Buscar

Mege Extensivo Rodada 1 (Material de apoio Consumidor, Direito da Criança e do Adolescente, Processo Civil e Civil) 02

Prévia do material em texto

É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
1ª
 F
A
S
ETURMA EXTENSIVA
PARA MAGISTRATURA
ESTADUAL
RODADA 01
#MegeExtensivo
@ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
Sumário
@ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA RODADA 3
1. DIREITO DO CONSUMIDOR 4
1.1 DOUTRINA (RESUMO) 6
1.2 LEGISLAÇÃO 38
2. DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 42
2.1 DOUTRINA (RESUMO) 44
2.2 JURISPRUDÊNCIA 58
3. DIREITO PROCESSUAL CIVIL (Parte 1) 59
3.1 DOUTRINA (RESUMO) 61
3.2 LEGISLAÇÃO 72
3.3 JURISPRUDÊNCIA 75
4. DIREITO PROCESSUAL CIVIL (Parte 2) 60
4.1 DOUTRINA (RESUMO) 80
4.2. LEGISLAÇÃO 108
4.3. JURISPRUDÊNCIA 114
5. DIREITO CIVIL 123
5.1. DOUTRINA (RESUMO) 125
5.2 . LEGISLAÇÃO E SÚMULAS 140
5.3. JURISPRUDÊNCIA 145
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
3
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA RODADA 
(Conforme Edital Mege)
1 CONSUMIDOR
2 CRIANÇA E ADOLESCENTE
3 PROCESSO CIVIL
4
Beatriz Fonteles
Guilherme Andrade
Camila Figueiredo
Edison Burlamaqui
@ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br
CIVIL
Item 1 (Direitos do consumidor. Disposições gerais.
Política nacional de relações de consumo. 
Direitos básicos do consumidor.)
Item 1 (Do Estatuto da criança e do adolescente. 
Das disposições preliminares. Dos direitos fundamentais.)
Parte 1 - Item 1 (Direito Processual Civil. Breves
apontamentos sobre Teoria Geraldo Direito Processual Civil.)
Parte 2 - Item 2 (Direito Processual Civil. Da jurisdição e da ação.)
Item 1 (Introdução ao Direito Civil.
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro.)
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
4DIREITO DO CONSUMIDOR
1
(conteúdo atualizado em 26-08-2017)
Item 1 (Direitos do consumidor. Disposições gerais.
Política nacional de relações deconsumo. 
Direitos básicos do consumidor.)
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
5
Nesta rodada, trataremos sobre os Direitos do Consumidor. 
Esse tópico, como vimos na nossa aula inaugural, é um dos 
prediletos para provas objetivas de concursos públicos. Apesar de a 
previsão legal não ser extensa, há profunda e rica jurisprudência 
tratando de vários subtemas.
Foquem especialmente na denição de consumidor (zemos 
uma tabela comparativa com diversos casos reconhecidos, ou 
não, pela jurisprudência como relação consumerista), na 
concepção de vulnerabilidade e nos direitos propriamente ditos, 
com destaque para a inversão do ônus da prova.
Considerando a enorme quantidade de julgados e posições 
apresentados, optamos, nesta rodada, por dispor das súmulas e da 
jurisprudência ao longo do resumo doutrinário, razão pela qual não 
há tópico especíco. Há indicações importantes de julgados já 
deste ano de 2017.
Por m, por mais que a previsão legal seja singela, não 
diminuam a importância da sua (re)leitura, pois muitas questões 
objetivas cobram o básico previsto nos arts. 1o a 7o do CDC.
Ótimos estudos!
Professora Beatriz Fonteles.
Apresentação
@ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
6
OBSERVAÇÃO
1.1 DOUTRINA (RESUMO)
1.1.1. A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 E A PROTEÇÃO À FIGURA DO 
CONSUMIDOR
A Constituição Federal de 1988 inaugurou um marco diferenciado de 
proteção à gura do consumidor, mediante três previsões distintas, duas no 
corpo da CF/88 e outra no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias:
a) Direito fundamental – art. 5, XXXII (“o Estado promoverá, na forma da 
lei a defesa do consumidor, ”);
b) Princípio da atividade econômica – art. 170, V (“defesa do 
consumidor”);
c) Previsão constitucional para elaboração do CDC - ADCT, art. 48 (“o 
Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da 
Constituição, elaborará código de defesa do consumidor”).
A defesa do consumidor é tratada na CF/88 tanto como direito 
fundamental quanto como princípio da ordem econômica. 
Como direito fundamental, o direito do consumidor possui ecácia vertical 
e horizontal, bem como aplicação direta e imediata (o STF já chancelou a tese 
da aplicação direta dos direitos fundamentais às relações privadas, também 
denominada – RE 201.819, Rel. ecácia horizontal dos direitos fundamentais
Min. Gilmar Mendes, j. 11/10/2005).
Enquanto princípio da ordem econômica, a defesa do consumidor é um 
princípio de ação política, a legitimar a adoção de medidas de intervenção 
estatal necessárias a assegurar a proteção prevista (dirigismo contratual).
Ao lado das previsões explícitas acima citadas, existem várias outras 
normas constitucionais que se aplicam às relações de consumo, como: a 
dignidade da pessoa humana, na qualidade de fundamento da República 
(CF/88, art. 1 , III); a igualdade substancial e a solidariedade como objetivos 
o
fundamentais da República (CF/88, art. 3 , I e III) etc.
o
a
A proteção ao consumidor é classicada como direito fundamental de 3 
geração ou dimensão, pois decorre do princípio da fraternidade 
(pacicação social).
@ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
7
OBSERVAÇÃO
OBSERVAÇÃO
@ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br
1.1.2. COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL PARA LEGISLAR SOBRE DIREITO DO 
CONSUMIDOR
A Constituição Federal de 1988 estabelece a competência legislativa 
concorrente para legislar sobre e acerca da produção e consumo
responsabilidade por (art. 24, V e VIII), reservando-se à dano ao consumidor
União a competência para a xação das normas gerais e deixando-se aos 
Estados-membros e ao Distrito Federal a competência suplementar, para 
adequar a legislação federal às peculiaridades locais (vide par. 1 ).
o
Não confundir a competência legislativa concorrente acima com a 
competência privativa da União para legislar sobre propaganda comercial 
(art. 22, XXIX).
