não incluir normativos reguladores das relações de trabalho. Um primeiro bloco que defendia uma implantação gradual de uma legislação que casasse os interesses do Estado, com o desenvolvimento da indústria sem mudar o princípio da liberdade do trabalho e instituir uma indenização por acidente de trabalho, aplicada na França em 1898. O segundo bloco que defendia a harmonia entre empregados e empregadores; e o terceiro bloco contrário a qualquer tipo de legislação social. Isso explica por que a legislação que trata de acidentes de trabalho no Brasil foi apresentada em 1904, e só foi promulgada em 1919, quinze anos depois. Tal querela fez-se presente na Constituição de 1891, e só após a reforma de 1926 veio trazer em seu bojo, de forma muito suave, em seu item 28 do art. 34, que é atribuição do Congresso Nacional legislar sobre o trabalho. Boschetti21 faz uma avaliação deste período de nascedouro das políticas de Seguridade Social no Brasil, no século XX: Não é surpreendente que, no início dos anos 1920, as iniciativas governamentais fossem tão tímidas em matéria de proteção do trabalhador e do cidadão. Recém saído do regime do Império (1889) e com a economia e a sociedade fundadas, até recentemente, na escravidão 21 Boschetti, Ivanete. Seguridade Social e Trabalho. Ed UnB. 2006. p. 13-14 28 UNIDADE ÚNICA │LEGISLAÇÃO E NORMAS 1888), o país entrou no século XX sob a supremacia, ao mesmo tempo, da ideologia econômica liberal e do clientelismo político22 . O ano de 1923 pode ser considerado o ano de nascimento da Seguridade Social Brasileira como instituição pública, pois neste ano foi criado o Decreto-Lei no 4.682, de 24 de janeiro23 (Lei Eloy Chaves), que determinava a criação de Caixas de Aposentadorias e Pensões nas empresas ferroviárias existentes. Ela marca o início da fase de vinculação à Seguridade Social por empresa. Em 1937 já existiam cento e oitenta e três (183) Caixas de Assistência, mas a maioria sem um número mínimo de segurados que justificassem a sua sustentabilidade, com isso o governo alterou o formato das Caixas de Assistência, e passou a vinculá-las não mais a uma empresa, mas a uma categoria funcional, passando a denominá-los de Institutos de Pensão, o que garantiu a escala necessária para sua sustentabilidade econômica financeira. Assim, surgiram os seis principais Institutos de Pensão: Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários – IAPI (1938)24, Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Marítimos – IAPM (1933)25, Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados em Transporte e Cargas – IAPETC(1945)26, Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários – IAPC (1934)27, Instituto de Pensões e Assistência dos Servidores do Estado – IPASE (1938)28, e o Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Bancários – IAPB (1934)29; com isso foram estendidos virtualmente a todos os trabalhadores urbanos e boa parte dos autônomos uma cobertura previdenciária. Em 1930, por meio do Decreto no 19.433, de 26 de novembro, foi criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, que entre as suas atribuições estava a de orientar e supervisionar a Previdência Social. Sobre este tema o Jornal do Brasil noticiava em 3 de março de 1967, em Matéria de Alceu de Amoroso Lima, “[...] deu a Revolução de 1930 um significado social que correspondia, de fato, uma novafase na evolução política nacional: a ascensão irreversível do proletariado provocada pela industrialização, refletindo nas políticas do trabalho, incluindo as de Seguridade Social.” 22 Embora existam algumas nuanças discordantes entre os autores a respeito do período em que o liberalismo começou a declinar, os historiadores e analistas de políticas sociais concordam em caracterizar o período anterior a 1930 como uma época de predominância das relações privadas entre trabalhadores e empregadores e de fraca intervenção estatal. Mas duas observações são necessárias: em primeiro lugar, o liberalismo econômico predominava no setor urbano, ao passo que na área rural predominavam relações de trabalho próximas da servidão, já a mobilidade do trabalhador não era completamente assegurados; em segundo lugar, ainda que as legislações sociais, sobretudo após 1923, não colocassem em xeque a ideologia liberal, elas impunham limites à livre regulação do mercado de trabalho. 