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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL 
CURSO DE DIREITO – ULBRA GUAÍBA����� 
___________________________________________________________________________________
Direito Internacional
Professor Ms. Sérgio Roberto de Abreu 
Material de Estudo 2018/01
No âmbito do direito internacional, cada vez mais são debatidos temas ligados ao domínio público internacional, conjuntos de espaços cujo uso interessa a mais de um Estado ou à sociedade internacional como um todo. Nesse sentido, NÃO é tema de domínio público internacional: A floresta amazônica;
Ao realizar um cruzeiro turístico, uma embarcação de pavilhão do Estado A parou em área situada na zona econômica exclusiva do Estado B e lá permaneceu. Após dez dias, autoridades do Estado B apreendem a embarcação alegando que esta deveria ter informado que permaneceria parado naquela área, sendo a ausência de informação motivo para suspeitar de seu engajamento em atividade ilícita. Nesta situação hipotética, a atitude do Estado B violou: A liberdade de navegação e embarcação.
A medida a ser adotada contra migrante ou visitante, visando lhe acarretar impedimento de reingressar no território nacional por prazo a ser determinado pela autoridade competente, denomina-se: Expulsão.
Conforme previsão no direito brasileiro será passível de deportação o estrangeiro que: Entrar irregularmente no país e não se retirar voluntariamente do território nacional.
Considere que o Estado A tenha adentrado o espaço aéreo do estado B sem a sua autorização e que, após tratativas diplomáticas, ela tinha reconhecido que cometera uma violação ao direito do Estado B, tendo apresentado pedido de desculpas formal pelo ocorrido. Nesta situação, de acordo com o artigo da Comissão de DI da ONU sobre responsabilidade internacional do Estado, o reconhecimento da violação e o pedido de desculpas realizado pelo Estado A caracterizam a forma de reparação denominada: Satisfação.
Conforme a jurisprudência do STF, tratados dos direitos humanos anterior a emenda Constitucional nº 45/2003 possuem, no direito brasileiro, status hierárquicos: Supralegal.
O texto de Flávia Piovesan se refere ao processo de internacionalização dos direitos humanos no cenário global e sua reconstrução a partir do final da: Segunda Guerra Mundial;
A fim de que houvesse o fortalecimento dos direitos humanos, foi elaborado o documento em 1948, pela Organização das Nações Unidas, denominada: Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Regime de Nacionalidade, critérios e formas de aquisição:
Conceitos: O tema da nacionalidade tem sido, no correr dos anos, objeto de acirradas controvérsias, sendo interpretado de várias formas de acordo com o país e a cultura, pelo conteúdo político. A questão da nacionalidade tem implicações de âmbito universal, sempre repercutindo na articulação das leis. Devem ser considerados dois principais aspectos da palavra nacionalidade: o político e o jurídico. A nacionalidade expressa o laço entre o individuo e o Estado, não se podendo confundir “nação” e “Estado”. “Nação” deve ser entendida como conjunto de indivíduos que tem uma alma comum e desejam seguir uma sorte coletiva comum. Uma nacionalidade é um modo de estar ou de ser; nação é um estilo de vida coletiva. O princípio das nacionalidades sempre denota existir certa coincidência entre nação e Estado. Na compreensão de Estado, ser cidadão é ter direito à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade perante a lei; é ter direitos civis. É também participar no destino da sociedade, votar, ser votado e ter direitos políticos, entre outras prerrogativas. Os direitos civis e políticos asseguram a democracia; são aqueles que garantem a participação do indivíduo na riqueza coletiva: o direito à educação, ao trabalho justo, à saúde, a uma velhice tranquila. A nacionalidade é, pois, definida como o vínculo jurídico-político que liga o indivíduo ao Estado; é o elo entre a pessoa física e um determinado Estado.
Vínculo: Dessa forma, o vínculo da nacionalidade vem de um Estado, de um grupo de homens organizados. É uma espécie de associação, de corporação. O nacional é um membro da comunidade estatal. É membro do Estado. Sua filiação, sua participação é de pleno direito; seus deveres resultam de aptidão intrínseca de sua personalidade e sua sujeição. O nacional é membro natural da corporação estatal.
