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CONCURSO AGEPEN CE - Apostila+2 Formação Inicial

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CONCURSO PÚBLICO PARA INGRESSO NO CARGO 
DE AGENTE PENITENCIÁRIO 
SECRETARIA DA JUSTIÇA E CIDADANIA 
 
 
CURSO DE FORMAÇÃO PARA 
AGENTES PENITENCIÁRIOS 
 
 
 
 
 
GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ 
SECRETARIA DA JUSTIÇA E CIDADANIA 
Rua Tenente Benévolo, 1055 - Meireles, 
Fortaleza/CE - CEP: 60160-040 
 
 
INSTITUTO AOCP 
Av. Dr. Gastão Vidigal, 959 - Zona 08 
Maringá – PR CEP: 87050-440 
CONCURSO PÚBLICO PARA INGRESSO NO CARGO DE
AGENTE PENITENCIÁRIO
SECRETARIA DA JUSTIÇA E CIDADANIA – SEJUS
CURSO DE FORMAÇÃO PARA AGENTES PENITENCIÁRIOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONCURSO PÚBLICO PARA INGRESSO NO CARGO 
DE AGENTE PENITENCIÁRIO 
SECRETARIA DA JUSTIÇA E CIDADANIA – SEJUS 
 
CURSO DE FORMAÇÃO PARA AGENTES PENITENCIÁRIOS 
 
 
 
MÓDULO II: Formação Inicial de Agentes Penitenciários - 16h/a 
DISCIPLINA 01: Direitos Humanos e Tratamento Penal 
ELABORAÇÃO: Profa. Maria Oderlânia Torquato Leite 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fortaleza, março de 2018. 
CONCURSO PÚBLICO PARA INGRESSO NO CARGO DE
AGENTE PENITENCIÁRIO
SECRETARIA DA JUSTIÇA E CIDADANIA – SEJUS
CURSO DE FORMAÇÃO PARA AGENTES PENITENCIÁRIOSCONCURSO PÚBLICO PARA INGRESSO NO CARGO DE AGENTE PENITENCIÁRIO 
 SECRETARIA DA JUSTIÇA E CIDADANIA – SEJUS 
 
CURSO DE FORMAÇÃO PARA AGENTES PENITENCIÁRIOS 
 
2 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. APRESENTAÇÃO. ........................................................................................................................... 3 
2. CONCEITO DE DIREITOS HUMANOS. ....................................................................................... 6 
2.1. Características dos Direitos Humanos: .......................................................................................... 7 
2.2. Sujeitos de Direito. ......................................................................................................................... 7 
3. A CONSTITUIÇÃO DE 1988 E OS DIREITOS HUMANOS ......................................................... 7 
3.1. Direitos fundamentais e direitos humanos ..................................................................................... 8 
3.2. A Classificação do Rol de Direitos ................................................................................................ 8 
4. PRINCIPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA .............................................................. 10 
4.1. Direitos fundamentais e direitos humanos ................................................................................... 10 
5. INCORPORAÇÃO DE TRATADOS SOBRE DIREITOS HUMANOS ....................................... 11 
6. A FEDERALIZAÇÃO DOS CRIMES CONTRA DIREITOS HUMANOS .................................. 12 
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................................... 14 
 
 
CONCURSO PÚBLICO PARA INGRESSO NO CARGO DE
AGENTE PENITENCIÁRIO
SECRETARIA DA JUSTIÇA E CIDADANIA – SEJUS
CURSO DE FORMAÇÃO PARA AGENTES PENITENCIÁRIOS
CONCURSO PÚBLICO PARA INGRESSO NO CARGO DE 
AGENTE PENITENCIÁRIO 
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CURSO DE FORMAÇÃO PARA AGENTES PENITENCIÁRIOS 
 
3 
 
1. APRESENTAÇÃO. 
CÓDIGO DE HAMURABI 
(MESOPOTÂMIA/BABILÔNIA, 
2067-2025 a.C) 
Primeira provável codificação a consagrar um rol de direitos comuns 
a todas as pessoas, tais como a vida, a propriedade, a honra, a 
dignidade, a família, a supremacia das leis em relação aos 
governantes. Adotou a Lei de Talião. 
ÓDIGO DE MANU 
(ÍNDIA, 1300 – 1800 a.C) 
Representa uma organização jurídica da sociedade, sob expressiva 
motivação religiosa e política. Bastante meticuloso, previa vários 
tipos de problemas nos campos penal, civil, comercial, laboral etc. 
Ostenta uma série de artigos sobre administração da justiça, modos 
de julgamento e meios de prova. Objetivou favorecer a casta brâmane 
formada pelos sacerdotes, assegurando-lhe o comando social. 
LEI DAS XII TÁBUAS 
(ROMA, 451 a.C) 
Semelhantemente a outras leis primitivas, as Doze Tábuas combinam 
penas rigorosas com procedimentos também severos. Foi assim 
organizada: “Tábua I e II”: Organização e procedimento judicial; 
“Tábua III”: Normas contra os inadimplentes; “Tábua IV”: Pátrio 
Poder; “Tábua V”: Sucessões e tutela; “Tábua VI”: Propriedade; 
“Tábua VII”: Servidões; “Tábua VIII”: Dos Delitos; “Tábua IX”: 
Direito Público; “Tábua X”: Direito Sagrado; “Tábuas XI e XII”: 
Complementares. 
MAGNA CHARTA 
LIBERTATUM 
(INGLATERRA, 1215) 
Entre outras garantias, previa: a liberdade da Igreja da Inglaterra, 
restrições tributárias, proporcionalidade entre delito e sanção (A 
multa a pagar por um homem livre, pela prática de um pequeno 
delito, será proporcional à gravidade do delito; e pela prática de um 
crime será proporcional ao horror deste, sem prejuízo do necessário à 
subsistência e posição do infrator). Protegia especialmente os 
Direitos de Personalidade. Instituiu também o Devido Processo 
Legal que mais tarde o Direito norte-americano chamou de due 
process of law. Garantia também o livre acesso à justiça, liberdade 
de locomoção e livre entrada e saída do país. 
PETITION OF RIGHT 
(INGLATERRA, 1628) 
Previa expressamente que ninguém seria obrigado a contribuir com 
qualquer dádiva, empréstimo ou benevolência e a pagar qualquer 
taxa ou imposto, sem o consentimento de todos, manifestado por 
ato do Parlamento; e que ninguém seria chamado a responder ou 
prestar juramento, ou a executar algum serviço, ou encarceramento, 
ou, de qualquer forma, molestado ou inquietado, por causa destes 
tributos ou da recusa em pagá-los. Previa ainda que nenhum homem 
livre seria colocado sob prisão ou detido ilegalmente. 
HABEAS CORPUS ACT 
(INGLATERRA, 1628) 
Regulamentou o Habeas Corpus que, porém, já existia na common 
law. A lei previa que por meio de reclamação ou requerimento escrito 
de algum indivíduo ou a favor de algum indivíduo detido ou acusado 
da prática de um crime, exceto se tratar de traição ou felonia (revolta 
de vassalos contra seus senhores), o lorde-chanceler ou, em tempo 
de férias, algum juiz dos tribunais superiores, poderiam conceder 
providência de Habeas corpus em benefício do preso. 
 