23 Hoje está data é considerada “O Dia da Previdência Social”. 24 Lei no 367, de 03 de janeiro. 25 Decreto no 22.872, de 29 de junho. 26 Decreto-Lei no 7.720, de 09 de julho. 27 Decreto no 24.272, de 22 de maio. 28 Decreto no 34.586, de 12 de novembro. 29 Decreto no 24.015, de 01 de julho. 29 LEGISLAÇÃO E NORMAS│ UNIDADE ÚNICA A Constituição de 1934, promulgada em 16 de julho, abordou este tema em seus artigos 5o e 121, in verbis: Art. 5o - Compete privativamente à União: [...] XIX – Legislar sobre: [...] c) normas e fundamentos do direito rural, do regime penitenciário, da arbitragem comercial, da assistência social, da assistência judiciária e das estatísticas de interesse coletivo; [...] Art. 121 – A lei promoverá o amparo da produção e estabelecerá as condições de trabalho, na cidade e nos campos, tendo em vista a proteção social do trabalhador e os interesses econômicos do País. § 1o – A legislação do trabalho observará o sequintes preceitos, além de outros que colimarem melhorar as condições do trabalhador: [...] h) assistência médica e sanitária ao trabalhador e à gestante, assegurado a esta descanso antes e depois do parto, sem prejuízo do salário e do emprego, e instituição de previdência mediante contribuição igual da União, do empregador e do empregado, a favor da velhice, da invalidez, da maternidade e nos casos de acidentes do trabalho ou morte. Os preceitos estabelecidos na Constituição de 1934 são a base de nossa Seguridade Social atual, se mesclam a assistência social, a saúde e a previdência. A Constituição Outorgada de 1937 foi mais concisa que a anterior no que se refere a Seguridade Social, in verbis: Art 16 – Compete privativamente à União o poder de legislar sobre as seguintes matérias: [...] XVI – o direito civil, o direito comercial, o direito aéreo, o direito operário, o direito penal e o direito processual. [...] Art. 137 – A legislação do trabalho observará, além de outros, os seguintes preceitos: [...] 30 UNIDADE ÚNICA │LEGISLAÇÃO E NORMAS l) assistência médica e higiênica ao trabalhador e à gestante, assegurado a esta, sem prejuízo do salário, um período de repouso antes e depois do parto; m) a instituição de seguros de velhice, invalidez, de vida e para os casos de acidentes do trabalho. A Constituição de 1946, promulgada em 16 de setembro, foi fortemente modificada entre a proposta de projeto e a que foi promulgada, in verbis: Art 5o - compete à União: [...] XV – Legislar sobre: a) direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, aeronáutico e do trabalho; b) normas gerais de direito financeiro; de seguro e de previdência social; de defesa e proteção da saúde; e de regime penitenciário. [...] Título V DA ORDEM ECONÔMICA E SOCIAL [....] Art. 157 – A legislação do trabalho e a da Previdência Social obedecerão aos seguintes preceitos, além de outros que visem à melhoria da condição dos trabalhadores: [...] XIV – assistência sanitária, inclusive hospitalar e médica preventiva ao trabalhador e à gestante; XV – assistência aos desempregados; XVI – previdência, mediante contribuição da União, do empregador e do empregado, em favor da maternidade e contra assistência social consequências da doença, da velhice, da invalidez e da morte; XVII – obrigatoriedade da instituição do seguro pelo empregador contra os acidentes do trabalho. Assim, pela primeira vez foi realmente estruturado o seguro social brasileiro, incorporando desde logo os acidentes de trabalho. 