O STF tem reconhecido a competência dos para legislarem municípios
sobre matéria de defesa dos direitos dos consumidores, desde que o assunto 
seja de interesse local (CF, art. 30, I). 
STF: tem precedente no sentido de que o atendimento ao público e o 
tempo máximo de espera na la de instituição bancária é matéria de interesse 
local e de proteção ao consumidor (de competência legislativa do Município). 
RE 432.789/SC, Rel. Min. Eros Grau, Primeira Turma, DJ 07/10/2005. 
STJ: Considerou inconstitucionais quatro leis do Estado do Rio de Janeiro 
que disciplinam condições de prestação de serviço bancário dentro do 
espaço físico das agências (ex.: instalação de banheiros e bebedouros), por 
entender se tratar de assunto de interesse local e, portanto, de competência 
do Município, e não do Estado. AI no RMS 28.910/RJ, Rel. Min. Benedito 
Gonçalves, Corte Especial, DJe 08/05/2012.
 
ATENÇÃO: Súmula Vinculante 38 do STF - É competente o MUNICÍPIO para 
xar o HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO DE ESTABELECIMENTO COMERCIAL.
NÃO CONFUNDIR: Súmula 19 do STJ - A xação do HORÁRIO BANCÁRIO, para 
atendimento ao público, é da competência da UNIÃO.1.1.3. NORMAS DE ORDEM PÚBLICA E INTERESSE SOCIAL
O art. 1 do CDC estabelece que suas normas são de ordem pública e 
o
interesse social. Signica, pois, que se tratam de , que devem normas cogentes
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
8
prevalecer sobre alguns aspectos da vontade das partes. O , em diversos STJ
julgados, chancela essa natureza. Observe-se as duas ementas abaixo e os 
fundamentos apresentados:
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. NORMA DE ORDEM PÚBLICA. 
DERROGAÇÃO DA LIBERDADE CONTRATUAL. O caráter de norma pública 
atribuído ao Código de Defesa do Consumidor derroga a liberdade contratual 
para ajustá-la aos parâmetros da lei (...).
(STJ, REsp 292942/MG, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJ 07/05/2001)
As normas de proteção e defesa do consumidor têm índole de 'ordem pública 
e interesse social'. São, portanto, indisponíveis e inafastáveis, pois resguardam 
valores básicos e fundamentais da ordem jurídica do Estado Social, daí a 
impossibilidade de o consumidor delas abrir mão ex ante e no atacado. 
(STJ, REsp 586316/MG, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 19/03/2009).
A natureza das normas consumeristas gera duas consequências 
principais e bastante abordadas em provas de concurso público.
a) Inadmissibilidade de renúncia a direitos e garantias contidos no CDC.
b) Possibilidade de o magistrado apreciar matérias de ofício nas relações 
de consumo.
c) Eventuais contratos, cláusulas ou ajustes que prevejam que o 
consumidor abra mão de algum direito (por exemplo, da garantia 
legal, do prazo prescricional etc.) devem ser tidos como não-escritos.
A possibilidade de reconhecimento de determinados direitos ex ofcio
consumeristas (por exemplo, a inversão do ônus da prova, a desconsideração 
da personalidade jurídica, a declaração de nulidade de cláusula abusiva) 
encontra uma exceção importante, criada pela jurisprudência.
@ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
9
OBSERVAÇÃO
OBSERVAÇÃO
STJ: Não admite a declaração de ofício das cláusulas abusivas em contratos 
bancários.
Súmula 381. Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de 
ofício, da abusividade das cláusulas.
Importante ter cuidado com o fato de que a vedação prevista na súmula é 
limitada às cláusulas abusivas insertas em contratos bancários. Para outros 
contratos, é permitida a sua declaração de ofício, tal qual se extrai do teor do 
caput do art. 51 do CDC.
Em que pese as duras críticas doutrinárias ao enunciado acima, o STJ 
continua a aplicar a referida súmula em julgados recentes (ex vi AgRg no REsp 
1403056/RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, T4, DJe 07/03/2016).
Desse modo, para provas de concurso público, a Súmula 381 deve ser 
conhecida e tida como válida (trata-se de tema cobrado à exaustão). Em 
provas discursivas, após indicar o posicionamento do STJ, inclusive com a 
citação da Súmula, o candidato pode fazer uma reexão crítica, apontando 
o posicionamento da doutrina.
Norma de ordem pública não é sinônimo de norma de direito público.
Trata-se de uma “pegadinha” que já foi objeto de questionamento em prova 
objetiva.
O CDC não é formado essencialmente de normas de direito público. Contém 
normas de direito privado e algumas normas de direito público (como os tipos 
penais, por exemplo).
1.1.4. MICROSSISTEMA JURÍDICO
O CDC representa um microssistema jurídico porque possui normas que 
regulamentam a proteção do consumidor sob todos os aspectos, de caráter 
interdisciplinar (normas de natureza civil, administrativa, penal, processual civil 
etc.) e coordenadas entre si. Registre-se, porém, que não se trata de sistema 
isolado em si, mas integrado ao todo normativo cujo ápice se encontra na 
Constituição Federal.
@ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
10
OBSERVAÇÃO
1.1.5. APLICAÇÃO DO CDC AOS CONTRATOS ANTERIORES À SUA VIGÊNCIA
Questionamento importante é sobre a aplicabilidade do CDC aos 
contratos de consumo rmados antes da sua vigência. Em outros termos, o CDC 
é aplicável aos contratos anteriores?
Via de regra, não. Essa é a posição do STF e do STJ:
Sendo constitucional o princípio de que a lei não pode prejudicar o ato 
jurídico perfeito, ele se aplica também às leis de ordem pública. De outra 
parte, se a cláusula relativa à rescisão com a perda de todas as quantias já 
pagas constava do contrato celebrado anteriormente ao Código de Defesa 
do Consumidor, ainda quando a rescisão tenha ocorrido após a entrada em 
vigor deste, a aplicação dele para se declarar nula a rescisão feita de 
acordo com aquela cláusula fere, sem dúvida alguma, o ato jurídico perfeito, 
porquanto a modicação dos efeitos futuros de ato jurídico perfeito 
caracteriza a hipótese de retroatividade mínima que também é alcançada 
o
pelo disposto no art. 5 , XXXVI, da Carta Magna.
