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Modificação da Competência - Conexão e Continência

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INTRODUÇÃO
A conexão e a continência é o fenômeno em que ocorre uma eventual prorrogação da competência, isto é, um órgão relativamente incompetente torna-se competente em concreto, e o outro, competente em abstrato, tem a sua incompetência determinada. Tem que existir uma íntima ligação entre os dois ou mais fatos delituosos, ou seja, uma conduta tem que estar contida na outra (continência) ou entre duas ou mais pessoas que praticam o mesmo crime (conexão). A reunião de todos em um só processo, com julgamento único (simultaneus processus) promove a celeridade e economia processual, facilita a coleta de provas e a apreciação do caso pelo juiz e evita a existência de decisões contraditórias.
Na reunião de processos poderá ocorrer duas situações distintas: a primeira não haverá dificuldade, pois os crimes cometidos deverão ser apurados na mesma comarca; na segunda possibilidade, os crimes pertencem a comarcas distintas, cometidos em locais diversos ou por ser diferente a natureza de cada um deles, neste caso o Código de Processo Penal estabelece algumas regras.
Como a competência e a conexão funcionam como critérios de alteração da competência, só poderão incidir sobre hipóteses de competência relativa. Disposto o art. 54 do NCPC, subsidiariamente aplicável ao processo penal (CPP, art. 3º) “a competência relativa poderá modificar-se pela conexão ou pela continência”. A competência absoluta não pode ser modificada, ou seja, é inderrogável. Por exemplo, a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral prevista na Constituição Federal é estabelecida em razão da matéria, espécie de competência absoluta, ainda que haja conexão entre crimes militares e eleitorais, não poderá ocorrer a simultaneus processus.
De acordo com a jurisprudência, eventual violação às regras que determinam a reunião dos processos por conexão ou continência ocorrerá somente nulidade relativa, cujo reconhecimento ficará condicionado à arguição em momento oportuno, sob pena de preclusão, além da necessária comprovação de prejuízo. Os art. 76 e 77 do CPP, não faz menção aos inquéritos policiais, ou seja, nada impede que estes sejam investigados distintamente. Contudo a reunião dos procedimentos investigatórios facilita os esclarecimentos dos fatos, podendo ser realizado mediante autorização judicial e anuência do Ministério Público. 
1. CONEXÃO
Fenômeno que ocorre quando existe um liame entre dois ou mais fatos que possuem ligação por algum motivo. Exite um nexo, uma dependência recíproca entre dois ou mais fatos delituosos, que estão são reunidos num mesmo processo penal, perante um mesmo órgão jurisdicional, julgado por um mesmo magistrado, com base no mesmo substrato probatório, evitando o surgimento de decisões contraditórias. São causa de modificação da competência relativa mediante a prorrogação.
São espécies de conexão, segundo rol taxativo do art. 76 do CPP:
1.1 - Conexão intersubjetiva:
Envolve vários crimes e várias pessoas obrigatoriamente. Não importando se as pessoas estão reunidas em coautoria ou se os delitos são praticados por reciprocidade.
1.1.1 – Conexão intersubjetiva por simultaneidade (ou conexão subjetivo-objetiva ou conexão intersubjetiva ocasional):
Duas ou mais infrações são praticadas ao mesmo tempo, por diversas pessoas ocasionalmente reunidas (sem prévio ajuste entre eles), aproveitando-se das mesmas circunstâncias de tempo e de local (1ª parte do art. 76, CPP). Ex: agressão praticada por vários torcedores ao árbitro e seu assistente.
1.1.2 – Conexão intersubjetiva por concurso (ou concursal):
Quando duas ou mais infrações tiverem sido cometidas por várias pessoas em concurso (existência de liame subjetivo), pouco importando que ocorram em momentos e locais diversos (2ª parte do art. 76, CPP). Ex: integrante de uma facção criminosa que, conluiados, fazem diversos assaltos, independente se as infrações foram praticadas em tempo diferente.
1.1.3 – Conexão intersubjetiva por reciprocidade:
São infrações praticadas por duas ou mais pessoas, umas contra as outras (parte final do art. 76, CPP). Ex: dois grupos rivais combinam entre si uma briga em determinado ponto da cidade, ambos se agridem. O crime de rixa não se enquadra por se tratar de um único crime cometido ao mesmo tempo, por três ou mais pessoas (continência)
1.2 – Conexão objetiva, lógica, material:
1.2.1 - Conexão objetiva teleológica: 
Quando um crime ocorre para facilitar a execução do outro. Ex: mata o segurança para facilitar o sequestro da vítima. Nesta forma de conexão, não podem estar presentes os requisitos do chamado princípio da consunção, segundo o qual o crime-meio fica absorvido pelo crime-fim, pois neste caso, haveria um só delito, e não hipótese de conexão.