Tipificação: Os aspectos segundo os quais se pode obter a nacionalidade são por nascimento e por fatos posteriores. Por nascimento adquire-se em razão do jus sanguinis, em razão do jus soli, ou pela combinação dos dois critérios. Por fatos posteriores, pode-se mencionar a naturalização, a eleição (escolha do indivíduo por certa nacionalidade), o casamento ou outras circunstâncias válidas pelo legislador e, em algumas vezes, por anexação territorial. Já os modos de perda de nacionalidade, ocorrem por meio da renúncia, expressa ou tácita, da assunção de funções em outro Estado, da entrada em serviço de potência estrangeira, do casamento e até mesmo por condenação penal.
O entendimento no Brasil: São brasileiros natos aqueles nascidos no Brasil e os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que venham a residir no país e optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira. Também são brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira a serviço do governo brasileiro.
De outra forma, temos os brasileiros naturalizados, que são estrangeiros que adquirem a nacionalidade brasileira, devendo ser, quando pessoas originárias de países com língua portuguesa, residir no Brasil por um ano ininterrupto e terem idoneidade moral. Os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes no Brasil há mais de quinze anos ininterruptos também podem adquirir a nacionalidade brasileira.
Nacionalidade e direito internacional
O reconhecimento da nacionalidade em muitos países pode ser regido pela lei ou pelos costumes de um povo. As regras referentes à nacionalidade constituem direitos substanciais na maioria dos países. Assim, a aplicação das regras sobre a aquisição da nacionalidade leva muitas vezes a perda de outra nacionalidade, quando a pessoa opta por uma nacionalização, ou a aquisição da polipatria, resultando que as normas internas sobre a nacionalidade estabelecidas por um Estado podem repercutir em outro Estado, o país a da nacionalidade de origem.
Ademais, para se decidir em um Estado sobre a nacionalidade de pessoa que tem ligações com dois outros Estados, ambos considerando-a seu nacional, deve-se compreender qual das duas nacionalidades deve ser aceita. Essa decisão representa uma opção entre dois regimes jurídicos, e a norma que fundamenta essa decisão, seja de fonte interna, seja de fonte internacional, constituirá um direito sobre direito, uma regra indicando qual sistema jurídico sobre nacionalidade deve ser aplicada.
A aferição da nacionalidade é importante, pois distingue entre nacionais e estrangeiros, cujos direitos não são os mesmos. Nos países que adotam o critério da nacionalidade para reger o estatuto pessoal, a nacionalidade é pressuposto da maior importância e implica a proteção diplomática das pessoas, quando no exterior.Noção e importância da nacionalidade
A nacionalidade é definida como o vínculo jurídico-político que liga o indivíduo ao Estado, sendo, como já se afirmou, o elo entre a pessoa física e um determinado Estado.
A nacionalidade comporta dimensões. Uma delas refere-se à ligação do individuo com o Estado a que pertence. Contém uma série de obrigações do indivíduo para com o Estado, como lealdade, serviço militar, entre outros, com a contrapartida da proteção diplomática que o Estado estende ao individuo onde quer que se encontre. A outra dimensão é aquela que faz do nacional membro de uma comunidade da população que constitui o Estado; é a dimensão sociológica.
Nacionalidade e cidadania
É importante reiterar que a nacionalidade é distinta da cidadania. Este último termo é, às vezes, usado para denotar ostatus dos nacionais que têm todos os privilégios políticos. Como se pode observar mediante o estudo de livros-textos de Direito Internacional, a distinção é clara e aponta para o sentido de que a nacionalidade é o vínculo jurídico que liga o indivíduo ao Estado. Já a cidadania representa um conteúdo adicional, de caráter politico, que faculta à pessoa certos direitos políticos, como o de votar e ser eleito.
A nacionalidade pressupõe a cidadania, ou seja, para ser titular dos direitos políticos, há de ser nacional. O nacional pode perder ou ter seus direitos políticos suspensos, deixando de ser cidadão. Ser cidadão é ter direito à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade perante a lei; é ter direitos civis.
Por outro lado, a nacionalidade acentua o aspecto internacional, ao distinguir entre nacionais e estrangeiros, enquanto que a cidadania valoriza o aspecto nacional.
Aquisição de nacionalidade
Há momentos diversos e diferentes formas de se adquirir determinada nacionalidade. A nacionalidade originária é adquirida no momento do nascimento; e a nacionalidade derivada, ou secundária, é adquirida mais tarde.
