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Código Civil Comentado

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27 
LIVRO I
DAS PESSOAS
` TÍTULO I – DAS PESSOAS NATURAIS
` CAPÍTULO I – DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE
Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.
1. BREVES COMENTÁRIOS
O importante deste artigo é compreender bem o conceito de sujeito de direito, dis-
tinguindo-o dos conceitos de personalidade e capacidade. Denomina-se sujeito de direito 
o titular de interesses juridicamente protegidos, qualificado como tal por uma norma 
jurídica que lhe imputa direitos e deveres com a finalidade de disciplinar relações econô-
micas e sociais. Para o Direito, conforme anota Fábio Ulhôa Coelho, não apenas homens e 
mulheres, mas também alguns seres ideais de natureza incorpórea são titulares de direitos 
e deveres na ordem civil (Curso de Direito Civil, vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 138), 
uma vez que o atributo da personalização não é condição essencial para figurar numa 
relação jurídica.
A personalidade jurídica significa uma autorização prévia e genérica do ordenamento 
jurídico para a prática de qualquer ato jurídico que não seja proibido pelo Direito. As-
sim, sujeitos de direito despersonificados só podem praticar atos quando expressamente 
autorizados por lei e desde que tais atos sejam inerentes à sua finalidade, enquanto os 
sujeitos de direito que são pessoas podem fazer tudo a que não estejam proibidos no 
campo das relações privadas, conforme assegura a Constituição Federal, art. 5º, inciso II.
Desse modo, é possível estabelecer diferenças entre as categorias sujeito de direito 
(gênero) e pessoa (espécie); além disso, deve-se ter em vista que a personalidade, na 
acepção aqui empregada, é um atributo jurídico e não uma característica imanente ao ser 
humano, pois ao lado de homens e mulheres que nasceram com vida (pessoas naturais), 
o Direito confere titularidade de direitos e deveres a pessoas jurídicas, entes não huma-
nos, incorpóreos, mas dotados de aptidão para a prática de atos jurídicos em geral.
Torna-se difícil em nosso sistema jurídico estabelecer a distinção acima, pois a perso-
nalidade jurídica é atribuída pelo próprio sistema, e de acordo com a legislação vigente 
(art. 2º, CC/02), a pessoa já nasce com o direito a ser sujeito de direitos. Apesar do exposto 
acima, deve-se registrar que a doutrina tradicional não concebe tal distinção, referindo-se 
à pessoa como sendo sinônimo de sujeito de direito, o que causa dissensos terminológi-
cos, em especial quando do estudo da capacidade jurídica.
28 
2. JURISPRUDÊNCIA COMPLEMENTAR
Não se confundem o estabelecimento empresarial, dotado de personalidade jurídica, e a 
massa falida, titular de personalidade judiciária e de pretensões específicas à sua peculiar 
condição. (STJ, REsp nº 438013, Min. Rel. Herman Benjamin, DJE 04/03/2009).
Doutrina e jurisprudência entendem que as Casas Legislativas – câmaras municipais e assem-
bleias legislativas – têm apenas personalidade judiciária, e não jurídica. Assim, podem estar em 
juízo tão somente na defesa de suas prerrogativas institucionais.
Não têm, por conseguinte, legitimidade para recorrer ou apresentar contrarrazões em ação 
envolvendo direitos estatutários de servidores. (STJ, AGREsp nº 949899, Min. Rel. Arnaldo Esteves 
Lima, DJE 02/02/2009).
3. QUESTÕES DE CONCURSOS
01. (PGM/VITÓRIA/2007) A respeito da pessoa natural e jurídica, julgue os itens que se seguem.
– Ter capacidade de fato é ter aptidão para praticar todos os atos da vida civil e cumprir valida-
mente as obrigações assumidas, seja por si mesmo seja por assistência ou representação.
02. (AUX/JUR/MGS/2007/ESPP – ADAPTADA) Em relação à personalidade e à capacidade jurídicas das 
pessoas naturais, analise os seguintes itens:
II. Toda pessoa natural é detentora de capacidade jurídica para ser titular de direitos, mas nem 
todas detêm capacidade de fato para exercê-los.
03. (FINEP/ANALISTA/2009/CESPE – ADAPTADA) Acerca de capacidade e emancipação no direito brasi-
leiro, assinale a opção correta.
– A capacidade de fato é inerente a toda pessoa, pois se adquire com o nascimento com vida; a 
capacidade de direito somente se adquire com o fim da menoridade ou com a emancipação.
GAB 1 E 2 C 3 E
Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe 
a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
1. BREVES COMENTÁRIOS
O início da personalidade é marcado pela respiração, sendo irrelevante até mesmo 
a ruptura do cordão umbilical ou a viabilidade da vida extrauterina para aquisição da 
personalidade. Basta a entrada de ar nos pulmões do recém-nascido, sendo indiferentes 
suas perspectivas de sobrevivência e evolução, para a preservação de todos os seus 
direitos, desde a concepção.
Se toda pessoa natural (física) possui o atributo da personalidade, o mesmo não 
acontece com a capacidade jurídica, atributo relacionado à possibilidade de o indivíduo 
praticar, por si, atos jurídicos, ou seja, de modo direto, independentemente de auxílio de 
outra pessoa. Ser capaz significa reunir condições de discernimento e autodeterminação, 
isto é, apresentar possibilidades físicas e psíquicas de compreender as consequências 
dos seus atos, distinguindo o lícito do ilícito, e dirigir sua atuação de acordo com seus 
interesses.
Atenção para não confundir capacidade de direito (ou de gozo, aquisição) e capaci-
dade de exercício (ou de fato). A primeira, para Sílvio Rodrigues, seria a “capacidade de 
ter direitos subjetivos e contrair obrigações” (Direito Civil. Parte Geral, vol. 1, 32ª. ed. São 
Art. 1º e 2º TÍTULO I – DAS PESSOAS NATURAIS .
29 
Paulo: Saraiva, 2002, p. 39), pelo que é equiparada por Orlando Gomes à própria noção 
de personalidade, não podendo ser recusada (Introdução ao Direito Civil, 12ª. ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 1996, p. 165); enquanto a capacidade de exercício estaria relacionada ao 
poder de praticar pessoalmente os atos da vida civil, sem necessidade de representação 
ou assistência.
Vale advertir que os conceitos expostos no parágrafo anterior, apesar de comumente 
empregados pela maioria da doutrina, não consideram a distinção entre sujeito de direito 
e pessoa, pois a aptidão genérica, para ter direitos e deveres (= capacidade de direito), 
conforme já demonstrado, não é privativa dos sujeitos personificados, uma vez que tam-
bém é conferida pelo sistema jurídico aos grupos despersonalizados em situações espe-
cíficas. Nada obstante, por ser usual na doutrina tradicional, será empregada nesta obra.
Barros Monteiro adverte que a capacidade de exercício pressupõe a de direito, mas 
esta pode subsistir sem aquela, uma vez que, por exemplo, uma pessoa pode ter o gozo 
de um direito sem ter o seu exercício, em face de sua incapacidade absoluta, hipótese em 
que seus interesses serão protegidos por um representante legal (Cf. DINIZ, Maria Helena. 
Curso de Direito Civil Brasileiro. Teoria Geral do Direito Civil. 24ª. ed. São Paulo: Saraiva, 
2007, p. 147).
•	Necessita	 primeiro	
da	 capacidade	 de	
direito
•	Apresenta	 diversas	
gradações,	 analisa-
das	 na	 Teoria	 das	
incapacidades
•	Toda	pessoa	possui
•	Não	apresenta	
degradação
CapaCidade 
de Fato
CapaCidade 
de direito ≠
A proteção que a lei confere ao ser humano em gestação no útero materno merece 
atenção especial. O nascituro já é sujeito de direito, embora ainda não possa ser conside-
rado pessoa, o que justifica que a proteção concedida aos seus interesses fique condicio-
nada ao seu nascimento com vida. A discussão doutrinária acerca do assunto é acirrada 
e pode ser resumida, em linhas gerais, na reunião das teses conflitantes em dois grupos 
distintos: (A) corrente natalista e (B) corrente concepcionista.
Os natalistas advogam a tese de que ao nascituro não deve ser reconhecida perso-
nalidade, embora lhe seja permitido o exercício de atos destinados à conservação de di-
reitos, consoante dispostono art. 130 do CC/02, na condição de titular de direito eventual, 
por se encontrar pendente condição suspensiva (nascimento com vida). Os concepcionis-
tas, por outro lado, criticam a interpretação literal com que os partidários da perspectiva 
natalista enxergam a questão, sustentando que com a concepção (fecundação do óvulo 
pelo espermatozoide) surge uma vida distinta, que por ser independente organicamente 
de sua mãe biológica, merece proteção.
Antes de prosseguir nos comentários sobre tal embate de teorias, necessário es-
clarecer que a pacificação do tema ficou um pouco mais distante com os avanços da 
 LIVRO I – DAS PESSOAS Art. 2º 
30 
engenharia genética. Introduziram-se novos aspectos ao debate, pela necessidade de 
considerar a distinção entre o nascituro e o embrião, já que a concepção de um novo ser 
humano tanto pode ocorrer in vivo, isto é, dentro do corpo da mãe biológica, como in 
vitro, mediante utilização de técnicas de fertilização artificial.
O termo nascituro (nasciturus, aquele que está por nascer) deve, por conseguinte, ser 
empregado para designar o ser já concebido que se encontra em desenvolvimento no 
ventre de sua genitora (existência intrauterina), enquanto embrião é expressão utilizada 
para designar existência ultrauterina, concebida artificialmente.
Embora alguns não estabeleçam nenhuma diferença de tutela jurídica entre as men-
cionadas figuras, deve-se ressaltar que, independentemente da forma de fecundação 
(natural ou artificial), apenas com a nidação do zigoto, ou seja, implantação da célula ovo 
(óvulo fecundado) na parede do útero é que se considera a existência de um nascituro. 