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4 
 
BILL OF RIGHT 
(INGLATERRA, 1689) 
Decorrente da abdicação do rei Jaime II. Outorgada pelo Príncipe de 
Orange, em 13 de fevereiro. Representou enorme restrição do poder 
estatal. Previa dentre outras regulamentações: fortalecimento do 
princípio da legalidade, ao impedir que o rei pudesse suspender leis 
ou a execução das leis sem o consentimento do Parlamento; a 
criação do direito de petição; liberdade de eleição dos membros do 
Parlamento; imunidades parlamentares; vedação à aplicação de 
penas cruéis; convocação freqüente do Parlamento. PORÉM, 
DETERMINAVA A EXCLUSÃO E DESERDAÇÃO DOS 
CATÓLICOS ROMANOS, NEGANDO A LIBERDADE E 
IGUALDADE RELIGIOSA. 
ACT OF SEATTLEMENT 
(INGLATERRA, 12/07/1701) 
Configurou-se em um ato normativo reafirmador do princípio da 
legalidade. Declarou que as leis da Inglaterra constituem direitos 
naturais do seu povo e que todos os reis e rainhas que subirem ao 
trono desde reino deverão governá-lo, em obediência às ditas leis, e 
que todos os seus oficiais e ministros deverão servi-los também de 
acordo com as mesmas. Instituiu a responsabilização política dos 
agentes públicos, prevendo-se a possibilidade, inclusive, de 
impeachment de magistrados. 
DECLARAÇÃO DEDIREITOS 
DA VIRGÍNIA 
(EUA, 1776) 
Proclama o direito à vida, à liberdade e à propriedade. Outros 
direitos humanos fundamentais foram expressamente previstos, tais 
quais, o princípio da legalidade, o devido processo legal, o Tribunal 
de Júri, o princípio do juiz natural e imparcial, a liberdade de 
imprensa e a LIBERDADE RELIGIOSA. 
DECLARAÇÃO DE 
INDEPENDÊNCIA DOS 
ESTADOS DA AMÉRICA (1776) 
Produzida basicamente por Thomas Jefferson. Teve como tônica 
preponderante a limitação do poder estatal, como se percebe por 
algumas passagens: A história do atual rei da Grã Bretanha compõe-
se de repetidos danos e usurpações, tendo todos por objetivo direto o 
estabelecimento da tirania absoluta sobre estes Estados. Para 
prová-lo, permitamos submeter-lhes os fatos: recusou assentimento a 
leis das mais salutares e necessárias ao bem público (...) Dissolveu 
Casas de Representantes repetidamente porque se opunham com 
máscula firmeza às invasões dos direitos do povo (...) Dificultou a 
administração da justiça pela recusa de assentimento a leis que 
estabeleciam poderes judiciários. Tornou os juízes dependentes 
apenas da vontade dele para gozo do cargo e valor e pagamento dos 
respectivos salários (...) Tentou tornar o militar independente do 
poder civil e a ele superior (...). 
CONSTITUIÇÃO DOS 
ESTADOS UNIDOS DA 
AMÉRICA (1787) 
A Constituição dos Estados Unidos da América e suas dez primeiras 
emendas, aprovadas em 25/09/1789 e ratificadas em 15/12/1791, 
pretenderam limitar o poder estatal estabelecendo a separação dos 
poderes estatais. Instituiu diversos direitos humanos fundamentais: 
liberdade religiosa; inviolabilidade de domicílio; devido processo 
legal; julgamento pelo Tribunal do Júri; ampla defesa; 
impossibilidade de aplicação de penas cruéis ou aberrantes. 
DECLARAÇÃO DOS DIREITOS 
DO HOMEM E DO CIDADÃO 
(FRANÇA, 26/08/1789) 
Destaque-se a proclamação dos seguintes direitos humanos 
fundamentais: princípio da igualdade, liberdade, propriedade, 
segurança, resistência à opressão, associação política, princípio da 
legalidade, princípio da reserva legal e anteriormente em matéria 
penal, princípio da presunção de inocência; liberdade religiosa, 
livre manifestação de pensamento. 
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CONSTITUIÇÃO FRANCESA 
(03/09/1791) 
Trouxe novas formas de controle do poder estatal. 
CONSTITUIÇÃO FRANCESA 
(24/06/1793) 
Regulamentou os seguintes direitos humanos fundamentais: 
igualdade, liberdade, segurança, propriedade, legalidade, livre 
acesso aos cargos públicos, livre manifestação de pensamento, 
liberdade de imprensa, presunção de inocência, devido processo 
legal, ampla defesa, proporcionalidade entre delitos e penas, 
liberdade de profissão, direito de petição, direitos políticos. 
CONSTITUIÇÃO CÁDIS 
(ESPANHA, 19/03/1812) 
Previa: o princípio da legalidade, as restrições aos poderes do rei, o 
principio do juiz natural, impossibilidade de tributos arbitrários, 
direito de propriedade, desapropriação mediante justa indenização, 
liberdade. PROIBIA A LIBERDADE RELIGIOSA E ADOTAVA A 
RELIGIÃO CATÓLICA. 
CONSTITUIÇÃO 
PORTUGUESA (1822) 
Consagra: igualdade, liberdade, segurança, propriedade, 
desapropriação somente mediante prévia e justa indenização, 
inviolabilidade de domicílio, livre comunicação de pensamentos, 
liberdade de imprensa, proporcionalidade entre delito e pena, 
reserva legal, proibição de penas cruéis ou infamantes, livre acesso 
aos cargos públicos, inviolabilidade da comunicação de 
correspondência. 
CONSTITUIÇÃO BELGA 
(07/02/1831) 
Além da consagração dos já tradicionais direitos individuais previstos 
na Constituição portuguesa, estabelecia a liberdade de culto. 
DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DA 
CONSTITUIÇÃO FRANCESA 
(04/011/1848) 
Além dos tradicionais direitos humanos, em seu art. 13 previa como 
direitos dos cidadãos garantidos pela Constituição a Liberdade do 
trabalho e da indústria, a assistência aos desempregados, às 
crianças abandonadas, aos enfermos e aos idosos sem recurso, 
cujas famílias não pudessem socorrer. 
CONSTITUIÇÃO MEXICANA 
(31/01/1917) 
Passou a garantir direitos individuais com fortes tendências sociais, 
como, por exemplo, direitos trabalhistas e efetivação da educação. 
CONSTITUIÇÃO DE WEIMAR 
(ALEMANHA, 11/08/1919) 
Previa os Direitos e Deveres fundamentais dos alemães: Os 
tradicionais direitos e garantias individuais, os direitos 
relacionados à vida social, os direitos relacionados à religião e às 
Igrejas, os direitos relacionados à educação e ensino e os direitos 
referentes à vida econômica. 
DECLARAÇÃO SOVIÉTICA DOS 
DIREITOS DO POVO 
TRABALHADOR E EXPLORADO 
(17/01/1918) 
Pelas circunstâncias que idealizaram a revolução de 1917, visava, 
suprimir toda a exploração do homem pelo homem, a abolir 
completamente a divisão da sociedade em classes, a esmagar 
implacavelmente todos os exploradores, a instaurar a organização 
socialista da sociedade e a fazer triunfar o socialismo em todos os 
países. 
CARTA DO TRABALHO 
(ITÁLIA, 1927) 
Apesar de impregnada fortemente pela doutrina do Estado Fascista 
Italiano, trouxe um grande avanço em relação aos direitos dos 
trabalhadores, prevendo, principalmente: liberdade sindical, 
magistratura do trabalho, possibilidade de contratos coletivos de 
trabalho, maior proporcionalidade de retribuição financeira em 
relação ao trabalho, remuneração especial ao trabalho noturno, 
garantia do repouso semanal remunerado, previsão de férias após 
um ano de serviço ininterrupto, indenização em virtude de dispensa 
arbitrária ou sem causa, previsão de previdência, assistência, 
educação e instrução sociais. 
 
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6 
 
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS 
DIREITOS HUMANOS 
(FRANÇA, 1948) 
Proclama a necessidade essencial dos direitos da pessoa humana 
serem protegidos pelo império da lei, para que a pessoa não seja 
compelida, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a 
opressão. 
CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA 
DE 1988 
Alguns diplomas constitucionais anteriores contemplaram 
timidamente dispositivos sobre os Direitos Humanos. Entretanto, esta 
Carta de 1988 selou o processo de redemocratização do Brasil. 
Firmou-se sobre o paradigma do Estado Democrático de Direito. 
Consolidou-se em princípios e fundamentos que consagraram a 
dignidade da pessoa humana, a cidadania e o não-preconceito, a 
sociedade justa, igualitária e plural, além de outros valores que 
promovem de forma histórica o ser humano. 
PNDH-3 (Programa Nacional dos Direitos 
Humanos) 
O Brasil adotou em Dezembro de 2009 o PNDH-3 que, em síntese, 
propõe em seus “6 Eixos Orientadores” o seguinte: Interação 
democrática entre Estado e sociedade civil; Desenvolvimento e 
Direitos Humanos; Universalizar direitos em um contexto de 
desigualdades; Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à 
Violência; Educação e Cultura em Direitos Humanos; Direito à 
Memória e à Verdade. 
 
