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UNIT - UNIVERSIDADE TIRADENTES CURSO:: Engenharia Civil DISCIPLINA: ESTRUTURAS DE AÇO E MADEIRA PROFESSOR:: Sérgio Bezerra de Sant’Anna �� Apostila 1 UNIDADE I: Projeto e Dimensionamento das Estruturas em Madeira ( A Madeira como Material de Construção: Usos, Classificação e Propriedades ( Tipos de Madeira e suas Resistências A Madeira como Material de Construção Usos da Madeira na Construção Civil Na construção civil, a madeira é utilizada de diversas formas: na forma temporária, como fôrmas para concreto, andaimes e escoramentos; e, na forma permanente, como estruturas em geral e de cobertura, nas esquadrias (portas e janelas), nos forros e nos pisos. Quanto ao seu emprego, elas podem ser classificadas em duas categorias: ( Madeiras Maciças: ( Madeira Bruta ou Roliça: é o produto com menor grau de processamento da madeira e é empregada em forma de troncos. Na maior parte dos casos, sequer a casca é retirada. É empregada em estacas, em escoramentos de lajes (pontaletes), construção de andaimes, postes e colunas. Em construções rurais, é freqüente o seu uso em estruturas de telhado. ( Madeira Falquejada ou Lavrada: tem as faces laterais aparadas a machado, formando seções maciças, quadradas ou retangulares. Dependendo do diâmetro dos troncos, podem ser obtidas seções maciças falquejadas de grandes dimensões, como, por exemplo, 30x30cm ou mesmo 60x60cm. É utilizada em estacas, cortinas cravadas, pontes, etc. ( Madeira Serrada: é produzida em unidades industriais - serrarias - onde as toras são processadas mecanicamente, transformando a peça originalmente cilíndrica em peças quadradas ou retangulares, de menor dimensão. É o produto para uso estrutural de madeira mais comum entre nós. As serrarias produzem uma grande diversidade de produtos para serem utilizados nas mais diversas atividades: pranchas, pranchões, blocos, tábuas, caibros, vigas, vigotas, sarrafos, pontaletes, ripas e outros. ( Madeiras Industrializadas: ( Madeira Compensada: é composta de várias lâminas finas extraídas do tronco por um processo de desbaste desenrolado, unidas umas as outras com de adesivo ou cola, de forma que as fibras de uma chapa se posicione perpendicularmente as adjacentes, sempre em número ímpar, de maneira que uma compense a outra. As chapas de compensado são fabricadas com dimensões padronizadas de: 2,20x1,60m, 2,44x1,22m e 2,20x1,10m, sendo esta a mais comum. A espessura pode variar de 3 a 35mm. É largamente utilizada na indústria de móveis e construção civil. ( Madeira Laminada Colada: é um produto estrutural de madeira muito utilizado nos países da Europa e América do Norte, formado por associação de tábuas de madeira selecionada, coladas com as fibras em direções paralelas, com adesivos e sob pressão. A espessura das tábuas varia em geral de 15 a 50 mm. ( Madeira Recomposta: são produtos na forma de placas, desenvolvidos a partir de resíduos de madeira em flocos, lamelas ou partículas, unidos por intermédio de resinas sintéticas. Em geral, estas placas de madeira prensada não são consideradas materiais estruturais devido à baixa resistência e durabilidade, sendo muito utilizadas na indústria de móveis. Madeira: Principal Classificação em Estruturas Para aplicações estruturais, distinguem-se duas categorias principais de madeiras: ( Madeiras Duras: são provenientes de árvores frondosas (dicotiledôneas, da classe Angiosperma, com folhas achatadas e largas), de crescimento lento, como peroba, ipê, aroeira, carvalho, etc. As madeiras duras de melhor qualidade são também