Trata-se de momento que serve de marco para o início da discussão acerca de várias 
questões bioéticas, como, por exemplo, a manipulação genética de embriões e a utiliza-
ção de métodos contraceptivos como a “pílula do dia seguinte”.
Há de se envidar esforços para a busca constante de meios de efetivação e facilitação 
da proteção legal ao nascituro, redirecionando a discussão para os problemas pertinen-
tes ao embrião, em face das implicações éticas que encerram, já que o art. 2° do CC/02 
não trata da proteção jurídica deste.
Importante destacar a existência de respeitáveis opiniões contrárias à distinção en-
tre nascituro e embrião aqui proposta. Para Silmara Juny Chinelato, deve-se adotar um 
“conceito amplo de nascituro”, abarcando o embrião pré-implantatório, ou seja, aquele 
que se encontra fora do ventre materno. Para a referida autora, nestes casos, “concepção 
já existe, não havendo distinção na lei quanto ao locus da concepção” CHINELATO, Silmara J. 
Estatuto Jurídico do Nascituro: O Direito Brasileiro, in Questões controvertidas. Parte Geral 
do Código Civil. São Paulo. Método, 2008, p. 52).
Tal polêmica ganha intensidade apenas entre os autores que não fazem distinção dos 
conceitos de sujeito de direito e pessoa, tampouco entre embrião e nascituro, equipa-
rando-os. Uma vez percebida a distinção, torna-se mais fácil observar que independente-
mente de o sistema jurídico ter ou não ter conferido personalidade jurídica ao nascituro, 
sua condição de sujeito apto a figurar numa relação jurídica garante a titularidade dos 
direitos mencionados no parágrafo anterior.
Ainda se deve ressaltar que os arts. 1.799, inciso I e 1800, § 4°, do CC/02 tratam da 
possibilidade de nascimento de uma pessoa natural que não está concebida no momen-
to da criação de um ato jurídico que se produz para o caso de seu nascimento. Está-se 
diante do testamento em favor de prole eventual, ou seja, hipótese de deixar benefício 
para alguém que nem sequer foi concebido, comumente denominado concepturo (non-
dum conceptus), o que só produzirá efeito se for concebido em até dois anos contados da 
morte do testador.
2. ENUNCIADOS DAS JORNADAS
ÊÊ Enunciado 1º – Art. 2º: a proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que 
concerne aos direitos da personalidade, tais como nome, imagem e sepultura.
Art. 2º TÍTULO I – DAS PESSOAS NATURAIS .
31 
ÊÊ Enunciado 2º – Art. 2º: sem prejuízo dos direitos da personalidade nele assegurados, o art. 2º 
do Código Civil não é sede adequada para questões emergentes da reprogenética humana, 
que deve ser objeto de um estatuto próprio.
3. INFORMATIVOS DE JURISPRUDÊNCIAS
STJ/360 – Acidente de trabalho. Pensão mensal. Nascituro. Dano moral.
Prosseguindo o julgamento, a Turma decidiu ser incabível a redução da indenização por danos 
morais fixada em relação a nascituro filho de vítima de acidente fatal de trabalho, consideran-
do, sobretudo, a impossibilidade de mensurar-se o sofrimento daquele que, muito mais que 
os outros irmãos vivos, foi privado do carinho, assim como de qualquer lembrança ou contato, 
ainda que remoto, de quem lhe proporcionou a vida. A dor, mesmo de nascituro, não pode 
ser mensurada, conforme os argumentos da ré, para diminuir o valor a pagar em relação aos 
irmãos vivos. REsp 931.556-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 17/6/2008. 3ª T.
STF/508 – ADI e Lei da Biossegurança
Prevaleceu o voto do Min. Carlos Britto, relator. Nos termos do seu voto, salientou, inicialmente, 
que o artigo impugnado seria um bem concatenado bloco normativo que, sob condições de 
incidência explícitas, cumulativas e razoáveis, contribuiria para o desenvolvimento de linhas de 
pesquisa científica das supostas propriedades terapêuticas de células extraídas de embrião 
humano in vitro. Esclareceu que as células-tronco embrionárias, pluripotentes, ou seja, capazes 
de originar todos os tecidos de um indivíduo adulto, constituiriam, por isso, tipologia celular 
que ofereceria melhores possibilidades de recuperação da saúde de pessoas físicas ou natu-
rais em situações de anomalias ou graves incômodos genéticos. Asseverou que as pessoas físi-
cas ou naturais seriam apenas as que sobrevivem ao parto, dotadas do atributo a que o art. 2º 
do Código Civil denomina personalidade civil, assentando que a Constituição Federal, quando 
se refere à “dignidade da pessoa humana” (art. 1º, III), aos “direitos da pessoa humana” (art. 
34, VII, b), ao “livre exercício dos direitos... individuais” (art. 85, III) e aos “direitos e garantias 
individuais” (art. 60, § 4º, IV), estaria falando de direitos e garantias do indivíduo-pessoa. Assim, 
numa primeira síntese, a Carta Magna não faria de todo e qualquer estádio da vida humana 
um autonomizado bem jurídico, mas da vida que já é própria de uma concreta pessoa, porque 
nativiva, e que a inviolabilidade de que trata seu art. 5º diria respeito exclusivamente a um 
indivíduo já personalizado. ADI 3510/DF, rel. Min. Carlos Britto, 28 e 29.5.2008. Pleno.
STF 661 ADPF e interrupção de gravidez de feto anencéfalo
Prevaleceu o voto do Min. Marco Aurélio, relator. De início, reputou imprescindível delimitar 
o objeto sob exame. Realçou que o pleito da requerente seria o reconhecimento do direito 
da gestante de submeter-se a antecipação terapêutica de parto na hipótese de gravidez de 
feto anencéfalo, previamente diagnosticada por profissional habilitado, sem estar compelida 
a apresentar autorização judicial ou qualquer outra forma de permissão do Estado. Desta-
cou a alusão realizada pela própria arguente ao fato de não se postular a proclamação de 
inconstitucionalidade abstrata dos tipos penais em comento, o que os retiraria do sistema 
jurídico. Assim, o pleito colimaria tão somente que os referidos enunciados fossem interpre-
tados conforme a Constituição. Dessa maneira, exprimiu que se mostraria despropositado 
veicular que o Supremo examinaria a descriminalização do aborto, especialmente porque 
existiria distinção entre aborto e antecipação terapêutica de parto. Nesse contexto, afastou as 
expressões “aborto eugênico”, “eugenésico” ou “antecipação eugênica da gestação”, em razão 
do indiscutível viés ideológico e político impregnado na palavra eugenia. Na espécie, aduziuinescapável o confronto entre, de um lado, os interesses legítimos da mulher em ver respei-
tada sua dignidade e, de outro, os de parte da sociedade que desejasse proteger todos os 
que a integrariam, independentemente da condição física ou viabilidade de sobrevivência. 
Sublinhou que o tema envolveria a dignidade humana, o usufruto da vida, a liberdade, a 
 LIVRO I – DAS PESSOAS Art. 2º 
32 
autodeterminação, a saúde e o reconhecimento pleno de direitos individuais, especificamen-
te, os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres. No ponto, relembrou que não haveria 
colisão real entre direitos fundamentais, apenas conflito aparente. Versou que o Supremo fora 
instado a se manifestar sobre o tema no HC 84025/RJ (DJU de 25.6.2004), entretanto, a Corte 
decidira pela prejudicialidade do writ em virtude de o parto e o falecimento do anencéfalo 
terem ocorrido antes do julgamento. Ressurtiu que a tipificação penal da interrupção da gravi-
dez de feto anencéfalo não se coadunaria com a Constituição, notadamente com os preceitos 
que garantiriam o Estado laico, a dignidade da pessoa humana, o direito à vida e a proteção 
da autonomia, da liberdade, da privacidade e da saúde. ADPF 54/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 
11 e 12.4.2012.(ADPF-54)
4. JURISPRUDÊNCIA COMPLEMENTAR
Desnecessária a intervenção de representante do Ministério Público como curador de nasci-
turo, no ato de celebração de pacto antenupcial em que os nubentes estabelecem o regime 
de bens de seu futuro casamento. (STJ, REsp nº 178254, Min. Rel. Aldir Passarinho Júnior, DJ 
06/03/2006).
5. QUESTÕES DE CONCURSOS
01. (AUX/JUR/MGS/2007/ESPP – ADAPTADA) Em relação à personalidade e à capacidade jurídicas das 
pessoas naturais, analise os seguintes itens:
I. A personalidade jurídica é adquirida a partir do nascimento com vida, mas os direitos do nas-
cituro são resguardados desde a sua concepção.
02. (MP/AM/Promotor/2007 – ADAPTADA) A respeito das pessoas naturais e jurídicas, assinale a 
opção correta.
– Aquisição da personalidade jurídica da pessoa natural opera-se desde a sua concepção. Por 
isso, embora ainda não nascida, a pessoa tem capacidade jurídica e pode ser titular de direitos 
e obrigações.
03. (ANALISTA/TRT/17ª REGIÃO/2009/CESPE) Os maiores de dezesseis anos e menores de dezoito anos 
de idade são destituídos da personalidade jurídica, razão pela qual são absolutamente incapa-
zes de exercer pessoalmente os atos da vida civil.
04. (TRE/MA/2009/CESPE – ADAPTADA) Considerando o que dispõe o Código Civil a respeito das pes-
soas naturais, das pessoas jurídicas e do domicílio, assinale:
– A personalidade civil liga-se ao homem desde seu nascimento com vida, independentemente 
do preenchimento de qualquer requisito psíquico.
05. (TJ/SP/2009/VUNESP – ADAPTADA) Assinale a alternativa correta.
– Quando o artigo 2º do Código Civil afirma que a lei põe a salvo os direitos do nascituro, o legis-
lador reconhece que a personalidade civil da pessoa começa da concepção.
06. (MPE/PR – Promotor Substituto/2011). Assinale a alternativa correta:
(A) a capacidade de direito não é atribuída àqueles que, por enfermidade ou deficiência mental, 
não tiverem o necessário discernimento para os atos da vida civil.
