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Pagamento em Consignação (1)

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PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO
Direito Civil II
Grupo 1: Sthefane Pasolini Couto Braz, Cíntia Aparecida dos Santos, Tatiana 
Guimarães Marinato dos Santos, Renata Cristina Fróes da Rocha e Renato Leão 
Taufer
Índice
1. Conceito
2. Pressupostos
3. Modalidades: depósito bancário e depósito judicial
4. Efeitos Jurídicos
5. Caso Concreto
Conceito
Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o 
depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa 
devida, nos casos e forma legais
PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO
Conceito
Flávio Tartuce:
Trata-se de regra especial de pagamento, na qual o devedor faz o 
depósito da coisa devida para liberar-se de uma obrigação 
assumida em face de um credor determinado. Este depósito, nos 
termos do art. 334 do CC, pode ocorrer tanto na esfera judicial 
quanto na extrajudicial.
Pagamento 
indireto
Obrigações de 
dar
Natureza híbrida 
ou mista
PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO
Conceito
Natureza híbrida ou mista
Direito Material Direito Processual
Código Civil - fatos que autorizam 
(arts.334 a 345)
Código de Processo Civil - modo de fazer 
(arts.539 a 549)
Conceito
Sílvio Rodrigues, Direito Civil, v.2, p.166 (in:Carlos Roberto 
Gonçalves, p.290)
“Embora a lei assegure ao devedor o direito de consignar a coisa 
devida, tal fato só pode ocorrer na forma e nos casos legais. Se não 
houve recusa do credor em receber, ou outra causa legal, não pode 
aquele, sem motivo justificável, efetuar o depósito da prestação 
em vez de pagar diretamente ao credor. O depósito, nesse caso, 
será considerado insubsistente e a ação julgada improcedente.”
Conceito
Além de dinheiro, podem ser consignados bens móveis ou 
imóveis.
Animais Mobília
Depósito das 
chaves
Pressupostos
Art. 335 do Código Civil – rol não taxativo
Art. 335. A consignação tem lugar:
I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar 
quitação na devida forma;
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição 
devidos;
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou 
residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do 
pagamento;
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.
Pressupostos
Exemplo de outros casos em que a lei autoriza:
- Arts. 341 e 342 do CC/2002
- Dec.-Lei n. 58, de 10-12-1937 (Dispôe sôbre o loteamento e a venda de 
terrenos para pagamento em prestações), art. 17, parágrafo único 
- Lei n. 492, de 30-8-1937 (Regula o penhor rural e a cédula pignoratícia), 
arts. 19 e 21, III
- Dec.-Lei n. 3.365, de 21-6-1941 (Dispõe sobre desapropriações por 
utilidade pública), arts. 33 e 34, parágrafo único
- Dec.-Lei n. 1.344 (Modifica a legislação sobre bolsas de valores), de 13-6-
1939, art. 47
- Art. 672, § 2º do CPC/1973 (atual art. 856, §2º do CPC/2015) 
Pressupostos
Art. 336. Para que a consignação tenha força de pagamento, será 
mister concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e 
tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o 
pagamento.
Validade: 
PESSOAS
Devedor 
capaz
Verdadeiro 
Credor, 
também 
capaz
Pressupostos
Art. 336. Para que a consignação tenha força de pagamento, será 
mister concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e 
tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o 
pagamento.
Validade: 
PESSOAS
Legitimidade 
ativa
Devedor, terceiro interessado e o não 
interessado (CC/2002, art.304, parágrafo 
único) – exceto caso do art. 345
Legitimidade 
passiva
Credor capaz de exigir o pagamento 
ou quem alegue possuir tal 
qualidade (ou representante)
Pressupostos
Art. 336. Para que a consignação tenha força de pagamento, será 
mister concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e 
tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o 
pagamento.
Validade: 
OBJETO
Integralidade do depósito 
(inclusive correção monetária – 
entendimento do STF – e juros de 
mora devidos até a data do 
depósito)
Pressupostos
Art. 336. Para que a consignação tenha força de pagamento, será 
mister concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e 
tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o 
pagamento.
