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191957DIRITO PROCESSUAL CIVIL

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APRESENTAÇÃO 
Caro(a) Aluno(a), 
A preparação para concursos públicos exige profissionalismo, métrica e 
inteligência. Cada minuto despendido deve ser bem gasto! Por isso, uma 
preparação direcionada, focada nos pontos com maior probabilidade de 
cobrança no seu certame, pode representar a diferença entre aprovação e 
reprovação. 
Ciente disso, a Ad Verum Suporte Educacional, empresa do Grupo CERS 
ONLINE, concebeu o curso INTELIGÊNCIA PDF – DELEGADO DA POLÍCIA 
CIVIL, que tem por premissa fundamental “atacar” os pontos nucleares de cada 
matéria, com vistas à antecipação dos temas com maiores chances de cobrança 
em sua prova. 
Fazer isso não é tarefa fácil! É necessário um árduo esforço de pesquisa, 
levando-se em consideração fatores como banca examinadora e respectivos 
membros (sempre que possível), retrospecto do concurso, incidência temática 
de cada disciplina, momento da economia do país, dentre tantos outros, aliados 
a experiência de Professores de projeção nacional, com larguíssima experiência 
na análise do perfil dos mais diferentes certames públicos. 
Para tornar tudo isso uma realidade, a Ad Verum investiu muito em seu Método 
de Aceleração de Aprendizagem (MAVAA). Hoje, contamos com um SETOR DE 
INTELIGÊNCIA, responsável por ampla coleta de dados e informações das mais 
diferentes fontes relacionadas ao universo de cada concurso, de modo a, a partir 
do processamento dos dados coletados, oferecer aos seus alunos uma 
experiência diferenciada quando comparada a tudo que ele conhece em matéria 
de preparação para carreiras públicas. 
Racionalizar o estudo do aluno é mais que um objetivo para Ad Verum, trata-se 
de uma obsessão. 
 
Bom estudo! 
 
Francisco Penante 
CEO Ad Verum Suporte Educacional 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. JURISDIÇÃO ................................................................................................. 1 
1.1. Natureza................................................................................................... 1 
1.2. Conceito ................................................................................................... 1 
1.3. Características ......................................................................................... 3 
1.4. Espécies................................................................................................... 4 
1.4.1. Problemática da Jurisdição Voluntária ............................................... 5 
1.5. Princípios ................................................................................................. 6 
1.6. Estrutura Constitucional ........................................................................... 6 
1.7. Equivalentes Jurisdicionais ...................................................................... 7 
2. JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL DAS LIBERDADES E SEUS PRINCIPAIS 
MECANISMOS ................................................................................................. 13 
2.1. Habeas Corpus ...................................................................................... 13 
2.2. Habeas Data .......................................................................................... 15 
2.3. Mandado de Segurança ......................................................................... 15 
2.4. Ação Popular .......................................................................................... 17 
2.5. Ação Civil Pública .................................................................................. 18 
2.6. Ação de Improbidade Administrativa ...................................................... 18 
3. COMPETÊNCIA ........................................................................................... 21 
3.1. Conceito ................................................................................................. 21 
3.1.1. Competência Absoluta ..................................................................... 21 
3.1.2. Competência Relativa ...................................................................... 22 
3.2. Critérios para a fixação de competência ................................................ 23 
3.3. Principais regras de competência de foro .............................................. 23 
3.4. Cooperação Internacional ...................................................................... 25 
3.5. Homologação de Sentença Estrangeira ................................................. 26 
3.6. Competência da Justiça Federal ............................................................ 27 
4. TUTELAS PROVISÓRIAS ........................................................................... 29 
4.1. Conceito ................................................................................................. 29 
4.2. Classificações ........................................................................................ 30 
4.2.1. Tutela Provisória de Urgência .......................................................... 30 
4.2.1.1. Tutela Provisória de Urgência Antecipada .................................... 30 
4.2.1.2. Tutela Provisória de Urgência Cautelar ........................................ 31 
 
 
 
 
4.2.1.3. Tutela Provisória de Urgência Antecedente .................................. 31 
4.2.1.3.1. Estabilização da Tutela Antecipada Antecedente ...................... 31 
4.2.1.3.2. Estabilização da Tutela e Coisa Julgada ................................... 31 
4.2.1.4. Tutela Provisória de Urgência Incidental ...................................... 32 
4.2.2. Tutela Cautelar ................................................................................ 32 
4.2.2.1. Conceito ........................................................................................ 32 
4.2.2.2. Poder Geral de Cautela ................................................................ 32 
4.2.2.3. Cautelares Típicas e Atípicas ....................................................... 32 
4.2.2.3.1. Arresto ....................................................................................... 33 
4.2.2.3.2. Sequestro................................................................................... 33 
4.2.2.3.3. Arrolamento de Bens ................................................................. 33 
4.2.2.3.4. Registro de Protesto contra Alienação de Bem ......................... 33 
4.2.2.4. Tutela Cautelar Antecedente ........................................................ 33 
4.2.3. Tutela Provisória de Evidência......................................................... 33 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. JURISDIÇÃO 
 
1.1. Natureza 
 
 Várias são as teorias que buscam explicar a natureza jurídica da 
jurisdição. Vejamos a seguir as principais delas: 
 Teoria Organicista: determina que o ato jurisdicional é assim qualificado 
devido ao Órgão que o emite. Todavia, sabemos que os referidos órgãos 
também emitem os denominados atos administrativos, motivo pelo qual 
essa teoria não é aceita. 
 Teoria Subjetiva: determina que a jurisdição tem por fim a tutela de 
direitos subjetivos violados, aplicando a lei ao caso concreto. A doutrina 
critica tal teoria, uma vez que é possível a tutela jurisdicional mesmo que 
não haja direito subjetivo violado. 
 Teoria Objetiva: determina que a jurisdição deve assegurar a vigência do 
direito, o qual é aplicado em cada caso concreto. Podemos perceber 
dessa teoria que há uma impossibilidade de separação dos atos 
administrativos daqueles denominados judiciais, razão pela qual é 
bastante criticada. 
 Teoria da Substituição: determinaque a vontade do Estado-Juiz 
substitui a vontade das partes através da atividade jurisdicional. 
 
 
 
A doutrina atual vem considerando a jurisdição como uma forma de inclusão 
social. 
 
1.2. Conceito 
 
Nas lições de Marcus Vinícius R. Gonçalves, podemos conceituar a 
Jurisdição como a “Função do Estado, pela qual ele, no intuito de solucionar 
os conflitos de interesse em caráter coativo, aplica a lei geral e abstrata aos 
casos concretos que lhe são submetidos”1. 
 
1GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado/ 
Marcus Vinicius Rios Gonçalves; coordenador Pedro Lenza. - 6. ed.- São Paulo: 
Saraiva, 2016, p. 102. 
 
 
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Vale frisar, nesse aspecto, que aquele conceito arcaico de que a 
Jurisdição é apenas o poder de o Estado “dizer o direto” diante do caso concreto 
perdeu a força e não condiz com a nova sistemática da ciência processual, 
principalmente, após a vigência do Novo Código de Processo Civil (Lei 
13.105/2015). Segundo Cassio Scarpinella Bueno, em seu Manual de Direito 
Processual Civil, é incorreto associar a função jurisdicional com o papel de o 
Poder Judiciário “dizer o direito”, como se o magistrado se limitasse, sempre e 
invariavelmente, a revelar o direito preexistente ao caso concreto2, isso significa 
dizer que não se deve tratar o juiz como verdadeiro “boca da lei”, mas sim, deve 
o Estado-juiz realizar concretamente o direito, o que, justamente, 
depreendemos da redação do Art. 4º, do CPC/2015, vejamos: 
 
Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução 
integral do mérito, incluída a atividade satisfativa. 
 
Por outra faceta e no intuito de adequar o conceito de Jurisdição às 
diversas transformações pelas quais o Estado passou, Fredie Didier, no Curso 
de Direito Processual Civil I, considera que: 
 
“A jurisdição é a função atribuída a terceiro imparcial (a) de 
realizar o Direito de modo imperativo (b) e criativo 
(reconstrutivo) (c), reconhecendo/efetivando/protegendo 
situações jurídicas (d) concretamente deduzidas (e), em 
decisão insuscetível de controle externo (f) e com aptidão 
para tornar-se indiscutível (g)”3. 
 
 O conceito acima exposto reflete os vários fatores responsáveis pelo atual 
modelo de Estado, tais como: a força normativa da Constituição, propulsora 
do denominado Neoprocessualismo/Formalismo Valorativo que, por seu 
turno, visa adequar o processo civil aos preceitos constitucionais fundamentais; 
a valorização, por parte do Legislador, da técnica das cláusulas gerais 
processuais, a qual abre espaço para o papel criativo do juiz frente ao caso 
 
 
2BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil: inteiramente 
estruturado à luz do novo CPC, de acordo com a Lei n. 13.256, de 4-2-
2016/Cassio Scarpinella Bueno. - 2. ed. rev., atual. eampl. – São Paulo: Saraiva, 
2016, p. 72. 
3DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito 
processualcivil, parte geral e processo de conhecimento/Fredie Didier Jr. - 
17. ed. - Salvador: Ed. Jus Podivm, 2015, p. 153. 
 
 
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concreto; a criação de agências reguladoras, dotadas de função executiva, 
legislativa e judicante, dentre outros. 
 Por fim, saliente-se que a Jurisdição distingue-se das demais funções 
essenciais ao Estado (Legislativa e Administrativa) devido a certas 
características, as quais passaremos a analisar adiante. 
 