(B) a incapacidade de exercício não afeta a capacidade de direito, que é atributo de todo aquele 
dotado de personalidade jurídica.
(C) a antecipação da maioridade derivada do casamento gera a atribuição de plena capacidade 
de direito àquele menor de 18 anos que contrai núpcias, embora nada afete a sua capacidade 
de fato.
Art. 2º TÍTULO I – DAS PESSOAS NATURAIS .
33 
(D) o reconhecimento da personalidade jurídica da pessoa natural a partir do nascimento com 
vida significa afirmar que, antes do nascimento, a pessoa é dotada de capacidade de fato, mas 
não tem capacidade de direito.
(E) a interdição derivada de incapacidade absoluta enseja a suspensão da personalidade jurídica 
da pessoa natural, uma vez que a capacidade é a medida da personalidade.
GAB 1 C 2 E 3 E 4 C 5 E 6 B
Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:
I – os menores de dezesseis anos;
II – os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discerni-
mento para a prática desses atos;
III – os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
1. BREVES COMENTÁRIOS
O sistema jurídico brasileiro tem como regra geral a capacidade das pessoas naturais. 
A incapacidade é algo excepcional, que depende de prévia previsão legal (rol taxativo). 
Ressalte-se que em nosso país não existe incapacidade de direito, pois, conforme pres-
creve o art. 1° do Código Civil, toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil, 
ainda que apresente alguma deficiência física ou tenha idade avançada. Esta restrição 
legal ao exercício dos atos da vida civil destina-se a proteger a pessoa do incapaz. Não 
se trata de limitação à personalidade jurídica. A incapacidade pode ser absoluta ou re-
lativa, dependendo do grau de imaturidade, da saúde e do desenvolvimento mental e 
intelectual da pessoa. As hipóteses de incapacidade absoluta estão neste dispositivo, e 
os sujeitos aqui relacionados, sob pena de nulidade do ato (art. 166, inciso I, do CC/02) 
devem ser representados.
Comumente, costuma-se afirmar que “o menor de 16 anos não tem vontade”. Me-
lhor seria sustentar que, embora existente, tal manifestação de vontade não é relevante 
para o Direito, devendo os pais e, na falta destes, os representantes legais, praticarem, 
mediante representação, todos os atos relativos àquele. Incapacidade não se confunde 
com falta de legitimação, ou seja, a proibição legal para a prática de determinados atos 
jurídicos destinada a proteger interesses de terceiros em situações que configurem confli-
tos de interesses (vide arts. 1.749, I; 1.647, 580 do CC/02). Da mesma forma, não deve ser 
confundida com vulnerabilidade. Embora ambos sejam protegidos por lei, ao vulnerável 
não é negada a prática direta do ato, como ocorre com o incapaz.
Os menores absolutamente incapazes (art. 3°, I, CC/02) são também denominados 
menores impúberes, enquanto os menores relativamente incapazes (art. 4°, I, CC/02) são 
conhecidos como menores púberes. Aqui se dispensa qualquer pronunciamento judicial 
para sua configuração, sendo, pois, desnecessário o processo de interdição. Os dispositi-
vos referidos acima tratam da chamada “incapacidade natural”, justificada pela falta de 
maturidade intelectual ou psicológica. Ela cessa com a maioridade civil ou emancipação 
(art. 5°, CC/02).
Nosso sistema jurídico não mais admite o instituto do benefício de restituição (resti-
tutio in integrum), que permitia o desfazimento de um negócio válido apenas por ter sido 
 LIVRO I – DAS PESSOAS Art. 2º e 3º 
34 
prejudicial aos interesses do menor. No entanto, em várias passagens do Código Civil é 
possível detectar dispositivos a prescrever comandos que protegem os incapazes, ou 
seja, que conferem tratamento jurídico mais vantajoso às pessoas indicadas nos arts. 3° e 
4° do CC/02 (art. 198, I c/c art. 208, art. 181, art. 588, art. 814 e art. 2.015)
O elemento central para a configuração das situações tratadas no inciso II do art. 3° do 
CC/02 é a desorganização mental, vale dizer, a ausência de discernimento. Carlos Roberto 
Gonçalves adverte que a redação genérica dos dispositivos em análise abrange todos os 
casos de insanidade mental, provocada por doença ou enfermidade mental, congênita 
ou adquirida, permanente e duradoura, desde que em grau suficiente para acarretar a 
privação do necessário discernimento à prática dos atos da vida civil (GONÇALVES, Carlos 
Roberto. Direito Civil Brasileiro, vol. I. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 87).
A total impossibilidade, ainda que transitória, de expressão de vontade é tratada 
no CC/02 como hipótese de incapacidade absoluta.Ressalte-se que os requisitos men-
cionados são cumulativos: deve-se verificar impossibilidade total e temporária para sua 
configuração. A doutrina aponta casos de hipnose, coma, embriaguez acidental, contusão 
cerebral, dentre outros, como situações que acarretariam a incapacidade absoluta.
Com a edição do CC/02, a ausência deixa de ser causa de incapacidade absoluta e 
passa a ser tratada de modo autônomo pela atual legislação, uma vez que a curadoria 
incide apenas sobre os bens do ausente e não sobre sua pessoa.
2. ENUNCIADOS DAS JORNADAS
ÊÊ Enunciado 40 – Art. 928: o incapaz responde pelos prejuízos que causar de maneira subsidiária 
ou excepcionalmente como devedor principal, na hipótese do ressarcimento devido pelos 
adolescentes que praticarem atos infracionais nos termos do art. 116 do Estatuto da Criança e 
do Adolescente, no âmbito das medidas sócio-educativas ali previstas.
ÊÊ Enunciado 138 – Art. 3º: A vontade dos absolutamente incapazes, na hipótese do inc. I do art. 
3º, é juridicamente relevante na concretização de situações existenciais a eles concernentes, 
desde que demonstrem discernimento bastante para tanto.
ÊÊ Enunciado 155 – Art. 194: O art. 194 do Código Civil de 2002, ao permitir a declaração ex officio 
da prescrição de direitos patrimoniais em favor do absolutamente incapaz, derrogou o dispos-
to no § 5º do art. 219 do CPC.
ÊÊ Enunciado 203 – Art. 974: O exercício da empresa por empresário incapaz, representado ou 
assistido somente é possível nos casos de incapacidade superveniente ou incapacidade do 
sucessor na sucessão por morte.
3. INFORMATIVOS DE JURISPRUDÊNCIAS
STJ/385 – Pensão. Incapacidade Permanente.
Trata-se de recurso que pretende afastar a condenação por danos morais imposta à re-
corrente e, se mantida, a redução da indenização, bem como da idade limite para o rece-
bimento da pensão por lucros cessantes para sessenta e cinco anos. Quanto ao valor da 
indenização, o TJ manteve a condenação da recorrente em cinquenta e dois mil reais. Para 
o Min. Relator, o quantum estabelecido não se evidenciou elevado, situando-se em patamar 
aceito pela jurisprudência deste Superior Tribunal. O limite da indenização somente é fixado 
com base na idade média de vida em caso de falecimento do acidentado. Na hipótese, 
cuida-se de incapacidade permanente, de modo que deveria ser pago à própria vítima ao 
longo de sua vida, durasse mais ou menos do que setenta anos. Tanto está errado o Tribu-
nal em fixar setenta anos, como a ré em postular sessenta e cinco anos, porque se cuida 
Art. 3º TÍTULO I – DAS PESSOAS NATURAIS .
35 
de vítima viva. (...). É necessário deixar assim consignada a hipótese de eventual vindicação 
de herdeiros ou sucessores, ao se considerar a literalidade do acórdão a quo. Diante disso, 
a Turma conheceu em parte do recurso e lhe deu parcial provimento. Precedentes citados: 
AgRg no Ag 591.418-SP, DJ 21/5/2007, e REsp 629.001-SC, DJ 11/12/2006. REsp 775.332-MT, Rel. Min. 
Aldir Passarinho Junior, julgado em 5/3/2009.
4. JURISPRUDÊNCIA COMPLEMENTAR
Não se admite, como causa de extinção da punibilidade, nos crimes contra os costumes, a 
união estável de vítima menor de 16 (dezesseis) anos, por ser esta incapaz de consentir valida-
mente acerca da convivência marital (Precedentes desta Corte e do c. Pretório Excelso). Ordem 
denegada. (STJ, HC nº 85604, Min. Rel. Felix Fischer, DJE 15/12/2008).
5. QUESTÕES DE CONCURSOS
01. (PROC/MARICA/MG/2007) São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da 
vida civil, EXCETO os:
(A) menores de 16 (dezesseis) anos
(B) que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a 
prática desses atos
(C) que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade
(D) maiores de 16 (dezesseis) anos e menores de 18 (dezoito) anos
(E) menores de quatorze anos
02. (AUX/JUR/MGS/2007/ESPP – ADAPTADA) Em relação à personalidade e à capacidade jurídicas das 
pessoas naturais, analise os seguintes itens:
– São absolutamente incapazes de exercer os atos da vida civil os menores de dezesseis anos, 
os ébrios habituais e os viciados em tóxicos.
GAB 1 D 2 E
Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:
I – os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II – os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham 
o discernimento reduzido;
III – os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
IV – os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial.
1. BREVES COMENTÁRIOS
Os sujeitos de direito que estão relacionados neste dispositivo devem ser auxiliados 
por outra pessoa (assistente), sob pena de anulabilidade do negócio celebrado, ou seja, 
sua opinião é relevante para o Direito e sem sua vontade (ou contra ela) o ato jurídico 
não se constitui. A incapacidade relativa pode ser definida como uma fase de transição 
entre a incapacidade absoluta e a aquisição da capacidade plena, quando atingida a 
maioridade civil aos 18 (dezoito) anos de idade. Para o legislador pátrio, embora já tenha 
atingido certo grau de amadurecimento, o maior de 16 (dezesseis) anos e menor de 18 
(dezoito) ainda carece de auxílio para a prática dos atos da vida civil, devendo contar 
 LIVRO I – DAS PESSOAS Art. 3º e 4º 
36 
indistintamente com a assistência do pai ou da mãe (ou tutor em sua falta), a quem com-
pete o exercício da autoridade parental.
