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RESUMO PARA REVISÃO E ESTUDO - COMPLETO Larissa Vasconcelos patologia DIVISÃO DA PATOLOGIA - Patologia geral: Está envolvida com as reações básicas das células e tecidos a estímulos anormais provocados pelas doenças. Por isso é denominada patologia geral, doenças relacionadas a todos os processos patológicos, referentes às células. - Patologia especial: Examina as respostas específicas de órgãos especializados e tecidos a estímulos mais ou menos bem definidos. Todas as doenças têm causas que agem por determinados mecanismos, os quais produzem alterações morfológicas e/ou moleculares nos tecidos, que resultam em alterações funcionais do organismo ou parte dele, produzindo alterações subjetivas (sintomas) ou objetivas (sinais). ÁREAS DA PATOLOGIA - Etiologia: Estuda as causa gerais de todos os tipos de doenças, podendo ser determinado por fatores intrínsecos ou adquirido. - Patogenia: É o processo de eventos do estímulo inicial até a expressão morfológica da doença. - Alterações Morfológicas: As alterações morfológicas, que são as alterações estruturais em células e tecidos, características da doença ou diagnósticos dos processos etiológicos. É o que pode ser visualizado macro ou microscopicamente. - Fisiopatologia: Estuda os distúrbios funcionais e significado clínico. A natureza das alterações morfológicas e sua distribuição nos diferentes tecidos influenciam o funcionamento normal e determinam as características clínicas, o curso e também o prognóstico da doença. O estudo dos sinais e sintomas das doenças é objeto da Propedêutica ou Semiologia, que têm por finalidade fazer seu diagnóstico, a partir do qual se estabelecem: prognóstico, terapêutica e profilaxia. Causas e CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES CAUSAS Comprometem o desempenho da função celular: - Isquemia (falta de o2) - Agentes físicos (corte, tiro) - Agentes químicos (ácidos e drogas) - Infecções (bactérias, vírus, fungos) - Reação imunológicas - autoimunes (lúpus, diabetes t.1) - Alteração genética (anemia falciforme) - Desbalanços nutricionais (falta de vitaminas) - Envelhecimento CLASSIFICAÇÃO Ao atingirem o organismo, as lesões comprometem um tecido ou um órgão, e podem ser classificadas em cinco grupos, definidos de acordo com o alvo atingido (lembrando que, dada a interdependência entre os componentes estruturais dos tecidos, as lesões não surgem isoladamente nas doenças, sendo comum sua associação): 1. Células, parenquimatosas e do estroma; 2. Componentes intercelulares ou interstício; 3. Circulação sanguínea e linfática; 4. Inervação. Após agressões, um ou mais desses componentes podem ser afetados, simultaneamente ou não. A lesão mais complexa que envolve todos os componentes teciduais é a inflamação. (Ps. Explicada na subdivisão “6. INFLAMAÇÃO”) 3.1 lesões celulares - Lesão celular reversível: São aquelas compatíveis com a regulação do estado de normalidade após cessada a agressão; a letalidade ou não está frequentemente ligada à qualidade, à intensidade e à duração da agressão, bem como ao estado funcional ou tipo de célula atingida. As agressões podem modificar o metabolismo celular, induzindo o acúmulo de substâncias intracelulares (degenerações), ou podem alterar os mecanismos que regulam o crescimento e a diferenciação celular (originando hipotrofias, hipertrofias, hiperplasias, hipoplasias, metaplasias, displasias, e neoplasias). - Lesão celular irreversível: São representadas pela necrose e pela apoptose.** As alterações do interstício (da matriz extracelular) englobam as modificações da substância fundamental amorfa e das fibras elásticas, colágenas e reticulares, que podem sofrer alterações estruturais e depósitos de substâncias formadas in situ ou originadas da circulação. ** {AMBAS EXPLICADAS DETALHADAMENTE NA SUBDIVISÃO “7. NECROSE E APOPTOSE”} 3.2 ALTERAÇÕES DO INTERSTÍCIO Englobam as modificações da substância fundamental amorfa e das fibras elásticas, colágenas e fibras reticulares, que podem sofrer alterações estruturais e depósitos de substâncias formadas in situ ou originadas da circulação. 