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LEGISLAÇÃO-ESPECIAL-PRISIONAL

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1 
 
 
 
 
2 
SUMÁRIO 
1 RESOLUÇÃO Nº 14, DE 11 DE NOVEMBRO DE 1994 ............................. 4 
1.1 Título I Regras de aplicação Geral ....................................................... 4 
1.1.1 Capítulo I dos Princípios Fundamentais ......................................... 4 
1.1.2 Capítulo II do Registro .................................................................... 5 
1.1.3 Capítulo III da seleção de separação dos presos ........................... 5 
1.1.4 Capítulo IV dos locais destinados aos presos ................................ 6 
1.1.5 Capítulo V da alimentação ............................................................. 7 
1.1.6 Capítulo Vi dos exercícios Físicos .................................................. 7 
1.1.7 Capítulo VII dos serviços de saúde e assistência sanitária ............ 7 
1.1.8 Capitulo VIII da Ordem e da Disciplina ........................................... 8 
1.1.9 Capítulo IX dos meios de coerção .................................................. 9 
1.1.10 Capítulo X da Informação e do Direito de Queixa dos Presos ..... 9 
1.1.11 Capítulo XI do Contato com o Mundo Exterior ........................... 10 
1.1.12 Capítulo XII das Instruções e Assistência Educacional .............. 10 
1.1.13 Capítulo XIII da Assistência Religiosa e Moral ........................... 11 
1.1.14 Capítulo XIV da assistência Jurídica .......................................... 11 
1.1.15 Capítulo XV dos Depósitos de Objetos Pessoais ....................... 11 
1.1.16 Capítulo XVI das Notificações .................................................... 12 
1.1.17 Capítulo XVII da Preservação da Vida Privada e da Imagem .... 12 
1.1.18 Capítulo XVIII do Pessoal Penitenciário ..................................... 12 
1.2 Título II Regras Aplicáveis a Categorias Especiais ............................ 13 
1.2.1 Capitulo XIX dos Condenados ..................................................... 13 
1.2.2 Capítulo XX das Recompensas .................................................... 13 
1.2.3 Capítulo XXI dos trabalho ............................................................. 14 
1.2.4 Capítulo XXII das Relações sociais e ajuda pós-penitenciária ..... 14 
 
3 
1.2.5 Capítulo XXIII do doente mental ................................................... 15 
1.2.6 Capítulo XXIV do Preso Provisório ............................................... 15 
1.2.7 Capítulo XXV do preso por prisão civil ......................................... 15 
1.2.8 Capítulo XXVI dos direitos políticos ............................................. 15 
1.2.9 Capítulo XXVII das disposições finais .......................................... 16 
1.3 ANEXO B – Resolução nº. 96/09, do CNJ, Projeto Começar de Novo
 16 
1.3.1 Capítulo I do projeto começar de novo disposições gerais .......... 17 
1.3.2 Capítulo II do portal de oportunidades ......................................... 18 
1.3.3 Capítulo III do monitoramento nos estados .................................. 18 
1.3.4 Capítulo IV Disposições Finais ..................................................... 20 
2 Direitos e Deveres do Condenado ............................................................ 20 
3 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................... 29 
4 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................... 31 
 
 
 
 
4 
1 RESOLUÇÃO Nº 14, DE 11 DE NOVEMBRO DE 1994 
 
Fonte:www.google.com.br 
O Presidente do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária 
(CNPCP), no uso de suas atribuições legais e regimentais e; 
Considerando a decisão, por unanimidade, do Conselho Nacional de Política 
Criminal e Penitenciária, reunido em 17 de outubro de 1994, com o propósito de 
estabelecer regras mínimas para o tratamento de Presos no Brasil; 
Considerando a recomendação, nesse sentido, aprovada na sessão de 26 de 
abril a 6 de maio de 1994, pelo Comitê Permanente de Prevenção ao Crime e Justiça 
Penal das Nações Unidas, do qual o Brasil é Membro; 
Considerando ainda o disposto na Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de 
Execução Penal); 
Resolve fixar as Regras Mínimas para o Tratamento do Preso no Brasil. 
1.1 Título I Regras de aplicação Geral 
 
1.1.1 Capítulo I dos Princípios Fundamentais 
 
Art. 1º. As normas que se seguem obedecem aos princípios da Declaração 
Universal dos Direitos do Homem e daqueles inseridos nos Tratados, Convenções e 
regras internacionais de que o Brasil é signatário devendo ser aplicadas sem distinção 
de natureza racial, social, sexual, política, idiomática ou de qualquer outra ordem. 
https://www.google.com.br/search?q=amparo+idoso&espv=2&biw=1366&bih=667&source
 
5 
Art. 2º. Impõe-se o respeito às crenças religiosas, aos cultos e aos preceitos 
morais do preso. 
Art. 3º. É assegurado ao preso o respeito à sua individualidade, integridade 
física e dignidade pessoal. 
Art. 4º. O preso terá o direito de ser chamado por seu nome. 
 
1.1.2 Capítulo II do Registro 
 
Art. 5º. Ninguém poderá ser admitido em estabelecimento prisional sem ordem 
legal de prisão. 
Parágrafo Único. No local onde houver preso deverá existir registro em que 
constem os seguintes dados: 
I – Identificação; 
II – Motivo da prisão; 
III – Nome da autoridade que a determinou; 
IV – Antecedentes penais e penitenciários; 
V – Dia e hora do ingresso e da saída. 
 
Art. 6º. Os dados referidos no artigo anterior deverão ser imediatamente 
comunicados ao programa de Informatização do Sistema Penitenciário Nacional – 
INFOPEN, assegurando-se ao preso e à sua família o acesso a essas informações. 
 
1.1.3 Capítulo III da seleção de separação dos presos 
 
Art. 7º. Presos pertencentes a categorias diversas devem ser alojados em 
diferentes estabelecimentos prisionais ou em suas seções, observadas características 
pessoais tais como: sexo, idade, situação judicial e legal, quantidade de pena a que 
foi condenado, regime de execução, natureza da prisão e o tratamento específico que 
lhe corresponda, atendendo ao princípio da individualização da pena. 
§ 1º. As mulheres cumprirão pena em estabelecimentos próprios. 
§ 2º. Serão asseguradas condições para que a presa possa permanecer com 
seus filhos durante o período de amamentação dos mesmos. 
 
 
6 
1.1.4 Capítulo IV dos locais destinados aos presos 
 
Art. 8º. Salvo razões especiais, os presos deverão ser alojados individualmente. 
 § 1º. Quando da utilização de dormitórios coletivos, estes deverão ser 
ocupados por presos cuidadosamente selecionados e reconhecidos como aptos a 
serem alojados nessas condições. 
 § 2º. O preso disporá de cama individual provida de roupas, mantidas e 
mudadas correta e regularmente, a fim de assegurar condições básicas de limpeza e 
conforto. 
 Art. 9º. Os locais destinados aos presos deverão satisfazer as exigências de 
higiene, de acordo com o clima, particularmente no que ser refere à superfície mínima, 
volume de ar, calefação e ventilação. 
 
Art. 10º O local onde os presos desenvolvam suas atividades deverá 
apresentar: 
 
I – Janelas amplas, dispostas de maneira a possibilitar circulação de ar fresco, 
haja ou não ventilação artificial, para que o preso possa ler e trabalhar com luz natural; 
II – Quando necessário, luz artificial suficiente, para que o preso possa trabalhar 
sem prejuízo da sua visão; 
 III – instalações sanitárias adequadas, para que o preso possa satisfazer suas 
necessidades naturais de forma higiênica e decente, preservada a sua privacidade. 
IV – Instalações condizentes, para que o preso possa tomar banho à 
temperatura adequada ao clima e com a frequência que exigem os princípios básicos 
de higiene. 
Art. 11. Aos menores de 0 a 6 anos, filhos de preso, será garantido o 
atendimento em creches e em pré-escola. 
Art. 12. As roupas fornecidas pelos estabelecimentos prisionais devemser 
apropriadas às condições climáticas. 
§ 1º. As roupas não deverão afetar a dignidade do preso. 
 § 2º. Todas as roupas deverão estar limpas e mantidas em bom estado. 62 
§ 3º. Em circunstâncias especiais, quando o preso se afastar do 
estabelecimento para fins autorizados, ser-lhe-á permitido usar suas próprias roupas. 
 
 
7 
1.1.5 Capítulo V da alimentação 
 
Art. 13. A administração do estabelecimento fornecerá água potável e 
alimentação aos presos. 
Parágrafo Único – A alimentação será preparada de acordo com as normas de 
higiene e de dieta, controlada por nutricionista, devendo apresentar valor nutritivo 
suficiente para manutenção da saúde e do vigor físico do preso. 
 
