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DIREITOS HUMANOS E RESSOCIALIZAÇÃO

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AT 1
DIREITOS HUMANOS 
E RESSOCIALIZAÇÃO 
2 32
S
U
M
Á
R
IO
2
3 UNIDADE 1 - Introdução
4 UNIDADE 2 - Direitos fundamentais
4 2.1 Os Direitos Fundamentais
4 2.2 Garantias fundamentais dos presos
9 2.3 Princípios aplicáveis
10 2.4 Responsabilidade do Estado em relação aos Detentos
11 2.5 As Consequências Jurídicas pela Afronta ao Princípio da Dignidade do Detento
16 UNIDADE 3 - Deveres dos presidiários
20 UNIDADE 4 - Restrição de direitos
22 UNIDADE 5 - Reabilitação moral
24 UNIDADE 6 - Prestações previdenciárias
27 UNIDADE 7 - Assistência pessoal
29 UNIDADE 8 - Cuidados sanitários
31 UNIDADE 9 - Reintegração / Reinserção / Ressocialização
34 9.1 Trabalho e renda
36 9.2 “Boas práticas”
37 9.3 Ética e moral
39 9.4 Valores e afetividade
41 9.5 Objetivos da ressocialização
44 REFERÊNCIAS 
2 333
UNIDADE 1 - Introdução
Grosso modo, os direitos do homem são 
os direitos naturais, intrínsecos ao ho-
mem e reconhecidos em documentos in-
ternacionais, já os direitos fundamentais 
têm a marca da positivação, isto é, é um 
direito reconhecido pelo sistema.
Os direitos humanos além de funda-
mentais são inatos, absolutos, inviolá-
veis, intransferíveis, irrenunciáveis e im-
prescritíveis, porque participam de um 
contexto histórico, perfeitamente delimi-
tado.
Sobre eles e outros direitos como reabi-
litação moral, prestações previdenciárias, 
assistência pessoal, cuidados sanitários, 
bem como deveres e restrições de direito 
aos presos que trataremos neste módulo.
Reintegração, reinserção e ressocia-
lização utilizando trabalho, renda, ética, 
moral, valores, afetividade e boas práti-
cas fecham a unidade.
Ressaltamos em primeiro lugar que em-
bora a escrita acadêmica tenha como pre-
missa ser científica, baseada em normas 
e padrões da academia, fugiremos um 
pouco às regras para nos aproximarmos 
de vocês e para que os temas abordados 
cheguem de maneira clara e objetiva, mas 
não menos científicos. Em segundo lugar, 
deixamos claro que este módulo é uma 
compilação das ideias de vários autores, 
incluindo aqueles que consideramos clás-
sicos, não se tratando, portanto, de uma 
redação original e tendo em vista o cará-
ter didático da obra, não serão expressas 
opiniões pessoais.
Ao final do módulo, além da lista de 
referências básicas, encontram-se ou-
tras que foram ora utilizadas, ora somen-
te consultadas, mas que, de todo modo, 
podem servir para sanar lacunas que por 
ventura venham a surgir ao longo dos es-
tudos.
4 54
UNIDADE 2 - Direitos fundamentais
2.1 Os Direitos Fundamen-
tais
Um dos mais relevantes direitos do 
preso é o da preservação de sua dignida-
de, cidadania e civilidade, uma vez que a 
prisão cerceia o exercício de muitos dos 
poderes da individualidade, em particular 
o da liberdade física.
Com limitações inerentes à sua con-
dição penal, outras idealizações do ser 
humano permanecem à sua disposição; 
muitas dessas garantias serão examina-
das em particular nos capítulos seguintes. 
Excetuadas aquelas garantias próprias do 
privado das liberdades físicas, os presidi-
ários gozam de todas as demais faculda-
des humanas. Em seu art. 3º, a LEP diz: “Ao 
condenado e ao internado serão assegu-
rados todos os direitos não atingidos pela 
sentença ou pela lei”.
Vimos em outro momento do curso que, 
em vez de condenado, o certo é ler “preso” 
ou “apenado”. Após consagrar “o respeito 
à integridade física e moral dos condena-
dos e dos presos provisórios” (art. 40), a 
LEP enuncia 16 “direitos do preso” (LEP, 
art. 41, l a XVI). Entre esses benefícios do 
cidadão não está o de fugir. Aliás, a ten-
tativa e a consumação da evasão, ao con-
trário, constituem infrações disciplinares 
graves.
No entendimento de Martinez (2010), 
como a sociedade evolui e materialmente 
logra alcançar alguns benefícios conquis-
tados pela tecnologia, amanhã se discu-
tirá quais são os limites dessas intenções 
dos presidiários. Com certeza, no início 
prevalecerá a ideia enraizada na mente 
dos povos de que eles não fazem jus aos 
supérfluos.
2.2 Garantias fundamen-
tais dos presos
Os direitos fundamentais do preso jus-
tificam as seguintes considerações:
a) Vida – afirmar o direito dos presos 
à vida, uma garantia óbvia devida a todo 
ser humano, avulta na medida em que ele 
permanece ameaçado, no comum dos ca-
sos, pelos próprios colegas de infortúnio 
(a despeito do dever da autoridade de 
zelar pela sua segurança pessoal). Pouco 
significando agora o que eles tenham fei-
to para serem apenados, melhor dizendo, 
exatamente por isso. Destacando-o como 
um dos principais, Barros (2006) assinala 
que essa defesa fundamental está inscul-
pida lapidarmente na Carta Magna.
b) Segurança – no seu art. 38, o Código 
Penal diz que “o preso conserva todos os 
direitos não atingidos pela perda de liber-
dade, impondo-se a todas as autoridades 
o respeito à sua integridade física e mo-
ral”. Quando a situação requerer, o preso 
será beneficiado pelas normas de prote-
ção à testemunha.
c) Dignidade – o respeito à dignidade 
da pessoa humana é uma exigência po-
tencializada quando de sua prisão. Daí, 
todo o tempo, precisamos nos lembrar da 
teoria jurídica do dano moral.
d) Igualdade – significa pouco o que 
aconteceu antes da condenação; todos 
4 55
os presos iguais têm de receber o mes-
mo tratamento. Brasileiros e estrangei-
ros usufruem os mesmos direitos. Serem 
brancos, mulatos ou negros, nada disso é 
relevante. Evidentemente, essa regra é 
excepcionada quando houver exigência 
da individualização da pena que o distin-
ga de outros colegas (LEP, art. 41, XII). A 
igualdade é uma conquista do ser humano. 
As distinções que beneficiam as mulhe-
res, os idosos, os doentes e os deficientes 
não quebram esse princípio da igualdade, 
válido para cada um desses segmentos.
e) Individualidade – a personalidade 
do preso há de ser respeitada. Ainda que 
use uniforme, ele deve ser identificado 
pelo seu nome (LEP, art. 41, XI). Não pode 
ser considerado um número como nas his-
tórias que ridicularizam as pessoas.
f) Segregação – nas mesmas condições 
da necessidade de proteção, quem tem 
sua vida ameaçada ou é jurado de morte 
cumprirá a pena em cela ou pavilhão sepa-
rado, com maior segurança. A autoridade 
que não promove essa garantia mínima 
comete ilicitude seriíssima e pode ser res-
ponsabilizada.
g) Remoção – sempre que perfeita-
mente justificada e nos termos da lei 
exigir-se-á a transferência do preso para 
outro local em que cumprirá a pena, pre-
ferivelmente no Estado de origem ou nas 
proximidades da residência familiar.
h) Consciência – o preso tem o poder 
de pensar e de se manifestar sobre o que 
quiser. Escolherá o partido de sua prefe-
rência, o clube de futebol de sua paixão, 
será ateu, gnóstico ou religioso. Enfim, 
desfruta de toda a liberdade de pensa-
mento garantida pela Carta Magna para 
os brasileiros.
i) Sexualidade – a Constituição Fede-
ral veda a discriminação a qualquer pes-
soa por conta de sua orientação sexual. 
Significa que os homossexuais receberão 
visita íntima de parceiro do mesmo sexo 
nas mesmas condições que os heterosse-
xuais (MARTINEZ, 2008).
j) Religião – a escolha da religião, sei-
ta ou convicção de qualquer ordem, ou 
mesmo a adoção de um novo pensamen-
to filosófico depois de ter sido preso, são 
asseguradas dentro da liberdade de ter a 
crença que deseja. Não é obrigado a par-
ticipar de cultos e optar pelo absenteísmo 
religioso, pois isso faz parte do seu direito.
k) Mulheres – as mulheres cumprem as 
penas separadas dos homens. Mantê-las 
numa cela masculina, ainda que por pouco 
tempo e sob a alegação de não existir es-
paço, delegacia ou presídio adequado, não 
é justificativa, devendo ser severamente 
responsabilizada a autoridade que adotar 
essa prática.l) Cultura – o acesso à cultura deve ser 
diversificado, operado mediante estudo, 
empréstimo de livros, leitura de jornais e 
revistas, oitiva de rádio e TV, e também 
a utilização da internet. Todo presídio é 
obrigado a possuir uma biblioteca, permi-
tindo que o presidiário consulte as obras 
ou as leve para a cela (RIEP – Regime In-
terno dos Estabelecimentos Penitenciá-
rios, art. 127).
m) Educação – não apenas se profis-
sionalizar; o presidiário precisa educar-se 
em todos os sentidos dessa pretensão ou 
de melhorar o seu nível de convivência so-
cial.
6 7
n) Ressocialização – sem embargo de 
ser difícil nos tempos atuais ou ser quase 
impossível em face das desídias peniten-
ciárias, a ressocialização é um mecanismo 
importante para a recuperação do apena-
do. Ela implica em: 1) opção política, filosó-
fica ou religiosa; 2) desenvolvimento pro-
fissional; 3) trabalho interno ou externo; 
4) aquisição de conhecimento humanís-
tico; 5) compreensão do papel inibidor da 
pena, etc.
o) Reabilitação – a reabilitação, um 
processo de recuperação do apenado, 
em relação a uma infração penal deve ser 
considerada todo o tempo. Não só no que 
diz respeito à atitude contrária ao regime 
disciplinar, como no que se refere à pró-
pria punição.
p) Profissionalização – a mais ade-
quada forma de recuperação do indivíduo 
legado às celas, de ocupá-lo e de reabili-
tá-lo socialmente, preparando-o para o 
reingresso na sociedade, é torná-lo apto 
para o exercício de profissão, se ele não 
tinha um ofício, e aperfeiçoar a ocupação 
que exercia.