É possível encontrar no ordenamento jurídico diversas situações em que o relativa-
mente incapaz está autorizado a agir independentemente da presença do seu assistente, 
sem que tal fato implique invalidade do ato praticado. No Código Civil vigente é permitido 
ao relativamente incapaz ser testemunha (inciso I do art. 228), aceitar mandato (art. 666) 
e fazer testamento (parágrafo único do art. 1.860). Anote-se também a possibilidade de 
responsabilização do incapaz por danos na hipótese descrita no art. 928 do CC/02. As ex-
ceções à regra da incapacidade relativa são se limitam ao Código Civil, pois na legislação 
extravagante é possível ao maior de 16 anos e menor de 18 anos ser eleitor (direito de 
exercício facultativo – art. 14, § 1°, incisos I e II) e celebrar contrato de trabalho (vide art. 
7°, inciso XXXIII, CF/88)1.
Anote-se ainda que o ECA determina a obrigatoriedade do consentimento do maior de 
doze anos de idade nos casos de adoção (art. 45, § 2°), o que reforça o entendimento do 
Enunciado n° 138 do Conselho da Justiça Federal, que dispõe: “a vontade dos absoluta-
mente incapazes, na hipótese do inc. I do art. 3°, é juridicamente relevante na concretiza-
ção de situações existenciais a eles concernentes, desde que demonstrem discernimento 
bastante para tanto”. Nada obstante, o art. 180 do CC/02 veda a auto declaração dolosa 
de capacidade ao prescrever que “o menor, entre 16 (dezesseis) e 18 (dezoito) anos, não 
pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou 
quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior”.
O disposto nos incisos II dos art. 3° e 4° retrata situações em que se faz necessário 
um processo judicial para a interdição do incapaz, para garantia de segurança jurídica 
das relações privadas, uma vez que a incapacidade mental é considerada um estado 
permanente e contínuo, pois nosso ordenamento não admite intervalos de lucidez. Uma 
vez reconhecida a incapacidade, os atos da pessoa desprovida de discernimento (ou com 
capacidade de discernir reduzida) serão tidos como inválidos. Anote-se que a hipótese 
do art. 3°, inciso III, ao contrário do disposto no art. 4°, não necessita da interposição de 
processo de interdição para nomeação de curador.
Retomando a análise do presente artigo, vale ressaltar que o inciso II trata daque-
le que é viciado na ingestão de bebidasalcoólicas ou no uso abusivo e imoderado de 
substâncias entorpecentes. Aqui também não se enquadram os casos de “embriaguez 
preordenada”, ou seja, a ingestão excessiva de bebida alcoólica com o objetivo de “tomar 
coragem” para o cometimento de ato lesivo. Em relação às pessoas com discernimento 
reduzido por deficiência mental deve-se anotar que se a limitação mental que apresen-
tam impede um adequado entendimento de questões complexas, são indivíduos que 
compreendem questões comuns do nosso cotidiano, o que garante um mínimo de con-
dições para a sobrevivência e o relacionamento intersubjetivo, pelo que não podem ser 
equiparados aos absolutamente incapazes.
1.. Antes dos 16 anos o trabalho do menor só pode ocorrer na condição de aprendiz, a partir dos 14 
anos, conforme disposto na Emenda Constitucional nº 20/98 e no art. 60 do Estatuto da Criança e do 
Adolescente.
Art. 4º TÍTULO I – DAS PESSOAS NATURAIS .
37 
 LIVRO I – DAS PESSOAS Art. 4º 
Embora o inciso III do art. 4° seja apontado como desnecessário por grande parte 
da doutrina (já que as hipóteses que retrata também estão inseridas no inciso anterior 
– discernimento reduzido), parece que o legislador pretendeu ressaltar casos que não 
decorrem de uma patologia psíquica ou de estados psicóticos, merecendo destaque os 
portadores de síndrome de Down, que mediante educação especial conseguem manter 
controle sobre si mesmos, permitindo o ingresso no mercado de trabalho e sua inserção 
no meio social.
A incapacidade relativa do pródigo diz respeito apenas a atos que possam compro-
meter seu patrimônio, ou seja, atos de disposição ou oneração dos seus bens, conforme 
prescrito no art. 1.782 do CC/02. Logo, não existe nenhum tipo de limitação à prática de 
atos pessoais, como exercer poder familiar sobre seus filhos, ser testemunha, votar e até 
casar, desde que assistido, nesta última hipótese, na celebração do pacto antenupcial. 
Trata-se de um indivíduo acometido de um desvio de comportamento que dissipa seus 
bens com risco de se reduzir, por sua própria conduta, a estado de penúria. Merece re-
gistro a ampliação do rol dos legitimados para requerer a curatela do pródigo. O art. 1.767 
do CC/02 estende tal possibilidade a qualquer parente sucessível e também ao Ministério 
Público, a quem compete a defesa dos incapazes, uma vez que o objetivo da proteção 
do pródigo, dentro de uma perspectiva civil-constitucional, é a defesa de sua dignidade 
e não de seus bens.
O legislador do CC/02 optou por não disciplinar a capacidade dos silvícolas, remeten-
do a matéria para a legislação especial, mormente o Estatuto do Índio (Lei n° 6.001/73). 
Dessa forma, não é mais possível considerar o índio como relativamente incapaz, deven-
do a ele ser aplicado o disposto no art. 8° da Lei nº 6.001/73.
Os conceitos descritos nos arts. 3° e 4° do CC/02 dependem de realização de perícia 
ordenada pelo juiz, pois a existência ou não de discernimento é fato a ser atestado por 
um especialista (art. 1.771, CC/02). Ocorre que os estados patológicos de deficiência ou 
desorganização mental podem evoluir para patamares mais ou menos graves, de acordo 
com o tratamento dispensado ao paciente. Por isso, nada impede que havendo moti-
vo superveniente, o magistrado, a pedido, reveja a extensão da interdição do incapaz, 
transformando declaração de incapacidade relativa em absoluta ou vice-versa (art. 1.772). 
Ainda sobre o tema, importante verificar o disposto no art. 1.768 do CC/02, que trata do 
rol dos legitimados para requerer a interdição do incapaz.
Antes de se concluir os comentários sobre este dispositivo, devem-se ressaltar as 
hipóteses de aparente incapacidade. Não constituem causas autônomas de incapacidade 
limitações físicas à locomoção; tampouco restrições a alguns dos sentidos (audição, vi-
são...). Está-se diante de pessoas plenamente capazes, no sentido de que podem agir no 
mundo jurídico por si mesmas, mas que, no entanto, não são autorizadas à realização de 
atos que necessitem da utilização do sentido deficitário.
O CC/02 revogou o disposto no art. 5°, inciso III, do CC/16, que relacionava como ab-
solutamente incapaz o surdo-mudo que não pudesse exprimir sua vontade, excluindo a 
surdo-mudez como causa autônoma de incapacidade. Contudo, isso não significa a im-
possibilidade de enquadramento do surdo-mudo nas demais hipóteses de incapacidade 
previstas nos arts. 3° e 4° do código vigente, desde que atendidos os pressupostos legais.
38 
2. ENUNCIADOS DE SÚMULA DE JURISPRUDÊNCIA
ÊÊ STJ – Súmula: 342 – No procedimento para aplicação de medida socioeducativa, é nula a desis-
tência de outras provas em face da confissão do adolescente.
3. ENUNCIADOS DAS JORNADAS
ÊÊ Enunciado 197 – Arts. 966, 967 e 972: A pessoa natural, maior de 16 e menor de 18 anos, é repu-
tada empresário regular se satisfizer os requisitos dos arts. 966 e 967; todavia, não tem direito 
a concordata preventiva, por não exercer regularmente a atividade por mais de dois anos.
4. INFORMATIVOS DE JURISPRUDÊNCIAS
STJ/273 – Servidor. Dependência crônica. Alcoolismo.
A Turma, ao prosseguir o julgamento, deu provimento ao recurso por entender que o servidor 
que sofre de dependência crônica de alcoolismo deve ser licenciado, mesmo compulsoriamen-
te, para tratamento de saúde e, se for o caso, aposentado por invalidez, mas, nunca, demitido, 
por ser titular de direito subjetivo à saúde e vítima do insucesso das políticas públicas sociais 
do Estado. RMS 18.017-SP, Rel. Min. Paulo Medina, julgado em 9/2/2006. 6ª Turma.
STJ/301 – Adolescente. Personalidade antissocial. Internação. Ofensa. Princípio. Legalidade.
Concedida a ordem na hipótese de réu menor portador de doença ou deficiência mental, visto 
que a medida sócio-educativa de internação imposta com o fim de ressocializá-lo é inapta à 
resolução de questões psiquiátricas, cabendo a submissão do menor a tratamento adequa-
do. É necessária a liberação do menor, em regime de liberdade assistida, para submeter-se 
à tratamento com o devido acompanhamento ambulatorial, psiquiátrico, psicopedagógico e 
familiar. Precedente citado: HC 54.961-SP, DJ 22/5/2006. HC 47.178-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado 
em 19/10/2006. 5ª Turma.
5. QUESTÕES DE CONCURSOS
01. (JUIZ/TRT/24R/2007/I FASE – ADAPTADA) Sobre a personalidade e a capacidade:
I. São relativamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os que, mesmo por 
causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
02. (ANAC/2009/CESPE) Segundo o Código Civil, são relativamente incapazes os menores de dezes-
seis anos e os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
03. (FINEP/ANALISTA/2009/CESPE – ADAPTADA) Acerca de capacidade e emancipação no direito brasi-
leiro, assinale a opção correta.
