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LIVRO INOVAÇAO TECNOLOGICA

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Inovação Tecnológica | 1
~
INOVAÇAO TECNOLOGICA (NOVO).indd 1INOVAÇAO TECNOLOGICA (NOVO).indd 1 23/8/2011 10:59:4023/8/2011 10:59:40
Universidade do Estado do Pará
Marília Brasil Xavier
Maria das Graças da Silva
Jofre Jacob da Silva Freitas
Ruy Guilherme Castro de Almeida
Mariane Cordeiro Alves Franco
Manoel Maximiano Junior
Editora da Universidade do Estado do Pará
Josebel Akel Fares
Nilson Bezerra Neto
Marco Antonio da Costa Camelo
Jessiléia Guimarães Eiró
Hudson Maik Campos da Silva
Flávio Cardoso de Araújo
Odivaldo Teixeira Lopes
Willame de Oliveira Ribeiro
Bruna Toscano Gibson
Elizabeth Teixeira
Hebe Morganne Campos Ribeiro
Ivanilde Apoluceno de Oliveira
Jofre Jacob da Silva Freitas 
Joelma Cristi na Parente Monteiro Alencar
Josebel Akel Fares
Maria das Graças da Silva
Marília Brasil Xavier
Norma Ely Santos Beltrão
Tânia Regina Lobato dos Santos
Reitora
Vice-Reitora
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação
Pró-Reitor de Graduação
Pró-Reitora de Extensão
Pró-Reitor de Gestão
Coordenadora
Revisor
Designer Gráfi co
Diagramador
Apoio Técnico
Conselho Editorial
INOVAÇAO TECNOLOGICA (NOVO).indd 2INOVAÇAO TECNOLOGICA (NOVO).indd 2 23/8/2011 10:59:4623/8/2011 10:59:46
Inovação Tecnológica | 3
~
Ana Irene Alves de Oliveira
 Rafael Luiz Morais da Silva
 Danielle Alves Zaparoli
Organizadores
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Diretoria de Biblioteca Central da UEPA
-------------------------------------------------------------------------------
Inovação tecnológica e inclusão social / Ana Irene Alves de Oliveira, 
 Rafael Luiz Morais da Silva, Danielle Alves Zaparoli, (Orgs.).
 - Belém : EDUEPA, 2011.
 178 p. : il.
 
 Inclui bibliografi as
 
 ISBN : 978-85-88375-73-4
 
 1. Educação especial. 2. Educação inclusiva. 3. Defi cientes-Orientação e
mobilidade. 4. Estruturas de acesso. 5. Edifícios públicos com acesso livre aos
defi cientes. I. Oliveira, Ana Irene Alves de; Luiz Morais da Silva, Rafael; Alves 
Zaparoli, Danielle (Orgs.).
 
 CDD 22ed. 371.9 
--------------------------------------------------------------------------------------------------
INOVAÇAO TECNOLOGICA (NOVO).indd 4INOVAÇAO TECNOLOGICA (NOVO).indd 4 23/8/2011 10:59:4623/8/2011 10:59:46
Apresentação
É com imensa satisfação que apresentamos este livro que representa a con-
solidação de estudos realizados por pesquisadores, profi ssionais e acadêmicos 
em busca de novas tecnologias que possam favorecer o processo de inclusão 
social das pessoas que apresentam algum tipo de defi ciência. 
O entendimento comum de que as inovações tecnológicas facilitam e me-
lhoram a vida em sociedade é fato, mas nem todos conseguem usufruir desses 
avanços, por isso o enfoque maior deste livro está voltado às tecnologias econo-
micamente acessíveis.
Compreendemos a Tecnologia Assistiva como experiências, protótipos, 
produtos, recursos, metodologias, instrumentos, estratégias, práticas e serviços 
que objetivam promover desempenhos mais efi cientes no processo de ensino 
aprendizagem, na funcionalidade, relacionada à atividade e participação de 
pessoas com defi ciência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando apren-
dizagem, autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social que 
possam ser reaplicáveis para a comunidade, e representem soluções de transfor-
mação social.
O livro contém vinte capítulos que abordam aspectos relacionados a pro-
dutos, estratégias, metodologias e experiências que possuem aplicabilidade para 
pessoas com defi ciência, e se articulam com a acessibilidade, comunicação e 
funcionalidade. 
Em cada capítulo o leitor poderá encontrar pesquisas, relatos de experiên-
cias, propostas de inclusão social e melhoria da qualidade de vida das pessoas com 
defi ciências, motoras, auditivas, intelectuais, visuais, psicossociais e múltiplas. 
Em síntese, o livro registra as contribuições de parte da produção científi ca 
apresentada no III Fórum de Tecnologia Assistiva e Inclusão Social da Pessoa 
Defi ciente e, assim, socializa os trabalhos apresentados por diversos atores re-
gionais e nacionais que se interessam pela Inovação tecnológica e a Inclusão 
social, visando contribuir para a melhoria da qualidade de vida dessas pessoas. 
Ana Irene Alves de Oliveira
Danielle Alves Zaparoli
Juliana Maciel de Queiroz Lourenço
Rafael Luiz Morais da Silva
INOVAÇAO TECNOLOGICA (NOVO).indd 5INOVAÇAO TECNOLOGICA (NOVO).indd 5 23/8/2011 10:59:4623/8/2011 10:59:46
INOVAÇAO TECNOLOGICA (NOVO).indd 6INOVAÇAO TECNOLOGICA (NOVO).indd 6 23/8/2011 10:59:4623/8/2011 10:59:46
Prefácio
A educação inclusiva é uma das temáticas constantes nas discussões educa-
cionais na última década. Além das mudanças de concepção e metodológicas, 
os profi ssionais da saúde e da educação que trabalham nessa área precisam estar 
atentos para as inovações tecnológicas que propiciam melhoria de vida, acessi-
bilidade e desenvolvimento das potencialidades das pessoas com defi ciências ou 
com necessidades especiais como os idosos.
O livro Inovação Tecnológicas e Educação Inclusiva é uma grande contribui-
ção tanto para a formação inicial como para a formação continuada em serviço 
de profi ssionais que precisam lidar com a diversidade.
A interdisciplinaridade perceptível em vários dos trabalhos que compõem 
esta obra é articulada pela Drª Ana Irene Alves Oliveira, que catalisa no NEDE-
TA a participação e as parcerias de profi ssionais de diferentes áreas e as contri-
buições de pesquisadores de várias instituições de ensino públicas e particulares 
de todas as regiões do país. 
A produção apresentada, rica e diversifi cada, traz a convergência de profi s-
sionais arquitetos, fi sioterapeutas, terapeutas ocupacionais, bibliotecários, pe-
dagogos, professores universitários, biólogos, analistas de sistema, psicólogos, 
engenheiros, designers gráfi cos que estudam e buscam soluções a partir de dife-
rentes perspectivas com objetivos comuns.
Dezenove textos compõem a obra e versam sobre acessibilidade e utiliza-
ção de artefatos tecnológicos – como acionadores, teclados virtuais, soft ware, 
material pedagógico virtual, hiperlivro, jogos eletrônicos, formação de fi siote-
rapeutas –, oferecendo rico material para refl exão, para capacitação e desenvol-
vimento de habilidades operacionais e sociais.
Alguns desses textos resultam das pesquisas e aplicações práticas de estu-
diosos e profi ssionais do Núcleo de Desenvolvimento em Tecnologia Assistiva 
e Acessibilidade – NEDETA – da Universidade do Estado do Pará, que articula 
a pesquisa científi ca com a prática profi ssional de terapeutas ocupacionais, fi sio-
terapeuta e engenheiro da computação.
Outros textos, também apresentam as refl exões de alunos e alunas de ini-
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ciação científi ca resultantes dos diálogos com sua orientadora, e fruto de en-
tusiasmo, dedicação e responsabilidade científi ca ou de professores com seus 
alunos das disciplinas do curso de Terapia Ocupacional. Essa colaboração entre 
professores e alunos prepara a formação de profi ssionais com competências para 
o estudo permanente ao longo de sua vida profi ssional. Permite, ainda, buscar 
novas soluções e novos artefatos tecnológicos assistivos para a cura ou melhoria 
de vida das pessoas atendidas por esses profi ssionais.
A leitura deste livro traz,ao leitor de diferentes áreas, a compreensão de 
que a inclusão não é exclusividade da saúde ou da educação. À medida que se 
conhecem as diferentes facetas da utilização das tecnologias assistivas e que se 
identifi cam os benefícios e as possibilidades de superação, crescimento, valori-
zação e expressão, as oportunidades para que as pessoas com limitações físicas 
e mentais se tornem autônomas e desenvolvam suas potencialidades também 
crescem. As experiências com adaptações, órteses e próteses, em especial para 
a Paralisia Cerebral, trazem novo alento às famílias, à escola e à sociedade em 
geral. Da mesma forma, propiciam qualidade de vida às pessoas que utilizam 
esses artefatos tecnológicos para minimizar seus limites e maximizar suas po-
tencialidades. 
Dentre esses artefatos, as cadeiras desenvolvidas pela parceria do NEDE-
TA com o LABTA, além de promover a inclusão, oferece às famílias de menor 
poder aquisitivo a oportunidade de ter esse meio de locomoção para pessoas 
com sérias limitações de mobilidade. Teclados, cartelas, de comunicação, sof-
tware de comunicação aumentativa oferecem a possibilidade de projetos con-
juntos, para desenvolver aplicações específi cas a cada defi ciência. 