É importante também reafirmar que a nacionalidade originária se materializa por meio de dois critérios que incidem no momento do nascimento: o ius soli, que caracteriza a aquisição de nacionalidade do país onde se nasce, e o ius sanguinis, que é a aquisição da nacionalidade dos pais à época do nascimento. Ocorre também a hipótese do ius sanguinis combinado com elementos funcionais, quando se trata de filho de pessoas a serviço do país no exterior, e do ius sanguinis combinado com residência no país e opção pela nacionalidade dos pais. Ambas as combinações são previstas na legislação constitucional brasileira.
A nacionalidade derivada ou secundária ocorre por via da naturalização voluntária ou também imposta em certos países, por meio do casamento, o ius domicilii e o ius laboris, que tem especial destaque na aquisição derivada da nacionalidade.
O Ius Sanguinis provém da antiguidade. É o sistema pelo qual os filhos adquirem a nacionalidade de seus pais. Neste sistema o filho adquire a nacionalidade que os pais tinham a época de seu nascimento. O filho tomará a nacionalidade do pai, tomando a nacionalidade da mãe em caso de ser filho natural ou de ser desconhecido o pai. Ignorados ambos os pais, o filho terá sua nacionalidade fixada pelo critério do ius soli.
Tem-se sugerido substituir a denominação ius sanguinis pela de critério da filiação, uma vez que não é o sangue, mas a nacionalidade dos pais que fixa a nacionalidade do filho.
Ius soli: neste sistema a nacionalidade originária se estabelece pelo lugar do nascimento, independentemente da nacionalidade dos pais.
Ius domicilii: trata-se de um entendimento no sentido de que o domicílio deve servir como critério para a aquisição de nacionalidade, a favor de quem se encontre domiciliado em um determinado país. Serve como um dos elementos como componentes da aquisição da nacionalidade. No plano internacional, o domícilio serve para solucionar certos conflitos de nacionalidade. A convenção sobre nacionalidade da Haia, de 1930, afirma que o indivíduo que possui várias nacionalidades terá reconhecida a nacionalidade do país no qual tenha sua residência habitual e principal.
Uis laboris: há legislações que admitem o serviço em prol do Estado como elemento favorecedor e facilitador para a consecução da naturalização, dessa forma sendo o indivíduo nacional devido ao local de trabalho.
Conclusão
Em vista do que foi apresentado, é imprescindível que todos se conscientizem de que a nacionalidade abrange um aspecto que rompe fronteiras, não se prendendo apenas a uns poucos conceitos, mas sim em algo mais importante, mais global, aproximando os povos. Dessa forma, têm-se costumes mais abrangentes que modificam as diversas leis, com costumes novos criando leis novas. Essas leis garantem direitos, sejam eles jurídicos ou políticos. Assim, sobre a aplicação das regras sobre a nacionalidade, ou a aquisição dela, resulta-se que as normas internas e estabelecidas por um Estado podem repercutir em outro Estado. Podendo representar uma opção entre dois regimes jurídicos e a norma que fundamenta essa decisão, seja de fonte interna, seja de fonte internacional, a nacionalidade constituirá um direito sobre direito tornando o nacional um ser global.
Poderemos então expandir os termos Ius Solis e Ius Sanguinis. Este último termo é, às vezes, usado para denotar o status dos nacionais que têm todos os privilégios políticos. Podemos assim compreender que ser nacional, que ser cidadão, é ter direito à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade perante a lei; é ter direitos civis. É também participar no destino da sociedade, votar, ser votado, ter direitos políticos. Os direitos civis e políticos são assegurados por um Estado democrático de direito.
	Instituto da Extradição:
A extradição consiste em uma espécie de afastamento compulsório de estrangeiros (aqueles que não são brasileiros) do nosso país. Além da extradição há a expulsão e a deportação, importante não haver confusão entre os mesmos.
Antes, imprescindível frisar que não há mais afastamento compulsório de nacionais (conhecido como banimento), como ocorria em sistemas autoritários, caso do governo de Hitler ou na hipótese da ditadura militar brasileira. O banimento, não mais aceito no Brasil e na maioria dos países, está ausente nas legislações modernas.
Outro instituto abominável é o desterro, consistente no confinamento de nacional em determinado lugar do próprio país. O último caso registrado no Brasil foi do ex-presidente Jânio Quadros, desterrado em 1968 para o estado de Mato Grosso do Sul.