(STF, RE 205999-4/SP, Rel. Min. Moreira Alves, DJ 03.03.2000).
Conquanto o CDC seja norma de ordem pública, não pode retroagir para 
alcançar o contrato que foi celebrado e produziu seus efeitos na vigência da 
lei anterior, sob pena de afronta ao ato jurídico perfeito.
(STJ, REsp 248155/SP, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJ 23.05.2000).
Há, entretanto, uma situação em que o CDC se aplica aos contratos 
celebrados anteriormente. Conra no destaque:
Tratando-se de contrato de trato sucessivo ou de execução diferida, o STJ 
tem admitido a incidência do CDC, sob o fundamento de que, nesses tipos 
de ajuste, há renovação periódica da sua vigência (a cada pagamento 
efetuado). Neste caso, portanto, não há ofensa ao ato jurídico perfeito.
1.1.6. DIÁLOGO DAS FONTES
Diálogo das fontes é nova técnica para solução de antinomias entre 
fontes legislativas, superando os critérios tradicionais (cronológico, 
especialidade e hierarquia). Trata-se de convivência entre normas 
aparentemente incompatíveis na órbita jurídica, permitindo inuências 
recíprocas entre elas. 
@ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
11
Como é uma lei principiológica, o CDC ingressa no sistema jurídico 
fazendo um corte horizontal, alcançando toda e qualquer relação jurídica de 
consumo, mesmo que regrada por outra fonte normativa. Até porque há 
previsão legal no próprio CDC no sentido de que os direitos nele previstos “não 
excluem outros decorrentes de tratados ou convenções internacionais de que 
o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos 
expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que 
o
derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e equidade (art. 7 , 
caput).
Dessa forma, pode-se dizer que o CDC e o CC, por exemplo, se 
completam na proteção ao consumidor. Assim, deve-se buscar, em regra, a 
norma mais favorável ao consumidor independente de qual sistema decorra.
Aproximação Principiológica do CDC e do CC - No decorrer do estudo do 
direito do consumidor é possível perceber uma grande aproximação jurídica 
do CDC com o CC no que se refere aos princípios contratuais. 
Enunciado 167 do CJF - Com o advento do CC de 2002, houve forte 
aproximação principiológica entre esse Código e o CDC, no que respeita à 
regulação contratual, uma vez que ambos são incorporadores de uma nova 
teoria geral dos contratos.Outros exemplos: CDC e Lei n. 9.656/1998 (planos de saúde), CDC e o 
Estatuto do Idoso (Lei n. 10.741/2003).
Espécies de diálogo das fontes: 
a) Diálogo sistemático de coerência: consiste no aproveitamento da base 
conceitual de uma lei por outra.
b) Diálogo sistemático de complementaridade e subsidiariedade: consiste 
na adoção de princípios e normas, em caráter complementar, por um 
dos sistemas, quando se zer necessário para a solução de um caso 
concreto. Ex. aplicação de algum prazo prescricional do CC às 
relações regidas pelo CDC. 
c) Diálogo de inuências recíprocas (de coordenação e adaptação 
sistemática): consiste na inuência do sistema geral no especial e do 
sistema especial no geral. 
@ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
12
OBSERVAÇÃO
Em aplicação clara do diálogo das fontes, o vinha entendendo que o prazo STJ
prescricional para cobrança do indébito de tarifas de água e esgoto é aquele de 
10 (dez) anos previsto no CC/2002, e não o prazo prescricional de 05 (cinco) 
anos previsto no CDC.
Nesse sentido, a Súmula 412 do STJ: A ação de repetição de indébito de tarifas de 
água e esgoto sujeita-se ao prazo prescricional estabelecido no Código Civil.
Neste ano de 2017, a matéria foi objeto de decisão em sede de Recurso 
Especial sob a sistemática dos recursos repetitivos (Informativo 603 do STJ):
10. A Primeira Seção, no julgamento do REsp 1.113.403/RJ, de relatoria 
do Ministro Teori Albino Zavascki (DJe 15/9/2009), submetido ao regime 
dos recursos repetitivos do art. 543-C do Código de Processo Civil e da 
Resolução STJ n. 8/2008, rmou orientação de que, ante a ausência de 
disposição especíca acerca do prazo prescricional aplicável à prática 
comercial indevida de cobrança excessiva, é de rigor a incidência das 
normas gerais relativas à prescrição insculpidas no Código Civil na ação 
de repetição de indébito de tarifas de água e esgoto. Assim, o prazo é 
vintenário, na forma estabelecida no art. 177 do Código Civil de 1916, ou 
decenal, de acordo com o previsto no art. 205 do Código Civil de 2002.
(...)
13. Tese jurídica rmada de que "o prazo prescricional para as ações de 
repetição de indébito relativo às tarifas de serviços de água e esgoto 
cobradas indevidamente é de: (a) 20 (vinte) anos, na forma do art. 177 do 
Código Civil de 1916; ou (b) 10 (dez) anos, tal como previsto no art. 205 do 
Código Civil de 2002, observando-se a regra de direito intertemporal, 
estabelecida no art. 2.028 do Código Civil de 2002".
(REsp 1532514/SP, Rel. Ministro Og Fernandes, S1, DJe 17/05/2017)
1.1.7 A RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO
DISPOSIÇÕES GERAIS
O CDC dene os elementos básicos da relação jurídica de consumo nos 
o o
seus arts. 2 e 3 , quais sejam:
a) Consumidor – toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza 
produto ou serviço como destinatário nal;
b) Fornecedor – toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, 
nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que 
@ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
13
desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, 
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou 
comercialização de produtos ou prestação de serviços;
c) Produto – qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial;
d) Serviço – qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, 
mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, 
nanceira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações 
de caráter trabalhista.
Para haver relação consumerista, os dois primeiros elementos (de cunho 
subjetivo) precisam estar presentes (ou seja, necessariamente um fornecedor e 
um consumidor) e um dos dois elementos objetivos (produto ou serviço).
Apesar da aparente simplicidade das denições legais, os conceitos 
acima são cheios de nuances e aprofundamentos que os candidatos para 
concursos precisam saber, pois, atualmente, é muito mais cobrado o que vai 
além da previsão legal, consistente no aperfeiçoamento das denições pela 
doutrina e jurisprudência, o que será visto detalhadamente nos tópicos a seguir.