A Comunicação Alternativa, conforme apresentada pelos autores, pesqui-
sadores da UEPA e da UFPA, permite aos defi cientes romperem o isolamento e 
o silêncio, oferecendo oportunidades de convivência e expressão de suas experi-
ências pessoais e grupais. A pesquisa e a prática na área de Comunicação Alter-
nativa Aumentada é uma das prioridades do NEDETA (UEPA), que mantém 
interlocução com pesquisadores de outras instituições no Brasil e no exterior. 
Um dos objetivos é propiciar, à pessoa defi ciente, oportunidades de se comuni-
car e desenvolver suas habilidades de modo a garantir um desempenho social 
e profi ssional que lhe traga satisfação. Os teclados e pranchas são alguns dos 
INOVAÇAO TECNOLOGICA (NOVO).indd 8INOVAÇAO TECNOLOGICA (NOVO).indd 8 23/8/2011 10:59:4623/8/2011 10:59:46
artefatos tecnológicos que ampliam a capacidade de crianças, jovens e adultos 
com paralisia cerebral. Este tema é tratado em alguns textos, contribuindo para 
o desenvolvimento profi ssional de profi ssionais da saúde e da educação que in-
teragem com as pessoas com defi ciência. 
Além das temáticas já apresentadas, a coletânea traz textos sobre a utiliza-
ção de jogos cooperativos no processo de inclusão, com ênfase em “jogar uns 
com os outros” ao invés de se jogar contra o outro, exercitando a responsabilida-
de social. Outra abordagem dos jogos eletrônicos é feita em relação ao seu em-
prego como tecnologia de apoio à reabilitação de pessoas com paralisia cerebral, 
aliando a ludicidade ao período de reabilitação. 
Do Instituto Federal de Mato Grosso, pesquisadores do Grupo de Pesqui-
sa “Viver Diferente, mas não desigual”, contribuem com suas descobertas sobre 
a preparação de materiais didático-pedagógicos digitais, construindo possibi-
lidades, no mundo virtual, para os estudantes com necessidades educacionais 
especiais. Partem da premissa que na atualidade a escola precisa conhecer seus 
alunos e se adaptar para que tenham acessibilidade tanto aos espaços físicos e 
virtuais quanto às informações e orientações para reelaborar e/ou construir co-
nhecimento. 
 Na mesma linha, pesquisadores ligados ao Curso de Letras LIBRAS da 
UFSC apresentam para a comunidade o projeto de construção de uma biblio-
teca virtual que atenda os estudantes com necessidades educacionais especiais 
nos institutos federais e outras instituições de ensino.
Do Programa de Pós-Graduação em Design da UFRGS, há o relato da 
contribuição da pesquisa para a instalação de recursos de tecnologia assistiva em 
salas de aula da rede pública para crianças com defi ciência motora, com suges-
tões personalizadas, mudando-se a concepção assistencialista para a concepção 
de emancipação do ser humano.
Do Laboratório de Análise Funcional e Ajudas Técnicas – LAFATec – da 
UFSCar, há a refl exão sobre a parceria da universidade com a rede de saúde, 
contribuindo para o desenvolvimento de autonomia e participação social das 
pessoas com necessidades especiais. Os estudantes descobrem como podem aju-
dar as populações mais carentes, possibilitando o uso de tecnologias assistivas 
de baixo custo.
INOVAÇAO TECNOLOGICA (NOVO).indd 9INOVAÇAO TECNOLOGICA (NOVO).indd 9 23/8/2011 10:59:4623/8/2011 10:59:46
Esta é uma obra recomendada para ser lida e discutida tanto nos cursos de 
Terapia Ocupacional quanto nos cursos de Licenciatura, inclusive Pedagogia, e 
nos cursos que comportem a discussão da inclusão, como as Engenharias, Ar-
quitetura e Design, bem como na área da saúde. Em todas as áreas referidas os 
resultados dessas pesquisas têm o potencial transformador da prática inclusiva 
de profi ssionais formadores de profi ssionais.
Iolanda Bueno de Camargo Cortelazzo
Agosto de 2011
.
INOVAÇAO TECNOLOGICA (NOVO).indd 10INOVAÇAO TECNOLOGICA (NOVO).indd 10 23/8/2011 10:59:4623/8/2011 10:59:46
Sumário
A contribuição do componente elástico no uso de Acionadores 
de Tração para crianças com Paralisia Cerebral atendidas no 
NEDETA
13
A Tecnologia Assistiva e sua importância na formação de futuros 
Terapeutas Ocupacionais
21
Acessibilidade em edifícios públicos: vistorias técnicas 29
Acionador de preensão de baixo custo: um facilitador para o 
acesso da criança com Paralisia Cerebral ao computador - relato de 
um caso
39
Ajudas técnicas e apoio humano: a experiência do Laboratório de 
Acessibilidade da Biblioteca Central Cesar Lattes (UNICAMP)
47
Aprendendo a escrever: as contribuições do teclado virtual do 
Software Desenvolve para uma criança com Paralisia Cerebral
55
Cadeira de baixo custo com sistema TILT: uma proposta para 
manutenção da postura sentada de crianças com Paralisia Cerebral
63
Comunicação alternativa como facilitadora da comunicação de um 
adolescente com Paralisia Cerebral
71
Comunicação Alternativa: a importância das pranchas de 
comunicação para qualidade de vida da criança com Paralisia 
Cerebral
77
Jogos Cooperativos Inclusivos: educação e responsabilidade social 85
Jogos Eletrônicos: uma proposta de adaptação para adolescentes 
com paralisia cerebral.
93
Material Pedagógico Virtual Inclusivo 101
Novas tecnologias no ensino de crianças com paralisia cerebral 109
Hiperlivro para o Curso Letras LIBRAS - UFSC 119
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O uso do software Desenvolve adaptado na avaliação cognitiva de 
uma criança com Síndrome de Down (SD)
127
Terminal de Apoio via Navegação Interativa para prover 
Acessibilidade (TANIA)
133
Tecnologia Assistiva de baixo custo para pessoas com defi ciências 
no território: ampliando a independência e as possibilidades de 
participação social
141
Terapeuta Ocupacional como facilitador no processo de inclusão 
escolar utilizando Tecnologias Assistivas
151
Processo de Avaliação para a Escolha de Recursos de Tecnologia 
Assistiva para Comunicação e Acesso ao Computador
161
Análise do comportamento e surdez: revisitando estudos 
experimentais 171
INOVAÇAO TECNOLOGICA (NOVO).indd 12INOVAÇAO TECNOLOGICA (NOVO).indd 12 23/8/2011 10:59:4723/8/2011 10:59:47
A contribuição do componente elástico 
no uso de Acionadores de Tração 
para crianças com Paralisia Cerebral 
atendidas no NEDETA
Ana Irene Alves de Oliveira1, Amanda de Aquino Peixoto2, 
Larissa Santos Prazeres2, Leyde Janne Azevedo Cruz2, 
Marcilene Alves Pinheiro3, Rafael Luiz Morais da Silva 4
Introdução
O Núcleo de Desenvolvimento em Tecnologia Assistiva e Acessibilidade 
(NEDETA) foi criado em 2005 como um projeto sob a coordenação de Ana 
Irene Oliveira, professora da Universidadedo Estado do Pará (UEPA). O Nú-
cleo tem por objetivo estudar e implementar, através da avaliação e pesquisa, 
novos dispositivos de ajudas técnicas, substituindo a tecnologia importada por 
tecnologia brasileira e regionalizada, visando a melhoria no processo de (re)ha-
bilitação global, contribuindo para a mobilidade, comunicação e a acessibilida-
de de pessoas que apresentam defi ciências física, sensorial e mental, utilizando 
recursos de baixo custo [1].
O NEDETA possui uma equipe composta por Terapeutas Ocupacionais, 
estagiários (acadêmicos da graduação em Terapia Ocupacional) e recebe supor-
te de profi ssionais de outras áreas (Fisioterapeuta e Engenheiro da Computa-
ção). Tal Núcleo atende, prioritariamente, crianças com Paralisia Cerebral e visa 
à pesquisa e ao desenvolvimento de tecnologias que minimizem ou eliminem 
as limitações das defi ciências física, sensorial e /ou mental, contribuindo para a 
inclusão social destas crianças [1].
1 Terapeuta Ocupacional, doutora em Teoria e Análise Comportamental (UFPA), docente da UEPA e coorde-
nadora do NEDETA.
2 Acadêmica do 3º ano do curso de graduação em Terapia Ocupacional da UEPA e estagiária do NEDETA.
3 Acadêmica do 5º ano do curso de graduação em Terapia Ocupacional da UEPA e estagiária do NEDETA.
4 Terapeuta Ocupacional da UEPA, especialista em Desenvolvimento Infantil pela UEPA, Mestre 
em Teoria e Pesquisa do Comportamento (UFPA), docente da UEPA.