chamadas madeiras de lei. ( Madeiras Macias: são provenientes em geral das árvores coníferas (da classe Gimnosperma, com folhas em forma de agulhas ou escamas, e sementes agrupadas em forma de cones), de crescimento rápido, como pinheiro-do-paraná e pinheiro-bravo, ou pinheirinho, pinheiros europeus, norte-americanos etc. Essas categorias distinguem-se pela estrutura celular dos troncos e não propriamente pela resistência. Algumas árvores frondosas (duras) produzem madeiras menos resistentes que o pinho (madeira mole). Madeira: Principais Propriedades Físicas Conhecer as propriedades físicas da madeira é de grande importância porque estas propriedades podem influenciar significativamente no desempenho e resistência da madeira utilizada estruturalmente. Entre as características físicas da madeira, cujo conhecimento é importante para sua utilização como material de construção, destacam-se: anisotropia; umidade; densidade; retratibilidade; resistência ao fogo. ( Anisotropia: Anisotropia é a característica que uma substância possui em que uma certa propriedade física varia com a direção. A madeira é um exemplo de material anisótropo com comportamentos diferentes em relação à direção de crescimento das fibras. Devido à orientação das fibras da madeira e à sua forma de crescimento, as propriedades variam de acordo com três eixos perpendiculares entre si: longitudinal, radial e tangencial. A diferença de propriedades entre as direções radial e tangencial raramente tem importância prática, bastando diferenciar as propriedades na direção das fibras principais (longitudinal) e na direção perpendicular às mesmas fibras (tangencial ou radial). ( Umidade: Em relação ao teor de umidade são usados termos bastante comuns: ( Madeira verde: A quantidade de água das madeiras verdes ou recém-cortadas varia muito com as espécies e com a estação do ano. A faixa de variação da umidade das madeiras verdes tem como limites aproximados 35% para as madeiras mais duras até 200% para as madeiras mais macias. As madeiras verdes são caracterizadas por uma umidade superior ao Ponto de Saturação (PS). ( Madeira semi seca: Ao serem cortadas, a água contida nas células ocas da madeira facilmente se evapora, atingindo-se o Ponto de Saturação das Fibras (PS), no qual as paredes das células ainda estão saturadas, porém a água do seu interior se evaporou. Este ponto corresponde ao grau de umidade em torno de 25%. A madeira é denominada, então, semi ou meio seca. ( Madeira seca ao ar: Continuando-se a secagem, a madeira vai perdendo também, agora num processo bem mais lento, a água contida em suas paredes celulares até atingir um teor de umidade final, adquirido em função das condições atmosféricas locais (umidade do ambiente), ou seja, a madeira atinge um Ponto de Equilíbrio (PE) com o meio ambiente, sendo denominada madeira seca ao ar. O grau de umidade desse ponto varia geralmente entre 10 e 20%. A NBR 7190/1997 estabelece que no projeto das estruturas de madeira deve ser considerando o teor de umidade de equilíbrio da madeira, no local onde será implantada a obra. Para isso, foram definidas as classes de umidade especificadas abaixo: As classes de umidade têm por finalidade ajustar as propriedades de resistência e de rigidez da madeira em função das condições ambientais onde permanecerão as estruturas. Para fins de aplicação estrutural da madeira e para classificação de espécies, a norma brasileira específica a umidade de 12% como de referência para a realização de ensaios e valores de resistência nos cálculos e apresenta, em seu anexo B, um roteiro detalhado para a determinação da umidade de amostras de madeira. ( Benefícios obtidos ao se trabalhar com a madeira seca (com teor de umidade final de equilíbrio com o meio ambiente): 1º) Redução na movimentação dimensional: A madeira tende a contrair-se conforme vai secando e expandir-se conforme absorve umidade. Com a madeira seca diminuirá a movimentação dimensional das peças que poderão ser produzidas com maior precisão de dimensões, proporcionando melhor desempenho em serviço e evitando empenos ou rachaduras. 