– Os ébrios habituais são absolutamente incapazes e seus atos são considerados nulos, não 
competindo ao juiz convalidá-los, nem a requerimento dos interessados.
04. (FINEP/ANALISTA/2009/CESPE – ADAPTADA) Acerca de capacidade e emancipação no direito brasi-
leiro, assinale a opção correta.
– Os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo, são considerados pessoas absoluta-
mente incapazes.
05. (TRE/RN- Técnico Judiciário – Área Administrativa/2011) João, casado com Dora, possui quatro 
filhos: Ana, Fábio, Douglas e Mônica. Ana possui dezesseis anos e cinco meses; Fábio possui 
dezenove anos, mas é pródigo; Douglas possui vinte anos, mas é excepcional, sem desenvolvi-
mento mental completo e Mônica possui vinte e cinco anos, mas, em razão de causa transitória, 
não pode exprimir a sua vontade. Nesta família, são incapazes, relativamente a certos atos, ou 
à maneira de exercê-los.
(A) Ana, Fábio e Douglas.
(B) Ana e Douglas.
Art. 4º TÍTULO I – DAS PESSOAS NATURAIS .
39 
 LIVRO I – DAS PESSOAS Art. 4º e 5º 
(C) Ana, Fábio e Mônica.
(D) Fábio, Douglas e Mônica.
(E)Ana, apenas.
06. (Prefeitura Municipal de Tijucas – Advogado/2011) São incapazes, respectivamente, de forma 
absoluta e relativa, para atos da vida civil:
(A) Os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; quem por enfermidade não tiver o 
necessário discernimento para a prática dos atos.
(B) Quem por causa transitória não puder exprimir sua vontade; os excepcionais, sem desenvolvi-
mento mental completo.
(C) Quem por enfermidade não tiver o necessário discernimento para a prática dos atos; quem por 
causa transitória não puder exprimir sua vontade.
(D) Os menores de dezesseis anos; quem por enfermidade não tiver o necessário discernimento 
para a prática dos atos.
(E) Os menores de dezesseis anos; quem por causa transitória não puder exprimir sua vontade.
07. (Procurador Judicial – Pref. Mun. Serra Negra/SP) Nos termos do artigo 4º do CC, assinale a 
alternativa incorreta. São incapazes, relativamente a certos atos, ou á maneira de exercê-los:
(A) Os pródigos.
(B) Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para 
a prática desses atos.
(C) Os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
(D) Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discer-
nimento reduzido.
GAB 1 E 2 E 3 E 4 E 5 A 6 B 7 B
Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada 
à prática de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I – pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento 
público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o 
tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
II – pelo casamento;
III – pelo exercício de emprego público efetivo;
IV – pela colação de grau em curso de ensino superior;
V – pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de empre-
go, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia 
própria.
1. BREVES COMENTÁRIOS
O dispositivo trata das formas de cessação da incapacidade. A menoridade cessa aos 
18 (dezoito) anos completos, momento a partir do qual a pessoa se torna apta para a 
prática, por si só, de todas as atividades da vida civil que não exigirem limite especial, 
como nas de natureza política. No entanto, é possível ao filho maior de idade, por exem-
plo, pleitear a manutenção do dever de prestar alimentos, imposto ao seu genitor, se 
40 
demonstrar sua necessidade e a possibilidade daquele de permanecer arcando com tal 
ônus, enquanto conclui seus estudos.
Pode-se definir a emancipação como a antecipação dos efeitos da maioridade civil 
conferida às pessoas enquadradas nos casos de incapacidade natural (incapacidade em 
razão da idade). As causas que a autorizam estão previstas no parágrafo único do art. 5° 
do CC/02 e podem decorrer de concessão dos pais ou de sentença do juiz, como também 
de determinados fatos a que a lei atribui tal efeito. A emancipação voluntária decorre de 
ato unilateral dos pais de menor relativamente incapaz que independe de homologação 
judicial, embora exija instrumento público para sua concretização. Apesar de não consti-
tuir direito subjetivo do menor, só pode ser outorgada em seu interesse. A outorga de tal 
benefício (ato irrevogável) depende da concordância de ambos os pais, ou de um deles, 
na falta do outro.
Tem-se a emancipação judicial quando o tutor deseja antecipar os efeitos da maiori-
dade do tutelado maior de 16 anos. Trata-se da única espécie de emancipação que não 
dispensa homologação judicial, para evitar que seja concedida apenas visando livrar o 
tutor do ônus da tutela, em prejuízo do menor. Durante o procedimento, que é regido 
pelo disposto no art. 1.103 e seguintes do CPC, deverá ser ouvido o representante do 
Ministério Público.
Ao contrário das espécies anteriores de emancipação, que só produzem efeito após 
o registro, a emancipação legal produzirá seus efeitos a partir do ato ou fato que a pro-
vocou. O parágrafo único do art. 5° do CC/02 relaciona as hipóteses de emancipação legal, 
sendo a primeira delas o casamento. Segundo o art. 1.517 do CC/02, a idade núbil é de 16 
(dezesseis) anos, exigindo-se ainda autorização dos pais (=assistência) para a celebração 
do casamento, em face da incapacidade relativa dos nubentes. Todavia, é possível, em 
casos excepcionais, obtenção de autorização judicial para realização de matrimônio entre 
pessoas absolutamente incapazes. Concretizado regularmente o casamento civil, indepen-
dentemente da idade do menor, configura-se hipótese de emancipação, que não pode 
ser desfeita, mesmo se verificada a dissolução da sociedade conjugal.
Dentre as outras hipóteses relacionadas no dispositivo em exame, a lei também per-
mite emancipação se existir estabelecimento civil ou comercial, ou ainda relação de em-
prego, desde que, em função de qualquer deles, o menor tenha economia própria. As 
hipóteses aqui descritas somente se aplicam ao menor púbere, ou seja, ao relativamente 
incapaz (maior de 16 e menor de 18 anos). Nessas hipóteses de emancipação não se ne-
cessita da autorização dos pais, pois decorrem da verificação da existência de economia 
própria, ou seja, da possibilidade de o menor garantir, pessoalmente, o seu sustento; em 
outras palavras, assegurar, por seu trabalho, sua independência financeira. A existência 
de relação de emprego ensejadora da emancipação deve ser comprovada por documen-
to escrito, registrada em carteira de trabalho, e ter caráter duradouro (não eventual), 
com subordinação e contraprestação. Não basta a execução de tarefas esporádicas para 
a sua configuração.
Vale anotar que, assim como nas demais formas de emancipação legal acima apre-
sentadas, uma vez ocorrida hipótese de antecipação dos efeitos da maioridade pelo 
estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, tem-se 
Art. 5º TÍTULO I – DAS PESSOAS NATURAIS .
41 
 LIVRO I – DAS PESSOAS Art. 5º 
configurada situação irreversível; esta, uma vez alcançada, garante ao menor a capacida-
de civil plena, ainda que o fator que a desencadeou deixe de existir.
2. ENUNCIADOS DE SÚMULA DE JURISPRUDÊNCIA
ÊÊ STJ – Súmula: 358 – O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está 
sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos.
3. ENUNCIADOS DAS JORNADAS
ÊÊ Enunciado 3º – Art. 5º: a redução do limite etário para a definição da capacidade civil aos 18 
anos não altera o disposto no art. 16, I, da Lei n. 8.213/91, que regula específica situação de 
dependência econômica para fins previdenciários e outras situações similares de proteção, 
previstas em legislação especial.
ÊÊ Enunciado 41 – Art. 928: a única hipótese em que poderá haver responsabilidade solidária do 
menor de 18 anos com seus pais é ter sido emancipado nos termos do art. 5º, parágrafo único, 
inc. I, do novo Código Civil.
ÊÊ Enunciado 397 – Art. 5º: A emancipação por concessão dos pais ou por sentença do juiz está 
sujeita à desconstituição por vício de vontade.
4. INFORMATIVOS DE JURISPRUDÊNCIAS
STJ/313 – Execução. Alimentos. Ilegitimidade ativa. Meio processual inadequado.
Trata-se de ação de execução de alimentos em que a filha, assistida pela mãe, enquanto me-
nor de idade, pleiteia alimentos do pai, ora recorrido. Durante a demanda, a filha tornou-se 
maior de idade e completou curso universitário, além de atualmente residir com o recorrido. 
Na espécie, o pai ficou inadimplente por vários anos ao não prestar alimentos constituídos por 
título judicial advindo de revisional de alimentos, cabendo à mãe o sustento da prole. Logo, 
a genitora não é parte legítima na execução dos alimentos proposta pela filha contra o pai, 
uma vez que apenas assistiu a menor em razão de sua incapacidaderelativa, suprida pelo 
advento da maioridade no curso do processo. Do mesmo modo, a execução de alimentos de-
vidos unicamente à filha não é o meio processual próprio para que a mãe busque o reembolso 
das despesas efetuadas. A Turma não conheceu do recurso. REsp 859.970-SP, Rel. Min. Nancy 
Andrighi, julgado em 13/3/2007. 3ª Turma. (Informativo nº 313)
5. QUESTÕES DE CONCURSOS
01. (JUIZ/TJ/TO/2007/I FASE/CESPE – ADAPTADA) Julgue os itens a seguir, relativos à pessoa natural.
IV. A emancipação concedida por sentença judicial refere-se aos casos em que o menor se en-
contre sob tutela, ou, ainda, quando o menor pretenda emancipar-se independentemente da 
vontade dos pais. Têm legitimidade para requerer essa emancipação o menor interessado, o 
Ministério Público ou o tutor.
02. (JUIZ/TRT/11R/2007/I FASE/FCC) Cessará, para os menores, a incapacidade pela concessão
(A) do pai ou da mãe isolada ou conjuntamente, mediante instrumento público, independente-
mente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver 
dezesseis anos completos.
(B) dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, ou particular, firma-
do juntamente com duas testemunhas, independentemente de homologação judicial, ou por 
sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos.
(C) dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente 
de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis 
anos completos.