31 LEGISLAÇÃO E NORMAS│ UNIDADE ÚNICA Com a promulgação da Carta Magna de 1946 e com o objetivo de diminuir as disparidades entre os Institutos de Pensão30, foi promulgada a Lei no 3.807, de 26 de agosto de 196031, que ficou sob análise do Congresso Nacional por quatorze (14) anos, e que teve como grande mérito a uniformização das contribuições e os planos de benefícios dos diversos institutos. A implementação da Lei saiu fortalecida com a criação, em 21 de novembro de 1966, do Instituto Nacional da Previdência Social – INPS, reunindo os institutos de aposentadoria existentes. A partir de 1963 são efetivadas políticas visando a incorporação, para o acesso a benefícios de Seguridade Social, à parte da sociedade até então marginalizada, assim como ações para melhorar a gestão do seguro social: » Criação do Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural – 1963; » Plano Básico para o trabalhador rural - 1969; » Inclusão dos empregados domésticos – 1972; » Inclusão de autônomos de forma compulsória – 1973; » Amparo previdenciário aos maiores de 70 anos de idade e aos inválidos não segurados – 1974; » Extensão dos benefícios de previdência e assistência social aos empregadores rurais e seus dependentes – 1976; Com a medida de 1976 a Previdência Social brasileira, alcançou cem por cento das pessoas que possuem renda. Em 1966, com a desculpa de que a constituição de 1946 já havia recebido emendas em excesso e que seguridade social já não atendia aos anseios do País, o Presidente da República em seu Ato Institucional no 4, de 7 de dezembro, determinou que o Congresso Nacional aprecia-se e promulga-se o projeto de Constituição elaborado pelo Poder Executivo. O Congresso Nacional, por meio do Senador Antônio Carlos Magalhães, deu seu parecer favorável sobre o texto de forma sucinta32, mas o Movimento Democrático Brasileiro posicionou-se pela rejeição do texto e sua repulsa como fator de imposição do arbítrio 30 Institutos que representavam categorias profissionais de maiores salários obtinham os maiores recursos. 31 “Lei Orgânica da Previdência Social” 32 Parecer: a) guarda orientação conforme ao sistema social da eleição da grande maioria do povo brasileiro; b) respeita os postulados democráticos; c) mantém assistência social instituições políticas que nos regem; d) satisfaz, de modo geral, assistência social exigências do Estado moderno; e) consigna os direitos e a assistência social garantias individuais; f) assegura, expressamente, assistência social conquistas sociais dos trabalhadores brasileiros; g) possibilita, se aprovado em globo, de acordo com o Ato Institucional no 4 e assistência social decisões complementares da Presidência do congresso nacional e desta Comissão, que se abram oportunidades bastantes para que sejam oferecidas emendas que reflitam o mais avançado pensamento de aperfeiçoamento do regime burocrático. 32 UNIDADE ÚNICA │LEGISLAÇÃO E NORMAS sobre o movimento democrático. Assim, a carta de 1967, restritiva perante a Carta de 1946, estabeleceu, in verbis: Art. 8o - Compete a União: [...] XVI – Legislar sobre: [...] b) direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, aeronáutico, marítimo e do trabalho; [...] TÍTULO V DAORDEM ECONÔMICA E SOCIAL Art. 158 – a constituição assegura aos trabalhadores, nos termos da lei, além de outros, os seguintes direitos: [...] XV – assistência ao desempregado; XVI – Previdência Social, mediante contribuição da União, do empregador e do empregado para a proteção da maternidade e nos casos de doença, velhice, invalidez e morte; XVII – Seguro obrigatório pelo empregador contra acidentes do trabalho; [...] §1o – Nenhuma prestação de serviço de caráter assistência ou de benefício compreendido na Previdência Social será criada, majorada ou estendida, sem a respectiva fonte de custeio total; §2o – A parte da União no custeio dos encargos a que se refere o no XVI deste artigo será atendida mediante dotação orçamentária, ou com produto de contribuições de previdência arrecadadas, com caráter geral, na forma da lei.” Em 1977 foi instituído o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social – SINPAS, em que cada atividade vinculada a Seguridade Social era executada por um órgão específico: INPS: manutenção e concessão de benefícios; Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social – INAMPS: prestação de assistência médica; Instituto da Administração Financeira de Previdência e Assistência Social – IAPAS: administração financeira e patrimonial do sistema; Legião Brasileira de Assistência – LBA: assistência social; Fundação do Bem Estar do Menor – FUNABEM: amparo a 33 LEGISLAÇÃO E NORMAS│ UNIDADE ÚNICA menores carentes e infratores; Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social – DATAPREV; e a Central de Medicamentos – CEME. Em 1987, foi criado o Programa de Desenvolvimento de Sistemas Unificados e Descentralizados de Saúde dos Estados – SUDS, que serviu de base para a criação do Sistema Único de Saúde – SUS, que garantiu universalização e integralidade a todos os cidadãos brasileiros a assistência à saúde. A seguridade social brasileira contemporânea A Constituição Federal de 1988 A Carta Magna de 1988 avançou perante as Constituições anteriores no que tange a Seguridade Social, pois estabeleceu um capítulo específico para o tema33. Determinando que a seguridade social brasileira fosse pautada por três pilares: a Assistência à Saúde, a Previdência Social e a Assistência Social34, e tem como objetivo primeiro a busca do bem-estar da sociedade, da justiça social, e do indivíduo. A Seguridade Social Brasileira vem inserida no Título VIII da Constituição Federal de 1988: “Da Ordem Social”, assim entendido o social como contraposição ao individual, onde as necessidades de um não pode suplantar a necessidade de muitos. A “Ordem Social” complementa, ao mesmo tempo que norteia o Título VII da Constituição Federal de 1988: “Da Ordem Econômica e Financeira”, que em seu art. 170 determina que a sociedade brasileira deva estabelecer seus projetos econômicos baseados na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, com o objetivo de assegurar a todos uma existência digna, conforme os ditames da justiça social35, e o art. 19336 impõe que a ordem social tenha como base o primado do trabalho e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais. Verifica-se, deste modo, que as políticas econômicas estão indissociadas das necessidades sociais, e que ambas, sendo a Ordem Econômica sustentáculo da Ordem Social, visam ao atendimento dos direitos sociais do brasileiro, em cujo art. 6o de nossa Carta Magna lista-os, in verbis: “Art. 6o. São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”. 33 Constituições: de 1824: Inciso II e XXIV do art. 179; de 1891: omissa; de 1934: arts. 115 e 116; de 1937: arts 145 e 146; de 1946: arts. 5o, e 157; de 1967, art 157; de 1969: EC no 1 arts. 160 a 164. 34 Redação dada pela EC no 20 de 15.12.1998 35 “Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:” 36 “Art. 193 – A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como o objetivo o bem-estar e a justiça social” 34 UNIDADE ÚNICA │LEGISLAÇÃO E NORMAS A Seguridade Social brasileira deve, em seu conjunto, atuar na melhoria dos indicadores e dos níveis dos direitos sociais dos brasileiros, não podendo ser tratada de forma estanque, separada da sociedade, ou direcionada a um grupo específico. Neste contexto, o arcabouço jurídico vigente garante direitos aos trabalhadores que visem à melhoria de sua condição social como regras que preservem sua saúde e segurança no ambiente de trabalho, ou na participação dos lucros da empresa, entre outros. A Seguridade Social deve sempre garantir que o interesse de muitos se sobreponha ao do indivíduo, desde que esta política não atente contra a sua dignidade. A Constituição Federal de 1988 ao sair do enfoque individual, no que se refere à Ordem Social, a percepção do que é bem-estar (outro objetivo da ordem social), sai do campo do subjetivo, onde o conceito e o entendimento de bem-estar varia de indivíduo para indivíduo, permitindo que o Estado elabore políticas públicas objetivas voltadas para o bem-estar da sociedade, com aplicação da justiça social. Para garantir que as ações da Seguridade Social atinjam a sociedade brasileira de forma homogênea e igualitária, não discriminando nenhum brasileiro, é prerrogativa privativa da União legislar sobre a Seguridade Social. Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: [...] XXIII – seguridade social; A Constituição Federal de 1988 expõem a Seguridade Social da seguinte maneira, in verbis: Art. 194 – A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.” Parágrafo Único37 – Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: I – universalidade da cobertura e do atendimento; II – uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; III – seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; V – equidade na forma de participação no custeio; 37 Objetivo da Seguridade Social 35 LEGISLAÇÃO E NORMAS│ UNIDADE ÚNICA VI – diversidade da base de financiamento; VII – caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quatripartite, com a participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. IV – irredutibilidade do valor dos benefícios; De modo sucinto, Cretella define “a Seguridade Social é o conjunto de medidas tomadas pelo poder público e pelos cidadãos, em conjunto, ou separadamente, em prol dos direitos concernentes à saúde, à previdência e à assistência social.”38 A Constituição Federal veda a aplicação de critérios em que haja discriminação de qualquer espécie tornando a Seguridade Social um direito social que deve atingir a totalidade da população brasileira39. E essa cobertura visa a atender todas as vicissitudes da vida que podem impor necessidades ao cidadão brasileiro, e que deverão ser atendidas pela Seguridade Social. Curiosidade: Considerando que a Seguridade Social é universal, tornou-se inútil distinguir trabalhador urbano e rural presente no art. 7o da Constituição, ficando ai resquício arqueológico da evolução jurídica brasileira. Cretella. Ao ter critérios de seletividade e de distributividade, a Seguridade Social indica em sua filosofia que para dar acesso de forma igualitária aos benefíciosda Seguridade Social é necessário tratar desigualmente os desiguais, isto é, oferecer mais a quem tem menos, para que assim se alcance a justiça social. É desta forma que os benefícios são estabelecidos no Regime Geral de Previdência Social, por meio da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, tendo para os servidores públicos estes benefícios tratados na Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e de forma geral apresenta os seguintes benefícios. » Quanto ao segurado: a. aposentadoria por invalidez; b. aposentadoria por idade; c. aposentadoria por tempo de contribuição40; 38 Cretella Jr., J. Comentários À Constituição de 1988 – Tomo VII – p. 4.297. 39 Constituição Federal. Art. 5o – Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes [...] 40 Redação dada pela Lei Complementar no 123, de 2006. 36 UNIDADE ÚNICA │LEGISLAÇÃO E NORMAS d. aposentadoria especial; e. auxílio-doença; f. salário-família; g. salário-maternidade; h. auxílio-acidente. » Quanto ao dependente: a. pensão por morte; b. auxílio-reclusão. » Quanto ao segurado e dependente: a. serviço social; b. reabilitação profissional. A irredutibilidade dos valores dos benefícios da Seguridade Social aferida no diploma constitucional, objetiva que estes sejam concedidos baseados em determinado enquadramento legal e não tenham seu poder de compra corroído41. Não vigora aqui o entendimento, corrente de alguns governantes, de que a irredutibilidade dos benefícios se fixa tão somente em seu valor nominal. Como um cidadão beneficiário da Seguridade Social, e assim o está por não conseguir garantir o atendimento de suas necessidades, poderá se defender contra a perda da capacidade de compra de seu benefício? Outro aspecto que se impõe é que se garanta no limiar o piso do salário mínimo42, da mesma forma que se garanta a correção dos valores de contribuição43 haja vista o sistema de Seguridade Social ter de ser sustentável econômica e financeiramente. A implantação de Políticas de Seguridade Social implica aporte de altas somas de recursos de forma constante e como a Seguridade Social é destinada a todos os brasileiros, sem exceção, todos devem financiá-las, utilizando novamente a filosofia de tratar desigualmente os desiguais, para que se possa atender o 41 Constituição Federal. Art. 201 §4o Assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei. 