3.3 DISTÚRBIO DA CIRCULAÇÃO - Inclui aumento, diminuição, cessação do fluxo sanguíneo para os tecidos = hiperemia, oligoemia e isquemia - Coagulação sanguínea no leito vascular = trombose - Parecimento na circulação de substâncias que não se misturam ao sangue e causam oclusão vascular = embolia - Saída de sangue do leito vascular = hemorragia - Alterações das trocas de líquidos entre o plasma e o interstício = edema 3.4 Alteração da inervação Alterações locais dessas estruturas são pouco conhecidas. AGRESSÃO, DEFESA, ADAPTAÇÃO, LESÃO Lesão ou processo patológico é o conjunto de alterações morfológicas, moleculares e/ou funcionais que surgem nos tecidos após agressões. As lesões são dinâmicas: começam, evoluem e tendem para a cura ou para a cronicidade. Por esse motivo, são também conhecidas como processos patológicos, indicando a palavra “processo” uma sucessão de eventos. Portanto, o aspecto morfológico de uma lesão é diferente quando ela é observada em diferentes fases de sua evolução. O alvo dos agentes agressores são as moléculas, especialmente as macromoléculas de cuja ação dependem as funções vitais. É importante salientar que toda lesão se inicia no nível molecular. Os mecanismos de defesa, quando acionados, podem gerar lesão no organismo. Isso é compreensível tendo em vista que os mecanismos defensivos em geral são destinados a matar (lesar) invasores vivos, os quais são formados por células semelhantes às dos tecidos; o mesmo mecanismo que lesa um invasor vivo é potencialmente capaz de lesar também as células do organismo invadido. resposta do organismo ás agressões Muitos agentes lesivos agem por reduzir o fluxo sanguíneo, o que diminui o fornecimento de oxigênio para as células e reduz a produção de energia; redução da síntese de ATP também é provocada por agentes que inibem enzimas da cadeia respiratória; outros diminuem a produção de ATP; há ainda agressões que aumentam as exigências de ATP sem induzir aumento proporcional do fornecimento de oxigênio. CRESCIMENTO E DIFERENCIAÇÃO CELULAR Crescimento Celular - Processo essencial para os seres vivos - Multiplicação celular, indispensável durante o desenvolvimento e para reposição celular Diferenciação Celular - Especialização morfológica e funcional Estes mecanismos sofrem influências de um grande número de agentes internos e externos, por isso, há transtornos frequentes e de graves repercussões. CICLO CELULAR Quanto ao ciclo celular, há três categorias de células: Lábeis - Alto potencial mitótico - Divisão contínua por toda a vida (Ex.: epitélio de revestimento, células hematopoiéticas) Estáveis - Baixo índice de divisão mitótica - Proliferam quando estimuladas (Ex.: órgãos glandulares, células endoteliais) Perenes - Não se dividem após o nascimento (Ex.: neurônios) TIPOS DE Distúrbios do crescimento e diferenciação celular - Aumento da demanda e estímulos externos = hiperplasia e hipertrofia; - Diminuição de nutrientes e fatores de crescimento = atrofia e hipoplasias; - Formação incompleta de um órgão ou estrutura = aplasia; - Mudança do tipo celular = metaplasias; - Estímulos diversos levam a adaptação; - Estimulação direta = fatores de crescimento produzidos pelas próprias células ou células vizinhas; - Ativação de vários receptores de superfície e vias de sinalização; - Indução da síntese de novas proteínas pelas células-alvo, por aumento na demanda; - Estimulação da proliferação, como resposta as influências hormonais; inflamação Inflamação é uma reação dos tecidos vascularizados a um agente agressor caracterizada morfologicamente pela saída de líquidos e de células do sangue para o interstício, uma resposta protetora cujo objetivo final é livrar o organismo da causa inicial da lesão celular (p.ex., micróbios, toxinas) e das consequências dessa lesão(p.ex., células e tecidos necróticos). Embora em geral constitua um mecanismo defensivo muito importante contra inúmeras agressões, em muitos casos a reação inflamatória pode também causar danos ao