2º) Redução dos riscos de ataque de fungos apodrecedores e manchadores:A madeira verde é uma das principais fontes de alimentos tanto para fungos quanto para os insetos, que comprometem seriamente as propriedades mecânicas da madeira, além de alterar significativamente sua aparência, ocasionando uma redução no seu valor econômico. Madeiras com Teor de Umidade abaixo de 20% tornam-se praticamente imunes ao ataque destes organismos. 3º) Redução de custos: A perda de água da madeira reduz sensivelmente seu peso e, conseqüentemente, seu custo de transporte diminuirá. 4º) Melhoria na tratabilidade: Uma peça de madeira com Teor de Umidade de 20% será mais facilmente impregnada por produtos químicos preservativos ou retardantes de fogo, bem como aceitará mais facilmente pinturas, vernizes, ceras e outros materiais de acabamento. 5º) Aumento da resistência mecânica: Em comparação com uma peça de madeira úmida, uma madeira previamente seca apresenta uma sensível melhora nas suas propriedades mecânicas, tais como: flexão estática, compressão, dureza, cisalhamento, etc. 6º) Melhora nas características de trabalhabilidade: Uma madeira seca apresenta melhores resultados de aplainamento, lixamento, furação, etc. 7º) Melhora nas propriedades de pega: Uma madeira úmida não permite uma boa aderência de produtos fabricados à base de cola ou colados. Exemplos: compensados, laminados, etc. 8º) Fixação de pregos e parafusos: Pregos ou parafusos cravados em madeira úmida tendem a afrouxar com a secagem da madeira, por isso este tipo de prática deve ser efetuado após a secagem da peça. Com isso, juntas cravadas em madeira verde podem perder até metade da sua resistência. 9º) Melhora nas propriedades de isolamento: Uma madeira seca conduz menos calor que uma úmida, além de aumentar sensivelmente suas propriedades de isolante elétrico e acústico. ( Densidade ou Massa Específica – ( (ro): A norma brasileira apresenta duas definições de densidade a serem utilizadas em estruturas de madeira: a densidade básica e a densidade aparente. ( Densidade básica da madeira: é definida como sendo a massa específica convencional obtida pela razão entre a massa seca (massa em kg da madeira seca em estufa a 103ºC, até a estabilização de sua massa) e o volume saturado (volume em m3 saturado da madeira submersa em água, até a estabilização de sua massa). (bas= ms/Vsat ( Densidade aparente da madeira: é definida como sendo a massa específica convencional obtida pela razão entre a massa e o volume de corpos-de-prova com teor de umidade padrão de referência de 12%. (ap= m12%/V12% ( Retratibilidade ou Deformação Específica– ( (épsilon): A retratibilidade da madeira é o fenômeno relacionado à variação dimensional da madeira, em função da troca de umidade do material com o meio que o envolve, até que seja atingida uma condição de equilíbrio, chamada de umidade de equilíbrio. A NBR 7190 considera as deformações específicas de retração ((r) ou de inchamento ((i) como índices de estabilidade dimensional e são determinadas, para cada uma