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Página 1 de 4 Aula 03 A Reforma Pombalina na Educação Brasileira Ao final desta aula, você será capaz de: contextualizar as ideias do Marquês de Pombal dentro do movimento iluminista na Europa do século XVIII; compreender os interesses de Portugal e da Igreja Católica em relação à América Portuguesa na segunda metade do século XVIII; identificar as razões que levaram Portugal a expulsar a Companhia de Jesus de terras brasileiras; analisar as consequências da expulsão dos jesuítas e da reforma pombalina para a educação brasileira. Desde a chegada em 1549, passando por todo o século XVIII onde ampliou e consolidou o monopólio sobre a educação, a Companhia de Jesus tornou-se uma das mais poderosas e influentes instituições no período colonial brasileiro. Com vários colégios e missões espalhadas por todo o território da América portuguesa e espanhola, os jesuítas impuseram através da educação religiosa uma determinada forma de pensar e ver o mundo baseada na fé e na moral católica. O crescente poder da Companhia de Jesus contrasta com um certo declínio econômico e financeiro de Portugal, a partir de meados do século XVIII. A rivalidade com outras potências coloniais como Holanda, Inglaterra e França e a decadência do comércio com o Oriente podem ser apontados como alguns dos fatores que levaram Portugal à crise. A descoberta do ouro, em fins do século XVII, deu condições ao Rei D. João V (1706-1750) de governar com enorme luxo e ostentação. A assinatura do Tratado de Methuen (com a Inglaterra) foi extremamente desfavorável para a economia portuguesa, pois elevou o déficit da balança comercial e inibiu o desenvolvimento da manufatura têxtil em Portugal. Em 1750, D. José I assume o trono português tendo Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, como o seu primeiro-ministro. Pombal ficou conhecido como um dos déspotas esclarecidos da Europa no século XVIII. O seu período da administração à frente do governo português ficou marcado pelo esforço no sentido de minimizar a crise econômica em seu país. Uma das políticas adotadas por Pombal foi tentar reduzir a dependência de Portugal dos produtos ingleses e reforçar os laços do pacto colonial com o Brasil, a colônia mais rica do já decadente Império português. Página 2 de 4 Aula 03 A Reforma Pombalina na Educação Brasileira A Europa vivia um momento de grande efervescência cultural e ideológica: o Iluminismo. Pensadores como Voltaire, Montesquieu, Rousseau, Diderot, entre outros, produziram importantes obras centrando suas críticas na sociedade do Antigo Regime e suas estruturas políticas (o Absolutismo), econômicas (o Mercantilismo) e religiosas (o dogmatismo da igreja Católica). Voltaire Montesquieu Rousseau Diderot Uma nova forma de pensar e ver o mundo focado na racionalidade e nos princípios liberais vai ganhar cada vez mais adeptos em toda a Europa. Acreditava-se que a razão seria o instrumento capaz de “iluminar” o caminho dos homens, conduzindo-os a uma era de novos conhecimentos e de progresso para as sociedades e estados. Estava declarado, assim, o conflito entre a fé e a razão. O Estado português, ainda centralizado nas práticas mercantilistas e no absolutismo monárquico, vai entrar em choque com a Igreja Católica em função da existência de interesses econômicos e ideológicos conflitantes. A situação no Brasil na segunda metade do século XVIII exemplifica muito bem aquele contexto histórico. Em 1750, foi assinado o Tratado de Madri. Com a assinatura do Tratado de Madri por Portugal e Espanha, o Marquês de Pombal passou a exigir a retirada dos jesuítas da região das missões localizada no extremo sul do Brasil. Com a assinatura do Tratado de Madri por Portugal e Espanha, o Marquês de Pombal passou a exigir a retirada dos jesuítas da região das missões localizada no extremo sul do Brasil. Podemos resumir em duas as razões que levaram o Marquês de Pombal a expulsar os jesuítas do Brasil. Página 3 de 4 Aula 03 A Reforma Pombalina na Educação Brasileira O poder econômico Origina-se das riquezas extraídas da terra com a utilização do trabalho escravo indígena e africano. A Companhia de Jesus se tornou muito rica ao longo dos 210 anos de permanência no Brasil, o que conferiu aos jesuítas um enorme poder político, que em alguns momentos rivalizava com o poder do estado português, como no caso da resistência em deixar o território dos Sete Povos das Missões, na região do Prata. Após a expulsão, Portugal confiscou os bens da Companhia de Jesus. O poder ideológico Se dá através da educação nos colégios e nas missões, e da moral católica disseminada por toda a sociedade colonial. A Companhia de Jesus determinava o que era certo e errado em termos de comportamento e costumes. À Igreja Católica interessava formar o “homem de fé”, enquanto que para Portugal, em pleno período iluminista, já não