1.3. Características 
 
 Podemos elencar como características da jurisdição: 
 
a) Substitutividade: a vontade do Estado-Juiz, o Poder Judiciário, substitui 
a vontade das partes na resolução dos litígios, motivo pelo qual, aquele 
deve, no exercício de sua função jurisdicional, ser imparcial, garantindo-
se, dessa forma, a pacificação do conflito que as envolve. Como afirma 
Fredie Didier é a chamada técnica de solução de conflitos por 
heterocomposição4. 
b) Imperatividade: a decisão do Estado-Juiz tem caráter coativo, ou seja, 
é imposta aos litigantes, de modo que estes devem cumpri-la, a fim de se 
ver satisfeita a decisão proferida. 
c) Definitividade: é a determinação de que as decisões judiciais, quando 
preenchidos certos requisitos, adquirem o caráter de imutabilidade, não 
podendo ser mais discutidas, uma vez que se está diante da chamada 
coisa julgada. 
 
 
 
É incorreto afirmar que só haverá jurisdição se houver coisa julgada, pois 
o legislador ordinário pode, por exemplo, em certas hipóteses, não 
submeter certas decisões à coisa julgada, tendo em mente que esta 
representa uma opção política do Estado5. 
 
 
4DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito 
processualcivil, parte geral e processo de conhecimento/Fredie Didier Jr. - 
17. ed. - Salvador: Ed. Jus Podivm, 2015, p. 154. 
5______. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processualcivil, 
parte geral e processo de conhecimento/Fredie Didier Jr. - 
17. ed. - Salvador: Ed. Jus Podivm, 2015, p. 163. 
 
 
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d) Inafastabilidade: característica intimamente ligada ao acesso à justiça, 
visto que o controle jurisdicional não pode ser evitado ou sofrer 
mitigações, conforme preceito disposto no art. 5º, XXXV, da Constituição 
Federal de 1988 “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário 
lesão ou ameaça a direito” e reproduzido no Art. 3º, caput, do CPC/2015 
“Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a 
direito”. 
e) Indelegabilidade: o exercício da função jurisdicional somente pode ser 
exercido pelo Poder Judiciário, não podendo ser delegado, sob pena de 
violação ao princípio do juiz natural (o qual será estudado mais à frente). 
f) Inércia: pode-se afirmar que é uma característica garantidora da 
imparcialidade do julgador, posto que os envolvidos no conflito têm a 
incumbência de provocar a função jurisdicional do Estado, a fim de ver 
solucionado o conflito no qual estão envolvidos. Conforme lição de Marcus 
Vinícius R. Gonçalves “A função jurisdicional não se movimenta de ofício, 
mas apenas por provocação dos interessados”6.Ressalte-se, por fim, que, 
uma vez iniciado o processo, o Estado se torna o maior interessado em 
ver o litígio solucionado, visto que ele é o responsável pela manutenção 
da paz social, dessa forma, deve conduzir a marcha processual de 
maneira justa e efetiva, através do denominado Impulso Oficial. 
g) Investidura: é a determinação de que somente exerce a jurisdição aquele 
ocupante de cargo de juiz, regularmente investido nessa função. 
h) Monopólio do Estado: a atividade jurisdicional é um verdadeiro 
monopólio do Estado. Embora se permita às partes, em certos casos, a 
eleição de pessoas capazes de solucionar a lide que as envolve, como se 
vislumbra na convenção de arbitragem. 
i) Lide: apesar da celeuma no sentido de não a considerar como 
característica, a doutrina clássica defendia que ela era característica da 
jurisdição, pois o principal papel desta última seria solucioná-la. 
 
1.4. Espécies 
 
Preliminarmente, insta dizer que a Jurisdição é UNA e abrange todo e 
qualquer litígio referente ao direito, todavia, por razões didáticas, ela apresenta 
algumas classificações, vejamos: 
 
I – Jurisdição Contenciosa: é aquela em que há uma lide, isto é, um 
conflito de interesse qualificado por uma pretensão resistida, a qual deve 
ser solucionada pelo Poder Judiciário. Destarte, uma das partes busca 
obter uma determinaçãojudicial no intuito de obrigar a parte contrária. 
 
6GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado/ 
Marcus Vinicius Rios Gonçalves; coordenador Pedro Lenza. - 6. ed.- São Paulo: 
Saraiva, 2016, p. 104. 
 
 
 
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Além disso, tendo em vista que a sentença decide uma situação 
conflituosa, ela sempre favorece uma das partes. 
 
II – Jurisdição Voluntária: é aquela em que NÃO há uma lide ou, em 
caso de existência de uma situação conflituosa, esta não é objeto imediato 
da apreciação judicial. Assim, a parte busca uma determinação judicial 
que valha para ela mesma. Ademais, é possível que a sentença favoreça 
ambas as partes. A doutrina costuma dizer que, através da jurisdição 
voluntária, realiza-se a administração pública de interesses privados. 
 
1.4.1. Problemática da Jurisdição Voluntária 
 
A problemática em questão reside no fato de que a doutrina vem 
considerando que os atos da jurisdição voluntária não podem ser 
caracterizados como atos jurisdicionais, porque: 
 Busca-se a constituição de situações jurídicas novas e não a atuação 
do direito; 
 Não há o caráter substitutivo próprio da atividade jurisdicional; 
 O objeto da jurisdição voluntária não é uma lide, mas sim um negócio 
com a participação do magistrado. 
Por último, devemos prestar nos atentar na lição da doutrina no sentido 
de que “A jurisdição voluntária não serve para que o juiz diga quem tem 
razão, mas para que tome determinadas providências que são 
necessárias para a proteção de um ou ambos os sujeitos da relação 
processual”7. 
 
III – Jurisdição Penal: está ligada a toda causa penal e a pretensões 
punitivas submetidas ao Estado. 
 
IV – Jurisdição Civil: está ligada a toda jurisdição não penal. Como 
ensina Humberto Theodoro Júnior “Aquilo que não couber na jurisdição 
penal e nas jurisdições especiais será alcançado pela jurisdição civil, 
pouco importando que a lide verse sobre direito material 
público(constitucional, administrativo etc.) ou privado (civil ou 
comercial)”8. Sobre o tema o art. 13 do CPC/2015 disciplina: 
 
7GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado/ 
Marcus Vinicius Rios Gonçalves; coordenador Pedro Lenza. - 6. ed.- São Paulo: 
Saraiva, 2016, p. 104. 
 
8THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Teoria 
geral do direito processual civil, processo de conhecimento e procedimento 
 
 
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6 Grupo CERS ONLINE 
 
Art. 13. A jurisdição civil será regida pelas normas processuais 
brasileiras, ressalvadas as disposições específicas previstas em 
tratados, convenções ou acordos internacionais de que o Brasil 
seja parte. 
 
V – Jurisdição Especial: abarca a solução de litígios trabalhistas, 
militares e eleitorais. 
 
VI – Jurisdição Comum: representa a chamada competência supletiva, 
pois é competente para solucionar todo e qualquer conflito que não for de 
competência especial. 
 
VII – Jurisdição Superior: é aquela competente para reexaminar as 
decisões proferidas por órgãos jurisdicionais de hierarquia inferior. 
 
VIII – Jurisdição Inferior: é aquela em que as decisões proferidas estão 
submetidas à análise por outro órgão jurisdicional de hierarquia superior. 
 
1.5. Princípios 
 
 A função jurisdicional deve ser exercida através do respeito aos seguintes 
princípios fundamentais: 
 
a) Princípio do Juiz Natural: determina que a função jurisdicional deve 
ser exercida apenas pelo órgão a que a Constituição reservou a 
parcela do poder jurisdicional. Nesse ponto, insta salientar a regra da 
VEDAÇÃO ao denominado Tribunal de Exceção, isto é, a criação de 
juízes ou tribunais para o julgamento de certas causas. 
b) Princípio da improrrogabilidade: determina que os limites da 
jurisdição estão previstos na constituição Federal, razão pela qual, não 
se permite ao legislador ordinário reduzi-los ou ampliá-los. 
c) Princípio da Indeclinabilidade: determina que o Órgão Jurisdicional 
tem o dever de uma vez provocado, prestar a tutela jurisdicional. É a 
famosa vedação ao Non Liquet, prevista no caput do art. 140, do 
CPC/2015. 
d) Princípio da Aderência Territorial: determina que todo juiz ou órgão 
judicial está adstrito a certa circunscrição territorial, na qual deve 
exercer a sua parcela do poder jurisdicional, conforme estabelecido na 
Constituição ou nas leis de organização judiciária. 
 
1.6. Estrutura Constitucional 
 
 
comum – vol. I/Humberto Theodoro Júnior. 56. ed. rev., atual. eampl. – Rio de 
Janeiro: Forense, 2015, p. 143. 
 
 
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Nesse ponto, futuro Delegado, deve-se dar muita atenção aos Arts. 92-
126 da Constituição Federal de 1988, os quais tratam do Poder Judiciário e 
são de LEITURA OBRIGATÓRIA. 
 
1.7. Equivalentes Jurisdicionais 
 
 São formas alternativas de solução dos conflitos. Pode-se afirmar que os 
principais são: autotutela, autocomposição e arbitragem. 
 