2. CONCEITO DE DIREITOS HUMANOS. 
De acordo com Peres Luño (1995, p. 22), há três tipos de definição dos direitos humanos: a 
primeira é a definição tautológica, que não aporta nenhum elemento novo que permite caracterizar tais 
direitos. Como exemplo, temos a definição segundo a qualos direitos humanos são todos aqueles que 
correspondem ao homem pelo fato de ser homem. 
A segunda definição é a formal, que, ao não especificar o conteúdo dos direitos humanos, 
limita-se a alguma indicação sobre o seu regime jurídico especial. Esse tipo de definição consiste em 
estabelecer que os direitos humanos são aqueles que pertencem a todos os homens e que não podem 
ser deles privado, em virtude de seu regime indisponível e sui generis. Para Miranda (1993, p. 9), tal 
definição formal estabelece que “direitos humanos é toda posição jurídica subjetiva das pessoas 
enquanto consagradas na lei fundamental”. 
A terceira e última definição é a finalística ou teleológica, na qual se utiliza o objetivo ou fim 
para definir o conjunto de direitos humanos. Tal definição diz que os direitos humanos são aqueles 
essenciais para o desenvolvimento digno da pessoa humana. Para essa definição, Dallari (1998, p. 7) 
considera que os direitos humanos representam uma forma abreviada de mencionar os direitos 
fundamentais da pessoa humana. Esses direitos são fundamentais porque sem eles o ser humano não 
conseguirá existir ou não será capaz de se desenvolver e de participar plenamente da vida social e 
política. 
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7 
 
“Conjunto de faculdades e instituições que, em cada momento histórico, concretizam as 
exigências de dignidade, liberdade e igualdade humanas, as quais devem se reconhecidas 
positivamente pelos ordenamentos jurídicos em nível nacional e internacional.” 
Com o mesmo intuito, Peres Luño (1995, p. 48) compatibilizando a evolução histórica dos 
direitos humanos com a necessidade de definição de seu conteúdo, considera direitos humanos como o 
conjunto de faculdades e instituições que, em cada momento histórico, concretizam as exigências de 
dignidade, liberdade e igualdade humanas, as quais devem ser reconhecidas positivamente pelos 
ordenamentos jurídicos em nível nacional e internacional. 
 
2.1. Características dos Direitos Humanos: 
✓ Superioridade normativa; 
✓ Historicidade 
✓ Universalidade 
✓ Universalismo 
✓ Relatividade 
✓ Irrenunciabilidade 
✓ Inalienabilidade 
✓ Imprescritibilidade 
✓ Interdependência 
 
2.2. Sujeitos de Direito. 
 
3. A CONSTITUIÇÃO DE 1988 E OS DIREITOS HUMANOS 
Além da proteção das minorias e da promoção da assistência social, existem fatores específicos, 
inseridos na Lei Maior, que se relacionam diretamente com os direitos humanos. 
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3.1. Direitos fundamentais e direitos humanos 
Como vimos, a CF/88 traça implicitamente os conceitos de direitos fundamentais e direitos 
humanos, ao considerar aqueles dos arts. 5º ao 17, para considera fundamentais, e no art. 4º, II, 
considera como principio da relação internacional de direitos humanos. De forma sistemática, começa 
o texto constitucional a tratar do tema direitos humanos, completado por outras normas, conforme se 
verá. 
✓ Direitos Humanos: conjunto de valores e direitos na ordem internacional para a 
proteção da dignidade da pessoa humana. 
✓ Direitos Fundamentais : conjunto de valores e direitos positivados na ordem interna de 
determinado país para a proteção da dignidade da pessoa. 
 
3.2. A Classificação do Rol de Direitos 
 
Sempre que se pretende falar da classificação do rol de direitos humanos, é importante referir-
se a uma das principais discussões, que é quanto ao uso do termo geração ou dimensão. Alguns autores 
preferem o uso do termo geração, outros consideram correto o termo dimensão. No nosso estudo, não 
é importante discutir essas denominações, porém optamos por utilizar o termo geração, não 
significando, no entanto, que olvidamos o uso do outro termo, até porque levamos em conta a lição de 
Flávia Piovesan (1998), quando ensina que uma geração não substitui a outra, mas com ela interage, 
estando em constante e dinâmica relação. 
Uma geração não supera a outra como querem alguns críticos, uma geração traz novos 
elementos aos direitos fundamentais e complementa a anterior geração. 
Alguns autores classificam os direitos fundamentais em três gerações, outros adotam quatro 
gerações de direitos humanos e, outros ainda defendem a existência de cinco gerações. 
Karel Vasak em Conferência proferida no Instituto Internacional de Direitos Humanos no ano 
de 1979 que classificou os direitos humanos em três gerações, reconhecemos também a importância 
das outras gerações de direitos fundamentais (portanto, a quarta e a quinta). 
Assim, de acordo com Carvalho Ramos (2005, p. 82-83), a primeira geração engloba os 
chamados direitos de liberdade, que são direitos as chamadas prestações negativas, nas quais o Estado 
deve proteger a esfera de autonomia do indivíduo. 
Diz Canotilho (1993, p. 505), que estes são os direitos de defesa e possuem o caráter de 
distribuição de competências (limitação) entre o Estado e o ser Humano, sendo denominados direitos 
civis e políticos. 
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9 
 
Por isso são conhecidos como direitos ou liberdades individuais que têm como marco as 
revoluções liberais do séc. XVIII na Europa e Estados Unidos, que visavam restringir o poder absoluto 
do monarca, impingindo limites à ação estatal. São entre outros o direito à liberdade, igualdade perante 
a lei, propriedade, intimidade e segurança, traduzindo o valor da liberdade. 
Bonavides (1993, p. 475) assevera que “os direitos de primeira geração ou direitos da liberdade 
têm por titular o indivíduo, são oponíveis ao Estado, traduzem-se como faculdades ou atributos da 
pessoa e ostentam uma subjetividade que é seu traço mais característico”; em fim, são direitos de 
resistência ou de oposição perante o Estado. 
A segunda geração dos direitos humanos são os direitos sociais nos quais o sujeito de direito é 
visto enquanto inserido no contexto social, isto quando analisado em uma situação concreta. 
Trata-se da passagem das liberdades negativas de religião e opinião, por exemplo, para os 
direitos políticos e sociais, que requerem uma intervenção direta do Estado, representando, portanto, a 
modificação do papel do Estado, exigindo-lhe um vigoroso papel ativo, além do mero fiscal das regras 
jurídicas. Esse papel ativo diz Carvalho Ramos (2005, p. 84) embora necessário para proteger os 
direitos de primeira geração, era visto, anteriormente com desconfiança, por se considerar uma ameaça 
aos direitos do individuo. 
Contudo, sob influência das doutrinas socialistas, constatou-se que as inserções formais de 
liberdade e igualdade em declarações de direitos não garantiam a sua efetiva concretização, o que 
gerou movimentos sociais de reivindicação de um papel ativo do Estado para realizar aquilo que Lafer 
(1991, p. 127) chamou de “direito de participar do bem estar social”. 
Cabe frisar que, tal como os direitos da primeira geração, os direitos sociais são tambémtitularizados pelo indivíduo contra o Estado. Nesse momento, são reconhecidos os chamados direitos 
sociais como o direito à saúde, educação, previdência social, habitação, entre outros que demandam 
prestações positivas do Estado para seu atendimento e são denominados “direitos de igualdade” por 
garantirem, justamente às camadas mais miseráveis da sociedade, a concretização das liberdades 
abstratas reconhecidas nas primeiras declarações de direitos. 
Os direitos humanos de segunda geração são frutos das chamas lutas sócias da Europa e 
Américas, sendo seus marcos a Constituição mexicana de 1917, que regulou o direito ao trabalho e à 
previdência social; A Constituição alemã de Weimar de 1919, que em sua parte II estabeleceu os 
deveres do Estado na proteção dos direitos sociais e; no Direito Internacional, o Tratado de Versailles, 
criou a Organização Internacional do Trabalho, reconhecendo direitos dos trabalhadores. 
Já os direitos de terceira geração são os trans-individuais, também conhecidos por direitos 
coletivos e difusos, aqueles que de acordo com Sarlet (1998, p. 50) trazem como nota distintiva o fato 
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de se desprenderem, em princípio, da figura do homem-indivíduo como seu titular, destinando-se à 
proteção de grupos humanos. Tratam-se daqueles direitos de titularidade da comunidade, como o 
direito ao desenvolvimento, o direito do consumidor, o direito à paz, o direito a autodeterminação, 
principalmente o direito ligado as questões ecológicas, o que Carvalho Ramos (2005, p. 84) denomina 
de “direitos de solidariedade” por resultarem da descoberta do homem vinculado ao planeta Terra, com 
recursos finitos, divisão absolutamente desigual de riquezas em verdadeiros círculos viciosos de 
miséria e ameaças cada vez mais concretas à sobrevivência da espécie humana. 
A existência de direitos humanos categorizados como sendo de quarta geração é defendida, 
entre outros, por Paulo Bonavides e Ingo Wolfgang Sarlet. Dizem respeito à democracia direta, à 
informação, ao pluralismo, e seriam o resultado da globalização dos direitos fundamentais, no sentido 
de uma universalização no plano institucional que corresponda à derradeira fase de institucionalismo 
do Estado Social. 
Dirley Cunha Jr acrescenta a tal categoria os direitos contra manipulações genéticas, o direito à 
mudança de sexo e, em geral, os relacionados à biotecnologia. 
Os direitos intergeracionais citados por Norberto Bobbio (1992, p. 63) integram a quinta 
dimensão dos direitos humanos, sendo aqueles destinados às futuras gerações, que impõe ao presente 
condutas condignas com o perpetuar da espécie e a sobrevivência do planeta. 
 
4. PRINCIPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA 
4.1. Direitos fundamentais e direitos humanos 
Têm a sua fonte ética na dignidade da pessoa humana os direitos, liberdades e garantias 
pessoais e os direitos econômicos, sociais e culturais comuns a todas as pessoas. 
Mais precisamente, várias são as passagens na Constituição Federal que denotam a dignidade 
da pessoa humana, como no artigo 5º, incisos III (não submissão a tortura), VI (inviolabilidade da 
liberdade de consciência e de crença), VIII (não privação de direitos por motivo de crença ou 
convicção), X ( inviolabilidade da vida privada, honra e imagem), XI (inviolabilidade de domicílio), 
XII (inviolabilidade do sigilo de correspondência), XLVII (vedação de penas indignas), XLIX 
(proteção da integridade do preso) etc. 
Ingo Wolfgang Sarlet define a dignidade da pessoa humana (2001, p.60): Temos por dignidade 
da pessoa humana a qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano que o faz merecedor do 
mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um 
complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato 
de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas para 
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uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa co-responsável nos destinos da 
própria existência e da vida em comunhão dos demais seres humanos. 
A dignidade da pessoa humana, prevista no artigo 1º, inciso III da Constituição Federal, 
constitui um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito, inerente à República Federativa do 
Brasil. Sua finalidade, na qualidade de princípio fundamental, é assegurar ao homem um mínimo de 
direitos que devem ser respeitados pela sociedade e pelo poder público, de forma a preservar a 
valorização do ser humano. 
Sendo a dignidade da pessoa humana um fundamento da República, a essa categoria erigido 
por ser um valor central do direito ocidental que preserva a liberdade individual e a personalidade, 
portanto, um princípio fundamental alicerce de todo o ordenamento jurídico pátrio, não há como ser 
mitigado ou relativizado, sob pena de gerar a instabilidade do regime democrático, o que confere ao 
dito fundamento caráter absoluto. 
 
5. INCORPORAÇÃO DE TRATADOS SOBRE DIREITOS HUMANOS 
Logo após a promulgação da Constituição de 1988, autores como Flávia Piovesan e Cançado 
Trindade sustentaram que o art. 5º, § 2º, da CF colocaria os tratados sobre direitos humanos no nível 
das normas constitucionais. 
 Assim, o procedimento de aprovação dos tratados sobre direitos humanos seria igual ao dos 
demais tratados com o detalhe de que a ratificação deles pelo Chefe de Estado, após aprovação 
parlamentar mediante decreto legislativo, garantir-lhes-ia o status constitucional. 
Inclusive, Cançado Trindade foi quem elaborou o art. 5º, § 2º, da CF. Segundo esse jurista, “o 
propósito do disposto nos parágrafos 2º e 1º do artigo 5º da Constituição não é outro que o de assegurar 
a aplicabilidade direita ao Poder Judiciário nacional da normativa internacional de proteção, alçada a 
nível Constitucional”(Memorial em prol de uma nova mentalidade quanto à proteção dos direitos 
humanos nos planos internacional e nacional. 
Contudo, o STF, numa decisão polêmica (HC 72.131) que se tornou jurisprudência por ter sido 
reiterada em outros casos, rejeitou essa tese libertária, ao argumento de que ela permitiria mudanças na 
Constituição sem o procedimento de elaboração previsto no art. 60 da Constituição. 
Surge a EC nº 45/2003, a qual introduziu o § 3º ao art. 5º da CF, cujo teor é o seguinte: “Os 
tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do 
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão 
equivalentes às emendas constitucionais”. 
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É inegável que esse dispositivo confirmou a jurisprudência do STF no sentido de que a simples 
ratificação de um tratado, após sua aprovação padrão pelo Congresso, não lhe dá estatura 
constitucional. Para tanto, a aprovação deve ocorrerconforme o rito das emendas. Contudo, o art. 5, § 
3º, mostrou que os tratados sobre direitos humanos possuem um especial destaque na ordem 
constitucional, o que fez ressurgir das cinzas o debate sobre a hierarquia deles no direito interno. 
Assim, caso um tratado sobre direitos humanos tiver sido ou for aprovado com base no rito 
tradicional (decreto legislativo e promulgação via Decreto Executivo), ao que tudo indica, esse pacto 
internacional terá estatura “supralegal”, isto é, estará abaixo da Constituição, mas acima das leis, tal 
como sugerido pelo Ministro Gilmar Mendes. Contudo, deve-se esperar o resultado do julgamento dos 
RE nº 466.343/SP e do RE nº 349.703/RS. 
Parece-nos que a tese da supralegalidade representa uma evolução. Com efeito, o art. 5º, § 3º, é 
uma realidade incontestável. Logo, à primeira vista, não há que se falar em estatura constitucional de 
tratado de direitos humanos sem a aprovação mediante o rito das emendas. Contudo, o art. 4º, inciso II, 
da CF prevê a prevalência dos direitos humanos como princípio fundamental, o que mostra a 
importância desses tratados que versem sobre esse tema. 
A grande dificuldade será a definição do que é um tratado sobre direitos humanos. Há casos em 
que é possível identificá-lo sem maiores problemas, a exemplo do Pacto de São José da Costa Rica; em 
outros casos, prima facie, vê-se que não se trata de um tratado sobre direitos humanos, a exemplo de 
um pacto ortográfico e lingüístico. 
 
6. A FEDERALIZAÇÃO DOS CRIMES CONTRA DIREITOS HUMANOS 
De acordo com o art. 1.º, III, CF/88, a dignidade da pessoa humana é fundamento da República 
Federativa do Brasil que, em suas relações internacionais, rege-se, dentre outros, pelos princípios da 
prevalência dos direitos humanos, do repúdio ao terrorismo e ao racismo e pela cooperação entre os 
povos para o progresso da humanidade (art. 4.º, II, VIII e IX). 
Os direitos da pessoa humana, outrossim, nos termos do art. 34, VII, “b”, foram erigidos a 
princípios sensíveis, a ensejar até mesmo a intervenção federal nos Estados que os estiverem violando. 
Ainda, de acordo com o art. 21, I, a União é que se responsabiliza, em nome da República 
Federativa do Brasil, pelas regras e preceitos fixados nos tratados internacionais. Assim, na hipótese de 
descumprimento e afronta a direitos humanos no território brasileiro, a única e exclusiva responsável, 
no plano internacional, será a União, não podendo invocar a cláusula federativa, nem mesmo “lavar as 
mãos” dizendo ser problema do Estado ou do Município. Isso não é aceito no âmbito internacional. 
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Diante dessa problemática, a Reforma do Poder Judiciário (EC n. 45/2004), adequando o 
funcionamento do Judiciário brasileiro ao sistema de proteção internacional dos direitos humanos, 
Estabeleceu que, nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da 
República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados 
internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior 
Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de 
competência para a Justiça Federal” 
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: 
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, 
com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de 
direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, 
em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça 
Federal. 
 
 
 
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BIBLIOGRAFIA 
ARAUJO, Luiz Alberto David e JÙNIOR, Vidal Serrano Nunes. Curso de Direito Constitucional. 7ª 
ed. São Paulo: Saraiva, 2003. 
ARAS, Vladimir. Federalização dos crimes contra os direitos humanos. Jus Navigandi, Teresina, ano 
9, n. 687, 23 maio 2005. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/6762>. Acesso em: 03 fev. 2007. 
BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. 22ª ed. São Paulo: Saraiva, 2001. 
BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. 19ª reimp. Rio de Janeiro: Elsevier, 1992. 
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 15ª ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2004. 
CARVALHO RAMOS, André de. Teoria Geral dos Direitos Humanos na Ordem Internacional. Rio de 
Janeiro: Renovar, 2005. 
CANOTILHO, Joaquim José Gomes. Direito Constitucional. 6ª ed. Coimbra. Almedina,1993. 
CUNHA JUNIOR, Dirley da. Curso de Direito Constitucional. 2ª ed. Salvador: Editora JusPodivm, 
2008. 
DALLARI, Dalmo de Abreu. Direitos humanos e cidadania. 2ª ed. São Paulo: Moderna, 2004. 
LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um diálogo com o pensamento de Hannah 
Arendt. São Paulo: Companhia das Letras, 1988. 
MENDES, Gilmar. Curso de Direito Constitucional, 2ª ed, 2000. 
PEREZ LUÑO, Antônio Henrique. Derechos Humanos. Estado de Derecho y Constitución. .7ª ed. 
Madrid: Tecnos, 1995. 
PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. 4ª ed. São Paulo: Max 
Limonad, 2000. 
TRINDADE, Antônio Augusto Cançado. A Proteção Internacional dos Direitos Humanos – 
Fundamentos Jurídicos e Instrumentos Básicos. São Paulo: Saraiva, 1991. 
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos Direitos Fundamentais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 
1998. 
 