interessava mais este tipo de educação. Após a expulsão dos jesuítas, foram destruídos muitos livros e manuscritos pertencentes àquela ordem religiosa. A segunda metade do século XIX representou para a história brasileira um período de grandes mudanças. A desestruturação do sistema de ensino (ensino elementar, secundário e superior/formação de padres), devido ao fechamento dos colégios sob o controle dos padres jesuítas. O retorno dos índios, até então sob a tutoria dos padres jesuítas nas missões, à condição de presa para os caçadores de escravos. A Reforma Pombalina Na tentativa de suprir o espaço deixado pela ausência da Companhia de Jesus na educação no Brasil Colonial, o estado português tomou algumas medidas efetivas, a partir de 1772, que ficaram conhecidas como a reforma pombalina. De acordo com Maria Lúcia de Arruda Aranha, as principais medidas foram: a nomeação de professores; o estabelecimento de um plano de estudos e inspeção; a modificação do curso de humanidades, típico do ensino jesuítico, para o sistema de aulas régias de disciplinas isoladas, como ocorrera na metrópole; a instituição do “subsídio literário”, uma espécie de imposto, visando gerar recursos para o pagamento dos professores. A implantação das medidas efetivas pelo Marquês de Pombal pode caracterizar o início do ensino público oficial no Brasil. Página 4 de 4 Aula 03 A Reforma Pombalina na Educação Brasileira Quais os efeitos das medidas tomadas por Pombal para a educação brasileira? De imediato, podemos supor uma queda brusca na qualidade e na organização do ensino. Substituir a experiência e a preparação dos antigos professores (os padres jesuítas) e toda a estrutura curricular e metodológica utilizada por eles nos seus colégios em todo o Brasil não era tarefa muito simples. Os professores que foram nomeados para o Brasil, provavelmente não tinham a formação específica para atuarem na função. Por outro lado, as aulas régias, isoladas, dificilmente poderiam suprir o conjunto de aulas e disciplinas aplicadas organicamente pelos mestres jesuítas. Com todo este quadro, parece ficar claro que houve inúmeras perdas com o desmantela- mento de um aparato educativo que já funcio- nava há mais de duzentos anos. Cabe, porém, indagar: será que o subsídio literário arrecadado regularmente e transferido em forma de salário para os professores propor- cionava-lhes condições de viverem dignamente em nossas terras? Caça-palavras Tendo como base o que você estudou até aqui, leia as dicas abaixo e encontre as palavras. Marque cada palavra que encontrar clicando nas letras. a) Era conhecido como um dos déspotas esclarecidos da Europa no século XVIII. b) Ocorreu durante um momento de grandeefervescência cultural e ideológica na Europa. c) Poder que se origina das riquezas extraídas da terra com a utilização do trabalho escra- vo indígena e africano. d) Poder que se dá através da educação nos colégios e nas missões e da moral católica disseminada por toda a sociedade colonial. Síntese da Aula 03 – A Reforma Pombalina na Educação Brasileira Nesta aula, você: atentou para importantes aspectos a respeito do movimento iluminista na Europa no século XVIII; percebeu que havia um conflito de interesses entre Portugal e a Companhia de Jesus no Brasil Colonial a partir da segunda metade do século XVIII; avaliou as razões e as consequências para a educação no Brasil Colonial com a expulsão dos jesuítas das terras brasileiras em 1759; relacionou as medidas tomadas pelo Marquês de Pombal para a educação no Brasil Colonial com uma nova política de Portugal para a sua colônia na América. Ao final desta aula, você será capaz de: contextualizar as ideias do Marquês de Pombal dentro do movimento iluminista na Europa do século XVIII; compreender os interesses de Portugal e da Igreja Católica em relação à América Portuguesa na segunda metade do século XVIII; identificar as razões que levaram Portugal a expulsar a Companhia de Jesus de terras brasileiras; analisar as consequências da expulsão dos jesuítas e da reforma pombalina para a educação brasileira. Desde a chegada em 1549, passando por todo o século XVIII onde ampliou e consolidou o monopólio sobre a educação, a Companhia de Jesus tornou-se uma das mais poderosas e influentes instituições no período colonial brasileiro. Com vários colégios e missões espalhadas por todo o território da América portuguesa e espanhola, os jesuítas impuseram através da educação religiosa uma determinada forma de pensar e ver o mundo baseada na fé e na moral católica. / O crescente poder da Companhia de Jesus contrasta com um certo declínio econômico e financeiro de Portugal, a partir de meados do século XVIII. A rivalidade com outras potências coloniais como Holanda, Inglaterra e França e a decadência do comércio com o Oriente podem ser apontados como alguns dos fatores que levaram Portugal à crise. A descoberta do ouro, em