Validade: MODO
Deve-se seguir o convencionado
Pressupostos
Art. 336. Para que a consignação tenha força de pagamento, será 
mister concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e 
tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o 
pagamento.
Validade: TEMPO
Deve-se seguir o convencionado
Pressupostos
Art. 337. O depósito requerer-se-á no lugar do pagamento, 
cessando, tanto que se efetue, para o depositante, os juros da 
dívida e os riscos, salvo se for julgado improcedente.
Lugar do 
pagamento
Dívida quesível 
(quérable)
Pagamento no 
domicílio do devedor
Dívida portável Pagamento no domicílio do credor, foro especial ou de eleição
Pressupostos
Art. 338. Enquanto o credor não declarar que aceita o depósito, ou não o 
impugnar, poderá o devedor requerer o levantamento, pagando as respectivas 
despesas, e subsistindo a obrigação para todas as conseqüências de direito.
Art. 339. Julgado procedente o depósito, o devedor já não poderá levantá-lo, 
embora o credor consinta, senão de acordo com os outros devedores e fiadores.
Art. 340. O credor que, depois de contestar a lide ou aceitar o depósito, 
aquiescer no levantamento, perderá a preferência e a garantia que lhe 
competiam com respeito à coisa consignada, ficando para logo desobrigados os 
co-devedores e fiadores que não tenham anuído.
Art. 341. Se a coisa devida for imóvel ou corpo certo que deva ser entregue no 
mesmo lugar onde está, poderá o devedor citar o credor para vir ou mandar 
recebê-la, sob pena de ser depositada.
Pressupostos
Art. 342. Se a escolha da coisa indeterminada competir ao credor, será ele 
citado para esse fim, sob cominação de perder o direito e de ser depositada 
a coisa que o devedor escolher; feita a escolha pelo devedor, proceder-se-á 
como no artigo antecedente.
Art. 343. As despesas com o depósito, quando julgado procedente, correrão 
à conta do credor, e, no caso contrário, à conta do devedor.
Art. 344. O devedor de obrigação litigiosa exonerar-se-á mediante 
consignação, mas, se pagar a qualquer dos pretendidos credores, tendo 
conhecimento do litígio, assumirá o risco do pagamento.
Art. 345. Se a dívida se vencer, pendendo litígio entre credores que se 
pretendem mutuamente excluir, poderá qualquer deles requerer a 
consignação.
Modalidades: depósito bancário e depósito judicial
DA AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO (CPC/2015)
Art. 539. Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeito de 
pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida.
§ 1º Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o valor ser depositado em estabelecimento 
bancário, oficial onde houver, situado no lugar do pagamento, cientificando-se o credor por 
carta com aviso de recebimento, assinado o prazo de 10 (dez) dias para a manifestação de 
recusa.
§ 2º Decorrido o prazo do § 1º, contado do retorno do aviso de recebimento, sem a manifestação 
de recusa, considerar-se-á o devedor liberado da obrigação, ficando à disposição do credor a 
quantia depositada.
§ 3º Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento bancário, poderá ser 
proposta, dentro de 1 (um) mês, a ação de consignação, instruindo-se a inicial com a prova do 
depósito e da recusa.
§ 4º Não proposta a ação no prazo do § 3º, ficará sem efeito o depósito, podendo levantá-lo o 
depositante.
Depósito bancário - extrajudicial
Modalidades: depósito bancário e depósito judicial
“Se visto sob aótica do devedor, depositante, é depósito voluntário; se visto sob ótica do 
estabelecimento bancário oficial (que não é parte em qualquer testilha), é depósito necessário, 
legal, porquanto o legislador não deferiu ao estabelecimento bancário o direito de recusar-se a 
recebê-lo. Ao revés, a Resolução nº 2814, do Conselho Monetário Nacional deixou claro que é 
obrigatório, para os bancos oficiais, receber depósitos dessa natureza.