 
A respeito da arbitragem, existe uma celeuma relativa à discussão se ela 
representa um equivalente jurisdicional ou o próprio exercício de jurisdição por 
autoridade não-estatal. A título de exemplo, Fredie Didier considera ser ela um 
verdadeiro exercício de jurisdição, por isso, aduz que: 
“[...] a arbitragem, no Brasil, não é equivalente 
jurisdicional: é propriamente jurisdição, exercida por 
particulares, com autorização do Estado e como 
consequência do exercício do direito fundamental de 
autorregramento (autonomia privada)”9. (DIDIER, 
2015, p. 172). 
 
Em sentido contrário, Luiz Guilherme Marinoni defende que a jurisdição 
somente é exercida por pessoa investida do poder jurisdicional nos moldes da 
Constituição Federal. Ponto de vista esse defendido, também, por Cassio 
Scarpinella Bueno, vejamos: 
 
“De outra parte, não consigo concordar, com o 
devido respeito de variados especialistas e 
estudiosos do tema, que a arbitragem tenha caráter 
jurisdicional. Principalmente porque ela que não 
possui e nem tem aptidão de possuir a 
imperatividade inerente àquela outra classe, o que 
não significa dizer que não seja possível à lei 
equipará-la a um ato jurisdicional, como, 
 
9DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito 
processualcivil, parte geral e processo de conhecimento/Fredie Didier Jr. - 
17. ed. - Salvador: Ed. Jus Podivm, 2015, p. 154. 
 
 
 
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8 Grupo CERS ONLINE 
inequivocamente, faz o inciso VII do art. 515 do CPC 
de 2015, seguindo, no particular, o caminho já 
traçado pela sua lei de regência, a Lei n. 
9.307/1996”10. 
 
• Autotutela: ocorre quando uma das partes, no intento de ver satisfeita sua 
vontade, utiliza-se da própria força para solucionar o conflito de maneira 
parcial e egoísta. Ademais, o ordenamento jurídico, em regra, veda o exercício 
da autotutela, tratando-a, inclusive, como crime: exercício arbitrário das próprias 
razões, art. 345 do Código Penal (se for um particular) e exercício arbitrário ou 
abuso de poder (se for o Estado). Entretanto, o próprio ordenamento jurídico 
brasileiro traz exceções em que é permitido se utilizar do instituto em estudo, é 
o caso da Legítima Defesa (art. 188, I, do CC), do desforço imediato no esbulho 
(art. 1.210, §1º do CC), do direito de greve, do direito de retenção, doestado de 
necessidade, do privilégio do poder público de executaros seus próprios atos,da 
guerra, dentre outras. 
 
 
 
Em respeito ao princípio da inafastabilidade (art. 5º, XXXV, da Constituição 
Federal de 1988 e art. 3º, caput, do CPC/2015), todo e qualquer exercício da 
autotutela está submetido ao controle posterior judicial. 
 
• Autocomposição: é o legítimo meio de solução pacífica dos conflitos, pois, 
ocorre quando a própria parte, espontaneamente, sacrifica, total ou parcial, 
seu interesse com o fito de ver solucionado o litígio, podendo ocorrer dentro 
do processo jurisdicional ou fora dele. A doutrina mais atual vem considerando 
como um verdadeiro princípio o “estímulo da solução por autocomposição” 
(DIDIER, 2015, p. 166). Além disso, são consideradas espécies de 
autocomposição: 
- a transação: quando os conflitantes solucionam o conflito por meio de 
concessões mútuas; 
- a submissão: quando um dos conflitantes abre mão de seus interesses em 
prol da pretensão do outro e, consequentemente, da solução do conflito. Vale a 
menção de que, em sede judicial, quando a submissão é feita pelo autor, está-
se diante da renúncia (art. 487, III, "c", do CPC/2015), quando é feita pelo réu, 
 
10BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil: inteiramente 
estruturado à luz do novo CPC, de acordo com a Lei n. 13.256, de 4-2-
2016/CassioScarpinella Bueno. - 2. ed. rev., atual. eampl. – São Paulo: Saraiva, 
2016, p.. 
 
 
 
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9 Grupo CERS ONLINE 
está-se diante do reconhecimento da procedência do pedido (art. 487, III, "a", 
CPC/2015). 
Ainda no que tange ao incentivo à autocomposição, o Novo Código de Processo 
Civil: 
- trata um capítulo inteiro sobre a mediação e a conciliação (arts. 165-175, os 
quais são de leitura obrigatória!); 
- traz a necessidade de tentativa de conciliação como ato anterior ao 
oferecimento da defesa pelo réu (arts. 334 e 695); 
- permite a homologação judicial de acordo extrajudicial de qualquer natureza 
(art. 515, III; art. 725, VIII); 
- permite que, no acordo judicial, seja incluída matéria estranha ao objeto 
litigioso do processo (art. 515, §2º); 
- permite acordos processuais atípicos, desde que sobre o processo (art. 190). 
 
• Arbitragem: ocorre quando as partes, facultativamente, elegem uma terceira 
pessoa, de sua confiança, para solucionar, de maneira amigável e “imparcial”, o 
conflito relacionado a direitos disponíveis. A Lei que regulamenta o instituto em 
análise é a de n. 9.307/1996. Conforme dispõe o art. 3º da referida lei, a 
arbitragem pode ser constituída através de um negócio jurídico, denominado 
convenção de arbitragem, que engloba tanto a cláusula compromissória quanto 
o compromisso arbitral, vejamos: 
 
- a cláusula compromissória: 
 
Art. 4º A cláusula compromissória é a convenção através da qual as 
partes em um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os 
litígios que possam vir a surgir, relativamente a tal contrato. 
§ 1º A cláusula compromissória deve ser estipulada por escrito, podendo 
estar inserta no próprio contrato ou em documento apartado que a ele se 
refira. 
§ 2º Nos contratos de adesão, a cláusula compromissória só terá eficácia 
se o aderente tomar a iniciativa de instituir a arbitragem ou concordar, 
expressamente, com a sua instituição, desde que por escrito em 
documento anexo ou em negrito, com a assinatura ou visto especialmente 
para essa cláusula. 
 
- o compromisso arbitral: 
 
Art. 9º O compromisso arbitral é a convenção através da qual as partes 
submetem um litígio à arbitragem de uma ou mais pessoas, podendo ser 
judicial ou extrajudicial. 
§ 1º O compromisso arbitral judicial celebrar-se-á por termo nos autos, 
perante o juízo ou tribunal, onde tem curso a demanda. 
§ 2º O compromisso arbitral extrajudicial será celebrado por escrito 
particular, assinado por duas testemunhas, ou por instrumento público. 
 
 
 
 
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Em causas de natureza penal, NÃO se admite o instituto da arbitragem. Já no 
âmbito trabalhista, admite-se a arbitragem, isso devido à Emenda Constitucional 
n. 45/2004 que a consagrou no art. 114, §§ 1º e 2º, CF/88. 
 
 
 
 
 
 
 
QUESTÃO 1: 
Jurisdição 
No que tange às normas processuais civis referentes à 
jurisdição, julgue o item que se segue: 
Do ponto de vista da Teoria da Substituição, a vontade 
do Estado-Juiz substitui a vontade das partes. Nesse 
sentido, a jurisdição voluntária se apresenta 
predominantemente como ato substitutivo da vontade 
das partes. 
 
GABARITO COMENTADO: 
 
Item INCORRETO. Não obstante ser correto o que se 
afirma a respeito da Teoria da Substituição, como vimos no 
ponto 1.4.1., a jurisdição voluntária não apresenta o caráter 
substitutivo, uma vez que o juiz se insere entre os 
participantes do negócio jurídico sem excluir as atividades 
das partes. 
 
 
 JURISDIÇÃO 
1.1. Natureza 
 Teoria Organicista: determina que o ato 
jurisdicional é assim qualificado devido ao 
Órgão que o emite. Todavia, sabemos que 
os referidos órgãos também emitem os 
denominados atos administrativos, motivo 
pelo qual essa teoria não é aceita. 
 Teoria Subjetiva: determina que a 
jurisdição tem por fim a tutela de direitos 
subjetivos violados, aplicando a lei ao caso 
 
 
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concreto. A doutrina critica tal teoria, uma 
vez que é possível a tutela jurisdicional 
mesmo que não haja direito subjetivo 
violado. 
 Teoria Objetiva: determina que a 
jurisdição deve assegurar a vigência do 
direito, o qual é aplicado em cada caso 
concreto. Podemos perceber dessa teoria 
que há uma impossibilidade de separação 
dos atos administrativos daqueles 
denominados judiciais, razão pela qual é 
bastante criticada. 
 Teoria da Substituição: determina que a 
vontade do Estado-Juiz substitui a vontade 
das partes através da atividade 
jurisdicional. 
1.2. Conceito 
- Para Marcus Vinícius R. Gonçalves, é a “Função 
do Estado, pela qual ele, no intuito de solucionar 
os conflitos de interesse em caráter coativo, aplica 
a lei geral e abstrata aos casos concretos que lhe 
são submetidos”. 
- Para Fredie Didier, é “a função atribuída a 
terceiro imparcial (a) de realizar o Direito de modo 
imperativo (b) e criativo (reconstrutivo) (c), 
reconhecendo/efetivando/protegendo situações 
jurídicas (d) concretamente deduzidas (e), em 
decisão insuscetível de controle externo (f) e com 
aptidão para tornar-se indiscutível (g)”. 
1.3. Características 
a) Substitutividade: é a noção de que a 
vontade do Estado-juiz substitui a vontade das 
partes na resolução dos litígios. 
b) Imperatividade: a decisão do Estado-juiz 
tem caráter coativo. 
c) Definitividade: as decisões judiciais, 
quando preenchidos certos requisitos, adquirem o 
caráter de imutabilidade 
d) Inafastabilidade: o controle jurisdicional 
não pode ser evitado ou sofrer mitigações, 
conforme preceito disposto no art. 5º, XXXV, da 
CF/88 e reproduzido no Art. 3º, caput, do 
CPC/2015. 
e) Indelegabilidade: o exercício da função 
jurisdicional somente pode ser exercido pelo 
Poder Judiciário. 
f) Inércia: é uma característica garantidora 
da imparcialidade do julgador. 
g) Investidura: é a determinação de que 
somente exerce a jurisdição aquele ocupante de 
cargo de juiz. 
 