1.1.6 Capítulo Vi dos exercícios Físicos 
 
Art. 14. O preso que não se ocupar de tarefa ao ar livre deverá dispor de, pelo 
menos, uma hora ao dia para realização de exercícios físicos adequados ao banho de 
sol. 
 
1.1.7 Capítulo VII dos serviços de saúde e assistência sanitária 
 
Art. 15. A assistência à saúde do preso, de caráter preventivo curativo, 
compreenderá atendimento médico, psicológico, farmacêutico e odontológico. 
Art. 16. Para assistência à saúde do preso, os estabelecimentos prisionais 
serão dotados de: 
 I – Enfermaria com cama, material clínico, instrumental adequado a produtos 
farmacêuticos indispensáveis para internação médica ou odontológica de urgência; 
II – Dependência para observação psiquiátrica e cuidados toxicômanos; 
 III – unidade de isolamento para doenças infecto- contagiosas. 
Parágrafo Único - Caso o estabelecimento prisional não esteja suficientemente 
aparelhado para prover assistência médica necessária ao doente, poderá ele ser 
transferido para unidade hospitalar apropriada. 
Art. 17. O estabelecimento prisional destinado a mulheres disporá de 
dependência dotada de material obstétrico. Para atender à grávida, à parturiente e à 
convalescente, sem condições de ser transferida a unidade hospitalar para tratamento 
apropriado, em caso de emergência. 
Art 18. O médico, obrigatoriamente, examinará o preso, quando do seu 
ingresso no estabelecimento e, posteriormente, se necessário, para: 
 
8 
I – Determinar a existência de enfermidade física ou mental, para isso, as 
medidas necessárias; II – assegurar o isolamento de presos suspeitos de sofrerem 
doença infecto- contagiosa; III – determinar a capacidade física de cada preso para o 
trabalho; IV – assinalar as deficiências físicas e mentais que possam constituir um 
obstáculo para sua reinserção social. 
Art. 19. Ao médico cumpre velar pela saúde física e mental do preso, devendo 
realizar visitas diárias àqueles que necessitem. 
Art. 20. O médico informará ao diretor do estabelecimento se a saúde física ou 
mental do preso foi ou poderá vir a ser afetada pelas condições do regime prisional. 
Parágrafo Único – Deve-se garantir a liberdade de contratar médico de 
confiança pessoal do preso ou de seus familiares, a fim de orientar e acompanhar seu 
tratamento. 
 
1.1.8 Capitulo VIII da Ordem e da Disciplina 
 
Art. 21. A ordem e a disciplina deverão ser mantidas, sem se impor restrições 
além das necessárias para a segurança e a boa organização da vida em comum. 
Art. 22. Nenhum preso deverá desempenhar função ou tarefa disciplinar no 
estabelecimento prisional. 
Parágrafo Único – Este dispositivo não se aplica aos sistemas baseados na 
autodisciplina e nem deve ser obstáculo para a atribuição de tarefas, atividades ou 
responsabilidade de ordem social, educativa ou desportiva. 
Art. 23 . Não haverá falta ou sanção disciplinar sem expressa e anterior 
previsão legal ou regulamentar. 
Parágrafo Único – As sanções não poderão colocar em perigo a integridade 
física e a dignidade pessoal do preso. 
Art. 24. São proibidos, como sanções disciplinares, os castigos corporais, 
clausura em cela escura, sanções coletivas, bem como toda punição cruel, desumana, 
degradante e qualquer forma de tortura. 
 Art. 25. Não serão utilizados como instrumento de punição: correntes, algemas 
e camisas- de-força. 
Art. 26. A norma regulamentar ditada por autoridade competente determinará 
em cada caso: 
 
9 
 I – A conduta que constitui infração disciplinar; 
 II – O caráter e a duração das sanções disciplinares; 
 III - A autoridade que deverá aplicar as sanções. 
 
Art. 27. Nenhum preso será punido sem haver sido informado da infração que 
lhe será atribuída e sem que lhe haja assegurado o direito de defesa. 
Art. 28. As medidas coercitivas serão aplicadas, exclusivamente, para o 
restabelecimento da normalidade e cessarão, de imediato, após atingida a sua 
finalidade. 
 
1.1.9 Capítulo IX dos meios de coerção 
 
Art. 29. Os meios de coerção, tais como algemas, e camisas-de-força, só 
poderão ser utilizados nos seguintes casos: 
I – como medida de precaução contrafuga, durante o deslocamento do preso, 
devendo ser retirados quando do comparecimento em audiência perante autoridade 
judiciária ou administrativa; 
II – Por motivo de saúde, segundo recomendação médica; 
 III – em circunstâncias excepcionais, quando for indispensável utiliza-los. 
 Em razão de perigo eminente para a vida do preso, de servidor, ou de terceiros. 
Art. 30. É proibido o transporte de preso em condições ou situações que lhe 
importam sofrimentos físicos. 
Parágrafo Único – No deslocamento de mulher presa a escolta será integrada, 
pelo menos, por uma policial ou servidor pública. 
 
1.1.10 Capítulo X da Informação e do Direito de Queixa dos Presos 
 
Art. 31. Quando do ingresso no estabelecimento prisional, o preso receberá 
informações escritas sobre normas que orientarão seu tratamento, as imposições de 
caratê disciplinar bem como sobre os seus direitos e deveres. 
Parágrafo Único – Ao preso analfabeto, essas informações serão prestadas 
verbalmente. 
 
10 
Art. 32. O preso terá sempre a oportunidade de apresentar pedidos ou formular 
queixas ao diretor do estabelecimento, à autoridade judiciária ou outra competente. 
 
1.1.11 Capítulo XI do Contato com o Mundo Exterior 
 
Art. 33. O preso estará autorizado a comunicar-se periodicamente, sob 
vigilância, com sua família, parentes, amigos ou instituições idôneas, por 
correspondência ou por meio de visitas. 
§ 1º. A correspondência do preso analfabeto pode ser, a seu pedido, lida e 
escrita por servidor ou alguém opor ele indicado; 
 § 2º. O uso dos serviços de telecomunicações poderá ser autorizado pelo 
diretor do estabelecimento prisional. 
Art. 34. Em caso de perigo para a ordem ou para segurança do estabelecimento 
prisional, a autoridade competente poderá restringir a correspondência dos presos, 
respeitados seus direitos. 
Parágrafo Único – A restrição referida no "caput" deste artigo cessará 
imediatamente, restabelecida a normalidade. 
Art. 35. O preso terá acesso a informações periódicas através dos meios de 
comunicação social, autorizado pela administração do estabelecimento. 
Art. 36. A visita ao preso do cônjuge, companheiro, família, parentes e amigos, 
deverá observar a fixação dos dias e horários próprios. 
Parágrafo Único - Deverá existir instalação destinada a estágio de estudantes 
universitários. 
Art. 37. Deve-se estimular a manutenção e o melhoramento das relações entre 
o preso e sua família. 
 
1.1.12 Capítulo XII das Instruções e Assistência Educacional 
 
Art. 38. A assistência educacional compreenderá a instrução escolar e a 
formação profissional do preso. 
Art. 39. O ensino profissional será ministrado em nível de iniciação e de 
aperfeiçoamento técnico. 
 
11 
Art. 40. A instrução primária será obrigatoriamente ofertada a todos os presos 
que não a possuam. 
Parágrafo Único – Cursos de alfabetização serão obrigatórios para os 
analfabetos. 
Art. 41. Os estabelecimentos prisionais contarão com biblioteca organizada 
com livros de conteúdo informativo, educativo e recreativo, adequados à formação 
cultural,profissional e espiritual do preso. 
Art. 42. Deverá ser permitido ao preso participar de curso por correspondência, 
rádio ou televisão, sem prejuízo da disciplina e da segurança do estabelecimento. 
 
1.1.13 Capítulo XIII da Assistência Religiosa e Moral 
 
Art. 43. A Assistência religiosa, com liberdade de culto, será permitida ao preso 
bem como a participação nos serviços organizado no estabelecimento prisional. 
Parágrafo Único – Deverá ser facilitada, nos estabelecimentos prisionais, a 
presença de representante religioso, com autorização para organizar serviços 
litúrgicos e fazer visita pastoral a adeptos de sua religião. 
 
1.1.14 Capítulo XIV da assistência Jurídica 
 
Art. 44. Todo preso tem direito a ser assistido por advogado. 
§ 1º. As visitas de advogado serão em local reservado respeitado o direito à 
sua privacidade; 
§ 2º. Ao preso pobre o Estado deverá proporcionar assistência gratuita e 
permanente. 
 
1.1.15 Capítulo XV dos Depósitos de Objetos Pessoais 
 
Art. 45. Quando do ingresso do preso no estabelecimento prisional, serão 
guardados, em lugar escuro, o dinheiro, os objetos de valor, roupas e outras peças de 
uso que lhe pertençam e que o regulamento não autorize a ter consigo. 
 