É depósito feito em conta aberta para esse fim (o devedor deverá indicar expressamente, na 
efetivação do depósito, qual o fim a que se destina, que obrigação objetiva extinguir), mas não 
esclarece o legislador quem é o titular da conta, se o depositante ou o beneficiário. A Resolução do 
CMN supre essa deficiência ao dispor:
Art. 3º Acolhido o depósito de consignação em pagamento, este fica à exclusiva disposição:
I - do credor, caso não seja recebida, pela instituição financeira, a recusa formal referida no art. 4º, 
parágrafo único, inciso II, alínea "a";
II - do depositante, após recebida, pela instituição financeira, a recusa formal referida no inciso 
anterior;
III - do juízo competente, após proposta a ação de consignação em pagamento referida no art. 6º, 
prevista pela legislação em vigor.” [3]
Depósito bancário - extrajudicial
Modalidades: depósito bancário e depósito judicial
Depósito judicial
Art. 542. Na petição inicial, o autor requererá:
I - o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no prazo 
de 5 (cinco) dias contados do deferimento, ressalvada a hipótese do 
art.539, §3º;
II - a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer contestação.
Parágrafo único. Não realizado o depósito no prazo do inciso I, o 
processo será extinto sem resolução do mérito.
Modalidades: depósito bancário e depósito judicial
Depósito judicial
O art. 541 do CPC diz que nos casos de prestações sucessivas, em que 
uma delas tenha sido consignada, pode o devedor continuar a 
depositar, no mesmo processo e sem mais formalidades, as 
prestações que forem vencendo até 5 (cinco) dias contados da data do 
respectivo vencimento, até a prolação da sentença.
Modalidades: depósito bancário e depósito judicial
Depósito judicial
Art. 544.  Na contestação, o réu poderá alegar que:
I - não houve recusa ou mora em receber a quantia ou a coisa devida;
II - foi justa a recusa;
III - o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento;
IV - o depósito não é integral.
Parágrafo único.  No caso do inciso IV, a alegação somente será 
admissível se o réu indicar o montante que entende devido.
***Caso o réu alegue que o depósito não é suficiente e indique o valor que entende ser devido 
(CPC, art. 544, parágrafo único), o autor poderá, dentro de 10 (dez) dias, completá-lo, salvo de 
corresponder a prestação cujo inadimplemento acarrete a rescisão do contrato (CPC, art. 545, 
§1º)
Modalidades: depósito bancário e depósito judicial
Depósito judicial
Art. 547.  Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o 
pagamento, o autor requererá o depósito e a citação dos possíveis 
titulares do crédito para provarem o seu direito.
Mais de um 
pretendente
Devedor é excluído
Processo segue entre credores
Um pretendente Direito de levantar a 
quantia depositada
Nenhum 
pretendente
Depósito convertido em 
arrecadação de bens ausentes
Modalidades: depósito bancário e depósito judicial
Depósito judicial
Quando a ação de consignação em pagamento é julgada 
improcedente, o devedor permanece na mesma posição em que se 
encontrava anteriormente
Efeitos Jurídicos
- Adimplemento e extinção da obrigação;
- Ferramenta para comprovação da boa-fé objetiva, mantendo 
relação direta também com a função social do contrato e da 
obrigação; [1]
- Boa-fé processual (ex: revisão judicial de contratos em vista de 
onerosidade excessiva);
- STJ: nome de devedor só será retirado de cadastro de 
inadimplente se a boa-fé objetiva, pela consignação restar 
comprovada (STJ, AgRg no REsp 817.530/RS, 4ªTurma, Rel. Min. 
Jorge Scartezzini, j. 06.04.2006, DJ 08.05.2006, p.237)
Efeitos Jurídicos
- Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:
…
§ 2o Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de 
empréstimo, de financiamento ou de alienação de bens, o autor terá de, sob 
pena de inépcia, discriminar na petição inicial, dentre as obrigações 
contratuais, aquelas que pretende controverter, além de quantificar o valor 
incontroverso do débito.
§ 3o Na hipótese do § 2o, o valor incontroverso deverá continuar a ser pago 
no tempo e modo contratados.