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MÓDULO II: Formação Inicial de Agentes Penitenciários - 16h/a 
DISCIPLINA 02: Regras Mínimas de Tratamento do Preso no Brasil 
ELABORAÇÃO: Prof. Antonio Rodrigues de Sousa 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fortaleza, março de 2018. 
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2 
 
 
SUMÁRIO 
 
O QUE SÃO AS REGRAS MÍNIMAS PARA TRATAMENTO DE PRESOS ...................................... 4 
CRONOLOGIA ........................................................................................................................................ 5 
1. TÍTULO I - REGRAS DE APLICAÇÃO GERAL ........................................................................... 6 
1.1. Capítulo I - Dos Princípios Fundamentais ............................................................................. 6 
1.2. Capítulo II – Do Registro ......................................................................................................... 7 
1.3. Capítulo III – Da Seleção E Separação Dos Presos ............................................................... 8 
1.4. CapítuloIV – Dos Locais Destinados Aos Presos .................................................................. 8 
1.5. Capítulo V – Da Alimentação .................................................................................................. 9 
1.6. Capítulo VI – Dos Exercícios Físicos .................................................................................... 10 
1.7. Capítulo VII – De Saúde E Assistência Sanitária ................................................................ 10 
1.8. Capítulo VIII – Da Ordem e da Disciplina .......................................................................... 11 
1.9. Capítulo XI – Dos Meios de Coerção .................................................................................... 12 
1.10. Capítulo X – Da Informação e do Direito de Queixa dos Presos .................................... 13 
1.11. Capítulo XI - Do Contato com o Mundo Exterior .......................................................... 13 
1.12. Capítulo XII - Instruções e Assistência Educacional ....................................................... 14 
1.13. Capítulo XIII - Da Assistência Religiosa e Moral ............................................................ 15 
1.14. Capítulo XIV - Da Assistência Jurídica ........................................................................... 16 
1.15. Capítulo XV - Dos Depósitos de Objetos Pessoais ........................................................... 17 
1.16. Capítulo XVI - Das Notificações ....................................................................................... 17 
1.17. Capítulo XVII - Da Preservação da Vida Privada e da Imagem .................................. 17 
1.18. Capítulo XVIII - Do Pessoal Penitenciário ...................................................................... 18 
2. TÍTULO I - REGRAS APLICÁVEIS A CATEGORIAS ESPECIAIS .......................................... 20 
2.1. Capítulo XIX - Dos Condenados ........................................................................................... 20 
2.2. Capítulo XX - Das Recompensas .......................................................................................... 20 
2.3. Capítulo XXI – Do Trabalho ................................................................................................. 21 
2.4. Capítulo XXII - Das Relações Sociais e Ajuda Pós-Penitenciária ..................................... 22 
2.5. Capítulo XXIII – Do Doente Mental..................................................................................... 22 
2.6. Capítulo XXIV - Do Preso Provisório .................................................................................. 23 
2.7. Capítulo XXV - Do Preso Por Prisão Civil .......................................................................... 23 
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3 
 
2.8. Capítulo XXVI - Dos Direitos Políticos ................................................................................ 24 
2.9. Capítulo XXVII - Das Disposições Finais............................................................................. 24 
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................................... 25 
 
 
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4 
 
O QUE SÃO AS REGRAS MÍNIMAS PARA TRATAMENTO DE PRESOS 
 Adotadas pelo Primeiro Congresso das Nações Unidas sobre a Prevenção do Crime e o 
Tratamento dos Delinqüentes, realizado em Genebra em 1955, e aprovadas pelo Conselho Econômico 
e Social das Nações Unidas através das suas resoluções 663 C (XXIV), de 31 de Julho de 1957 e 2076 
(LXII), de 13 de Maio de 1977, as Regras Mínimas para Tratamento de Presos são um conjunto de 
medidas editadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), para servir como parâmetro global no 
tratamento de pessoas presas, a serem especialmente observadas pelos países membros da ONU. 
As Regras Mínimas não pretendem descrever, em pormenor, um modelo de sistema 
penitenciário. Procuram, unicamente, com base em consensos sobre a administração da Justiça e no 
pensamento contemporâneo, estabelecer princípios e regras de uma boa organização penitenciária e 
das práticas relativas ao tratamento de reclusos que representam, em conjunto, as condições humanas e 
ambientais minimamente aceitas pelas Nações Unidas. 
As Regras Mínimas devem servir como parâmetro na emissão de esforços continuados para 
ultrapassar dificuldades práticas locais e, portanto, evoluem constantemente pela possibilidade da 
adoção de novas práticas e experiências, desde que estas se ajustem aos princípios e objetivos 
recomendados pela ONU. 
A primeira parte das Regras Mínimas trata das matérias relativas à administração geral dos 
estabelecimentos penitenciários e é aplicável a todas as categorias de reclusos, dos foros criminal ou 
civil, em regime de prisão preventiva ou já condenados, incluindo os que estejam detidos por aplicação 
de medidas de segurança ou que sejam objeto de medidas de reeducação ordenadas por um juiz. 
A segunda parte contém as regras que são especificamente aplicáveis às categorias de reclusos 
de cada secção. Contudo as regras da secção A, aplicáveis aos reclusos condenados, serão também 
aplicadas às categorias de reclusos a que se referem às secções B, C e D, desde que não sejam 
contraditórias com as regras específicas destas secções e na condição de constituírem uma melhoria de 
condições para estes reclusos. 
Por outro lado, as Regras Mínimas têm um foco bem definido na ressocialização dos internos, 
calcada em um ambiente de respeito aos direitos fundamentais e partindo da constatação de que é do 
interesse de toda a sociedade que as pessoas submetidas ao encarceramento encontrem oportunidades 
reais de retornar ao convívio social. 
 
 
 
 
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5 
 
CRONOLOGIA 
A formação de um consenso em torno da imprescindível fixação de um conjunto de regras básicas para 
o tratamento de presos, como um “mínimo existencial” na perspectiva de preservar a dignidade da pessoa presa 
como ser humano, ideia já pautada e consagrada pela ONU desde os anos 1950, ganhou porte junto na década 
de 1970 do século passado; finalmente, em 1994 as Regras Mínimas são adotadas no Brasil pelo Ministério de 
Justiça através ao Conselho Nacional de Política Crmiminal e Penitenciária – CNPCP. 
A edição das “Regras Mínimas” é uma ação dentro de uma estratégia política macro de Prevenção do 
Crime e o Tratamento dos Delinqüentes da ONU. Durante mais de meio século as Nações Unidas têm realizado 
esforços no objetivo de fortalecer a cooperação internacional contra a expansão da criminalidade. 
1955 – O 1o. Congresso das Nações Unidas sobre a Prevenção do Crime e o Tratamento dos Delinqüentes, 
realizado em Genebra, cria e aprova proposta das “Regras Mínimas.”. 
1957 – O Conselho Econômico e Social das Nações Unidas, aprova a proposta e editaa resoluções 663, de 31 
de Julho de 1957 e recomenda Governos Nacionais: que a adoção das “Regras Mínimas” e sua aplicação seja 
efetivada nos estabelecimentos penitenciários e correcionais; Que o Secretário-Geral seja informado de cinco 
em cinco anos dos progressos relativos à sua aplicação; Que os Governos façam a mais ampla publicidade 
possível às “Regras Mínimas”, junto dos organismos públicos interessados e junto às organizações não 
governamentais que se ocupem da defesa social; 
1970 – O 4o. Congresso das Nações Unidas (ONU) sobre Prevenção do Delito e Tratamento do Delinqüente, 
realizado em Kyoto, em 1970, volta ao debate das “Regras Mínimas” e e recomenda o incremento à sua 
aplicação pelos Estados membros. Salientou também um aumento na prevenção ao crime por meio do 
desenvolvimento econômico e social. 
1971 – A Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) edita a Resolução nº 2.858 reiterando a 
recomendação do Congresso de kyoto; 
1975 - O 5º Congresso de Prevenção do Delito e Tratamento do Delinqüente aprovou a Declaração sobre a 
Proteção de todas as pessoas contra a tortura e outras penas e tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. 
1980 - O 6º Congresso de Prevenção do Delito e Tratamento do Delinqüente adotou o tema “Prevenção ao 
crime e qualidade de vida” e reconheceu que a prevenção ao crime deve ter como fundamento as circunstâncias 
sociais, culturais, políticas e econômicas dos países. 
1985 - O 7º Congresso de Prevenção do Delito e Tratamento do Delinqüente, adotou o Plano de Ação de Milão 
editando um conjunto de normas com o tema “Prevenção ao Crime pela liberdade, justiça, paz e 
desenvolvimento.” 
1990 – O 8º Congresso de Prevenção do Delito e Tratamento do Delinqüente recomendou ações contra o crime 
organizado e o terrorismo com o tema “Prevenção ao crime e justiça criminal internacional no Século XXI.” 
1994 – A Comissão Permanente de Prevenção do Crime e Justiça Penal das Nações Unidas, principal órgão do 
sistema ONU para formulação de políticas e recomendações internacionais sobre questões de Justiça Criminal, 
em Viena, dá nova ênfase ao tema das Regras Mínimas. 
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6 
 