Antes de diferenciar extradição de expulsão e de deportação, mister informar sobre um instituto recentíssimo, o da entrega. A entrega é um mecanismo por meio do qual o Estado, que ratificou o Tratado de Roma de 1998 (que criou o Tribunal Penal Internacional – TPI), coloca à disposição do TPI uma pessoa acusada de praticar crime de genocídio, crime de guerra, crime contra a humanidade e crimes de agressão. Entende-se modernamente que o Estado signatário do Tratado de Roma deve entregar inclusive seus nacionais para serem julgados pelo TPI.
Retomando a diferença entre extradição, deportação e expulsão. Resumidamente, expulsão é o ato pelo qual o estrangeiro, com entrada ou permanência regular no Brasil, é obrigado a abandonar o país. Isso ocorre quando ele atentar contra a segurança nacional, a ordem pública ou social, a tranqüilidade ou a moralidade pública e a economia popular. No momento em que o estrangeiro procede de forma nociva à convivência e aos interesses nacionais pode ser expulso, esse ato de expulsão é uma medida administrativa e não uma pena. Trata-se de ato discricionário de atribuição do Presidente da República mediante Decreto. Na verdade, é resultado do exercício da soberania.
No entanto, não haverá expulsão, segundo o art. 75 da Lei nº 6.815/80, se o ato implicar extradição inadmitida pela lei brasileira (caso de crime político), ou quando ele tiver cônjuge brasileiro ou filho brasileiro que dependa de sua economia. Mas quando consumada a expulsão, o expulso não poderá retornar ao Brasil, salvo se o ato que determinou a expulsão for revogado. Eventual ingresso do expulso fora dessa situação excepcional poderá tipificar crime do art. 338 do Código Penal: “Reingressar no território nacional o estrangeiro que dele foi expulso: Pena – reclusão de um a quatro anos, sem prejuízo de nova expulsão após o cumprimento da pena.”
Eis o instituto da expulsão. E o que vem a ser deportação? Vejamos.
Deportação é conceituada como o processo de devolução de estrangeiro com permanência irregular no Brasil ou que incorra nos casos do art. 57 do Estatuto do Estrangeiro (ex.: aquele que, com visto de trânsito ou de turista, ou temporário como estudante, exercer atividade remunerada no Brasil). O estrangeiro está obrigado a retornar compulsoriamente parao seu Estado ou para aquele de onde proveio. Se o não-brasileiro está com visto de permanência vencido ou se entra no país sem visto válido, deverá ser deportado e não expulso, muito menos extraditado.
A deportação é antecedida de notificação para que o estrangeiro abandone o Brasil no prazo estabelecido pela legislação. Entretanto, a critério do Departamento de Polícia Federal, com fulcro na conveniência e nos interesses nacionais, a deportação poderá ocorrer sem a observância deste prazo. Comumente, o estrangeiro tem o prazo de 8 dias para sair do Brasil. Nessa linha, cabe citar a chamada deportação de fato, que ocorre na fronteira, quando o estrangeiro tenta ingressar no território nacional irregularmente e é imediatamente repelido, como ocorre constantemente na fronteira do México com os Estados Unidos.
Enquanto a expulsão decorre de ato discricionário do Presidente da República, a deportação é de iniciativa da Polícia Federal, devendo ser lavrado o termo respectivo. Eventual habeas corpus contra o ato de deportação em favor do deportando deverá ser impetrado perante a Justiça Federal de primeiro grau.
Diferentemente da expulsão, é permitido o reingresso do estrangeiro deportado, condicionado ao pagamento de despesas e multas decorrentes de sua deportação e desde que preencha os requisitos para sua entrada regular no Brasil.
Pois bem, eis o momento de ingressar no estudo dos pontos sobre extradição que palpitam nos concursos públicos e no ambiente acadêmico. Embora de estudo constante, suas peculiaridades até hoje intrigam e provocam debates, embasando as mais diversas problemáticas dissertativas.
Extradição é um típico instrumento de cooperação entre os países com o fim de combater o crime. É o ato pelo qual um Estado autoriza a liberação de um indivíduo que praticou um crime para ser julgado em outro país. Difere da entrega prevista no Tratado de Roma, porque esta pode ser aplicada a brasileiro e é direcionada ao TPI, já aquela é direcionada a um Estado e não inclui os brasileiros. A extradição destina-se a viabilizar o julgamento de autores de ilícitos penais, não sendo, em tese, admitida para processos de natureza puramente administrativa, civil ou fiscal.