organismo. Durante a reparação, o tecido lesado é substituído por regeneração de células parenquimatosas naturais, por preenchimento do defeito com tecido fibroblástico (cicatrização), ou, mais comumente, por uma combinação desses dois processos. inflamação aguda e crônica A inflamação divide-se em padrões agudo e crônico e essa distinção tem relação com a velocidade de instalação dos sintomas referentes ao processo inflamatório e não com a sua gravidade: A inflamação aguda tem uma duração relativamente curta, de minutos, várias horas ou alguns dias, e suas principais características são exsudação de líquido e proteínas plasmáticas (edema) e a emigração de leucócitos, predominantemente neutrófilos. A inflamação crônica tem uma duração mais longa e está associada histologicamente a presença de linfócitos e macrófagos, proliferação de vasos sanguíneos, fibrose e necrose tecidual. (Um exemplo de resposta inflamatória aguda é um espinho no dedo, enquanto uma reação inflamatória crônica ocorre na artrite reumatoide) fases da inflamação Alteração do calibre e fluxo vascular: que gera calor e vermelhidão; 2. Permeabilidade vascular aumentada: que gera o inchaço; 3. Migração de leucócitos: chegada das células de defesa; 4. Quimiotaxia e fagocitose: combate aos agentes agressores, que pode levar à cura ou gerar uma inflamação crônica dependendo do caso. necrose e apoptose Ambas fazem parte da classificação de lesões irreversíveis. necrose {DICA: “homem bomba” = destrói a si e a região ao seu redor} - Necrose é a morte celular seguida de fenômenos de autólise. Autólise: processo de reações de degradação causada por enzimas intracelulares pertencentes a célula. - A necrose é sempre patológica. NECROSE CAUSAS DA NECROSE - Anóxia ou hipóxia em alguns tecidos - coração e encéfalo; (anóxia: ausência o2-hipóxia: baixo o2) - Físicas: temperatura, radiação, traumatismos, corte...; - Químicas: ácidos, queimaduras, venenos animais...; - Biológicas: toxinas bacterianas, virais...; ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS - Eosinofilia aumentada (células azuladas); - Aumento do volume celular; - Alterações no núcleo; TIPOS DE NECROSE Úlceras de decúbito - Necrose quando a pessoa fica deitada por um longo período de tempo na mesma posição; - Redução de fluxo sanguíneo nos ossos; Úlceras gástricas - Necrose na parede estomacal - evolução da gastrite não tratada; Necrose óssea -Necrose nos ossos - evolução de artrose não tratada; Necrose coagulativa - Morte por hipóxia em todos os tecidos, exceto no cérebro; - Região necrosada é circundada por halo avermelhado; - Preservação da estrutura/contorno da célula e da arquitetura geral do tecido; - Citoplasma celular fica com aspecto de substância coagulada; Necrose de liquefação - Causada por anóxia e liberação de muita quantidade de enzimas lisossômicas; - Área necrótica macia e contém líquidos; - Degradação e liberação de pus: líquido amarelado = leucócitos mortos (“caldo de enzimas”); Necrose gangrenosa (úmida ou seca) - É a forma de evolução da necrose resultante da ação de agentes externos sobre o tecido necrosado; Seca: - Desidratação do tecido necrosado em contato com o ar (“aspecto de pergaminho”); - Possui cor escura por decomposição da hemoglobina; - Necrose isquêmica de extremidades; - Área sofre processo de mumificação; Úmida: - Tecido necrosado invadido por microorganismos anaeróbicos produtores de enzimas; - Liquefação dos tecidos mortos e produção de gases com odor fétido; - Extremidades ou víscera; - Contaminação de feridas; Necrose caseosa - Ocorre no pulmão - consequência de tuberculose não tratada; - Transformação de células necróticas em massa homogênea, acidófila, contendo núcleos picnóticos; - Presença de núcleos fragmentados na periferia (células com perda total de contornos e estruturas); - Aparência macroscópica de “queijo cremoso”; - Aparência microscrópica: foco necrótico, material amorfo eosinofilico com restos celulares; - Características de necrose coagulativa (granulomas) Necrose gordurosa - Tecido adiposo; - Pancreatite aguda; - Ativação