Grátis
336 pág.

Denunciar
Pré-visualização | Página 3 de 50
pelo senso comum como “bonitas”, e que podem ser co- locadas nas paredes como simples objetos decorativos, está muito en- ganado. Leia o quadro a seguir e analise o que Cristina Costa escre- veu sobre isto: z 14 Introdução Ensino Médio “Muitos falam em arte referindo-se às obras consagradas que estão em museus, às músicas eruditas apresentadas em grandes espetáculos ou ainda aos monumentos existentes no mundo. Alguns consideram arte ape- nas o que é feito por artistas consagrados, enquanto outros julgam ser arte também as manifestações de cultura popular, como os romances de cor- del, tão comuns no Nordeste do Brasil. Para muitos, as manifestações de cultura de massa, como o cinema e a fotografia, não são arte, ao passo que outros já admitem o valor artístico dessas produções, ou pelo menos de parte delas. Não são poucos os que, mesmo diante das obras expos- tas em eventos artísticos famosos, sentem-se confusos a respeito do que vêem”. (COSTA, 1999, p. 07) Então, após ter refletido sobre a citação acima, a qual conclusão vo- cê chegou? Uma obra de arte, para ter qualidade, tem que ser necessa- riamente bonita? Por quê? Além do termo Bienal, e retomando outros da música de Zeca Ba- leiro, você sabia que “Barrococó” é nada mais, nada menos do que a junção do nome de dois movimentos e períodos da História da arte de- nominados: Barroco e Rococó? Talvez você já tenha ouvido algo semelhante a isto: “A grade da ja- nela de minha casa é cheia de rococós”. O que são estes “rococós”? De onde vêm estes termos? A arte está presente no nosso dia-a-dia, faz parte de nossa vida e às vezes nem a percebemos. Por quê? As aulas de arte possibilitariam uma melhor compreensão dessas e de outras questões? Afinal o que é arte? A arte, como veremos a seguir, tem sido definida de diferentes for- mas, sendo que nenhuma delas chegou a esgotar o seu conteúdo ou significado. Arte, para JANSON (1993, pg. 11), é, em primeiro lugar, uma palavra que pode significar tanto o conceito de arte como a existência do ob- jeto arte. Para KOSIK (2002) a arte é parte integrante da realidade social, é ele- mento de estrutura de tal sociedade e expressão da prática social e es- piritual do homem. Já para MERLEAU-PONTY (1980), a arte não é tradução do mundo, mas a instalação de um mundo. “A expressão não pode ser então a tra- dução de um pensamento já claro, pois que os pensamentos claros são os que já foram ditos em nós ou pelos outros”. z 15Arte: Quem tem uma explicação? Arte Alguns artistas também tentaram definir um conceito para a arte, conheça alguns: “Será Arte tudo o que eu disser que é Arte” (Marcel Duchamp). “A Arte é uma mentira que nos permite dizer a verdade” (Pablo Picasso). “A Arte não reproduz o visível, torna visível” (Paul Klee). “A Arte não tem nada a ver com o gosto, não há nada que o prove” (Marx Ernst). “A beleza perece na vida, porém na Arte é imortal” (Leonardo Da Vinci). “A fantasia, isolada da razão, só produz monstros impossíveis. Unida a ela, ao contrário, é a mãe da Arte e fonte de seus desejos” (Francisco de Goya). “Enquanto a ciência tranqüiliza, a Arte perturba” (George Braque). “Se eu pinto meu cachorro exatamente como é, naturalmente terei dois cachorros, mas não uma obra de arte” (Johann Wolfgang Von Goethe). A partir de tantas reflexões sobre o que é arte, surge a necessida- de de se compreender, o período, os movimentos e o contexto em que estavam alguns desses autores para compreendermos o real sen- tido das suas definições para a Arte. Porém, nosso objetivo é chamar sua atenção para o seguinte fato: há muito tempo se discute o sentido da arte, sem que se chegue, porém, a um único significado, cabível a qualquer cultura em qualquer época. E você, como definiria arte? Por que estudar arte? Além de situar historicamente a produção artística, compreenden- do-a no