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PDF Studio For Evaluation. http://www.qoppa.com/pdfstudio A realização das várias etapas de um trabalho monográfico pres- supõe, naturalmente, certo amadurecimento. Esse amadurecimento é fruto de uma experiência de vida intelectual, de vida científica, construída quer mediante a realização de estudos, quer através de participação em pesquisas. Portanto, ao se propor a realização de um trabalho monográfíco, seja ele didático ou científico, é necessá- rio se inserir antes num "universo familiar de problemas", para que se possa então determinar um tema, definir um problema específico etc. Fica claro, então, que leituras, cursos, participação em se-;Fnári- os e em outras atividades são condições e contextos para a í itna ;ão do universo de problematização. Posteriormente, volta. -se-a Ç. exí- gência, como já foi adiantado? de se levantar uma ' u/iog, «fia espe- cializada, mas mesmo para isso é preciso estar de 'aos e nc algumas diretrizes norteadoras, ou seja, ter em mente c 'jut se pretende fa- zer, pelo menos em suas grandes linhas. C curso de pós-graduação, enquanto comporta ainda escolaridade, *rm a ob¡etivo de criar esse contexto, fornecendo instrumentos, levan. \nau dúvidas que façam germinar esses problemas que serão POSI. *riormente pesquisados e cujo tratamento se transforma' a na diqseícação ou na tese. As considerações até aqui .Litas obre as condições para a ade- quação e eficiência do processo d. orientação suscitam a questão do papel dos cursos de pós gr rluação. Na realidade, constata-se um grande abismo entre o mc .ne nto vivido pelos pós-graduandos en- quanto cursam as di' ciprnas do regime curricular dos programas e o momento seguinte en que deveriam dar andamento a sua pesqui- sa com a ajuda ç o se 1 o. 'entador A falta de pontes entre estes dois momentos *xylcação das dificuldades que grande número de pós~gr^d11a. ~dos encontram para desencadear suas pesquisas e da eleve .da ta. 1 uv: evasão daqueles que, embora terminando os crédi- tos, band. .tam o programa e desistem da dissertação. Era ae se esperar que a estrutura acadêmica e curricular dos cursos de pós-graduação fornecesse um instrumental teórico e me- todológico que propiciasse ao aluno condições de uma adequada escolha do problema de sua pesquisa, de acordo com seus interes- 12. Cí. p. 76 157 PDF Studio - PDF Editor for Mac, Windows, Linux. For Evaluation. http://www.qoppa.com/pdfstudio ses, encaminhando-o ao levantamento preliminar de fontes e da- dos necessários à pesquisa, para testar sua viabilidade. Inclusive deveria orientar o aluno para o levantamento bibliográfico, pre- dispondo-o e habilitando-o ao diálogo com os autores que trata- ram do assunto. Não se trata -- não basta - de fornecer um certo domínio de técnicas de pesquisa: é preciso toda uma imersão num universo teórico e conceitual, onde se encontram necessariamente as coordenadas epistemológicas e antropológicas de toda discus- são relevante e crítica que hoje qualquer área científica possa de- senvolver. Espera-se, pois, do conteúdo programático uma pro- posta provocadora de reflexão e de pesquisa, mediante un aro- cesso contínuo de problematização das temáticas, cin iifdação permanente com os textos significativos de outros p *ns>dores. A pós-graduação, mais que um conjunto de ci tsc s, c everia cons- tituir-se num espaço onde se desdobrasse um ;'11 stante debate de idéias, de troca de conhecimentos, de reflt vã., c.? estudo, de leitura e de discussão. Não só nas salas de au". nas também em grupos informais interessados em temas afins, "rn icuniões extracurriculares, em encontros culturais e científicos, em c 'afesas de tese etc. Mas estas observações tzm c *eu reverso. Não há estrutura acadêmica que possa garantir a efinência do processo, se os pró- prios pós-graduandos não o assumirem com uma postura crítica e comprometida decorrer ,e r. * uma opção prévia, de dimensão po- litico-existencial, ciontt s le sua responsabilidade social. A integração, particip ção v atuação no processo de produção cientí- fica, como já se dise, _ í se viabilizam e se justificam se se vincula- rem ao projeto polít co e ao projeto existencial do pós-graduando pesquisador. “ses projetos implicam necessariamente um irredp.; el *ompromisso com a seriedade científica, com o traba- lho dedica io e persistente, corn o estudo sistemático, com o en- fren amer .o de todas as dificuldades estruturais e conjunturais, com a busca incessante de informações, deixando-se de lado todas as motivações alheias ao significado profundo que educação e ciên- cia têm numa sociedade tão pobre e carente como a brasileira. Os problemas e fracassos da pós-graduação brasileira não decorrem apenas de suas limitações estruturais mas também de limitações da opção político-existencial dos pós-graduandos nem sempre crí- tica e competentemente comprometida com um projeto de trans- formação da sociedade e de superação das suas carências. 