CONSUMIDOR
O CDC traz 4 (quatro) denições de consumidor, cuja classicação 
doutrinária segue adiante.
a) Consumidor stricto sensu ou standard – é a pessoa física ou jurídica que 
o
adquire ou utiliza produto ou serviço, como destinatário nal (art. 2 , 
caput);
b) Consumidor equiparado em sentido coletivo - é a coletividade de 
pessoas, ainda que indetermináveis, que haja �intervindo na relação 
o
de consumo (art. 2 , parágrafo único);
c) Consumidor equiparado bystander – é toda vítima de acidente de 
consumo (art. 17); e
d) Consumidor equiparado potencial ou virtual – são todas as pessoas, 
determináveis ou não, expostas às práticas comerciais (art. 29).
Passa-se à análise de cada uma das guras acima.
@ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
14
O
CONSUMIDOR STRICTO SENSU OU STANDARD (ART. 2 , CAPUT)
Consumidor é:
- pessoa física ou pessoa jurídica
- que adquire ou utiliza produto e/ou serviço
- como destinatário nal.
Entretanto, o desao dos operadores do Direito reside justamente em 
denir o que seja “destinatário nal”. Há duas grandes teorias que se propõem a 
denir a expressão: 
a) Teoria maximalista (objetiva): é o destinatário fático, aquele que retira o 
produto/serviço do mercado de consumo (não importando se será 
revendido, empregado prossionalmente ou diretamente consumido).
Crítica à teoria: amplia-se demasiadamente o campo de aplicação 
das normas protetivas, o que pode produzir outras desigualdades 
(como proteção de prossionais que não são vulneráveis).
b) Teoria minimalista ou nalista (subjetiva): é o destinatário fático e 
econômico do produto/serviço, ou seja, não basta o consumidor retirar 
o bem da cadeia de produção, também deve empregá-lo para 
atender necessidade pessoal ou familiar (e não revender ou empregar 
prossionalmente)
- Destinatário nal fático - refere-se à posição do consumidor na cadeia 
de consumo. Assim, o consumidor deve ser o último nesta cadeia, não 
havendo ninguém na transmissão do produto ou do serviço. 
- Destinatário nal econômico - o consumidor não utiliza o produto ou o 
serviço para o lucro, repasse ou transmissão onerosa.
Crítica à teoria: a sua aplicação de forma irrestrita pode gerar injustiças.
Em um primeiro momento, seguindo inclinação doutrinária predominante, 
o STJ consolidou a Teoria Finalista como aquela que melhor indica a diretriz 
para a interpretação do conceito de consumidor.
- Vale-se do conceito jurídico de consumidor
Forma de modificar a CONSTITUIÇÃO
Teoria Maximalista ou objetiva
REFORMATeoria Minimalista,
Finalista ou subjetiva
- O destinatário final é o fático
- Vale-se do conceito econômico de consumidor
- O destinatário final é o fático e econômico
@ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
15
OBSERVAÇÃO
Mas houve uma evolução da referida teoria, com base em um julgado 
paradigmático do STJ, que representou um abrandamento ou mitigação do 
entendimento. Trata-se da TEORIA FINALISTA APROFUNDADA OU MITIGADA.Segundo essa teoria, em determinadas hipóteses, o CDC deve ser aplicado 
mesmo em casos em que não se trata de destinatário nal e econômico. Como 
exemplo, em casos difíceis envolvendo pequenas empresas que utilizam 
insumos para a produção, mas não em sua área de expertise ou com uma 
utilização mista, principalmente na área de consumo, provada a 
vulnerabilidade, conclui-se pela aplicação do CDC. 
Assim, aplicar-se-ia o CDC para pessoas jurídicas que comprovem sua 
vulnerabilidade e que atuam fora do âmbito de sua especialidade. Ex.: 
Aquisição de máquina de bordar para pequena produção de subsistência; 
caminhoneiro que adquire caminhão, etc. 
A vulnerabilidade pode ser de quatro espécies: técnica, jurídica, 
econômica ou informacional.
- Vulnerabilidade técnica: o comprador não possui conhecimentos 
especícos sobre o produto ou o serviço, podendo ser mais facilmente iludido 
no momento da contratação.
- Vulnerabilidade jurídica ou cientíca: falta de conhecimentos jurídicos ou 
de outros referentes à relação, como contábeis, matemáticos, econômicos etc.
- Vulnerabilidade econômica ou fática: real diante do parceiro contratual, 
seja em decorrência do grande poderio econômico deste, seja por sua 
posição de monopólio, seja pela essencialidade do serviço que presta, 
impondo uma posição de superioridade na relação contratual.
- Vulnerabilidade informacional: há quem a enquadre como 
vulnerabilidade técnica. É o décit informacional do consumidor na sociedade 
atual que pode inuenciar no processo de aquisição de bens e serviços.
CONCLUSÃO: o consumidor intermediário somente poderá ser considerado 
consumidor se provar sua vulnerabilidade (atenção para os enunciados das 
questões – se se falar em pessoa jurídica que exerce atividade empresarial ou 
em consumidor intermediário sem deixar clara a vulnerabilidade, é provável 
que a resposta seja a inaplicabilidade do CDC).
Via de regra, a vulnerabilidade da é presumida, ao passo pessoa física
que a da deve ser demonstrada no caso concreto.pessoa jurídica
@ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
16
OBSERVAÇÃO
Pela importância e lucidez do julgado paradigma da Teoria do Finalista 
Aprofundado ou Mitigado, transcreve-se a sua ementa e recomenda-se a leitura:
CONSUMIDOR. DEFINIÇÃO. ALCANCE. TEORIA FINALISTA. REGRA. MITIGAÇÃO. 
F INALISMO APROFUNDADO. CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO. 
VULNERABILIDADE.
1. A jurisprudência do STJ se encontra consolidada no sentido de que a 
determinação da qualidade de consumidor deve, em regra, ser feita mediante 
aplicação da teoria nalista, que, numa exegese restritiva do art. 2º do CDC, 
considera destinatário nal tão somente o destinatário fático e econômico do 
bem ou serviço, seja ele pessoa física ou jurídica.