Os direitos políticos são bastante cer-
ceados, limitados a algumas hipóteses.
O direito democrático de se candidatar 
não é estendido ao presidiário. Como não 
pode exercer todas as atividades profis-
sionais ou tomar posse como servidor, é 
descabido pensar em concurso público, 
mas não o será em relação a quem está 
próximo de cumprir a pena.
Diz o art. 15 da CF/88, que é: “Vedada a 
cassação de direitos políticos, cuja perda 
ou suspensão só se dará nos casos de: (. 
..) III - condenação criminal transitada em 
julgado, enquanto durarem seus efeitos”. 
Logo, o preso não condenado tem o direi-
to de votar. Isso já foi regulamentado 
em alguns Estados brasileiros.
a) Sindicalização – embora trabalhe, 
ainda não se pode pensar em sindicaliza-
ção, mas manterá a filiação ao órgão de 
classe ao qual pertencia, se o Estatuto So-
cial não contiver norma impeditiva.
b) Filiação – a filiação partidária não é 
impossível.
Os direitos civis são inúmeros.
a) Casamento – a LEP permite a ceri-
mônia do casamento civil de presidiários 
entre si ou com pessoas em liberdade.
b) União estável – caso o presidiário 
mantenha uma união estável (CF, art. 226, 
§ 3º), heterossexual ou homossexual, ela 
poderá ser continuada na prisão, inclusive 
com o direito de solicitar à direção do pre-
sídio que declare a ocorrência de visitas 
familiares e íntimas para os fins de Direito 
(Ação Civil Pública nº 2000.00.71.09347-
0).
c) Adoção – tendo em vista as severas 
obrigações respeitantes à educação diu-
turna de menores, os apenados não têm 
condição para adotar nem serem adota-
dos (Lei nº 8.069/90).
d) Reparação – provada a inocência 
parcial ou total, o Estado fica à mercê de 
uma ação reparatória por erro judiciário. 
Enfatizando a liberdade como um bem su-
premo, Meirelles (2004) ressalta o direito 
do preso ilegalmente de processar o Esta-
do. O preso receberá a indenização de um 
processo iniciado antes da execução da 
pena por intermédio dos procuradores.
e) Representação – requerer e repre-
6 7
sentar são faculdades plenamente as-
seguradas.
f) Propriedades – exceto no que 
diz respeito ao sequestro do valor 
correspondente a eventual reparação 
por crime cometido, o patrimônio do 
condenado permanece íntegro e ao 
seu dispor, administrado conforme as 
circunstâncias de cada caso. Por in-
termédio de procurador, comprar ou 
vender os seus bens; terá autorização 
para exercer qualquer ato civil que 
preserve a família e o seu patrimônio 
(RIEP, art. 23, IV).
A pena de um detento ou recluso 
aliviar-se-á na medida em que ele pos-
sa comunicar-se com o que o rodeia.
a) Mundo exterior – nada impede o 
contato com o mundo fora das grades, 
por meio de mídia, leituras, recepção 
de correspondência, etc. O uso de ce-
lular tem sido vedado.
b) Audiências – para se informar, 
tomar conhecimento de fatos, espe-
cialmente no regime disciplinar, re-
presentar verbalmente, denunciar 
alguma irregularidade penitenciária, 
o preso estará a sós com o Diretor do 
Presídio (LEP, art. 41, XIII).
c) Defensor – o mínimo da assistên-
cia judiciária é permitir periodicamen-
te uma visita do defensor do preso 
ou com ele manter correspondência. 
A Lei nº 4.214/63, em seu art. 89, II, 
já assegurava esse potencial e ele foi 
mantido no Estatuto da Ordem dos 
Advogados do Brasil - OAB (LEP, art. 
41, IX).
d) Correspondência – o sigilo da 
correspondência é garantido pelo art. 
5º, XII, da CF, disciplinado no art. 3º, c, 
da Lei nº 4.958/62 e contemplado no 
art. 151 do Código Penal. Como mui-
tos autores, Miguel Lucena associa-se 
àqueles que entendem que os presos 
não têm esse direito porque as car-
tas podem se constituir em meios que 
atentam contra os demais presos e a 
segurança dos presídios e põem em 
risco as pessoas. Observadas as regras 
de segurança do regime prisional, é di-
reito do preso comunicar-se e receber 
as missivas (RIEP, arts. 124/126).
e) Visitas – são autorizadas visitas 
familiares, inclusive as íntimas (LEP, 
art. 41, X).
Em relação à assistência individual, 
quem está preso carece de atenção de 
variada ordem. Saber que não foi es-
quecido pelos familiares, pelos amigos 
e pelas autoridades é de grande im-
portância para resistir ao duro regime 
prisional.
a) Judiciária – aspecto de suma im-
portância consiste na assistência judi-
ciária, do Estado ou particular. Possuir 
livros de Direito, entrevistar-se com 
seu defensor e saber das mudanças da 
legislação é o mínimo desejável.
b) Sanitária – em vários momen-
tos a norma jurídica destaca o dever 
do Estado de ministrar cuidados sani-
tários aos que estão sob sua custódia. 
Conforme o art. 23, XIII, do RIEP, é ga-
rantido: “tratamento médico-hospi-
talar e odontológico gratuito, com os 
recursos humanos e materiais da pró-
pria unidade ou do Sistema Unificado 
de Saúde Pública”. Carente de atendi-
8 9
mento médico especializado, o preso do-
ente contratará facultativo particular de 
sua confiança.
O art. 43 da LEP diz que “é garantida a 
liberdade de contratar médico de confian-
ça pessoal do internado ou do submetido 
a tratamento ambulatorial, por seus fami-
liares ou dependentes, a fim de orientar e 
acompanhar o tratamento”.
c) Social – o Serviço Social lhe é asse-
gurado, sendo estendido à sua família, 
que deve ser informada de todos os direi-
tos, em especial do auxílio-reclusão previ-
denciário.
Sobre o trabalho do educando, repetin-
do o que já foi dito em outros momentos, 
o esforço físico pessoal é muito eficaz na 
recuperação social do apenado.
a) Trabalho – o labor remunerado in-
terno ou externo é um direito subjetivo 
do apenado.
b) Divisão – o estabelecimento penal 
é obrigado a dividir proporcionalmente o 
tempo dedicado às atividades, aos des-
cansos diurno e noturno e à recreação.
c) Higiene – todas as disposições com-
patíveis das Normas Regulamentadoras 
do Trabalho - NR (Lei nº 6.514/77) são 
invocadas em favor dos presidiários que 
trabalhem interna ou externamente.
Em relação à previdência social, se an-
tes da prisão era um segurado, poderá 
contribuir como facultativo e, trabalhan-
do, como contribuinte individual, confor-
me dita a Instrução Normativa do lNSS nº 
20/07. Desejando, o preso celebrará um 
contratode seguro privado, inclusive con-
tra acidentes do trabalho.
O presidente do Conselho Nacional de 
Justiça (CNJ) celebrou um protocolo de in-
tenções que vai possibilitar a concessão 
de benefícios da Previdência Social aos 
detentos e seus familiares.
De variados modos o cumprimento da 
pena pode ser afetado, podendo ser dimi-
nuída ou aumentada.
a) Revisão – todo o tempo, respeitadas 
as normas processuais, subsiste o direito 
do sentenciado de ter sua pena revista.
b) Perdão – o perdão judicial, o indulto 
e a anistia são regulados na LEP.
c) Regalias – é vedada prática de jo-
gos de azar no estabelecimento penal. O 
presidiário autorizado a jogar na loteria ou 
participar de um concurso assumirá a pro-
priedade do prêmio.
d) Regressividade – em cada caso, da 
mesma forma como disciplinada a pro-
gressividade, a lei garante mudanças no 
regime prisional com a regressividade da 
pena (LEP, art. 112).
e) Remição – atendido a LEP com o seu 
trabalho ou o estudo, o apenado tem a 
pena diminuída (art. 126).
f) Prescrição – a prescrição põe fim à 
punibilidade e liberta alguém preso inde-
vidamente.
g) Livramento – segundo o CPP, o li-
vramento condicional se dá nas hipóteses 
legais.
h) Cela especial – existem casos em 
que se imporá o cumprimento da pena em 
celas especiais, vedado o uso de solitárias 
ou celas escuras.
i) Saídas – a legislação regula as dife-
8 9
rentes hipóteses em que são possíveis as 
saídas autorizadas.
j) Pecúlio – quem tem renda constitui-
rá um pecúlio.
k) Fiança – nas condições previstas na 
lei, a pessoa pagará a fiança estabelecida 
pela autoridade policial e responderá ao 
processo em liberdade.
l) Recursos – todos os remédios jurídi-
cos previstos na CF e no CPP ficam à dis-
posição de quem está com a sua liberdade 
restringida.
m) Inocência – ainda que tenha sido 
condenado em sentença transitada em 
julgado, um dos mais relevantes direitos 
do presidiário é o de tentar provar a sua 
inocência.
n) Sensacionalismo – o Diretor do Pre-
sídio tomará todas as providências para 
evitar que o presidiário seja objeto de 
sensacionalismo, especialmente da mídia 
televisionada. Se não quiser, este último 
não é obrigado a dar entrevistas a nin-
guém.
o) Dano moral – provado que o Estado 
é responsável pela diminuição do patri-
mônio material ou moral do indivíduo, nas 
inúmeras hipóteses em que isso é possí-
vel de acontecer num presídio, impõe-se 
o processo de dano moral (MARTINEZ, 
2007).
Quanto à soltura e reabilitação, à evi-
dência, no dia seguinte, ao término da 
pena, o presidiário deve ser libertado. Não 
será preso nem um só dia a mais, respon-
dendo o culpado por sua retenção.
A norma, impondo condições, regula as 
hipóteses, circunstâncias e casos em que 
aquele que foi penalizado possa tentar 
reabilitar-se moralmente perante a socie-
dade.
Por fim, sobre as condições carcerá-
rias, é importante saber:
a) Alimentação – no mínimo, os presos 
farão jus a três refeições diárias (LEP, art. 
41, I). Quando elas provierem de tercei-
ros deverão ser previamente examinadas 
(RIEP, art. 23, II, a).
b) Vestuário – as roupas devem se ade-
quadas às condições do presídio e à esta-
ção do ano (RIEP, art. 23, II, b).
c) Repouso – o descanso noturno é as-
segurado na medida do possível. Quem 
trabalha faz jus a descanso diário.
d) Habitabilidade – será ofertada em 
condições normais “conforme padrões es-
tabelecidos pela Organização Mundial de 
Saúde” (RIEP, art. 23, II, c).
e) Recreação – o entretenimento diu-
turno é saudável para o cumprimento da 
pena.
f) Atividades esportivas – praticar es-
portes, preferivelmente coletivos, é sem-
pre recomendado.
g) Guarda de bens – a unidade prisio-
nal incumbe-se da preservação dos bens 
do presidiário, liberando-os quando de 
sua soltura.