 
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h) Monopólio do Estado: a atividade 
jurisdicional é um verdadeiro monopólio do 
Estado. 
i) Lide: é o conflito de interesse qualificado 
por umapretensão resistida. 
 
1.4. Espécies 
I – Jurisdição Contenciosa: é aquela em que há 
uma lide. 
II – Jurisdição Voluntária: é aquela em que NÃO 
há uma lide ou, em caso de existência de uma 
situação conflituosa, esta não é objeto imediato 
da apreciação judicial. 
III – Jurisdição Penal: está ligada a toda causa 
penal e a pretensões punitivas submetidas ao 
Estado. 
IV – Jurisdição Civil: está ligada a toda jurisdição 
não penal. Art. 13, do CPC/2015. 
V – Jurisdição Especial: abarca a solução de 
litígios trabalhistas, militares e eleitorais. 
VI – Jurisdição Comum: representa a chamada 
competência supletiva. 
VII – Jurisdição Superior: reexamina as 
decisões proferidas por órgãos jurisdicionais de 
hierarquia inferior. 
VIII – Jurisdição Inferior: as decisões proferidas 
estão submetidas à análise por outro órgão 
jurisdicional de hierarquia superior. 
1.4.1. Problemática da 
Jurisdição Voluntária 
Na jurisdição voluntária: 
 Busca-se a constituição de situações 
jurídicas novas e não a atuação do direito; 
 Não há o caráter substitutivo próprio da 
atividade jurisdicional; 
 O seu objeto não é uma lide, mas sim um 
negócio com a participação do magistrado. 
1.5. Princípios 
a) Princípio do Juiz Natural: a função 
jurisdicional deve ser exercida apenas pelo órgão 
a que a Constituição reservou parcela do poder 
jurisdicional. 
b) Princípio da improrrogabilidade: os 
limites da jurisdição estão previstos na 
constituição Federal. 
c) Princípio da Indeclinabilidade: o Órgão 
Jurisdicional tem o dever de, uma vez provocado, 
prestar a tutela jurisdicional. Art. 140 do 
CPC/2015 (vedação ao Non Liquet). 
d) Princípio da Aderência Territorial: 
determina que todo juiz ou órgão judicial está 
adstrito a certa circunscrição territorial. 
 
 
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1.6. Estrutura 
Constitucional 
Vide Arts. 92-126 da Constituição Federal de 
1988. 
1.7. Equivalentes 
Jurisdicionais 
• Autotutela: ocorre quando uma das partes, no 
intento de ver satisfeita sua vontade, utiliza-se da 
própria força para solucionar o conflito de maneira 
parcial e egoísta. 
• Autocomposição: ocorre quando a própria 
parte, espontaneamente, sacrifica, total ou 
parcial, seu interesse com o fito de ver 
solucionado o litígio. 
• Arbitragem: ocorre quando as partes, 
facultativamente, elegem uma terceira pessoa, de 
sua confiança, para solucionar, de maneira 
amigável e “imparcial”, o conflito relacionado a 
direitos disponíveis. 
 
2. JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL DAS LIBERDADES E SEUS PRINCIPAIS 
MECANISMOS 
 
2.1. Habeas Corpus 
 
Tem previsão no Art. 5º, LXVIII da CF/88, segundo o qual “conceder-se-
á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer 
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso 
de poder”. Podemos considerar, assim, que o remédio constitucional em tela 
serve apenas para salvaguardar o direito de locomoção. 
Majoritariamente, entende-se que o habeas corpus possui natureza de 
ação constitucional gratuita e de natureza penal, ademais, o writ dispensa a 
constituição de advogado. 
Pode ser impetrado de forma: 
 Preventiva (ou salvo-conduto): para evitar o constrangimento 
ilegal resultante de violência ou ameaça à liberdade de locomoção; 
 Repressiva (ou liberatório): para as situações em que é subtraída 
ilegalmente a liberdade de locomoção do indivíduo. 
Vale dizer que o habeas corpus pode ser impetrado em benefício próprio 
ou de terceiro. Além disso, possui legitimidade universal. 
 No que tange à legitimidade passiva, temos que podem figurar: o agente 
público (delegado de polícia, juiz, etc.), assim como um particular (clínicas, 
hospitais, por exemplo). 
Em relação ao não cabimento, a CF/88 traz uma única exceção, que está 
ligada à impossibilidade de impetração do remédio frente às sanções 
disciplinares militares. Apesar disso, o candidato deve tomar cuidado nas 
diversas decisões do STF a respeito da matéria, determinando que a 
mencionada exceção circunscreve-se ao exame de mérito do ato, podendo, 
todavia, a legalidade da imposição de punição constritiva da liberdade, em 
 
 
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procedimento administrativo castrense, ser discutida por meio de habeas corpus 
(STF, RHC 88.543). 
 
 
 
 
A quem compete julgar habeas corpus de decisão de turma recursal? 
No julgamento do HC 86.834/SP, o Plenário do STF reformulou a sua orientação 
jurisprudencial no sentido de que compete ao Tribunal de Justiça (ou ao 
Tribunal Regional Federal, quando for o caso), e não ao STF, a atribuição 
jurisdicional para apreciar, originariamente, pedido de habeas corpus impetrado 
contra decisão de Turma Recursal estruturada no âmbito dos Juizados Especiais 
(verdadeira superação do entendimento anterior exposado na súmula 690 do 
STF). 
 
 
 
Abaixo seguem as principais súmulas a respeito do habeas corpus: 
Súmula 691 do STF: “Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer 
de habeas corpus impetrado contra decisão do Relator que, em habeas corpus 
requerido a tribunal superior, indefere a liminar.” 
Súmula 692 do STF: “Não se conhece de habeas corpus contra omissão de 
relator de extradição, se fundado em fato ou direito estrangeiro cuja prova não 
constava dos autos, nem foi ele provocado a respeito.” 
Súmula 693 do STF: “Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a 
pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena 
pecuniária seja a única cominada.” 
Súmula 694 do STF: “Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a 
pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena 
pecuniária seja a única cominada.” 
Súmula 695 do STF: “Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena 
privativa de liberdade.” 
 
 
 
 
 
 
 
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2.2. Habeas Data 
 
Nos termos do Art. 5º, inciso LXXII, da CF/88: 
“Conceder-se-á habeas data: 
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do 
impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades 
governamentais ou de caráter público; 
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo 
sigiloso, judicial ou administrativo 
É importante mencionar que o rito processual do presente remédio 
constitucional está regulado na Lei Federal nº 9.507/97, a qual merece uma 
leitura atenciosa. 
Em relação à legitimidade ativa, temos que qualquer pessoa física ou 
jurídica pode impetrar habeas data, inclusive os entes despersonalizados: massa 
falida, herança jacente, espólio, sociedade de fato, condomínio etc. 
São legitimados passivos: tanto as entidades governamentais, quanto às 
pessoas jurídicas de direito privado que prestem serviço de interesse público. 
 
 
Nos moldes do Art. 8º da Lei 9.507/97, o HD só será aceito após ter o impetrante 
esgotado todas as vias administrativas. 
A respeito do tema, a Súmula 02 do STJ preceitua que “não cabe o habeas (CF, 
art. 5º LXXII , letra a)data se não houve recusa de informações por parte da 
autoridade administrativa”. 
2.3. Mandado de Segurança 
 
Sobre o tema, o candidato deve tomar CUIDADO naquelas matérias 
novas, isto é, nas mudanças advindas com a vigência da Lei n. 13.105/2015. 
 O Mandado de Segurança é regido pela Lei 12.016/2009. A CF/88 
estabelece que é uma ação que visa a proteger direitos líquidos e certos contra 
ato de autoridade ou de quem exerça funções públicas (Art. 5º, LXIX, da CF/88). 
 As hipóteses de cabimento do Mandado de Segurança estão previstas nocaput do Art. 1º da Lei 12.016/2009, vejamos: 
“Art. 1º Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e 
certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, 
ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer 
violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que 
categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.” 
 Por direito líquido e certo entenda todo aquele que não exige dilação 
probatória. 
 
 
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 Ademais, pode ser impetrado tanto por pessoa física como por pessoa 
jurídica. 
 