das direções preferenciais, em função das respectivas dimensões lineares da madeira saturada (verde) e seca. A grande importância desse índice é que, quanto maior for o seu distanciamento da unidade, mais propensa é a madeira se fendilhar e empenar. Para as madeiras mais estáveis, os índices variam de 1,3 a 1,4, mas para madeiras provenientes de árvores jovens e de rápido crescimento, os índices podem chegar a 3, tornando-as extremamente instáveis dimensionalmente. Existe um critério de classificação quanto à esse índice: madeiras com fatores entre 1,2 a 1,5 são consideradas excelentes; fatores entre 1,5 a 2,0 são consideradas normais; e fatores acima de 2,0 são consideradas ruins. Existem diversas maneiras para se melhorar a estabilidade dimensional da madeira. Dentre os métodos mais simples, destaca-se a proteção das superfícies da madeira com a aplicação de ceras, vernizes, lacas, tintas, parafina e breu, entre outros produtos. Esses produtos devem ser utilizados somente quando a madeira se encontra com a umidade de utilização ou umidade de equilíbrio local, dificultando a absorção de umidade, tendendo minorar os problemas causados pela variação dimensional. Tais produtos atuam somente como protetores superficiais, atuando apenas como paliativo para proteger a madeira contra movimentação da umidade. ( Resistência ao Fogo: A resistência ao fogo é a capacidade medida em tempo para resistir à atuação do fogo plenamente desenvolvido, sem ocorrência do colapso da estrutura. A madeira tem um aspecto interessante em relação ao comportamento diante do fogo. Seu problema é a inflamabilidade. Tal como outros materiais combustíveis sólidos, a madeira decompõe-se em gases que alimentam as chamas. Estas por sua vez aquecem a madeira ainda não atingida e promovem a libertação de mais gases inflamáveis. Assim, uma peça de madeira exposta ao fogo torna-se um combustível para a propagação das chamas; porém, após alguns minutos, uma camada mais externa da madeira se carboniza tornando-se um isolante térmico, que retém o calor, auxiliando na contenção do incêndio, evitando que toda a peça seja destruída. A madeira quando submetida a altas temperaturas e quando exposta à chama, sendo bem dimensionada, apresenta resistência ao fogo superior à de outros materiais estruturais, ou seja, suportará a ação do fogo em alta temperatura durante um período de tempo maior, em comparação ao aço, por exemplo. Uma estrutura metálica, embora seja de reação não inflamável, perde a sua resistência mecânica rapidamente (cerca de 10 minutos) quando em presença de temperaturas elevadas. A figura ao lado mostra uma estrutura após um incêndio, apresentando os perfis metálicos retorcidos devido à perda de resistência sob alta temperatura, apoiados sobre uma viga de madeira que, apesar de carbonizada, ainda possui resistência. Esta propriedade física da madeira tem levado o corpo de bombeiros de muitos países a preferirem as construções com estruturas de madeira, devido o seu comportamento perfeitamente previsível quando da ação de um incêndio. As coníferas, por exemplo, queimam até 2 cm em 30 minutos e 3,5 cm em 60 minutos. Algumas normas preveem uma propagação do fogo, em madeiras do tipo coníferas, da ordem de 0,7 mm/min. É, portanto com base nas normas de comportamento da madeira ao fogo, já existentes em alguns países, que se pode prever, levando em consideração um maior ou menor risco de incêndio e a finalidade de ocupação da construção, uma espessura a mais nas dimensões da seção transversal da peça de madeira. Com isso, sabe-se que mesmo