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OAB2FASE PECAS PROC MAT APOIO

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Peça Processual 
 
O Governador do Estado T divulgou uma “parceria” com a empresa privada “Acesso Já”, informando que a 
empresa passaria a promover cursos de informática para a população carente interessada, sem nenhum custo 
mensal. Joaquim, um dos assessores do Governador do Estado, desconfiado, passou a observar o funcionamento 
da empresa, e conseguiu ter acesso ao documento que fora formalmente assinado com a mesma. Percebeu que 
não se tratava de uma parceria, mas sim de um contrato celebrado entre eles sem que tivesse havido prévia licita-
ção. Vale ressaltar que a empresa “Acesso Já” tinha como proprietário o filho do Governador, e que o contrato 
estipulava pagamentos mensais abusivos, sendo cada mensalidade de aluno equivalente ao dobro do valor co-
brado por inúmeras escolas de informática das proximidades. Ademais, o contrato permitia o uso de prédios públi-
cos para instalação das salas de aula, sem qualquer contraprestação. Joaquim lhe procura afirmando que, na 
qualidade de cidadão, sente-se no dever de tomar as devidas providências. 
Em face dessa situação hipotética, na qualidade de advogado (a) contratado (a) por Joaquim, redija a pe-
tição inicial da ação cabível, atentando, necessariamente, para os seguintes aspectos: a) competência do órgão 
julgador; b) legitimidade ativa e passiva; c) argumentos de mérito; d) requisitos formais da peça judicial proposta; 
e) tutela de urgência. 
 
 
Peça Redigida 
 
Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da ...Vara da Fazenda Pública da Comarca de... 
(pular aproximadamente 5 linhas em todas as petições iniciais) 
Joaquim, nacionalidade, estado civil (ou existência de união estável), profissão, portador do RG n°... e do 
CPF n° ..., endereço eletrônico ..., portador do título de eleitor n° ..., residente e domiciliado..., nesta cidade, por seu 
advogado infra-assinado, conforme procuração anexa, com escritório ..., endereço que indica para os fins do art. 77, 
V, do CPC, com fundamento nos termos do art. 5º, LXXIII da CRFB/88 e da Lei nº 4.717/65, vem ajuizar AÇÃO 
POPULAR em face do Governador do Estado T, Estado T e Empresa privada Acesso Já, com endereços... 
 
I – SÍNTESE DOS FATOS 
O autor, Sr. Joaquim, eleitor regular e ativo do Município ..., assessor do Governador do Estado T, teve 
conhecimento de um contrato celebrado entre o Governador daquele estado e a empresa privada “Acesso Já”, 
que tem como objeto determinada prestação de serviço que consiste na promoção de cursos de informática para 
a população carente do estado, sem qualquer custo. 
Ocorre que tal contrato fora formalizado sem observância ao procedimento licitatório devido, burlando o 
que determina a legislação, tendo sido amplamente divulgado pelo Sr. Governador do Estado T, ora Réu, como 
sendo uma suposta “parceria” entre o Estado e a citada empresa privada, não tendo sido divulgada a contratação 
formalmente celebrada, que inclusive estabelece pagamentos mensais abusivos. 
Importante ressaltar, ademais, que o proprietário da empresa “Acesso Já” era o filho do Sr. Governador, e que 
cada mensalidade de aluno, conforme estipula o contrato, equivale ao dobro do valor praticado no mercado por 
inúmeras outras escolas de informática na mesma localidade. 
Além do que, o contrato estabelece a possibilidade do uso de prédios públicos pela referida empresa, sem 
qualquer contraprestação, a fim de que sejam usados para instalação das salas de aula que serão ministradas a 
população carente, o que enseja a propositura da presente ação. 
 
II – LEGITIMIDADE ATIVA 
O autor gosta de participar ativamente da defesa da Administração Pública e está em dia com seus direi-
tos políticos, conforme documentação anexa, portanto, satisfaz plenamente o requisito da cidadania, presente no 
art. 1º, § 3º da lei 4.717/65. 
 