INOVAÇAO TECNOLOGICA (NOVO).indd 13INOVAÇAO TECNOLOGICA (NOVO).indd 13 23/8/2011 10:59:4723/8/2011 10:59:47
Tecnologia Assistiva e recursos de acessibilidade ao computador
A Tecnologia Assistiva (TA) é uma área de conhecimento que tem se pre-
ocupado em desenvolver pesquisas e equipamentos que favoreçam o aumento, 
a manutenção e a melhora das habilidades funcionais do indivíduo [2]. Quanto 
às suas categorias, dividem-se em Auxílio para a Vida Diária e Vida Prática, Co-
municação Alternativa, Recursos de Acessibilidade ao Computador, Sistema de 
Controle de Ambiente, Projetos Arquitetônicos para Acessibilidade, Órteses e 
Próteses, Adequação Postural, Auxílio de Mobilidade, Adaptações em Veículos 
e Auxílio para Defi cientes Visuais e Auditivos [3]. 
Os recursos de acessibilidade ao computador abrangem um conjunto de 
hardware e soft ware, no sentido de idealizar o uso do computador por pessoas 
com privações sensoriais e motoras. São exemplos de equipamentos de entra-
das: os teclados modifi cados, os teclados virtuais com varredura, mouses espe-
ciais e acionadores diversos, soft wares por reconhecimento de voz, ponteiras de 
cabeças por luz, entre outros [3].
Os acionadores, acoplados ao mouse adaptado, podem ser operados por 
meio de sopros, gemidos ou qualquer outro movimento do corpo ou segmento 
corporal para substituírem a função do clique. Eles são chaves colocadas em qual-
quer parte do corpo na qual o usuário possua algum controle ativo de movimento. 
Os acionadores podem ser ativados com pressão (tocar a mão, o pé, a ca-
beça), tração (fl exão do braço), sopro, piscar, etc. Os acionadores podem ser 
selecionados e posicionados conforme as habilidades específi cas de movimento 
das pessoas com defi ciência [4]. 
Figura 1- Mouse Adaptado.
14 | e INCLUSAO SOCIAL
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Inovação Tecnológica | 15
Figura 2- Mouse especial RCT. 
 
Figura 3- Acionador de tash.
Figura 4- Acionador de tração comum.
 
Os acionadores de tração disponíveis funcionam através de um cadarço 
que é puxado pelo usuário para produzir o contato elétrico. O usuário pode 
amarrá-lo ao dedo, ao pé, ao punho ou onde for indicado. Com uma pequena 
força (menos de 30 g) é possível ligar / desligar o que estiver conectado a ele [5].
INOVAÇAO TECNOLOGICA (NOVO).indd 15INOVAÇAO TECNOLOGICA (NOVO).indd 15 23/8/2011 10:59:4723/8/2011 10:59:47
16 | e INCLUSAO SOCIAL
Controlar o computador, por meio de sopros ou mesmo por movimento 
voluntário de apenas um músculo, já é uma oportunidade real para essas pesso-
as, e uma possibilidade frequentemente bem mais acessível e barata do que se 
imagina. As pesquisas, embora ainda raras nessa área, têm surpreendido a cada 
dia com novas descobertas, novos dispositivos, novos programas de soft ware 
que abrem amplos horizontes para essas pessoas com defi ciência [6]. 
Neste sentido, o NEDETA vem desenvolvendo procedimentos e técnicas 
alternativas que utilizam materiais de baixo custo na confecção dos dispositivos 
de Tecnologia Assistiva, sejam eles órteses, adaptações, acionadores ou mobiliá-
rio, favorecendo seu acesso à população de baixa renda.
Crianças com Paralisia Cerebral apresentam menor profi ciência de mo-
vimento, com claras difi culdades no seu controle motor, pois ela se caracteriza 
por um distúrbio motor não progressivo que inclui alterações do tônus, postura 
e movimento, sendo frequentemente mutável e secundário à lesão do cérebro 
imaturo [7]. 
A classifi cação da Paralisia Cerebral deve ser feita por tipo clínico e pela 
distribuição da lesão no corpo que pode ser: a Hemiparesia, a Quadriparesia e 
a Diplegia. 
Quanto ao tipo clínico, descreve-se pelo tipo de alteração de movimento 
que a criança apresenta. Os tipos mais comuns são o Espástico, que é caracte-
rizada pela Hipertonia Muscular resultante de lesões no córtex ou nas vias daí 
provenientes; a Extrapiramidal, também conhecida como Coreicoatetoide, ca-
racterizada por movimentos involuntários e variações na tonicidade muscular; 
o Atáxico, caracterizado pela diminuição da atividade muscular, incoordenação 
e equilíbrio defi ciente dos movimentos devido a lesões no cerebelo, e podem se 
apresentar de forma mista, com diferentes sintomas, associando às característi-
cas dos outros tipos [8].
O indivíduo que utiliza o acionador para interagir com o computador pre-
cisa saber realizar as três etapas do processo: Ativar, Manter e Soltar Voluntaria-
mente o cadarço do acionador. Observando a difi culdade de crianças com Para-
lisia Cerebral, com comprometimento motor grave em membros superiores ou 
que apresentam difi culdades em realizar a última etapa do processo, verifi cou-se 
a necessidade de substituir o componente cadarço por um componente elásti-
INOVAÇAO TECNOLOGICA (NOVO).indd 16INOVAÇAO TECNOLOGICA (NOVO).indd 16 23/8/2011 10:59:4723/8/2011 10:59:47
Inovação Tecnológica | 17
co, a fi m de facilitar a liberação do acionador e, consequentemente, auxiliar na 
interação com o computador. 
Desta forma, o presente estudo tem por objetivo relatar a confecção pio-
neira de um acionador de tração com componente elástico e sua importância 
para crianças com Paralisia Cerebral atendidas no NEDETA.
Objetivo
Relatar a confecção pioneira de um Acionador de Tração com com-
ponente elástico e sua importância para crianças com Paralisia Cerebral 
atendidas no NEDETA.
Materiais e métodos
A pesquisa se desenvolveu no estágio extracurricular no NEDETA, frente 
à difi culdade da realização do acionamento voluntário através do acionador de 
tração simples, de crianças com Paralisia Cerebral atendidas no local. Foram 
utilizados E.V.A, velcron, cola de sapateiro, chave KW 11-7-1, cabo paralelo 
Phillips estéreo, elástico achatado e PS2. O equipamento foi confeccionado no 
Laboratório de Tecnologia Assistiva (LABTA/UEPA) e testado no NEDETA.
 
]
Figura 5 - Acionador de tração com componente elástico.
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18 | e INCLUSAO SOCIAL
Resultados
No que concerne à utilização, pode-se dizer que a experiência alcançou os 
objetivos propostos, facilitando a liberação do acionador durante o uso do com-
putador por crianças com Paralisia Cerebral que possuemdifi culdades motoras 
graves em membros superiores, gerando maior motivação no acompanhamento 
terapêutico ocupacional, favorecendo a interação com a inclusão digital dessa 
população.
Figura 6- Acionador de tração com componente elástico.
Considerações finais
Sabe-se que substituir as tecnologias importadas por outras desenvolvidas 
regionalmente é uma forma de promover o acesso da população aos recursos dis-
poníveis atualmente. Assim, o NEDETA, em parceria com o LABTA/UEPA, 
é um importante facilitador neste processo, pois tem como objetivo favorecer a 
acessibilidade tecnológica, levando em conta a questão econômica.
Os acionadores são utilizados na pesquisa e extensão implementada pelo 
NEDETA e são efi cazes tanto para o desenvolvimento da comunicação alterna-
tiva e aumentativa, quanto para a obtenção de dados cognitivos com as crianças 
atendidas [9].
A Tecnologia Assistiva ainda é bastante desconhecida, tanto na população 
em geral, quanto nos centros de pesquisas e, por isso, está quase ausente nas po-
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Inovação Tecnológica | 19
líticas públicas. Embora já comecem a surgir programas ofi ciais de fomentos às 
pesquisas de desenvolvimento nessa área, ainda são em número muito reduzido 
em relação às necessidades e demandas [6]. Por isso, enfatiza- se a importância 
de investimentos neste setor para que um número maior de dispositivos possa 
ser confeccionado, alcançando uma população cada vez mais abrangente.
Referências
[1] NÚCLEO DE DESENVOLVIMENTO EM TECNOLOGIA ASSISTIVA E ACESSIBI-
LIDADE. Disponível em: <http://www2.uepa.br/nedeta/projeto1.htm>. Acesso 
em: 7 set. 2010.
[2] Chaves ES, Rizo LR, Alegretti AL. Adequação postural para o usuário de ca-
deira de rodas. In: Teixeira E et al. Terapia Ocupacional na Reabilitação Física. 
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– 142.
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A Tecnologia Assistiva e sua importância 
na formação de futuros Terapeutas 
Ocupacionais1
Daniela Tonús 2, Lucielem Chequim da Silva3, Aline Sarturi Ponte4, 
Elisandra Pereira Groth5, Elsiomar Bittencourt Flores6
Introdução
Este artigo resulta das atividades desenvolvidas durante a disciplina Recur-
sos Tecnológicos e Adaptações, do curso de Terapia Ocupacional, do Centro 
Universitário Franciscano. Tal disciplina tem por objetivo desenvolver as habi-
lidades para avaliar, selecionar, prescrever e construir adaptações e dispositivos 
tecnológicos de acordo com a necessidade advinda do défi cit funcional e da ver-
tente do contexto socioeconômico cultural do usuário, assim como compreen-
der as relações entre os dispositivos tecnológicos e a história de vida, o contexto 
e a análise do usuário. 
