Buscar

CP-TGE-2013 - Resumo 11 (Conceito de Estado)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

FACULDADE DE DIREITO DE SOROCABA – FADI 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado – 2013 
Professor Jorge Marum 
Resumo 11 – Conceito de Estado
"Tudo o que pode ser em geral pensado pode ser pensado claramente. Tudo o que se pode enunciar pode-se enunciar claramente" (L. Wittgenstein)
Introdução. Afinal, o quê é o Estado? Após estudar os elementos essenciais do Estado e a sua natureza jurídica, podemos chegar a um conceito ou definição de Estado. Definir significa limitar a extensão de um termo, para identificá-lo e torná-lo distinto de outros termos. Conceituar é dizer, por meio de outras palavras, o quê é uma coisa ou o quê uma palavra significa. 
A multiplicidade de conceitos. Há tantos conceitos diferentes de Estado que há cerca de 100 anos o francês Bastiat, em tom de brincadeira, instituiu um prêmio de 50 mil francos para uma definição perfeita. O cientista político norte-americano David Easton, por sua vez, encontrou 145 definições diferentes e acabou desistindo de conceituar Estado, passando a tratar de “sistema político”. Não obstante essa dificuldade, tentaremos chegar a uma definição satisfatória de Estado.
 
Estado não é nação. Primeiramente, é necessário afastar um equívoco recorrente na linguagem comum e até mesmo entre alguns especialistas no tema. Trata-se da definição de Estado como “nação politicamente organizada”, que consta até mesmo de alguns dicionários. Como já foi visto em capítulos anteriores, Estado não se confunde nação e não depende dela para existir. Há nações sem Estado (judeus antes de 1948, curdos, tibetanos etc.), Estados sem nação (Vaticano, Brasil em 1822) e Estados com mais de uma nação (antiga URSS, ex-Iugoslávia, etc.). Até mesmo algumas comunidades indígenas são às vezes chamadas de “nações”. Portanto, não se pode começar a definição de Estado por algo que ele não é (nação). 
Além disso, o Estado não é “politicamente organizado”, e sim organizado pelo Direito para o exercício da Política. 
Regras da definição. O professor Edmundo Dantès Nascimento, baseado na lógica de Aristóteles, ensina que uma definição deve obedecer às seguintes regras: 
a definição deve ser conversível ao definido (ex.: “ser humano é o animal racional” – “animal racional é o ser humano”) 
a definição deve ser mais clara do que o definido 
a definição não deve conter o definido (ex.: “impedimento é o ato de impedir” = vício da petição de princípio) 
a definição deve ser positiva (a coisa deve ser definida pelo que ela é, e não pelo que ela não é: “branco é o que não é preto”) 
a definição deve ser breve (mas entre a brevidade e a clareza, deve-se preferir a clareza)
Exemplo. Diz o art. 213 do Código de Processo Civil: “citação é o ato pelo qual se chama a juízo o réu ou interessado a fim de se defender”.
Os diversos pontos de vista. Segundo Paulo Bonavides, o Estado pode ser definido segundo diversos pontos de vista: o filosófico, o jurídico e o sociológico (também chamado por Dallari de político). 
Ponto de vista filosófico. Filosoficamente, muitos autores pensaram sobre a essência do Estado. Para Aristóteles, por exemplo, o Estado é uma forma de convivência perfeita que está na natureza do ser humano e que este busca a fim de obter a eudaimonia (felicidade completa). Modernamente, teve grande influência o pensamento de Hegel, para quem o Estado é a síntese da contradição dialética entre a família (tese) e a sociedade (antítese). 
Hegel. Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831) foi um filósofo alemão que exerceu enorme influência na filosofia e na Política. Sua linha filosófica era o idealismo, ou seja, assim como Platão e ao contrário dos materialistas, Hegel parte do pressuposto de que as coisas são antes idealizadas para depois ganharem materialidade e que o mundo material é um reflexo do mundo ideal ou espiritual. Seu sistema filosófico baseava-se na dialética, segundo a qual tudo (o mundo, a história etc.) se desenvolve a partir de fatos ou conceitos que se contrapõem (tese e antítese) e formam uma síntese, que os une e supera. A uma tese sempre será oposta uma antítese, e do confronto entre elas surgirá a síntese. Esta, porém, é uma nova tese, a que será oposta uma antítese e assim por diante, até que se chegue ao absoluto.