1.2.2 – Conexão objetiva consequencial:
a) Quando uma infração for cometida visando ocultar outra. A finalidade é que as autoridades não descubram a própria existência do delito anterior. Ex: após matar a pessoa o criminoso joga o corpo em alto-mar, ou seja, o crime de ocultação de cadáver foi cometido para ocultar o homicídio doloso.
b) Quando uma infração for praticada para conseguir a impunidade de outra: a intenção é evitar a aplicação da pena referente À infração anterior, por ele cometida ou por terceiro. Ex: ameaçar testemunha para que não o reconheça em juízo pelo crime de roubo, ou seja, o delito de coação é praticado para obter a impunidade do roubo.
c) Quando uma infração for realizada para assegurar a vantagem de outra: a finalidade é garantir o proveito auferido com a prática delituosa anterior. Ex: autor do furto de um carro o deixa estacionado em local proibido, quando percebe que o carro será guinchado por um agente de trânsito, mata o fiscal para recuperar o carro furtado, ou seja o homicídio é praticado para assegurar a vantagem do furto.
1.3 – Conexão instrumental, probatória ou processual:
Quando a prova de um crime influencia na existência de outro (art. 76, III, CPP), não há exigência em relação ao tempo e espaço entre os dois delitos, basta que a prova de um crime tenha capacidade para influir na prova de outro delito. Ex: prova de crime de roubo auxiliando na prova do delito de receptação.
2 . CONTINÊNCIA
Configura-se continência quando uma demanda, em face de seus elementos (partes, pedido e causa de pedir) estiver contida em outra. É um vínculo jurídico entre duas ou mais pessoas, ou entre dois ou mais fatos delitivos, num mesmo órgão jurisdicional, de forma análoga a continente e conteúdo.
São espécies de continência, segundo rol taxativo do art. 77 do CPP:
2.1 – Continência por cumulação subjetiva ou continência subjetiva:
Ocorre quando duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração penal. Trata-se se crime único cometido por duas ou mais pessoas em coautoria ou participação (art. 77, I), ou em concurso eventual de pessoas (art. 29, CP) ou em concurso necessário de pessoas (crimes plurissubjetivos). Ex: um crime de homicídio praticado por dois agentes.
2.2 – Continência por cumulação objetiva:
Ocorre nas hipóteses de concurso formal de crimes, bem como nas hipóteses de erro de execução (aberratio ictus) ou resultado diverso do pretendido (aberratio criminis) com duplo resultado. Existe concurso formal quando o agente, com uma só ação ou omissão pratica duas ou mais infrações idênticas ou não. A conduta é uma só, embora o agente responda por dois ou mais crimes. Ex: agindo imprudentemente na condução de um automóvel o motorista atropela e mata duas pessoas.
3. EFEITOS JURÍDICOS DA CONEXÃO E DA CONTINÊNCIA
3.1 – Processo e Julgamento único (simultaneus processus):
Conexão e continência imporão unidade de processos e julgamentos, não viola o princípio do juiz natural. Se for, conexão e continência entre crimes de ação penal pública e privada estabelece-se um litisconsórcio ativo entre o Ministério Público e o querelante.
3.2 – Força atrativa (forum attractionis ou vis attactiva):
O juízo competente vai trazer para si o processo e julgamento único, por isso énecessário que a lei determine qual será o foro para apreciar os fatos (fórum attactionis). Os critérios de prevalência estão previstos nos quatro incisos do art. 78 do CPP.
3.2.1 – Competência Prevalente do Tribunal do Júri (art. 78, I, CPP):
Se for conexão e continência entre crime comum e crime da competência do júri, que exercerá força atrativa será o júri.
3.2.2 – Concurso de jurisdições da mesma categoria (art. 78, II, a, CPP):
No concurso de jurisdições da mesma categoria preponderá a do lugar da infração à qual for cominada a pena mais grave. Entende-se por mais grave a maior pena máxima em abstrato. A expressão jurisdição da mesma categoria, refere-se aos magistrados com competência para julgar o mesmo tipo de infração penal (entre Juízes de Direito e Juízes Federais). Reforçamos que a jurisdição é única, quando a lei refere-se a “jurisdições”, o faz diferenciando as diversas justiças (comum, especial, federal, estadual) ou juízes de primeiro e tribunais.