158 PDF Studio - PDF Editor for Mac, Windows, Linux. For_ Evaluation, http://www.qoppa.com/pdfstudio 0 que ;a se disse sobre o sentido ivolitici) da pesquisa con- cluí-se clairainentc* que a escolha e a delimitação de um tema de ¡wesquisai ¡aressupõeni sua relevância não só acadêmica mas sobre- tudo social. Na sociedade lãrasileira, marcada por tantas e tão gra~ ves contradições, a questão da relevância social dos temas de pes- quisa assume então um caráter de extrema gravidade. É neste contexto da pós-graduação que se coloca a questão da elaboração do projeto di' pcsquiszz. líssa elaboração exige, tendo«o como premissa, um universo CplSlCll1()lÓglC.() e político. Mas, de um ponto de vista ivrátict) e científico, embora logicamtàntc* implí» cito no próprio desenvolvimento do trabalho, o projet¡ deve ser explicitado da iverspectivai técnica, levando-se em con a k -rt” s exi- gências acadêmicas postas pelas instituições para quais são fei- tos os trabalhos. Um projeto bem elaborado desempenha va ia_ Íunções: 1. Define e planeja para o próprio c “im *alan o caminho a ser seguido no desenvolvimento c. i n. balho de pesquisa e re- flexão, explicitando as etapas a ."rem ailcançadas, os ins~ trumentos e estratégias a se em usados. Este planejamento possibilitará ao pós-gr iduam; c* _' pesquisador impor-se uma disciplina de trabalho -.ao sc na ordem dos procedimentos lógicos mas também em ' -.mos de organização do tempo, de seqüência de ' o¡ \íros e cumprimentos de prazos. 2. Atende às exigân( ta' didáticas dos professores, tendo em vista a dÍSCL 'são dos projetos de pesquisa em seminários, freqüenta) .at, ecudo em cursos de doutorado. Cada pes- quisador sul' mete sua proposta à apreciação dos colegas, com os eua s a discute. no Pe. mf** aos orientadores que aquilatem melhor o sentido ger: ' 'lo trabalho de pesquisa e seu_ desenvolvimento futu~ "O podendo discutir desde o início, com o orientando, suas possibilidades, perspectivas e eventuais desvios. 4. Subsidia a discussão e a avaliação pela banca examinadora das possibilidades do pós-graduando com vistas a elabo- ração de sua dissertação ou tese por ocasião do exame de qualificação. 5. Serve de base para solicitação de bolsa *de estudos ou de financiamento junto a agências de apoio a pesquisa e a pos- graduação. 159 PDF Studio - PDF Editor for Mac, Windows, Linux. For Evaluation. http://www.qoppa.com/pdfstudio 6. Serve de base para a coordenação de programas de pós- graduação decidir quanto à aceitação das matrículas de can- didatos, sobretudo aos cursos de doutoramento. O projeto de pesquisa deverá conter vários elementos, que comporão o seguinte roteiro: Título do projeto Delimitação do tema e do problema Apresentação das hipóteses Explicitação do qL1adro teórico Indicação dos procedimentos metodológicos e téc .lL s Cronograma de desenvolvimento Referências bibliográficas básicas 3.1. Quanto ao Título do Projeto Trata-se de indicar, medianteur** tir 'lo, o assunto do traba- lho. É uma nomeação do tema da D654 uise Pode-se distinguir entre o título geral e um título técnic , este gwumente aparecendo como um subtítulo que especzfica a .-.náti :a abordada, ao passo que o título geral indica mais genericab -nte o teor do trabalho. 3.2. Determinação e “olir iiução do Tema e do Problema da Pesquisa Trata-se do non em; fundamental do projeto de pesquisa. Com efeito, é o IT ou. m. - de se caracterizar de maneira mais desdobrada o cont" "do 1a p iobiemática que vai se pesquisar e estudar. Como “á se viu anteriormente” o tema da pesquisa deve ser probemar Lado. Antes de se partir para a pesquisa propriamente dita, é preciso ter~se uma idéia bem clara do problema a se resol- ver. Trata-se de definir bem os vários aspectos da dificuldade, de mostrar o seu caráter de aparente contradição, esclarecendo devi- damente os limites dentro dos quais se desenvolverão a pesquisa e raciocínio demonstrativo. 