A disciplina possui carga horária de 68 horas (sessenta e oito) utilizando, 
como metodologia, aulas teóricas e práticas, pesquisa de campo, trabalhos em 
grupo, estudos dirigidos e discussão de textos em forma de seminários. 
Apresentar as produções dos acadêmicos demonstrando a relevância desta 
disciplina para a formação de profi ssionais atualizados e comprometidos com 
as demandas sociais é uma das justifi cativas para a elaboração deste trabalho. A 
oferta dessa disciplina pode ser considerada um diferencial para a formação aca-
1 Artigo elaborado a partir dos resultados obtidos por meio das aulas ministradas na disciplina Adaptações e 
Recursos Tecnológicos do curso de Terapia Ocupacional, do Centro Universitário Franciscano, 5° semestre.
2 Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Reabilitação e Inclusão (IPA), Terapeuta Ocupacional, docente 
do Centro Universitário Franciscano.
3 Mestranda pelo Programa de Pós Graduação em Design (UFRGS), Terapeuta Ocupacional, docente do Centro 
Universitário Franciscano. 
4 Discente do curso de Terapia Ocupacional do Centro Universitário Franciscano.
5 Discente do curso de Terapia Ocupacional do Centro Universitário Franciscano.
6 Discente do curso de Terapia Ocupacional do Centro Universitário Franciscano.
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dêmica do Terapeuta Ocupacional, visto que a Tecnologia Assistiva vem sendo 
amplamente discutida, divulgada e valorizada, e tem se tornado uma importan-
te ferramenta que busca ampliar, auxiliar e promover melhora na funcionalida-
de das pessoas com defi ciência. 
Tecnologia Assistiva e suas contribuições
A expressão Tecnologia Assistiva surgiu no Brasil a partir da tradução do 
termo Assistive Technology, criado em 1988 pela legislação americana, que a de-
fi ne como qualquer equipamento ou conjunto de produtos, comprados, mo-
difi cados ou feitos sob medida, usado para aumentar, manter ou melhorar o 
desempenho funcional [1]. 
Conforme Rocha e Castiglione [2], a Tecnologia Assistiva envolve a re-
lação indivíduo e tecnologia, sendo esta a responsável por elevar o nível das 
habilidades funcionais em uma relação direta entre as duas. A partir dessa cons-
tatação, busca-se proporcionar, durante a formação acadêmica do curso de Te-
rapia Ocupacional, por meio da disciplina Recursos Tecnológicos e Adapta-
ções, embasamento teórico e prático aos futuros profi ssionais. O objetivo deste 
trabalho é apresentar as produções dos acadêmicos demonstrando a relevância 
desta disciplina.
Para Norman [3], grande parte das tarefas da vida diária são rotineiras e 
exigem mínimo planejamento do sujeito, já as atividades não cotidianas exigem 
considerável programação, assim como estratégias de tentativa e erro. Porém, 
ao falarmos de pessoas com defi ciência, as atividades rotineiras na vida pessoal, 
social e escolar, muitas vezes, apresentam-se como tarefas que exigem um grau 
de desempenho maior do que lhes é possível realizar. Deste modo, a Tecnologia 
Assistiva representa um recurso que poderá vir a otimizar o desempenho nestas 
atividades.
Cook e Hussey [4] trazem que o termoTecnologia Assistiva refere-se a um 
campo amplo de serviços, estratégias, equipamentos e práticas que objetivam 
a facilitação e ampliação de melhorias para os problemas oriundos de defi ci-
ências. Desta forma, pode-se dizer que a Tecnologia Assistiva é utilizada para 
aumentar, manter ou aperfeiçoar determinadas funções do indivíduo que apre-
senta algum tipo de defi ciência ou limitação.
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O Comitê de Ajudas Técnicas [5] defi ne Tecnologia Assistiva como uma 
área do conhecimento de característica interdisciplinar, que engloba produtos, 
recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que buscam promover a 
funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com defi ci-
ência, incapacidades ou mobilidade reduzida visando sua autonomia, indepen-
dência, qualidade de vida e inclusão social. Sendo assim, a Tecnologia Assistiva 
é uma disciplina de domínio de Engenheiros, Médicos, Arquitetos, Desenhistas 
Industriais, Terapeutas Ocupacionais, Fisioterapeutas, Fonoaudiólogos, entre 
outros.
Pelosi [6] diz que a Tecnologia Assistiva e a Terapia Ocupacional relacio-
nam-se desde o nascimento da profi ssão, sendo parte fundamental e relevante 
na ampliação, recuperação ou restauração da função humana. Ainda segundo 
pesquisas da autora, a Tecnologia Assistiva gera pesquisas e publicações para a 
profi ssão, demonstrando crescimento também no número de universidades que 
ensinam os futuros Terapeutas Ocupacionais sobre o assunto e capacitam-nos 
para sua utilização.
Para Hagedorn [7], a Terapia Ocupacional está relacionada àqueles que 
são considerados elementos-chave do desempenho ocupacional: o indivíduo e 
os papéis, ocupações e relações que a pessoa tem no ambiente em que vive. Sen-
do os objetivos que permitem às pessoas serem competentes e confi antes em 
suas vidas diárias e, portanto, incrementam o bem-estar e minimizam os efeitos 
da disfunção ou das barreiras ambientais.
A Terapia Ocupacional é uma profi ssão que tem por objeto de estudo o 
fazer humano e, como foco de interesse, a construção de estratégias que venham 
a contribuir para que os sujeitos desempenhem atividades signifi cativas em suas 
vidas, com o máximo de autonomia e independência possível. Assim, se preocu-
pa com o resultado da interação Pessoa-Ambiente-Ocupação e o desempenho 
ocupacional, a experiência dinâmica da pessoa engajada em atividades proposi-
tais e tarefas dentro de determinado ambiente [8].
O objetivo do Terapeuta Ocupacional na área da Tecnologia Assistiva pre-
coniza as necessidades dos sujeitos, suas habilidades físicas, cognitivas e senso-
riais. Desta forma, leva em consideração a receptividade do indivíduo frente à 
modifi cação ou uso da adaptação, sua condição sociocultural e as características 
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físicas do ambiente em que será utilizada [9]. Pelosi e Nunes [10] dizem que faz 
parte ainda do papel do Terapeuta Ocupacional promover acesso e condições 
de integração dos aspectos motores e sensoriais nas diversas atividades do coti-
diano.
Desta forma, se torna fundamental, durante a graduação, que o futuro 
profi ssional obtenha conhecimentos teóricos e práticos no que concerne aos 
conceitos, metodologias, materiais utilizados, classifi cações, formas de avalia-
ção e produção de dispositivos de Tecnologia Assistiva. Ressalta-se, ainda, que 
ofertar esta disciplina na matriz curricular do curso de Terapia Ocupacional é 
uma proposta inovadora, que contempla o perfi l do profi ssional exigido pelas 
Diretrizes Curriculares Nacionais.
Conforme Lopes [11], a formação acadêmica sofreu modifi cações nos seus 
diversos campos de atuação devido a vários fatores como o avanço da tecnolo-
gia, as inovações e transformações das políticas públicas, as ações de organi-
zações não governamentais que englobam o campo de atuação do Terapeuta 
Ocupacional. Portanto, promover conhecimentos coerentes com a realidade 
social se torna essencial para contemplar tais avanços, oferecendo aos acadêmi-
cos, subsídios que os capacitem para atuar com autonomia e segurança frente os 
desafi os encontrados no mercado de trabalho.
Materiais e métodos
A disciplina Recursos Tecnológicos e Adaptações é oferecida no 5º se-
mestre do curso de Terapia Ocupacional do Centro Universitário Franciscano 
desde a concepção deste curso. Anteriormente, a disciplina era chamada de Ha-
bilidades Profi ssionais IV, porém, após discussões do corpo docente e discente, 
optou-se por modifi car o nome, tornando-o mais adequado e específi co, visto 
que essa disciplina trabalha com conteúdos exclusivamente voltados para a Tec-
nologia Assistiva. 
A metodologia utilizada durante a disciplina se deu por meio de aulas te-
óricas e práticas, pesquisa de campo, trabalhos em grupo, estudos dirigidos e 
discussão de textos em forma de seminários. Pôde-se ainda realizar atividades 
de análise de ambientes físicos, confecção de equipamentos para auxílio nas ati-
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vidades de vida diária e instrumentais de vida diária, adequação e avaliação de 
cadeira de rodas e produção de materiais de comunicação alternativa e amplia-
da. Com um número de 18 alunos, os acadêmicos foram avaliados a partir de 
suas produções, seminários de discussão e estudos de casos clínicos, de forma 
sistemática e gradativa, considerando o interesse e a participação nas aulas e ati-
vidades programadas. 
Além disso, levou-se em consideração a entrega de trabalhos escritos, em 
grupo ou individuais, avaliados pela clareza e qualidade apresentadas. As ativi-
dades práticas foram avaliadas pela qualidade da apresentação e coerência com 
o conteúdo desenvolvido. As aulas se deram de forma a contemplar as atividades 
teóricas por meio de exposições dialogadas, durante quatro períodos com cin-
quenta minutos, semanalmente. Tais períodos foram divididos em dois teóricos 
e dois práticos. Todos os dispositivos produzidos em sala de aula envolveram a 
utilização de materiais alternativos e de baixo custo, de acordo com a realidade 
socioeconômica dos usuários do serviço de Terapia Ocupacional da instituição 
de ensino superior já citada.