A extradição pode ser classificada em ativa (em relação ao Estado que requer a extradição) ou passiva (em relação ao Estado requerido). Também pode ser instrutória (quando o Estado solicita a extradição para julgamento de um indivíduo) ou executória (quando já condenado, para o cumprimento de pena).
A extradição é uma forma de afastar compulsoriamente um estrangeiro do Brasil, desde que haja pedido de outro país. Quase todos os Estados negam a extradição de seus nacionais, inclusive o Brasil. Há algumas exceções, como o Reino Unido e os Estados Unidos.
Almejando facilitar ainda mais a compreensão, elaboraram-se algumas perguntas básicas.
Quais são os requisitos para que ocorra a extradição? 1) especialidade: a extradição deve ser para uma finalidade específica, ou seja, para julgamento ou cumprimento de pena em decorrência da prática de um delito; 2) identidade ou dupla incriminação: a conduta ilícita praticada pelo extraditando deve ser considerada crime nos dois países envolvidos na extradição; e 3) A extradição depende da existência de tratado entre o país solicitante e o país solicitado, ou, na falta de um tratado específico, de promessa de reciprocidade (por esta razão que a extradição é considerada um ato bilateral).
Quais os limites da extradição? 1) Os delitos militares (deserção, insubordinação, abandono de posto) e os delitos de opinião ou políticos não ensejam a extradição; 2) a extradição é medida grave, por isso somente deve ser extraditado um indivíduo por causa da prática de crime grave (ex.: terrorismo, homicídio, etc), o qual não tem conceito em lei, por isso deve constar nos tratados quais são os crimes passíveis de extradição (ex.: contravenção penal não pode gerar extradição); e 3) Caso o Estado solicitante não se comprometa a comutar em pena máxima privativa de liberdade de 30 anos, o Brasil não concede extradição quando o extraditando pode ser punido com pena de morte ou prisão perpétua no país requerente. Não podemos esquecer da decisão na Extradição 855 de 2005, que será citada abaixo.
Tudo o que até aqui foi escrito sobre extradição encontra guarida na Constituição Federal de 1988, mais especificamente no art. 5º, incs. LI e LII. Esses dispositivos legais nos passam as seguintes mensagens:
1 – regra: brasileiro não pode ser extraditado;
2 – o brasileiro nato nunca será extraditado;
3 – exceção: o brasileiro naturalizado poderá ser extraditado em duas hipóteses: quando praticar crime comum antes da naturalização e quando estiver envolvido em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins; e
4 – o estrangeiro pode ser extraditado, salvo quando for acusado pela prática de crime político ou de opinião.
Prosseguindo nos breves questionamentos. Como é o procedimento de extradição passivo, ou seja, quando o Brasil recebe um pedido de extradição de um Estado solicitante? O pedido é recebido pelo Ministério das Relações Exteriores, que o remete ao Ministério da Justiça, que, após, enviará o mesmo para decisão do Supremo Tribunal Federal, com a decisão deste, remete-se o caso ao Presidente da República (há três fases: uma administrativa, uma judicial e outra administrativa). O extraditando tem direito a um advogado, uma defesa técnica, só que a defesa do extraditando nesse tipo de processo somente poderá versar sobre a identidade da pessoa, defeito de forma dos documentos ou ilegalidade da extradição.
Quem julga o pedido de extradição? O processo de extradição é de competência do Supremo Tribunal Federal, que analisa a procedência e a legalidade do pedido, não cabendo recurso de sua decisão. A Constituição Federal assinala que cabe ao STF “processar e julgar, originariamente, a extradição solicitada por Estado estrangeiro” (art. 102, I, g).