13. Cí. p. 74-6 e p. 183 as. 160 PDF Studio - PDF Editor for Mac, Windows, Linux. For Evaluation. http://www.qoppa.cQm/pdfstudio sta etapa do projeto pode-se iniciar com uma apresentaçao em que se coloca inicialmente a gênese do problema, ou seja, como o autor chegou a ele, explicitando-se os motivos mais relevantes que levaram à abordagem do assunto; em seguida, pode ser feita uma contraposição aos trabalhos que já versaram sobre o mesmo proble- ma, elaborando-se uma espécie de estado da questão, inclusive me- diante rápida referência à literatura relativa ao tema com base num balanço crítico da bibliografia, já feito nos estudos preparatórios. Passa-se então à etapa fundamental da colocação própria do pro- blema pelo autor, como se esclareceu logo acima. Esclarecí/iñ o tema e delimitado o problema, o autor deve apresentar as iu. Fjic tivas, não apenas mas sobretudo aquelas baseadas na relev. ncia social e científica da pesquisa proposta. A seguir, o auto. e no: os objeti- vos que o trabalho visa atingir relacionados com a c mtribuição que pretende trazer. Após isto, pode explicitar SL. -.: pipóteses. 3.3. A Formulação das Hipóteses Colocando o problema, en mu. sua amplitude, o autor deve 'enunciar suas hipóteses: a tese propriamente dita, ou hipótese ge- ral, égraajtçlejagcentralgque - trabalho se propõe demonstrar. Toda' * rñoÉí/ografia científica, dt. rar ;ter dissertativo, terá sempre a forma lógica de demonstra( ao Je ..ma tese proposta hipoteticamente para solucionar um problema. As hipóteses particulares são idéias cuja demonstração p rmre . 'cançar as várias etapas que se deve atin- gir para a crnsjru ao total do raciocínio.” Obviamente, esta for- mulação 4e Hip( teses leva em conta o quadro teórico em que se fund: o rac. ocinio. E jrecíso não confundir hipótese com pressuposto, corn evi- dência préviaHipótese é o que se pretende demonstrar e não o que _jámse tem demonstrado evidente, desde o ponto de partida. Muitas veiesl, ocorre esta confusão, ao se tornar como hipóteses proposi- ções já evidentes no âmbito do referencial teórico ou da metodolo- gia adotados. E, nestes casos, não há mais nada a demonstrar, e não Se chegará a nenhuma conquista e o conhecimento irão avança. 14* cf» p. 74-6 e p. 183 as. 141 PDF Studio - PDF Editor fo_r Mac, Windows, Linugc _For Evaluation. http://www.qoppa.com/pdfstudio 3.4. Explicítaçao do Quadro Teorico O quadro teórico constitui o universo de princípios, catego- rias e conceitos, formando sistematicamente um conjunto logicamente coerente, dentro do qual o trabalho do pesquisador se fundamenta e se desenvolve. Tenha-se contudo bem presente que ele serve antes como di- retriz e orientação de caminhos de reflexão do que propriamente de modelo ou de forma, uma Vez que o pensamento criativo não pode escravizar-se mecânica e formalmente a ele. É importante frisar que este quadro teórico precisa sr¡ o nsis- tente e coerente, ou seja, ele deve ser compatível com o .ruamanto do problema e com o raciocínio desenvolvido e ter orbanicldade, formando uma unidade lógica. Não se pode agr( ga., num único quadro, elementos teóricos incompatíveis entre si, ainda quando modelos diferentes pudessem ser mais úteis p «n a solução de di- ferentes processamentos de raciocínio ou (lt, niferentes aspectos do problema. Fusões artificiais de modens L \óricos incoerentes le- vam necessariamente ao sincretismc Íágmo-filosófico, de pouca validade para o trabalho científ"^o. 3.5. Indicação dos Procediment..- ivletodológicos e Técnicos Nesta fase do proietu, 'Jev l¡ caracterizada a natureza do proble- ma, o autor deve ami' tCÍín ' o .ipo de pesquisa que desenvolverá. Tra- ta-se de explicitar aqui sr se trata de pesquisa empírica, com traba- lho de campo OÍ* de 1 \bc 'atório, de pesquisa teórica ou de pesquisa histórica ou .zw. "le 'Lil trabalho que combinará, e até que ponto, as várias form s de pes .luisa. Diretamente relacionados com o tipo de pes( .iisa S\ "ao os métodos e técnicas a serem adotados. Entende-se por vzétodr: u.) procedimentos mais amplos de raciocínio, enquanto técnica. 'lo procedimentos mais restritos que operacionalizam os métodos, mediante emprego de instrumentos adequados. 