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É necessário um árduo esforço de pesquisa, levando-se em consideração fatores como banca examinadora e respectivos membros (sempre que possível), retrospecto do concurso, incidência temática de cada disciplina, momento da economia do país, dentre tantos outros, aliados a experiência de Professores de projeção nacional, com larguíssima experiência na análise do perfil dos mais diferentes certames públicos. Para tornar tudo isso uma realidade, a Ad Verum investiu muito em seu Método de Aceleração de Aprendizagem (MAVAA). Hoje, contamos com um SETOR DE INTELIGÊNCIA, responsável por ampla coleta de dados e informações das mais diferentes fontes relacionadas ao universo de cada concurso, de modo a, a partir do processamento dos dados coletados, oferecer aos seus alunos uma experiência diferenciada quando comparada a tudo que ele conhece em matéria de preparação para carreiras públicas. Racionalizar o estudo do aluno é mais que um objetivo para Ad Verum, trata-se de uma obsessão. Bom estudo! Francisco Penante CEO Ad Verum Suporte Educacional SUMÁRIO 1. JURISDIÇÃO ................................................................................................. 1 1.1. Natureza................................................................................................... 1 1.2. Conceito ................................................................................................... 1 1.3. Características ......................................................................................... 3 1.4. Espécies................................................................................................... 4 1.4.1. Problemática da Jurisdição Voluntária ............................................... 5 1.5. Princípios ................................................................................................. 6 1.6. Estrutura Constitucional ........................................................................... 6 1.7. Equivalentes Jurisdicionais ...................................................................... 7 2. JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL DAS LIBERDADES E SEUS PRINCIPAIS MECANISMOS ................................................................................................. 13 2.1. Habeas Corpus ...................................................................................... 13 2.2. Habeas Data .......................................................................................... 15 2.3. Mandado de Segurança ......................................................................... 15 2.4. Ação Popular .......................................................................................... 17 2.5. Ação Civil Pública .................................................................................. 18 2.6. Ação de Improbidade Administrativa ...................................................... 18 3. COMPETÊNCIA ........................................................................................... 21 3.1. Conceito ................................................................................................. 21 3.1.1. Competência Absoluta ..................................................................... 21 3.1.2. Competência Relativa ...................................................................... 22 3.2. Critérios para a fixação de competência ................................................ 23 3.3. Principais regras de competência de foro .............................................. 23 3.4. Cooperação Internacional ...................................................................... 25 3.5. Homologação de Sentença Estrangeira ................................................. 26 3.6. Competência da Justiça Federal ............................................................ 27 4. TUTELAS PROVISÓRIAS ........................................................................... 29 4.1. Conceito ................................................................................................. 29 4.2. Classificações ........................................................................................ 30 4.2.1. Tutela Provisória de Urgência .......................................................... 30 4.2.1.1. Tutela Provisória de Urgência Antecipada .................................... 30 4.2.1.2. Tutela Provisória de Urgência Cautelar ........................................ 31 4.2.1.3. Tutela Provisória de Urgência Antecedente .................................. 31 4.2.1.3.1. Estabilização da Tutela Antecipada Antecedente ...................... 31 4.2.1.3.2. Estabilização da Tutela e Coisa Julgada ................................... 31 4.2.1.4. Tutela Provisória de Urgência Incidental ...................................... 32 4.2.2. Tutela Cautelar ................................................................................ 32 4.2.2.1. Conceito ........................................................................................ 32 4.2.2.2. Poder Geral de Cautela ................................................................ 32 4.2.2.3. Cautelares Típicas e Atípicas ....................................................... 32 4.2.2.3.1. Arresto ....................................................................................... 33 4.2.2.3.2. Sequestro................................................................................... 33 4.2.2.3.3. Arrolamento de Bens ................................................................. 33 4.2.2.3.4. Registro de Protesto contra Alienação de Bem ......................... 33 4.2.2.4. Tutela Cautelar Antecedente ........................................................ 33 4.2.3. Tutela Provisória de Evidência......................................................... 33 www.adverum.com.br 1 Grupo CERS ONLINE 1. JURISDIÇÃO 1.1. Natureza Várias são as teorias que buscam explicar a natureza jurídica da jurisdição. Vejamos a seguir as principais delas: Teoria Organicista: determina que o ato jurisdicional é assim qualificado devido ao Órgão que o emite. Todavia, sabemos que os referidos órgãos também emitem os denominados atos administrativos, motivo pelo qual essa teoria não é aceita. Teoria Subjetiva: determina que a jurisdição tem por fim a tutela de direitos subjetivos violados, aplicando a lei ao caso concreto. A doutrina critica tal teoria, uma vez que é possível a tutela jurisdicional mesmo que não haja direito subjetivo violado. Teoria Objetiva: determina que a jurisdição deve assegurar a vigência do direito, o qual é aplicado em cada caso concreto. Podemos perceber dessa teoria que há uma impossibilidade de separação dos atos administrativos daqueles denominados judiciais, razão pela qual é bastante criticada. Teoria da Substituição: determinaque a vontade do Estado-Juiz substitui a vontade das partes através da atividade jurisdicional. A doutrina atual vem considerando a jurisdição como uma forma de inclusão social. 1.2. Conceito Nas lições de Marcus Vinícius R. Gonçalves, podemos conceituar a Jurisdição como a “Função do Estado, pela qual ele, no intuito de solucionar os conflitos de interesse em caráter coativo, aplica a lei geral e abstrata aos casos concretos que lhe são submetidos”1. 1GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado/ Marcus Vinicius Rios Gonçalves; coordenador Pedro Lenza. - 6. ed.- São Paulo: Saraiva, 2016, p. 102. www.adverum.com.br 2 Grupo CERS ONLINE Vale frisar, nesse aspecto, que aquele conceito arcaico de que a Jurisdição é apenas o poder de o Estado “dizer o direto” diante do caso concreto perdeu a força e não condiz com a nova sistemática da ciência processual, principalmente, após a vigência do Novo Código de Processo Civil (Lei 13.105/2015). Segundo Cassio Scarpinella Bueno, em seu Manual de Direito Processual Civil, é incorreto associar a função jurisdicional com o papel de o Poder Judiciário “dizer o direito”, como se o magistrado se limitasse, sempre e invariavelmente, a revelar o direito preexistente ao caso concreto2, isso significa dizer que não se deve tratar o juiz como verdadeiro “boca da lei”, mas sim, deve o Estado-juiz realizar concretamente o direito, o que, justamente, depreendemos da redação do Art. 4º, do CPC/2015, vejamos: Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa. Por outra faceta e no intuito de adequar o conceito de Jurisdição às diversas transformações pelas quais o Estado passou, Fredie Didier, no Curso de Direito Processual Civil I, considera que: “A jurisdição é a função atribuída a terceiro imparcial (a) de realizar o Direito de modo imperativo (b) e criativo (reconstrutivo) (c), reconhecendo/efetivando/protegendo situações jurídicas (d) concretamente deduzidas (e), em decisão insuscetível de controle externo (f) e com aptidão para tornar-se indiscutível (g)”3. O conceito acima exposto reflete os vários fatores responsáveis pelo atual modelo de Estado, tais como: a força normativa da Constituição, propulsora do denominado Neoprocessualismo/Formalismo Valorativo que, por seu turno, visa adequar o processo civil aos preceitos constitucionais fundamentais; a valorização, por parte do Legislador, da técnica das cláusulas gerais processuais, a qual abre espaço para o papel criativo do juiz frente ao caso 2BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil: inteiramente estruturado à luz do novo CPC, de acordo com a Lei n. 13.256, de 4-2- 2016/Cassio Scarpinella Bueno. - 2. ed. rev., atual. eampl. – São Paulo: Saraiva, 2016, p. 72. 3DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processualcivil, parte geral e processo de conhecimento/Fredie Didier Jr. - 17. ed. - Salvador: Ed. Jus Podivm, 2015, p. 153. www.adverum.com.br 3 Grupo CERS ONLINE concreto; a criação de agências reguladoras, dotadas de função executiva, legislativa e judicante, dentre outros. Por fim, saliente-se que a Jurisdição distingue-se das demais funções essenciais ao Estado (Legislativa e Administrativa) devido a certas características, as quais passaremos a analisar adiante. 1.3. Características Podemos elencar como características da jurisdição: a) Substitutividade: a vontade do Estado-Juiz, o Poder Judiciário, substitui a vontade das partes na resolução dos litígios, motivo pelo qual, aquele deve, no exercício de sua função jurisdicional, ser imparcial, garantindo- se, dessa forma, a pacificação do conflito que as envolve. Como afirma Fredie Didier é a chamada técnica de solução de conflitos por heterocomposição4. b) Imperatividade: a decisão do Estado-Juiz tem caráter coativo, ou seja, é imposta aos litigantes, de modo que estes devem cumpri-la, a fim de se ver satisfeita a decisão proferida. c) Definitividade: é a determinação de que as decisões judiciais, quando preenchidos certos requisitos, adquirem o caráter de imutabilidade, não podendo ser mais discutidas, uma vez que se está diante da chamada coisa julgada. É incorreto afirmar que só haverá jurisdição se houver coisa julgada, pois o legislador ordinário pode, por exemplo, em certas hipóteses, não submeter certas decisões à coisa julgada, tendo em mente que esta representa uma opção política do Estado5. 4DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processualcivil, parte geral e processo de conhecimento/Fredie Didier Jr. - 17. ed. - Salvador: Ed. Jus Podivm, 2015, p. 154. 5______. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processualcivil, parte geral e processo de conhecimento/Fredie Didier Jr. - 17. ed. - Salvador: Ed. Jus Podivm, 2015, p. 163. www.adverum.com.br 4 Grupo CERS ONLINE d) Inafastabilidade: característica intimamente ligada ao acesso à justiça, visto que o controle jurisdicional não pode ser evitado ou sofrer mitigações, conforme preceito disposto no art. 5º, XXXV, da Constituição Federal de 1988 “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito” e reproduzido no Art. 3º, caput, do CPC/2015 “Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito”. e) Indelegabilidade: o exercício da função jurisdicional somente pode ser exercido pelo Poder Judiciário, não podendo ser delegado, sob pena de violação ao princípio do juiz natural (o qual será estudado mais à frente). f) Inércia: pode-se afirmar que é uma característica garantidora da imparcialidade do julgador, posto que os envolvidos no conflito têm a incumbência de provocar a função jurisdicional do Estado, a fim de ver solucionado o conflito no qual estão envolvidos. Conforme lição de Marcus Vinícius R. Gonçalves “A função jurisdicional não se movimenta de ofício, mas apenas por provocação dos interessados”6.Ressalte-se, por fim, que, uma vez iniciado o processo, o Estado se torna o maior interessado em ver o litígio solucionado, visto que ele é o responsável pela manutenção da paz social, dessa forma, deve conduzir a marcha processual de maneira justa e efetiva, através do denominado Impulso Oficial. g) Investidura: é a determinação de que somente exerce a jurisdição aquele ocupante de cargo de juiz, regularmente investido nessa função. h) Monopólio do Estado: a atividade jurisdicional é um verdadeiro monopólio do Estado. Embora se permita às partes, em certos casos, a eleição de pessoas capazes de solucionar a lide que as envolve, como se vislumbra na convenção de arbitragem. i) Lide: apesar da celeuma no sentido de não a considerar como característica, a doutrina clássica defendia que ela era característica da jurisdição, pois o principal papel desta última seria solucioná-la. 1.4. Espécies Preliminarmente, insta dizer que a Jurisdição é UNA e abrange todo e qualquer litígio referente ao direito, todavia, por razões didáticas, ela apresenta algumas classificações, vejamos: I – Jurisdição Contenciosa: é aquela em que há uma lide, isto é, um conflito de interesse qualificado por uma pretensão resistida, a qual deve ser solucionada pelo Poder Judiciário. Destarte, uma das partes busca obter uma determinaçãojudicial no intuito de obrigar a parte contrária. 6GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado/ Marcus Vinicius Rios Gonçalves; coordenador Pedro Lenza. - 6. ed.- São Paulo: Saraiva, 2016, p. 104. www.adverum.com.br 5 Grupo CERS ONLINE Além disso, tendo em vista que a sentença decide uma situação conflituosa, ela sempre favorece uma das partes. II – Jurisdição Voluntária: é aquela em que NÃO há uma lide ou, em caso de existência de uma situação conflituosa, esta não é objeto imediato da apreciação judicial. Assim, a parte busca uma determinação judicial que valha para ela mesma. Ademais, é possível que a sentença favoreça ambas as partes. A doutrina costuma dizer que, através da jurisdição voluntária, realiza-se a administração pública de interesses privados. 1.4.1. Problemática da Jurisdição Voluntária A problemática em questão reside no fato de que a doutrina vem considerando que os atos da jurisdição voluntária não podem ser caracterizados como atos jurisdicionais, porque: Busca-se a constituição de situações jurídicas novas e não a atuação do direito; Não há o caráter substitutivo próprio da atividade jurisdicional; O objeto da jurisdição voluntária não é uma lide, mas sim um negócio com a participação do magistrado. Por último, devemos prestar nos atentar na lição da doutrina no sentido de que “A jurisdição voluntária não serve para que o juiz diga quem tem razão, mas para que tome determinadas providências que são necessárias para a proteção de um ou ambos os sujeitos da relação processual”7. III – Jurisdição Penal: está ligada a toda causa penal e a pretensões punitivas submetidas ao Estado. IV – Jurisdição Civil: está ligada a toda jurisdição não penal. Como ensina Humberto Theodoro Júnior “Aquilo que não couber na jurisdição penal e nas jurisdições especiais será alcançado pela jurisdição civil, pouco importando que a lide verse sobre direito material público(constitucional, administrativo etc.) ou privado (civil ou comercial)”8. Sobre o tema o art. 13 do CPC/2015 disciplina: 7GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado/ Marcus Vinicius Rios Gonçalves; coordenador Pedro Lenza. - 6. ed.- São Paulo: Saraiva, 2016, p. 104. 8THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Teoria geral do direito processual civil, processo de conhecimento e procedimento www.adverum.com.br 6 Grupo CERS ONLINE Art. 13. A jurisdição civil será regida pelas normas processuais brasileiras, ressalvadas as disposições específicas previstas em tratados, convenções ou acordos internacionais de que o Brasil seja parte. V – Jurisdição Especial: abarca a solução de litígios trabalhistas, militares e eleitorais. VI – Jurisdição Comum: representa a chamada competência supletiva, pois é competente para solucionar todo e qualquer conflito que não for de competência especial. VII – Jurisdição Superior: é aquela competente para reexaminar as decisões proferidas por órgãos jurisdicionais de hierarquia inferior. VIII – Jurisdição Inferior: é aquela em que as decisões proferidas estão submetidas à análise por outro órgão jurisdicional de hierarquia superior. 