2.3 Princípios aplicáveis
Para os operadores do Direito, os ter-
mos usados em vários momentos deste 
curso são conhecidos e corriqueiros, mas 
com certeza, para você educador, em se 
tratando de educação no sistema prisio-
nal, mesmo não sendo de seu domínio, 
10 11
eles tem seu lugar, uma vez que os pre-
sos, na maioria das vezes, conhecem seus 
direitos e deveres e em muitas situações 
conversará com você utilizando-se des-
ses conhecimentos.
Em cada ramo do direito encontramos 
princípios próprios, mas todos os ramos 
seguem primeiro aos princípios comuns 
a todos os ramos que são os princípios 
gerais (CINTRA; GRINOVER; DINAMARCO, 
2006).
Princípios são normas que fornecem 
coerência e ordem a um conjunto de ele-
mentos sistematizando-o, são funda-
mentos que servem para regular as rela-
ções entre as pessoas. São proposições 
que se colocam na base da Ciência Jurídica 
Processual e auxiliam na compreensão do 
conteúdo e extensão do comando inseri-
do nas normas jurídicas e em caso de la-
cuna da norma, servem como fator de in-
tegração.
A palavra princípio, em sua raiz latina 
última, significa “aquilo que se toma pri-
meiro” (primum capere), designando iní-
cio, começo, ponto de partida. Princípios 
de uma ciência, segundo Cretella Júnior 
(1989, p. 129), “são as proposições bási-
cas, fundamentais e típicas que condicio-
nam todas as estruturas subsequentes”. 
Pois bem, em se tratando do regime dos 
presídios, os princípios que o regem prati-
camente são os mesmos do Direito Penal 
e Processual Penal, adaptados quando 
convier.
Falaremos brevemente sobre eles:
Princípio da absoluta legalidade – uma 
vez que a população carcerária é enorme e 
subjetivos são os seus desejos e anseios, 
é premissa básica para se buscar uma con-
vivência pacífica, ou seja, definir regras de 
comportamento e formas de inibição da 
transgressão que sejam seguidas dentro 
da legalidade.
Seguir o princípio da dignidade huma-
na também é imprescindível, pois mesmo 
tendo cometido um delito, o presidiário é 
um ser humano. Este é um dos chamados 
princípios estruturantes do Estado Demo-
crático de Direito.
Princípio da integridade física, embora 
haja disputa de poder e busca por privilé-
gios dentro das prisões, que podem levar 
a violência entre presos, esta não deve 
prevalecer e o preso tem direito de viver e 
conviver preservando-se sua integridade 
corporal e moral.
O presidiário tem o direito de recorrer 
da condenação da pena e eventual puni-
ção que sofre por força do regime repres-
sivo do presídio, respeitando-se o princí-
pio da inconformidade jurídica.
A preservação da personalidade é ou-
tro princípio que deve ser respeitado, por 
exemplo, deve o presidiário ser chamado 
pelo nome, de preferência de senhor. Afi-
nal, como já dito, ele não é um número, 
mas um indivíduo do grupo.
Outros princípios seriam: individualiza-
ção da disciplina; tratamento igualitário; 
recuperação o apenado e participação do 
juízo, ou seja, conhecer as normas, os re-
gulamentos penitenciários para compre-
ender sua situação (MARTINEZ, 2010).
2.4 Responsabilidade do 
Estado em relação aos De-
tentos
10 11
O preso não tem somente deveres a 
cumprir, mas é sujeito de direitos, que de-
vem ser reconhecidos e amparados pelo 
Estado. Quando o sentenciado estiver re-
cluso, seja por qualquer motivo, não está 
sem direitos, exceto aqueles limitados em 
face da sua condenação (KLOCH; MOTTA, 
2008). Por isso, a sua condição jurídica 
não é suprimida, mas sim, é igual a das 
pessoas não condenadas.
Quando o apenado estiver sob a cus-
tódia do Estado, passa a ser deste a res-
ponsabilidade de manter a integridade e 
a dignidade do detido, bem como, salva-
guardar seus direitos e deveres.
O desrespeito à integridade física e 
psíquica deprecia a personalidade do 
apenado sem motivo justificável e apli-
ca inconscientemente a pena de tortura, 
tornando-se instrumento para solicitar 
indenização por danos morais, devidospelo Estado. Para Carrara (2002, p. 419), 
“é a tortura a mais bárbara, a mais execrá-
vel e a mais ilógica das sugestões reais”. O 
Estado é responsável pela prática da tor-
tura, quando realizada por seus agentes 
ou por intermédio de terceiros, quando o 
ofendido estiver sob sua custódia.
A constante insegurança nas celas; o 
fato de ser atacado por outro detento; as 
lesões; a morte; a perda dos sentidos; são 
atos considerados desumanos, não pre-
vistos em nenhuma lei brasileira vigente 
como forma de castigo. Por isso, é verda-
deiramente uma afronta aos princípios 
fundamentais da dignidade humana, não 
resguardando os direitos da personalida-
de, positivados na legislação brasileira.
Manter a integridade física e psíquica 
do detento é dever indelével do Estado; 
sua violação gera responsabilidade civil, 
por atos de seus agentes, seja pela ação 
ou omissão.
Se é dever do Estado re(educar), (re)so-
cializar e (re)inserir o condenado (preso) 
ao convívio social, evitando que reincida 
na criminalidade, então é de sua respon-
sabilidade indenizá-lo quando não efeti-
vou sua obrigação.
A partir do momento em que o preso 
reivindicar indenizações, por ineficiência 
da execução penal, o Poder Público certa-
mente admitirá que a forma em que está 
sendo executada a pena, na maioria dos 
casos, é inoperante, falida, antiética e 
onerosa.
Se o Estado enclausura um delinquen-
te analfabeto por quase dez anos, deveria 
transformá-la num profissional culto, mas 
quando consegue mantê-lo aprisionado, 
apenas o deixa apreender as artimanhas 
da criminalidade organizada.
2.5 As Consequências Jurí-
dicas pela Afronta ao Princí-
pio da Dignidade do Deten-
to
Segundo estudos de Kloch e Mattos 
(2008), o descaso com a tutela do direi-
to à personalidade do detento, especial-
mente com relação à integridade física e 
psicológica, reflete em vários segmentos 
sociais, pois são tidos como atos negati-
vos no tocante à recuperação e até para 
a punição do apenado. As consequências 
geradas pelo desrespeito à dignidade do 
apenado podem refletir:
12 13
 em reincidência, gerando aumento da 
criminalidade, como instrumento de repú-
dio ao ato praticado pelo Poder Público;
 em desrespeito ético-legal, perante a 
sociedade;
 em prejuízos financeiros ao Estado, 
em face da indenizabilidade dos danos 
causados aos condenados que cumprem 
pena sob cárcere;
 na instigação social da exclusão e a 
brutalidade, pois é praticado em nome do 
Estado;
 em afronta aos direitos do Estado 
Democrático de Direito;
 como sinônimo de falência do Estado 
Disciplinador, gerando uma revolta social 
em razão da insegurança pública.
O condenado que cumpre sua pena sob 
tortura ou qualquer ato que atenta contra 
sua dignidade, não absorverá sua punição 
como educativa. Terá sim, enriquecido seu 
desejo de vingança contra uma sociedade 
falsa e sem princípios éticos. Certamen-
te, este sujeito maltratado será mais um 
reincidente à criminalidade. Os atos prati-
cados serão levados a cabo, com a teleolo-
gia de revidar àqueles praticados pelo Po-
der Público, seja por omissão ou por ação.
Quanto ao desrespeito à integridade 
do detento, além de ser ilegal, é abusivo 
e antiético. A sociedade, em geral, verá 
como um Estado impotente, que tenta in-
timidar pela brutalidade e não pela norma 
ou pelo exemplo disciplinador.
Consequentemente, tais atos resultam 
em inúmeros prejuízos ao Estado, inclu-
sive financeiro, pois tem o dever de inde-
nizar os danos causados aos condenados 
segregados, seja por valores atribuídos à 
moral, estético ou material.
A afronta ao direito à integridade ex-
pressada na lei em vigor gera uma sensa-
ção de vingança, agravada por ser prati-
cada em nome do Estado. Tal fato poderá 
levar à instigação da exclusão e à brutali-
dade, pois traz consequências sociais im-
previsíveis.
O descumprimento das normas que 
guarnecem o Direito à Personalidade, 
gera condutas atentatórias contra a dig-
nidade da pessoa humana, afrontando 
aos princípios gerais do Estado Democrá-
tico de Direito e os alicerces daquilo que 
se busca como justo.
Estão resguardados os direitos ineren-
tes à personalidade a todos os seres hu-
manos, inclusive aos delinquentes apena-
dos, pois somente lhes é tolhido o direito 
à liberdade.
A principal consequência pela afronta 
ao princípio da dignidade do detento é a 
demonstração real da falência do Estado 
Disciplinador, que por si só gera uma re-
volta social e a perda do controle do sis-
tema.
As consequências são evidentes, den-
tro e fora do Sistema Prisional, como as 
rebeliões em massa, as fugas, o aumento 
do terror pelos crimes organizados e os 
ataques às instituições públicas que de-
veriam garantir a segurança.
Tanto a doutrina como a jurisprudência 
são pacíficas com relação aos danos cau-
sados por atos decorrentes de afrontas 
ao princípio da dignidade do detento, seja 
praticada pelos agentes penitenciários, 
pelos policiais, por erro judiciário ou até 
12 13
mesmo pelos outros detentos, pois o ape-
nado quando segregado está sob a res-
ponsabilidade do Estado.
Os danos podem ser físicos, psíquicos 
ou intelectuais, causados muitas vezes 
pela falta de ética, por um serviço não 
efetivo, pela brutalidade e descontrole do 
poder disciplinador do Estado-Penal.
O compromisso ético e valorativo é de-
finido com propriedade por Zeni (2006, p. 
15), ao ensinar que:
A propósito do direito, considera-se 
um arsenal de normas jurídicas logica-
mente concatenadas e hierarquizadas, 
representando a vontade do contra-
to social, que, por ficção, decorre da 
vontade da maioria, merecendo uma 
interpretação restritiva diante dos mi-
tos de certeza e segurança jurídica que 
procuram encampar via positivação. 