1994 – O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP) do Brasil, órgão do Ministério da 
Justiça/embora com um atraso de mais de duas décadas, edita a Resolução nº14, de 11 de novembro de 1994, 
sob o título: Regras Mínimas para Tratamento do Preso no Brasil. 
1995 – O 9º Congresso de Prevenção do Delito e Tratamento do Delinqüente tratou da cooperação internacional 
e a assistência técnica para fortalecer o primado da lei, com o tema “A busca de segurança e de Justiça para 
todos.” 
2000 – O 10º Congresso de Prevenção do Delito e Tratamento do Delinqüente adotou a Declaração de Viena, 
pela qual os Estados Membros se comprometem a fortalecer a cooperação internacional na luta contra o crime 
transnacional e reforma da Justiça Criminal. 
2005 – O 11º Congresso adotou a Declaração de Bangkok, um documento político fundamental que estabelece 
as bases e mostra o rumo a seguir para fortalecer a coordenação internacional e a cooperação de esforços a fim 
de prevenir e combater a criminalidade. 
2015 – A ONU atualizou as Regras Mínimas para Tratamento de Presos, ideário oriundo da 1º Congresso sobre 
a Prevenção do Crime e o Tratamento dos Delinqüentes e que, desde 1955, teve várias evoluções. A atualização 
teve por intuito incorporar novas doutrinas de Direitos Humanos, ampliar o corolário de respeito à dignidade das 
pessoas presas, dar maiores garantias do acesso à saúde, ao direito de defesa, orientar uso de sanções 
disciplinares, tais como o isolamento solitário e a redução de alimentação. O novo texto das “Regras Mínimas” 
aprovado em 2015, na África do Sul, recebeu o nome de Regras de Mandela. 
 
 
_______________________________________________________________________ 
TEXTO E OBSERVAÇÕES ÀS REGRAS MÍNIMAS DE TRATAMENTO DO PRESO 
Resolução nº 14, de 11 de novembro de 1994 
O Presidente do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), no uso de suas 
atribuições legais e regimentais e; Considerando a decisão, por unanimidade, do Conselho Nacional 
de Política Criminal e Penitenciária, reunido em 17 de outubro de 1994, com o propósito de 
estabelecer regras mínimas para o tratamento de Presos no Brasil; Considerando a recomendação, 
nesse sentido, aprovada na sessão de 26 de abril a 6 de maio de 1994, pelo Comitê Permanente de 
Prevenção ao Crime e Justiça Penal das Nações Unidas, do qual o Brasil é Membro; Considerando 
ainda o disposto na Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal); Resolve fixar as 
Regras Mínimas para o Tratamento do Preso no Brasil. 
 
1. TÍTULO I - REGRAS DE APLICAÇÃO GERAL 
1.1. Capítulo I - Dos Princípios Fundamentais 
Art. 1º. As normas que se seguem obedecem aos princípios da Declaração Universal dos Direitos do Homem e 
daqueles inseridos nos Tratados, Convenções e regras internacionais de que o Brasil é signatário devendo ser 
aplicadas sem distinção de natureza racial, social, sexual, política, idiomática ou de qualquer outra ordem. 
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Art. 2º. Impõe-se o respeito às crenças religiosas, aos cultos e aos preceitos morais do preso. 
Art. 3º. É assegurado ao preso o respeito à sua individualidade, integridade física e dignidade pessoal. 
Art. 4º. O preso terá o direito de ser chamado por seu nome. 
OBSERVAÇÕES 
Pode-se dizer que os princípios do RESPEITO às crenças, à integridade física, à dignidade individual e à 
identidade nominal da pessoa presa e a INDISTINÇÃO de qualquer natureza (racial, social, sexual, política, 
idiomática ou de qualquer ordem) resumem o espírito das Regras Mínimas. 
As prisões são lugares degradantes e deve ser preocupação da gestão e dos trabalhadores penitenciários, 
indistintamente, preservar um tratmento formal, respeitoso e digno, cuidando para não empobrecer 
desnecesariamente a relação com as pessoas presas, não depreciar-lhes a condição humana; não destituir-lhes 
de direitos e atenções básicas que a Lei e a norma diz terem; não sonegar o pouco que lhes resta; não usurpar-
lhes a esperança e a crença em si próprios. Inversamente, incutir-lhes a fé na vida e no futuro, semear e 
alimentar as condições mínimas para, um dia, voltarmos a conviver com eles no mundo da liberdade. 
 
1.2. Capítulo II – Do Registro 
Art. 5º. Ninguém poderá ser admitido em estabelecimento prisional sem ordem legal de prisão. 
Parágrafo Único. No local onde houver preso deverá existir registro em que constem os seguintes 
dados: 
I – identificação; 
II – motivo da prisão; 
III – nome da autoridade que a determinou; 
IV – antecedentes penais e penitenciários; 
V – dia e hora do ingresso e da saída. 
Art. 6º. Os dados referidos no artigo anterior deverão ser imediatamente comunicados ao programa de 
Informatização do Sistema Penitenciário Nacional – INFOPEN, assegurando-se ao preso e à sua 
família o acesso a essas informações. 
OBSERVAÇÕES 
Os Registros sobre a pessoa presa é uma formalidade administrativa primária. Sua prática sedimenta os 
princípios da legalidade, da identidade, da historicidade, da institucionalidade, da organização, dacomunicação insterinstitucional, da família. 
Além de um cadastro técnico de registros individuais de cada pessoa presa, Deve-se minimizar ao 
máximo a “síndrome de boiadeiro”: o tratamento massivo e a postura indiferente de simplesmente 
‘tocar a boiada’. A manutenção de um cadastro individual, ajuda a gestão na tartefa de pensar propor 
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ações que privilegiem a indidualização da pena. Quando todas as informações sobre as pessoas 
presas essejam sistematizadas em instrumentais de pronto acesso, o recluso ficará mais pacificado, os 
administradores mais seguros, as famílias mais confortáveis e a justiça mais efetiva em todos os 
âmbitos. 
 
1.3. Capítulo III – Da Seleção E Separação Dos Presos 
Art. 7º. Presos pertencentes a categorias diversas devem ser alojados em diferentes estabelecimentos 
prisionais ou em suas seções, observadas características pessoais tais como: sexo, idade, situação 
judicial e legal, quantidade de pena a que foi condenado, regime de execução, natureza da prisão e o 
tratamento específico que lhe corresponda, atendendo ao princípio da individualização da pena. 
§ 1º. As mulheres cumprirão pena em estabelecimentos próprios. 
§ 2º. Serão asseguradas condições para que a presa possa permanecer com seus filhos durante o 
período de amamentação dos mesmos. 
 
1.4. Capítulo IV – Dos Locais Destinados Aos Presos 
Art. 8º. Salvo razões especiais, os presos deverão ser alojados individualmente. 
§ 1º. Quando da utilização de dormitórios coletivos, estes deverão ser ocupados por presos 
cuidadosamente selecionados e reconhecidos como aptos a serem alojados nessas condições. 
§ 2º. O preso disporá de cama individual provida de roupas, mantidas e mudadas correta e 
regularmente, a fim de assegurar condições básicas de limpeza e conforto. 
Art. 9º. Os locais destinados aos presos deverão satisfazer as exigências de higiene, de acordo com o 
clima, particularmente no que ser refere à superfície mínima, volume de ar, calefação e ventilação. 
Art. 10º O local onde os presos desenvolvam suas atividades deverá apresentar: 
I – janelas amplas, dispostas de maneira a possibilitar circulação de ar fresco, haja ou não ventilação 
artificial, para que o preso possa ler e trabalhar com luz natural; 
II – quando necessário, luz artificial suficiente, para que o preso possa trabalhar sem prejuízo da sua 
visão; 
III – instalações sanitárias adequadas, para que o preso possa satisfazer suas necessidades naturais de 
forma higiênica e decente, preservada a sua privacidade. 
IV – instalações condizentes, para que o preso possa tomar banho à temperatura adequada ao clima e 
com a freqüência que exigem os princípios básicos de higiene. 
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Art. 11. Aos menores de 0 a 6 anos, filhos de preso, será garantido o atendimento em creches e em pré-
escola. 
Art. 12. As roupas fornecidas pelos estabelecimentos prisionais devem ser apropriadas às condições 
climáticas. 
§ 1º. As roupas não deverão afetar a dignidade do preso. 
§ 2º. Todas as roupas deverão estar limpas e mantidas em bom estado. 
§ 3º. Em circunstâncias especiais, quando o preso se afastar do estabelecimento para fins autorizados, 
ser-lhe-á permitido usar suas próprias roupas. 
 