1.5. Princípios A função jurisdicional deve ser exercida através do respeito aos seguintes princípios fundamentais: a) Princípio do Juiz Natural: determina que a função jurisdicional deve ser exercida apenas pelo órgão a que a Constituição reservou a parcela do poder jurisdicional. Nesse ponto, insta salientar a regra da VEDAÇÃO ao denominado Tribunal de Exceção, isto é, a criação de juízes ou tribunais para o julgamento de certas causas. b) Princípio da improrrogabilidade: determina que os limites da jurisdição estão previstos na constituição Federal, razão pela qual, não se permite ao legislador ordinário reduzi-los ou ampliá-los. c) Princípio da Indeclinabilidade: determina que o Órgão Jurisdicional tem o dever de uma vez provocado, prestar a tutela jurisdicional. É a famosa vedação ao Non Liquet, prevista no caput do art. 140, do CPC/2015. d) Princípio da Aderência Territorial: determina que todo juiz ou órgão judicial está adstrito a certa circunscrição territorial, na qual deve exercer a sua parcela do poder jurisdicional, conforme estabelecido na Constituição ou nas leis de organização judiciária. 1.6. Estrutura Constitucional comum – vol. I/Humberto Theodoro Júnior. 56. ed. rev., atual. eampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2015, p. 143. www.adverum.com.br 7 Grupo CERS ONLINE Nesse ponto, futuro Delegado, deve-se dar muita atenção aos Arts. 92- 126 da Constituição Federal de 1988, os quais tratam do Poder Judiciário e são de LEITURA OBRIGATÓRIA. 1.7. Equivalentes Jurisdicionais São formas alternativas de solução dos conflitos. Pode-se afirmar que os principais são: autotutela, autocomposição e arbitragem. A respeito da arbitragem, existe uma celeuma relativa à discussão se ela representa um equivalente jurisdicional ou o próprio exercício de jurisdição por autoridade não-estatal. A título de exemplo, Fredie Didier considera ser ela um verdadeiro exercício de jurisdição, por isso, aduz que: “[...] a arbitragem, no Brasil, não é equivalente jurisdicional: é propriamente jurisdição, exercida por particulares, com autorização do Estado e como consequência do exercício do direito fundamental de autorregramento (autonomia privada)”9. (DIDIER, 2015, p. 172). Em sentido contrário, Luiz Guilherme Marinoni defende que a jurisdição somente é exercida por pessoa investida do poder jurisdicional nos moldes da Constituição Federal. Ponto de vista esse defendido, também, por Cassio Scarpinella Bueno, vejamos: “De outra parte, não consigo concordar, com o devido respeito de variados especialistas e estudiosos do tema, que a arbitragem tenha caráter jurisdicional. Principalmente porque ela que não possui e nem tem aptidão de possuir a imperatividade inerente àquela outra classe, o que não significa dizer que não seja possível à lei equipará-la a um ato jurisdicional, como, 9DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processualcivil, parte geral e processo de conhecimento/Fredie Didier Jr. - 17. ed. - Salvador: Ed. Jus Podivm, 2015, p. 154. www.adverum.com.br 8 Grupo CERS ONLINE inequivocamente, faz o inciso VII do art. 515 do CPC de 2015, seguindo, no particular, o caminho já traçado pela sua lei de regência, a Lei n. 9.307/1996”10. • Autotutela: ocorre quando uma das partes, no intento de ver satisfeita sua vontade, utiliza-se da própria força para solucionar o conflito de maneira parcial e egoísta. Ademais, o ordenamento jurídico, em regra, veda o exercício da autotutela, tratando-a, inclusive, como crime: exercício arbitrário das próprias razões, art. 345 do Código Penal (se for um particular) e exercício arbitrário ou abuso de poder (se for o Estado). Entretanto, o próprio ordenamento jurídico brasileiro traz exceções em que é permitido se utilizar do instituto em estudo, é o caso da Legítima Defesa (art. 188, I, do CC), do desforço imediato no esbulho (art. 1.210, §1º do CC), do direito de greve, do direito de retenção, doestado de necessidade, do privilégio do poder público de executaros seus próprios atos,da guerra, dentre outras. Em respeito ao princípio da inafastabilidade (art. 5º, XXXV, da Constituição Federal de 1988 e art. 3º, caput, do CPC/2015), todo e qualquer exercício da autotutela está submetido ao controle posterior judicial. • Autocomposição: é o legítimo meio de solução pacífica dos conflitos, pois, ocorre quando a própria parte, espontaneamente, sacrifica, total ou parcial, seu interesse com o fito de ver solucionado o litígio, podendo ocorrer dentro do processo jurisdicional ou fora dele. A doutrina mais atual vem considerando como um verdadeiro princípio o “estímulo da solução por autocomposição” (DIDIER, 2015, p. 166). Além disso, são consideradas espécies de autocomposição: - a transação: quando os conflitantes solucionam o conflito por meio de concessões mútuas; - a submissão: quando um dos conflitantes abre mão de seus interesses em prol da pretensão do outro e, consequentemente, da solução do conflito. Vale a menção de que, em sede judicial, quando a submissão é feita pelo autor, está- se diante da renúncia (art. 487, III, "c", do CPC/2015), quando é feita pelo réu, 10BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil: inteiramente estruturado à luz do novo CPC, de acordo com a Lei n. 13.256, de 4-2- 2016/CassioScarpinella Bueno. - 2. ed. rev., atual. eampl. – São Paulo: Saraiva, 2016, p.. www.adverum.com.br 9 Grupo CERS ONLINE está-se diante do reconhecimento da procedência do pedido (art. 487, III, "a", CPC/2015). Ainda no que tange ao incentivo à autocomposição, o Novo Código de Processo Civil: - trata um capítulo inteiro sobre a mediação e a conciliação (arts. 165-175, os quais são de leitura obrigatória!); - traz a necessidade de tentativa de conciliação como ato anterior ao oferecimento da defesa pelo réu (arts. 334 e 695); - permite a homologação judicial de acordo extrajudicial de qualquer natureza (art. 515, III; art. 725, VIII); - permite que, no acordo judicial, seja incluída matéria estranha ao objeto litigioso do processo (art. 515, §2º); - permite acordos processuais atípicos, desde que sobre o processo (art. 190). • Arbitragem: ocorre quando as partes, facultativamente, elegem uma terceira pessoa, de sua confiança, para solucionar, de maneira amigável e “imparcial”, o conflito relacionado a direitos disponíveis. A Lei que regulamenta o instituto em análise é a de n. 9.307/1996. Conforme dispõe o art. 3º da referida lei, a arbitragem pode ser constituída através de um negócio jurídico, denominado convenção de arbitragem, que engloba tanto a cláusula compromissória quanto o compromisso arbitral, vejamos: - a cláusula compromissória: Art. 4º A cláusula compromissória é a convenção através da qual as partes em um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que possam vir a surgir, relativamente a tal contrato. § 1º A cláusula compromissória deve ser estipulada por escrito, podendo estar inserta no próprio contrato ou em documento apartado que a ele se refira. § 2º Nos contratos de adesão, a cláusula compromissória só terá eficácia se o aderente tomar a iniciativa de instituir a arbitragem ou concordar, expressamente, com a sua instituição, desde que por escrito em documento anexo ou em negrito, com a assinatura ou visto especialmente para essa cláusula. - o compromisso arbitral: Art. 9º O compromisso arbitral é a convenção através da qual as partes submetem um litígio à arbitragem de uma ou mais pessoas, podendo ser judicial ou extrajudicial. § 1º O compromisso arbitral judicial celebrar-se-á por termo nos autos, perante o juízo ou tribunal, onde tem curso a demanda. § 2º O compromisso arbitral extrajudicial será celebrado por escrito particular, assinado por duas testemunhas, ou por instrumento público. www.adverum.com.br 10 Grupo CERS ONLINE Em causas de natureza penal, NÃO se admite o instituto da arbitragem. Já no âmbito trabalhista, admite-se a arbitragem, isso devido à Emenda Constitucional n. 45/2004 que a consagrou no art. 114, §§ 1º e 2º, CF/88. QUESTÃO 1: Jurisdição No que tange às normas processuais civis referentes à jurisdição, julgue o item que se segue: Do ponto de vista da Teoria da Substituição, a vontade do Estado-Juiz substitui a vontade das partes. Nesse sentido, a jurisdição voluntária se apresenta predominantemente como ato substitutivo da vontade das partes. GABARITO COMENTADO: Item INCORRETO. Não obstante ser correto o que se afirma a respeito da Teoria da Substituição, como vimos no ponto 1.4.1., a jurisdição voluntária não apresenta o caráter substitutivo, uma vez que o juiz se insere entre os participantes do negócio jurídico sem excluir as atividades das partes. JURISDIÇÃO 1.1. Natureza Teoria Organicista: determina que o ato jurisdicional é assim qualificado devido ao Órgão que o emite. Todavia, sabemos que os referidos órgãos também emitem os denominados atos administrativos, motivo pelo qual essa teoria não é aceita. Teoria Subjetiva: determina que a jurisdição tem por fim a tutela de direitos subjetivos violados, aplicando a lei ao caso www.adverum.com.br 11 Grupo CERS ONLINE concreto. A doutrina critica tal teoria, uma vez que é possível a tutela jurisdicional mesmo que não haja direito subjetivo violado. Teoria Objetiva: determina que a jurisdição deve assegurar a vigência do direito, o qual é aplicado em cada caso concreto. Podemos perceber dessa teoria que há uma impossibilidade de separação dos atos administrativos daqueles denominados judiciais, razão pela qual é bastante criticada. Teoria da Substituição: determina que a vontade do Estado-Juiz substitui a vontade das partes através da atividade jurisdicional. 