Buscar

A mutação Constitucional

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
A mutação constitucional do artigo 
52 inciso X da CRFB/88 
 
A questão fundamental que se impõe é saber se a ideia de mutação constitucional 
do artigo 52 inciso X da CRFB/88 seria ou não um ativismo judicial desproporcional. 
O Ministro Gilmar Mendes na reclamação nº 4.335-5/AC defende seu ponto de 
vista: 
 
O Supremo Tribunal Federal percebeu que não poderia deixar de atribuir significado 
jurídico à declaração de inconstitucionalidade proferida em sede de controle 
incidental, ficando o órgão fracionário de outras Cortes exonerado do dever de 
submeter à declaração de inconstitucionalidade ao plenário ou ao órgão especial, 
na forma do art. 97 da Constituição. Não há dúvida de que o Tribunal, nessa 
hipótese, acabou por reconhecer efeito jurídico transcendente à sua decisão. 
Embora na fundamentação desse entendimento fale-se em quebra da presunção de 
constitucionalidade, é certo que, em verdade, a orientação do Supremo acabou por 
conferir à sua decisão algo assemelhado a um efeito vinculante, 
independentemente da intervenção do Senado. Esse entendimento está hoje 
consagrado na própria legislação processual civil (CPC, art. 481, parágrafo único, 
parte final, na redação da Lei n. 9756, de 17.12.1998). [...] 
Como se vê, as decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, em sede de 
controle incidental, acabam por ter eficácia que transcende o âmbito da decisão, o 
que indica que a própria Corte vem fazendo uma releitura do texto constante do 
art. 52, X, da Constituição de 1988, que, como já observado, reproduz disposição 
estabelecida, inicialmente, na Constituição de 1934 (art. 91, IV) e repetida nos 
textos de 1946 (art. 64) e de 1967/69 (art. 42, VIII). Portanto, é outro o contexto 
normativo que se coloca para a suspensão da execução pelo Senado Federal no 
âmbito da Constituição de 1988 [...]." 
 
 
 
2 
 
 
Com efeito, a questão da mutação constitucional do artigo 52, inciso X surge como 
Justificativa para que o STF possa atribuir efeitos “erga omnes” à sua decisão em 
recurso extraordinário (controle incidental difuso) sem a intervenção do Senado 
Federal. 
 
No mesmo sentido, a ideia da abstrativização do controle concreto, que reside, tal 
qual o fenômeno da transcendência dos motivos determinantes, na atribuição de 
efeitos vinculantes à decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal em sede de 
Recurso Extraordinário (e também no controle concentrado). Parte dos ministros do 
STF vem defendendo tal tese no sentido de consolidar o processo de 
abstrativização dos efeitos concretos, igualando aos efeitos próprios do modelo 
abstrato, vale dizer erga omnes (gerais e vinculantes). Como é de sabença geral, as 
questões prejudiciais ou incidentais não ensejam a formação de coisa julgada 
material, eis que não se encontram incluídas na parte dispositiva da decisão 
pretoriana, no entanto, tanto a ideia da abstrativização do controle concreto como o 
fenômeno da transcendência dos motivos determinantes projetam a tendência de 
convergência dos controles abstrato e difuso, na medida em que os fundamentos 
jurídicos passam a ultrapassar os limites subjetivos da lide para se posicionarem 
como se estivessem na parte dispositiva da própria decisão. Com isso, não haverá 
mais diferença entre as duas modalidades de controle. 
 
Em conclusão, é muito importante compreender que a questão ainda não se 
encontra pacificada. Muitos debates ainda ocorrerão. Portanto, vale relembrar que 
segue o entendimento de que o papel do Senado Federal no controle difuso seguirá 
na sua tradicional interpretação acerca de sua competência privativa (ato 
discricionário) para suspender a execução no todo ou parte de lei declarada 
inconstitucional pelo STF.

Continue navegando