Como estamos vivenciando a fase do Direito Sumular, em que o Supremo Tribunal Federal vem apresentando um ativismo judicial sem precedentes, o que calha por influir nos certames públicos e nos livros de doutrina, não poderíamos deixar de citar alguns relevantes entendimentos da Suprema Corte, quais sejam:
1 – O STF entende que não “impede a extradição a circunstância de ser o extraditando casado com brasileira ou ter filho brasileiro.” (SUM. 421);
2 – O fato de o extraditando possuir domicílio no Brasil, não é causa impeditiva da extradição (Lei nº 6.815/80, art. 77) (Ext. 766, Rel. Min. Nelson Jobim, DJ 10/08/00);
3 – E mais, “O Supremo Tribunal Federal não deve autorizar a extradição, se se demonstrar que o ordenamento jurídico do Estado estrangeiro que a requer não se revela capaz de assegurar, aos réus, em juízo criminal, os direitos básicos que resultam do postulado do due process of law (RTJ 134/56-58 – RTJ 177/485-488), notadamente as prerrogativas inerentes à garantia da ampla defesa, à garantia do contraditório, à igualdade entre as partes perante o juiz natural e à garantia de imparcialidade do magistrado processante. Demonstração, no caso, de que o regime político que informa as instituições do Estado requerente reveste-se de caráter democrático, assegurador das liberdades públicas fundamentais.” (Ext 897, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 18/02/05);
4 – “Extradição: lei ou tratado: aplicabilidade imediata. As normas extradicionais, legais ou convencionais, não constituem lei penal, não incidindo, em conseqüência, a vedação constitucional de aplicação a fato anterior da legislação penal menos favorável.” (Ext 864, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 29/08/03);
5 – “(…) A extradição somente será deferida pelo Supremo Tribunal Federal, tratando-se de fatos delituosos puníveis com prisão perpétua, se o Estado requerente assumir, formalmente, quanto a ela, perante o Governo brasileiro, o compromisso de comutá-la em pena não superior à duração máxima admitida na lei penal do Brasil (CP, art. 75), eis que os pedidos extradicionais— considerado o que dispõe o art. 5º, XLVII, b da Constituição da República, que veda as sanções penais de caráter perpétuo — estão necessariamente sujeitos à autoridade hierárquico-normativa da Lei Fundamental brasileira. Doutrina. Novo entendimento derivado da revisão, pelo Supremo Tribunal Federal, de sua jurisprudência em tema de extradição passiva.” (Ext 855, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 01/07/05);
6 – “A extradição não será concedida, se, pelo mesmo fato em que se fundar o pedido extradicional, o súdito reclamado estiver sendo submetido a procedimento penal no Brasil, ou já houver sido condenado ou absolvido pelas autoridades judiciárias brasileiras. Ninguém pode expor-se, em tema de liberdade individual, à situação de duplo risco. Essa é a razão pela qual a existência de situação configuradora de double jeopardy atua como insuperável causa obstativa do atendimento do pedido extradicional. Trata-se de garantia que tem por objetivo conferir efetividade ao postulado que veda o bis in idem.” (Ext. 688, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 22/08/97);
7 – “Extradição. Impossibilidade da renúncia ao benefício da lei. A concordância do extraditando em retornar ao seu país não dispensa o controle da legalidade do pedido pelo STF.” (Ext. 643, Rel. Min. Francisco Rezek, DJ 10/08/95); e
8 – “Não há incompatibilidade absoluta entre o instituto do asilo político e o da extradição passiva, na exata medida em que o Supremo Tribunal Federal não está vinculado ao juízo formulado pelo poder executivo na concessão administrativa daquele benefício regido pelo direito das gentes. Disso decorre que a condição jurídica de asilado político não suprime, só por si, a possibilidade de o Estado brasileiro conceder, presentes e satisfeitas as condições constitucionais e legais que a autorizam, a extradição que lhe haja sido requerida. O estrangeiro asilado no Brasil só não será passível de extradição quando o fato ensejador do pedido assumir a qualificação de crime político ou de opinião ou as circunstâncias subjacentes à ação do Estado requerente demonstrarem a configuração de inaceitável extradição política disfarçada.” (Ext 524, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 08/03/91).
9 – Caso Battisti – eis um dos mais emblemáticos casos de extradição concedida pelo STF, como não é objeto de estudo exclusivo deste artigo, apenas será citada a decisão da Corte. Deve-se ler a Extradição 1085, em que foi decido pela extradição do ativista político Cesare Battisti, conforme notícia do site do STF de 18 de novembro de 2009: “Depois de autorizar, por cinco votos a quatro, a Extradição (Ext 1085) de Cesare Battisti para a Itália, em um julgamento que durou três dias de longos debates, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, no início da noite desta quarta-feira (18), que a última palavra sobre a entrega ou não do italiano cabe ao presidente da República. Ao proferir o último voto sobre o mérito do pedido do governo italiano, no início da tarde, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, manifestou seu posicionamento a favor da extradição do ativista Cesare Battisti ao governo italiano, considerando que os crimes imputados ao italiano não tiveram conotação política, e não foram alcançados pela prescrição. Com isso, a Corte autorizou, por cinco votos a quatro, a extradição do italiano. Ficaram vencidos os ministros Cármen Lúcia, Joaquim Barbosa, Eros Grau e Marco Aurélio.”