1.2. Conceito - Para Marcus Vinícius R. Gonçalves, é a “Função do Estado, pela qual ele, no intuito de solucionar os conflitos de interesse em caráter coativo, aplica a lei geral e abstrata aos casos concretos que lhe são submetidos”. - Para Fredie Didier, é “a função atribuída a terceiro imparcial (a) de realizar o Direito de modo imperativo (b) e criativo (reconstrutivo) (c), reconhecendo/efetivando/protegendo situações jurídicas (d) concretamente deduzidas (e), em decisão insuscetível de controle externo (f) e com aptidão para tornar-se indiscutível (g)”. 1.3. Características a) Substitutividade: é a noção de que a vontade do Estado-juiz substitui a vontade das partes na resolução dos litígios. b) Imperatividade: a decisão do Estado-juiz tem caráter coativo. c) Definitividade: as decisões judiciais, quando preenchidos certos requisitos, adquirem o caráter de imutabilidade d) Inafastabilidade: o controle jurisdicional não pode ser evitado ou sofrer mitigações, conforme preceito disposto no art. 5º, XXXV, da CF/88 e reproduzido no Art. 3º, caput, do CPC/2015. e) Indelegabilidade: o exercício da função jurisdicional somente pode ser exercido pelo Poder Judiciário. f) Inércia: é uma característica garantidora da imparcialidade do julgador. g) Investidura: é a determinação de que somente exerce a jurisdição aquele ocupante de cargo de juiz. www.adverum.com.br 12 Grupo CERS ONLINE h) Monopólio do Estado: a atividade jurisdicional é um verdadeiro monopólio do Estado. i) Lide: é o conflito de interesse qualificado por umapretensão resistida. 1.4. Espécies I – Jurisdição Contenciosa: é aquela em que há uma lide. II – Jurisdição Voluntária: é aquela em que NÃO há uma lide ou, em caso de existência de uma situação conflituosa, esta não é objeto imediato da apreciação judicial. III – Jurisdição Penal: está ligada a toda causa penal e a pretensões punitivas submetidas ao Estado. IV – Jurisdição Civil: está ligada a toda jurisdição não penal. Art. 13, do CPC/2015. V – Jurisdição Especial: abarca a solução de litígios trabalhistas, militares e eleitorais. VI – Jurisdição Comum: representa a chamada competência supletiva. VII – Jurisdição Superior: reexamina as decisões proferidas por órgãos jurisdicionais de hierarquia inferior. VIII – Jurisdição Inferior: as decisões proferidas estão submetidas à análise por outro órgão jurisdicional de hierarquia superior. 1.4.1. Problemática da Jurisdição Voluntária Na jurisdição voluntária: Busca-se a constituição de situações jurídicas novas e não a atuação do direito; Não há o caráter substitutivo próprio da atividade jurisdicional; O seu objeto não é uma lide, mas sim um negócio com a participação do magistrado. 1.5. Princípios a) Princípio do Juiz Natural: a função jurisdicional deve ser exercida apenas pelo órgão a que a Constituição reservou parcela do poder jurisdicional. b) Princípio da improrrogabilidade: os limites da jurisdição estão previstos na constituição Federal. c) Princípio da Indeclinabilidade: o Órgão Jurisdicional tem o dever de, uma vez provocado, prestar a tutela jurisdicional. Art. 140 do CPC/2015 (vedação ao Non Liquet). d) Princípio da Aderência Territorial: determina que todo juiz ou órgão judicial está adstrito a certa circunscrição territorial. www.adverum.com.br 13 Grupo CERS ONLINE 1.6. Estrutura Constitucional Vide Arts. 92-126 da Constituição Federal de 1988. 1.7. Equivalentes Jurisdicionais • Autotutela: ocorre quando uma das partes, no intento de ver satisfeita sua vontade, utiliza-se da própria força para solucionar o conflito de maneira parcial e egoísta. • Autocomposição: ocorre quando a própria parte, espontaneamente, sacrifica, total ou parcial, seu interesse com o fito de ver solucionado o litígio. • Arbitragem: ocorre quando as partes, facultativamente, elegem uma terceira pessoa, de sua confiança, para solucionar, de maneira amigável e “imparcial”, o conflito relacionado a direitos disponíveis. 2. JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL DAS LIBERDADES E SEUS PRINCIPAIS MECANISMOS 2.1. Habeas Corpus Tem previsão no Art. 5º, LXVIII da CF/88, segundo o qual “conceder-se- á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”. Podemos considerar, assim, que o remédio constitucional em tela serve apenas para salvaguardar o direito de locomoção. Majoritariamente, entende-se que o habeas corpus possui natureza de ação constitucional gratuita e de natureza penal, ademais, o writ dispensa a constituição de advogado. Pode ser impetrado de forma: Preventiva (ou salvo-conduto): para evitar o constrangimento ilegal resultante de violência ou ameaça à liberdade de locomoção; Repressiva (ou liberatório): para as situações em que é subtraída ilegalmente a liberdade de locomoção do indivíduo. Vale dizer que o habeas corpus pode ser impetrado em benefício próprio ou de terceiro. Além disso, possui legitimidade universal. No que tange à legitimidade passiva, temos que podem figurar: o agente público (delegado de polícia, juiz, etc.), assim como um particular (clínicas, hospitais, por exemplo). Em relação ao não cabimento, a CF/88 traz uma única exceção, que está ligada à impossibilidade de impetração do remédio frente às sanções disciplinares militares. Apesar disso, o candidato deve tomar cuidado nas diversas decisões do STF a respeito da matéria, determinando que a mencionada exceção circunscreve-se ao exame de mérito do ato, podendo, todavia, a legalidade da imposição de punição constritiva da liberdade, em www.adverum.com.br 14 Grupo CERS ONLINE procedimento administrativo castrense, ser discutida por meio de habeas corpus (STF, RHC 88.543). A quem compete julgar habeas corpus de decisão de turma recursal? No julgamento do HC 86.834/SP, o Plenário do STF reformulou a sua orientação jurisprudencial no sentido de que compete ao Tribunal de Justiça (ou ao Tribunal Regional Federal, quando for o caso), e não ao STF, a atribuição jurisdicional para apreciar, originariamente, pedido de habeas corpus impetrado contra decisão de Turma Recursal estruturada no âmbito dos Juizados Especiais (verdadeira superação do entendimento anterior exposado na súmula 690 do STF). Abaixo seguem as principais súmulas a respeito do habeas corpus: Súmula 691 do STF: “Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado contra decisão do Relator que, em habeas corpus requerido a tribunal superior, indefere a liminar.” Súmula 692 do STF: “Não se conhece de habeas corpus contra omissão de relator de extradição, se fundado em fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava dos autos, nem foi ele provocado a respeito.” Súmula 693 do STF: “Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.” Súmula 694 do STF: “Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.” Súmula 695 do STF: “Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade.” www.adverum.com.br 15 Grupo CERS ONLINE 2.2. Habeas Data Nos termos do Art. 5º, inciso LXXII, da CF/88: “Conceder-se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo É importante mencionar que o rito processual do presente remédio constitucional está regulado na Lei Federal nº 9.507/97, a qual merece uma leitura atenciosa. Em relação à legitimidade ativa, temos que qualquer pessoa física ou jurídica pode impetrar habeas data, inclusive os entes despersonalizados: massa falida, herança jacente, espólio, sociedade de fato, condomínio etc. São legitimados passivos: tanto as entidades governamentais, quanto às pessoas jurídicas de direito privado que prestem serviço de interesse público. Nos moldes do Art. 8º da Lei 9.507/97, o HD só será aceito após ter o impetrante esgotado todas as vias administrativas. A respeito do tema, a Súmula 02 do STJ preceitua que “não cabe o habeas (CF, art. 5º LXXII , letra a)data se não houve recusa de informações por parte da autoridade administrativa”. 