42 
(D) dos pais, ou de um deles, ou do tutor se o menor não estiver sob o poder familiar, dependen-
do, em qualquer caso, de homologação judicial, desde que o menor conte mais de dezesseis 
anos de idade.
(E) dos pais em conjunto e por instrumento público, ou mediante sentença do juiz, se houver dis-
cordância entre eles ou se o menor estiver sob tutela, desde que conte mais de catorze anos 
de idade.
03. (JUIZ/TRT/24R/2007/I FASE – ADAPTADA) Sobre a personalidade e a capacidade:
II. Cessará, para os menores, a incapacidade pelo exercício de emprego público efetivo.
04. (JUIZ/TRT/8R/2007/2ª ETAPA) Diz a lei que são hipóteses em que cessa a incapacidade dos meno-
res, exceto:
(A) Pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, 
independentemente de homologação judicial.
(B) Pelo casamento.
(C) Pelo exercício de emprego público efetivo.
(D) Pela existência de relação de emprego, desde que, em função dela, o menor com dezessete 
anos completos detenha economia própria.
(E) Pela colação de grau em curso de ensino superior.
05. (ADV/ECT/2007/CONESUL) São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exer-
cer, os maiores de 16 (dezesseis) e menores de 18 (dezoito) anos. Porém cessará, para os 
menores, a incapacidade,
(A) pela união estável.
(B) pelo exercício de cargo em comissão em órgão público.
(C) pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, in-
dependente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver 
16(dezesseis) anos completos.
(D) pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, mesmo 
que, em função deles, o menor com 16(dezesseis) anos completos não tenha economia pró-
pria, permanecendo na dependência econômica dos pais ou representantes legais.
06. (ANALIS/JUD/TSE/CAD. 1/2007/CESPE – ADAPTADA) A respeito das pessoas físicas e jurídicas, assina-
le a opção correta.
– A emancipação voluntária é ato unilateral de concessão realizado pelos pais, em pleno exercí-
cio da autoridade parental, mediante instrumento público, independentemente de homologa-
ção judicial, desde que o menor já tenha completado 16 anos.
07. (PGM/VITÓRIA/2007) A respeito da pessoa natural e jurídica, julgue os itens que se seguem.
– A emancipação voluntária se dá por concessão conjunta dos pais ou por aquele que detiver a 
guarda do menor ou, ainda, por sentença judicial. Exige-se, para a concessão realizada pelos 
pais, além do instrumento público, que estes estejam em pleno exercício da autoridade paren-
tal e a anuência do emancipado. Para a emancipação do menor que se encontrar sob tutela, 
exige-se sentença judicial.
08. (MP/AM/Promotor/2007 – ADAPTADA) A respeito das pessoas naturais e jurídicas, assinale a 
opção correta.
– A emancipação voluntária pode ser revogada por sentença judicial, desde que os pais compro-
vem que o filho, por fato superveniente, tornou-se incapaz de administrar a si e aos seus bens. 
Nesse caso, o emancipado retorna à anterior situação de incapacidade civil, e os pais podem 
ser responsabilizados solidariamente pelos danos causados pelo filho que emanciparam.
Art. 5º TÍTULO I – DAS PESSOAS NATURAIS .
43 
 LIVRO I – DAS PESSOAS Art. 5º e 6º 
09. (JUIZ/TRT/8R/2007/1ª ETAPA – ADAPTADA) Marque a alternativa:
(A) Dentre as hipóteses legais de cessação da incapacidade para os menores estão o casamento, 
o exercício de emprego público efetivo e a colação de grau em curso de ensino superior.
10. (FINEP/ANALISTA/2009/CESPE – ADAPTADA) Acerca de capacidade e emancipação no direito brasi-
leiro, assinale a opção correta.
– A emancipação pela concessão dos pais ocorre mediante instrumento público, independente-
mente de homologação judicial.
11. (TJ/SP/2009/VUNESP – ADAPTADA) Assinale a alternativa correta.
– A incapacidade dos menores cessa com o casamento.
12. (STM – Analista Judiciário/2011) Com a maioridade civil, adquire-se a personalidade jurídica, ou 
capacidade de direito, que consiste na aptidão para ser sujeito de direito na ordem civil.
13. (STM – Analista Judiciário/2011) O menor que for emancipado aos dezesseis anos de idade em 
razão de casamento civil e que se separar judicialmente aos dezessete anos retornará ao sta-
tus de relativamente incapaz.
14. (CFN – Advogado/2011) Sobre os temas Personalidade e Capacidade no Código Civil, marque a 
alternativa INCORRETA:
(A) Toda pessoa é capaz de direitos e obrigações na ordem civil.
(B) A personalidade civil começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concep-
ção, os direitos do nascituro.
(C) Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discer-
nimento reduzido são incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer.
(D) Os menores de dezesseis anos são absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos 
da vida civil.
(E) Cessará, para os menores, a incapacidade, pela colação de grau em curso de ensino técnico.
GAB 1 E 2 C 3 C 4 D 5 C 6 C 7 E 8 E 9 C 10 C 11 C 12 E 13 E 14 E
Art. 6º A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto 
aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.
1. BREVES COMENTÁRIOS
O dispositivo em análise inicia o disciplinamento do término da personalidade civil. 
A morte marca o fim da existência da pessoa natural enquanto sujeito de direito. Com o 
desaparecimento das funções cerebrais do organismo tudo termina (mors omnia solvit), 
uma vez que todos os bens patrimoniais e extrapatrimoniais do defunto se transmitem 
aos seus herdeiros. No entanto, por determinação legal protege-se o corpo (ou restos 
mortais), a memória e a imagem do falecido. Se o início da personalidade depende da 
respiração, seu término exige verificação da cessação da atividade encefálica, ainda que 
os demais órgãos estejam funcionando. Encontram-se dispersos ao longo de todo o Có-
digo Civil os diversos efeitos provocados pela extinção da personalidade civil: a abertura 
da sucessão (art. 1.784), a dissolução da sociedade conjugal (art. 1.571, I), a extinção do 
poder familiar (art. 1.635, I), a cessação do dever de prestar alimentos (art. 1.700) e a 
extinção de contratos personalíssimos. Encontram-se aindaefeitos na esfera penal, como 
a extinção da punibilidade (art. 107, inciso I do CP), e no campo do processo civil, como a 
suspensão dos prazos previstos no art. 180 do CPC.
44 
2. ENUNCIADOS DE SÚMULA DE JURISPRUDÊNCIA
ÊÊ STF – Súmula: 331 – É legítima a incidência do imposto de transmissão “causa mortis” no inven-
tário por morte presumida.
3. QUESTÕES DE CONCURSOS
01. (PGE/RO- Procurador do Estado Substituto/2011). Os direitos patrimoniais do autor caducam 
decorridos setenta anos contados de 1º de janeiro do ano
(A) subsequente ao da publicação da obra.
(B) de seu falecimento.
(C) subsequente ao de seu falecimento.
(D) da publicação da obra.
(E) antecedente ao de seu falecimento.
GAB 1 C
Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:
I – se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
II – se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até 
dois anos após o término da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser 
requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data 
provável do falecimento.
1. BREVES COMENTÁRIOS
O disposto no artigo em análise tornou mais abrangentes as hipóteses de reconheci-
mento de morte presumida do que as inicialmente previstas na Lei de Registros Públicos 
(arts. 77 a 88), porquanto se passou a admitir a declaração da morte presumida sem de-
cretação de ausência. A declaração da morte presumida, embora dispense a decretação 
de ausência, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averigua-
ções, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. Como bem ressalta Carlos 
Roberto Gonçalves, a expressão genérica quem estava em perigo de vida é conceito que 
não se circunscreve apenas a situações de catástrofe, podendo ser aplicável, por exem-
plo, a vítimas de extorsão mediante sequestro, nos casos em que, mesmo após o paga-
mento do resgate, não mais se têm informações acerca do paradeiro da vítima (Direito 
Civil Brasileiro, vol. I. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 119).
2. QUESTÕES DE CONCURSOS
01. (JUIZ/TRT/24R/2007/I FASE – ADAPTADA) Sobre a personalidade e a capacidade:
III. Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência, se for extremamente 
provável a morte de quem estava em perigo de vida.
IV. Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência, se alguém, desaparecido 
em campanha ou prisioneiro, não for encontrado até 2 (dois) anos após o término da guerra.
02. (TEC/SUP/MIN/RJ/2007/NCE) – Em grave acidente aéreo, Túlio, funcionário público sem qualquer 
bem em vida, desapareceu nos escombros, sendo que, mesmo após muitas buscas, seu corpo 
Art. 6º e 7º TÍTULO I – DAS PESSOAS NATURAIS .
45 
 LIVRO I – DAS PESSOAS Art. 7º 
não foi encontrado, tendo ele sido por todas as autoridades e familiares tido como morto. Bia, 
sua filha menor, desejando pensão pela morte de pai, deverá requerer ao juiz:
(A) a declaração de ausência do pai;
(B) o reconhecimento da comoriência do pai;
(C) a declaração de morte presumida do pai;
(D) o reconhecimento da comutação do pai;
(E) a declaração de vacância do pai.
03. (TJ/AC/Juiz/2007 – ADAPTADA) Acerca de direito civil, assinale a opção correta.
– Considere a seguinte situação hipotética. Uma embarcação naufragou no rio Amazonas e uma 
pessoa desapareceu no acidente. Apesar das inúmeras buscas e diligências das autoridades 
encarregadas da investigação, tal pessoa não foi encontrada. Nessa situação, é lícito que a 
mencionada pessoa tenha sua morte declarada sem a exigência da prévia decretação de au-
sência.
04. (JUIZ/TJ/RR/2008/FCC) Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência,
(A) se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida.
(B) somente de alguém desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não sendo encontrado 
até 02 (dois) anos após o término da guerra.
(C) depois de dez (10) anos do desaparecimento da pessoa ou se o desaparecido contar oitenta 
(80) anos de idade e suas últimas notícias forem de mais de cinco (05) anos.