Quando não, captam-se fatos e o tor-
nam, por si só, direito, sem um compro-
misso ético e valorativo descompro-
metido com fins, senão com fórmulas 
racionais engendradas à padronização 
dos comportamentos sociais.
Para Stoco (1997, p. 413), “é o que po-
der-se-ia denominar de ‘erro judiciário’, 
que não se confunde com o erro judicial 
em processos criminais e previsto no art. 
5º, LXXV, da CF/88, e no art. 630 do Códi-
go de Processo Penal”.
O erro judiciário é aquele advindo de 
ato jurisdicional que ocorre por equivo-
cada apreciação dos fatos ou do Direito 
aplicável, levando o juiz a proferir sen-
tença passível de revisão. Enquanto o 
excesso de prisão ocorre no período da 
execução da pena, quando o condenado 
não é liberto, após regular cumprimento 
da pena estabelecida na sentença.
O art. 37, § 6º, da CF/88, estabelece 
essa responsabilidade, quando expressa 
que as pessoas jurídicas de Direito Pú-
blico responderão pelos danos que seus 
agentes causarem a terceiros.
Por intermédio de seus agentes, o Es-
tado é responsável quando desencadeia 
um infortúnio por erro, e lança uma pes-
soa e/ou seus familiares em descrédito, 
que fere a honra, que transforma e abala 
um convívio social e familiar, que produz 
traumas e sequelas invariáveis.
Havendo inércia do Estado e se esta 
for a causa direta do não impedimento do 
evento, causadora da afronta à integri-
dade física, psíquica e intelectual do se-
gregado, será de sua responsabilidade a 
reparabilidade do dano causado (KLOCH; 
MATTOS, 2008).
O fato de o preso ter sido agredido 
por outro detento não caracteriza ato de 
terceiro, uma vez que a obrigação do Es-
tado decorre do dever de vigilância e de 
cuidado em relação a quem está sob sua 
custódia. O Estado responde civilmente, 
independentemente da culpa do agente 
público.
O Estado responderá não pelo fato 
que diretamente gerou o dano, mas sim 
por não ter ele providenciado ações sufi-
cientes para evitar o dano ou mitigar seu 
resultado, quando o fato for notório ou 
perfeitamente previsível.O Poder Público tem o dever legal de 
zelar pela segurança, pela vida e pela 
integridade física e moral do preso, en-
14 15
quanto se encontra acautelado ao seu 
poder. O apenado perde tão somente a 
liberdade, devendo ser resguardada sua 
vida e sua dignidade, bens inerentes ao 
direito da personalidade.
Os direitos ligados à personalidade são 
de maneira perpétua e permanente, es-
pecialmente o direito à vida e à integri-
dade. São direitos não patrimoniais e, por 
conseguinte, inalienáveis, intransmis-
síveis, imprescritíveis e irrenunciáveis. 
Nesses termos, todos da sociedade de-
vem respeito a esses direitos oponíveis. 
A sua violação está a exigir uma sanção 
e/ou uma indenização pelo dano causado 
ao custodiado.
O dano moral resulta da dor intensa, 
da frustração causada e da humilhação 
a que foi submetida a vítima. É certo que 
sua fixação deve levar em consideração a 
natureza de real reparação do abatimen-
to psicológico causado (KLOCH; MATTOS, 
2008).
Em 1988, a Constituição Federal pas-
sou a admitir com relevância o dano mo-
ral, especificamente nos incisos V e X do 
art. 5º, que relacionou, entre os direitos 
e garantias fundamentais, consideradas 
como cláusulas pétreas (art. 60, § 4º, 
CF/88): “o direito de resposta, proporcio-
nal ao agravo, além da indenização por 
dano material, moral ou à imagem”, e de-
clarou serem invioláveis “a intimidade, a 
vida privada, a honra e a imagem das pes-
soas, assegurado o direito à indenização 
pelo dano material ou moral decorrente 
de sua violação”.
Constatada a hipótese de deficiência 
do serviço estatal, que tem compromis-
so com uma justiça de qualidade, cumpre 
seja restabelecido o status quo ante, ou 
seja, o modo em que se encontrava an-
tes, compensando-se economicamente 
quem sofreu o dano.
A indenização deve conter o valor que 
possibilite a reintegração social, dando-
-se ao injustamente condenado, ou que 
sofreu por erro, uma reparação patrimo-
nial proporcional à privação de sua liber-
dade e às lesões morais e econômicas 
sentidas, atingido em sua honra, reputa-
ção, liberdade, crédito, estima, dignida-
de, enfim os direitos da personalidade.
A agressão física, psicológica e inte-
lectual, praticada por agentes públicos, 
é ofensa ao direito da personalidade, ou 
seja, atinge a honra, a imagem e a digni-
dade do ser humano, portanto deve ser 
indiscutivelmente reparável, quando a 
prova é concreta e o nexo de causalidade 
é verificado.
Quando a integridade física de uma 
pessoa for maculada, por ter sido sub-
metido à tortura, seja nas delegacias de 
polícia, nas unidades prisionais, pelas 
condições aviltantes da cela em que foi 
detido, mesmo que sejam psicológicas, 
será o poder público responsabilizado. 
Em consequência de tais fatos, torna-
-se depressivo o ato praticado em nome 
do Estado ou não, devendo arcar com as 
consequências nos termos do artigo 5º, 
incisos XLIX e LXI, da CF/88.
De qualquer sorte, abstraída uma 
maior discussão a respeito, o certo é que 
a obrigação de indenizar é inescusável, 
quando o Estado, representado por seus 
agentes, ofende a integridade física e 
emocional de um cidadão que se encon-
trava sob sua tutela direta, causando-lhe 
14 15
sequelas psíquicas irreversíveis. Assim, a 
Constituição Federal e o Código Civil em 
vigor asseguram a integridade física e 
moral, reservando o direito à liberdade 
quando suprimida por sentença conde-
natória.
A doutrina vem estabelecendo certos 
parâmetros a serem observados quando 
do arbitramento do valor pelo dano mo-
ral. Carlos Alberto Bittar (1993, p.220) 
afirma que:
A indenização por danos morais 
deve traduzir-se em montante que 
represente advertência ao lesante e 
à sociedade de que se não se aceita o 
comportamento assumido, ou o even-
to lesivo advindo. Consubstancia-se, 
portanto, em importância compatível 
com o vulto dos interesses em confli-
to, refletindo-se, de modo expresso, 
no patrimônio do lesante, a fim de 
que sinta, efetivamente, a resposta 
da ordem jurídica aos efeitos do resul-
tado lesivo produzido. Deve, pois, ser 
quantia economicamente significati-
va, em razão das potencialidades do 
patrimônio do lesante.
É tormentosa a quantificação da repa-
ração de dano por erro do Judiciário, em 
razão da subjetividade que lhe é caracte-
rística, mas é sabido que a ele deve ser a 
responsabilidade de reparar.
Quanto à valoração da indenização por 
dano moral, em decorrência de um dever 
violado, seja pela ação ou omissão do Es-
tado, Reis (2003, p. 26) afirma com pro-
priedade que 
diante da posição firmada pelos Tri-
bunais Brasileiros, observamos incon-
gruências quanto ao conteúdo da va-
loração dos danos morais. As decisões 
proclamam que nas indenizações dos 
danos morais deverá ser observado 
o binômio pena-compensação, o que 
constitui uma situação contraditória 
em relação ao verdadeiro sentido do 
processo indenizatório.
Portanto, a condenação sob a ótica da 
responsabilidade civil não deve ser confun-
dida com o efeito punitivo e repreensivo, 
pois este pertence à esfera dos danos pe-
nais. “A indenização dos danos morais, não 
possuindo função punitiva, senão essen-
cialmente indenizatória, deverá proporcio-
nar ao lesado uma ideia de restituição ao 
status quo ante [...]”. (REIS, 2003, p. 230).
Na fixação do quantum indenizatório, há 
de se considerar que o abalo moral diz res-
peito aos fatos provocados pela inércia ou 
ineficiência do Estado para com o autor. Se 
este, esteve preso ilegalmente, o nexo cau-
sal confirma-se por si só, devendo ser leva-
dos em consideração o tempo e a forma em 
que permaneceu segregado.
Em se tratando de violação aos direitos 
inerentes à dignidade do apenado, as cir-
cunstâncias devem ser sopesadas quando 
do arbitramento do valor a título indeniza-
tório, a evidenciar a manutenção do Estado 
anterior em que se encontrava o lesionado.
Cabe ao Estado a responsabilidade de-
corrente da atividade administrativa de 
guarda dos presos, não somente porque a 
lei determina, mas por questão ética e mo-
ral (KLOCH; MOTTA, 2008).
16 1716
UNIDADE 3 - Deveres dos presidiários
As relações das pessoas recolhidas 
à prisão entre elas, com as visitas e em 
face das autoridades penitenciárias, são 
atípicas. O regime de condutas imposto 
a quem está apenado, insatisfeito com a 
prisão, não vendo a hora de ser livre, im-
põe regras de comportamento cujo lema é 
a disciplina (MARTINEZ, 2010).
Os deveres do apenado quando do cum-
primento de sua pena estão inseridos nos 
arts. 38 e 39 da LEP que dizem:
Art. 38. Cumpre ao condenado, além 
das obrigações legais inerentes ao seu es-
tado, submeter-se às normas de execução 
da pena.
Art. 39. Constituem deveres do conde-
nado:
I - comportamento disciplinado e cum-
primento fiel da sentença;
II - obediência ao servidor e respeito a 
qualquer pessoa com quem deva relacio-
nar-se;
III - urbanidade e respeito no trato com 
os demais condenados;
IV - conduta oposta aos movimentos 
individuais ou coletivos de fuga ou de sub-
versão à ordem ou à disciplina;
V - execução do trabalho, das tarefas e 
das ordens recebidas;
VI - submissão à sanção disciplinar im-
posta;
VII - indenização à vitima ou aos seus 
sucessores;
VIII - indenização ao Estado, quando 
possível, das despesas realizadas com a 
sua manutenção, mediante desconto pro-
porcional da remuneração do trabalho;
IX - higiene pessoal e asseio da cela ou 
alojamento;
X - conservação dos objetos de uso 
pessoal.
Parágrafo único. Aplica-se ao preso 
provisório, no que couber, o disposto nes-
te artigo.