Aprendendo a utilizar a Tecnologia Assistiva
Perante as produções desenvolvidas pelos acadêmicos em sala de aula e 
durante as práticas realizadas, pôde-se perceber que existe coerência e relação 
entre os conteúdos teóricos e a aplicação prática da Tecnologia Assistiva. Ainda, 
ressalta-se o envolvimento e apropriação por parte dos acadêmicos diante dos 
assuntos discutidos, sendo estes visualizados através dos equipamentos confec-
cionados.
Acredita-se que tal disciplina tenha contemplado os objetivos a que se pro-
põe, visto que a produção de conhecimento dos alunos, assim como a confecção 
de equipamentos mostrou-se adequadas ao perfi l acadêmico do curso. Para Pe-
losi e Nunes [10], a Tecnologia Assistiva está se destacando mundialmente, sen-
do possível visualizar o aumento da quantidade de equipamentos, salientando, 
dessa forma, a necessidade de uma formação específi ca e de aprimoramento. 
Dentre os dispositivos desenvolvidos, destaca-se a produção de equipa-
mentos de auxílio para atividades de vida diária, como o adaptador para calçar 
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meias e sapatos, suporte de plástico para garrafas e canecas, toalha com alça para 
o banho, esponja prolongada para banho, entre outros. Ainda, produziram-se 
brinquedosadaptados para crianças com defi ciências variadas e materiais de co-
municação alternativa, como livros com gravuras, caderno de comunicação com 
alfabeto e números. 
A partir de tais equipamentos, pode-se concluir que a produção destes, por 
meio de materiais com baixo custo, facilita a aquisição por parte da população 
de baixa renda, visto que os originais disponíveis no mercado são comerciali-
zados com custo elevado, difi cultando o acesso. Além disso, há necessidade de 
aproximar tais produções considerando a realidade dos atendimentos realiza-
dos pelos acadêmicos junto às Unidades Básicas de Saúde, hospitais e clínicas 
que se enquadram na realidade do Sistema Único de Saúde [10].
Outro aspecto relevante e que merece destaque, são as habilidades estimu-
ladas no decorrer da disciplina, como, por exemplo, processos criativos para a 
efetivação dos equipamentos utilizando materiais alternativos de baixo custo; 
a busca de materiais diversifi cados que possam ser aproveitados para confecção 
de dispositivos e domínio do processo de adaptação que envolve a prescrição, 
confecção, treino e manutenção destes. 
 King [12] afi rma que, ao trabalhar com Tecnologias Assistivas, o Tera-
peuta Ocupacional tem um papel central perante as discussões sobre as diferen-
tes formas de acesso, assim como na integração de funções sensoriais e motoras, 
no desenvolvimento da funcionalidade, na adaptação da postura para controle 
do meio ambiente e aquisição da independência frente às atividades de vida di-
ária. 
Desde o início da profi ssão até os dias atuais, o signifi cado da Tecnologia 
Assistiva na formação de Terapeutas Ocupacionais passou por evoluções. An-
tes, os Terapeutas Ocupacionais utilizavam recursos artesanais e materiais mais 
simples, mas, atualmente, devem conhecer a fundo a gama de recursos existen-
tes como materiais para confecção de órteses, cadeiras de rodas, próteses, e, as-
sim, poder auxiliar nas necessidades dos indivíduos reinserindo-os na sociedade 
[13].
O Terapeuta Ocupacional se torna um profi ssional fundamental não ape-
nas na reabilitação do sujeito, mas também para a elaboração de dispositivos de 
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Tecnologia Assistiva com a competência que lhe é exclusiva, que é de dar ênfase 
para a função e a habilidade de realizar atividades rotineiras de casa, da escola, 
do trabalho ou, ainda, de lazer [6].
Neste contexto, busca-se formar um profi ssional crítico, refl exivo e envol-
vido com as diferentes realidades sociais, consciente da sua responsabilidade no 
trabalho junto aos recursos de Tecnologia Assistiva. Ainda é importante obser-
var que a articulação, por meio de atividades práticas, à teoria discutida em sala 
de aula, à pesquisa e à extensão reforça os conhecimentos adquiridos. 
 
Considerações finais
Os presentes resultados apontam para a necessidade de manutenção dessa 
disciplina na grade curricular dos cursos de Terapia Ocupacional e a sua implan-
tação nos que ainda não a possuem. Faz-se imprescindível capacitar os futuros 
profi ssionais para as exigências do mercado, tornando-os aptos a enfrentarem 
diferentes realidades.
Através dos resultados obtidos durante o desenvolvimento da disciplina, 
se evidencia que a Tecnologia Assistiva é um recurso imperioso para a atuação 
do Terapeuta Ocupacional. A Tecnologia Assistiva, de forma geral, destina-se a 
cooperar com o acesso, a facilitação, a independência dos sujeitos, contribuin-
do, desta forma, para um desempenho ocupacional satisfatório, sendo este jus-
tamente o objeto de estudo do Terapeuta Ocupacional.
A participação dos acadêmicos nas atividades programadas possibilitou 
o desenvolvimento da capacidade crítica e refl exiva, da criatividade, da busca 
por diferentes materiais, da consciência das diferentes realidades econômicas e 
sociais apresentadas pelos usuários do Serviço de Terapia Ocupacional. Desta 
forma, conclui-se que a oferta da disciplina de Recursos Tecnológicos e Adap-
tações é indispensável à formação do Terapeuta Ocupacional que se preocupa 
com a busca da funcionalidade e está atento ao contexto, à realidade na qual o 
usuário está inserido, sendo a sua formação voltada para a Saúde Coletiva e a 
atenção básica junto à comunidade.
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28 | e INCLUSAO SOCIAL
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Acessibilidade em edifícios públicos: 
vistorias técnicas
Aíla Seguin Dias Aguiar de Oliveira1
Introdução 
Apesar dos direitos de ir e vir e de igualdade a todos os cidadãos estarem 
garantidos na Constituição Brasileira de 1988, foi necessária a criação de leis e 
normas específi cas, a fi m de contribuir para a participação signifi cativa das pes-
soas com restrições na sociedade e garantir a efetiva acessibilidade nos espaços 
físicos urbanos.
Em atendimento ao Decreto Federal 5.296/2004 [3], o Grupo de Traba-
lho do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado 
do Pará (CREA PA) e o Ministério Público Federal fi rmaram um acordo de 
cooperação técnica a fi m de verifi car se os espaços públicos federais estão ade-
quados às leis e normas de acessibilidade.
No entanto, para garantir a realização de análise técnica profunda, é ne-
cessário maior tempo disponível e profi ssionais com conhecimento específi co 
do assunto, o que, na maioria das vezes, não ocorre em órgãos públicos fi scali-
zadores. Devido a isto, houve a necessidade da elaboração de um instrumento 
expedito que avaliasse as condições de acessibilidade espacial de forma rápida 
e prática.
Para tanto, foramutilizadas planilhas que servem como um Check List, de 
forma a avaliar as condições de acessibilidade, as quais foram resultados da Dis-
sertação de Mestrado da autora deste artigo. O intuito das Planilhas de Avalia-
ção é desenvolver laudos técnicos que identifi quem principalmente os aspectos 
negativos encontrados nos edifícios analisados.
Este artigo aborda temas como Acessibilidade Espacial, Defi ciências e Res-
1 Arquiteta e Urbanista, Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFSC, aila-
seguin@hotmail.com
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trições e Dispositivos Legais a partir da fundamentação teórica. Descreve-se o 
método aplicado em dois objetos de estudo. E, por último, os resultados encon-
trados a partir de laudos técnicos elaborados.
Fundamentação teórica
Acessibilidade
A Acessibilidade Espacial refere-se à possibilidade de participação das pes-
soas na sociedade em condições de igualdade e sem discriminação, sendo uma 
das condições para se atingir a inclusão social. Conforme Duarte [7], a acessibi-
lidade do espaço construído não deve ser compreendida como um conjunto de 
medidas que favoreceriam apenas às pessoas com defi ciência, mas sim medidas 
técnico-sociais destinadas a acolher todos os usuários em potencial. Para isso, é 
necessário garantir total acesso aos mais variados locais e atividades, eliminando 
as diversas barreiras existentes que comprometem a participação de todos. 
Portanto, a acessibilidade espacial é a possibilidade de compreensão da 
função, da organização e das relações espaciais que o ambiente estabelece, além 
da participação das atividades que ali ocorrem, fazendo uso dos equipamentos 
disponíveis com segurança e autonomia [2].
Deficiências e restrições
Para analisar edifícios de uso público é importante compreender as limita-
ções e necessidades de seus usuários em potencial, que podem apresentar restri-
ções no uso do espaço oriundas ou não de defi ciências. Portanto, cabe entender 
a diferença entre os termos Restrição e Defi ciência.
O termo Defi ciência é utilizado para designar o problema específi co de 
uma disfunção de nível fi siológico no indivíduo. É normalmente associado à 
noção de incapacidade, o que nem sempre ocorre, pois, por exemplo, uma pes-
soa com baixa visão consegue ler com auxílio de lentes especiais. 