2. Pela teoria nalista, ca excluído da proteção do CDC o consumo 
intermediário, assim entendido como aquele cujo produto retorna para as 
cadeias de produção e distribuição, compondo o custo (e, portanto, o preço 
nal) de um novo bem ou serviço. Vale dizer, só pode ser considerado consumidor, 
para ns de tutela pela Lei nº 8.078/90, aquele que exaure a função econômica 
do bem ou serviço, excluindo-o de forma denitiva do mercado de consumo.
3. A jurisprudência do STJ, tomando por base o conceito de consumidor por 
equiparação previsto no art. 29 do CDC, tem evoluído para uma aplicação 
temperada da teoria nalista frente às pessoas jurídicas, num processo que a 
doutrina vem denominando nalismo aprofundado, consistente em se admitir 
que, em determinadas hipóteses, a pessoa jurídica adquirente de um produto 
ou serviço pode ser equiparada à condição de consumidora, por apresentar 
frente ao fornecedor alguma vulnerabilidade, que constitui o princípio-motor 
da política nacional das relações de consumo, premissa expressamente 
xada no art. 4º, I, do CDC, que legitima toda a proteção conferida ao 
consumidor.
4. A doutrina tradicionalmente aponta a existência de três modalidades de 
vulnerabilidade: técnica (ausência de conhecimento especíco acerca do 
produto ou serviço objeto de consumo), jurídica (falta de conhecimento 
jurídico, contábil ou econômico e de seus reexos na relação de consumo) e 
fática (situações em que a insuciência econômica, física ou até mesmo 
psicológica do consumidor o coloca em pé de desigualdade frente ao 
fornecedor).
Mais recentemente, tem se incluído também a vulnerabilidade informacional 
(dados insucientes sobre o produto ou serviço capazes de inuenciar no 
processo decisório de compra).
@ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
17
5. A despeito da identicação in abstracto dessas espécies de vulnerabilidade, a 
casuística poderá apresentar novas formas de vulnerabilidade aptas a atrair a 
incidência do CDC à relação de consumo. Numa relação interempresarial, para 
além das hipóteses de vulnerabilidade já consagradas pela doutrina e pela 
jurisprudência, a relação de dependência de uma das partes frente à outra 
pode, conforme o caso, caracterizar uma vulnerabilidade legitimadora da 
aplicação da Lei nº 8.078/90, mitigando os rigores da teoria nalista e 
autorizando a equiparação da pessoa jurídica compradora à condição de 
consumidora.
6. Hipótese em que revendedora de veículos reclama indenização por danos 
materiais derivados de defeito em suas linhas telefônicas, tornando inócuo o 
investimento em anúncios publicitários, dada a impossibilidade de atender ligações 
de potenciais clientes. A contratação do serviço de telefonia não caracteriza 
relação de consumo tutelável pelo CDC, pois o referido serviço compõe a cadeia 
produtiva da empresa, sendo essencial à consecução do seu negócio.
Também não se verica nenhuma vulnerabilidade apta a equipar a empresa à 
condição de consumidora frente à prestadora do serviço de telefonia. Ainda 
assim, mediante aplicação do direito à espécie, nos termos do art. 257 do RISTJ, 
ca mantida a condenação imposta a título de danos materiais, à luz dos arts. 
186 e 927 do CC/02 e tendo em vista a conclusão das instâncias ordinárias 
quanto à existência de culpa da fornecedora pelo defeito apresentado nas 
linhas telefônicas e a relação direta deste defeito com os prejuízos suportados 
pela revendedora de veículos.
7. Recurso especial a que se nega provimento.
(REsp 1195642/RJ, Rel. Ministra Nancy Andrighi, T3, DJe 21/11/2012)
STJ: 
a) Há relação de consumo entre a sociedade empresária vendedora de aviões 
e a sociedade empresária administradora de imóveis que tenha adquirido 
avião com o objetivo de facilitar o deslocamento de sócios e funcionários. 
Aplica-se a teoria nalista mitigada (STJ. 3ª Turma. AgRg no REsp 1321083-PR, Rel. 
Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 9/9/2014 - Informativo 548). 
b) Há relação de consumo entre a seguradora e a concessionária de veículos 
que rmam seguro empresarial visando à proteção do patrimônio desta 
(destinação pessoal), ainda que com o intuito de resguardar veículos utilizados 
em sua atividade comercial, desde que o seguro não integre os produtos ou 
serviços oferecidos por esta (STJ. 3ª Turma. REsp 1352419-SP, Rel. Min. Ricardo 
Villas Bôas Cueva, julgado em 19/8/2014 - Informativo 548). 
@ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
18
O
CONSUMIDOR EQUIPARADO EM SENTIDO COLETIVO (ART. 2 , PARÁGRAFOÚNICO)
É a universalidade, conjunto de consumidores de produtos e serviços, ou 
mesmo grupo, classe ou categoria deles, e desde que relacionados a um 
determinado produto ou serviço.
Trata-se de perspectiva extremamente relevante e realista, porquanto é 
natural que se previna, por exemplo, o consumo de produtos e serviços 
perigosos ou então nocivos, beneciando-se, assim, abstratamente as referidas 
universalidades e categorias de potenciais consumidores. 
Ou então, se já provocado o dano efetivo pelo consumo de tais produtos 
ou serviços, o que se pretende é conferir à universalidade ou grupo de 
consumidores os devidos instrumentos jurídico-processuais para que possa 
obter a justa e mais completa possível reparação dos responsáveis. 
CONSUMIDOR EQUIPARADO BYSTANDER (ART. 17)
Para os ns de responsabilidade civil, o art. 17 do CDC considera como 
consumidor qualquer vítima da relação de consumo, ou seja, todos os 
prejudicados pelo evento de consumo. 
O STJ considerou consumidor equiparado o proprietário de uma 
residência sobre a qual caiu um avião. Da mesma forma, se considerou como 
consumidores equiparados os pais de uma criança que foi atacada por 
animais em um circo. 
STJ: Comerciante que foi atingido em seu olho por estilhaços de uma 
garrafa de cerveja, que estourou em suas mãos quando a colocava em um 
freezer, é vítima de um acidente de consumo e considerado consumidor para 
ns de reparação das lesões sofridas (REsp 1.288.008, Rel. Min. Paulo de Tarso 
Sanseverino, j. 04/04/2013).