Analisando os deveres do apenado a 
começar pelo comportamento disciplina-
do e o fiel cumprimento de sua sentença, 
temos que a disciplina é obrigação do ape-
nado, assim como sua resignação diante 
de sua pena, apóso seu trânsito em jul-
gado, assim, a participação do apenado 
em rebeliões ou qualquer forma de des-
respeito às normas do estabelecimento 
prisional, o que não quer dizer que o ape-
nado não possa protestar contra abusos 
ou restrições aos seus direitos, mas esses 
devem ser feitos pelos meios legais.
A segunda e terceira obrigações previs-
tas pela LEP dizem respeito ao trato com 
os servidores e demais apenados, que 
deve pautar-se pelos princípios de respei-
to e cordialidade, que deve ser mútua, de-
vendo o servidor por sua vez, também tra-
tar o apenado com cordialidade e respeito.
A quarta obrigação ao apenado tra-
ta do dever de, além de não participar de 
qualquer movimento subversivo ou com o 
intuito de evadir-se do estabelecimento 
prisional, deve opor-se a estes e inclusive 
comunicar à administração e aos servido-
16 1717
res do estabelecimento prisional sobre 
eventuais tentativas dos outros presos.
Esse tema é bastante controverso, pois 
dentro do nosso estabelecimento prisio-
nal é sabido que existe um código de ética 
entre os presos, e dentro deste a punição 
para o preso delator é a morte, e assim, 
sempre deve ser preservada a fonte das 
informações obtidas pela administração 
entre os presos.
A obrigação de cumprir os trabalhos, 
tarefas e ordem recebidas deve receber 
a ressalva de que as ordens que não pos-
suam previsão legal ou atentem contra os 
direitos do preso ou qualquer outro direi-
to não devem ser cumpridas, bem como as 
ordens com o intuito de colocar o detento 
em situação de risco ou vexatória e humi-
lhante, devendo, nesse caso, comunicar o 
juiz da execução sobre a desobediência e 
o seu motivo.
Constitui-se ainda em dever do apena-
do a indenização da vítima e de sua famí-
lia, e ao Estado pelas despesas decorren-
tes de sua manutenção. Esses deveres na 
grande maioria dos casos não são cumpri-
dos, uma vez que na nossa realidade car-
cerária, a grande maioria dos apenados 
não possuía condições de manter o seu 
sustento com dignidade fora dos presí-
dios, o que dirá dentro destes, constituin-
do-se na maioria dos casos esse dever em 
letra morta diante da impossibilidade de 
sua execução, o que não quer dizer que 
perdeu sua validade, devendo sempre ser 
aplicada quando o apenado possuir con-
dições financeiras de reparar a vítima ou 
seus familiares como custear as suas des-
pesas.
E por fim, como já dissemos, deve o 
preso manter a ordem e a higiene de sua 
cela e conservar os seus objetos de uso 
pessoal, essa limpeza e ordem de sua cela 
e objetos fica prejudicada diante da su-
perlotação de nossos estabelecimentos 
prisionais onde os presos em sua maioria 
são mantidos em ambientes superlotados 
e sem as mínimas condições de humani-
dade, fica difícil a cobrança dessas obriga-
ções (MARTINEZ, 2010).
Diante dessas obrigações, quando não 
observadas as mesmas pelos apenados 
estes poderão sofrer sanções disciplina-
res com o intuito de manter a disciplina do 
estabelecimento prisional, de acordo com 
o disposto no art. 44 da LEP. (IANOWICH 
FILHO, SILVA, PORTO JUNIOR, 2006).
O RIEP fixa as garantias dos presidiários 
(art. 23) e também as suas obrigações, 
que chama de deveres (art. 27). São enu-
merativos, específicos e minuciosos.
 Autoridade Penitenciária – um dos 
polos da relação, a direção do presídio 
exerce certa liderança na condução da 
disciplina e carece de se impor administra-
tivamente. Nesse sentido, os deveres dos 
presos são:
a) respeitar as autoridades, servidores 
e companheiros presos.
b) acatar as determinações emanadas 
de qualquer servidor no desempenho de 
suas funções.
c) observar as normas contidas no Re-
gimento Interno, referentes às visitas.
d) submeter-se às normas disciplinado-
ras da concessão de saídas externas pre-
vistas em lei.
e) cumprir à requisição das autoridades 
18 19
judiciais, policiais e administrativas.
f) atender à requisição dos profissio-
nais de qualquer área técnica para exa-
mes ou entrevistas.
g) dar atendimento às condições das 
medidas cautelares.
 Índole Pessoal – alguns dos ônus 
próprios dos presidiários são bastante 
pessoais:
a) zelar pela higiene pessoal e ambien-
tal.
b) não fazer de sua cela uma cozinha.
c) aceitar a revista pessoal, de sua cela 
e dos seus pertences.
d) submeter-se às normas que discipli-
nam áreas de saúde, assistência jurídica, 
psicologia, serviço social, diretoria, servi-
ços administrativos em geral, atividades 
escolares, desportivas, religiosas, de tra-
balho e de lazer e assistência religiosa.
e) não utilizar objetos, para fins de de-
coração ou proteção de vigias, portas, ja-
nelas e paredes, que prejudiquem a vigi-
lância.
f) devolver ao setor competente os ob-
jetos fornecidos pela unidade e destina-
dos ao uso próprio.
g) não desviar, para uso próprio ou de 
terceiros, materiais dos diversos setores 
da unidade prisional.
h) não negociar objetos de sua proprie-
dade, de terceiros ou do patrimônio do Es-
tado.
i) não preparar ou ceder bebida alcoó-
lica ou substância que possa provocar re-
ações adversas às normas de conduta ou 
dependência física ou psíquica.
j) não apostar em jogos de azar de qual-
quer natureza.
k) zelar pelos bens patrimoniais e mate-
riais que lhe forem destinados, reparando 
o Estado ou terceiros por danos materiais 
que causar, de forma culposa ou dolosa.
l) informar-se sobre as normas a serem 
observadas na unidade prisional, respei-
tando-as.
m) manter comportamento adequado 
em todo o decurso da execução da pena, 
progressiva ou não.
n) acatar a sanção disciplinar imposta.
 SEGURANÇA PRÓPRIA E DE TERCEI-
ROS – diante do tipo de relacionamento 
interno nos presídios, a segurança física é 
muito importante:
a) abster-se de fazer ou possuir instru-
mentos capazes de ofender a integridade 
física de terceiros.
b) evitar procedimentos que possam 
contribuir para ameaçar ou obstruir a se-
gurança das pessoas e da unidade prisio-
nal.
c) adotar quaisquer práticas que pos-
sam causar transtornos aos demais pre-
sos, bem como prejudicar o controle de 
segurança e disciplina.
d) não transitar ou permanecer em lo-
cais não autorizados.
e) não dificultar ou impedir a vigilância.
f) acatar a ordem de contagem da po-
pulação carcerária, respondendo ao sinal 
convencionado para o controle de segu-
rança e disciplina.
18 19
g) não participar de movimento indivi-
dual ou coletivo de tentativa e consuma-
ção de fuga.
h) não liderar, participar ou favorecer 
movimentos de greve e subversão da or-
dem e da disciplina.
 CIRCULAÇÃO E MOVIMENTAÇÃO – a 
entrada e a saída do estabelecimento pe-
nal é tema que diz respeito à segurança 
de todos. Daí:
a) submeter-se às normas de transfe-
rência e remoção de ordem judicial, técni-
co-administrativa e às solicitadas.
b) cumprir rigorosamente o horário de 
retorno quando de saídas temporárias.
c) observar a segurança imposta pela 
Polícia Militar e outras autoridades incum-
bidas de efetuar a escolta externa.
 Desenvolvimento Da Cultura – to-
dos os aspectos que envolvam a cultura 
devem ser estimulados, por isso o apena-
do tem de respeitar as regras da bibliote-
ca no que diz respeito ao empréstimo de 
livros. Assistir às palestras educativas é 
muito importante para o aperfeiçoamen-
to cultural dos presidiários.
 Atividades Escolares – submeter-se 
ao regular funcionamento das atividades 
escolares do estabelecimento prisional 
condiz com a intenção de se recuperar, de 
aprender e de se profissionalizar.
 Práticas Desportivas – podendo, é 
relevante para a comunidade dos aprisio-
nados que cumpram as condições para as 
práticas desportivas e de lazer.
 Empenho Laboral – ninguém é for-
çado a trabalhar, mas o apenado deve co-
laborar com a política de labor do regime 
prisional, esforçando-sepor participar 
das atividades laborais internas e exter-
nas.
 Cultos Religiosos – não só respeitar 
as opções religiosas dos demais detentos 
como submeter-se às condições para a 
prática religiosa coletiva ou individual.
 Participação Geral – alguns aspec-
tos da convivência pacífica devem ser res-
saltados. Observar as condições para a 
posse e uso de aparelho de radiodifusão 
e aparelho de TV e atender às condições 
das sessões cinematográficas, teatrais, 
artísticas e socioculturais (MARTINEZ, 
2010).
20 2120
UNIDADE 4 - Restrição de direitos
A substituição da pena privativa da 
liberdade por outro tipo de sanção jurí-
dica constitui um avanço em termos de 
execução penal. Efetivamente, diante do 
elevado número de infrações sociais, com 
menor ou maior poder ofensivo, a serem 
inibidas, entendeu o legislador de tentar 
coibir essas condutas antissociais com 
punições alternativas do regime carcerá-
rio (MARTINEZ, 2010). Neste momento, a 
lei está se referindo a algum tipo de de-
linquente, aquele que justifica um trata-
mento diferenciado.
Somente no sentido lato aqui adota-
do podemos chamar esses indivíduos de 
presos. São sentenciados, mas não são 
recolhidos à prisão, cumprem o seu débito 
penal em liberdade e mediante políticas 
públicas de respeitável interesse para a 
comunidade.
Somente numa hipótese o autor da ili-
citude será preso, na verdade detido, e 
por curto espaço de tempo (“limitação de 
fim de semana”, CP, art. 43, VI).
Considera-se pena restritiva de direi-
tos a decorrente de uma condenação judi-
cial que obsta o usufruto de algumas das 
garantias elementares de cidadão (que 
ele prefere abster-se em favor de uma pu-
nição mais severa).
Uma das exigências para esse relevan-
te benefício é não ser reincidente (CP, art. 
44, II).
Quando o apenado não cumpre o que 
lhe fora recomendado, a restrição de di-
reitos pode ser tornar pena restritiva de 
liberdade (CP, art. 44, § 4º).