12 
 § 1º. Todos os objetos serão inventariados e tomadas medidas necessárias 
para sua conservação; 
§ 2º. Tais bens serão devolvidos ao preso no momento de sua transferência ou 
liberação. 
 
1.1.16 Capítulo XVI das Notificações 
 
Art. 46. Em casos de falecimento, de doença, acidente grave ou de 
transferência do preso para outro estabelecimento, o diretor informará imediatamente 
ao cônjuge, se for o ocaso, a parente próximo ou a pessoa previamente designada. 
§ 1º. O preso será informado, imediatamente, do falecimento ou de doença 
grave de cônjuge, companheiro, ascendente, descendente ou irmão, devendo ser 
permitida a visita a estes sob custódia. 
 § 2º. O preso terá direito de comunicar, imediatamente, à sua família, sua 
prisão ou sua transferência para outro estabelecimento. 
 
1.1.17 Capítulo XVII da Preservação da Vida Privada e da Imagem 
 
Art. 47. O preso não será constrangido a participar, ativa ou passivamente, de 
ato de divulgação de informações aos meios de comunicação social, especialmente 
no que tange à sua exposição compulsória à fotografia ou filmagem. 
Parágrafo Único – A autoridade responsável pela custódia do preso 
providenciará, tanto quanto consinta a lei, para que informações sobre a vida privada 
e a intimidade do preso sejam mantidas em sigilo, especialmente aquelas que não 
tenham relação com sua prisão. 
 Art. 48. Em caso de deslocamento do preso, por qualquer motivo, deve-se 
evitar sua exposição ao público, assim como resguardá-lo de insultos e da curiosidade 
geral. 
 
1.1.18 Capítulo XVIII do Pessoal Penitenciário 
 
 
13 
Art. 49. A seleção do pessoal administrativo, técnico, de vigilância e custódia, 
atenderá à vocação, à preparação profissional e à formação profissional dos 
candidatos através de escolas penitenciárias. 
 Art. 50. O servidor penitenciário deverá cumprir suas funções, de maneira que 
inspire respeito e exerça influência benéfica ao preso. 
Art. 51. Recomenda-se que o diretor do estabelecimento prisional seja 
devidamente qualificado para a função pelo seu caráter, integridade moral, 
capacidade administrativa e formação profissional adequada. 
Art. 52. No estabelecimento prisional para a mulher, o responsável pela 
vigilância e custódia será do sexo feminino. 
1.2 Título II Regras Aplicáveis a Categorias Especiais 
 
1.2.1 Capitulo XIX dos Condenados 
 
Art. 53. A classificação tem por finalidade: 
 I – Separar os presos que, em razão de sua conduta e antecedentes penais e 
penitenciários, possam exercer influência nociva sobre os demais. 
II – Dividir os presos em grupos para orientar sua reinserção social; 
Art. 54. Tão logo o condenado ingresse no estabelecimento prisional, deverá 
ser realizado exame de sua personalidade, estabelecendo-se programa de tratamento 
específico, com o propósito de promover a individualização da pena. 
 
1.2.2 Capítulo XX das Recompensas 
 
Art. 55. Em cada estabelecimento prisional será instituído um sistema de 
recompensas, conforme os diferentes grupos de presos e os diferentes métodos de 
tratamento, a fim de motivar a boa conduta, desenvolver o sentido de 
responsabilidade, promover o interesse e a cooperação dos presos. 
 
 
 
14 
1.2.3 Capítulo XXI dos trabalho 
 
Art. 56. Quanto ao trabalho: 
 I - O trabalho não deverá ter caráter aflitivo; 
 II – Ao condenado será garantido trabalho remunerado conforme sua aptidão 
e condição pessoal, respeitada a determinação médica; 
 III – Será proporcionado ao condenado trabalho educativo e produtivo; 
IV – Devem ser consideradas as necessidades futuras do condenado, bem 
como, as oportunidades oferecidas pelo mercado de trabalho; 
V – Nos estabelecimentos prisionais devem ser tomadas as mesmas 
precauções prescritas para proteger a segurança e a saúde dois trabalhadores livres; 
VI – Serão tomadas medidas para indenizar os presos por acidentes de 
trabalho e doenças profissionais, em condições semelhantes às que a lei dispõe para 
os trabalhadores livres; VII – a lei ou regulamento fixará a jornada de trabalho diária e 
semanal para os condenados, observada a destinação de tempo para lazer, 
descanso. Educação e outras atividades que se exigem como parte do tratamento e 
com vistas a reinserção social; 
VIII – a remuneração aos condenados deverá possibilitar a indenização pelos 
danos causados pelo crime, aquisição de objetos de uso pessoal, ajuda à família, 
constituição de pecúlio que lhe será entregue quando colocado em liberdade. 
 
1.2.4 Capítulo XXII das Relações sociais e ajuda pós-penitenciária 
 
Art. 57. O futuro do preso, após o cumprimento da pena, será sempre levado 
em conta. Deve-se anima-lo no sentido de manter ou estabelecer relações com 
pessoas ou órgãos externos que possam favorecer os interesses de sua família, assim 
como sua própria readaptação social. 
Art. 58. Os órgãos oficiais, ou não, de apoio ao egresso devem: 
 I – Proporcionar-lhe os documentos necessários, bem como, alimentação, 
vestuário e alojamento no período imediato à sua liberação, fornecendo-lhe, inclusive, 
ajuda de custo para transporte local; 
II – Ajuda-lo a reintegrar-se à vida em liberdade, em especial, contribuindo para 
sua colocação no mercado de trabalho. 
 
15 
1.2.5 Capítulo XXIII do doente mental 
 
Art. 59. O doente mental deverá ser custodiado em estabelecimento 
apropriado, não devendo permanecer em estabelecimento prisional além do tempo 
necessário para sua transferência. 
 Art. 60. Serão tomadas providências, para que o egresso continue tratamento 
psiquiátrico, quando necessário. 
 
1.2.6 Capítulo XXIV do Preso Provisório 
 
Art. 61. Ao preso provisório será assegurado regime especial em que se 
observará: 
 I – Separação dos presos condenados; 
II – Cela individual, preferencialmente; 
III – Opção por alimentar-se às suas expensas; 
IV – Utilização de pertences pessoais; 
V – Uso da própria roupa ou, quando for o caso, de uniforme diferenciado 
daquele utilizado por preso condenado; 
 VI – Oferecimento de oportunidade de trabalho; 
 VII – visita e atendimento do seu médico ou dentista. 
 
1.2.7 Capítulo XXV do preso por prisão civil 
 
Art. 62. Nos casos de prisão de natureza civil, o preso deverá permanecer em 
recinto separado dos demais, aplicando-se, no que couber. As normas destinadas aos 
presos provisórios. 
 
1.2.8 Capítulo XXVI dos direitos políticos 
 
Art. 63. São assegurados os direitos políticos ao preso que não está sujeito aos 
efeitos da condenação criminal transitada em julgado. 
 
 
 
16 
1.2.9 Capítulo XXVII das disposições finais 
 
Art. 64. O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária adotará as 
providências essenciaisou complementares para cumprimento das regras Mínimas 
estabelecidas nesta resolução, em todas as Unidades Federativas. 
Art. 65. Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação. 
 
EDMUNDO OLIVEIRA 
Presidente do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária 
 
HERMES VILCHEZ GUERREIRO 
Conselheiro Relator 
 
 Publicada no DOU de 2.12.2994. 
1.3 ANEXO B – Resolução nº. 96/09, do CNJ, Projeto Começar de Novo 
Dispõe sobre o Projeto Começar de Novo no âmbito do Poder Judiciário, institui 
o Portal de Oportunidades e dá outras providencias. 
 
O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, no uso de suas 
atribuições constitucionais e regimentais, e; 
 
CONSIDERANDO que a promoção da cidadania é um dos objetivos 
estratégicos a serem perseguidos pelo Poder Judiciário, a teor da Resolução nº 70, 
de 18 de março de 2009, do Conselho Nacional de Justiça; 
 
CONSIDERANDO a realidade constatada nos mutirões carcerários, em relação 
às prisões irregulares e às condições dos estabelecimentos penais; 
 
 
17 
CONSIDERANDO a necessidade de sistematização das ações que visam à 
reinserção social de presos, egressos do sistema carcerário, e de cumpridores de 
medidas e penas alternativas; 
 
CONSIDERANDO a necessidade de dar efetividade à Lei de Execuções 
Penais, no que concerne à instalação e ao funcionamento dos Conselhos da 
Comunidade de que trata o artigo 80, da Lei 7.210, de 11 de julho de 1984; 
 
CONSIDERANDO que compete aos órgãos da execução penal, dentre os 
quais o juízo da execução, a implementação de medidas que propiciem a reinserção 
social do apenado, com base no artigo 1º, da Lei 7.210, de 11 de julho de 1984; 
 
CONSIDERANDO o deliberado pelo Plenário do Conselho Nacional de Justiça 
na sua 93ª Sessão Ordinária, realizada em 27 de outubro de 2009, nos autos do 
procedimento. 
 