(D) depois de vinte (20) anos do desaparecimento da pessoa, sendo suas últimas notícias de mais 
de cinco (05) anos.
(E) sempre que alguém, tendo desaparecido de seu domicílio, contar cem (100) anos de idade.
05. (MP/AM/Promotor/2007 – ADAPTADA) A respeito das pessoas naturais e jurídicas, assinale a 
opção correta.
– Poderá ser declarada judicialmente a morte presumida de uma pessoa desaparecida, depois 
de esgotadas todas as possibilidades de encontrá-la. Nesse caso, a sentença que decretar a 
ausência reconhece o fim da personalidade da pessoa natural, nomeia-lhe um curador e, por 
fim, determina a abertura da sucessão definitiva.
06. (FINEP/ANALISTA/2009/CESPE) Pedro, seu filho Paulo, dez outras pessoas, o piloto e o copiloto 
viajavam de avião quando sofreram grave acidente aéreo. Após vinte dias, a equipe de res-
gate havia encontrado apenas 10 corpos, em grande parte, carbonizados, fato que dificultou a 
identificação, e encerrou as buscas. Nove corpos foram identificados e nenhum era de Pedro 
ou de Paulo. A perícia concluiu pela impossibilidade de haver sobrevivente. Considerando essa 
situação hipotética, assinale a opção correta.
(A) Essa situação configura típico caso de morte civil, que a lei considera como fato extintivo da 
pessoa natural.
(B) Trata-se de morte presumida, sem decretação de ausência.
(C) Nessa situação, deve ser declarada a ausência, somente podendo ser considerado como morto 
presumido nos casos em que a lei autoriza a abertura da sucessão definitiva.
(D) Nesse caso, não há de se falar em comoriência, por tratar-se de circunstância vedada na legis-
lação vigente.
(E) O desaparecimento de Pedro e Paulo impõe preliminarmente a nomeação de curador para 
administrar os bens dos ausentes, se houver, devendo o juiz, de ofício, declarar ambos como 
ausentes e promover, em seguida a sucessão provisória.
07. (TRE/MA/2009/CESPE – ADAPTADA) Considerando o que dispõe o Código Civil a respeito das pes-
soas naturais, das pessoas jurídicas e do domicílio, assinale:
46 
– Na sistemática do Código Civil, não se admite a declaração judicial de morte presumida sem 
decretação de ausência.
08. (TJ/SP/2009/VUNESP – ADAPTADA) Assinale a alternativa correta.
– Presume-se a morte, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura da su-
cessão provisória.
09. (Procurador do Município de Londrina/PR/2011) “Ser capaz de direitos e deveres na ordem ci-
vil, quer dizer que toda pessoa natural ou pessoa jurídica, possui direitos e obrigações perante 
a lei brasileira.” Sobre a capacidade, assinale a afirmativa correta:
(A) A personalidade civil da pessoa começa na concepção.
(B) A existência da pessoa natural termina com a morte, que é presumida quanto aos ausentes, 
quando autorizada por lei a abertura de sucessão definitiva.
(C) A menoridade cessa aos vinte e um anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática 
de todos os atos da vida civil.
(D) Os menores de dezesseis anos são relativamente incapazes a certos atos, ou à maneira de os 
exercer.
(E) A emancipação por outorga dos pais poderá ser comprovada por documento particular com 
firma reconhecida em cartório.
10. (PGE/RO- Procurador do Estado Substituto/2011). Pode ser declarada a morte presumida, sem 
decretação de ausência:
(A) quando o ausente deixar mandatário que não queira ou não possa exercer ou continuar o 
mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes.
(B) da pessoa desaparecida há mais de um ano e que não tenha deixado mandatário para repre-
sentá-la nos atos da vida civil.
(C) se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até o término 
da guerra.
(D) se a pessoa não residirno Brasil e for apresentado atestado de óbito firmado por oficial de 
nação estrangeira, ainda que não traduzido.
(E) se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida.
GAB 1 C 2 C 3 C 4 A 5 E 6 B 7 E 8 E 9 B 10 E
Art. 8º Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo ave-
riguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente 
mortos.
1. BREVES COMENTÁRIOS
Existem situações nas quais é possível a dois ou mais indivíduos falecerem na mes-
ma ocasião, não se podendo averiguar se algum precedeu aos outros, circunstância 
essencial para a definição do direito sucessório aplicável ao caso. A morte simultânea, 
também denominada comoriência, somente se torna relevante se as pessoas que fale-
ceram na mesma ocasião e por força de um mesmo evento forem reciprocamente her-
deiras umas das outras, pois nesta situação, sendo possível provar-se a precedência da 
morte de um dos comorientes, aplicam-se normalmente as regras atinentes à sucessão, 
isto é, na ausência de testamento, os bens do falecido transferem-se aos herdeiros de 
acordo com a ordem de vocação hereditária prevista no art. 1.829 do CC/02. Quando não 
é possível apurar-se quem morreu em primeiro lugar a solução do nosso sistema jurídico 
é presumir que todos morreram simultaneamente. Deste modo, não haverá transmissão 
Art. 7º e 8º TÍTULO I – DAS PESSOAS NATURAIS .
47 
 LIVRO I – DAS PESSOAS Art. 8º e 9º 
de bens entre os comorientes, ou seja, esses não participam da ordem de vocação su-
cessória dos outros.
2. QUESTÕES DE CONCURSOS
01. (JUIZ/TRT/8R/2007/1ª ETAPA – ADAPTADA) Marque a alternativa:
(B) Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum 
dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.
02. (JUIZ/TJ/SP/2009/VUNESP) Comoriência é
(A) presunção de morte simultânea de duas ou mais pessoas, na mesma ocasião, em razão do 
mesmo evento, sendo elas reciprocamente herdeiras.
(B) morte de duas ou mais pessoas, na mesma ocasião, em razão do mesmo evento, sendo elas 
reciprocamente herdeiras.
(C) morte simultânea de duas ou mais pessoas, na mesma ocasião, em razão do mesmo evento, 
independentemente da existência de vínculo sucessório entre elas.
(D) morte simultânea de duas ou mais pessoas, na mesma ocasião.
GAB 1 C 2 A
Art. 9º Serão registrados em registro público:
I – os nascimentos, casamentos e óbitos;
II – a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz;
III – a interdição por incapacidade absoluta ou relativa;
IV – a sentença declaratória de ausência e de morte presumida.
1. BREVES COMENTÁRIOS
O estudo apurado deste dispositivo deve ser feito em conjunto com o disposto na Lei 
n° 6.015/73, que trata dos Registros Públicos. Exige-se a publicidade do estado das pessoas 
visando à proteção de direitos de terceiros. É obrigatório o registro de todo nascimento 
ocorrido em território nacional, o que pode ocorrer no local do parto ou no lugar da resi-
dência dos genitores, nos prazos prescritos em lei (art. 50 da LRP), que também disciplina 
quem são as pessoas autorizadas a requerer o referido registro (art. 52 da LRP).
Atenção para as exigências que devem ser observadas para o registro, que estão 
fixadas nos arts. 54 e 55 da LRP. Em caso de natimorto ou de morte na ocasião do parto, 
também se faz necessário efetuar o registro (art. 53 da LRP). Quanto ao registro do casa-
mento, há de se observar o disposto no art. 1.536 do CC/02 e no art. 70 da LRP. O registro 
da emancipação voluntária do relativamente incapaz por seus pais dispensa a presença 
de testemunhas (art. 90 da LRP). Só após o registro é que a antecipação dos efeitos da 
maioridade civil produzirá efeitos. Com relação ao registro da ausência e da interdição, 
deve-se observar o que disciplinam os arts. 92 e 93 da LRP. Ainda em relação ao ausente, 
deve-se observar que o cartório competente para efetuar o registro da sentença declara-
tória de ausência é o do domicílio do ausente.
Interessante ainda destacar que a Lei de Registros Públicos possui disciplinamento 
para hipóteses de impossibilidade de se encontrar o cadáver de alguém por conta de 
catástrofes naturais, incêndios ou naufrágios. O procedimento de justificação do assento de 
48 
óbito está previsto no art. 88 do referido diploma legal. Anota-se também que os atos re-
lativos ao nascimento e ao óbito das pessoas naturais, dentre outras hipóteses previstas 
pela Lei 11.481/07, por se relacionarem com o exercício da cidadania são gratuitos (vide 
CF/88, inciso LXXVII).
2. INFORMATIVOS DE JURISPRUDÊNCIAS
STF/471 – ADI e Gratuidade de Certidão – 1
O Tribunal, por maioria, julgou improcedente pedido formulado em ação direta ajuizada pela 
Associação dos Notários e Registradores do Brasil – ANOREG-BR, contra os artigos 1º, 3º e 5º da 
Lei 9.534/97, que preveem a gratuidade do registro civil de nascimento, do assento de óbito, 
bem como da primeira certidão respectiva. Entendeu-se inexistir conflito da lei impugnada com 
a Constituição, a qual, em seu inciso LXXVI do art. 5º (são gratuitos para os reconhecidamente 
pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nascimento; b) a certidão de óbito), apenas esta-
belece o mínimo a ser observado pela lei, não impedindo que esta gratuidade seja estendida 
a outros cidadãos. Considerou-se, também, que os atos relativos ao nascimento e ao óbito são 
a base para o exercício da cidadania, sendo assegurada a gratuidade de todos os atos neces-
sários ao seu exercício (CF, art. 5º, LXXVII). Aduziu-se, ainda, que os oficiais exercem um serviço 
público, prestado mediante delegação, não havendo direito constitucional à percepção de 
emolumentos por todos os atos praticados, mas apenas o recebimento, de forma integral, da 
totalidade dos emolumentos que tenham sido fixados. ADI 1800/DF, rel. orig. Min. Nelson Jobim, 
rel. p/ o acórdão Min. Ricardo Lewandowski, 11.6.2007. (ADI-1800)
STJ/460 Competência. Anulação. Registro. Imóvel.