Em seu art. 43 o Código Penal fixa 
cinco restrições:
a) Valor pecuniário.
b) Perda de bens e valores.
c) Prestação de serviços.
d) Interdição temporária de direitos.
e) Limitações no fim de semana.
a) Valor Pecuniário – trata-se de um 
montante em dinheiro (ou outra forma 
acordada) a ser entregue à vítima, aos 
seus dependentes ou a alguma entidade 
pública ou privada, não inferior a um sa-
lário mínimo nem superior a 360 salários 
mínimos (CP, art. 45, § 1º). Em 2010, era de 
R$ 510,00 a R$ 183.600,00.
b) Perda de Bens e Valores – certa 
quantia fixada pela autoridade compe-
tente a ser entregue ao Fundo Peniten-
ciário Nacional, correspondendo ao “pre-
juízo causado ou ao provento obtido pelo 
agente ou por terceiro, em consequência 
da prática do crime” (CP, art. 45, § 3º).
c) Prestação de Serviços – quando a 
pena a que foi condenado é superior a seis 
meses, ele pode cumpri-la na modalidade 
substitutiva de privação de certos direi-
tos (LEP, art. 149). O trabalho será gratui-
to, com oito horas semanais, preferivel-
mente aos sábados, domingos e feriados.
d) Interdição Temporária de Direitos 
– quase todas as restrições estão envolvi-
das com o trabalho e suscitam o princípio 
constitucional correspondente. O Código 
Penal prevê quatro tipos de interdições:
20 2121
i) Proibição do exercício de cargo públi-
co – o apenado não poderá exercer qual-
quer cargo público. Pela importância da 
restrição, a hipótese reclama justificativa.
ii) Proibição do exercício privado que 
dependa de “habilitação especial, de li-
cença ou autorização do poder público” 
(CP, art. 47) – eis aqui outra severa restri-
ção, aplicável quando fundadas as razões 
para isso.
iii) Suspensão de autorização ou de ha-
bilitação para dirigir veículo – da mesma 
forma como a vedação ao exercício de ati-
vidade laboral pode atingir um motorista 
profissional.
iv) Proibição de frequentar certos luga-
res – esta é uma pena de grande interesse 
social especialmente no que diz respeito 
aos crimes cometidos contra as mulheres.
e) Limitações no Fim de Semana – é 
uma obrigação de permanecer na Casa do 
Albergado ou em outro local indicado pela 
autoridade por cinco horas aos sábados e 
domingos (LEP, art. 151). As pessoas con-
denadas a comparecem à Casa do Alber-
gado terão de participar de cursos, pales-
tras ou atividades educativas.
f) Modificação da Pena – a qualquer 
momento, a autoridade competente po-
derá alterar a pena de prestação de ser-
viços à comunidade ou de limitação de fim 
de semana, ajustando-as às condições 
pessoais do sentenciado e às caracterís-
ticas do estabelecimento. Um médico po-
derá trabalhar num hospital, um advogado 
na assistência jurídica e assim por diante.
g) Independência das Punições – as 
penas restritivas de direito são autôno-
mas, ou seja, um réu poderá compativel-
mente ser condenado também à pena res-
tritiva de liberdade.
22 2322
UNIDADE 5 - Reabilitação moral
Qualquer que seja ela, atendidas algu-
mas condições, quem cumpriu a pena tem 
permissão para requerer a reabilitação de 
sua personalidade, seu nome e sua repu-
tação.
À evidência, não se trata mais de um 
preso, mas de alguém que já se desobri-
gou perante a sociedade. A hipótese de 
um apenado, durante o recolhimento à 
prisão, tentar reabilitar-se em relação a 
um crime anterior será rejeitada se ele for 
novamente condenado.
O que fundamenta a reabilitação é o 
bom comportamento da pessoa humana 
na vida em sociedade.
O Decreto nº 6.049/07, em seu art. 81, 
trata da reabilitação carcerária, fixando 
prazos para a reabilitação:
a) 3 meses para faltas leves.
b) 6 meses para faltas médias.
c) 12 meses para faltas graves. E,
d) 24 meses para faltas graves com vio-
lência (art. 81, I / IV).
a) Idealização Mínima – por intermé-
dio da reabilitação, o indivíduo tentará 
apagar de sua vida todos os consectá-
rios, desdobramentos e efeitos possíveis 
dos processos anteriores, da prisão e do 
cumprimento da pena. Para o art. 748 do 
CPP: “A condenação ou condenações an-
teriores não serão mencionadas na folha 
de antecedentes do reabilitado, nem em 
certidão extraída dos livros do juízo, sal-
vo quando requisitadas por juiz criminal”. 
O Código Penal reserva o Capítulo VII – Da 
Reabilitação (arts. 93/95), para tratar do 
tema. No Código de Processo Penal, os 
arts. 743/750 também dispõem sobre o 
assunto.
b) Alcance da Providência – não há 
distinção quanto às punições que possam 
ser objeto da reabilitação (CP, art. 93). Ela 
se estende às penas de restrição de direi-
to. Vale também para as ilicitudes comina-
das da Lei das Contravenções Penais.
c) Iniciativa Processual – o interes-
sado é quem tem a iniciativa de promover 
sua reabilitação. Trata-se de uma relação 
intuitu personae, ou seja, em relação à 
pessoa, mas que, a rigor, também poderá 
ser intentada pelos seus sucessores. So-
brevindo os efeitos próprios em relação 
a um falecido. Da decisão concessória há 
recurso de ofício (CPP, art. 746).
d) Reedição da Concessão – exceto na 
hipótese de o indeferimento ter decorrido 
da falta ou insuficiência de documentos, 
negada a reabilitação, um novo pedido 
somente será instruído após dois anos e 
com a apresentação de novos elementos 
convincentes.
e) Condições Administrativas – as 
exigências materiais e formais para que 
tenha o direito à reabilitação são as se-
guintes:
a) Residência no País há pelo menos 
dois anos.
b) Tenha tido efetiva e constantemen-
te um bom comportamento público e pri-
vado.
c) Prove que ressarciu a vítima ou que 
22 2323
não tem condições de fazê-lo.
f) DocumentosNecessários – o art. 
744 do CPP elenca os documentos exigi-
dos:
a) Certidão comprobatória de proces-
sos penais em andamento.
b) Atestado de autoridades policiais 
persuasórias de bom comportamento.
c) Atestadode bom comportamento 
firmado por pessoas para quem tenha tra-
balhado ou servido.
d) Quaisquer documentos que demons-
trem a sua regeneração.
e) Prova de haver ressarcido o dano 
causado pelo crime ou persistir a impossi-
bilidade de fazê-lo.
g) Prazo para o requerimento – o 
Código Penal fala em dois anos (art. 94), 
desde que: “I - tenha tido domicílio no País 
no prazo acima referido; II - tenha dado, 
durante esse tempo, demonstração efe-
tiva e constante de bom comportamento 
público e privado; III - tenha ressarcido o 
dano causado pelo crime ou demonstre a 
absoluta impossibilidade de o fazer, até 
o dia do pedido, ou exiba documento que 
comprove a renúncia da vítima ou nova-
ção da dívida”.
Conforme “se trate de condenado ou 
reincidente, contados do dia em que hou-
ver terminado a execução da pena princi-
pal ou da medida de segurança detenti-
va”, “a reabilitação será requerida ao juiz 
da condenação”, após o decurso de quatro 
ou oito anos (CPP, art. 743). Se a solicita-
ção for negada ela poderá ser reeditada 
a qualquer tempo (CP, art. 94, parágrafo 
único).
h) Diligências Judiciais – o juiz po-
derá determinar a apuração dos atos que 
envolvem a concessão da reabilitação 
(CPP, art. 745). Tendo em mãos todos os 
elementos processuais necessários, o juiz 
decidirá sobre a concessão ou não da rea-
bilitação.
i) Revogação da Medida – quando se 
impuser, a revogação será decretada pelo 
juiz, de ofício ou a requerimento do Minis-
tério Público (CPP, art. 750).
j) Consectários Práticos – para algu-
mas finalidades, é como se a condenação 
anterior não tenha existido. Para o art. 
202 da LEP: “Cumprida ou extinta a pena, 
não constarão da folha corrida, atestado 
ou certidões fornecidas por autoridade 
policial ou por auxiliares da Justiça, qual-
quer notícia ou referência à condenação, 
salvo para instruir processo pela prática 
de nova infração penal ou outros casos 
expressos em lei”. Praticamente o mesmo 
se colhe no art. 748 do CPP.
24 2524
UNIDADE 6- Prestações previdenciárias
Na oportunidade de disciplinar a ocupa-
ção do presidiário, o art. 39 do Código Pe-
nal diz que “o trabalho do preso será sem-
pre remunerado, sendo-lhe garantidos os 
benefícios da Previdência Social”.
Como se vê, esse dispositivo de 1940 
trata apenas dos direitos previdenciários 
do reeducando que trabalha e não ampla-
mente dos direitos previdenciários do pre-
so ocioso. Pretensões parcamente discipli-
nadas na legislação e carentes de doutrina 
especializada (MARTINEZ, 2010).
Embora já em 1960 a Lei Orgânica da 
Previdência Social (LOPS) falasse da quali-
dade de segurado do preso livre da cadeia, 
o tema só interessou ao legislador jus-
previdenciarista com a Lei nº 10.666/03. 
Entretanto, de longa data, o Ministério da 
Previdência Social (MPS) havia se manifes-
tado sobre a filiação e a contribuição.
No que diz respeito ao recluso, releva 
também definir os direitos dos seus depen-
dentes, enfaticamente no caso de fuga, 
recaptura ou morte. Cuida-se aqui daquele 
recolhido à prisão, já que em outras situa-
ções como do regime semiaberto, da liber-
dade condicional, da prisão domiciliar, etc., 
a pessoa tem mais possibilidade de se or-
ganizar em matéria de previdência social.
Aposentado presidiário que esteja cum-
prindo pena mantém os direitos antes 
assegurados pelo INSS. Os seus depen-
dentes, evidentemente, não farão jus ao 
auxílio-reclusão cujo pressuposto é a não 
percepção de renda.
Caso queira, o presidiário celebrará um 
contrato de seguro de vida ou de outro 
tipo, que seja praticado por companhia se-
guradora. Claro que o segurador levará em 
conta as condições atípicas do apenado.
Ainda que não trabalhe, o presidiário é 
mantido pelo Estado e, nessas condições, 
raramente reunirá os requisitos da Lei nº 
8.742/93.
a) Filiação E Inscrição – a situação do 
presidiário deve ser considerada em três 
momentos básicos: i) antes; ii) durante o 
processo penal; e, iii) depois do recolhi-
mento à prisão. Isto é, o que ele perde e o 
que ele adquire após essas datas-bases.