2.3. Mandado de Segurança Sobre o tema, o candidato deve tomar CUIDADO naquelas matérias novas, isto é, nas mudanças advindas com a vigência da Lei n. 13.105/2015. O Mandado de Segurança é regido pela Lei 12.016/2009. A CF/88 estabelece que é uma ação que visa a proteger direitos líquidos e certos contra ato de autoridade ou de quem exerça funções públicas (Art. 5º, LXIX, da CF/88). As hipóteses de cabimento do Mandado de Segurança estão previstas nocaput do Art. 1º da Lei 12.016/2009, vejamos: “Art. 1º Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.” Por direito líquido e certo entenda todo aquele que não exige dilação probatória. www.adverum.com.br 16 Grupo CERS ONLINE Ademais, pode ser impetrado tanto por pessoa física como por pessoa jurídica. Abaixo seguem as principais súmulas a respeito do mandado de segurança: Súmula 101 do STF: “O mandado de segurança não substitui a ação popular.” Súmula 248 do STF: “É competente, originariamente, o Supremo Tribunal Federal, para mandado de segurança contra ato do Tribunal de Contas da União.” Súmula 266 do STF: “Não cabe mandado de segurança contra lei em tese.” Súmula 267 do STF: “Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição.” Súmula 268 do STF: “Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em julgado.” Súmula 269 do STF: “O mandado de segurança não é substitutivo de ação de cobrança.” Súmula 270 do STF: “Não cabe mandado de segurança para impugnar enquadramento da L. 3.780, de 12.7.60, que envolva exame de prova ou de situação funcional complexa.” Súmula 271 do STF: “Não cabe mandado de segurança para impugnar enquadramento da L. 3.780, de 12.7.60, que envolva exame de prova ou de situação funcional complexa.” Súmula 405 do STF: “Denegado o mandado de segurança pela sentença, ou no julgamento do agravo, dela interposto, fica sem efeito a liminar concedida, retroagindo os efeitos da decisão contrária.” Súmula 433 do STF: “Denegado o mandado de segurança pela sentença, ou no julgamento do agravo, dela interposto, fica sem efeito a liminar concedida, retroagindo os efeitos da decisão contrária.” Súmula 510 do STF: “Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada, contra ela cabe o mandado de segurança ou a medida judicial.” Súmula 623 do STF: “Não gera por si só a competência originária do Supremo Tribunal Federal para conhecer do mandado de segurança com base no art. 102, I, n, da Constituição, dirigir-se o pedido contra deliberação administrativa do tribunal de origem, da qual haja participado a maioria ou a totalidade de seus membros.” Súmula 624 do STF: “Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer originariamente de mandado de segurança contra atos de outros tribunais.” www.adverum.com.br 17 Grupo CERS ONLINE Súmula 625 do STF: “Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de mandado de segurança.” Súmula 626 do STF: “A suspensão da liminar em mandado de segurança, salvo determinação em contrário da decisão que a deferir, vigorará até o trânsito em julgado da decisão definitiva de concessão da segurança ou, havendo recurso, até a sua manutenção pelo Supremo Tribunal Federal, desde que o objeto da liminar deferida coincida, total ou parcialmente, com o da impetração.” Súmula 627 do STF: “No mandado de segurança contra a nomeação de magistrado da competência do Presidente da República, este é considerado autoridade coatora, ainda que o fundamento da impetração seja nulidade ocorrida em fase anterior do procedimento.” Súmula 629 do STF: “A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados independe da autorização destes.” Súmula 701 do STF: “No mandado de segurança impetrado pelo Ministério Público contra decisão proferida em processo penal, é obrigatória a citação do réu como litisconsorte passivo.” Súmula 202 do STJ: “A impetração de segurança por terceiro, contra ato judicial, não se condiciona a interposição de recurso.” Súmula 213 do STJ: “O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do direito à compensação tributária.” Súmula 333 do STJ: “Cabe Mandado de Segurança contra ato praticado em licitação promovida por sociedade de economia mista ou empresa pública.” Súmula 376 do STJ: “Compete a turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra ato de juizado especial.” Súmula 460 do STJ: “É incabível o Mandado de Segurança para convalidar a compensação tributária realizada pelo contribuinte.” 2.4. Ação Popular Conforme disciplina o art. 5º, LXXIII, da CF/88 “qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência”. Atente-se que somente o cidadão (aquele que se encontra em pleno gozo dos direitos cívicos e políticos) é parte legítima para propor a Ação Popular. Já no que tange à legitimidade passiva, temos que devem figurar: I – as pessoas jurídicas, tanto públicas, quanto privadas, em nome das quais foi praticado o ato ou contrato a ser anulado; II - as autoridades, os funcionários e administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado pessoalmente o ato ou, ainda, que tenha firmado o contrato a ser anulado, ou que, por omissos, permitiram a lesão; e III - os beneficiários diretos do ato ou contrato ilegal. www.adverum.com.br 18 Grupo CERS ONLINE A respeito do cabimento, vale mencionar que não é necessária a comprovação de prejuízo material aos cofres públicos como condição para se propor a ação. Por fim, frise-se que a competência é definida a partir da origem do ato a ser anulado, por exemplo, se emana de uma autoridade de um órgão da União (vide Art. 109, da CF/88), deve a ação ser proposta perante o Juízo Federal. 2.5. Ação Civil Pública Está intimamente ligada à busca da garantia de interesses difusos e coletivos, assim como de direitos individuais homogêneos, sendo regulada na Lei nº 7.347/85. Quanto à legitimidade ativa, o art. 5º da mencionada Lei define que são legítimos: o Ministério Público; a Defensoria Pública; a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista; a associação que, concomitantemente, esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil e inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos, à livre concorrência ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. Por fim, no que tange à legitimidade passiva, são todos aqueles que praticarem condutas que tragam prejuízos aos direitos ambientais, aos direitos dos consumidores, à ordem econômica ou urbanística, a bens e direitos de valor estético, histórico, turístico e paisagístico ou a qualquer outro interesse difuso ou coletivo. 2.6. Ação de Improbidade Administrativa A ação de improbidade tem natureza de ação civil e busca a punição dos agentes públicos e particulares que atuem em colaboração ou que, de alguma forma, obtenham benefícios da atuação do agente, por atos de improbidade. A legitimidade ativa é da Pessoa Jurídica lesada (vide art. 1° da Lei 8.429/92), assim como do Ministério Público. Vale mencionar que, nos casos em que a Ação é proposta pela Pessoa Jurídica lesada, o Ministério Público deve atuar como fiscal da lei. Já nos casos em que aação é proposta pelo Ministério Público, a entidade prejudicada deve atuar no processo como litisconsorte ativa. Quanto à competência, tem-se que a ação deve ser proposta no foro do juízo singular. Por último, frise-se que, uma vez proposta a ação no foro competente, aplica-se o art. 17, §7º da Lei de Improbidade Administrativa, o qual prevê a notificação do acusado para apresentar defesa prévia no prazo de 15 dias, antes de ser proferida decisão pelo juízo acerca do deferimento ou não da petição inicial.Finalizando as considerações gerais a respeito da Ação de improbidade, o candidato deve ter em mente que: I – se o juiz indeferir a petição inicial, caberá APELAÇÃO; II – se o juiz deferiu a petição inicial, caberá AGRAVO. www.adverum.com.br 19 Grupo CERS ONLINE QUESTÃO 2 - (PGE-AM/Procurador/ CESPE/2016/): JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL DAS LIBERDADES E SEUS PRINCIPAIS MECANISMOS Julgue o item subsequente, relativo a ação civil pública, mandado de segurança e ação de improbidade administrativa. Conforme o entendimento do STJ, é cabível mandado de segurança para convalidar a compensação tributária realizada, por conta própria, por um contribuinte. GABARITO COMENTADO: Item INCORRETO. Nos moldes da Súmula 460 do STJ, “É INCABÍVEL o Mandado de Segurança para convalidar a compensação tributária realizada pelo contribuinte”. JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL DAS LIBERDADES E SEUS PRINCIPAIS MECANISMOS 2.1. Habeas Corpus - Vide Art. 5º, LXVIII da CF/88; - Pode ser impetrado de forma: Preventiva (ou salvo-conduto): para evitar o constrangimento ilegal resultante de violência ou ameaça à liberdade de locomoção; Repressiva (ou liberatório): para as situações em que é subtraída ilegalmente a liberdade de locomoção do indivíduo. - Vide Súmulas: 691, 692, 693, 694 e 695, todas do STF: 2.2. Habeas Data - Vide Art. 5º, inciso LXXII, da CF/88; - Vide Lei Federal nº 9.507/97; - Vide Súmula 02 do STJ. www.adverum.com.br 20 Grupo CERS ONLINE 2.3. Mandado de Segurança - É uma ação que visa a proteger direitos líquidos e certos contra ato de autoridade ou de quem exerça funções públicas (Art. 5º, LXIX, da CF/88). - hipóteses de cabimento (Art. 1º da Lei 12.016/2009). 