 Hegel
Segundo Hegel, ao longo da história as civilizações expressam o espírito de seu tempo (zeitgeist), mas ao mesmo tempo produzem as contradições que vão levar à sua superação por outra cultura, de modo que o progresso é constante. Assim, o Estado grego seria uma comunidade moral de indivíduos, como uma grande família. Essa comunidade foi confrontada pelo individualismo dos romanos e do cristianismo e da sociedade individualista surgida com o contratualismo. Desse embate surgiu o Estado moderno de tipo prussiano (monarquia constitucional), em que Hegel vivia e que ele via como o ápice da história. Esse Estado seria uma síntese que engloba e supera a união moral, baseada em relações afetivas, como é a família (espírito subjetivo), e a união de indivíduos que buscam seus próprios interesses, como é a sociedade civil (espírito objetivo). Para Hegel, somente nesse Estado é que as pessoas seriam realmente livres, autoconscientes e realizadas (espírito absoluto). 
Hegel influenciou muitos pensadores importantes, como, por exemplo, Marx. Este, porém, inverteu a dialética hegeliana, afirmando que as condições materiais é que criam as idéias (materialismo dialético). Seu culto ao Estado também influenciou nazi-fascismo. Assim, embora essa não fosse sua intenção, Hegel é considerado inspirador dos totalitarismos de esquerda e de direita que surgiriam no século XX. 
Ponto de vista jurídico. A partir da segunda metade do século XIX, os pensadores passaram a dar ênfase ao aspecto jurídico do Estado, vendo-o como uma ordenação de pessoas num determinado território. O ápice dessa linha de pensamento é representado por Kelsen, que pensava o Estado sob o ponto de vista estritamente jurídico. Para ele, Estado e ordem jurídica são a mesma coisa. Assim, ele definia Estado simplesmente como a “ordem coativa normativa da conduta humana”. O povo e o território seriam apenas o âmbito pessoal e geográfico de incidência dessa ordem jurídica. 
Ponto de vista sociológico. A Sociologia examina os fatos como eles ocorrem na realidade, embora essa análise nem sempre seja neutra. Marx, por exemplo, via o Estado como um instrumento da burguesia para a exploração do proletariado. Já Duguit, numa análise mais neutra, via o Estado como força material irresistível, embora regulada e limitada pelo Direito. Quem, porém, melhor analisou o Estado sob esse ponto de vista foi Max Weber, para quem Estado é a “comunidade humana que, dentro de um determinado território, reivindica para si, de maneira bem sucedida, o monopólio da violência física legítima”. 
Definições sintéticas. As melhores definições são aqueles que sintetizam os diversos pontos de vista e incluem os elementos considerados essenciais do Estado. Por exemplo: 
“Corporação de um povo, assentada num determinado território e dotada de um poder originário de mando” (Jellinek)
“Pessoa jurídica soberana constituída de um povo organizado, sobre um território, sob o comando de um poder supremo, para fins de defesa, ordem, bem-estar e progresso social” (Groppalli)
 “Ordem jurídica soberana que tem por fim o bem comum de um povo situado em determinado território” (Dallari)
“Pessoa jurídica soberana, composta de um povo e de um território, que tem por fim o bem comum” 
Para discussão. 
Tente formular um conceito sintético de Estado. 
Na sua opinião, o Estado Moderno contemplado por Hegel é de fato o ápice da evolução das instituições sociais, políticas e jurídicas, ou essa evolução teve ou terá continuidade? 
 
Leitura essencial: 
DALLARI, Dalmo. Elementos de Teoria Geral do Estado, Capítulo II, itens 57 a 59.
Leituras complementares: 
BONAVIDES, Paulo. Ciência Política, Cap. 3, item 6. 
NASCIMENTO, Edmundo Dantès. Lógica aplicada àadvocacia, Cap. V. 
WEFFORT, Francisco (org.). “Hegel: o Estado e a realização da liberdade”, por Gildo Marçal Brandão, in: Os clássicos da política, vol. 2.

Continue navegando