R E S O L V E: 
 
1.3.1 Capítulo I do projeto começar de novo disposições gerais 
 
Art. 1º Fica instituído o Projeto Começar de Novo no âmbito do Poder Judiciário, 
com o objetivo de promover ações de reinserção social de presos, egressos do 
sistema carcerário e de cumpridores de medidas e penas alternativas. 
Art. 2º O Projeto Começar de Novo compõe-se de um conjunto de ações 
educativas, de capacitação profissional e de reinserção no mercado de trabalho, a ser 
norteado pelo Plano do Projeto anexo a esta Resolução. 
§ 1º O Projeto será implementado com a participação da Rede de Reinserção 
Social, constituída por todos os órgãos do Poder Judiciário e pelas entidades públicas 
e privadas, inclusive Patronatos, Conselhos da Comunidade, universidades e 
instituições de ensino fundamental, médio e técnico-profissionalizantes; 
§ 2º Os Tribunais de Justiça deverão celebrar parcerias com as instituições 
referidas no parágrafo anterior para implantação do Projeto no âmbito da sua 
 
18 
jurisdição, com encaminhamento de cópia do instrumento ao Conselho Nacional de 
Justiça. 
§ 3º Os demais tribunais que detenham competência criminal, deverão 
promover ações de reinserção compatíveis com as penas que executa. 
§ 4º Todos os demais tribunais, ainda que não detenham competência criminal, 
poderão também promover ações de reinserção, sobretudo no tocante à contratação 
de presos, egressos e cumpridores de medidas e penas alternativas com base na 
Recomendação nº 21, do Conselho Nacional de Justiça. 
Art. 3º O Conselho Nacional de Justiça poderá reconhecer as boas práticas e 
a participação dos integrantes da Rede de Reinserção Social, por meio de certificação 
a ser definida por ato da Presidência do Conselho Nacional de Justiça. 
 
1.3.2 Capítulo II do portal de oportunidades 
 
Art. 4º Fica criado o Portal de Oportunidades do Projeto Começar de Novo, 
disponibilizado no sítio do Conselho Nacional de Justiça, na rede mundial de 
computadores (internet), com as seguintes funcionalidades, entre outras: 
I – Cadastramento das entidades integrantes da Rede de Reinserção Social 
prevista no artigo 2º, § 1º; 
II – Cadastramento de propostas de cursos, trabalho, bolsas e estágios 
ofertados pela Rede de Reinserção Social e acessível ao público em geral; 
III - contato eletrônico com as entidades públicas e privadas proponentes; 
IV – Relatório gerencial das propostas cadastradas e aceitas, em cada Estado 
e Comarca. 
Parágrafo único. A implantação do Portal será gradativa, observadas as 
possibilidades técnicas, sob a responsabilidade do Conselho Nacional de Justiça. 
 
1.3.3 Capítulo III do monitoramento nos estados 
 
Art. 5º Os Tribunais de Justiça deverão instalar, no prazo de 30 dias, e pôr em 
funcionamento no prazo de até 90 dias, grupo de monitoramento e fiscalização do 
sistema carcerário, presidido por um magistrado, com as seguintes atribuições: 
I – Implantar, manter e cumprir as metas do Projeto Começar de Novo; 72 
 
19 
II - Fomentar, coordenar e fiscalizar a implementação de projetos de 
capacitação profissional e de reinserção social de presos, egressos do sistema 
carcerário, e de cumpridores de medidas e penas alternativas. 
III - acompanhar a instalação e o funcionamento, em todos os Estados, dos 
Patronatos e dos Conselhos da Comunidade de que tratam os arts. 78, 79 e 80 da Lei 
nº 7.210, de 11 de julho de 1984, em conjunto com o juiz da execução penal, relatando 
à Corregedoria Geral de Justiça, a cada três meses, no mínimo, suas atividades e 
carências, e propondo medidas necessárias ao seu aprimoramento. 
IV - Planejar e coordenar os mutirões carcerários para verificação das prisões 
provisórias e processos de execução penal; 
 V - Acompanhar e propor soluções em face das irregularidades verificadas nos 
mutirões carcerários e nas inspeções em estabelecimentos penais, inclusive Hospitais 
de Custódia e Tratamento Psiquiátrico e Delegacias Públicas; 
 VI - Acompanhar projetos relativos à construção e ampliação de 
estabelecimentos penais, inclusive em fase de execução, e propor soluções para o 
problema da superpopulação carcerária; 
VII - Acompanhar a implantação de sistema de gestão eletrônica da execução 
penal e mecanismo de acompanhamento eletrônico das prisões provisórias; 
VIII - Acompanhar o cumprimento das recomendações, resoluções e dos 
compromissos assumidos nos seminários promovidos pelo Conselho Nacional de 
Justiça, em relação ao Sistema Carcerário; 
IX - Implementar a integração das ações promovidas pelos órgãos públicos e 
entidades com atribuições relativas ao sistema carcerário; 
X - Estimular a instalação de unidades de assistência jurídica voluntária aos 
internos e egressos do Sistema Carcerário; 
XI - Propor a uniformização de procedimentos relativos ao sistema carcerário, 
bem como estudos para aperfeiçoamento da legislação sobre a matéria; 
 XII - Coordenar seminários em matéria relativa ao Sistema Carcerário. 
§ 1º Os tribunais deverão, ainda, com base no relatório do grupo, diligenciar 
para que os Conselhos da Comunidade sejam efetivamente instalados e para que 
tenham funcionamento regular, sobretudo no que pertine à implementação de projetos 
de reinserção social, em cumprimento à Lei 7.210, de 11 de julho de 1984 e à 
legislação local. 
 
20 
§ 2º Os tribunais que já criaram grupos de trabalho com atribuições similares 
às previstas no art. 5º deverão editar ato adaptando-os aos termos da presente 
resolução. Art. 6º Caberá ao juiz responsável pelo Conselho da Comunidade, em cada 
comarca, atuar na implementação do Projeto Começar de Novo, sobretudo em relação 
às propostas disponibilizadas no Portal, e em sintonia com o grupo a que se refere o 
art. 5º. Parágrafo único. Para cumprimento do disposto no caput, os representantes 
dos Conselhos da Comunidade terão acesso ao Portal, inclusive aos relatórios 
gerenciais. 
Art. 7º A criação do grupo de que trata a presente resolução será informada ao 
Conselho Nacional de Justiça, no prazo de 30 dias. 
 
1.3.4 Capítulo IV Disposições FinaisArt. 8º Compete à Presidência do Conselho Nacional de Justiça, em conjunto 
com a Comissão de Acesso ao Sistema de Justiça e Responsabilidade Social, 
coordenar as atividades do Projeto Começar de Novo. 
Parágrafo único. Para auxiliar na coordenação de que trata o caput, a 
Presidência do Conselho Nacional de Justiça poderá instituir e regulamentar comitê 
gestor do Projeto Começar de Novo. 
 Art. 9º O disposto na presente Resolução não prejudica a continuidade dos 
programas de reinserção social em funcionamento nos tribunais. 
Art. 10 Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação. 
 
Ministro GILMAR MENDES. 
 