2.4. Ação Popular - Vide Art. 5º, LXXIII, da CF/88. - Legitimidade ativa: qualquer cidadão; - Legitimidade passiva: I – pessoas jurídicas, tanto públicas, quanto privadas, em nome das quais foi praticado o ato ou contrato a ser anulado; II - as autoridades, os funcionários e administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado pessoalmente o ato ou, ainda, que tenha firmado o contrato a ser anulado, ou que, por omissos, permitiram a lesão; e III - os beneficiários diretos do ato ou contrato ilegal. - A competência é definida a partir da origem do ato a ser anulado. 2.5. Ação Civil Pública - busca a garantia de interesses difusos e coletivos, assim como de direitos individuais homogêneos, sendo regulada na Lei nº 7.347/85. - legitimidade ativa: o Ministério Público; a Defensoria Pública; a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista; a associação que, concomitantemente, esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil e inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos, à livre concorrência ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. - Legitimidade passiva: todos aqueles que praticarem condutas que tragam prejuízos aos direitos ambientais, aos direitos dos consumidores, à ordem econômica ou urbanística, a bens e direitos de valor estético, histórico, turístico e paisagístico ou a qualquer outro interesse difuso ou coletivo. 2.6. Ação de Improbidade Administrativa - natureza de ação civil e busca a punição dos agentes públicos e particulares que atuem em colaboração ou que, de alguma forma, obtenham benefícios da atuação do agente, por atos de improbidade. - Legitimidade ativa: Pessoa Jurídica lesada (vide art. 1° da Lei 8.429/92), assim como do Ministério Público. www.adverum.com.br 21 Grupo CERS ONLINE - A ação deve ser proposta no foro do juízo singular. - ATENÇÃO ao Art. 17, §7º da Lei de Improbidade Administrativa, quanto ao procedimento. 3. COMPETÊNCIA 3.1. Conceito A doutrina processual conceitua a competência como sendo a medida da jurisdição, ou seja, o critério de distribuição das atribuições da função jurisdicional entre os vários órgãos judiciários. Para que possa ficar clara a noção de quais os órgãos competentes para o exercício jurisdicional, abaixo está representada a estrutura do Poder Judiciário: Disponível em: <http://www.artigojus.com.br/2012/05/estrutura-do-poder- judiciario.html>. Acesso em 16 de mar. De 2017. Além disso, para indicar o foro competente, classicamente, a competência é dividida em absoluta e relativa, como veremos a seguir. 3.1.1. Competência Absoluta Diz respeito às matérias de ordem pública, as quais NÃO podem ser modificadas pelas partes e podem ser reconhecidas de ofício. Vale mencionar que o art. 337, II, do CPC/2015 determina que ela deve ser alegada nas preliminares da contestação, todavia, não há impedimento de que as partes, em qualquer momento, a aleguem, visto que NÃO está sujeita à preclusão. Como exceção à regra disposta no art. 337, II, do CPC/2015, o art. 63, §3º, do CPC/2015, determina: www.adverum.com.br 22 Grupo CERS ONLINE Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações. [...] § 3º Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu. O reconhecimento da incompetência absoluta acarreta a nulidade dos atos decisórios praticados até então, de modo que o juízo incompetente deve remeter os autos ao juízo competente. Nesse sentido, mesmo diante de uma sentença transitada em julgado, deve-se ajuizar a Ação Rescisória para ver sanado o vício de incompetência absoluta. Por último, é importante dizer que a competência absoluta está ligada aos critérios material e funcional. 3.1.2. Competência Relativa Diz respeito às matérias de interesse das partes, portanto, podem ser modificadas por estas, podendo, assim, acarretar: a) A prorrogação: ocorre quando, não arguida a incompetência relativa no momento oportuno (por exemplo, quando o réu, na preliminar de contestação, não a alega), esta torna-se competente. b) A derrogação pela eleição de foro: ocorre quando as próprias partes, voluntariamente (através de um contrato), escolhem o foro competente para processar e julgar as demandas oriundas do contrato celebrado, nos moldes do art. 63, do CPC/2015. c) A continência:é tratada no art. 56, do CPC/2015, o qual dispõe: Art. 56. Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, porser mais amplo, abrange o das demais. d) A conexão: ocorre quando há a união de duas ou mais ações em andamento que possuam o mesmo pedido ou causa de pedir, com o fito de evitar decisões conflitantes e de se garantir a economia processual. Vide o disposto no art. 55, do CPC/2015. Ressalte-se, ainda, que não podem ser reconhecidas de ofício, nos moldes da Súmula 33, do Superior Tribunal de Justiça, a qual dispõe “A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício”. www.adverum.com.br 23 Grupo CERS ONLINE Assim como ocorre na incompetência absoluta, a incompetência relativa também deve ser arguida em preliminar de contestação (art. 337, II, do CPC/2015), entretanto, está sujeita à preclusão. ATENÇÃO: Em nenhuma ocasião a incompetência relativa acarretará a nulidade da sentença, pois quando não invocada no momento oportuno, gerará o fenômeno da prorrogação de competência, já explicitado acima. Por fim, insta frisar que a competência relativa está ligada aos critérios do valor da causa e territorial. 3.2. Critérios para a fixação de competência Nesse ponto do estudo, há de se fazer menção às valiosas lições de Giuseppe Chiovenda, citado por Marcus Vinicius R. Gonçalves, no sentido de estabelecer os critérios, voltados ao legislador, para a apuração de competência: "1° Critério objetivo; 2° Critério funcional; 3° Critério territorial. Extrai-se o critério objetivo ou do valor da causa (competência por valor) ou da natureza da causa (competência por matéria)... O critério funcional extrai-se da natureza especial e das exigências especiais das funções que se chama o magistrado a exercer num processo... O critério territorial relaciona-se com a circunscrição territorial designada à atividade de cada órgão jurisdicional."11 3.3. Principais regras de competência de foro Muita atenção ao subtópico em análise, pois, dele decorre a grande maioria das questões relativas à competência de foro. Aqui, há uma enorme contribuição para a sistematização do estudo refletida no quadro-resumo desenvolvido por GONÇALVES, em seu Livro Direito Processual Civil Esquematizado12, conforme se segue: 11_______. Direito processual civil esquematizado/ Marcus Vinicius Rios Gonçalves; coordenador Pedro Lenza. - 6. ed.- São Paulo: Saraiva, 2016, p.177. 12GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado/ Marcus Vinicius Rios Gonçalves; coordenador Pedro Lenza. - 6. ed.