Considera-se a pena mais grave a privativa de liberdade, depois a privativa e restritiva de direitos, por fim as pecuniárias. Entre as penas privativas de liberdade a mais grave é a reclusão.
3.2.3 – Concurso de jurisdições de categorias diversas (art. 78, III, a, CPP):
No concurso de jurisdições de categorias diversas (jurisdição superior e inferior), predominará a de maior graduação. Ex: se um prefeito e um funcionário municipal são acusados de corrupção passiva, o julgamento conjunto deverá ocorrer no Tribunal de Justiça do Estado, uma vez que o prefeito goza de foro por prerrogativa de função que atrai para o Tribunal a competência em relação ao funcionário.
Nesse sentido, aliás, dispõe a súmula 704 do STF que não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a atração por continência ou conexão do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados. Conquanto esse simultaneus processus perante o Tribunal de Justiça esteja justificado pela continência, vale ressaltar que não se trata de regra cogente, obrigatória, na medida em que é possível que o relator do processo repute conveniente a separação dos processos, fazendo-o por intermédio da regra do art. 80 do CPP.
3.2.4 – Concurso de jurisdição comum e a especial, prevalecerá a especial (art. 78, IV do CPP):
No concurso de jurisdição comum e a especial, prevalecerá a especial. Este se limita às hipóteses de conexão entre crime eleitoral e crime comum, quando ambos serão julgados pela justiça eleitoral (especial). A outra justiça especial é a militar, porém, o art. 79, I, CPP estabelece que, quando houver conexão entre crime militar e delito comum, haverá cisão de processos, ou seja, a justiça castrense julgará o crime militar e a justiça comum o outro delito.
Se o crime eleitoral estiver conexo a um crime doloso contra a vida, deve ocorrer a separação de processos, pois ambas as competências derivam da Constituição Federal. Destarte, à Justiça Eleitoral caberá o processo e julgamento do crime eleitoral; ao Tribunal do Júri, o crime doloso contra a vida.
4. AVOCAÇÃO
Se por equívoco ou desconhecimento, forem instauradas ações penais diversas, uma para cada crime, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os processos que corram perante outros juízes (art. 82 do CPP). Avocar significa chamar para si, através de ofício, o juiz prevalente solicita a remessa dos autos e justifica a providência. Só é possível se nenhuma das ações penais tiver sentença definitiva (art. 82, CPP). Súmula n. 235 do STJ “A conexão não determina a reunião de processos se um deles já foi julgado”.
5. RITO
Nos casos de conexão entre crimes que possuam ritos processuais diversos, deverá ser observado o rito mais amplo, ou seja, aquele que conferir maiores oportunidade de defesa ao réu, ainda que se refira, originariamente, ao crime de menor gravidade.
6. SEPARAÇÃO DE PROCESSOS
A lei estabelece algumas hipóteses em que deverá ocorrer a separação de processos, que poderá ser obrigatória ou facultativa. Na lei, nada diz a respeito do momento-limite para a separação dos processos, sendo empregado por analogia o art. 3º, CPP Assim, se a reunião dos processos por força da conexão e da continência é possível até a prolação de sentença recorrível (CPP, art. 82 e súmula n° 235 do STJ), mutatis mutandis, a separação de processos também pode ocorrer enquanto o magistrado com força atrativa não proferir decisão recorrível.
6.1 – SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA (art. 79, CPP):
6.1.1 – Concurso entre a jurisdição comum e a militar:
A justiça militar não julga crime comum conexo, quer cometido pelo militar, quer por terceiro. O crime militar é julgado na Justiça Especial e a comum na justiça comum, nos termos do art. 79, inciso I, do CPP, e do art. 102, "a", do CPPM. Súmula n. 90 do STJ: Compete à Justiça Estadual Militar processar e julgar o policial militar pela prática do crime militar, e à Comum pela prática do crime comum simultâneo àquele. 
6.1.2 – Concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores:
Quando adulto e adolescente cometem infração penal em conjunto. O maior é julgado na justiça comum e o menor na vara da infância e da juventude, aplicando a ele medida socioeducativa (advertência, liberdade assistida, internação). 