2 DIREITOS E DEVERES DO CONDENADO 
Como atividade complexa que é, em todos os sentidos, a execução penal 
pressupõe um conjunto de deveres e direitos envolvendo o Estado e o condenado, de 
 
21 
tal sorte que, além das obrigações legais inerentes ao seu particular estado, o 
condenado deve submeter-se a um conjunto de normas de execução da pena. 
Referidas normas, traduzidas em deveres, representam, na verdade, um código 
de postura do condenado perante a Administração e o Estado, pressupondo formação 
ético-social muitas vezes não condizente com a própria realidade do preso. 
Paralelamente aos deveres há um rol de direitos do preso. 
A execução penal, no Estado Democrático e de Direito, deve observar 
estritamente os limites da lei e do necessário ao cumprimento da pena. Tudo o que 
excede aos limites contraria direitos. 
Nos termos do art. 41 da Lei de Execução Penal, são direitos do preso: 
I - Alimentação suficiente e vestuário; 
II - Atribuição de trabalho e sua remuneração; 
III - Previdência social; 
IV - Constituição de pecúlio; 
V - Proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a 
recreação; 
VI - Exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas 
anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena; 
VII - Assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa; 
VIII - Proteção contra qualquer forma de sensacionalismo; 
IX - Entrevista pessoal e reservada com o advogado; 
X - Visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias 
determinados; 
XI - chamamento nominal; 
XII - Igualdade de tratamento, salvo quanto às exigências da individualização 
da pena; 
XIII - Audiência especial com o diretor do estabelecimento; 
XIV - Representação e petição a qualquer autoridade em defesa de direito; 
XV - Contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da 
leitura e de outros meios de informação que não comprometam a moral e os bons 
costumes. 
É bem verdade que o artigo 41 estabelece um vasto rol onde estão elencados 
o que se convencionou denominar direitos do preso. Quer nos parecer, entretanto, 
que referido rol é apenas exemplificativo, pois não esgota, em absoluto, os direitos da 
 
22 
pessoa humana, mesmo daquela que se encontra presa, e assim submetida a um 
conjunto de restrições. 
Também em tema de direitos do preso, a interpretação que se deve buscar é a 
mais ampla no sentido de que tudo aquilo que não constitui restrição legal decorrente 
da particular condição do sentenciado, permanece como direito seu. 
Sabe-se ainda que a execução penal reclama observância a princípios como o 
do contraditório, da ampla defesa, do devido processo legal etc. Daí decorre a 
indispensável presença de um advogado no processo executivo, atuando na 
defesa dos interesses do executado, ao lado do Ministério Público, que aqui atua 
como fiscal da Lei (art. 67 da Lei de Execução Penal). 
Com o aumento da criminalidade, notável nos anos 90, trouxe incontáveis 
consequências para toda sociedade. No presente trabalho, analisar-se-á os efeitos 
causados à população carcerária brasileira, que em decorrência disto, tende à 
considerável ampliação, uma vez que implica na intensificação do número de 
condenações judiciais, portanto, na utilização cada vez maior das penas privativas de 
liberdade. 
Por conseguinte, a aplicação destas contribui para o aumento populacional nas 
prisões, penitenciárias e casas de detenção, enfatizando, desta forma, a falência do 
sistema carcerário brasileiro e a dificuldade do Estado em atingir os principais 
objetivos atribuídos a pena, principalmente no que se refere a reintegração do preso 
no meio social. Neste sentido, questiona-se: o sistema penitenciário brasileiro age de 
forma eficaz a fim de reincorporar o detento na sociedade? 
Alguns autores conferem à prisão caráter de confinamento, punição, 
intimidação particular ou geral e regeneração[1], pois é durante o período de 
aprisionamento que se oferece ao condenado a oportunidade de realizar mudanças 
comportamentais, a fim de adaptar-se à sociedade no momento da reintegração. 
A LEP (Lei de Execuções Penais – Lei 7.210/1984) é a lei que regula os direitos 
e deveres dos detentos com o Estado e a sociedade, estabelecendo normas 
fundamentais a serem aplicadas durante o período de prisão. Por esta razão recebe 
a alcunha de Carta Magna dos detentos. É considerada, atualmente, como uma das 
leis mais avançadas, por estabelecer normas e direitos eficientes, principalmente, 
quanto à ressocialização do detento. 
Em seu artigo 1º estabelece brilhantemente, como um dos principais objetivos 
da pena, a oferta de condições que propiciem harmônica integração social do 
 
23 
condenado ou internado. Assim, se cumprida integralmente, grande parcela da 
população penitenciária atual alcançaria êxito em sua reeducação e ressocialização. 
O termo ressocializar denota tornar o ser humano condenado novamente capaz 
de viver pacificamente no meio social, de forma que seu comportamento seja 
harmonioso com a conduta aceita socialmente. Assim, deve-se reverter os valores 
nocivos a sociedade, com a finalidade de torna-los benéficos. [2] 
O mesmo instituto, em seu art. 3º, assegura ao condenado todos os direitos 
não atingidos pela sentença. Mesmo privado de sua liberdade assegura-se ao preso 
determinadas prerrogativas dispostas, inclusive, em cláusulas pétreas da Constituição 
Federal, art. 5º, incisos XLVIII e XLIX, determinando que o respeito à integridade física 
e moral é assegurada ao preso e que a pena será cumprida em estabelecimentos 
distintos, de acordo com a natureza do delito. Assim, dá-se por garantido ao preso o 
mínimo de existência, personalidade, liberdade, intimidade e honra, imprescindíveis 
ao bom resultado do processo de reintegração. 
Destarte, é preciso que o Estado resguarde um mínimo de liberdade e 
personalidade do condenado para que este possua condição para assimilar o 
processo de ressocialização. Ainda neste sentido, prescreve a LEP, art.10º: "A 
assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando prevenir o crime 
e orientar o retorno a convivência social." O art.11 do mesmo instituto especifica a 
assistência devida pelo Estado, devendo esta ser material (alimentação, vestuário e 
instalações higiênicas), jurídica, educacional, social, religiosa e assistência à saúde. 
De acordo com o art.22 a assistência social tem por finalidade amparar o preso 
e o internado e prepará-los para o retorno à liberdade. 
Atentando a tais considerações, ironicamente, elencam-se como os principais 
problemas do sistema carcerário a violência física, psicológica e sexual entre presos 
e agentes custodiadores e entre os próprios presos; a superlotação penitenciária 
obrigando detentos primários a conviverem com reincidentes e praticantes de crimes 
hediondos; a falta de assistência médica efetiva, principalmente aos portadores do 
vírus HIV. 
Estes fatos denunciam claramente que devido a não observância das normas 
de proteção ao detento, restam prejudicadas as operações de recuperação do 
detento. Sabe-se que atualmente uma ínfima parte deles retorna para sociedade 
recuperada. A grande maioria regressa ao cárcere em curto lapso de tempo,geralmente reincidentes e mais perigosos. 
 
24 
Assim, se uma parcela maior de sentenciados obtivessem auxílio satisfatório 
no processo de reeducação durante a detenção, a sociedade seria beneficiada com a 
diminuição dos índices criminológicos e, ainda, os próprios detentos, pois achariam, 
novamente, seu espaço dentro do meio social. 
Como já visto, compete exclusivamente ao Estado orientar a reintegração do 
encarcerado, provendo-o de capacidade ética e profissional. Todavia, permite que 
este permaneça dentro de um sistema penitenciário malogrado, capaz de inutilizar os 
valores em formação ou desenvolvimento, estimulando o processo de 
despersonalização e legitimando o desrespeito aos direitos humanos. 
O sistema penitenciário brasileiro não oferece quaisquer possibilidades de 
apoio ao detento para sua ressocialização, pois, durante o período de detenção, os 
esforços para manter a dignidade dos encarcerados são praticamente nulos. 
Não oferecem auxílio físico ou psicológico garantidos por lei e imprescindíveis 
ao preso no momento de sua reintegração. 
Uma vez que os direitos dos reeducandos não estejam sendo resguardados, a 
recuperação e reeducação restam impossibilitadas e a função da pena privativa de 
liberdade, visivelmente restringe-se ao caráter de punição, castigo e vingança estatal, 
ou seja, como forma de retribuição ao crime. 
A finalidade de reintegrar somente será alcançada quando propiciarem-se às 
instituições prisionais, qualidades ideais e satisfatórias ao trabalho de regeneração. 
Para que isto ocorra, é necessário que o Estado envie verbas para reforma dos 
estabelecimentos, a fim de escassear a superlotação penitenciária, e, ainda, que se 
criem programas dedicados a recuperar e reeducar o detento. 
É importante que se ofereça ao sentenciado alguma forma de ensinamento, 
como, por exemplo, as bases de aprendizagem técnica/profissional, que lhe 
proporcionem, quando de sua liberdade, a oportunidade do exercício de atividade 
laborativa honesta, requisito essencial para perfeita adaptação na sociedade. 
Para alcançar este intento, seria necessário que as prisões fossem ambientes 
capazes de proporcionar ao condenado um mínimo de experiência que lhes inspirasse 
e permitisse o desenvolvimento de valores benéficos à sociedade. 
Neste aspecto insere-se um problema de complexa solução: diante da intensa 
crise econômica, que dificulta a ação do Estado em áreas sociais essenciais, como a 
educação, a saúde e alimentação, entre outros, de que forma se poderia financiar 
estas mudanças dentro do complexo carcerário? 
 