 
 
Abaixo seguem as principais súmulas a respeito do mandado de segurança: 
Súmula 101 do STF: “O mandado de segurança não substitui a ação popular.” 
Súmula 248 do STF: “É competente, originariamente, o Supremo Tribunal 
Federal, para mandado de segurança contra ato do Tribunal de Contas da 
União.” 
Súmula 266 do STF: “Não cabe mandado de segurança contra lei em tese.” 
Súmula 267 do STF: “Não cabe mandado de segurança contra ato judicial 
passível de recurso ou correição.” 
Súmula 268 do STF: “Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial 
com trânsito em julgado.” 
Súmula 269 do STF: “O mandado de segurança não é substitutivo de ação de 
cobrança.” 
Súmula 270 do STF: “Não cabe mandado de segurança para impugnar 
enquadramento da L. 3.780, de 12.7.60, que envolva exame de prova ou de 
situação funcional complexa.” 
Súmula 271 do STF: “Não cabe mandado de segurança para impugnar 
enquadramento da L. 3.780, de 12.7.60, que envolva exame de prova ou de 
situação funcional complexa.” 
Súmula 405 do STF: “Denegado o mandado de segurança pela sentença, ou 
no julgamento do agravo, dela interposto, fica sem efeito a liminar concedida, 
retroagindo os efeitos da decisão contrária.” 
Súmula 433 do STF: “Denegado o mandado de segurança pela sentença, ou 
no julgamento do agravo, dela interposto, fica sem efeito a liminar concedida, 
retroagindo os efeitos da decisão contrária.” 
Súmula 510 do STF: “Praticado o ato por autoridade, no exercício de 
competência delegada, contra ela cabe o mandado de segurança ou a medida 
judicial.” 
Súmula 623 do STF: “Não gera por si só a competência originária do Supremo 
Tribunal Federal para conhecer do mandado de segurança com base no art. 102, 
I, n, da Constituição, dirigir-se o pedido contra deliberação administrativa do 
tribunal de origem, da qual haja participado a maioria ou a totalidade de seus 
membros.” 
Súmula 624 do STF: “Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer 
originariamente de mandado de segurança contra atos de outros tribunais.” 
 
 
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Súmula 625 do STF: “Controvérsia sobre matéria de direito não impede 
concessão de mandado de segurança.” 
Súmula 626 do STF: “A suspensão da liminar em mandado de segurança, salvo 
determinação em contrário da decisão que a deferir, vigorará até o trânsito em 
julgado da decisão definitiva de concessão da segurança ou, havendo recurso, 
até a sua manutenção pelo Supremo Tribunal Federal, desde que o objeto da 
liminar deferida coincida, total ou parcialmente, com o da impetração.” 
Súmula 627 do STF: “No mandado de segurança contra a nomeação de 
magistrado da competência do Presidente da República, este é considerado 
autoridade coatora, ainda que o fundamento da impetração seja nulidade 
ocorrida em fase anterior do procedimento.” 
Súmula 629 do STF: “A impetração de mandado de segurança coletivo por 
entidade de classe em favor dos associados independe da autorização destes.” 
Súmula 701 do STF: “No mandado de segurança impetrado pelo Ministério 
Público contra decisão proferida em processo penal, é obrigatória a citação do 
réu como litisconsorte passivo.” 
Súmula 202 do STJ: “A impetração de segurança por terceiro, contra ato 
judicial, não se condiciona a interposição de recurso.” 
Súmula 213 do STJ: “O mandado de segurança constitui ação adequada para 
a declaração do direito à compensação tributária.” 
Súmula 333 do STJ: “Cabe Mandado de Segurança contra ato praticado em 
licitação promovida por sociedade de economia mista ou empresa pública.” 
Súmula 376 do STJ: “Compete a turma recursal processar e julgar o mandado 
de segurança contra ato de juizado especial.” 
Súmula 460 do STJ: “É incabível o Mandado de Segurança para convalidar a 
compensação tributária realizada pelo contribuinte.” 
 
2.4. Ação Popular 
 
 Conforme disciplina o art. 5º, LXXIII, da CF/88 “qualquer cidadão é parte 
legítima para propor ação popular que vise anular ato lesivo ao patrimônio 
público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, 
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo 
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência”. 
 Atente-se que somente o cidadão (aquele que se encontra em pleno gozo 
dos direitos cívicos e políticos) é parte legítima para propor a Ação Popular. 
 Já no que tange à legitimidade passiva, temos que devem figurar: I – as 
pessoas jurídicas, tanto públicas, quanto privadas, em nome das quais foi 
praticado o ato ou contrato a ser anulado; II - as autoridades, os funcionários e 
administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado 
pessoalmente o ato ou, ainda, que tenha firmado o contrato a ser anulado, ou 
que, por omissos, permitiram a lesão; e III - os beneficiários diretos do ato ou 
contrato ilegal. 
 
 
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 A respeito do cabimento, vale mencionar que não é necessária a 
comprovação de prejuízo material aos cofres públicos como condição para se 
propor a ação. 
Por fim, frise-se que a competência é definida a partir da origem do ato a 
ser anulado, por exemplo, se emana de uma autoridade de um órgão da União 
(vide Art. 109, da CF/88), deve a ação ser proposta perante o Juízo Federal. 
 
2.5. Ação Civil Pública 
 
 Está intimamente ligada à busca da garantia de interesses difusos e 
coletivos, assim como de direitos individuais homogêneos, sendo regulada na 
Lei nº 7.347/85. 
 Quanto à legitimidade ativa, o art. 5º da mencionada Lei define que são 
legítimos: o Ministério Público; a Defensoria Pública; a União, os Estados, o 
Distrito Federal e os Municípios; a autarquia, empresa pública, fundação ou 
sociedade de economia mista; a associação que, concomitantemente, esteja 
constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil e inclua, entre suas 
finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem 
econômica, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos, à livre 
concorrência ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e 
paisagístico. 
 Por fim, no que tange à legitimidade passiva, são todos aqueles que 
praticarem condutas que tragam prejuízos aos direitos ambientais, aos direitos 
dos consumidores, à ordem econômica ou urbanística, a bens e direitos de valor 
estético, histórico, turístico e paisagístico ou a qualquer outro interesse difuso ou 
coletivo. 
 
2.6. Ação de Improbidade Administrativa 
 
A ação de improbidade tem natureza de ação civil e busca a punição dos 
agentes públicos e particulares que atuem em colaboração ou que, de alguma 
forma, obtenham benefícios da atuação do agente, por atos de improbidade. 
A legitimidade ativa é da Pessoa Jurídica lesada (vide art. 1° da Lei 
8.429/92), assim como do Ministério Público. 
Vale mencionar que, nos casos em que a Ação é proposta pela Pessoa 
Jurídica lesada, o Ministério Público deve atuar como fiscal da lei. Já nos casos 
em que aação é proposta pelo Ministério Público, a entidade prejudicada deve 
atuar no processo como litisconsorte ativa. 
Quanto à competência, tem-se que a ação deve ser proposta no foro do 
juízo singular. 
Por último, frise-se que, uma vez proposta a ação no foro competente, 
aplica-se o art. 17, §7º da Lei de Improbidade Administrativa, o qual prevê a 
notificação do acusado para apresentar defesa prévia no prazo de 15 dias, antes 
de ser proferida decisão pelo juízo acerca do deferimento ou não da petição 
inicial.Finalizando as considerações gerais a respeito da Ação de improbidade, 
o candidato deve ter em mente que: I – se o juiz indeferir a petição inicial, caberá 
APELAÇÃO; II – se o juiz deferiu a petição inicial, caberá AGRAVO. 
 
 
 
 
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QUESTÃO 2 - 
(PGE-AM/Procurador/ 
CESPE/2016/): 
JURISDIÇÃO 
CONSTITUCIONAL 
DAS LIBERDADES E 
SEUS PRINCIPAIS 
MECANISMOS 
Julgue o item subsequente, relativo a ação civil 
pública, mandado de segurança e ação de 
improbidade administrativa. 
Conforme o entendimento do STJ, é cabível 
mandado de segurança para convalidar a 
compensação tributária realizada, por conta 
própria, por um contribuinte. 
 
GABARITO COMENTADO: 
 
Item INCORRETO. Nos moldes da Súmula 
460 do STJ, “É INCABÍVEL o Mandado de 
Segurança para convalidar a compensação 
tributária realizada pelo contribuinte”. 
 
 
JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL DAS LIBERDADES E SEUS 
PRINCIPAIS MECANISMOS 
2.1. Habeas Corpus 
- Vide Art. 5º, LXVIII da CF/88; 
- Pode ser impetrado de forma: 
 Preventiva (ou salvo-conduto): para 
evitar o constrangimento ilegal resultante 
de violência ou ameaça à liberdade de 
locomoção; 
 Repressiva (ou liberatório): para as 
situações em que é subtraída ilegalmente 
a liberdade de locomoção do indivíduo. 
- Vide Súmulas: 691, 692, 693, 694 e 695, todas do 
STF: 
2.2. Habeas Data 
- Vide Art. 5º, inciso LXXII, da CF/88; 
- Vide Lei Federal nº 9.507/97; 
- Vide Súmula 02 do STJ. 
 