OBSERVSÇÕES: 
O princípio da individualização da pena afirma um direito fundamental previsto na Constituição 
Federal (art. 5º, XLVI). A administração das condições atinentes ao local de ocupação individual, da 
salubridade do ambiente, da higiene, da vestimenta e a preservação das condições básicas de 
conforto, tem repercussões na segurança, na gestão e visa o cumprimeto tratamento mais humano, 
justo e eficiente. 
As distinções de gênero postuladas também repercutem dispositivos constitucionais (art. 5º, XLVII e 
L) vinvulando nas Regras Mínimas ao que o direito chama de “feminino constitucional”. A peculiar 
condição feminina torna inquestionável a necessidade de abordagem diferenciada referente ao 
tratamento penal, genericamente mas, particularmente, à assistência, material, à saúde, social e 
jurídica às mulheres presas. 
As Regras de Bangkok (Bangkok Rules) editddas na 65ª Assembleia Geral da ONU, na Tailândia, 
distinguem a necessidade de considerar as especificidades da condição feminina intramuros. 
Os locais de prisão devem levar em conta o clima, um ambiente saudável e habitável, condizente com 
os padrões de higiene (salubriade, iluminação, arejamento etc). O vestuário é elemento primário da 
regra, e deve ser fornecido de forma padronizada pelo estabelecimento prisional, deve ser apropriado 
ao clima, ser adequado à saúde e não ferir a dignidade e respeito devidos à pessoa presa (ver Arts. 
88, 92, 99, parágrafo único e 104 da LEP). 
 
1.5. Capítulo V – Da Alimentação 
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Art. 13. A administração do estabelecimento fornecerá água potável e alimentação aos presos. 
Parágrafo Único – A alimentação será preparada de acordo com as normas de higiene e de dieta, controlada por 
nutricionista, devendo apresentar valor nutritivo suficiente para manutenção da saúde e do vigor físico do preso. 
OBSERVAÇÕES 
É dever do Estado prover alimentação suficiente e de qualidade nutricional adequada à pessoa privada de 
liberdade sob tutela do Estado e administração da Justiça (Art. 41, LEP). Não há impedimento legal que os 
familiares e visitantes ofereçam gêneros alimentícios aos reclusos. A alimentação deve ser distribuída em três 
etapas: desjejum, almoço e jantar, e de conteúdo variado e capaz de satisfazer às necessidades humanas. Será 
destinada alimentação diferenciada em determinadas situações (doentes, lactantes e idosos). 
 
1.6. Capítulo VI – Dos Exercícios Físicos 
Art. 14. O preso que não se ocupar de tarefa ao ar livre deverá dispor de, pelo menos, uma hora ao dia para 
realização de exercícios físicos adequados ao banho de sol. 
 
1.7. Capítulo VII – De Saúde E Assistência Sanitária 
Art. 15. A assistência à saúde do preso, de caráter preventivo curativo, compreenderá atendimento médico, 
psicológico, farmacêutico e odontológico. 
Art. 16. Para assistência à saúde do preso, os estabelecimentos prisionais serão dotados de: 
I – enfermaria com cama, material clínico, instrumental adequado a produtos farmacêuticos indispensáveis para 
internação médica ou odontológica de urgência; 
II – dependência para observação psiquiátrica e cuidados toxicômanos; 
III – unidade de isolamento para doenças infecto-contagiosas. 
Parágrafo Único - Caso o estabelecimento prisional não esteja suficientemente aparelhado para prover 
assistência médica necessária ao doente, poderá ele ser transferido para unidade hospitalar apropriada. 
Art. 17. O estabelecimento prisional destinado a mulheres disporá de dependência dotada de material obstétrico. 
Para atender à grávida, à parturiente e à convalescente, sem condições de ser transferida a unidade hospitalar 
paratratamento apropriado, em caso de emergência. 
Art 18. O médico, obrigatoriamente, examinará o preso, quando do seu ingresso no estabelecimento e, 
posteriormente, se necessário, para : 
I – determinar a existência de enfermidade física ou mental, para isso, as medidas necessárias; 
II – assegurar o isolamento de presos suspeitos de sofrerem doença infecto-contagiosa; 
III – determinar a capacidade física de cada preso para o trabalho; 
IV – assinalar as deficiências físicas e mentais que possam constituir um obstáculo para sua reinserção social. 
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Art. 19. Ao médico cumpre velar pela saúde física e mental do preso, devendo realizar visitas diárias àqueles 
que necessitem. 
Art. 20. O médico informará ao diretor do estabelecimento se a saúde física ou mental do preso foi ou poderá vir 
a ser afetada pelas condições do regime prisional. 
Parágrafo Único – Deve-se garantir a liberdade de contratar médico de confiança pessoal do preso ou de seus 
familiares, a fim de orientar e acompanhar seu tratamento. 
OBSERVAÇÕES 
O funcionamento de um serviço médico tecnicamente qualificado e adequadamente equipado para atender à 
população carcerária é um imperativo do direito da pessoa presa. É incumbências do serviço médico 
inspecionar o estabelecimento a fim de aconselhar a direção sobre alimentação; higiene; salubridade; 
vestimentas; atividades físicas e outras observasções sanitárias ambientais. 
Regras Mínimas da ONU prevêem também uma série de cuidados com as gestantes, parturientes e 
convalescentes, bem como com seus filhos que com elas devam permanecer. 
E básico a existência de uma enfermaria, adequadamente instrumentalizada; uma dependência de observação 
psiquiátrica e uma dependência para portadores de doenças infecto-contagiosas. Em unidades prisionais onde 
hajam mulheres é imprescindível a existência de material obstétrico. 
Sempre que o estabelecimento não tiver condições para prestar assistência necessária à saúde do preso, deve 
ser feitos encaminhamentos externos, devidamente autorizada pela direção do estabelecimento (Art. 120, LEP), 
dispensando a autorização judicial. 
 
1.8. Capítulo VIII – Da Ordem e da Disciplina 
Art. 21. A ordem e a disciplina deverão ser mantidas, sem se impor restrições além das necessárias 
para a segurança e a boa organização da vida em comum. 
Art. 22. Nenhum preso deverá desempenhar função ou tarefa disciplinar no estabelecimento prisional. 
Parágrafo Único – Este dispositivo não se aplica aos sistemas baseados na autodisciplina e nem deve 
ser obstáculo para a atribuição de tarefas, atividades ou responsabilidade de ordem social, educativa ou 
desportiva. 
Art. 23 . Não haverá falta ou sanção disciplinar sem expressa e anterior previsão legal ou regulamentar. 
Parágrafo Único – As sanções não poderão colocar em perigo a integridade física e a dignidade pessoal 
do preso. 
Art. 24. São proibidos, como sanções disciplinares, os castigos corporais, clausura em cela escura, 
sanções coletivas, bem como toda punição cruel, desumana, degradante e qualquer forma de tortura. 
Art. 25. Não serão utilizados como instrumento de punição: correntes, algemas e camisas-de-força. 
Art. 26. A norma regulamentar ditada por autoridade competente determinará em cada caso: 
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I – a conduta que constitui infração disciplinar; 
II – o caráter e a duração das sanções disciplinares; 
III - A autoridade que deverá aplicar as sanções. 
Art. 27. Nenhum preso será punido sem haver sido informado da infração que lhe será atribuída e sem 
que lhe haja assegurado o direito de defesa. 
Art. 28. As medidas coercitivas serão aplicadas, exclusivamente, para o restabelecimento da 
normalidade e cessarão, de imediato, após atingida a sua finalidade. 
 