que a madeira venha a ser queimada em 2cm, por exemplo, o núcleo restante é suficiente para continuar resistindo mecanicamente o tempo que se quiser estimar. Madeira: Principais Propriedades Mecânicas As propriedades mecânicas definem o comportamento da madeira quando submetida a esforços de natureza mecânica (solicitações de compressão, tração, cisalhamento e flexão). Assim como nas propriedades físicas de retratibilidade e inchamento, as propriedades mecânicas também variam de acordo com as direções principais da madeira, ou seja, ela tem resistências com valores diferentes conforme variar a direção da solicitação em relação às fibras (paralela ou perpendicular) e também em função do tipo de solicitação. ( Compressão: A compressão são solicitações que provocam encurtamento do material. ( Compressão Axial ou Paralela às Fibras: As forças agem paralelamente ao comprimento das células e tem a tendência de encurtar as células da madeira ao longo do seu eixo longitudinal. Como exemplo de peças sujeitas a este esforço podem-se referir os pilares, os montantes e as pernas das tesouras. As células reagindo em conjunto conferem uma grande resistência da madeira à compressão nessa direção. ( Compressão Normal ou Perpendicular às Fibras: As forças comprimem as células da madeira perpendicularmente ao seu eixo longitudinal. Nessa direção,a madeira apresenta resistências menores, na ordem de ¼ dos valores de resistência à compressão paralela. Este esforço é característico nas zonas de apoio das vigas, onde se concentra toda a carga em pequenas superfícies que deveriam ser capazes de transmitir a reação sem sofrer deformações. ( Tração: A tração são solicitações que provocam alongamento do material. ( Tração Axial ou Paralela às Fibras: As forças agem paralelamente ao comprimento das células e tem a tendência de alongar as células da madeira ao longo do seu eixo longitudinal. Como exemplo de peças solicitadas a este esforço, podem-se referir a linha e o pendural das tesouras. Por ser um material fibroso, este é o tipo de esforço que melhor se distribui na madeira. Praticamente não ocorre ruptura por tração. Sua resistência é bastante elevada comparada à compressão, algo em torno de 2,5 vezes maior. ( Tração Normal ou Perpendicular às Fibras: As forças tendem a separar as células da madeira perpendicular aos seus eixos. Essa resistência é baixíssima (~ 30 a 70 vezes menor que na direção paralela às fibras). Isso deve-se à existência de poucas fibras na direção perpendicular ao eixo da árvore e à conseqüente falta de travamento das fibras longitudinais. Nesta situação, as fibras são afastadas, provocando o rasgamento do material e sua conseqüente destruição. Esta resistência deve ser muito analisada, sendo aconselhável não se utilizar peças de madeira sob este tipo de esforço. Esta questão é crítica no caso de peças curvas. ( Cisalhamento: O cisalhamento são solicitações que provocam o escorregamento em sentido contrário de duas partes de um material. ( Cisalhamento Perpendicular às Fibras: As forças tendem a deformar as células perpendicularmente ao eixo longitudinal. Normalmente não é considerada, pois outras falhas ocorrem antes. Assim, este tipo de solicitação não é crítico, pois, antes de romper por cisalhamento, a peça apresentará problemas de esmagamento por compressão normal. ( Cisalhamento Horizontal ou Paralelo às Fibras: As forças tendem a separar e escorregar as células da madeira longitudinalmente, sendo considerado o caso mais crítico. ( Flexão: A flexão são solicitações que provocam encurvamento do material. Na