STJ: Determinada pessoa teve seu nome inscrito no serviço de proteção ao 
crédito porque alguém utilizou seu nome em um cheque falsicado para pagar 
estadia em hotel. Diante do não pagamento do cheque, o banco levou a 
protesto o título de crédito. Essa pessoa negativada será considerada 
consumidora por equiparação, nos termos do art. 17 do CDC. Houve um 
acidente de consumo causado pela suposta falta de segurança na prestação 
do serviço por parte do estabelecimento hoteleiro que, no caso concreto, 
poderia ter identicado a fraude. Logo, sendo a vítima considerada 
@ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
19
Instituições financeiras
Súmula 297 do STJ – O CDC é aplicável às 
instituições financeiras.
Contratos de plano de saúde
Súmula 469 do STJ – Aplica-se o CDC aos 
contratos de plano de saúde.
Entidades abertas de previdência complementar
Súmula 563 do STJ – O CDC é aplicável às 
entidades abertas de previdência complementar, 
não incidindo nos contratos previdenciários 
celebrados com entidades fechadas.
Contratos de administração imobiliária – apenas à 
relação entre o proprietário/possuidor/locador e a 
imobiliária que contrata para administrar seus 
interesses
(STJ, REsp 509.304, DJe 23/05/2013)
Forma de modificar a CONSTITUIÇÃO
Forma de modificar a CONSTITUIÇÃO
Forma de modificar a CONSTITUIÇÃO
Forma de modificar a CONSTITUIÇÃO
Há relação de consumo
Aplica-se o CDC
REFORMANÃO há relação de consumo
NÃO se aplica o CDC
Entre o INSS (autarquia previdenciária) e os 
beneficiários
(STJ, REsp 369.822, DJ 22/04/2003)
ATENÇÃO: Plano de saúde administrado por 
entidade de autogestão
(STJ, REsp 1.285.483, DJe 22/06/2016)
Entidades fechadas de previdência complementar
Contratos de locação disciplinados pela Lei n. 
8.245/91 (relação de locação imobiliária)
(STJ, AgRg no REsp 510.689, DJ 11/06/2007; 
AgRg no AREsp 111.983, DJe 28/08/2012)
consumidora e sendo o causador do dano um fornecedor de serviços, a ação 
de indenização poderá ser proposta contra o Hotel no foro do domicílio do 
autor (consumidor por equiparação), nos termos do art. 101, I, do CDC (STJ. 2ª 
Seção. CC 128.079-MT, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 12/3/2014 - Info 542).
CONSUMIDOR EQUIPARADO POTENCIAL OU VIRTUAL (ART. 29)
Segundo o art. 29 do CDC, equiparam-se a consumidores todas as 
pessoas, determináveis ou não, expostas às práticas comerciais e empresariais 
nele previstas. 
ANÁLISE JURISPRUDENCIAL DA FIGURA DO CONSUMIDOR E/OU DA RELAÇÃO DE 
CONSUMO
Como já mencionado, a denição de consumidor e de relação de 
consumo tem assento muito fértil na jurisprudência do STJ, que costuma ser 
bastante cobrada. Elaborou-se, assim, a planilha abaixo, onde se tem, de um 
lado, as hipóteses de aplicação do CDC e, de outro, de não aplicação. 
Em algumas linhas, há a correspondência entre casos parecidos e, ao 
nal, os destaques. Leiam e releiam a tabela abaixo com muita atenção. É a 
cara de prova!
@ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
20
Relação entre condomínio e concessionária de 
serviço público (ex.: água e esgoto)
(STJ, REsp 650.791, DJ 20/04/2006)
Aplica-se o CDC ao condomínio de adquirentes de 
edifício em construção, nas hipóteses em que atua 
na defesa dos interesses dos seus condôminos 
frente a construtora ou incorporadora 
(STJ. 3ª Turma. REsp 1.560.728-MG, Rel. Min. 
Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 
18/10/2016 - Info 592).
Contratos de promessa de compra e venda em 
que a incorporadora se obriga à construção de 
unidades imobiliárias mediante financiamento
(STJ, REsp 334.829, DJ 04/02/2002)
Contratos de financiamento vinculados ao 
Sistema Financeiro de Habitação (SFH)
OBS: Há exceção que será tratada abaixo.
(STJ, AgRg no Ag 914.453, DJe 20/03/2009)
Contratos de arrendamento mercantil
(STJ, REsp 664.351, DJ 29/06/2007)
Forma de modificar a CONSTITUIÇÃO
Forma de modificar a CONSTITUIÇÃO
Forma de modificar a CONSTITUIÇÃO
Forma de modificar a CONSTITUIÇÃO
Relações entre condôminos e condomínio
(STJ, REsp 650.791, DJ 20/04/2006)
Contratos de crédito educativo e relações entre 
estudante e programa de financiamento estudantil 
(por se tratar de política governamental de 
fomento à educação, e não de serviço bancário)
(STJ, REsp 600.677, DJ 31/05/2007; AgRg no 
ARE 7.877, DJe 03/11/2011; REsp 1.155.684, DJe 
18/05/2010; REsp 1.031.694, DJe 29/05/2009)
Contratos de financiamento vinculados ao SFH 
fi r m a d o c o m c o b e r t u r a d o F u n d o d e 
Compensação de Variações Salariais (FCVS)
(STJ, AgRg nos EDcl no REsp 1.032.061 DJe 
09/03/2010; REsp 1.483.061, DJe 10/11/2014)
Relação entre representante comercial autônomo 
e a sociedade representada
(STJ, REsp 761.557, DJe 03/12/2009)
@ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br
Relação entre consorciados e administradora de 
consórcio
(STJ, REsp 1.185.109, DJe 15/10/2012
Serviços de atendimento médico-hospitalar em 
hospital de emergência
(STJ, REsp 696.284, DJe 18/12/2009)
Cooperativas de crédito (integram o Sistema 
Financeiro Nacional)
(STJ, AgRg no Ag 1.224.838, DJe 15/03/2010)
Empresa de Correios e Telégrafos (ECT)
(STJ, REsp 1.210.732, DJe 15/03/2013; REsp 
1.183.121, DJe 07/04/2015)
Forma de modificar a CONSTITUIÇÃO
Forma de modificar a CONSTITUIÇÃO
Forma de modificar a CONSTITUIÇÃO
Forma de modificar a CONSTITUIÇÃO
Relação dos consorciados entre si
STJ, REsp 1.185.109, DJe 15/10/2012)
Regime de administração ou preço de custo 
(quando várias pessoas se reúnem para um 
objetivo, p.ex., para construir um prédio) 