No momento, era o que tínhamos para considerar sobre o instituto da extradição e correlatos. Espera-se que essa compilação de decisões e apontamentos doutrinários clarifiquem pontos cruciais sobre o estudo da extradição.
	Elabore um comentário sobre o Direito Internacional dos Direitos Humanos, sua formação, Carta Internacional dos DH, objetos, princípios e etc.
“Os direitos humanos são direitos inerentes a todos os seres humanos, independentemente de raça, sexo, nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra condição”.
Os direitos humanos incluem o direito à vida e à liberdade, à liberdade de opinião e de expressão, o direito ao trabalho e à educação, entre e muitos outros. Todos merecem estes direitos, sem discriminação.
O Direito Internacional dos Direitos Humanos estabelece as obrigações dos governos de agirem de determinadas maneiras ou de se absterem de certos atos, a fim de promover e proteger os direitos humanos e as liberdades de grupos ou indivíduos.
Desde o estabelecimento das Nações Unidas, em 1945 – em meio ao forte lembrete sobre os horrores da Segunda Guerra Mundial –, um de seus objetivos fundamentais tem sido promover e encorajar o respeito aos direitos humanos para todos, conforme estipulado na Carta das Nações Unidas:
“Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta da ONU, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor do ser humano e na igualdade de direitos entre homens e mulheres, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla, … a Assembleia Geral proclama a presente Declaração Universal dos Diretos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações…”
Preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948
Contexto e definição dos direitos humanos
Os direitos humanos são comumente compreendidos como aqueles direitos inerentes ao ser humano. O conceito de Direitos Humanos reconhece que cada ser humano pode desfrutar de seus direitos humanos sem distinção de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outro tipo, origem social ou nacional ou condição de nascimento ou riqueza.
Os direitos humanos são garantidos legalmente pela lei de direitos humanos, protegendo indivíduos e grupos contra ações que interferem nas liberdades fundamentais e na dignidade humana.
Estão expressos em tratados, no direito internacional consuetudinário, conjuntos de princípios e outras modalidades do Direito. A legislação de direitos humanos obriga os Estados a agir de uma determinada maneira e proíbe os Estados de se envolverem em atividades específicas. No entanto, a legislação não estabelece os direitos humanos. Os direitos humanos são direitos inerentes a cada pessoa simplesmente por ela ser um humano.
Tratados e outras modalidades do Direito costumam servir para proteger formalmente os direitos de indivíduos ou grupos contra ações ou abandono dos governos, que interferem no desfrute de seus direitos humanos.
Algumas das características mais importantes dos direitos humanos são:
Os direitos humanos são fundados sobre o respeito pela dignidade e o valor de cada pessoa;
Os direitos humanos são universais, o que quer dizer que são aplicados de forma igual e sem discriminação a todas as pessoas;
Os direitos humanos são inalienáveis, e ninguém pode ser privado de seus direitos humanos; eles podem ser limitados em situações específicas. Por exemplo, o direito à liberdade pode ser restringido se uma pessoa é considerada culpada de um crime diante de um tribunal e com o devido processo legal;
Os direitos humanos são indivisíveis, inter-relacionados e interdependentes, já que é insuficiente respeitar alguns direitos humanos e outros não. Na prática, a violação de um direito vai afetar o respeito por muitos outros;
Todos os direitos humanos devem, portanto, ser vistos como de igual importância, sendo igualmente essencial respeitar a dignidade e o valor de cada pessoa.
(Na imagem de capa dessa página, a sala principal do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra. Crédito: ONU/Jean-Marc Ferré)
Normas internacionais de direitos humanos
A expressão formal dos direitos humanos inerentes se dá através das normas internacionais de direitos humanos. Uma série de tratados internacionais dos direitos humanos e outros instrumentos surgiram a partir de 1945, conferindo uma forma legal aos direitos humanos inerentes.