- STJ: admissão da possibilidade de revisão na própria ação de consignação 
(STJ, REsp 275.979/SE, 4ªTurma, Rel. Min. Aldir Passarinho Jr., DJ 09.12.2002, 
p.346)
Caso Concreto
Maria é devedora junto ao Banco Corrupto S/A de um financiamento do seu veículo, cujas 
parcelas foram projetadas para 60 meses. O contrato versa sobre prestação fixas, no valor 
de R$ 1.020,00 vencíveis mensalmente. Ocorre, entretanto, que com base no artigo art. 316 
do CC que diz: “É lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas”, o 
banco inseriu uma cláusula no contrato instituindo um “gatilho”, isto é, a incidência de 
atualização monetária sobre as prestações, no caso de o índice inflacionário ultrapassar os 
10% a.a. Até a alguns meses atrás Maria não havia se atentado para a referida cláusula, já 
que o “gatilho” nunca havia sido disparado. Neste mês recebeu um boleto atualizado, 
fazendo menção à cláusula contratual e ao fundamento legal. Maria foi procurar o gerente 
do Banco, Sr. José e disse não concordar com tal correção ao que o mesmo disse não poder 
fazer nada, pois o Banco agiu estritamente dentro da lei. Maria lhe procura para saber: 
Caso Concreto
a)Nesse caso, considerando a natureza da obrigação, qual seria o 
mecanismo mais simples do qual Maria poderia se valer para 
desobrigar-se e não incorrer nos efeitos da mora? Fundamente.
O mecanismo mais simples seria a consignação em pagamento 
na modalidade depósito extrajudicial, com base no art.334 do 
CC/2002 e na forma do §1º do art.539 do CPC/2015.
Caso Concreto
b) De acordo com o CPC como é o procedimento para que Maria possa proceder a tentativa 
de pagamento do valor que entende ser o devido? Cite o passo a passo, inclusive prazos.
Maria deve fazer o depósito extrajudicial em estabelecimento bancário oficial, situado no 
lugar do pagamento, cientificando-se o credor por carta com aviso de recebimento, 
assinado o prazo de 10 (dez) dias para a manifestação de recusa (§1º do art.539 do 
CPC/2015). Decorrido o prazo de 10 dias, contado do retorno do aviso de recebimento, sem 
a manifestação de recusa, Maria será considerada liberada da obrigação, ficando a 
disposição do credor a quantia depositada (art.539, §2º). Caso ocorra a recusa, manifestada 
por escrito ao estabelecimento bancário, poderá ser proposta, dentro de 1 (um) mês, a ação 
de consignação, instruindo-se a inicial com a prova do depósito e da recusa (art.539, §3º).
Caso Concreto
c) Não logrando êxito nessa tentativa de pagamento pela via 
extrajudicial, qual seria o procedimento judicial a ser intentado 
por Maria?
O procedimento judicial a ser intentado por Maria é a ação de 
consignação em pagamento, nos termos do art.539, §3º do 
CPC/2015.
Caso Concreto
d) O procedimento judicial é justo diante dos fatos narrados? Nesse caso, 
assiste razão à Maria tentar discutir essa controvertida cláusula contratual 
nos autos do procedimento judicial intentado?
Apesar da cláusula, inicialmente, não aparentar ilegalidade (pois obedece o 
art.316 do CC), poderá ser discutida se o reajuste (não especificado na 
questão) for desproporcional. No entanto, o valor incontroverso deverá 
continuara ser pago no tempo e no modo contratado, nos termos dos §2º e 3º 
do art.330 do CPC. Sendo os valores incontroversos pagos em consignação, o 
STJ já admite a possibilidade de revisão na própria ação de consignação.
Caso Concreto
e) Sendo ao final a sentença favorável à Maria, quais os efeitos 
jurídicos para ela e quais os efeitos jurídicos em face do Banco 
Corrupto S/A? Justifique e fundamente.
Nos temos do art.546 do CPC/2015, julgado procedente o pedido 
de Maria, o juiz declarará extinta a obrigação e condenará o réu 
(Banco Corrupto S/A) ao pagamento de custas e honorários 
advocatícios.
Referência Bibliográficas
[1] Manual de Direito Civil – Volume Único, 7ª edição, 2017, autor: 
Flávio Tartuce
[2] Direito Civil Brasileiro – Teoria Geral das Obrigações 8ª edição, 
2011, autor: Carlos Roberto Gonçalves
[3] Ação de consignação em pagamento no novo CPC em:
http://www.migalhas.com.br/ProcessoeProcedimento/106,MI
230452,21048-Acao+de+consignacao+em+pagamento+no+novo+C
PC
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