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Vício de Consentimento

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Vício de Consentimento (Vontade)
LESÃO (Art. 157 CC/02) 
Elemento subjetivo = Premente necessidade ou inexperiência
Elemento objetivo = Onerosidade excessiva 
Gera anulação.
(Art. 171, II CC/02)
A lesão é conceituada como prejuízo resultante da desproporção existente entre as prestações de um determinado negócio jurídico.
“Carlos Alberto Bittar, diz com propriedade que a lesão representa, assim, vício consciente na deformação da declaração por fatores pessoais do contratante, diante de inexperiência ou necessidade, explorada indevidamente pelo locupletante’’.
Caracteriza-se abuso do poder econômico de uma das partes, resultando prejuízo moral e/ou material da outra, carente na relação jurídica. Exemplo disso era que muitos coronéis induziam os lavradores a comprar mantimentos nos armazéns da própria fazenda, a preço e juros enormes, eles atuavam com a má-fé. E a relação de emprego não era equilibrada, caracterizando veladamente uma forma de extorsão.
Com isso a CLT dispôs em seu art 462, parágrafos 2, 3, 4.
CLT - Decreto Lei nº 5.452 de 01 de Maio de 1943
Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho.
Art. 462 - Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositvos de lei ou de contrato coletivo.
§ 1º - Em caso de dano causado pelo empregado, o desconto será lícito, desde de que esta possibilidade tenha sido acordada ou na ocorrência de dolo do empregado. (Parágrafo único renumerado pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
§ 2º - É vedado à emprêsa que mantiver armazém para venda de mercadorias aos empregados ou serviços estimados a proporcionar-lhes prestações "in natura" exercer qualquer coação ou induzimento no sentido de que os empregados se utilizem do armazém ou dos serviços. (Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
§ 3º - Sempre que não fôr possível o acesso dos empregados a armazéns ou serviços não mantidos pela Emprêsa, é lícito à autoridade competente determinar a adoção de medidas adequadas, visando a que as mercadorias sejam vendidas e os serviços prestados a preços razoáveis, sem intuito de lucro e sempre em benefício das empregados. (Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
§ 4º - Observado o disposto neste Capítulo, é vedado às emprêsas limitar, por qualquer forma, a liberdade dos empregados de dispôr do seu salário. (Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
A conduta conhecida como truck system, entendida como a remuneração 'in natura' com isso existem dois fatores de grave atentado contra o direito e a liberdade do trabalhador tornando o empregado, depende da empresa.
O Código civil adota a teoria da confiança nos negócios jurídicos, verificando-se a lesão pela desproporção das prestações existentes entre agente e vítima. Para sua caracterização, não é necessário que o agente tenha o conhecimento da situação de inferioridade da vítima, basta que ela seja constatada pelo julgador. (Direito de A a Z de Roberto Senise Lisboa).
De acordo com a Professora Maria Helena Diniz, “o instituto da lesão visa proteger o contratante, que se encontra em posição de inferioridade, ante o prejuízo por ele sofrido na conclusão de contrato comutativo, devido à considerável desproporção existente, no momento da efetivação do contrato, entre as prestações das duas partes”. O fator predominante para a caracterização da lesão é “justamente a onerosidade excessiva, o negócio da china pretendido por um dos negociantes, em detrimento de um desequilíbrio contratual, contra a parte mais fraca da avença”, na lição de Flávio Tartuce.
Assim, podemos vislumbrar três requisitos para que a lesão se verifique como vício na formação do consentimento; dois de ordem subjetiva – a premente necessidade e a inexperiência do negociante prejudicado, trata-se de um elemento de natureza subjetiva pelo fato de estar ligado à formação volitiva de cada sujeito negociante, devendo ser apreciado de acordo com o caso concreto e no momento da formação do negócio jurídico; e um de natureza objetiva – a manifesta desproporção entre as contraprestações devidas. 
Para que se configure a lesão, não há a necessidade do chamado dolo de aproveitamento, que é aquele intuito da parte de aproveitar-se da necessidade ou falta de experiência do declarante na celebração do negócio manifestamente vantajoso. Diante disso, diz-se que a lesão é objetiva. Tal é o entendimento do Conselho da Justiça Federal, expresso em seu enunciado nº 150: “A lesão de que trata o art. 157 do Código Civil não exige dolo de aproveitamento”.
Com fulcro no que dispõe o art. 178, II do Código Civil, é anulável, no prazo de quatro anos, o negócio jurídico celebrado em situação de lesão, contados a partir de sua celebração. Trata-se de prazo decadencial, como prevê o texto legal.
Embora preveja a anulação, o diploma legal prevê a hipótese de preservação do contrato em seu parágrafo segundo, acaso seja oferecido suplemento suficiente ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.

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