A criação das Nações Unidas viabilizou um fórum ideal para o desenvolvimento e a adoção dos instrumentos internacionaisde direitos humanos. Outros instrumentos foram adotados a nível regional, refletindo as preocupações sobre os direitos humanos particulares a cada região.
A maioria dos países também adotou constituições e outras leis que protegem formalmente os direitos humanos básicos. Muitas vezes, a linguagem utilizada pelos Estados vem dos instrumentos internacionais de direitos humanos.
As normas internacionais de direitos humanos consistem, principalmente, de tratados e costumes, bem como declarações, diretrizes e princípios, entre outros.
Tratados
Um tratado é um acordo entre os Estados, que se comprometem com regras específicas. Tratados internacionais têm diferentes designações, como pactos, cartas, protocolos, convenções e acordos. Um tratado é legalmente vinculativo para os Estados que tenham consentido em se comprometer com as disposições do tratado – em outras palavras, que são parte do tratado.
Um Estado pode fazer parte de um tratado através de uma ratificação, adesão ou sucessão.
A ratificação é a expressão formal do consentimento de um Estado em se comprometer com um tratado. Somente um Estado que tenha assinado o tratado anteriormente – durante o período no qual o tratado esteve aberto a assinaturas – pode ratificá-lo.
A ratificação consiste de dois atos processuais: a nível interno, requer a aprovação pelo órgão constitucional apropriado – como o Parlamento, por exemplo. A nível internacional, de acordo com as disposições do tratado em questão, o instrumento de ratificação deve ser formalmente transmitido ao depositário, que pode ser um Estado ou uma organização internacional como a ONU.
A adesão implica o consentimento de um Estado que não tenha assinado anteriormente o instrumento. Estados ratificam tratados antes e depois de este ter entrado em vigor. O mesmo se aplica à adesão.
Um Estado também pode fazer parte de um tratado por sucessão, que acontece em virtude de uma disposição específica do tratado ou de uma declaração. A maior parte dos tratados não são auto-executáveis. Em alguns Estados tratados são superiores à legislação interna, enquanto em outros Estados tratados recebem status constitucional e em outros apenas certas disposições de um tratado são incorporadas à legislação interna.
Um Estado pode, ao ratificar um tratado, formular reservas a ele, indicando que, embora consinta em se comprometer com a maior parte das disposições, não concorda com se comprometer com certas disposições. No entanto, uma reserva não pode derrotar o objeto e o propósito do tratado.
Além disso, mesmo que um Estado não faça parte de um tratado ou não tenha formulado reservas, o Estado pode ainda estar comprometido com as disposições do tratado que se tornaram direito internacional consuetudinário ou constituem normas imperativas do direito internacional, como a proibição da tortura. Todos os tratados das Nações Unidas estão reunidos em treaties.un.org.
Costume
O direito internacional consuetudinário – ou simplesmente “costume” – é o termo usado para descrever uma prática geral e consistente seguida por Estados, decorrente de um sentimento de obrigação legal.
Assim, por exemplo, enquanto a Declaração Universal dos Direitos Humanos não é, em si, um tratado vinculativo, algumas de suas disposições têm o caráter de direito internacional consuetudinário.
Declarações, resoluções etc. adotadas pelos órgãos das Nações Unidas
Normas gerais do direito internacional – princípios e práticas com os quais a maior parte dos Estados concordaria – constam, muitas vezes, em declarações, proclamações, regras, diretrizes, recomendações e princípios.
Apesar de não ter nenhum feito legal sobre os Estados, elas representam um consenso amplo por parte da comunidade internacional e, portanto, têm uma força moral forte e inegável em termos na prática dos Estados, em relação a sua conduta das relações internacionais.
O valor de tais instrumentos está no reconhecimento e na aceitação por um grande número de Estados e, mesmo sem o efeito vinculativo legal, podem ser vistos como uma declaração de princípios amplamente aceitos pela comunidade internacional.
A Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, por exemplo, recebeu o apoio dos Estados Unidos em 2010, o último dos quatro Estados-membros da ONU que se opuseram a ela.
Ao adotar a Declaração, os Estados se comprometeram a reconhecer os direitos dos povos indígenas sob a lei internacional, com o direito de serem respeitados como povos distintos e o direito de determinar seu próprio desenvolvimento de acordo com sua cultura, prioridades e leis consuetudinárias (costumes)

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