(STJ, REsp 860.064, DJe 02/08/2012)
Contrato de franquia
(STJ, REsp 632.958, DJe 29/03/2010)
Contrato de fornecimento de insumos agrícolas 
celebrado entre cooperativa e cooperado (ato 
cooperativo típico)
(STJ, AgRg no REsp 1.122.507, DJe 13/08/2012)
Financiamento bancário ou de aplicaçãofinanceira com finalidade de ampliar capital de giro 
(pois o capital destina-se a fomentar a atividade 
industrial)
(STJ, REsp 963.852, DJe 06/10/2014)
Concessionárias de serviços públicos, inclusive 
de serviços rodoviários
(STJ, AgRg no Ag 1.398.696, DJe 10/11/2011; 
REsp 687.799, DJe 30/11/2009)
Forma de modificar a CONSTITUIÇÃO
Contrato de franquia
(STJ, REsp 632.958, DJe 29/03/2010)
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
21
@ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br
Relação entre pessoa natural e sociedade que 
presta serviço de corretagem de valores e títulos 
mobiliários (de forma habitual e profissional)
OBS: novidade 2017 (Info 600 STJ)
(STJ, REsp 1.599.535, DJe 21/03/2017)
Forma de modificar a CONSTITUIÇÃO
Relações jurídicas tributárias
(STJ, REsp 673.374, DJ 29/06/2007)
Relação entre cliente e casa noturna 
(STJ, REsp 695.000, DJ 21/05/2007)
Forma de modificar a CONSTITUIÇÃO
Em geral, a prestação de serviços entre pessoas 
jurídicas de porte, sem vulnerabilidade da 
empresa consumidora
(STJ, REsp 1.038.645, DJe 24/11/2010)
Contrato de transporte de mercadorias vinculado a 
contrato de compra e venda de insumos (sem 
constatação de vulnerabilidade do consumidor 
profissional ante o fornecedor)
OBS: novidade 2017 (Info 600 STJ)
(STJ, REsp 1.442.674, DJe 30/03/2017)
Transporte aéreo nacional envolvendo o 
consumidor.
Forma de modificar a CONSTITUIÇÃO
Transporte aéreo internacional envolvendo 
relações de consumo ou não (Havendo relação 
de consumo ou não, não se aplica o CDC. As 
Convenções de Varsóvia e de Montreal devem ser 
aplicadas na reparação de danos materiais, como 
extravio de bagagem e outras questões 
envolvendo o transporte aéreo internacional, 
como é o caso da prescrição. Todavia, não se 
aplicam para indenizações por danos morais). 
STF. Plenário. RE 636331/RJ, Rel. Min. Gilmar 
Mendes e ARE 766618/SP, Rel. Min. Roberto 
Barroso, julgados em 25/05/2017 - repercussão 
geral. (Info 866). 
Obs.: considerando que o tema foi decidido em 
sede de repercussão geral pelo STF, o STJ, que 
possuía entendimento distinto, terá que reaver seu 
entendimento.
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
22
OBSERVAÇÃO
@ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br
Além das situações expostas na tabela acima, existem outras que 
merecem maiores explicações, seja pela sua complexidade seja pela 
evolução jurisprudencial, o que será feito em destaque nos quadros abaixo.
Evolução da jurisprudência do STJ no que tange à aplicação do CDC às 
entidades de previdência complementar.
Para se chegar à diferenciação exposta acima entre entidades abertas e 
fechadas de previdência complementar, o STJ passou por uma modicação 
substancial no tempo.
Inicialmente, estava previsto na Súmula 321 que “O CDC é aplicável à relação 
jurídica entre a entidade de previdência privada e seus participantes”.
Perceba-se que o verbete acima tratava apenas do gênero entidade de 
previdência privada, sem diferenciar entre aberta e fechada. A natureza de 
ambas é, porém, distinta e implica em consequências diferentes:
a) entidades abertas: são empresas privadas constituídas sob a forma de 
sociedade anônima e possuem disponíveis para contratação por qualquer 
pessoa física ou jurídica planos de previdência privada. É comum haver 
empresas desta natureza vinculadas a instituições nanceiras conhecidas 
(BrasilPrev do Banco do Brasil, Bradesco Vida e Previdência, Porto Seguro 
Vida e Previdência etc.).
b) entidades fechadas: são pessoas jurídicas organizadas sob a forma de 
fundação ou sociedade civil, mantidas por conglomerados de empresas ou 
empresas de grande porte, que oferecem aos funcionários dessas planos de 
previdência privada. São também denominadas de fundos de pensão. Os 
referidos planos não são acessíveis/comercializáveis a terceiros (apenas aos 
funcionários das empresas vinculadas). Ex.: Fundação Vale do Rio Doce de 
Seguridade Social.
Diante dessa diferença notória de regimes, o STJ, inicialmente em sede de 
recurso especial sob a sistemática de recursos repetitivos (REsp 1.536.786/MG, 
DJe 20/10/2015), cancelou a referida Súmula 321 e editou a Súmula 563 em 
seu lugar, cujo teor é o seguinte:
Súmula 563: O CDC é aplicável às entidades abertas de previdência 
complementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com 
entidades fechadas.
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
23
OBSERVAÇÃO
@ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br
OBSERVAÇÃO
A questão dos serviços notariais e de registros.
STJ: após julgado anterior em sentido contrário (REsp 625.144/SP, Rel. Min. 
Nancy Andrighi, DJ 29/05/2006), o Superior Tribunal de Justiça reviu o seu 
posicionamento para considerar que o CDC se aplica à atividade notarial 
(REsp 1.163.652, Rel. Min. Herman Benjamin, 2T, DJe 01/07/2010).
Em que pese o julgado mais recente ser no sentido da existência de relação 
de consumo, não se pode armar com veemência que esta seja a posição 
a
rme do STJ, vez que não há julgados da 2 Seção (que engloba a Terceira e 
Quarta Turmas) nem reiteração considerável do julgado acima de 2010. 
Assim, é preciso analisar com cuidado o enunciado de eventual questão. 