25 
De imediato, uma solução plausível seria a mais frequente aplicação de penas 
alternativas ou substitutivas, como por exemplo as penas restritivas de direito - que 
custam menos ao Estado e apresentam maior índice de recuperação do preso -, 
conjugada ao princípio da intervenção mínima, onde a pena privativa de liberdade 
seria somente empregada em casos de crimes hediondos, reincidentes e de maior 
gravidade. 
Diante de todo o exposto, achou-se por bem realizar uma breve análise da 
Escola Científica Francesa. 
De encontro às escolas excessivamente legalistas que consideravam a lei 
como a única e suficiente fonte do direito, à exegese, ao positivismo jurídico e ao 
conceitualismo, despontaram diversas críticas e reações nos mais variados países, 
procedendo os sistemas modernos de interpretação da lei. Dentre eles, o sistema da 
livre investigação ou do direito livre de Geny, o então principal representante da Escola 
Científica Francesa, junto a Kantorowicz, Duguit e Hariou. 
De acordo com o notável jurista Carlos Maximiliano[3]: "Mais arrojada do que a 
doutrina vitoriosa da escola histórico-evolutiva, porquanto se não contentava com 
interpretar amplamente os textos; ia muito além, criava direito novo (...)". 
Este movimento foi originalmente principiado pelo francês Geny, como dito 
anteriormente, considerado acima de tudo como um sistematizador desta ousada 
doutrina. Assim, a existência da doutrina por ele difundida contou com o apoio de 
discípulos, destacando, entre tantos, Stammler, que infundiu à escola uma base 
filosófica. 
Segundo esta escola, o texto legal é uma importante fonte do direito. Contudo, 
não é a única. Havendo lacunas na legislação, o aplicador não deverá distorcer a 
norma a fim de aplicá-la a um caso concreto. Para tanto, deve recorrer a outras fontes 
do direito, como o costume, a jurisprudência, a doutrina. Na omissão destas, poderá 
o magistrado instituir lei nova com a finalidade de solucionar o caso concreto. [4] 
Por este motivo é que o método utilizado pela Escola Científica Francesa, 
denomina-se livre investigação científica, devido à constante busca de soluções para 
resolução dos fatos jurídicos. 
Outro motivo pelo qual levantou-se a doutrina proclamada por tal escola opõe-
se à concepção de que a lei poderia solucionar todos os eventos jurídicos, uma vez 
que já naquele período, não satisfaziam eficazmente as necessidades momentâneas, 
afinal, o direito é a reação incessante das exigências da vida social. [5] 
 
26 
Diante disto, a aplicação e interpretação da lei não deve levar em consideração 
a vontade ou o pensamento do legislador. Deve, sim, submeter-se a uma base 
sociológica, aos anseios e necessidades dos indivíduos. 
Como pôde-se observar o juiz não está limitado à legislação, podendo 
sentenciar praeter legem (além dos termos da lei) quando necessário. Destarte, a 
divisa de Geny era "par le Code Civil, mais au delá du Code Civil"[6] (pelo Código Civil, 
mas além do Código Civil). 
No ano de 1907 consagrou-se a vitória do difundido pela escola com o 
estabelecido no Código Civil suíço que dispunha, basicamente, que na falta de 
legislação específica deverá o magistrado socorrer-se do Direito Consuetudinário ou 
segundo a norma por ele próprio estabeleceria na condição de legislador. [7] 
Kantorowicz – outro célebre representante da Escola Científica Francesa – ia 
mais além da teoria de Geny. Defendia a absoluta liberdade do juiz, concedendo a 
este, inclusive, o direito de ir de encontro à lei (contra legem) no alcance do direito 
justo. 
Desta maneira, não pode o magistrado prender-se as letras da lei e as 
construções interpretativas, deve inspirar-se na realidade social, tendo por guias o 
sentimento e a consciência jurídica. [8] 
Convém salientar que as teorias de Geny e de Kantorowicz diferenciam-se na 
medida que para este último a liberdade de atuação do magistrado é 
significativamente maior, podendo até contrariar a lei, e o primeiro atribui ao juiz 
liberdade em menores proporções de forma que só pode ser exercida quando a lei 
não se opõe, inspirando-se em sentimentos próprios, na equidade, na realidade social, 
em suma, utilizando-se de método sociológico. 
A já mencionada metodologia sociológica utilizada por esta escola segue 
algumas premissas de importante relevância. A primeira situa-se na noção de que o 
direito e a elaboração das normas emanam do grupo social, afinal o escopo da norma 
é o atendimento das necessidades e anseios sociais. A segunda premissa consiste 
em reafirmar que as leis não possuem caráter estável ou perpétuo, elas devem ser 
flexíveis a fim de se encaixarem à mudança da realidade social. A terceira premissa 
estabelece que o alcance da norma e o significado de seus termos não podem ser 
estabelecidos a não ser em função da estrutura social. [9] 
 
27 
Diante disto, podemos concluir que segundo o método sociológico a 
interpretação da norma deve corresponder a realidade da qual emerge, do elemento 
social que lhe deu origem. 
Cita-nos o professor Montoro[10] um famoso exemplo histórico dos casos 
julgados pelo juiz francês Magnaud (1889-1904) que, opondo-se muitas vezes as leis 
perdoava pequenos furtos e amparava os fracos, os menores e as mulheres e atacava 
o privilégio e o erro dos detentores do poder. 
A principal crítica feitaa esta linha consiste na gravidade em autorizar de modo 
expresso, que o juiz legisle, pois fica configurado o deslocamento além de sua 
competência, qual seja a de aplicar o direito, dando margem a conduta arbitrária. 
Ainda, além da mencionada arbitrariedade não é possível substituir a lei pois esta é a 
garantia do direito da coletividade e a expressão da vontade dos cidadãos. 
A principal inovação e contribuição dada por esta teoria está na faculdade de 
denunciar eventuais erros de uma interpretação rígida e deveras dogmática da lei e, 
ainda, ressaltar a necessidade de se atentar à justiça e à realidade social quando da 
aplicação do direito. Ademais, há visível exigência de que o direito seja amplo e 
flexível com o propósito de acompanhar o desenrolar histórico, adaptando-se 
adequadamente a cada realidade. [11] 
Contemporaneamente, novas correntes doutrinárias denominam a teoria da 
Escola Francesa como "a doutrina do pensamento problemático" em oposição a 
"doutrina do pensamento sistemático", representante do dogmatismo jurídico. [12] 
Como observado esta escola era composta por juristas da linha humanista. 
Diante do tema e do problema apresentado relacionados ao quadro teórico pode-se 
construir uma crítica ao sistema penitenciário nacional, visto que a eficiência das 
normas adequadas à perfeita e eficiente reintegração do detento na realidade social 
não são aplicadas satisfatoriamente. 
Ademais, é latente, a falta de preparo dos nossos magistrados, com a correta 
aplicação de nossa legislação ao problema em concreto, não raras vezes, deparamos 
com decisões desumanas, em total afronta a constituição, mostrando claramente que 
o que estamos vivendo não é falta de lei e sim desrespeito a esta, razão pela qual não 
basta uma legislação, coerente e sim sua efetiva aplicação, ou seja, que esta tenha 
efetiva aplicabilidade. Como reflexão anexamos matéria do jornal Folha de São Paulo 
(6 de dezembro de 2005), onde consta matéria, de uma Senhora por nome Iolanda 
 
28 
com 79 anos, condenada, a pena privativa de liberdade, sem qualquer condição física 
de cumpri-la, face a enfermidade por ela sofrida. 
 
 
29 
3 BIBLIOGRAFIA 
BEVILAQUA, Clóvis. Teoria Geral do Direito Civil. 2 ed. rev. e atual. por Caio Mário 
da Silva Pereira. Rio de Janeiro: Rio, 1980. 
COELHO, Daniel Vasconcelos. A crise no sistema penitenciário brasileiro. Disponível 
em: <http.www.infojus.com.br>. Acesso em 04 de outubro de 2001. 
DIAS, José Carlos. Lições a aprender. Folha de São Paulo. São Paulo, 22 de fevereiro 
de 2001. Tendências e Debates. A3. 
MONTORO, André Franco. Introdução à Ciência do Direito. 25. ed. São Paulo: RT, 
1999. 
LOPES, Miguel Maria de Serpa. Curso de Direito Civil – Introdução, Parte Geral e 
Teoria dos Negócios Jurídicos. 7 ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1989, 
v. I. 
MATTAR, Helio. Outra chance. Folha de São Paulo. São Paulo, 01 de julho de 2001. 
Tendências e Debates. A3. 
SCURO NETO, Pedro. Manual de Sociologia Geral e Jurídica – lógica e método do 
direito, problemas sociais, comportamento criminoso, controle social. 3 ed. reform. 
São Paulo: Saraiva, 1999. 
D'URSO, Luiz Flavio Borges. Liberdade de volta – Ex-presidiário precisa de apoio da 
sociedade. Disponível em: <http.www.suigeneris.pro.br>. Acesso em 04 de outubro 
de 2001. 
[Sem autor]. O preso condenado e a vitimização pela norma. Disponível em: 
<http.www.infojus.com.br>. Acesso em 04 de outubro de 2001. 
 