solicitação à flexão simples, ocorrem quatro tipos de esforços: compressão paralela às fibras, tração paralela às fibras, cisalhamento horizontal e, nas regiões dos apoios, compressão normal às fibras. Como exemplo de peças solicitadas a este esforço, pode-se referir as vigas, vigotas, terças e as pernas das tesouras. Este tipo de solicitação gera o aumento da área comprimida na seção e a redução da área tracionada, causando acréscimo de tensões nesta região, podendo romper por tração. ( Resistências A resistência da madeira é identificada pela letra “fw”, acompanhada de índices que identificam a solicitação à qual se aplica a propriedade. Em casos onde é evidente que o material ao qual se refere à resistência é a madeira, é dispensável o primeiro índice “w” (wood). O índice seguinte indica a solicitação: “c” (compressão), “t” (tração), “v” (cisalhamento), “M” (flexão) e “e” (embutimento ou pressão de apoio em ligações com conectores). Os índices após a vírgula indicam o ângulo entre a solicitação e as fibras: “0” (paralela), “90” (normal ou perpendicular) ou “(” (inclinada). Exemplo: A resistência “fwc,90” identifica a resistência da madeira à compressão perpendicular às fibras. Podem ainda ser usados índices para identificar se o valor de referência é médio (m) ou característico (k). Na falta da determinação experimental, para espécies usuais de madeiras, a NBR 7190 admite as seguintes relações para os valores característicos das resistências: ( Módulo de Elasticidade ou Módulo de Deformação Longitudinal (E): Elasticidade é o nome que se dá a capacidade de um determinado material sofrer a aplicação de uma carga, apresentar deformação proporcional a sua intensidade e retornar a sua forma original. A madeira é um material elástico: quando solicitada por carregamentos pequenos, se deforma, sem quebrar. Como qualquer outro material, aumentando-se os carregamentos, pode-se levar a madeira à ruína (ruptura). O Módulo de Elasticidade (E) da madeira mede sua resistência à deformação por flexão, isto é, diretamente relativa à rigidez de uma viga; e também fator de resistência de uma coluna comprida. São definidos diversos módulos de elasticidade em função do tipo e da direção da solicitação em relação às fibras; e é identificada pela letra “E” acompanhada dos índices que identificam a direção à qual se aplica a propriedade. O valor básico refere-se ao módulo de elasticidade longitudinal na compressão paralela às fibras (Ec,0). O Módulo de elasticidade longitudinal na flexão (EM) pode ser obtido através de ensaios específicos ou como parte do valor de Ec,0, dado pela relação: EM = 0,85 x Ec,0. (para as coníferas) EM = 0,90 x Ec,0. (para as dicotiledôneas) ( Variações da Resistência e da Elasticidade ou Módulo de Deformação Longitudinal (E): A umidade de referência, usada no dimensionamento, sempre será referida ao valor de umidade igual a 12%. Valores de resistência obtidos para peças em umidade diferentes de 12% deverão ser corrigidos pelas expressões: ( Resistência: ( Elasticidade: ( Classes de Resistência: As classes de resistência das madeiras, segundo a NBR 7190, têm por objetivo o emprego de madeiras com propriedades padronizadas, orientando a escolha do material para elaboração de projetos estruturais. A utilização de classes de resistência elimina a necessidade da especificação da espécie da madeira, pois em um projeto estrutural desenvolvido de acordo com essa norma bastará a verificação das propriedades de resistência de um lote de peças de madeira à classe de resistência especificada no projeto. Dessa