Além disso, a palavra defi ciência muitas vezes gera preconceito. Por isso, a 
Organização Mundial de Saúde, em sua mais recente classifi cação, passa a utili-
zar o termo Restrição para indicar o grau de difi culdade que uma pessoa possui 
ao desempenhar uma atividade [8]. Esta restrição pode ou não ter origem em 
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Inovação Tecnológica | 31
uma defi ciência, ampliando, desta forma, o número de indivíduos que, perma-
nente ou temporariamente, apresentem limitações.
Conforme a classifi cação elaborada por Dischinger [6], as defi ciências, as 
características do meio ambiente e as restrições estão diretamente relacionadas. 
Isto signifi ca que a presença de uma defi ciência implica na existência de deter-
minados níveis de limitações para a realização de atividades. No entanto, o grau 
de difi culdades pode ser minimizado por meio de soluções acessíveis e pela pre-
sença de equipamentos de Tecnologia Assistiva, da mesma forma que pode ser 
agravado de acordo com as características ambientais.
Logo, o termo Restrição pode ser defi nido como as difi culdades existentes 
para a realização de atividades desejadas, resultantes da relação entre as condi-
ções dos indivíduos e os atributos do meio ambiente.
Componentes da acessibilidade 
Com intuito de facilitar a compreensão das questões referentes à acessi-
bilidade espacial de pessoas que possuem algum tipo de restrição, Dischinger e 
Bins [6] identifi caram quatro componentes a partir dos quais é possível avaliar 
o nível de acessibilidade do ambiente construído. São eles: Orientação, Deslo-
camento, Uso e Comunicação.
Orientação: condição de compreensão do espaço (legibilidade espacial) 
a partir de sua confi guração arquitetônica e da sua organização funcional. É a 
possibilidade de distinguir o local onde se está e o percurso que se deve fazer 
para chegar a um determinado destino, a partir de informação arquitetônica e 
suportes informativos (placas, letreiros, sinais, mapas).
Deslocamento: condição de movimento nos percursos horizontais e verti-
cais e sua continuidade. É a possibilidade de deslocar-se de forma independente 
em percursos livres de obstáculos, que ofereçam conforto e segurança ao usuário. 
Uso: condição que possibilita a utilização dos equipamentos e a participa-
ção nas atividades fi ns. Os equipamentos devem ser acessíveis a todos os usuá-
rios e manuseados com segurança, conforto e autonomia. 
Comunicação: condição de troca e intercâmbio entre pessoas e entre pessoas 
e equipamentos de Tecnologia Assistiva (como terminais de computadores e tele-
fones com mensagens de texto) que permitam o ingresso e uso do ambiente.
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32 | e INCLUSAO SOCIAL
Dispositivos legais 
Consta na Constituição Federal de 1988 [5], que os fundamentos da Na-
ção são promover a dignidade da pessoa humana e garantir o exercício da ci-
dadania para que não haja desigualdades sociais e sejam eliminados quaisquer 
preconceitos ou discriminações. Isto signifi ca conceder a todos, inclusive às pes-
soas com defi ciência, direitos sociais à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer e 
à segurança [5].
O pleno exercício dos direitos às pessoas com defi ciência foi ratifi cado pela Lei n. 
7.853/89 [4], que transferiu para estados e municípios a responsabilidade pela adoção 
de normas que eliminem as barreiras de acesso às edifi cações e aos espaços urbanos. 
Também em nível federal, foi aprovado o Decreto n. 5.296, de 2 de dezem-
bro de 2004, [3] que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promo-
ção da acessibilidade das pessoas com defi ciência ou com mobilidade reduzida, 
e dá outras providências [3].
O Decreto institui que, para a aprovação e licenciamento de projetos ar-
quitetônicos e urbanísticos, a concepção e implantação devem atender os prin-
cípios do desenho universal, tendo como referenciais básicos as normas técnicas 
de acessibilidade da ABNT. 
A fi m de suprir uma carência de referenciais técnicos a respeito da questão 
da acessibilidade, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) elabo-
rou a NBR 9050. No ano de 2004, [1] a NBR 9050 foi revisada e passou a ser 
chamada de “Acessibilidade às edifi cações, mobiliário, espaços e equipamentos 
urbanos.” A norma atende a preceitos de desenho universal e deve ser aplicada a 
todos os projetos que vierem a ser elaborados, construídos, bem como as refor-
mas e ampliações de edifi cações e equipamentos já existentes.
Estudo de caso 
Descrição dos objetos de estudo
Este trabalho se desenvolve a partir da realização de vistorias técnicas em 
dois locais: o Aeroporto Internacional de Belém e o edifício-sede do Instituto 
Nacional de Seguridade Social (INSS).
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Inovação Tecnológica | 33
O Aeroporto Internacional de Belém foi reformado e ampliado no fi nal da 
década de 1990, com intuito de melhor receber seus usuários. O edifício possui 
dois pavimentos, nos quais se encontram os guichês de atendimento, lojas, lan-
chonetes, sanitários, áreas de embarque e desembarque, entre outros.
O edifício do INSS fi ca localizado numa das principais avenidasde Belém, 
a Av. Nazaré. O edifício é composto por vários pavimentos, porém, apenas um 
é para atendimento ao público. Cabe ressaltar que o edifício recebe diariamente 
pessoas com algum tipo de restrição.
Métodos
A fi m de avaliar as condições de acessibilidade espacial de edifícios pú-
blicos, foi aplicado instrumento técnico de avaliação denominado Planilhas de 
Avaliação.
Planilhas de avaliação
As planilhas correspondem aos ambientes normalmente encontrados em 
edifícios de uso público: áreas de acesso, saguões, circulações verticais e hori-
zontais, sanitários, estacionamento e locais para atividade coletiva.
As planilhas são compostas por perguntas elaboradas em conformidade 
com os aspectos legais nos âmbitos federal e estadual e com as normas especí-
fi cas existentes, tais como o Decreto Federal n. 5.296/2004 e a NBR 9.050/04 
– Acessibilidade a Edifi cações, Mobiliário, Espaços e Equipamentos Urbanos. 
Quanto à estrutura das planilhas, ela é realizada da seguinte forma: na sua 
parte superior, possui um espaço reservado para identifi cação do edifício, local, 
data e o nome do avaliador, além da numeração, o título da planilha e a legenda 
referente às respostas.
As planilhas são compostas por oito colunas, divididas em 5 blocos dis-
tintos: Identifi cador, Legislação, Itens a Conferir, Resposta e Observações. O 
bloco Itens a Conferir serve como referência para os demais. 
Cabe ressaltar que o preenchimento do espaço para observação é muito 
importante, pois complementa a avaliação.
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34 | e INCLUSAO SOCIAL
Após a aplicação das Planilhas de Avaliação, conforme dito anteriormente, 
foi elaborado um laudo técnico para cada edifício analisado. O laudo é com-
posto pela descrição de cada item conferido, cuja resposta foi negativa, pelas 
ilustrações dos problemas e pelas observações realizadas no local. 
 
Resultados
Após a aplicação das planilhas, foram elaborados laudos técnicos, com in-
tuito de encaminhar para o Ministério Público Federal, para este possa atuar 
fi scalizando e cobrando, de forma legal e rápida, providências dos responsáveis 
pelos edifícios, a fi m de sanarem as irregularidades encontradas.
Quanto aos aspectos encontrados, podem ser classifi cados conforme os 
quatro componentes da Acessibilidade. 
Com relação à orientação observou-se, por exemplo, que, em ambos os 
edifícios, existe uma carência de suportes informativos (visuais e táteis) desde os 
passeios até seu interior. No Aeroporto, observou-se a ausência de sinalizacão 
vertical (placa) com o Símbolo Internacional de Acesso indicando o local das 
vagas de estacionamento destinadas às pessoas com defi ciência. Nas rampas e 
escadas de ambos os edifícios, não existe piso tátil de alerta indicando o início e 
o término delas (Figura 1). 
Nos elevadores, foi possível detectar a ausência de sinalização em Braille na 
botoeira e do anúncio verbal indicando cada parada do mesmo.
Figura 1 – Ausência de piso tátil de alerta nas rampas e escadas.
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Figura 2 – Obstáculos ao longo das circulações.
Figura 3 – Ausência de balcão de atendimento com altura adequada para cadeirantes.
Em relação ao deslocamento, observou-se que a calçada em frente ao INSS 
encontra-se deteriorada, com diversos desníveis e elementos que obstruem a 
circulação. Observou-se também a existência de obstáculos ao longo da rampa, 
tais como o trilho do portão e a projeção de galhos de árvores. 
No Aeroporto, constatou-se a presença de capachos soltos e rasgados, além 
de elementos suspensos como escadas e aparelhos de ar-condicionado com altu-
ras inadequadas, tornando-se um perigo para o usuário, em especial, o defi ciente 
visual (Figura 2). Nos consultórios médicos do INSS, a disposição e a dimensão 
dos móveis impede a circulação de uma cadeira de rodas.
Quanto ao uso dos equipamentos e elementos existentes nos edifícios, 
observou-se, por exemplo, a ausência de balcões de atendimento com altu-
ra adequada para o uso de cadeirantes e pessoas de baixa estatura (Figura 3). 
Constatou-se também a ausência de espaço para cadeira de rodas e assentos para 
obesos nas salas de espera. 
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No INSS, o sanitário para pessoas com defi ciência estava sendo usado como de-
pósito de material de limpeza, além de possuir diversas irregularidades como a altura 
inadequada do vaso sanitário e a maçaneta da porta do tipo trinco (Figuras 4 e 5). 