6.1.3 – Doença mental superveniente À prática delituosa:
Se sobrevier doença mental a um dos acusados, em qualquer caso cessará a unidade de processo (CPP, art. 79, § 1°), ficando suspenso o processo quanto este estiver enfermo, salvo quanto às diligências que possam ser prejudicadas pelo adiamento, cabendo ao magistrado providenciar a nomeação de curador (CPP, art. 152). Essa suspensão atende aos princípios da ampla defesa e do contraditório (CF, art. 5°, LV), e deve perdurar até que o acusado se recupere e possa acompanhar o processo. Vale ressaltar que, como a lei silencia acerca do assunto, sendo inviável a aplicação da analogia em prejuízo do réu diante do silêncio legal, tem-se que a prescrição não fica suspensa durante o período de suspensão do processo.
6.1.4 – Citação por edital de um dos corréus, seguida de seu não-comparecimento e não-constituição de defensor:
Se um processo criminal for instaurado contra vários acusados, sendo um deles citado por edital, daí resultando seu não comparecimento e não constituição de defensor, deverá o processo ficar suspenso tão somente em relação a sua pessoa (art. 366, CPP). Para aqueles acusados que foram citados pessoalmente, deixando de apresentar resposta à acusação, o processo seguirá normalmente, devendo o juiz nomear-lhe defensor dativo (CPP, art. 396-A, § 2°, com redação dada pela Lei n° 11.719/08). Por outro lado, àquele que foi citado por hora certa que não comparecer, também deverá o juiz providenciar-lhe a nomeação de dativo (CPP, art. 362, parágrafo único), dando-se prosseguimento ao processo.
6.1.5 - Antiga hipótese de ausência de intimação da pronúncia ou de não-comparecimento do acusado à sessão de julgamento do júri, em se tratando de crime inafiançável:
Com a Lei n° 11.689/08, que alterou o procedimento do júri, essa hipótese de separação obrigatória de processos deixou de existir. Segundo art. 420, parágrafo único, CPP, será intimado por edital o acusado solto que não for encontrado, pouco importando se o crime pelo qual ele é acusado seja afiançável ou inafiançável. O caput do art. 457 que o julgamento não será adiado pelo não comparecimento do acusado solto que tiver sido regularmente intimado. A lei processual penal deixou de prever a suspensão do processo caso o acusado pela prática de crime inafiançável não seja encontrado para ser intimado pessoalmente da decisão de pronúncia, ou caso não compareça à sessão de julgamento.
6.1.6 - Recusas peremptórias no júri:
No Tribunal do Júri, o exercício das recusas peremptórias (sem motivação) no procedimento de seleção dos jurados que irão compor o Conselho de Sentença pode acarretar a separação dos processos.
6.1.7 - Suspensão do processo em relação ao colaborador:Segundo o disposto no art. 4°, § 3°, da nova Lei das Organizações Criminosas, o prazo para oferecimento de denúncia ou o processo, relativos ao colaborador, poderá ser suspenso por até 6 (seis) meses, prorrogáveis por igual período, até que sejam cumpridas as medidas de colaboração, suspendendo-se o respectivo prazo prescricional. Supondo, assim, a existência de um processo penal instaurado em desfavor de mais de um acusado, na hipótese de um deles resolver colaborar com os órgãos responsáveis pela persecução penal, Por consequência, de modo a se evitar o prolongamento indevido do processo em relação aos demais acusados, notadamente quando um deles estiver preso, o que viria de encontro à garantia da razoável duração do processo, surge aí mais uma hipótese de separação obrigatória dos processos.
6.2 – SEPARAÇÃO FACULTATIVA (art. 80, CPP):
Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferente, ou, quando pelo excessivo número de acusados e para não lhes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação. Parte da doutrina entende que, na hipótese de separação facultativa dos processos, não há necessidade de se determinar o retomo de um dos processos ao juiz que teve sua esfera de competência originária reduzida em virtude do reconhecimento da conexão ou continência. Logo, o juiz que exerceu a força atrativa manterá sua competência para os feitos em relação aos quais houve o reconhecimento da conexão ou continência, apesar de tais processos passarem a ser julgados separadamente, já que o art. 80 do CPP refere-se apenas à separação do julgamento, sem que haja necessidade de nova mudança da competência. 
6.2.1 – Quando as infrações praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugares diferentes:
Desde que não prejudique a tramitação da ação.
6.2.2 – Em razão do número excessivo de réus:
Esta circunstância pode prejudicar substancialmente o andamento do processo, por exemplo, se foram 30 acusados e cada um arrolar 8 testemunhas.
6.2.3 – Para não prolongar a prisão provisória de qualquer dos réus:
Por exemplo, se for instaurado incidente de dependência toxicológica em relação a um dos réus, a realização do exame pode ser demorada e prejudicar a prolação de sentença relativa ao comparsa em relação ao qual a instrução já poderia ter sido encerrada.