maneira, a madeira passa a ser considerada por classes de resistência, onde cada classe representa um conjunto de espécies cujas características podem ser consideradas iguais dentro de cada classe. São definidos dois grupos básicos: o das Coníferas e o das Dicotiledôneas, cujos valores representativos são mostrados nas Tabelas seguintes: É importante salientar que a necessidade de especificar a espécie de madeira foi suprimida no que diz respeito à resistência mecânica. Entretanto, isto ainda é necessário quando se precisam empregar madeiras naturalmente resistentes ou permeáveis às soluções preservantes, em função da classe de risco de deterioração biológica a que a madeira estará exposta (item 10.7 da Norma). Outra situação que requer tal especificação é quando se precisa conhecer as características de trabalhabilidade e de decoratividade da madeira. � Tabela com os Valores Médios usuais de Resistência e Rigidez a 12% de Umidade de Algumas Madeiras Utilizadas em Estruturas de Telhado Fontes: (1) Site do IPT/SP - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de SP: (http://www.ipt.br/consultas_online/informacoes_sobre_madeira/busca) (2) Site do IPEF - Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais: (http://www.ipef.br/publicacoes/scientia/nr65/cap10.pdf) (3) NBR 7190/1997 – “Projeto de Estruturas de Madeira”: (Anexo E - Valores médios usuais de resistência e rigidez de algumas madeiras nativas e de florestamento) Nome científico (Espécie da Madeira) Nome comum Usos em Estrutura de Telhado Valores médios usuais de resistência e rigidez a 12% de Umidade ((ap) kgf/m3 (fc0) MPa (ft0) MPa (fv0) MPa (Ec0) MPa Anadenanthera cacrocarpa Angico-bravo Caibros, vigas 1050 94,7 123 26,2 25113 Andira spp Cafearana Ripas, caibros, vigas 677 59,1 84 10,2 14185 Apuleia leiocarpa Garapa Roraima Caibros, vigas 892 78,4 108,0 11,9 18359 Aspidospermadesmanthum Araracanga Caibros, vigas 800 67,9 88,2 12,7 18944 Astronium Muiracatiara Caibros, vigas, tesouras 970 82,4 107 23,9 19195 Bagassa guianensis Tatajuba Caibros, vigas, tesouras 940 79,5 78,8 12,2 19583 Bertholletia excelsa Castanheira Ripas 750 58,3 75,7 11,5 13948 Brosimum paraense Muirapiranga Caibros, vigas, tesouras 800 71,3 92,6 13,4 16236 Buchenavia huberi Tanibuca Ripas, caibros, vigas 948 91,2 118,5 18 21357 Calophyllum sp Jacareúba Ripas 804 51 68 16,4 13029 Caryocar glabrum Piquiarana Caibros, vigas 850 53,7 69,8 16,5 17982 Caryocar villosum Piquiá Caibros, vigas 930 94,2 122,4 22 20757 Cássia ferruginea Canafístula Ripas, caibros, vigas 871 52 85 18,5 14613 Cedrelinga catenaeformis Cedrorana Ripas 520 46,6 62 7,2 14274 Clarisia racemosa Oiticica amarela Ripas 756 69,9 82,5 10,6 14719 Copaifera spp Copaíba Ripas 695 54,5 71 14,6 14012 Cordia goeldiana Freijó Ripas 590 50,2 65,3 11,4 18255 Cordia trichotoma Louro-pardo Ripas 780 70,1 91 14,5 21962 Couratari spp Tauari Ripas 610 51 66,2 8,5 11768 Dinizia excelsa Angelim-vermelho Ripas, caibros, vigas 1170 76,7 104,9 11,3 16694 Diplotropis spp Sucupira Caibros, vigas, tesouras 1106 95,2 123,4 11,8 21724 Dipterys odorata Champagne Caibros, vigas 1090 93,2 133,5 10,7 23002 Endopleura uchi Uxi Caibros, vigas 930 81,5 105,9 20,3 21163 Enterolobium schomburgki Cambuí-sucupira Caibros, vigas, tesouras 790 55,9 72,6 17,9 17122 Erisma uncinatum Cedrinho Ripas 544 46 59,7 10,1 15045 Eucalyptus citriodora Eucalipto Citriodora Caibros, vigas 999 62 123,6 10,7 18421 Eucalyptus grandis Eucalipto Grandis Ripas 640 40,3 70,2 7,0 12813 (Continuação) Tabela com os Valores Médios usuais de Resistência e Rigidez