Figura 4 – Ausência de maçaneta do tipo alavanca.
Figura 5 – Vaso sanitário e barras de apoio instaladas com alturas inadequadas.
Quanto à comunicação, foram constatados problemas como a ausência de 
intérprete de LIBRAS e de algum tipo de Tecnologia Assistiva (terminal de 
computador) que possibilitasse a comunicação entre o usuário com restrição 
auditiva e os funcionários dos edifícios.
Considerações finais 
Promover a acessibilidade espacial é fundamental para que as pessoas, in-
dependentemente de suas habilidades e restrições, exerçam o seu direito de ir e 
vir, ao lazer, a educação, a saúde, enfi m, exerçam seus direitos como cidadão.
Porém, apesar da existência de inúmeros dispositivos legais, foi possível 
detectar, a partir da aplicação das Planilhas de Avaliação, que os edifícios públi-
cos, em sua maioria, ainda não garantem a efetiva acessibilidade às pessoas com 
alguma restrição.
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Inovação Tecnológica | 37
As Planilhas de Avaliação apenas apontaram os problemas, cabendo aos 
responsáveis pela administração dos edifícios recorrerem a profi ssionais habili-
tados para busca de soluções.
Acredita-se que parcerias de cooperação técnica como a do CREA-PA e 
o Ministério Público Federal, juntamente com a elaboração de instrumento 
de avaliação, possam orientar arquitetos e engenheiros no desenvolvimento de 
projetos e contribuir para a inclusão social e a participação de todas as pessoas 
nas atividades realizadas em edifícios e espaços públicos.
Referências
[1] ABNT –Associação Brasileira de Normas Técnicas: NBR 9050: Acessibilida-
de a edificações, mobiliário, espaço e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 
2004.
[2] Bins Ely, VH M et al. Desenho Universal: por uma arquitetura inclusiva. Flo-
rianópolis: Grupo PET/Arq/ SESu/ UFSC, 2001.
[3] BRASIL. Decreto n 5.296 de 2 de dezembro de 2004. Regulamenta as leis 
n 10.048, de 8 de novembro de 2000 e a n 10.098, de 19 de dezembro de 
2000. Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção de acessi-
bilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras 
providências.
[4] BRASIL. Lei n 7.853 de 24 de outubro de 1989. Dispõe sobre o apoio as 
pessoas portadoras de deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria 
Nacional para Integração de Pessoas Portadoras de deficiência. CORDE, 1989. 
[5] BRASIL. Senado Federal. Secretaria Geral da Mesa. Constituição Federal de 1988. 
[6] Dischinger M, Bins Ely, VHM. Promovendo acessibilidade nos edifícios públi-
cos: guia de avaliação e implementação de normas técnicas. Santa Catarina: 
Ministério Público do Estado, [2006]. Trabalho em andamento
[7] Duarte CR; Cohen R. Pesquisa e projeto de espaços públicos: rebatimentos 
e possibilidades de inclusão da diversidade física no planejamento das cidades. 
In: PROJETAR 2005 – II Seminário sobre Ensino e Pesquisa em Projeto de Arqui-
tetura, 2005, Rio de Janeiro. Anais do II PROJETAR. 2005. 
[8] WHO - WORLD HEALTH ORGANIZATION.International Classification of 
Functioning, Disability and Health – CIF. World Health Organization. Geneva: 
2002.
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Acionador de preensão de baixo custo: 
um facilitador para o acesso da criança com 
Paralisia Cerebral ao computador - relato de 
um caso
Ana Irene Alves de Oliveira1, Amanda de Aquino Peixoto2, 
Larissa Santos Prazeres2, Leyde Janne Azevedo Cruz2,
 Marcilene Alves Pinheiro3, Thalita Mesquita Melo2
Introdução
A Paralisia Cerebral constitui um grupo de desordens neurológicas não 
progressivas, com etiologias e quadros clínicos diversos, em que predomina o 
comprometimento motor, podendo apresentar desordens associadas nas áreas 
do desenvolvimento cognitivo, visual, auditivo e da comunicação [1]. 
Os fatores que causam a Paralisia podem ser de origem pré, peri ou pós-na-
tal. Não há uma causa defi nida para muitos casos de Paralisia, contudo, durante 
a gestação, o feto pode ser exposto a substâncias teratogênicas ou infecções con-
gênitas. Complicações durante o trabalho de parto, do nascimento ao período 
neonatal e que incluem asfi xia, sepse e prematuridade. No início da infância, 
podem ocorrer afecções, como meningite, intoxicações e traumatismo crania-
nos, que podem afetar o cérebro em desenvolvimento [1], [2]. 
A classifi cação da Paralisia deve ser feita por tipo clínico e pela distribui-
ção da lesão no corpo, podendo ser Hemiparesia, Quadriparesia e Diplegia. E 
quanto ao tipo clínico, descreve- se o tipo de alteração de movimento que a 
criança apresenta, sendo os tipos mais comuns o Espástico, caracterizado pela 
hipertonia muscular e resultante de lesões no córtex ou nas vias daí provenien-
tes; o Extrapiramidal, também conhecida como Coreoatetoide, caracterizada 
1 Terapeuta Ocupacional, doutora em Teoria e Análise Comportamental pela UFPA, docente da UEPA e coor-
denadora do NEDETA; 
2 Acadêmica do 3º ano do curso de graduação em Terapia Ocupacional da UEPA e estagiária do NEDETA;
3 Acadêmica do 5º ano do curso de graduação em Terapia Ocupacional da UEPA e estagiária do NEDETA.
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por movimentos involuntários e variações na tonicidade muscular; Atáxico, ca-
racterizado pela diminuição da atividade muscular, incoordenação e equilíbrio 
defi ciente dos movimentos, devido à lesões no cerebelo e, por fi m, podem se 
apresentar na forma mista, com diferentes sintomas, associado às características 
dos outros tipos [3].
Quanto ao tratamento da PC, a importância da equipe interdisciplinar 
composta por Médico Pediatra, Fonoaudiólogo, Fisioterapeuta, Terapeuta 
Ocupacional e Pedagogo é indispensável para o desenvolvimento biopsicosso-
cial da criança. Vale ressaltar que este tratamento deve priorizar não apenas as 
necessidades da criança, mas também suas potencialidades, valorizando sempre 
o seu contexto sociocultural [4].
Na prática clínica da Terapia Ocupacional, um dos focos de intervenção 
está voltado para o desempenho e independência de crianças com PC na reali-
zação de tarefas de vida diária, em contextos relevantes. Entretanto, a literatura 
possui poucos registros abordando esse tema. 
Mancini et al. verifi caram que crianças com Paralisia Cerebral apresen-
taram um repertório de habilidades funcionais de vida diária diferenciado, se 
comparadas com o de crianças típicas no qual diferenças entre grupos foram 
identifi cadas na sequência e na difi culdade relativa para desempenhar diversas 
atividades de autocuidado. 
Lammi e Law, por sua vez, demonstraram que o desempenho de crianças 
com Paralisia Cerebral em tarefas da rotina diária sofre infl uência do contexto 
no qual estão inseridas. Brown e Gordon observaram que crianças com disfun-
ções neuromotoras apresentam menos variedade e tempo dedicado às ativida-
des cotidianas, menor participação social nas tarefas de casa e em atividades 
recreativas, comparadas com crianças típicas [5].
O Terapeuta Ocupacional trabalha com tecnologias orientadas para a 
emancipação e a autonomia das pessoas que, devido à razões associadas a proble-
mas físicos, sensoriais, psicológicos, mentais, cognitivos e/ou sociais, possuem 
limitações funcionais (temporária ou defi nitiva), e/ou difi culdades na inserção 
e participação na vida social.
As Tecnologias Assistivas (TA) ajudam as pessoas com defi ciência a realiza-
rem tarefas. Mais especifi camente, elas permitem que o portador de defi ciência 
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Inovação Tecnológica | 41
realize tarefas que uma pessoa não portadora de defi ciência pode realizar sem 
auxílio tecnológico. Tais dispositivos podem ser projetados, especifi camente, 
para o portador de defi ciência ou projetados em série e subsequentemente usa-
dos por um portador de defi ciência [6]. Entre os dispositivos de TA aplicados 
no tratamento da PC encontram-se órteses, adaptações funcionais e acionado-
res de computador.
O Terapeuta Ocupacional, por meio da TA, pode favorecer o desempe-
nho ocupacional das pessoas com PC, através da utilização de acionadores para 
computador, utilizando a interação dessas pessoas com o soft ware, permitindo 
um processo de Educação Inclusiva, e adaptando os dispositivos de acordo com 
a necessidade das pessoas. Frequentemente, nos casos severos de comprometi-
mento motor, muitas pessoas apresentam restrições importantes na realização 
de movimentos voluntários, na manutenção e nas alterações de postura, na fala 
e expressões faciais, apresentando difi culdades na comunicação com pessoas e 
com o meio, tendo, porém, o cognitivo preservado, assim como, a realização em 
maior ou menor grau, fi dedignos [1].
De acordo com Alves de Oliveira, a maior difi culdade no uso do computa-
dor pelas pessoas com defi ciência deve-se às limitações na coordenação dos mo-
vimentos dos membros superiores, além de, muitas vezes, a necessidade de con-
trole cervical e de tronco para o uso do teclado convencional ou o uso do mouse. 