de lipases de células pancreáticas danificadas ou macrófagos -> ácidos graxos de triglicérides + cálcio = áreas brancas visíveis (saponificação gordurosa); - Histologicamente: depósitos de cálcio e contornos celulares vagos; Necrose fibrinóide - Depósito de material proteináceo e Depósito de imunocomplexos; - Liberação enzimática por meio de leucócitos; - Extravazamento de material plasmático; Necrose gomosa - Causada por sífilis; - Variedade de necrose por coagulação; - Região adquire “aspecto de goma”; EVOLUÇÃO DA NECROSE Dependendo do tipo de tecido, órgão e tamanho da área acometida a necrose pode evoluir para: Regeneração - Região é substituída por um tecido idêntico ao que foi lesado; Ex: necroses pequenas no fígado ou pele. Cicatrização - Tecido necrosado é substituído por tecido conjuntivo cicatricial; Encistamento - Reação inflamatória ocorre só na periferia da lesão; Ex: SNC. Eliminação - Material necrosado é então eliminado; Ex: tuberculose e abscessos. Calcificação - Área de necrose se calcifica (aumento de cálcio nos tecidos mortos); APOPTOSE {DICA: “suicida” = destroi apenas a si próprio} APOPTOSE CAUSAS FISIOLÓGICAS • Remodelação dos órgãos durante a embriogênese e na vida pós-natal. • Involução dos tecidos dependentes de hormônios. –Ex.: endométrio e próstata nos adultos; • Involução cíclica dos órgãos reprodutores femininos; • Eliminação de células com mutações; • Morte de células que já cumpriram seu propósito -Ex: neutrófilos na resposta inflamatória aguda; • Eliminação celular em populações celulares em proliferação. –Ex.: epitélio da cripta intestinal para manter constante o nº de células; renovação de células epiteliais e hematopoiéticas; • Eliminação de linfócitos auto reativos potencialmente danosos; • Morte celular induzida pelas células T citotóxicas para eliminar células infectadas com vírus ou células neoplásicas; CAUSAS PATOLÓGICAS • Morte celular por estímulos nocivos. • Mecanismos de reparo do DNA não conseguem lidar com a lesão –Ex. radiação e drogas citotóxicas • Estímulos de lesão moderada. – Ex.: calor e hipóxia. • poro de permeabilidade transitória. • Estresse do retículo endoplasmático induzido pelo acúmulo de proteínas não dobradas. • Morte celular em certas doenças viróticas. – Ex.: hepatite. • Morte celular nos tumores. • Atrofia patológica dos órgãos parenquimatosos após obstrução ductal. – Ex.: pâncreas. • Agressão imunitária – Doenças autoimunes e inflamatórias. • Retirada de fatores de sobrevivência: hormônios, citocinas e fatores de crescimento. • Radiações ionizantes. • Doenças imunossupressoras – AIDS. • Encefalopatias neurodegenerativas – Alzheimer, Parkinson. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS CORRELAÇÕES CLÍNICAS • Falta do fator de crescimento - via intrínseca. • Apoptose inibida - doenças auto imunes e neoplasias. • Apoptose excessiva - doenças neurodegenerativas como na Esclerose Múltipla. DOENÇAS ASSOCIADAS AO AUMENTO DA APOPTOSE • AIDS: destruição apoptótica de linfócitos T/CD4; indução da permeabilização da membrana mitocondrial. • Doenças neurodegenerativas: Alzheimer e Parkinson; apoptose precoce dos neurônios; demência progressiva, perda cognitiva e memória. • Infarto do miocárdio por isquemia: necrose das células que dependem dos vasos afetados e apoptose das células vizinhas. • Doenças hepáticas induzidas por toxinas e alcoolismo. • Osteoporose: perda da massa óssea. DOENÇAS ASSOCIADAS A DIMINUIÇÃO DA APOPTOSE • Câncer: linfoma folicular, carcinoma mamário, tumores hormônios dependentes e câncer depróstata e ovário; • Doenças autoimunes: falhas na apoptose de células T que reagem com substâncias do próprio organismo; • Infecções virais: inibem apoptose das células infectadas; Ref. - Slides aplicados em sala Prof.ª – Priscila Elisa Silveira, Ph.D. - Noções de Patologia - Prof.ª Marília Varela - BOGLIOLO, L. Patologia geral. 3ª ed. Guanabara – KOOGAN, 1981 - MONTENEGRO, M. R.; FRANCO, M. Patologia, processos gerais. Atheneu; 4º edição; 2004. Página11
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