Se filiado, regulamentado e inscrito 
como segurado obrigatório ou facultati-
vo, portanto com qualidade de segurado, 
avaliar-se-á a manutenção desse status 
jurídico após a detenção. Pelo menos na 
condição de facultativo ele pode continuar 
contribuindo e somando tempo de serviço 
para fins de benefícios.
Caso não seja, pode filiar-se como fa-
cultativo (se não trabalhar no presídio) por 
sua vontade ou obrigatoriamente como 
contribuinte individual (se trabalhar den-
tro ou fora do presídio).
Normativamente, o correto parece ser 
o legislador definir um tipo de segurado, 
designado como presidiário, como fez com 
outros protegidos (MARTINEZ, 2010).
b) Qualidade de Segurado – quem foi 
preso perderá a qualidade de segurado nos 
termos do art. 15 do Plano de Benefício da 
Previdência Social (PBPS). Mas poderá con-
tribuir como facultativo ou contribuinte in-
dividual (se trabalhar). Se já possuía, con-
forme o inciso IV, manterá essa qualidade 
24 2525
“até 12 (doze) meses após o livramento, o 
segurado retido ou recluso”.
Quer dizer, cumprida a pena mesmo sem 
apartar contribuições, o ex-apenado fará 
jus ao auxílio-doença ou aposentadoria 
por invalidez durante 12 meses + 45 dias 
(PBPS, art. 15, § 4º), caso atenda aos de-
mais regulamentos da lei.
Note-se o desenvolvimento da qualida-
de de segurado: a) podia ser tida antes de 
ser preso; b) ser mantida durante o cum-
primento da pena; e, c) estendida por 12 
meses + 45 dias. Quem não a tinha não se 
beneficia dos 12 meses + 45 dias (caso não 
tome a iniciativa de contribuir dentro da 
prisão).
Não detendo a condição de contribuinte 
individual, o detento ou recluso, caso quei-
ra, filiar-se-á como segurado facultativo, 
fazendo jus a todos os benefícios ineren-
tes a essa condição de ocioso.
A alíquota é de 20% e a base de cálculo é 
de sua escolha, variando de R$ 678,00 até 
R$ 4.159,00, em 2013. Sua família pode-
rá preencher o Carnê de Pagamento e ir à 
rede bancária fazer os recolhimentos men-
sais. Vale relembrar que o presidiário não é 
empregado do Estado, do presídio nem da 
empresa para a qual eventualmente pres-
te algum serviço externo; em raras hipóte-
ses, a CLT será invocada em seu favor.
Enquadrado no art. 12, V, h, do PCSS, a 
Lei nº 9.876/99 abrigou “a pessoa física 
que exerce, por conta própria, atividade 
econômica de natureza urbana, com fins 
lucrativos ou não”.
Olvidando essa desnecessária “nature-
za urbana”, o RPS o tem como contribuin-
te individual e igual se colhe na Instrução 
Normativa do INSS nº 20/07. Na condição 
de contribuinte individual, a empresa re-
terá 11% da remuneração e a recolherá 
ao FPAS, juntamente com a parte patronal 
(20%).
Em raríssimos casos, não fica descarta-
da a possibilidade de ser entendido como 
empregado de uma empresa, se preencher 
com precisão os requisitos do art. 3º da CLT.
c) BENEFÍCIOS POR INCAPACIDADE – fi-
cando incapaz para o trabalho penitenciá-
rio, o presidiário fará jus ao auxílio-doença 
ou à aposentadoria por invalidez. A inapti-
dão para o trabalho poderá sobrevir no am-
biente prisional ou nas empresas (trabalho 
externo). Ou de trajeto, do estabelecimen-
to penal até a empresa.
Caso ele tenha alguns dependentes e 
eles estejam recebendo o auxílio-reclusão 
terá de optar conforme a Lei nº 10.666/03.
No ordenamento brasileiro, é impossí-
vel um dependente fazer jus ao benefício 
outorgado por segurado (como o auxílio-
-reclusão) se ele, ao mesmo tempo, estiver 
auferindo uma prestação.
Contribuindo (como facultativo), ainda 
que não esteja trabalhando, esse segurado 
poderá requerer os benefícios se estiver 
incapaz para um trabalho (que não exerce).
A possibilidade de haver reabilitação 
profissional depende apenas davontade 
do Estado e da organização penitenciária 
materialmente poder oferecer esses ser-
viços pessoais de recuperação da aptidão 
para o trabalho.
d) Aposentadorias Possíveis – preenchi-
dos os requisitos legais subsiste o direito à 
aposentadoria por tempo de contribuição 
e por idade. Raramente fará jus à aposen-
26 2726
tadoria especial. Esses direitos podem ser 
inteiramente realizados no presídio, pelo 
menos para quem está condenado a 30 
anos de prisão. Nenhum desses benefícios 
agora lembrados exige exame médico pe-
ricial e bastará ao segurado preencher os 
requisitos legais.
e) Salário-Maternidade – mulher sen-
tenciada cumprindo pena que se filiou à 
previdência social fará jus ao salário-ma-
ternidade na condição de contribuinte in-
dividual ou facultativa.
f) Salário-Família – em virtude do re-
cluso não ser empregado é difícil configu-
rar o direito ao salário-família. Recebendo 
benefício em razão de filhos e de um con-
trato de trabalho (que foi suspenso ou até 
extinto), cessará a remuneração laboral e o 
benefício previdenciário.
g) Prestações Acidentárias – traba-
lhando, um detento ou recluso pode sofrer 
quatro tipos de infortúnios: i) acidente tí-
pico (traumático); ii) doença do trabalho; 
iii) doença profissional; e, iv) acidente de 
qualquer natureza ou causa.
Os três primeiros no exercício de ati-
vidade profissional; o último, fora dessa 
atividade (por exemplo, durante o entrete-
nimento esportivo). Durante o transporte 
de ida da cela para a empresa ou desta de 
volta à cela, poderá ser vítima de acidente. 
São devidos, portanto, o auxílio-doença e 
a aposentadoria por invalidez acidentária e 
o auxílio-acidente.
h) Auxílio-Reclusão – o auxílio-reclusão, 
um direito dos dependentes do preso, é 
o benefício mais polêmico, principalmen-
te por ocasião da fuga ou da percepção 
de remuneração ou benefício. A Lei nº 
10.666/03 fornece duas informações: a) 
o benefício é acumulável com a remunera-
ção do presidiário e b) não há direito ao au-
xílio-doença (o legislador esqueceu-se da 
aposentadoria por invalidez) ou à aposen-
tadoria combinada com o auxílio-reclusão.
i) Previdência Complementar – a Lei Bá-
sica da Previdência Complementar - LBPC 
(LC nº 109/01) não enfoca assinaladamen-
te os presidiários. Entende-se que afas-
tado temporariamente da empresa pa-
trocinadora em virtude do recolhimento à 
prisão, ele poderá continuar contribuindo 
como autopatrocinado com aportes men-
sais que serão materialmente operados 
pelos seus dependentes.
Com a internação no presídio, sobrevin-
do ruptura do vínculo trabalhista, pensar-
-se-á no art. 14, l/IV (autopatrocínio, ves-
ting, portabilidade ou resgate). No caso do 
assistido, continuará auferindo a comple-
mentação antes devida. Estando em risco 
iminente, requererá o benefício a qualquer 
tempo. Nada impede que um presidiário 
filie-se a um plano aberto de previdência 
complementar. Da mesma forma, sacará os 
valores correspondentes como foi conven-
cionado.
j) Seguro-Desemprego – enquanto es-
tiver recolhido à prisão e na condição de 
presidiário não há direito a essa prestação 
securitária; o desempregado vive custea-
do pelo Estado. Se já auferia o benefício, os 
pagamentos serão suspensos com o reco-
lhimento à prisão, imaginando-se que após 
o livramento possam ser retomados tais 
desembolsos.
26 2727
UNIDADE 7 - Assistência pessoal
Quem deixa a liberdade física que des-
frutava e é recolhido a um estabelecimen-
to penal, onde ficará um longo período, 
vive com limitações dos seus movimentos 
e em circunstâncias especiais que afetarão 
sua personalidade.
Além de ter afetado o seu ser, isolado do 
mundo familiar, grupal e social, alguns não 
mais terão contato com a evolução da tec-
nologia e restarão defasados no mercado 
de trabalho. Os que não tinham um ofício 
desenvolvido poderão aprender alguma 
profissão.
Nessas condições, derivando do afas-
tamento da sociedade, retenção em cela 
individual ou coletiva, enfim, do cumpri-
mento da pena, erodindo a dignidade e os 
direitos de cidadão, fica pelo Estado, por 
isso, o regime prisional, na medida do pos-
sível, obriga-se a oferecer-lhe algum con-
forto material e moral compatível com as 
circunstâncias. Ou seja, é dever do Estado 
assisti-lo em suas necessidades de pessoa 
física que cometeu um crime, uma vez que 
vive privado da liberdade num ambiente 
excepcional, com muitas restrições, e mais 
obrigações do que direitos.
a) Assistência Material – o preso cum-
prirá a pena em celas individuais, coletivas, 
colônias agrícolas, albergues ou na própria 
residência. No local em que o sistema pe-
nitenciário estadual permitir. Vestir-se-á 
com as roupas trazidas pela família e con-
forme o caso obrigado à utilização de uni-
forme prisional. A alimentação será forne-
cida pela cozinha do local do cumprimento 
da pena. O art. 41 da LEP - “constituem di-
reitos do preso” – inicia os 16 itens, falando 
numa alimentação fornecida pelo detentor. 