A Seção, ao conhecer do conflito positivo de competência instaurado em ação declaratória de 
nulidade de registro de imóvel ajuizada na Justiça comum estadual referente à arrematação 
promovida em execução trabalhista, declarou competente a Justiça do Trabalho por entender 
que o ato apontado como nulo ocorreu no juízo especializado, cabendo exclusivamente a ele, 
em processo próprio, a eventual desconstituição do julgado que homologou a referida arre-
matação. CC 86.065, Rel. Min. Luis Salomão, j. 13.12.2010. 2ª S.
STJ/463 Registro civil. Retificação. Profissão.
Trata-se de REsp em que se discute a possibilidade de, por meio da ação de retificação de 
registro civil, corrigir erro nos assentos de casamento da interessada referente à sua profis-
são. Inicialmente, observou o min. rel. que, entre as finalidades dos registros públicos, estão a 
preservação da eficácia, da autenticidade e a segurança dos atos jurídicos. Dessa forma, qual-
quer autorização judicial para retificar dados constantes de assentamento civil deve guardar 
conformidade com o princípio da verdade real, conferindo publicidade a situações efetivas e 
reais. Assim, entendeu que, se a pretensão da interessada é obter prova para requerimento 
de benefícios previdenciários no futuro, para tal objetivo deve valer-se de procedimento 
autônomo em via processual própria, utilizando-se, inclusive, do disposto na Súm. 242/STJ. 
Dessarte, consignou não ser possível que se permita desnaturar o instituto da retificação do 
registro civil, que, como é notório, serve para corrigir erros quanto a dados essenciais dos 
interessados, a saber, filiação, data de nascimento e naturalidade, e não quanto a circunstân-
cias absolutamente transitórias, como domicílio e profissão. (...). Ressaltou, por fim, que, se, 
de um lado, a regra contida no art. 109 da Lei 6.015/73 autoriza a retificaçãodo registro civil, 
por outro lado, ressalva que essa retificação somente será permitida na hipótese de haver 
erro em sua lavratura. Desse modo, é mister a indispensável comprovação por prova idônea 
e segura da ocorrência de erro aparente de escrita ou de motivo superveniente legítimo 
apto a embasar o pedido de retificação, o que não ocorreu no caso. REsp 1.194.378, Rel. Min. 
Massami Uyeda, j. 15.2.2011. 3ª T.
Art. 9º TÍTULO I – DAS PESSOAS NATURAIS .
49 
 LIVRO I – DAS PESSOAS Art. 9º e 10
STJ/482 Registro público. Retificação. Erro de grafia. Obtenção. Cidadania italiana.
Trata-se de REsp em que a discussão cinge-se à apuração da necessidade da presença de 
todos os integrantes da família em juízo, para que se proceda à retificação do patronímico por 
erro de grafia. (...). A Turma entendeu que o justo motivo revela-se presente na necessidade 
de suprimento de incorreções na grafia do patronímico para a obtenção da cidadania italiana, 
sendo certo que o direito à dupla cidadania pelo “jus sanguinis” tem sede constitucional. A 
regra da inalterabilidade relativa do nome civil preconiza que o nome (prenome e sobrenome) 
estabelecido por ocasião do nascimento reveste-se de definitividade, admitindo-se sua modi-
ficação, excepcionalmente, nas hipóteses previstas em lei ou reconhecidas como excepcionais 
por decisão judicial, exigindo-se, para tanto, justo motivo e ausência de prejuízo a terceiros. 
(...). REsp 1.138.103, Rel. Min. Luis Salomão, j. 6.9.2011. 4ª T. (Info 482)
3. QUESTÕES DE CONCURSOS
01. (Câmara Municipal Patos de Minas/MG – Advogado/2011) Serão registrados em registro público, 
EXCETO:
(A) A emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz.
(B) Os atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação.
(C) Os nascimentos, casamentos e óbitos.
(D) A sentença declaratória de ausência e de morte presumida.
GAB 1 B
Art. 10. Far-se-á averbação em registro público:
I – das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a 
separação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal;
II – dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação;
1. BREVES COMENTÁRIOS
Cuidado neste dispositivo para não confundir os conceitos de averbação e de anota-
ção. Se o objetivo é alterar registro existente, apontando qual fato jurídico o modifica ou 
até mesmo cancela, utiliza-se a averbação. A anotação pode ser definida como as remis-
sões feitas nos livros de registro tendo por finalidade recordar, facilitar a busca, vincular 
diversos livros. Atenção para a precisão dos conceitos: a anotação, ao contrário do que 
ocorre com a averbação, não atinge o direito das partes. Sobre o tema, ver o art. 29 da 
LRP. Em relação aos incisos do dispositivo em análise, recomenda-se um estudo aprofun-
dado dos arts. 97, 100, 102 e 167 da LRP.
2. ENUNCIADOS DAS JORNADAS
ÊÊ Enunciado 272 – Art. 10. Não é admitida em nosso ordenamento jurídico a adoção por ato 
extrajudicial, sendo indispensável a atuação jurisdicional, inclusive para a adoção de maiores 
de dezoito anos.
ÊÊ Enunciado 273 – Art. 10. Tanto na adoção bilateral quanto na unilateral, quando não se preser-
va o vínculo com qualquer dos genitores originários, deverá ser averbado o cancelamento do 
registro originário de nascimento do adotado, lavrando-se novo registro. Sendo unilateral a 
adoção, e sempre que se preserve o vínculo originário com um dos genitores, deverá ser aver-
bada a substituição do nome do pai ou da mãe natural pelo nome do pai ou da mãe adotivos.
50 
` CAPÍTULO II – DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são 
intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.
1. BREVES COMENTÁRIOS
São direitos da personalidade os direitos subjetivos reconhecidos a pessoa para a 
garantia de sua dignidade, vale dizer, para a tutela dos seus aspectos físicos, psíquicos e 
intelectuais, dentre outros não mensuráveis economicamente, porque dizem respeito à 
própria condição de pessoa, ou seja, ao que lhe é significativamente mais íntimo.
Representam o conjunto de garantias destinadas à preservação dos modos de ser do 
indivíduo, e suas características podem ser assim sintetizadas: (a) são absolutos, ou seja, 
oponíveis erga omnes, impondo à coletividade o dever de respeitá-los; (b) são extrapa-
trimoniais, uma vez que seu conteúdo patrimonial não é suscetível de aferição objetiva; 
(c) são indisponíveis, ou seja, não permitem abandono por vontade do seu titular (irre-
nunciáveis), tampouco sua cessão, seja gratuita ou onerosa, em benefício de terceiro ou 
da coletividade, razão pela qual podem ser reconhecidos por sua intransmissibilidade e 
impenhorabilidade; (d) são imprescritíveis, uma vez que não se extinguem pelo não uso, 
nem pela inércia na pretensão de defendê-los; (e) são vitalícios, já que acompanham a 
pessoa desde seu nascimento até sua morte e não podem ser retirados da pessoa. O 
rol dos direitos da personalidade apresentado no CC/02 é meramente exemplificativo, ou 
seja, não se limita aos expressamente mencionados.
Vale destacar que o Enunciado n° 274 das Jornadas de Direito Civil organizadas pelo 
Conselho da Justiça Federal (CJF) dispõe que tais direitos são “expressões da cláusula geral 
de tutela da pessoa humana, contida no art. 1°, III, da Constituição (princípio da dignidade 
da pessoa humana)”, o que justifica sua regulamentação não exaustiva pelo Código Civil 
vigente e a necessidade de ponderá-los em caso de colisão entre eles, uma vez que 
nenhum pode sobrelevar os demais, devendo o intérprete assegurar-lhes coexistência, 
mediante preenchimento de seu conteúdo no caso concreto.
Apesar da indisponibilidade que lhes é característica, a doutrina vem admitindo que 
o exercício dos direitos da personalidade possa sofrer limitação voluntária, ainda que não 
especificamente prevista em lei, desde que tal limitação não seja permanente nem geral, 
e não contrarie a boa-fé objetiva e os bons costumes, hipótese em que restaria configu-
rado o abuso de direito de seu titular.
Do mesmo modo, excepcionalmente, admite-se a cessão gratuita de partes do corpo 
e a cessão patrimonial de direitos autorais, conforme previsto nos arts. 28 a 30 da Lei 
9.610/98.
Acrescente-se ainda que a não sujeição dos direitos da personalidade aos prazos 
prescricionais (imprescritibilidade) também não é absoluta, quando se estiver diante de 
meros efeitos patrimoniais reflexos.
2. ENUNCIADOS DAS JORNADAS
ÊÊ Enunciado 4º – Art. 11: o exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntá-
ria, desde que não seja permanente nem geral.
Art. 11 TÍTULO I – DAS PESSOAS NATURAIS .
51 
 LIVRO I – DAS PESSOAS Art. 11
ÊÊ Enunciado 139 – Art. 11: Os direitos da personalidade podem sofrer limitações, ainda que não 
especificamente previstas em lei, não podendo ser exercidos com abuso de direito de seu 
titular, contrariamente à boa-fé objetiva e aos bons costumes.
ÊÊ Enunciado 274 – Art. 11. Os direitos da personalidade, regulados de maneira não exaustiva pelo 
Código Civil, são expressões da cláusula geral de tutela da pessoa humana, contida no art. 1º, 
III, da Constituição (princípio da dignidade da pessoa humana). Em caso de colisão entre eles, 
como nenhum pode sobrelevar os demais, deve-se aplicar a técnica da ponderação.
3. INFORMATIVOS DE JURISPRUDÊNCIAS
STF/450 – Quebra de Sigilo Bancário e Direito à Intimidade
O Tribunal, por maioria, deu parcial provimento a agravo regimental interposto contra decisão 
do Min. Joaquim Barbosa, relator, proferida nos autos de inquérito instaurado para apurar a 
suposta prática dos crimes de quadrilha, peculato, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, 
corrupção ativa e passiva e evasão de divisas, pela qual deferira a

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