a 12% de Umidade de Algumas Madeiras Utilizadas em Estruturas de Telhado Nome científico (Espécie da Madeira) Nome comum Usos em Estrutura de Telhado Valores médios usuais de resistência e rigidez a 12% de Umidade ((ap) kgf/m3 (fc0) MPa (ft0) MPa (fv0) MPa (Ec0) MPa Eucalyptus saligna Eucalipto Saligna Ripas, caibros, vigas 731 46,8 95,5 8,2 14933 Euxylophora paraensis Pau-amarelo Caibros, vigas, tesouras 810 69,4 90,1 17,8 15254 Goupia glabra Cupiúba Ripas, caibros, vigas 838 54,4 62,1 10,4 13627 Hymenaea spp Jatobá Caibros, vigas, tesouras 1074 93,3 157,5 15,7 23607 Hymenolobium petraeum Angelim-pedra Ripas, caibros, vigas 694 59,8 75,5 8,8 12912 Hymenolobium spp Angelim-ferro Ripas, caibros, vigas 1170 79,5 117,8 11,8 20827 Lecythis lurida Jarana Caibros, vigas 930 82,5 107,1 23 30127 Lecythis spp Sapucaia Ripas, caibros, vigas 880 58,4 75,9 16,6 15350 Licania spp Caraipé Caibros, vigas 1010 89,3 115,9 19,9 36800 Maclura tinctoria Amoreira Caibros, vigas 880 90 116,9 20,3 17612 Manilkara spp Maçaranduba Caibros, vigas, tesouras 1143 82,9 138,5 14,9 22733 Mezilaurus itauba Itaúba Caibros, vigas, tesouras 908 69 104 18,8 17443 Micropholis venulosa Curupixá Ripas 790 64,9 84,3 14,4 15472 Mimosa scabrella Bracatinga Ripas 670 52,8 68,5 19,5 22226 Myrocarpus sp Cabriúva-parda Ripas, caibros, vigas 910 70,3 91,4 20,4 19034 Myroxylon balsamum Cabriúva-vermelha Caibros, vigas 950 77,5 100,6 23,4 18301 Nectandra rubra Louro-vermelho Ripas 770 54 70,1 12,9 21729 Ocotea spp Imbuia Caibros, vigas 684 56,5 111,9 9,0 14185 Parapiptadenia rigida Angico-vermelho Caibros, vigas 850 58 75,3 20,5 14370 Paratecoma peroba Peroba-de-campos Ripas, caibros, vigas 730 58,9 76,4 15,3 14652 Peltogyne spp Pau-roxo Caibros, vigas, tesouras 890 91,7 119,1 21,3 26499 Peltophorum vogelianum Guarucaia Ripas, caibros, vigas 919 62,4 70,9 15,5 17212 Pinus elliottii Pinus-eliote Ripas 480 34,3 44,6 10,8 13883 Piptadenia macrocarpa Angico-preto Ripas, caibros, vigas 888 73 110 24,5 15375 Planchonella pachycarpa Goiabão Caibros, vigas 938 74 119 18,1 18717 Platonia insignis Bacuri Caibros, vigas 820 53,9 70 12,7 19315 Platymiscium ulei Macacaúba Caibros, vigas, tesouras 940 121 157,1 18,9 27282 Qualea spp Mandioqueira Ripas 856 71,4 89,1 10,6 18971 Ruizterania albiflora Canela-mandioca Ripas 650 61,6 80 15,1 22259 (Continuação) Tabela com os Valores Médios usuais de Resistência e Rigidez a 12% de Umidade de Algumas Madeiras Utilizadas em Estruturas de Telhado Nome científico (Espécie da Madeira) Nome comum Usos em Estrutura de Telhado Valores médios usuais de resistência e rigidez a 12% de Umidade ((ap) kgf/m3 (fc0) MPa (ft0) MPa (fv0) MPa (Ec0) MPa Sebastiania commersoniana Branquilho Caibros 810 49 88 16 13813 Tabebuia serratifolia Ipê Caibros, vigas 1068 76,0 96,8 13,1 18011 Tachigali myrmecophila Tachi Ripas 1050 88 111 20,9 19901 Vochysia spp Quaruba Ripas 801 56 120,2 8,2 16224 Votaireopsis araroba Angelim-araroba Ripas, caibros, vigas 688 50,5 69,2 7,1 12876 Votairea fusca Angelim-amargoso Ripas, caibros, vigas 772 60 75 16 15940 Votairea sp Angelim-saia Ripas, caibros, vigas 764 63 101 14,6 24081 _1357644562/ole-[42, 4D, BE, 92, 06, 00, 00, 00] _1357907359/ole-[42, 4D, 36, 65, 01, 00, 00, 00] _1357911512/ole-[42, 4D, 86, 85, 00, 00, 00, 00] _1357907581/ole-[42, 4D, C2, 05, 02, 00, 00, 00] _1357907321/ole-[42, 4D, F2, 67, 01, 00, 00, 00] _1357641400/ole-[42, 4D, 86, 9A, 08, 00, 00, 00] _1357643455/ole-[42, 4D, 96, 65, 0A, 00, 00, 00] _1357640452/ole-[42, 4D, B6, 73, 0B, 00, 00, 00]
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