 
 
 
 
30 
[1] TOMPSON apud Daniel Vacoselos COELHO, A crise do sistema 
penitenciário brasileiro, 2001, p.1. 
[2] [Sem autor], O preso-condenado e a vitimização pela norma (estudo 
concebido a partir do contexto do sistema penitenciário no Rio de Janeiro – 
www.infojus.com.br), 2001 
[3] MAXIMILIANO, Carlos apud MONTORO, André Franco. Introdução à 
Ciência do Direito. 25. ed. São Paulo: RT, 1999, p. 377. 
[4] MONTORO, André Franco. Introdução à Ciência do Direito, 1999, p. 377. 
[5] BEVILÁQUA, Clóvis. Teoria Geral do Direito Civil, 1980, p.48. 
[6] GENY, François apud LOPES, Miguel Maria de Serpa. Curso de Direito Civil, 
1989, v. I, p.124. 
[7] MONTORO, André Franco. Introdução à Ciência do Direito, 1999, p. 378. 
[8] Ibid.id., 378. 
[9] BEVILÁQUA, Clóvis. Teoria Geral do Direito Civil, 1980, p.52. 
[10] op. cit., 379. 
[11] MONTORO, André Franco. Introdução à Ciência do Direito, 1999, p.379. 
[12] ibid.id., p.379. 
 
 
31 
4 LEITURA COMPLEMENTAR 
Visita Íntima a Detentos em Presídios - Possibilidade de Condicionamento 
e de Restrição para Evitar Contágio de Doenças Sexualmente Transmissíveis 
 
Flávio de Araújo Willeman 
Procurador do Estado do Rio de Janeiro e Advogado. 
Mestre em Direito pela Universidade Candido Mendes. 
Professor dos cursos de pós-graduação da 
Universidade Candido Mendes, da FGV, da UFF e da 
EMERJ. 
 
- INTRODUÇÃO 
 
Buscar-se-á neste artigo enfrentar a discussão a respeito da possibilidade de o 
Poder Público editar norma jurídica para regular e regulamentar a realização de 
visita íntima a presidiários e presidiárias que se encontram reclusos no sistema 
carcerário, com vistas a impedir o contágio de doenças sexualmente transmissíveis. 
O tema é polêmico e de grande relevância, na medida em que envolve 
discussão relativa a proteção de possíveis liberdades individuais – como, por 
exemplo, a disposição do próprio corpo e da vida -, e as obrigações inerentes ao 
Estado, ligadas à necessária defesa e promoção da saúde pública e da 
intangibilidade da integridade física e mental dos presos acautelados sob sua 
responsabilidade. 
Por certo, aos que entendem ser direito fundamental do cidadão, sob 
custódia do Estado ou não, a disposição do próprio corpo e, assim, da sua vida, seria 
inconstitucional qualquer regra estatal que venha a limitar o suposto direito à 
visitação íntima de presidiários, sob o argumento de protegê-lo – ou ao seu 
parceiro (a) – dos perigos do contágio de doenças sexualmente transmissíveis. 
Poder-se-ia argumentar, também, que a regulação da visitação intima em 
presídios por parte do Estado para impedir o contágio de doenças sexualmente 
 
32 
transmissíveis viola o princípio da igualdade, na medida em que se não pode o 
Estado impedir que pessoas livres mantenham rela- ções sexuais inseguras, e, 
assim a exposição da própria vida, não poderia, por igual, se imiscuir na liberdade 
de opção de pessoas que se encontram reclusas no sistema prisional. 
Diante deste quadro, talvez uma indagação seja suficiente para nortear todas 
as discussões que circundarão o tema deste artigo: detectada doença sexualmente 
transmissível em qualquer dos parceiros (detento ou visitante), que postura deverá 
adotar o Estado? 
 
 
– AUSÊNCIA DE DIREITO SUBJETIVO FUNDAMENTAL DE DETENTOS À 
VISITAÇÃO ÍNTIMA 
 
A despeito da análise jurídica que se fará, importante registrar que o Estado do 
Rio de Janeiro (ERJ) possui normas que disciplinam o problema. O Decreto 
Estadual nº 8.897/86 (Regulamento do Sistema Penal do ERJ) regulamentou a Lei 
Federal nº 7.210/84 (Lei de Execuções Penais - LEP), e, no artigo 67, I “b”, 
estabeleceu que a visita íntima é uma “benesse” que pode ser concedida pela 
Administração Penitenciária para presos reclusos no sistema prisional em regime 
integralmente fechado. 
Ainda no que diz respeito ao Estado do Rio de Janeiro, necessário registrar 
que a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária editou a Resolução 
SEAP nº142/06, que, nos artigos 18 a 21, disciplinou os requisitos para a fruição 
da referida “benesse” pelos presos e visitantes, dentre eles a apresentação de 
exames que atestem a higidez dos interessados. Confiram-se os dispositivos legais 
citados: 
“Art. 18 – Será concedida ao (à) preso (a) a visita íntima de seu cônjuge 
ou companheiro (a). 
Parágrafo Único: Não haverá visita íntima na Casa de Custódia. 
Art. 19 – O requerimento para concessão do benefício de quetrata o artigo 
anterior será feito no Serviço Social da respectiva Unidade, atendendo aos 
seguintes requisitos: 
Não estar o (a) interessado (a) classificado (a) no índice de 
aproveitamento negativo ou neutro, em decorrência da falta disciplinar; 
Não estar o (a) interessado (a) usufruindo da concessão de Visita Periódica 
à Família (VPF); 
 
33 
Ter sido concedido credenciamento ao cônjuge ou companheira (o), 
atendendo às exigências previstas no Título I desta Resolução, referentes a 
esta categoria de visitante; 
Estarem ambos os interessados em perfeitas condições de saúde física e 
mental; 
§ 1º - A condição de saúde física e mental do (a) interno (a) será avaliada 
pelos médicos do quadro pessoal da SEAP, mediante solicitação do 
Serviço Médico da Unidade de, no mínimo, os exames de hemograma e o 
VDRL; 
§ 2º - As mulheres e os homens livres candidatos à visita íntima deverão 
comprovar seu estado de saúde física e mental, mediante apresentação ao 
Serviço Médico da Unidade de atestado médico, emitido por órgão de 
saúde pública. 
Art. 20 – A Coordenação de Saúde da SEAP, em dia, local e hora 
previamente estabelecidos, promoverá Palestra sobre doenças 
sexualmente transmissíveis (DST/HIV/AIDS) para os (as) candidatos (as) à 
visita íntima, sendo a frequência facultativa, mediante assinatura de termo de 
responsabilidade. 
Art. 21 - O processo de visita íntima, devidamente instruído na forma dos 
artigos anteriores, será encaminhado ao diretor da Unidade Prisional, que, 
após ouvir os demais membros da Comissão Técnica de Classificação, 
definirá ou não o pedido, expedindo-se ao cônjuge ou companheiro (a) 
uma carteira para ingresso nos dias de visita íntima. ” 
 
Feito o registro acima, adianta-se a conclusão central do trabalho, no sentido 
de que não há inconstitucionalidade e/ou ilegalidade em normas que imponham o 
dever de o (a) detento (a) e o (a) visitante, antes de visitas íntimas, apresentarem 
exames que atestem a higidez dos parceiros. Passa-se, então, à fundamentação 
desta posição jurídica à Luz das regras e princípios constitucionais vigentes. 
Com a licença devida aos que entendem de modo contrário, não há direito 
subjetivo do preso ao recebimento de visita íntima. O detento possui, a teor do 
artigo 41, X, da Lei Federal nº 7.210/84 (LEP), o direito de receber a “visita do 
cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados”. No rol de 
direitos dos detentos, previsto na Lei de Execuções Penais, não está o de receber 
visitas íntimas. Todavia, ainda que se extraia o direito à visita íntima das regras e 
princípios constitucionais (artigos 5º e 6º da CRFB/88 – o que se acredita não ser 
possível, data vênia) ou mesmo de legislações federal ou estaduais esparsas, não 
pode ele ser compreendido de forma absoluta; tem de ser interpretado, e, se 
necessário, limitado, condicionado e/ou restringido, de modo a ser 
compatibilizado com os demais pressupostos e obrigações do Estado previstos na 
Constituição da República, tal qual o de garantir a saúde e a segurança dos presos 
e das pessoas que com eles se relacionem, sobretudo intima- mente e dentro das 
dependências do Poder Público. 
 