- São Paulo: Saraiva, 2016, p. 134. www.adverum.com.br 24 Grupo CERS ONLINE Tipo de Ação Foro Competente Caráter da Regra - Ações pessoais e reais sobre bens móveis. ◘ Foro do domicílio do réu (art. 46, CPC/15). Relativo. - Ações reais imobiliárias (incluindo possessórias e adjudicações compulsórias). ◘ Foro de situação do imóvel (art. 47, CPC/15). Absoluto, exceto se a ação não versar sobre propriedade, posse, vizinhança, servidão, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova. - Ação de inventário, partilha e arrecadação, bem como as que envolvam o cumprimento de disposições de última vontade, impugnação ou anulação de partilha extrajudicial, ou em que o espólio for réu. ◘ Foro do domicílio do autor da herança no Brasil; se ele não possuía domicílio certo, o da situação dos bens imóveis; se havia bens imóveis em lugares diversos, em qualquer deles; se não havia imóveis, o foro do local de qualquer bem do espólio (art. 48, do CPC/15). Relativo. - Ações de separação, divórcio, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de união estável. ◘ Foro do domicílio do guardião do filho incapaz; do último domicílio do casal; ou do domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no último domicílio do casal (art. 53, I, do CPC/15). Relativo. - Ações de alimentos, ainda que cumuladas com investigação de paternidade. ◘ Foro do domicílio do alimentando (art. 53, II, do CPC/15) Relativo. - Ação de reparação de danos em geral. ◘ Foro do lugar do ato ou fato, salvo quando se tratar de relação de consumo, quando a competência será a do domicílio do consumidor (art. 53, IV, “a”, do CPC/15 e art. 101, I, do CDC) Relativo. - Ação de reparação de danos em acidentes de veículo. ◘ Foro do domicílio do autor ou do local do ato ou fato, a Relativo. www.adverum.com.br 25 Grupo CERS ONLINE critério da vítima (art. 53, V, do CPC/15) - Ações em que a União é parte. ◘ Se autora, no domicílio do réu; se ré, o autor poderá propô-la no seu domicílio ou no lugar do ato ou do fato, salvo se a ação for real imobiliária, quando a competência é sempre do foro de situação (art.109, §§ 1º e 2º). O autor pode ainda propor no Distrito Federal. Relativo, salvo se a ação for real imobiliária, quando a competência do foro de situação será absoluta. - Ações em que a Fazenda Pública Estadual é parte. ◘ A fazenda Pública Estadual não tem foro privilegiado. Assim, quando autora, as ações serão propostas no domicílio do réu, e quando ré, no domicílio do autor, no de ocorrência do ato ou fato, no de situação do imóvel ou no Capital do Estado, sempre na vara privativa onde houver. Se a ação for real imobiliária, a competência é sempre do foro de situação do imóvel. Relativo, salvo se a ação for real imobiliária. Ações que guardam vínculo com outras anteriormente propostas. ◘ A competência será do foro e do juízo em que correr a ação anteriormente aforada. Absoluto, por tratar-se de competência funcional. 3.4. Cooperação Internacional A necessidade de cooperação internacional decorre do fenômeno da globalização dos interesses econômicos, assim como do alargamento das comunicações sociais, devido ao avanço tecnológico, razão pela qual, o Estado precisa da cooperação do outro para melhor aplicação da justiça e satisfação de suas decisões. A Lei 13.105/2015 (NCPC) elenca as normas gerais a respeito do tema. Nesse sentido, o art. 26 estabelece que o tratado de que o Brasil for parte regerá a cooperação internacional, além de trazer os requisitos genéricos para tal cooperação, vejamos: Art. 26. A cooperação jurídica internacional será regida por tratado de que o Brasil faz parte e observará: I - o respeito às garantias do devido processo legal no Estado requerente; www.adverum.com.br 26 Grupo CERS ONLINE II - a igualdade de tratamento entre nacionais e estrangeiros, residentes ou não no Brasil, em relação ao acesso à justiça e à tramitação dos processos, assegurando-se assistência judiciária aos necessitados; III - a publicidade processual, exceto nas hipóteses de sigilo previstas na legislação brasileira ou na do Estado requerente; IV - a existência de autoridade central para recepção e transmissão dos pedidos de cooperação; V - a espontaneidade na transmissão de informações a autoridades estrangeiras. § 1o Na ausência de tratado, a cooperação jurídica internacional poderá realizar-se com base em reciprocidade, manifestada por via diplomática. § 2o Não se exigirá a reciprocidade referida no § 1o para homologação de sentença estrangeira. § 3o Na cooperação jurídica internacional nãoserá admitida a prática de atos que contrariem ou que produzam resultados incompatíveis com as normas fundamentais que regem o Estado brasileiro. § 4o O Ministério da Justiça exercerá as funções de autoridade central na ausência de designação específica. Mas, a pergunta que se faz é: como se dará essa cooperação internacional? Três são as maneiras fundamentais para o exercício dessa cooperação: por auxílio direto, por carta rogatória ou pela homologação de sentença estrangeira. a) Por auxílio direto: cabe quando a medida não decorrer diretamente de decisão de autoridade jurisdicional estrangeira a ser submetida a juízo de delibação no Brasil (art. 28, do CPC/2015); b) Por carta rogatória: é procedimento de jurisdição contenciosa, perante o Superior Tribunal de Justiça, e deve assegurar às partes as garantias do devido processo legal (art. 36, do CPC/2015). c) Por homologação de sentença estrangeira: requerida por ação de homologação de decisão estrangeira, salvo disposição especial em sentido contrário prevista em tratado (art. 960, do CPC/2015). 3.5. Homologação de Sentença Estrangeira É mecanismo pelo qual a autoridade brasileira outorga eficácia à sentença estrangeira que, por conseguinte, poderá ser executada no Brasil. Hoje, a competência para tanto é do Superior Tribunal de Justiça (vide Art. 105, I, i, da CF/88). É importante frisarmos que, sem a referida homologação, a sentença estrangeira é absolutamente ineficaz, ainda que tenha transitado em julgado no exterior. No que diz respeito às normas processuais relativas à Homologação, o futuro Delegado deve ter em mente as disposições expostas nos Arts. 960 a 965 do CPC, os quais são de LEITURA OBRIGATÓRIA! www.adverum.com.br 27 Grupo CERS ONLINE 3.6. Competência da Justiça Federal Em relação ao tema, recomendamos a leitura atenta dos Arts: 106-110 da CF/88 e 45 do CPC. Muito cuidado, futuro Delegado, com a informação relativa às ações previdenciárias no sentido de considerar que, nos foros onde não há vara federal, enquanto esta não for instalada, tais ações serão processadas e julgadas na Justiça Estadual. Vale dizer que os recursos contra as decisões do juiz estadual serão encaminhados ao Tribunal Regional Federal. Atenção também ao disposto na súmula 508 do STF, a qual determina que “compete à Justiça Estadual, em ambas as instâncias, processar e julgar as causas em que for parte o Banco do Brasil S.A”, inclui-se também a Petrobrás, tendo em vista que ambas são sociedades de economia mista federais. Todavia, são de competência da Justiça Federal as ações ajuizadas em face do Banco Central (autarquia), INPI (autarquia) e Caixa Econômica Federal (empresa pública). A quem compete decidir se há ou não interesse da União e entidades federais? Súmula 150 do STJ “Compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justifique a presença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas públicas”. Vale dizer que o próprio STJ tem entendido que, não obstante o teor da súmula 150, o juiz estadual pode indeferir o ingresso da União, se o seu pedido não vier acompanhado de uma fundamentação juridicamente razoável. (Vide acórdão publicado em RSTJ 103/285 relativo ao Recurso Especial n. 114.359-SP, Rei. Min. Ruy Rosado de Aguiar). QUESTÃO 3 - A respeito das regras relativas à jurisdição e competência previstas no CPC, julgue o item que se segue: A nova sistemática de cooperação jurídica internacional prevista no atual CPC dispensa a www.adverum.com.br 28 Grupo CERS ONLINE (TJ-PR/Juiz Substituto/ CESPE/2017/ADAPTA DA): COMPETÊNCIA atuação de autoridade central para a recepção e transmissão dos pedidos de cooperação. GABARITO COMENTADO: Item INCORRETO. Conforme dispõe o Art. 26 do CPC “A cooperação jurídica internacional será regida por tratado de que o Brasil faz parte e observará: IV - a existência de autoridade central para recepção e transmissão dos pedidos de cooperação”. COMPETÊNCIA 3.1. Conceito - É a medida da jurisdição, ou seja, o critério de distribuição das atribuições da função jurisdicional entre os vários órgãos judiciários. 3.1.1. Competência Absoluta Diz respeito às matérias de ordem pública, as quais NÃO podem ser modificadas pelas partes, podendo, porém, ser reconhecidas de ofício e NÃO estão sujeitas à preclusão. - Em razão da matéria e funcional. 3.1.2. Competência Relativa Diz respeito às matérias de interesse das partes, as quais podem ser modificadas por estas (podendo acarretar: prorrogação, derrogação pela eleição de foro, continência e conexão), NÃO podem ser reconhecidas de ofício (Súmula 33/STJ) e estão sujeitas à preclusão. - Em razão do valor da causa e territorial. 3.2. Critérios para a fixação de competência - o critério objetivo ou do valor da causa (competência por valor) ou da natureza da causa (competência por matéria); - o critério funcional extrai-se da natureza especial e das exigências especiais das funções que se chama o magistrado a exercer num processo; www.adverum.com.br 29 Grupo CERS ONLINE - o critério territorial relaciona-se com a circunscrição territorial designada à atividade de cada órgão jurisdicional. 3.4. Cooperação Internacional - Busca a cooperação entre os Estados com o fito de melhor aplicar a justiça e satisfazer as decisões proferidas. - Formas de exercício dessa cooperação: a) Por auxílio direto: (art. 28, do CPC/2015); b) Por carta rogatória: (art. 36, do CPC/2015); c) Por homologação de sentença estrangeira: (art. 960, do CPC/2015). 