fins do século XVII, deu condições ao Rei D. João V (1706-1750) de governar com enorme luxo e ostentação. A assinatura do Tratado de Methuen (com a Inglaterra) foi extremamente desfavorável para a economia portuguesa, pois elevou o déficit da balança comercial e inibiu o desenvolvimento da manufatura têxtil em Portugal. Em 1750, D. José I assume o trono português tendo Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, como o seu primeiro-ministro. A Europa vivia um momento de grande efervescência cultural e ideológica: o Iluminismo. Pensadores como Voltaire, Montesquieu, Rousseau, Diderot, entre outros, produziram importantes obras centrando suas críticas na sociedade do Antigo Regime e suas estruturas políticas (o Absolutismo), econômicas (o Mercantilismo) e religiosas (o dogmatismo da igreja Católica). Uma nova forma de pensar e ver o mundo focado na racionalidade e nos princípios liberais vai ganhar cada vez mais adeptos em toda a Europa. Acreditava-se que a razão seria o instrumento capaz de “iluminar” o caminho dos homens, conduzindo-os a uma era de novos conhecimentos e de progresso para as sociedades e estados. Estava declarado, assim, o conflito entre a fé e a razão. O Estado português, ainda centralizado nas práticas mercantilistas e no absolutismo monárquico, vai entrar em choque com a Igreja Católica em função da existência de interesses econômicos e ideológicos conflitantes. A situação no Brasil na segunda metade do século XVIII exemplifica muito bem aquele contexto histórico. Em 1750, foi assinado o Tratado de Madri. Com a assinatura do Tratado de Madri por Portugal e Espanha, o Marquês de Pombal passou a exigir a retirada dos jesuítas da região das missões localizada no extremo sul do Brasil. Com a assinatura do Tratado de Madri por Portugal e Espanha, o Marquês de Pombal passou a exigir a retirada dos jesuítas da região das missões localizada no extremo sul do Brasil. Podemos resumir em duas as razões que levaram o Marquês de Pombal a expulsar os jesuítas do Brasil. A segunda metade do século XIX representou para a história brasileira um período de grandes mudanças. A desestruturação do sistema de ensino (ensino elementar, secundário e superior/formação de padres), devido ao fechamento dos colégios sob o controle dos padres jesuítas. O retorno dos índios, até então sob a tutoria dos padres jesuítas nas missões, à condição de presa para os caçadores de escravos. A Reforma Pombalina Na tentativa de suprir o espaço deixado pela ausência da Companhia de Jesus na educação no Brasil Colonial, o estado português tomou algumas medidas efetivas, a partir de 1772, que ficaram conhecidas como a reforma pombalina. De acordo com Maria Lúcia de Arruda Aranha, as principais medidas foram: a nomeação de professores; o estabelecimento de um plano de estudos e inspeção; a modificação do curso de humanidades, típico do ensino jesuítico, para o sistema de aulas régias de disciplinas isoladas, como ocorrera na metrópole; a instituição do “subsídio literário”, uma espécie de imposto, visando gerar recursos para o pagamento dos professores. A implantação das medidas efetivas pelo Marquês de Pombal pode caracterizar o início do ensino público oficial no Brasil. Quais os efeitos das medidas tomadas por Pombal para a educação brasileira? De imediato, podemos supor uma queda brusca na qualidade e na organização do ensino. Substituir a experiência e a preparação dos antigos professores (os padres jesuítas) e toda a estrutura curricular e metodológica utilizada por eles nos seus colégios em todo o Brasil não era tarefa muito simples. Os professores que foram nomeados para o Brasil, provavelmente não tinham a formação específica para atuarem na função. Por outro lado, as aulas régias, isoladas, dificilmente poderiam suprir o conjunto de aulas e disciplinas aplicadas organicamente pelos mestres jesuítas. Com todo este quadro, parece ficar claro que houve inúmeras perdas com o desmantela-mento de um aparato educativo que já funcio-nava há mais de duzentos anos. Cabe, porém, indagar: será que o subsídio literário arrecadado regularmente e transferido em forma de salário para os professores propor-cionava-lhes condições de viverem dignamente em nossas terras? Síntese da Aula 03 – A Reforma Pombalina na Educação Brasileira Nesta aula, você: atentou para importantes aspectos a respeito do movimento iluminista na Europa no século XVIII; percebeu que havia um conflito de interesses entre Portugal e a Companhia de Jesus no Brasil Colonial a partir da segunda metade do século XVIII; avaliou as razões e as consequências para a educação no Brasil Colonial com a expulsão dos jesuítas das terras brasileiras em 1759; relacionou as medidas tomadas pelo Marquês de Pombal para a educação no Brasil Colonial com uma nova política de Portugal para a sua colônia na América.
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