34 
A respeito da possibilidade de se impor limites e condicionamentos ao 
exercício de direitos fundamentais – o que, com o devido respeito, sequer é a 
qualificação atribuível ao “direito” à visita íntima em presídios 
Colham-se as lições do constitucionalista português JORGE MIRANDA, que 
identifica, para tanto, a necessidade de se fazer a distinção entre “restrição”, 
“condicionamento” e “limites” ao exercício de certos direitos: 
“I – Para se apreender o pleno alcance da regra do carácter restritivo das 
restrições de direitos, liberdades e garantias, há que começar por distinguir 
o conceito de restrição de outros conceitos, como os de limite ao exercício de 
direitos, condicionamento, regulamentação, concretização legislativa, 
auto- ruptura da Constituição, dever e suspensão. 
A restrição tem que ver com o direito em si, com a sua extensão objetiva; o 
limite ao exercício de direitos contende com a sua manifestação, com o 
modo de se exteriorizar através da prática do seu titular. A restrição afeta 
certo direito (em geral ou quanto a certa categoria de pessoas ou 
situações), envolvendo a sua compressão ou, doutro prisma, a amputação 
de faculdades que a priori estariam nele compreendidas; o limite reporta-
se a quaisquer direitos. A restrição funda- se em razões específicas; o 
limite decorre de razões ou condi- ções de caráter geral válidas para 
quaisquer direitos (moral, a ordem pública e o bem-estar numa sociedade 
democrática, para recordar, de novo, o art. 29º da Declaração Universal). 
O limite pode desembocar ou traduzir-se qualificadamente em 
condicionamento, ou seja, num requisito de natureza cautelar de que se faz 
depender o exercício de algum direito, como prescrição de um prazo (para o 
exercício de um direito), ou de participação prévia (v.g. para realização de 
manifestações), ou de registro (para o reconhecimento da personalidade jurídica 
de associação), ou de conjugação com outros cidadãos num número mínimo (para a 
constituição de partidos), ou de posse de documentos (por exemplo, passa- 
portes), ou de autorização vinculada (para a criação de escolas particulares e 
cooperativas). O condicionamento não reduz o âmbito do direito, apenas implica, 
umas vezes, uma disciplina ou uma limitação da margem de liberdade do seu 
exercício, outras vezes um ônus. 
Uma coisa é a regulamentação ou preenchimento ou desenvolvimento 
legislativo (ou, porventura, convencional) do conteúdo do direito; outra coisa a 
restrição ou diminuição ou compressão desse conteúdo. Uma coisa é 
regulamentar, por razões de certeza jurídica, de classificação ou de delimitação de 
direitos, outra coisa é restringir com vista a certos e deter- minados objetivos 
constitucionais. ” (...)”.1 – negritei. 
 
 
35 
Tem-se, pois, que é plenamente possível limitar com condiciona- mentos 
e/ou restringir direitos fundamentais, e, com muito mais razão, o direito de visita 
íntima de detentos, para salvaguardar o interesse público (tal qual permitido, 
expressamente, pelo artigo 41, § único da Lei de Execuções Penais), máxime para 
priorizar políticas preventivas que visem a implementar medidas de saúde pública, 
inclusive da população carcerária. Mais: crê-se que é possível ao Estado limitar 
e/ou, eventualmente, restringir totalmente o direito à visita íntima para resguardar 
o Poder Público do seu ônus irrenunciável de proteção à incolumidade do detento 
que está sob a sua custódia, bem assim do ônus de ser responsabilizado 
civilmente2 caso um detento ou mesmo uma pessoa visitante venha a ser 
 
1 MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional. Tomo IV – Direitos Fundamentais. 2ª 
edição. Coimbra Editora. Coimbra-Portugal, 1998, p. 297-298. 
2 Importante registrar, guardadas as devidas ressalvas pessoais acerca do desacerto da 
posição, que a orientação da jurisprudência do STJ, em caso de morte de detento em 
penitenciárias, é no sentido de que o Poder Público é responsável pela incolumidade do preso, 
devendo protegê-lo, inclusive, para atitudes que atentem contra a própria vida. Por isso, tem o STJ 
entendido que o Poder Público é responsável civilmente nas hipóteses em que detentos 
contaminados com doenças sexualmente transmissíveis, decorrentes da visitação íntima 
insegura. 
 
A respeito da possibilidade de o Estado limitar ou restringir o direito à visitação 
íntima de detentos, por ato motivado, quando conflitar com o interesse público, 
confira-se a posição da jurisprudência do Tribunal de Justiça do Estado do Rio 
de Janeiro, que entende tratar a hipótese de conduta discricionária do Estado: 
 
 
“0145053-68.2004.8.19.0001 - APELAÇÃO - 1ª Ementa 
 
DES. MONICA COSTA DI PIERO - Julgamento: 02/09/2010 - OITAVA 
CÂMARA CÍVEL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE36 
ATO ADMINISTRATIVO CUMULADA COM INDENIZATÓRIA POR DANOS 
MORAIS. REBELIÃO. BANGU III. PRESO. DIREITO À VISITAÇÃO ÍNTIMA. 
 
1. Autor que pretende ver restabelecido o direito de visitação íntima no 
presídio Bangu III, unidade carcerária na qual se encontra abrigado, apoiando seu 
pedido na ilegitimidade do ato administrativo que suspendeu o benefício. 
 
2. Tese que não merece guarida, porquanto inexiste no ordenamento jurídico 
pátrio lei que confira direito subjetivo ao preso de visitação íntima, o qual se constitui 
um benefício concedido pela Administração Penitenciária, mediante a análise dos 
critérios de conveniência e oportunidade. 
 
3. A Lei de Execuções Penais (art. 41, inciso X), que prescreve os direitos do 
preso, estabelece apenas a possibilidade de visita do cônjuge, da companheira, de 
parentes e amigos em dias determinados, como forma de não excluir a convivência 
do abrigado de seus familiares. 
 
4. O direito do preso à visita pode ser restringido ou suspenso, motivadamente, 
pela Administração Penitenciária, conforme previsão contida no art. 41, parágrafo 
único, da Lei de Execuções Penais. 
 
5. Não há qualquer ilegalidade no ato administrativo que suspendeu a 
realização de visitação íntima, não sendo facultado ao Judiciário imiscuir-se no mérito 
da Administração Pública, sob pena de se infringir o princípio da separação dos 
Poderes. 
 
6. O ato impugnado não pode ser considerado como atentatório do princípio da 
dignidade da pessoa humana, quando sopesados com outros valores essenciais, bem 
como aqueles destinados à preservação da ordem e da segurança do 
estabelecimento prisional. 
 
7. Diante da ausência de qualquer ilicitude praticada pelo recorrido, não há que 
se falar em dano moral a ser indenizado. 
 
 
37 
8. Recurso ao qual se nega seguimento. 
 
 
“INDENIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. ESTADO. SUICÍDIO. 
PRESO. 
 
Trata-se de ação de reparação de danos ajuizada pelo MP, pleiteando 
indenização por danos morais e materiais, bem como pensão aos dependentes de 
preso que se suicidou no presídio, fato devidamente comprovado pela perícia. A 
Turma, por maioria, deu parcial provimento ao recurso, reconhecendo a 
responsabilidade objetiva do Estado, fixando em 65 anos o limite temporal para o 
pagamento da pensão mensal estabelecida no Tribunal a quo. Outrossim, destacou 
o Min. Relator já estar pacificado, neste Superior Tribunal, o entendimento de que o 
MP tem legitimidade extraordinária para propor ação civil ex delicto em prol de 
vítima carente, enquanto não instalada a Defensoria Pública do Estado, 
permanecendo em vigor o art. 68 do CPP. Para o Min. Teori Albino Zavascki, o nexo 
causal que se deve estabelecer é entre o fato de estar o preso sob a custódia do 
Estado e não ter sido protegido, e não o fato de ele ter sido preso, pois é dever do 
Estado proteger seus detentos, inclusive contra si mesmo”. REsp 847.687-GO, Rel. 
Min. José Delgado, 1ª Turma. Julgado em 17/10/2006. No mesmo sentido foi a 
decisão recente do STF, quando do julgamento do AI 799789 / GO - GOIÁS, 
ocorrido em 19/05/2010, rel. Min. Ricardo Lewandowski. 
 
“EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. 
CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. MORTE DE PRESO SOB CUSTÓDIA 
DO ESTADO. OMISSÃO ESTATAL. INTEGRIDADE FÍSICA DO PRESO. 
RESPONSABILIDADE DO ESTADO. AGRAVO IMPROVIDO. 
 
I – O Tribunal possui o entendimento de que o Estado se responsabiliza pela 
integridade física do preso sob sua custódia, devendo reparar eventuais danos. 
Precedentes. 
 
II - Para se chegar à conclusão contrária à adotada pelo acórdão recorrido 
quanto à existência de nexo causal entre a omissão do Estado e o resultado morte, 
 
38 
necessário seria o reexame do conjunto fático-probatório constante dos autos, o 
que atrai a incidência da Súmula 279 do STF. 
 
III - Agravo regimental improvido. ”

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