Frequentemente são três refeições: desje-
jum, almoço e jantar. Os doentes farão jus 
à refeição apropriada. Assegura, também, 
“instalações higiênicas” (art. 12).
b) Defesa da Moral – a LEP não distin-
guiu a assistência moral, provavelmente 
pulverizou-a em vários pequenos direitos, 
como é o caso da “proteção contra qualquer 
forma de sensacionalismo” (art. 41, VIII). O 
direito à personalidade carece ser respei-
tado em toda a sua integridade. A despeito 
do crime que foi cometido, confessado ou 
não, e que determinou sua condenação, a 
punição prevista na lei é a que consta do 
CP, do CPC e da LEP. Todo o tempo o preso 
pensa na sua liberdade, usualmente me-
diante a soltura legal. Na verdade, sem-
pre ele deve ser preparado para isso, mas 
quando esse momento está para chegar é 
mais importante ainda.
c) Assistência Social – a assistência 
social e familiar é prevista nos arts. 22/23 
da LEP, devendo ser desenvolvida na medi-
da do possível.
d) Acompanhamento Jurídico – o 
preso tem direito à assistência jurídica, 
que é muito importante. Poderá contra-
tar advogados, recebê-los e, se não tiver 
condições, contará com a assistência ju-
diciária estatal, particularmente a previs-
ta na Constituição Federal. Cada Estado 
da República tem obrigações legais para 
manter um sistema de atendimento jurídi-
co. O amparo jurídico é relevantíssimo; os 
direitos do preso são complexos, de difícil 
realização e, em muitos casos, todo o pro-
cesso que se seguiu à condenação pode 
28 2928
estar sub judice. A possibilidade de provar 
sua inocência, que vigeu enquanto esteve 
em liberdade, prossegue com ênfase du-
rante o cumprimento da pena. Existir um 
exemplar da Carta Magna, do Código Penal, 
do Código de Processo Penal e da Lei da 
Execução Penal na biblioteca da prisão em 
muito auxiliará a todos.
e) Educação Profissional – a educação 
do preso é ampla. Ela significa curso de al-
fabetização, ensinos fundamental e médio; 
principalmente cursos de profissionalização. 
Habilitar o egresso para o exercício de uma 
atividade laboral é um grande passo para 
permitir-lhe, se ele quiser, a ressocialização, 
isto é, a reinserção no mercado de trabalho 
e, por conseguinte, na comunidade.
f) Cultura Humanística – estudo e cul-
tura são importantes para sua remissão. 
g) Culto Religioso – observado o prin-
cípio da diversidade confessional e de não 
obrigação de participação nas cerimônias, o 
presidiário tem direito à assistência religio-
sa. O ideal é que exista um espaço físico para 
isso, pelo menos uma capela, onde ocorram 
os atos de devoção.
h) Convivência Familiar – a assistência 
familiar consiste num conjunto complexo de 
ações, como a permissão de visitas, contatos 
telefônicos ou pessoais e até mesmo pela in-
ternet.
i) Atividades Esportivas – o estabeleci-
mento penaltem o dever de manter insta-
lações adequadas para a prática de esporte, 
pelo menos um campo de futebol, basquete 
ou vôlei.
j) Desenvolvimento Artístico – o deten-
to ou recluso não está impedido de aprender, 
desenvolver ou aperfeiçoar as suas aptidões 
artísticas.
28 2929
UNIDADE 8 - Cuidados sanitários
O atendimento à saúde é um caso par-
ticular da assistência material devida aos 
presos, bastante enfatizada quando da 
internação de inimputáveis determinada 
pelas medidas de segurança.
Quando se fala em saúde se quer dizer a 
fisiológica e a psicológica, e também con-
siderada a laboral, isto é, aquela que pro-
picia a capacidade para o trabalho. Sempre 
que possível, com serviços de habilitação e 
reabilitação profissional. Claro, até mesmo 
com cuidados com o meio ambiente, parti-
cularmente nas Colônias Agrícolas (MARTI-
NEZ, 2010).
a) Direito Constitucional – de forma 
lapidar, objetiva e bombástica, diz o art. 
196 da Carta Magna que “a saúde é direi-
to de todos e dever do Estado”, garantindo 
acesso universal igualitário às ações e ser-
viços. Se for para todos, a fortiori também 
para os presidiários.
b) Norma Legal – o art. 14 da LEP diz 
que o preso tem direito à assistência à saú-
de compreendendo o “atendimento médi-
co, farmacêutico e odontológico”. Como se 
verá, inclui também os serviços ambulato-
riais e, conforme a necessidade, as cirur-
gias hospitalares. Quer dizer, em caso de 
necessidade ele será atendido no próprio 
pronto-socorro penitenciário, no serviço 
médico do presídio ou fora dali, nas clíni-
cas, no consultório ou nos hospitais do SUS 
ou particulares.
c) Serviço Próprio – tal qual uma em-
presa, o presídio terá o seu próprio sis-
tema de atendimento médico e excep-
cionalmente é que o apenado deixará o 
estabelecimento penal para ser atendido. 
Essa mesma instituição acompanhará a 
saúde do presidiário, fará exames, emitirá 
laudos e autorizará licença médica em re-
lação ao trabalho. É evidente que cadeias 
públicas, centros e casas de detenção ou 
delegacias de polícia, em virtude de suas 
precárias instalações, não têm condições 
de oferecer o atendimento à saúde.
d) Internações Hospitalares – as in-
ternações em hospitais são promovidas 
nos casos imprescindíveis e com a devida 
segurança dos internados e demais pesso-
as à sua volta.
e) Autorizações para Saída – o art. 
14,§ 2º, da LEP disciplina a saída dos presi-
diários para tratamento fora do presídio.
f) Cuidados Mínimos – o estabeleci-
mento penal observará:
i) Instalações sanitárias condizentes.
ii) Campanhas sanitárias.
iii) Ações de vigilância sanitária e epide-
miológica.
iv) Saneamento básico interno.
v) Controle da cozinha, na preparação 
dos alimentos, fiscalizando-os, compreen-
dido o controle de seu teor nutricional.
g) Inspeção Médica – periodicamente 
devem ser realizadas inspeções médicas 
de todos os apenados, para a verificação 
do seu estado de saúde, em particular no 
que diz respeito às doenças infecciosas. 
Seria o caso, eventualmente, de pensar em 
exame de inclusão e de exclusão, ou seja, 
o apenado ser examinado por ocasião da 
prisão e de sua saída. Quando de medidas 
30 3130
de segurança, a situação dos internados 
reclama uma atenção maior por parte das 
autoridades penitenciárias.
h) Campanhas Profiláticas – o presi-
diário deve ser objeto de todas as campa-
nhas compatíveis, especialmente aquelas 
que impliquem em vacinações.
i) Atendimento às Mulheres – a inter-
nação de mulheres em penitenciária impõe 
um atendimento especializado em relação 
às suas necessidades.
j) Inimputáveis e Semi-Imputáveis – 
aqueles que tiveram de ser internados em 
hospitais psiquiátricos são merecedores de 
uma atenção especial do sistema peniten-
ciário. Se não for possível ressocializar, os 
demais apenados terão de usufruir de um 
cuidado muito maior (MARTINEZ, 2010).
30 3131
UNIDADE 9 - Reintegração / Reinserção / 
Ressocialização
Antes de começarmos nossas reflexões 
sobre os temas acima, vamos tentar defini-
-los da forma mais simples e breve possível:
Segundo o Ministério da Justiça (DEPEN, 
2007), as ações de reintegração social po-
dem ser definidas como um conjunto de in-
tervenções técnicas, políticas e gerenciais 
levadas a efeito durante e após o cumpri-
mento de penas ou medidas de segurança, 
no intuito de criar interfaces de aproximação 
entre Estado, Comunidade e as Pessoas Be-
neficiárias, como forma de lhes ampliar a re-
siliência e reduzir a vulnerabilidade frente ao 
sistema penal.
Partindo-se desse entendimento, vê-se 
que um bom “tratamento penal” não pode 
residir apenas na abstenção da violência fí-
sica ou na garantia de boas condições para 
a custódia do indivíduo, em se tratando de 
pena privativa de liberdade: deve, antes dis-
so, consistir em um processo de superação 
de uma história de conflitos, por meio da pro-
moção dos seus direitos e da recomposição 
dos seus vínculos com a sociedade, visando 
criar condições para a sua autodeterminação 
responsável.
A Ressocialização, por sua vez, busca de-
senvolver relações sociais entre indivíduos 
que em algum tempo já o tiveram. A retira-
da do homem da sociedade e de seu tempo, 
prendendo-o a um passado denominado de-
lito, de forma alguma é capaz de restabele-
cer socialização, partindo-se do pressuposto 
de que esse cidadão já ter sido considerado 
socializado. Não há como conciliar prisão e 
ressocialização.
Reintegração social, é assim todo um pro-
cesso de abertura do cárcere para a socieda-
de e de abertura da sociedade para o cárcere 
e de tornar o cárcere cada vez menos cárce-
re, no qual a sociedade tem um compromis-
so, um papel ativo e fundamental.
Enfim, a Reintegração do preso não será 
uma simples recuperação do mesmo, mas 
deverá supor a participação ativa dos mais 
diversos segmento sociais, visando reinte-
grar o sentenciado no seio da sociedade (SU-
SEPE, 2010).
Falconi (1998) distingue os termos ree-
ducação e reinserção social e faz a seguinte 
reflexão:
‘Reeducar’ pressupõe dar educação 
novamente. Ou será que o recluso re-
cebeu a educação apropriada no tempo 
preciso?... Qual o conceito de educação 
para o sistema penitenciário?... estariam, 
... ‘educados os próprios agentes e fun-
cionários para desempenharem a função 
que exercem? Pelo que se vê, não. É claro 
que a regra guarda certa exceção, mas no 
caso em debate esta é mínima’ (FALCONI, 
1998, p. 114).
Para ele, o termo possui caráter de domi-
nação, de acordo com o que se percebe pelo 
tom do relacionamento entre funcionários, 
gestores e internos das prisões brasileiras. 
O sistema é de obediência cega, correspon-
dendo ao estilo militar, no qual o respeito às 
regras se impõe não pela conscientização, 
mas pela ameaça e, do outro lado, pelo temor 
ou pela “picardia” que o universo do cárcere 
lhe transmitiu.
Para explicar a ressocialização, Falconi 
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(1998, p. 116) se vale do filósofo Espino-
za e explica a existência de três correntes 
doutrinárias básicas a serem consideradas. 
A primeira que entende ser o delinquente 
pessoa passível de tratamento psiquiátri-
co, de acordo com o disposto nas seguintes 
obras: “Correcionalismo”, “Defesa Social” e a 
“Pedagogia Criminal”. Outra corrente trata 
a problemática da pena como “medida que 
castiga para ressocializar”, essas embasa-
das nas teorias Psicanalítica e na Marxista. 
A Psicanalítica afirma ter o Estado o direito 
de aplicar a pena, tendo se fundamentado 
nos ensinamentos de Freud, enquanto que 
a Marxista teve apoio nas interpretações de 
Adler. Por último Espinoza trata de teorias 
que explicam a necessidade da ressocializa-
ção que são: “Ressocialização Legal”, “Teoria 
das Expectativas” e “Teoria da Terapia Social 
Emancipadora” que segundo essas, “o delito 
não é somente uma responsabilidade

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