1.9. Capítulo XI – Dos Meios de Coerção 
Art. 29. Os meios de coerção, tais como algemas, e camisas-de-força, só poderão ser utilizados nos 
seguintes casos: 
I – como medida de precaução contra fuga, durante o deslocamento do preso, devendo ser retirados 
quando do comparecimento em audiência perante autoridade judiciária ou administrativa; 
II – por motivo de saúde, segundo recomendação médica; 
III – em circunstâncias excepcionais, quando for indispensável utiliza-los em razão de perigo eminente 
para a vida do preso, de servidor, ou de terceiros. 
Art. 30. É proibido o transporte de preso em condições ou situações que lhe importam sofrimentos 
físicos 
Parágrafo Único – No deslocamento de mulher presa a escolta será integrada, pelo menos, por uma 
policial ou servidora pública. 
OBSERVAÇÕES 
A ordem e a disciplina são fundamentamentos educacionais universais - são premissas básicas nas 
relações sociológicas, em geral. Nas prisões é papel da gestão e dos trabalhadores penitenciários, em 
todos os níveis. 
Impõe-se dizer, condudo, que o poder correcional não pode ser excessivo sob pena de criar 
repercussões sobre a própria ordem e disciplina. Medidas corretivas devem dar cumprimento às leis, 
às normas e regulamentos instituídos, garantindo-se a proporcionalidade entre faltas e sanções, além 
do devido processo formal para as devidas apurações. Observe-se que, por mais grave que tenha sido 
a falta, é vedada a aplicação de castigos que representem tratamento cruel, desumano ou degradante, 
conforme proteção expressa da Constituição Federal em seu art. 5º, III. 
Quanto aos meios de coerção, devem atender sempre ao critério da razoabilidade. Sobre o uso de 
algemas, é importante destacar a Súmula Vinculante nº 11 do Supremo Tribunal Federal, à qual estão 
adstritos todos os órgãos do Poder Judiciário e Executivo, que reza: “Só é lícito o uso de algemas em 
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caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, 
por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de 
responsabilidade disciplinar civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do 
ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado”. 
 
1.10. Capítulo X – Da Informação e do Direito de Queixa dos Presos 
Art. 31. Quando do ingresso no estabelecimento prisional, o preso receberá informações escritas sobre normas 
que orientarão seu tratamento, as imposições de caráter disciplinar bem como sobre os seus direitos e deveres. 
Parágrafo Único – Ao preso analfabeto, essas informações serão prestadas verbalmente. 
Art. 32. O preso terá sempre a oportunidade de apresentar pedidos ou formular queixas ao diretor do 
estabelecimento, à autoridade judiciária ou outra competente. 
OBSERVAÇÕES 
O acesso à informação é uma prerrogativa constitucional (art. 5º da CF, em seu inciso XIV), consagrada tabém 
pela ONU na Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), que em seu artigo 19, preceitua: “Todo 
homem tem direito à liberdade de opinião e de expressão: este direitoinclui a liberdade de, sem interferências, 
ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente 
de fronteiras.” 
Direito fundamental, portanto, deve ser preservado na aplicação da pena privativa de liberdade. Aos presos 
deve ser garantido o direito de exercitar livremente seu pensamento, o que não se limita ao direito de falar o 
que se pensa, mas ter acesso aos meios de fazê-lo, participar, ler, instruir-se. O direito de expressão abrange, 
inclusive, o de formular denúncias acerca da situação carcerária, bem como o de sugerir mudanças. 
 
1.11. Capítulo XI - Do Contato com o Mundo Exterior 
Art. 33. O preso estará autorizado a comunicar-se sob vigilância, periodicamente, com sua família, 
parentes, amigos ou instituições idôneas, por correspondência ou por meio de visitas. 
§ 1º. A correspondência do preso analfabeto pode ser, a seu pedido, lida e escrita por servidor ou 
alguém opor ele indicado; 
§ 2º. O uso dos serviços de telecomunicações poderá ser autorizado pelo diretor do estabelecimento 
prisional. 
Art. 34. Em caso de perigo para a ordem ou para segurança do estabelecimento prisional, a autoridade 
competente poderá restringir a correspondência dos presos, respeitados seus direitos. 
Parágrafo Único – A restrição referida no "caput" deste artigo cessará imediatamente, restabelecida a 
normalidade. 
Art. 35. O preso terá acesso a informações periódicas através dos meios de comunicação social, 
autorizado pela administração do estabelecimento. 
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Art. 36. A visita do cônjuge, companheiro, família, parentes e amigos ao preso, deverá observar a 
fixação dos dias e horários próprios. 
Parágrafo Único - Deverá existir instalação destinada a estágio de estudantes universitários. 
Art. 37. Deve-se estimular a manutenção e o melhoramento das relações entre o preso e sua família. 
OBSERVAÇÕES 
O isolamento severo é embrutecedor. E mesmo no que pese esta imposição da privação da liberdade 
ter sido significativamente superada pela tecnologia, o contato com o mundo exterior continua sendo 
um paradigma central na prisão, pois a vinculação com o mundo da liberdade é a senha para o 
sucesso da ressocialização. 
Efetivamente, toda a terminologia para a pós reclusão remete à relação com a sociedade: 
ressocialização, reinseção social, integração social. A pessoa presa veio de um meio social e vai 
retornar à interação com a mesma sociedade. A prisão é um intervalo na vida do recluso, um lapso de 
tempo a ser administrado pelo Estado, tendo sempre, em perspectiva, o retorno à liberdade. Em suma: 
o desafio final para a gestão prisional é ensinar o valor da liberdade no interim da vida em que se 
está privado dela. 
A prisão representa um afastamento antinatural do convívio social, mas isso pode ser minimizado com 
a manutenção dos laços com o mundo livre, especialmente a preservação dos laços afetivos e 
familiares, mas também as vinvulações culturais, sociais e espirituais. Quanto mais fortemente forem 
preservados ou mesmo contruídos interações entre a prisão e o mundo social, menos traumática será 
a experiência da privação da liberdade para todos. 
É tarefa da gestão pisional não só facilitar e estimular, mas promover e planejar oportunidades de 
contato de pessoas presas com o mundo externo, rebaixando muros e abrindo portas para o futuro 
retorno à liberdade. 
 
1.12. Capítulo XII - Instruções e Assistência Educacional 
Art. 38. A assistência educacional compreenderá a instrução escolar e a formação profissional do 
preso. 
Art. 39. O ensino profissional será ministrado em nível de iniciação e de aperfeiçoamento técnico. 
Art. 40. A instrução primária será obrigatoriamente ofertada a todos os presos que não a possuam. 
Parágrafo Único – Cursos de alfabetização serão obrigatórios para os analfabetos. 
Art. 41. Os estabelecimentos prisionais contarão com biblioteca organizada com livros de conteúdo 
informativo, educativo e recreativo, adequados à formação cultural, profissional e espiritual do preso. 
Art. 42. Deverá ser permitido ao preso participar de curso por correspondência, rádio ou televisão, sem 
prejuízo da disciplina e da segurança do estabelecimento. 
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OBSERVAÇÕES 
A assistência educacional e o trabalho são as principais ferramentas na busca pela ressocialização. 
Reconhecidamente um instrumento de ascensão social, a educação está na base da solução de muitos 
problemas brasileiros e não seria diferente com o ambiente prisional. A lei de Execução Penal trata 
do tema em seus artigos 17 a 21. 
Atento a essa constatação, o legislador estabeleceu na Carta Magna que “a educação, direito de 
todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, 
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua 
qualificação para o trabalho” (Art. 205). Qualquer pessoa, não importando a idade ou status jurídico, 
tem direito público subjetivo à Educação. 
Nos presídios deve funcionar uma escola que garanta, minimamente, a instrução de 1º grau e com o 
mesmo valor das escolas particulares e públicas, a funcionar com profissionais habilitados para a 
missão educativtiva. 
O ensino profissional é em caráter facultativo. Quando prestado, funciona como onstrumento 
destacado de integração social e de prevenção à reincidência. 
As atividades educacionais podem ser objeto de convênio com entidades públicas ou particulares, que 
instalem escolas ou ofereçam cursos especializados, segundo previsão expressa do Art. 20, LEP. Essa 
norma representa mais um fator de participação da comunidade na tarefa de reinserção social do 
condenado. 
Bibliotecas são obrigatórias nas prisões (Art. 21, LEP). Funciona como instrumento de assistência 
educacional, como fator de manutenção da disciplina e opcupação lúdica, social e cultural, na medida 
em que a leitura é um importante excercicio de construção de cidadania. 
A participação de curso EAD, pode representar poderoso instrumento de formação complementar à 
sala de aula. Lembrando, ainda, que a mulher presa deve ter ensino profissional e instrução 
adequadas à sua condição. 
 
1.13. Capítulo XIII - Da Assistência Religiosa e Moral 
Art. 43. A assistência religiosa, com liberdade de culto, será permitida ao preso bem como a 
participação nos serviços organizado no estabelecimento prisional. 
Parágrafo Único – Deverá ser facilitada, nos estabelecimentos prisionais, a presença de representante 
religioso, com autorização para organizar serviços litúrgicos e fazer visita pastoral a adeptos de sua 
religião. 
OBSERVAÇÕES 
O ser humano é, por condição existencial, chamado a projetar-se para um futuro distante que 
transcende à brevidade da vida material: a vida espiritual. A mística do espírito e de uma existência 
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além, sempre mobilizou a alma humana

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