3.5. Homologação de Sentença Estrangeira - É mecanismo pelo qual a autoridade brasileira outorga eficácia à sentença estrangeira que, por conseguinte, poderá ser executada no Brasil. Hoje, a competência para tanto é do Superior Tribunal de Justiça (vide Art. 105, I, i, da CF/88); - Vide Arts. 960 a 965 do CPC. 3.6. Competência da Justiça Federal - Vide Arts: 106-110 da CF/88 e 45 do CPC; - Vide Súmula 508 do STF; - Vide Súmula 150 do STJ. 4. TUTELAS PROVISÓRIAS 4.1. Conceito Conforme ensina a doutrina, podemos conceituar a tutela provisória como sendo o conjunto de técnicas que permite ao magistrado, após preenchidos determinados pressupostos (que estão em torno da presença da “urgência” ou da “evidência”), prestar a tutela jurisdicional, antecedente ou incidentalmente, com base em decisão instável (motivo do caráter provisório) apta a assegurar e/ou a satisfazer, desde logo, a pretensão do autor13. 13 BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil: inteiramente estruturado à luz do novo CPC, de acordo com a Lei n. 13.256, de 4-2- 2016/Cassio Scarpinella Bueno. - 2. ed. rev., atual. eampl. – São Paulo: Saraiva, 2016, p. 266. www.adverum.com.br 30 Grupo CERS ONLINE A respeito do assunto, devemos dar bastante atenção ao disposto no Livro V da Parte Geral do CPC/2015, o qual é dividido em três Títulos, compreendendo os arts. 294 a 311 (LEITUTRA OBRIGATÓRIA!!). 4.2. Classificações Quanto à fundamentação, a tutela provisória é classificada como: De urgência (dividida em Antecipada e Cautelar)ou De evidência; já quanto ao momento de concessão, classifica-se em: antecedente ou incidental, nos termos do Art. 294 do CPC/2015. 4.2.1. Tutela Provisória de Urgência Nos moldes do art. 300 do CPC: “A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”. Ressalte-se que são requisitos para a concessão da tutela de urgência (seja antecipada, seja cautelar): 1) A probabilidade do direito; e 2) o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. Tragamos à baila para clarear as ideias a informação disposta no Enunciado nº 143 do FPPC (Fórum Permanente de Processualistas Civis): (art. 300, caput) “A redação do art. 300, caput, superou a distinção entre os requisitos da concessão para a tutela cautelar e para a tutela satisfativa de urgência, erigindo a probabilidade e o perigo na demora a requisitos comuns para a prestação de ambas as tutelas de forma antecipada”. Sabendo que os requisitos para a concessão das tutelas de urgência são os mesmo, cabe ao juiz identificar se o pedido é satisfativo (tutela antecipada) ou não satisfativo (tutela cautelar). Nesse particular, ainda que se formule um pedido cautelar no lugar de um antecipado, o juiz não deve indeferir a medida, em respeito ao princípio da FUNGIBILIDADE (Art. 305, parágrafo único, do CPC). 4.2.1.1. Tutela Provisória de Urgência Antecipada É a tutela provisória de natureza satisfativa, a qual permite ao juiz definir antecipadamente os efeitos que, sem ela, somente poderia conceder ao final. É útil, portanto, para afastar uma situação de perigo de prejuízo. Por último, vale www.adverum.com.br 31 Grupo CERS ONLINE frisar que a efetivação da tutela antecipada deve, no que couber, observância às disposições referentes ao cumprimento provisório de sentença (vide art. 297, parágrafo único, do CPC). 4.2.1.2. Tutela Provisória de Urgência Cautelar É a tutela provisória de natureza não satisfativa, visto que o juiz não defere de pronto os efeitos pedidos, mas apenas determina uma medida protetiva, assecuratória, de modo a preservar o direito do autor, em razão do risco relativo à demora no processo, nos moldes do caput do art. 297 do CPC. 4.2.1.3. Tutela Provisória de Urgência Antecedente Ocorre quando a medida é formulada previamente ao pedido principal ou, mesmo sendo apresentado, não o foi completamente. Conforme dispõe o art. 303 do CPC “Nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela final, com a exposição da lide, do direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo”, é a chamada tutela antecipada em caráter antecedente. ATENÇÃO: Não há mais que se falar em processo cautelar, seja incidental ou antecipado, como previa o Livro III do CPC de 1973. 4.2.1.3.1. Estabilização da Tutela Antecipada Antecedente Quando o interesse do autor se satisfaz frente à concessão da tutela antecipada em caráter antecedente e o réu não agrava de instrumento, nem aquele adita a petição inicial, ocorre o fenômeno da ESTABILIZAÇÃO (vide art. 304 do CPC), ou seja, a imutabilidade da autoridade (efeitos) das decisões judiciais. Embora o processo seja extinto sem julgamento do mérito, a decisão liminar permanece produzindo efeitos. Nos moldes do Art. 304, §2º “Qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada nos termos do caput”. 4.2.1.3.2. Estabilização da Tutela e Coisa Julgada Muito cuidado com tais institutos, pois, mesmo sendo duas formas de imutabilidade da autoridade das decisões judiciais, são fenômenos processuais distintos. Abaixo vejamos as principais diferenças entre eles: Quanto à ESTABILIZAÇÃO DA TUTELA, temos que oriunda de uma tutela provisória; ocorre após o trânsito em julgado de uma decisão SEM resolução de mérito; está sujeita a uma ação para revisão (de competência do www.adverum.com.br 32 Grupo CERS ONLINE juízo de 1º grau), reforma ou invalidação da decisão estabilizada, a qual deve ser proposta no prazo de dois anos (art. 304, § 5º, do CPC). Já no que tange à COISA JULGADA MATERIAL, temos que oriunda de uma tutela final; ocorre após o trânsito em julgado de uma decisão COM resolução de mérito; está sujeita a uma ação rescisória (de competência originária de tribunal), a qual deve ser proposta no prazo de dois anos (art. 975 do CPC). 4.2.1.4. Tutela Provisória de Urgência Incidental Ocorre quando a medida é formulada após o início do processo, isto quer dizer que, numa situação de urgência, a medida é apresentada no bojo do processo. 4.2.2. Tutela Cautelar 4.2.2.1. Conceito A tutela cautelar pode ser entendida como a proteção jurisdicional prestada pelo Estado para afastar o perigo de ineficácia do resultado final da pretensão definitiva da parte (NEVES, 2017, p. 546). ATENÇÃO: Não obstante o Novo CPC não elencar requisitos específicos voltados para as medidas cautelares, a doutrina entende que elas podem ser deferidas se presentes os requisitos do fumus boni iuris e o periculum in mora. 4.2.2.2. Poder Geral de Cautela É aquele poder conferido ao Estado para que se evite, no caso concreto, que o tempo necessário para a concessão da tutela definitiva gere a ineficácia dessa tutela. A respeito do terma, vale ressaltar a informação encartada no Enunciado 31 do Fórum Permanente de Processualistas Civis, no sentido de que "O poder geral de cautela está mantido no CPC". Há de se considerar, conforme ensina Marcus Vinicius Rios Gonçalves, que “O Código atual dá ao juiz não um poder geral de cautela, mas o poder geral para concessão de tutelas provisórias, isto é, de deferir, em caso de urgência, a medida — cautelar ou satisfativa — mais apropriada, com o que se tornou despiciendo falar em fungibilidade. O poder geral já permite ao juiz conceder a medida pertinente, seja ela de que natureza for” (GONÇALVES, 2016, p. 486). 4.2.2.3. Cautelares Típicas e Atípicas De acordo com o Art. 301 do CPC/15, a “tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra medida idônea para asseguração do direito”. Isso quer dizer que, apesar de o CPC elencar www.adverum.com.br 33 Grupo CERS ONLINE algumas medidas típicas, deixa em aberta a possibilidade da adoção de outras medidas atípicas com o fito de assegurar o direito. 4.2.2.3.1. Arresto É a apreensão de bens com o fito de garantir a execução por quantia certa. Seu efeito imediato é a afetação do bem apreendido, vale ressaltar, por fim, que todo e qualquer bem pode ser objeto de arresto. 4.2.2.3.2. Sequestro Busca assegurar a execução para entrega de coisa certa ou para garantir a eficácia de uma sentença executiva. Ressalte-se que tal medida cautelar consiste na apreensão de objetos determinados. 4.2.2.3.3. Arrolamento de Bens É utilizada diante dos casos em que há fundado receio de extravio ou dissipação dos bens e interesse na sua conservação; 4.2.2.3.4. Registro de Protesto contra Alienação de Bem Busca dar publicidade geral contra a alienação de bem específico. 4.2.2.4. Tutela Cautelar Antecedente A tutela cautelar antecedente segue
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