42 Constituição Federal. Art. 201 §2o Nenhum benefício que substitua o salário contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo. 43 Constituição Federal. Art. 201 §3o Todos os salários de contribuição considerados para o cálculo de benefício serão devidamente atualizados, na forma da lei. 37 LEGISLAÇÃO E NORMAS│ UNIDADE ÚNICA preceito constitucional da equidade na forma de participação de custeio. O custeio da Seguridade Social deverá ser flexível o suficiente para adaptá-las em casos particulares, um ajustamento real, ao poder de financiamento de determinada categoria da sociedade ou ramo de atividade econômica. Arturo Lentini, citado por Cretella, na Obra Instituzioni di diritto amministrativo, vol. I, p. 30, no1, afirma: a equidade é configurada por Romagnosi na conhecida fórmula, segundo a qual as relações entre cidadãos e o estado devem ser disciplinadas de tal modo que se consiga o máximo de utilidade pública com a máxima vantagem ou com o mínimo de sacrifícios privados. “O que é equitativo é justo: é melhor que o absolutismo da letra da Lei”. Aristóteles Pode alguém estranhar o estabelecimento do seguinte paradoxo na forma de financiamento do custeio? Como alguém que está tutelado pela Seguridade Social, isto é, recebendo algum benefício (pois está em condição de não prover suas necessidades) pode ainda assim participar de seu financiamento? Atualmente, grande parte dos recursos destinados às políticas de Seguridade Social vem de impostos indiretos, que desembocam no consumidor final, fazendo com que um beneficiado seja também um financiador, quando de sua participação no consumo. A Constituição, determinando que haja base de financiamento diversificada para a Seguridade Social, torna a aplicação da diretriz de equidade mais fácil de ser efetivada, pois na prática determina que a Seguridade Social seja financiada pelo Estado, pelo empresário e pelo empregado. Por fim, há a demanda constitucional de que a Seguridade Social tenha uma gestão administrativa democrática e descentralizada, o que reforça a determinação Constitucional que assegura a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação – art. 10o da Constituição Federal de 1988. Vale aqui observação de que somente com a criação do Fórum Nacional da Previdência Social, por meio do Decreto no 6.019, de 22 de janeiro de 2007 – DOU de 22/1/2007, que se garantiu a participação dos trabalhadores e dos empregadores nos ditames da política previdenciária. No âmbito do serviço público, tal determinação legal só será levada a efeito quando da estruturação efetiva do Regime Próprio de Previdência Social dos Servidores da União, e que apesar da legislação de que trata do tema ser de 1998, não 38 UNIDADE ÚNICA │LEGISLAÇÃO E NORMAS foi até hoje objeto de demanda das entidades de classe que representam os servidores públicos federais. Na sequência, a Constituição Federal de 1988 determina, in verbis: Art. 19544 – A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais45: I – do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício46; b) a receita ou o faturamento; c) o lucro47. II – do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 20148. III – sobre a receita de concursos de prognósticos. IV – do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. § 1o49 – As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à seguridade social constarão dos respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da União. § 2o50 – A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde, previdência social e assistência social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a gestão de seus recursos51. § 3o52 – A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios53. 44 Financiamento da Seguridade Social 45 Remissão à CF, 240 – 239, § 4o – 149 – 195, I a III, §§ 6o e 8o – 249 – 250 – 154, I – 195, § 4o – 198, § 1o – 204 46 Remissão à CF, 167, XI – 195, § 11 – 239; LC 101, 2o, IV, a – 68, § 1o, II; I ADCT, 56 47 Remissão à CF, 201, §§ 1o e 7o – 212, § 5o – 8o, IV – 204 – 114, §
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