 
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2.3. Mandado de 
Segurança 
 
- É uma ação que visa a proteger direitos líquidos e 
certos contra ato de autoridade ou de quem exerça 
funções públicas (Art. 5º, LXIX, da CF/88). 
- hipóteses de cabimento (Art. 1º da Lei 12.016/2009). 
2.4. Ação Popular 
- Vide Art. 5º, LXXIII, da CF/88. 
- Legitimidade ativa: qualquer cidadão; 
- Legitimidade passiva: I – pessoas jurídicas, tanto 
públicas, quanto privadas, em nome das quais foi 
praticado o ato ou contrato a ser anulado; II - as 
autoridades, os funcionários e administradores que 
houverem autorizado, aprovado, ratificado ou 
praticado pessoalmente o ato ou, ainda, que tenha 
firmado o contrato a ser anulado, ou que, por 
omissos, permitiram a lesão; e III - os beneficiários 
diretos do ato ou contrato ilegal. 
- A competência é definida a partir da origem do ato a 
ser anulado. 
2.5. Ação Civil 
Pública 
- busca a garantia de interesses difusos e coletivos, 
assim como de direitos individuais homogêneos, sendo 
regulada na Lei nº 7.347/85. 
- legitimidade ativa: o Ministério Público; a Defensoria 
Pública; a União, os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios; a autarquia, empresa pública, fundação 
ou sociedade de economia mista; a associação que, 
concomitantemente, esteja constituída há pelo menos 
1 (um) ano nos termos da lei civil e inclua, entre suas 
finalidades institucionais, a proteção ao meio 
ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, aos 
direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos, à livre 
concorrência ou ao patrimônio artístico, estético, 
histórico, turístico e paisagístico. 
- Legitimidade passiva: todos aqueles que praticarem 
condutas que tragam prejuízos aos direitos ambientais, 
aos direitos dos consumidores, à ordem econômica ou 
urbanística, a bens e direitos de valor estético, 
histórico, turístico e paisagístico ou a qualquer outro 
interesse difuso ou coletivo. 
2.6. Ação de 
Improbidade 
Administrativa 
 
- natureza de ação civil e busca a punição dos agentes 
públicos e particulares que atuem em colaboração ou 
que, de alguma forma, obtenham benefícios da 
atuação do agente, por atos de improbidade. 
- Legitimidade ativa: Pessoa Jurídica lesada (vide art. 
1° da Lei 8.429/92), assim como do Ministério Público. 
 
 
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- A ação deve ser proposta no foro do juízo singular. 
- ATENÇÃO ao Art. 17, §7º da Lei de Improbidade 
Administrativa, quanto ao procedimento. 
3. COMPETÊNCIA 
 
3.1. Conceito 
 
 A doutrina processual conceitua a competência como sendo a medida da 
jurisdição, ou seja, o critério de distribuição das atribuições da função 
jurisdicional entre os vários órgãos judiciários. Para que possa ficar clara a 
noção de quais os órgãos competentes para o exercício jurisdicional, abaixo está 
representada a estrutura do Poder Judiciário: 
 
 
 
 
Disponível em: <http://www.artigojus.com.br/2012/05/estrutura-do-poder-
judiciario.html>. Acesso em 16 de mar. De 2017. 
 
 Além disso, para indicar o foro competente, classicamente, a competência 
é dividida em absoluta e relativa, como veremos a seguir. 
 
3.1.1. Competência Absoluta 
 
 Diz respeito às matérias de ordem pública, as quais NÃO podem ser 
modificadas pelas partes e podem ser reconhecidas de ofício. Vale mencionar 
que o art. 337, II, do CPC/2015 determina que ela deve ser alegada nas 
preliminares da contestação, todavia, não há impedimento de que as partes, em 
qualquer momento, a aleguem, visto que NÃO está sujeita à preclusão. 
Como exceção à regra disposta no art. 337, II, do CPC/2015, o art. 63, 
§3º, do CPC/2015, determina: 
 
 
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Art. 63. As partes podem modificar a competência em razão do valor e do 
território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e 
obrigações. 
[...] 
§ 3º Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser 
reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos 
ao juízo do foro de domicílio do réu. 
 
 
 
 
O reconhecimento da incompetência absoluta acarreta a nulidade dos atos 
decisórios praticados até então, de modo que o juízo incompetente deve remeter 
os autos ao juízo competente. Nesse sentido, mesmo diante de uma sentença 
transitada em julgado, deve-se ajuizar a Ação Rescisória para ver sanado o 
vício de incompetência absoluta. 
 
Por último, é importante dizer que a competência absoluta está ligada aos 
critérios material e funcional. 
 
3.1.2. Competência Relativa 
 
Diz respeito às matérias de interesse das partes, portanto, podem ser 
modificadas por estas, podendo, assim, acarretar: 
a) A prorrogação: ocorre quando, não arguida a incompetência relativa no 
momento oportuno (por exemplo, quando o réu, na preliminar de 
contestação, não a alega), esta torna-se competente. 
b) A derrogação pela eleição de foro: ocorre quando as próprias partes, 
voluntariamente (através de um contrato), escolhem o foro competente 
para processar e julgar as demandas oriundas do contrato celebrado, nos 
moldes do art. 63, do CPC/2015. 
c) A continência:é tratada no art. 56, do CPC/2015, o qual dispõe: 
 
Art. 56. Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando 
houver identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o 
pedido de uma, porser mais amplo, abrange o das demais. 
 
d) A conexão: ocorre quando há a união de duas ou mais ações em 
andamento que possuam o mesmo pedido ou causa de pedir, com o 
fito de evitar decisões conflitantes e de se garantir a economia 
processual. Vide o disposto no art. 55, do CPC/2015. 
 
 Ressalte-se, ainda, que não podem ser reconhecidas de ofício, nos 
moldes da Súmula 33, do Superior Tribunal de Justiça, a qual dispõe “A 
incompetência relativa não pode ser declarada de ofício”. 
 
 
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Assim como ocorre na incompetência absoluta, a incompetência relativa 
também deve ser arguida em preliminar de contestação (art. 337, II, do 
CPC/2015), entretanto, está sujeita à preclusão. 
 
ATENÇÃO: Em nenhuma ocasião a incompetência relativa acarretará a nulidade 
da sentença, pois quando não invocada no momento oportuno, gerará o 
fenômeno da prorrogação de competência, já explicitado acima. 
 
 Por fim, insta frisar que a competência relativa está ligada aos critérios do 
valor da causa e territorial. 
3.2. Critérios para a fixação de competência 
 
 Nesse ponto do estudo, há de se fazer menção às valiosas lições de 
Giuseppe Chiovenda, citado por Marcus Vinicius R. Gonçalves, no sentido de 
estabelecer os critérios, voltados ao legislador, para a apuração de competência: 
"1° Critério objetivo; 
2° Critério funcional; 
3° Critério territorial. 
Extrai-se o critério objetivo ou do valor da causa 
(competência por valor) ou da natureza da causa 
(competência por matéria)... O critério funcional extrai-se 
da natureza especial e das exigências especiais das 
funções que se chama o magistrado a exercer num 
processo... O critério territorial relaciona-se com a 
circunscrição territorial designada à atividade de cada 
órgão jurisdicional."11 
 
3.3. Principais regras de competência de foro 
 
 Muita atenção ao subtópico em análise, pois, dele decorre a grande 
maioria das questões relativas à competência de foro. Aqui, há uma enorme 
contribuição para a sistematização do estudo refletida no quadro-resumo 
desenvolvido por GONÇALVES, em seu Livro Direito Processual Civil 
Esquematizado12, conforme se segue: 
 
 
 
 
11_______. Direito processual civil esquematizado/ Marcus Vinicius Rios 
Gonçalves; coordenador Pedro Lenza. - 6. ed.- São Paulo: Saraiva, 2016, p.177. 
12GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado/ 
Marcus Vinicius Rios Gonçalves; coordenador Pedro Lenza. - 6. ed.- São Paulo: 
Saraiva, 2016, p. 134. 
 
 
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Tipo de Ação Foro Competente Caráter da Regra 
- Ações pessoais e reais 
sobre bens móveis. 
◘ Foro do domicílio do réu 
(art. 46, CPC/15). 
Relativo. 
- Ações reais imobiliárias 
(incluindo possessórias e 
adjudicações 
compulsórias). 
◘ Foro de situação do imóvel 
(art. 47, CPC/15). 
Absoluto, exceto 
se a ação não 
versar sobre 
propriedade, 
posse, vizinhança, 
servidão, divisão e 
demarcação de 
terras e nunciação 
de obra nova. 
- Ação de inventário, 
partilha e arrecadação, 
bem como as que 
envolvam o cumprimento 
de disposições de última 
vontade, impugnação ou 
anulação de partilha 
extrajudicial, ou em que o 
espólio for réu. 
◘ Foro do domicílio do autor 
da herança no Brasil; se ele 
não possuía domicílio certo, 
o da situação dos bens 
imóveis; se havia bens 
imóveis em lugares diversos, 
em qualquer deles; se não 
havia imóveis, o foro do local 
de qualquer bem do espólio 
(art. 48, do CPC/15). 
Relativo. 
- Ações de separação, 
divórcio, anulação de 
casamento e 
reconhecimento ou 
dissolução de união 
estável. 
◘ Foro do domicílio do 
guardião do filho incapaz; do 
último domicílio do casal; ou 
do domicílio do réu, se 
nenhuma das partes residir 
no último domicílio do casal 
(art. 53, I, do CPC/15). 
Relativo. 
- Ações de alimentos, 
ainda que cumuladas com 
investigação de 
paternidade. 
◘ Foro do domicílio do 
alimentando (art. 53, II, do 
CPC/15) 
Relativo. 
- Ação de reparação de 
danos em geral. 
◘ Foro do lugar do ato ou 
fato, salvo quando se tratar 
de relação de consumo, 
quando a competência será a 
do domicílio do consumidor 
(art. 53, IV, “a”, do CPC/15 e 
art. 101, I, do CDC) 
Relativo. 
- Ação de reparação de 
danos em acidentes de 
veículo. 
◘ Foro do domicílio do autor 
ou do local do ato ou fato, a 
Relativo. 
 