6.2.4 – Por qualquer outro motivo relevante:
O juiz decidirá a respeito da separação levando em conta a conveniência para o bom andamento da ação penal
7 – DESCLASSIFICAÇÃO E COMPETÊNCIA
Quando corre desclassificação de um juiz para infração de competência de outro.
7.1 – Crime único – Rito comum:
Se somente houve um crime na ação penal, com a desclassificação, o juiz deverá remeter o processo ao juízo competente para o julgamento (art.74, § 2º, CPP).
7.2 – Crime único – Rito do Jurí – Fase da pronúncia:
Se a desclassificação ocorrer na fase da pronúncia, o art. 419, CPP, estabelece que o processo será remetido ao juízo competente. A Lei n. 11.689/2008 prevê que, o juiz deverá determinar a inquirição das testemunhas e a realização de eventuais diligências requeridas pelas partes no prazo de 10 dias. É evidente, também, que deverá interrogar novamente o réu se novas provas tiverem sido produzidas. A desclassificação tanto pode se dar para crime menos grave (por ex: de tentativa de homicídio para lesão corporal grave), como para delito mais grave (de homicídio para latrocínio). O juiz, ao entender que não se trata de crime de competência do júri, determina a remessa dos autos ao juízo competente.
7.3 - Crime único — Rito do Júri — Julgamento em Plenário:
É possível que o júri não condene o réu pela prática do crime doloso contra a vida e também não o absolva dessa imputação, desclassificando a infração para outra de competência do juízo singular, hipótese em que o juiz suspenderá a votação e proferirá ele próprio a sentença (art. 492, § 1º, do CPP). Ex.: desclassificação de tentativa de homicídio para lesão corporal grave. Contudo, se a desclassificação for para infração de menor potencial ofensivo (p. ex., de tentativa de homicídio para lesões leves), o juiz não deve proferir a sentença, de imediato, devendo, antes disso, aplicar as regras da Lei n. 9.099/95, como a composição civil, a coleta da representação, a transação penal, e, somente se estas figuras despenalizadoras não forem aplicadas com sucesso, deverá prolatar sentença de mérito, condenando ou absolvendo o réu.
7.4 - Crimes conexos — Rito comum:
Mesmo se houver desclassificação ou absolvição, o juiz continua competente para julgar a outra infração penal ou o corréu. Ex.: cabendo ao Tribunal de Justiça julgar crime praticado pelo prefeito em coautoria com outra pessoa em razão de o primeiro gozar de prerrogativa de foro, caso venha o Tribunal a absolver o primeiro, continuará competente para julgar o outro. Da mesma forma, se um crime de roubo cometido em São Paulo é conexo com um furto qualificado cometido em Campinas e ambos estão sendo apurados em São Paulo, porque a pena do roubo é mais alta, continuará o juiz de São Paulo a julgar o furto qualificado ainda que tenha absolvido o réu pelo roubo (ou que tenha desclassificado tal crime para outro menos grave que o furto qualificado, como, por exemplo, para furto simples). A essa hipótese dá-se o nome de perpetuatio jurisdicionis (art. 81, caput, do CPP).
7.5 - Crimes conexos — Rito do Júri — Fase da pronúncia:
Se a pessoa estava sendo processada por um crime doloso contra a vida e por crime comum conexo, caso o juiz, na fase da pronúncia, desclassifique o crime doloso contra a vida para delito não abrangido pela competência do júri, deverá remeter os autos ao juízo competente, para apreciar ambos os delitos. Recebendo o processo, o juiz deverá observar o rito do art. 410 do Código de Processo Penal, com as alterações da Lei n. 11.689/2008.
7.6 - Crimes conexos — Rito do Júri — Julgamento em Plenário: 
Se o réu estiver sendo julgado por crime doloso contra a vida e por crime comum conexo e houver absolvição em relação ao primeiro, caberá aos jurados apreciar a responsabilidade do acusado em relação ao outro, uma vez que, ao julgarem o mérito da infração de competência do júri, entenderam-se competentes para a análise das demais. Em caso de desclassificação do crime doloso contra a vida, porém, o crime conexo de natureza diversa será julgado pelo juiz-presidente (art. 492, § 2º).
BIBLIOGRAFIA
LIMA, R. B. Manual de processo penal. 5. ed. Volume único. Salvador: Ed. JusPodivm, 2017.
REIS, A. C. A., VICTOR E. R. G. Direito processual penal esquematizado. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.

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