contexto em que está inserida, é preciso destacar as razões que nos levam a estudá-la. “Habitamos um mundo que vem trocando sua paisagem natural por um cenário criado pelo homem, pelo qual circulam pessoas, produtos, informa- ções e principalmente imagens. Se temos que conviver diariamente com essa produção infinita, melhor será aprendermos a avaliar esta paisagem, sua função, sua forma e seu conteúdo, o que exige o uso de nossa sensi- bilidade estética. Só assim poderemos deixar de ser observadores passi- vos para nos tornarmos espectadores críticos, participantes e exigentes.” (COSTA, 1999, p. 09) Pela arte, então, o ser humano torna-se consciente da sua existên- cia individual e social, ele se percebe e se interroga, sendo levado a in- terpretar o mundo e a si mesmo. E nas aulas de Arte, como estas questões serão abordadas e desen- volvidas? z 16 Introdução Ensino Médio Na disciplina de Arte, trabalharemos com: Os conhecimentos que foram historicamente construídos, bem como o conhecimento que trazemos conosco, sendo este um momento em que a racionalidade opera de forma mais intensa. Percepção e apropriação, isto é, a familiarização com as diversas for- mas de produção artística. O trabalho artístico, o fazer, que é o momento do exercício da imagi- nação e criação, sendo este o instante no qual a sensibilidade ope- ra de forma mais intensa. O acesso que temos à arte e ao seu conhecimento possibilita tor- narmo-nos mais críticos e conscientes em relação ao mundo, pois pas- samos a compreendê-la e a percebê-la, não só como parte da realida- de humano-social, mas como algo que transcende essa realidade. A arte não implica em dom inato, como muitos pensam, mas pres- supõe o contato do ser humano com seu meio, com a experiência e o conhecimento que ele é capaz de adquirir por meio de suas próprias experiências e/ou cientificamente. “A arte não vive num puro terreno da afetividade imediata. Ela re- quer, para o criador como para o consumidor, a posse de um certo nú- mero de ferramentas intelectuais e técnicas que nenhuma espontanei- dade permite dispensar.” (PORCHER, 1982, p. 22) Para isso, nas aulas de Arte você perceberá que teoria e prática ca- minharão juntas, pois o objetivo de seu estudo não se restringe ao do- mínio dos fazeres artísticos, mas também da compreensão dos con- teúdos necessários à sua apreciação e expressão, isto é “(...) a Arte envolve um processo racional pois, embora normalmente as pessoas não pensem desta forma, a razão é necessária à emoção artística.” (POR- CHER, 1982, p. 22) Isso significa que precisamos conhecer para analisar e apreciar a Arte, superando uma visão restrita ao gosto pessoal. Cabe então, des- tacar os conteúdos estruturantes que serão estudados nestes três últi- mos anos da educação básica. São eles: Elementos Formais (linha, cor, timbre, altura, duração, ação, persona- gem, movimento corporal...). Composição (figurativa, tridimensional, harmonia, enredo, coreogra- fia...) Movimentos e Períodos (medieval, barroco, romantismo, vanguardas artísticas...). l l l l l l 17Arte: Quem tem uma explicação? Arte Os Conteúdos Estruturantes Para podermos compreender o sentido da arte em nossa vida, tan- to no presente quanto no passado, precisamos ter conhecimento dos saberes que se constituem fundamentais à formação dos sentidos hu- manos. Estes saberes, conteúdos estruturantes, da disciplina de Arte, podem ser comparados à construção de uma moradia. Por exemplo: quando construímos um edifício ou algum tipo de residência, necessitamos de elementos basilares, fundamentais para termos a sustentação: a funda- ção, o piso, as paredes e o teto. Observe que no projeto da casa a seguir, podemos identificar cada uma dessas partes, bem como nas construções da oca e do iglu: z No caso da Arte, estes elementos basilares e fundamentais são os conteúdos estruturantes: os elementos formais, a composição,