3.6. Estabelecimento do Cronograma de Pesquisa Assim, os vários momentos e etapas do desenvolvimento da pesquisa devem ser distribuídos no tempo. O que se materialíza 162 PDF Studio¡ PDF Editor for Mac, Windows, Linux. For Evaluation. http:_//www.qoppa_.com/Qdfstudio mediante a elaboraçar) de um cronograma, ou seja, a distribuiçao das tarefas nos períodos do calendário. 3.7. Indicação da Bibliografia Esta é a bibliografia básica, constituída daqueles textos funda- mentais em que aborda a problemátiCa em questão. Geralmente, esta bibliografia 1a foi ate abordada para a elaboração do próprio projeto: leituras que mudaram à familiarização com o tema e ao ama- durecimento do problema. Naturalmente, ela será enrieaerida de- pois, no decorrer do proprio desenvolvimento da pespnif <at Jonde se ve que a bibliografia ÓOPFOJCÍO nao é ainda tão completa como a que constara do trabalho, a qual se acrescentarã( n ;x ws elementos descobertos e explorados durante a própria pesyui '^. Este item pode ser desdobrado em duas pa. .es, constando da primeira a bibliografia consultada e, d; 'ÊÉBWDOcV aquela bibliografia que, embora ainda não tenha sido expn, 'aaa com vistas à elabora- ção do projeto, refere-se à sua temática, sugerindo possível contri- buição para o desenvolvimer .o do .rc-balho. Observações: 1. O projeto, em seu . varios pontos, pode ser alterado no de- correr da pesquisa. sto í normal e até positivo, uma vez que reve- la eventuais deruxbt 'tas de dados novos e aprofundamento das idéias pelo autt r. 2. Tarr oén o; ítens deste roteiro podem ser reduzidos, ampli- ados ou K stdlturados em outra ordem, de acordo com a natureza da '_ vesqui: a a ser desenvolvida. A estruturação é flexível e seus elen. nto' devem ser distribuídos de conformidade com as exigên- cias lógicas da própria pesquisa. 3. Por outro lado, projeto de pesquisa não deve ser confundi- do com plano de trabalho, de que já se falou às p. 78 ss. Apesar do caráter de provisoriedade de ambos, neste último caso trata-se da própria estrutura lógica da monografia, dividindo esquematica- mente, como um sumário, os vários momentos do discurso, do ponto de vista' de seu conteúdo. 4. Resta lembrar ainda a distinção entre o projeto e o próprio trabalho -- dissertação ou tese. No projeto, o pesquisador deve ter 163 PDF Studio - PDF Editor for Mac, Windows, Linux. For Evaluation. http://www.qoppa.com/pdfstudio muito claro o caminho a ser percorrido, as etapas a serem vencidas, os instrumentos e as estratégias a serem utilizadas. É para isto que, em última análise, ele é feito, esta é a sua finalidade intrínseca. Mas não e' o projeto que vai ser publicado e sim a dissertaçãoou a tese. E aí o que está em jogo e' o resultado do trabalho desenvolvido de acordo com o projeto. Distinguem-se, pois, um do outro, plano de pesquisa e plano de exposição. Assim, nem sempre é necessário escrever um capítulo para explicar qual é o quadro teórico: o im- portante é basear-se nesse quadro teórico de maneira coerente. O leitor dar-se-a' conta em qual quadro teórico o autor se apoiou. 4. OBSERVAÇÕES TÉCNICAS ESPECÍFICAS As monografias científicas a serem deservdvidas nos cursos de pós-graduação, seja a dissertação de IT°SÍÍEIÇ ), seja a tese de doutoramento ou demais trabalhos dk 2.o m» .Il, seguem as nor- mas metodológicas gerais que foram api *seihadas para o trabalho científico, no capítulo V. Assim, por exe. 1plo, a técnica bibliográfi- ca a ser seguida é a mesma, nas ser mr: com maior exigência de rigor e completude. A bibliograía Neve ser mais rica e mais bem explorada. Todavia, algumas cr... “terísticas técnicas são específicas des- ses trabalhos e é importante -ealçá-las, uma vez que, também no que diz respeito à furn. u ,e cobra sempre maior rigor e precisão na sua apresentação. Quanto à agresq nte. ;ão geral do trabalho, a monografia cientí- fica que se _iaÍioi como dissertação ou tese contém as seguintes parte°° o ~ “Lgina de rosto 0 Página de dedicatória 0 Página de aprovação 0 Sumário 0 Lista de tabelas e/ ou figuras 0 Resumo 0 Corpo do trabalho com: 164 PDF Studio - PDF Editor for Mac, Windows, Linux. For Evaluation. http://www.qoppa.com/pdfstudio Severino, Antônio Joaquim, 1941- Metodologia do trabalho científico Antônio Joaquim Severino. - 22. ed. rev. e ampl. de acordo com a ABNT - São Paulo : Cortez, 2002 Bibliografia. ISBN 85-249-0050-4 LMetodologia. 2.Métodos de estudo. 3.Pesqv:'aa. &Íírabalhos científicos. I. Título. 0243442 CDD-0o1.42
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