 
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critério da vítima (art. 53, V, 
do CPC/15) 
- Ações em que a União é 
parte. 
◘ Se autora, no domicílio do 
réu; se ré, o autor poderá 
propô-la no seu domicílio ou 
no lugar do ato ou do fato, 
salvo se a ação for real 
imobiliária, quando a 
competência é sempre do 
foro de situação (art.109, §§ 
1º e 2º). O autor pode ainda 
propor no Distrito Federal. 
Relativo, salvo se a 
ação for real 
imobiliária, quando 
a competência do 
foro de situação 
será absoluta. 
- Ações em que a 
Fazenda Pública Estadual 
é parte. 
◘ A fazenda Pública Estadual 
não tem foro privilegiado. 
Assim, quando autora, as 
ações serão propostas no 
domicílio do réu, e quando ré, 
no domicílio do autor, no de 
ocorrência do ato ou fato, no 
de situação do imóvel ou no 
Capital do Estado, sempre na 
vara privativa onde houver. 
Se a ação for real imobiliária, 
a competência é sempre do 
foro de situação do imóvel. 
Relativo, salvo se a 
ação for real 
imobiliária. 
Ações que guardam 
vínculo com outras 
anteriormente propostas. 
◘ A competência será do foro 
e do juízo em que correr a 
ação anteriormente aforada. 
Absoluto, por 
tratar-se de 
competência 
funcional. 
 
3.4. Cooperação Internacional 
 
 A necessidade de cooperação internacional decorre do fenômeno da 
globalização dos interesses econômicos, assim como do alargamento das 
comunicações sociais, devido ao avanço tecnológico, razão pela qual, o Estado 
precisa da cooperação do outro para melhor aplicação da justiça e satisfação de 
suas decisões. 
 A Lei 13.105/2015 (NCPC) elenca as normas gerais a respeito do tema. 
Nesse sentido, o art. 26 estabelece que o tratado de que o Brasil for parte regerá 
a cooperação internacional, além de trazer os requisitos genéricos para tal 
cooperação, vejamos: 
 
Art. 26. A cooperação jurídica internacional será regida por tratado de que 
o Brasil faz parte e observará: 
I - o respeito às garantias do devido processo legal no Estado requerente; 
 
 
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II - a igualdade de tratamento entre nacionais e estrangeiros, residentes ou 
não no Brasil, em relação ao acesso à justiça e à tramitação dos processos, 
assegurando-se assistência judiciária aos necessitados; 
III - a publicidade processual, exceto nas hipóteses de sigilo previstas na 
legislação brasileira ou na do Estado requerente; 
IV - a existência de autoridade central para recepção e transmissão dos 
pedidos de cooperação; 
V - a espontaneidade na transmissão de informações a autoridades 
estrangeiras. 
§ 1o Na ausência de tratado, a cooperação jurídica internacional poderá 
realizar-se com base em reciprocidade, manifestada por via diplomática. 
§ 2o Não se exigirá a reciprocidade referida no § 1o para homologação de 
sentença estrangeira. 
§ 3o Na cooperação jurídica internacional nãoserá admitida a prática de 
atos que contrariem ou que produzam resultados incompatíveis com as 
normas fundamentais que regem o Estado brasileiro. 
§ 4o O Ministério da Justiça exercerá as funções de autoridade central na 
ausência de designação específica. 
 
 Mas, a pergunta que se faz é: como se dará essa cooperação 
internacional? 
 Três são as maneiras fundamentais para o exercício dessa cooperação: 
por auxílio direto, por carta rogatória ou pela homologação de sentença 
estrangeira. 
a) Por auxílio direto: cabe quando a medida não decorrer diretamente de 
decisão de autoridade jurisdicional estrangeira a ser submetida a juízo de 
delibação no Brasil (art. 28, do CPC/2015); 
b) Por carta rogatória: é procedimento de jurisdição contenciosa, perante o 
Superior Tribunal de Justiça, e deve assegurar às partes as garantias do 
devido processo legal (art. 36, do CPC/2015). 
c) Por homologação de sentença estrangeira: requerida por ação de 
homologação de decisão estrangeira, salvo disposição especial em 
sentido contrário prevista em tratado (art. 960, do CPC/2015). 
 
3.5. Homologação de Sentença Estrangeira 
 
É mecanismo pelo qual a autoridade brasileira outorga eficácia à sentença 
estrangeira que, por conseguinte, poderá ser executada no Brasil. Hoje, a 
competência para tanto é do Superior Tribunal de Justiça (vide Art. 105, I, i, 
da CF/88). 
 É importante frisarmos que, sem a referida homologação, a sentença 
estrangeira é absolutamente ineficaz, ainda que tenha transitado em julgado 
no exterior. 
 No que diz respeito às normas processuais relativas à Homologação, o 
futuro Delegado deve ter em mente as disposições expostas nos Arts. 960 a 965 
do CPC, os quais são de LEITURA OBRIGATÓRIA! 
 
 
 
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3.6. Competência da Justiça Federal 
 
Em relação ao tema, recomendamos a leitura atenta dos Arts: 106-110 
da CF/88 e 45 do CPC. 
Muito cuidado, futuro Delegado, com a informação relativa às ações 
previdenciárias no sentido de considerar que, nos foros onde não há vara federal, 
enquanto esta não for instalada, tais ações serão processadas e julgadas na 
Justiça Estadual. Vale dizer que os recursos contra as decisões do juiz estadual 
serão encaminhados ao Tribunal Regional Federal. 
 Atenção também ao disposto na súmula 508 do STF, a qual determina 
que “compete à Justiça Estadual, em ambas as instâncias, processar e julgar as 
causas em que for parte o Banco do Brasil S.A”, inclui-se também a Petrobrás, 
tendo em vista que ambas são sociedades de economia mista federais. Todavia, 
são de competência da Justiça Federal as ações ajuizadas em face do Banco 
Central (autarquia), INPI (autarquia) e Caixa Econômica Federal (empresa 
pública). 
 
 
A quem compete decidir se há ou não interesse da União e entidades 
federais? 
Súmula 150 do STJ “Compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de 
interesse jurídico que justifique a presença, no processo, da União, suas 
autarquias ou empresas públicas”. 
Vale dizer que o próprio STJ tem entendido que, não obstante o teor da súmula 
150, o juiz estadual pode indeferir o ingresso da União, se o seu pedido não vier 
acompanhado de uma fundamentação juridicamente razoável. (Vide acórdão 
publicado em RSTJ 103/285 relativo ao Recurso Especial 
n. 114.359-SP, Rei. Min. Ruy Rosado de Aguiar). 
 
 
 
 
 
 
QUESTÃO 3 - 
A respeito das regras relativas à jurisdição e 
competência previstas no CPC, julgue o item que 
se segue: 
A nova sistemática de cooperação jurídica 
internacional prevista no atual CPC dispensa a 
 
 
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(TJ-PR/Juiz 
Substituto/ 
CESPE/2017/ADAPTA
DA): 
COMPETÊNCIA 
atuação de autoridade central para a recepção 
e transmissão dos pedidos de cooperação. 
 
GABARITO COMENTADO: 
 
Item INCORRETO. Conforme dispõe o Art. 26 do 
CPC “A cooperação jurídica internacional será 
regida por tratado de que o Brasil faz parte 
e observará: IV - a existência de autoridade central 
para recepção e transmissão dos pedidos de 
cooperação”. 
 
 
 
COMPETÊNCIA 
 
3.1. Conceito 
- É a medida da jurisdição, ou seja, o critério de 
distribuição das atribuições da função jurisdicional 
entre os vários órgãos judiciários. 
 
3.1.1. Competência 
Absoluta 
Diz respeito às matérias de ordem pública, as quais 
NÃO podem ser modificadas pelas partes, podendo, 
porém, ser reconhecidas de ofício e NÃO estão 
sujeitas à preclusão. 
- Em razão da matéria e funcional. 
 
 
 
3.1.2. Competência 
Relativa 
Diz respeito às matérias de interesse das partes, as 
quais podem ser modificadas por estas 
(podendo acarretar: prorrogação, derrogação pela 
eleição de foro, continência e conexão), NÃO podem 
ser reconhecidas de ofício (Súmula 33/STJ) e estão 
sujeitas à preclusão. 
- Em razão do valor da causa e territorial. 
 
 
 
3.2. Critérios para a 
fixação de 
competência 
- o critério objetivo ou do valor da causa 
(competência por valor) ou da natureza da causa 
(competência por matéria); 
- o critério funcional extrai-se da natureza especial 
e das exigências especiais das funções que se 
chama o magistrado a exercer num processo; 
 
 
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- o critério territorial relaciona-se com a 
circunscrição territorial designada à atividade de cada 
órgão jurisdicional. 
 