Portanto, fazem-se necessários, além de soft wares especiais, ou seja, com recurso 
de acessibilidade, o uso de dispositivos de ajuda que possibilitem a inter-relação 
entre o homem e o computador como acionadores e teclados adaptados [1].
Objetivos
Este estudo tem por objetivo relatar a experiência na utilização do acio-
nador de preensão como um recurso terapêutico para promover a interação de 
uma criança com Paralisia Cerebral e o computador, no Núcleo de Desenvolvi-
mento em Tecnologia Assistiva e Acessibilidade (NEDETA).
Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo do tipo Estudo de Caso, no qual foram 
realizados 15 atendimentos semanais, com duração de, aproximadamente, 40 
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minutos, no período de março a maio de 2010, no NEDETA. Os atendimentos 
visavam promover a inter-relação da criança e o computador. Durante as ses-
sões, foram utilizados recursos de baixo e alto custo como cartelas de comunica-
ção, acionadores artesanais, aplicativos de Power Point e brinquedos adaptados.
Relato de caso
A.B.G.B., 5 anos, sexo feminino, apresenta como diagnóstico Paralisia Ce-
rebral, do tipo Quadriparesiaespástica. 
A criança nasceu no hospital, por parto normal, a termo, e apresentou 
Anóxia. Permaneceu na UTI por 45 dias, fazendo uso de antibióticos, oxigênio 
e fototerapia. Aos cinco meses, a mãe começou a comparar seu desenvolvimen-
to em relação à irmã gêmea.A criança mora com os pais e tem como cuidadores, 
a mãe e a avó. Frequenta escola regular, com o auxílio da avó durante o período 
escolar.
Na avaliação terapêutica ocupacional, observou-se que, em relação às carac-
terísticas motoras de A.B.G.B., ela apresenta como tipo predominante de tônus 
espástico, pode-se encontrar a presença de refl exos primitivos como o Refl exo 
Tônico Cervical Assimétrico (RTCA). Apresenta preensão voluntária, aponta 
com o dedo e segura o lápis. A criança faz uso de dispositivos de adaptação e 
tecnológicos, tendo sua própria cadeira de rodas (cadeira de rodas própria).
Quanto à percepção visual, verifi ca-se que a criança direciona o olhar e 
busca o que se pede. Como percepção auditiva, compreende o sim e o não, com-
preende comandos simples. Em relação à área cognitiva, A.B.G.B. discrimina o 
sim e não, reconhece cores básicas, vogais, pessoas, animais domésticos, partes 
do corpo. Comunica-se através do olhar, sons, choro e sorriso.
Posterior à Avaliação Terapêutica Ocupacional supracitada, foi traçado 
um plano de intervenção preconizando a aquisição das habilidades ainda não 
estabelecidas, e a inter-relação da criança e o computador, através da utilização 
do acionador de preensão.
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Figura 1 - Acionador de preensão acoplado ao mouse adaptado.
Este processo se deu através de etapas, no qual os primeiros atendimentos 
foram destinados ao estabelecimento de um vínculo para conhecer o perfi l da 
criança, suas habilidades, bem como seus conhecimentos prévios a fi m de se 
determinar qual seria a melhor estratégia de trabalho adotada e traçar um plano 
de tratamento. 
Desta forma, iniciou-se o trabalho com treino dos acionadores para se-
lecionar qual o seria o melhor para uso da criança num posterior processo de 
análise de conhecimentos adquiridos.
Inicialmente, foi utilizado o acionador de tração, contudo, não se obteve 
respostas signifi cativas, pois a criança apresentava difi culdade em liberar o com-
ponente de tração do acionador. Assim, optou-se pela confecção de um aciona-
dor de preensão, produzidos com materiais alternativos de baixo custo (E.V.A, 
velcron, cola de sapateiro, chave KW 11-7-1, cabo paralelo Phillips estéreo e 
PS2) a fi m de facilitar a interação da criança com o soft ware.
 Para o treinamento, o acionador de preensão foi posicionado na mão di-
reita da criança e acoplado ao brinquedo adaptado com estímulos sonoros e vi-
suais, adaptado ao uso de acionador uma entrada e com sistema on-off acionado 
por pressão. Ao acionar o brinquedo, uma resposta era emitida, caracterizando 
a relação causa-efeito.
Esta etapa foi a mais longa, pois era necessário constatar que a criança es-
tava acionando de modo intencional, selecionando o que era solicitado, despre-
zando qualquer possibilidade de erro por falha de acionamento.
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44 | e INCLUSAO SOCIAL
 
Figura 2 - Acionador de preensão associado ao uso do brinquedo adaptado.
 
Figura 3 - Acionador de preensão associado ao uso do brinquedo adaptado.
Dessa forma, passada essa etapa, introduziu-se os aplicativos de Power 
Point neste processo, estímulos visuais e auditivos, através de fi guras simples do 
cotidiano, apresentando os conteúdos referentes a cores, animais e desenhos. A 
resposta da criança era apenas acionar o dispositivo ligado ao mouse adaptado, e 
o computador emitia uma resposta de imagem ou som cada vez que era aciona-
do. Percebeu-se que este dispositivo foi o mais adequado no tratamento.
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Inovação Tecnológica | 45
Figura 4 - Acionador de preensão associado ao uso dos aplicativos de Power Point.
Considerações finais
Durante o acompanhamento da criança em questão, percebeu- se que o 
uso do acionador de preensão de baixo custo possibilitou não somente a utiliza-
ção do computador, porém, ao avaliar o impacto que o seu uso tem gerado nessa 
clientela, notou- se que a contribuição propiciada pelo acionador de preensão 
vai muito além do objetivo primário, pois catalisou o processo de inclusão di-
gital. Logo, o aparelho promoveu melhor qualidade de vida e possibilitará, no 
futuro, até mesmo melhorias socioeconômicas de diversas pessoas portadoras 
de necessidades especiais com comprometimento grave de membros superiores.
Desta forma, foi possível observar que o uso do acionador de preensão de 
baixo custo gerou motivação na criança e na família, visto que este facilitou o 
trabalho desenvolvido no Núcleo de Desenvolvimento em Tecnologia Assistiva 
e Acessibilidade, consolidando assim, a prática do Terapeuta Ocupacional por 
meio da TA.
Referências
[1] Alves de Oliveira AI, Rodrigues JL, Jr, Folha AOAC. Paralisia Cerebral, Tera-
pia Ocupacional e Tecnologia Assistiva de baixo custo. In: Alves de Oliveira AI, 
Lourenço JMQ, Lourenço MGF. Perspectivas da tecnologia assistiva no Brasil: 
Pesquisa e prática. Belém (Pa): EDUEPA; 2008. p. 151-156. 
[2] GUIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA: o organismo e as doenças. São Paulo: Abril, 
v.8, Guia Veja de Medicina e Saúde, maio, 2008.
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46 | e INCLUSAO SOCIAL
[3] Alves de Oliveira AI. Pesquisa e desenvolvimento infantil. Belém: Conheci-
mento & Ciência; 2008. 138p. 
[4] Morais da Silva RL; Sagica J. A interação sócio-afetiva da criança portado-
ra de paralisia cerebral em relação ao uso de órteses: um estudo de caso. In: 
Alves de Oliveira AI, Lourenço JMQ, Lourenço MGF. Perspectivas da tecnologia 
assistiva no Brasil: Pesquisa e prática. Belém (Pa): EDUEPA; 2008. p. 67-75.
[5] Guerzoni VPD et al. Análise das intervenções de terapia ocupacional no 
desempenho das atividades de vida diária em crianças com paralisia cere-
bral: uma revisão sistemática da literatura. Rev. Bras. Saúde Mater. Infant. 
vol.8 no.1 Recife Jan./Mar. 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S1519-38292008000100003>. Acesso em: 24 
ago. 2010.
[6] Anson D. Tecnologia Assistiva. In: Pedretti LW, Early MB. Terapia Ocupa-
cional: capacidades práticas para as disfunções físicas. 5ª ed. São Paulo (SP): 
Roca; 2004, p. 276 – 296.
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Ajudas técnicas e apoio humano: a 
experiência do Laboratório de Acessibilidade 
da Biblioteca Central Cesar Lattes (Unicamp)
Deise Tallarico Pupo1, Luis Fernando Manarini2
 Introdução
Ao longo dos séculos, a humanidade registra suas descobertas, anseios e 
medos em materiais diversos: do papiro ao pergaminho, em argila ou em tábuas, 
até a invenção do papel, que, desde o século XII, tem sido um aliado seguro para 
a escrita. 
O computador, criado na década de 1940, foi aperfeiçoado ao longo das 
décadas seguintes. Os anos 1990 marcam a difusão da internet e os movimen-
tos internacionais pela inclusão e, gradativamente, os avanços em Tecnologias 
da Informação e Comunicação (TIC’s) contribuem para o acesso à leitura por 
pessoas com defi ciência. As leis e tratados internacionais conduzem à equipara-
ção de oportunidades e, no Brasil, entre outras determinações legais, a Política 
Nacional do Livro, expressa na Lei n. 10.753, de 30 de outubro de 2003 [1], 
propõe que as pessoas com defi ciência visual tenham o direito de consumir li-
vros acessíveis. 
Grupos de pessoas com defi ciência visual, no Brasil, mobilizam-se em listas 
de discussão, blogs e outras redes sociais, para que a lei passe a ser um decreto, 
no sentido

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