III – LEGITIMIDADE PASSIVA 
O polo passivo da Ação Popular é formado por um litisconsórcio passivo necessário, conforme estabelece 
os arts. 1º e 6º da lei 4.717/65, daí porque todas as autoridades e empresa envolvidas e indicadas acima devem 
responder a presente ação. 
 
IV – PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA 
A tutela de urgência na Ação Popular está presente no art. 5º, § 4º, da Lei 4.717/65 e também no art. 300 
do CPC. Para muitos doutrinadores, trata-se de uma verdadeira tutela cautelar. 
A probabilidade do direito é comprovada mediante os fatos e documentos que acompanham a presente. 
 
 
 
 
 
 
 
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Já o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo é evidente, tendo em vista que o contrato foi 
formalizado sem observância ao procedimento licitatório devido, causando evidentes prejuízos ao erário. 
 
V – FUNDAMENTOS JURÍDICOS 
O art. 5º, LXXIII, da CRFB/88 prevê que qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que 
vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrati-
va, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. 
A referida ação também se encontra regulamentada na Lei 4.717/65 e é um importante instrumento em 
defesa dos direitos difusos. 
Da análise do caso em tela, conclui-se que houve ofensa aos princípios da moralidade, legalidade e im-
pessoalidade, tendo sido violado o disposto no art. 37, caput, da CRFB/88. 
No que tange a moralidade, se espera que a Administração Pública atenda aos ditames da conduta ética, 
honesta, exigindo a observância de padrões éticos, de boa-fé, de lealdade, de regras que assegurem a boa admi-
nistração, estando ligada ao conceito de bom administrador. 
Pelo princípio da moralidade administrativa, não basta ao administrador o cumprimento da estrita legalida-
de, ele deverá respeitar os princípios éticos de razoabilidade e justiça, já que a própria moralidade é pressuposto 
de validade de todo ato administrativo. 
Houve, no presente caso, a contratação fraudulenta do serviço, sem a observância ao procedimento licita-
tório e, ainda, com evidente superfaturamento do preço, o que caracteriza afronta à legalidade e provoca grande 
lesividade ao patrimônio público, de acordo com o art. 37, caput e inciso XXI da CRFB/88. 
Ademais, conforme preceitua o citado dispositivo, ressalvados os casos especificados na legislação, as 
obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure 
igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, etc. 
Quanto à impessoalidade, esta busca impedir os atos administrativos que visem os interesses de agentes 
ou até mesmo de terceiros, buscando limites estabelecidos à vontade da lei, a um comando geral e abstrato. 
Por fim, conforme preceitua o art. 2º, “e” da Lei 4.717/65, são nulos os atos lesivos ao patrimônio das enti-
dades mencionadas no art. 1º da referida lei nos casos de desvio de finalidade, o que ocorreu no presente caso. 
Na medida em que está presente o Governador do Estado T, o próprio Estado T e a Empresa privada 
Acesso Já, a presente ação está sendo ajuizada perante a Justiça Estadual, de acordo com o art. 5º, § 2º, 2ª parte 
da Lei nº 4.717/65. 
 
VI – DOS PEDIDOS 
Diante de todo o exposto, requer-se: 
a) a concessão da tutela de urgência para determinar a suspensão do contrato administrativo; 
b) que seja julgado procedente o pedido para seja declarada a nulidade do contrato administrativo e a condenação 
dos responsáveis ao ressarcimento dos danos causados; 
c) a citação dos Réus nos endereços acima indicados; 
d) a intimação do Representante do Ministério Público; 
e) a condenação dos Réus em custas e em honorários advocatícios; 
f) a produção de todos os meios de provas em direito admitidas; 
g) a juntada de documentos. 
Em cumprimento ao art. 319, VII, do CPC, o autor opta pela realização da audiência deconciliação ou de media-
ção. 
Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 para efeitos procedimentais. 
Ou: 
Valor da causa de acordo com o art. 291 do CPC/15. 
Ou: 
Valor da causa de acordo com o art. 319 do CPC/15. 
 
Termos em que, 
Pede deferimento. 
Local... e data... 
Advogado 
OAB nº ...

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