 
 
3.4. Cooperação 
Internacional 
- Busca a cooperação entre os Estados com o fito de 
melhor aplicar a justiça e satisfazer as decisões 
proferidas. 
- Formas de exercício dessa cooperação: 
a) Por auxílio direto: (art. 28, do CPC/2015); 
b) Por carta rogatória: (art. 36, do CPC/2015); 
c) Por homologação de sentença estrangeira: 
(art. 960, do CPC/2015). 
3.5. Homologação 
de Sentença 
Estrangeira 
- É mecanismo pelo qual a autoridade brasileira 
outorga eficácia à sentença estrangeira que, por 
conseguinte, poderá ser executada no Brasil. Hoje, a 
competência para tanto é do Superior Tribunal de 
Justiça (vide Art. 105, I, i, da CF/88); 
- Vide Arts. 960 a 965 do CPC. 
3.6. Competência da 
Justiça Federal 
- Vide Arts: 106-110 da CF/88 e 45 do CPC; 
- Vide Súmula 508 do STF; 
- Vide Súmula 150 do STJ. 
4. TUTELAS PROVISÓRIAS 
 
4.1. Conceito 
 
 Conforme ensina a doutrina, podemos conceituar a tutela provisória como 
sendo o conjunto de técnicas que permite ao magistrado, após preenchidos 
determinados pressupostos (que estão em torno da presença da “urgência” ou 
da “evidência”), prestar a tutela jurisdicional, antecedente ou incidentalmente, 
com base em decisão instável (motivo do caráter provisório) apta a assegurar 
e/ou a satisfazer, desde logo, a pretensão do autor13. 
 
13 BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil: inteiramente 
estruturado à luz do novo CPC, de acordo com a Lei n. 13.256, de 4-2-
2016/Cassio Scarpinella Bueno. - 2. ed. rev., atual. eampl. – São Paulo: 
Saraiva, 2016, p. 266. 
 
 
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30 Grupo CERS ONLINE 
A respeito do assunto, devemos dar bastante atenção ao disposto no Livro 
V da Parte Geral do CPC/2015, o qual é dividido em três Títulos, compreendendo 
os arts. 294 a 311 (LEITUTRA OBRIGATÓRIA!!). 
 
4.2. Classificações 
 
 Quanto à fundamentação, a tutela provisória é classificada como: De 
urgência (dividida em Antecipada e Cautelar)ou De evidência; já quanto ao 
momento de concessão, classifica-se em: antecedente ou incidental, nos 
termos do Art. 294 do CPC/2015. 
 
4.2.1. Tutela Provisória de Urgência 
 
 Nos moldes do art. 300 do CPC: “A tutela de urgência será concedida 
quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo 
de dano ou o risco ao resultado útil do processo”. 
 Ressalte-se que são requisitos para a concessão da tutela de urgência 
(seja antecipada, seja cautelar): 
1) A probabilidade do direito; e 
2) o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. 
 
 
 
 
Tragamos à baila para clarear as ideias a informação disposta no Enunciado nº 
143 do FPPC (Fórum Permanente de Processualistas Civis): (art. 300, caput) “A 
redação do art. 300, caput, superou a distinção entre os requisitos da concessão 
para a tutela cautelar e para a tutela satisfativa de urgência, erigindo a 
probabilidade e o perigo na demora a requisitos comuns para a prestação de 
ambas as tutelas de forma antecipada”. 
Sabendo que os requisitos para a concessão das tutelas de urgência são os 
mesmo, cabe ao juiz identificar se o pedido é satisfativo (tutela antecipada) ou 
não satisfativo (tutela cautelar). Nesse particular, ainda que se formule um 
pedido cautelar no lugar de um antecipado, o juiz não deve indeferir a medida, 
em respeito ao princípio da FUNGIBILIDADE (Art. 305, parágrafo único, do 
CPC). 
 
4.2.1.1. Tutela Provisória de Urgência Antecipada 
 
É a tutela provisória de natureza satisfativa, a qual permite ao juiz definir 
antecipadamente os efeitos que, sem ela, somente poderia conceder ao final. É 
útil, portanto, para afastar uma situação de perigo de prejuízo. Por último, vale 
 
 
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frisar que a efetivação da tutela antecipada deve, no que couber, observância às 
disposições referentes ao cumprimento provisório de sentença (vide art. 297, 
parágrafo único, do CPC). 
 
4.2.1.2. Tutela Provisória de Urgência Cautelar 
 
É a tutela provisória de natureza não satisfativa, visto que o juiz não 
defere de pronto os efeitos pedidos, mas apenas determina uma medida 
protetiva, assecuratória, de modo a preservar o direito do autor, em razão do 
risco relativo à demora no processo, nos moldes do caput do art. 297 do CPC. 
 
4.2.1.3. Tutela Provisória de Urgência Antecedente 
 
 Ocorre quando a medida é formulada previamente ao pedido principal ou, 
mesmo sendo apresentado, não o foi completamente. 
Conforme dispõe o art. 303 do CPC “Nos casos em que a urgência for 
contemporânea à propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se ao 
requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela final, com a 
exposição da lide, do direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do 
risco ao resultado útil do processo”, é a chamada tutela antecipada em caráter 
antecedente. 
 
ATENÇÃO: Não há mais que se falar em processo cautelar, seja incidental ou 
antecipado, como previa o Livro III do CPC de 1973. 
 
4.2.1.3.1. Estabilização da Tutela Antecipada Antecedente 
 
Quando o interesse do autor se satisfaz frente à concessão da tutela 
antecipada em caráter antecedente e o réu não agrava de instrumento, nem 
aquele adita a petição inicial, ocorre o fenômeno da ESTABILIZAÇÃO (vide 
art. 304 do CPC), ou seja, a imutabilidade da autoridade (efeitos) das decisões 
judiciais. Embora o processo seja extinto sem julgamento do mérito, a decisão 
liminar permanece produzindo efeitos. 
Nos moldes do Art. 304, §2º “Qualquer das partes poderá demandar a 
outra com o intuito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada 
nos termos do caput”. 
 
4.2.1.3.2. Estabilização da Tutela e Coisa Julgada 
 
Muito cuidado com tais institutos, pois, mesmo sendo duas formas de 
imutabilidade da autoridade das decisões judiciais, são fenômenos processuais 
distintos. Abaixo vejamos as principais diferenças entre eles: 
Quanto à ESTABILIZAÇÃO DA TUTELA, temos que oriunda de uma 
tutela provisória; ocorre após o trânsito em julgado de uma decisão SEM 
resolução de mérito; está sujeita a uma ação para revisão (de competência do 
 
 
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juízo de 1º grau), reforma ou invalidação da decisão estabilizada, a qual deve 
ser proposta no prazo de dois anos (art. 304, § 5º, do CPC). 
Já no que tange à COISA JULGADA MATERIAL, temos que oriunda de 
uma tutela final; ocorre após o trânsito em julgado de uma decisão COM 
resolução de mérito; está sujeita a uma ação rescisória (de competência 
originária de tribunal), a qual deve ser proposta no prazo de dois anos (art. 975 
do CPC). 
 
4.2.1.4. Tutela Provisória de Urgência Incidental 
 
 Ocorre quando a medida é formulada após o início do processo, isto quer 
dizer que, numa situação de urgência, a medida é apresentada no bojo do 
processo. 
 
4.2.2. Tutela Cautelar 
4.2.2.1. Conceito 
 
 A tutela cautelar pode ser entendida como a proteção jurisdicional 
prestada pelo Estado para afastar o perigo de ineficácia do resultado final da 
pretensão definitiva da parte (NEVES, 2017, p. 546). 
 
ATENÇÃO: Não obstante o Novo CPC não elencar requisitos específicos 
voltados para as medidas cautelares, a doutrina entende que elas podem ser 
deferidas se presentes os requisitos do fumus boni iuris e o periculum in mora. 
 
4.2.2.2. Poder Geral de Cautela 
 
 É aquele poder conferido ao Estado para que se evite, no caso concreto, 
que o tempo necessário para a concessão da tutela definitiva gere a ineficácia 
dessa tutela. 
A respeito do terma, vale ressaltar a informação encartada no Enunciado 
31 do Fórum Permanente de Processualistas Civis, no sentido de que "O poder 
geral de cautela está mantido no CPC". 
 Há de se considerar, conforme ensina Marcus Vinicius Rios Gonçalves, 
que “O Código atual dá ao juiz não um poder geral de cautela, mas o poder geral 
para concessão de tutelas provisórias, isto é, de deferir, em caso de urgência, a 
medida — cautelar ou satisfativa — mais apropriada, com o que se tornou 
despiciendo falar em fungibilidade. O poder geral já permite ao juiz conceder a 
medida pertinente, seja ela de que natureza for” (GONÇALVES, 2016, p. 486). 
 
4.2.2.3. Cautelares Típicas e Atípicas 
 
 De acordo com o Art. 301 do CPC/15, a “tutela de urgência de natureza 
cautelar pode ser efetivada mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, 
registro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra medida idônea 
para asseguração do direito”. Isso quer dizer que, apesar de o CPC elencar 
 
 
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algumas medidas típicas, deixa em aberta a possibilidade da adoção de outras 
medidas atípicas com o fito de assegurar o direito. 
 
4.2.2.3.1. Arresto 
 
É a apreensão de bens com o fito de garantir a execução por quantia 
certa. Seu efeito imediato é a afetação do bem apreendido, vale ressaltar, por 
fim, que todo e qualquer bem pode ser objeto de arresto. 
 
4.2.2.3.2. Sequestro 
 
Busca assegurar a execução para entrega de coisa certa ou para garantir 
a eficácia de uma sentença executiva. Ressalte-se que tal medida cautelar 
consiste na apreensão de objetos determinados. 
 
4.2.2.3.3. Arrolamento de Bens 
 
É utilizada diante dos casos em que há fundado receio de extravio ou 
dissipação dos bens e interesse na sua conservação; 
 
4.2.2.3.4. Registro de Protesto contra Alienação de Bem 
 
Busca dar publicidade geral contra a alienação de bem específico. 
 
4.2.2.4. Tutela Cautelar Antecedente 
 
A tutela cautelar antecedente segue

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