Entende-se melhor a questão se se considerar a posição do STF sobre a 
natureza das custas e emolumentos cartorários. Para a Suprema Corte, 
tratam-se de verbas qualicadas como taxas remuneratórias de serviços 
públicos, que, como tal, possuem natureza tributária (ADI 1.378-MC/ES, rel. 
Min. Celso de Mello, DJ 30/05/1997).
A diculdade em haver uma posição rme sobre o tema reside na 
diferenciação clássica que é feita pelo STJ no que tange à aplicabilidade do 
CDC aos serviços públicos:
- Serviços públicos prestados mediante tarifa ou preço público aplica-se o CDC.
- Serviços públicos prestados mediante taxas ordinariamente, NÃO se aplica o CDC.
Eis a diculdade da questão e de se dizer que há uma posição jurisprudencial 
consolidada (pois entendemos que ainda não há, mas apenas um julgado 
mais recente do STJ no sentido de considerar relação de consumo aquela 
rmada com serviços registrais e notariais).
OBSERVAÇÃO: Não aplicação do CDC às relações entre as operadoras de 
planos de saúde constituídas sob a modalidade de autogestão e seus liados.
A despeito de a Súmula 469 do STJ prever que se aplica o CDC aos contratos de 
a
plano de saúde, há uma exceção recente examinada pela 2 Seção do STJ.
A constituição dos planos sob a modalidade de autogestão diferencia, 
sensivelmente, essas pessoas jurídicas quanto à administração, forma de 
associação, obtenção e repartição de receitas, dos contratos rmados com 
empresas que extrapolam essa atividade no mercado e visam ao lucro.
(STJ, REsp 1.285.483/PB, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, S2, j. 22/06/2016.
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
24
OBSERVAÇÃO
o
FORNECEDOR (art. 3 , caput)
Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional 
ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem 
atividade (habitualidade) de produção, montagem, criação, construção, 
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de 
produtos ou prestação de serviços. 
Segundo o STJ, para o m de aplicação do CDC, o reconhecimento de 
uma pessoa física ou jurídicaou de um ente despersonalizado como 
fornecedor de serviços atende aos critérios puramente objetivos, sendo 
irrelevantes a sua natureza jurídica, a espécie dos serviços que prestam e até 
mesmo o fato de se tratar de uma sociedade civil, sem ns lucrativos, de caráter 
benecente e lantrópico, bastando que desempenhem determinada 
atividade no mercado de consumo mediante remuneração. 
Assim, entidades benecentes podem ser perfeitamente enquadradas 
como fornecedoras e ou prestadoras, sem qualquer entrave material. 
O que vem a interessar na caracterização do fornecedor ou prestador é o 
fato de ele desenvolver uma atividade, que vem a ser a soma de atos 
coordenados para uma nalidade especíca. 
Dessa forma, se alguém atua de modo isolado, em um ato único, não 
poderá se enquadrar como fornecedor ou prestador. O requisito da 
habitualidade, é retirado do próprio conceito de atividade. 
o
 Como armado no art. 3 do CDC, a atividade desenvolvida deve ser 
tipicamente prossional, com intuito de lucro direto ou vantagens indiretas. A 
norma descreve algumas atividades, em rol meramente exemplicativo como: 
produção, montagem, criação, construção etc. 
ATENÇÃO aos dois requisitos acima para a conguração do consumidor: 
habitualidade e exercício prossional.
 Fornecedor equiparado - é um intermediário na relação de consumo, 
com posição de auxílio ao lado do fornecedor de produtos ou prestador de 
serviços, caso das empresas que mantêm e administram bancos de dados dos 
consumidores. Exemplo de fornecedor equiparado é o estipulante prossional 
ou empregador dos seguros de vida em grupo. 
@ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
25
OBSERVAÇÃO
Assim, fornecedor equiparado é aquele que não é o fornecedor do 
contrato principal de consumo, mas intermediário, antigo terceiro, ou 
estipulante, hoje é o "dono" da relação conexa (e principal) de consumo, por 
deter uma posição de poder na relação outra com o consumidor. 
É importante diferenciar o gênero fornecedor das suas espécies (tal 
diferenciação será explorada quando do estudo da responsabilidade nas 
relações de consumo, consistente no Ponto 2 do nosso edital Mege):
- Gênero: Fornecedor�
- Espécies: fabricante, montador, criador, importador, exportador, distribuidor, 
comerciante etc.
O CDC, quando quer que toda a cadeia seja responsabilizada, usa o 
o
termo “fornecedor” como gênero (vide arts. 8 , caput, e 18, caput). Quando, 
por outro lado, quer designar algum fornecedor especíco, utiliza-se do termo 
o
em espécie, exemplo arts. 8 , parágrafo único (“fabricante”), e 12 (“fabricante, 
produtor, construtor e importador”), art. 13 (“comerciante) etc.
A doutrina classica ainda os fornecedores (gênero) em três categorias:
a) Fornecedor real – envolve o fabricante, o produtor e o construtor; 
b) Fornecedor aparente – que distribui o bem, veiculando nome/marca/sinal 
de identicação no produto nal; e
c) Fornecedor presumido – abrange o importador de produto industrializado 
ou in natura e o comerciante de produto anônimo (art. 13).
Em resumo, para se caracterizar como fornecedor, é preciso haver:
a) Atividade prossional - entende-se aquela desenvolvida de forma 
habitual (reiteração), com alguma especialidade (colocando o 
fornecedor num patamar superior ao consumidor não prossional) e 
visando a determinada vantagem econômica (não necessariamente 
lucro, como também contraprestação, remuneração);
b) Atividade desenvolvida no mercado de consumo - somente pode ser 
considerado fornecedor aquele que oferece seus produtos/serviços 
no espaço ideal denominado “mercado de consumo” (espaço no 
qual se desenvolvem atividades econômicas).
OBSERVAÇÃO: O STJ entende que o CDC não se aplica aos serviços 
advocatícios, justamente por não se desenvolverem no mercado de consumo.
@ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
26
o o
PRODUTO (art. 3 , par. 1 ) 
Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. �
A doutrina e a jurisprudência consideram o lazer como exemplo de bem 
imaterial sujeito às relações de consumo. Dessa forma, casas noturnas e de 
espetáculos estão abrangidas pelo CDC. 
Produtos Digitais - Entende-se que também existem produtos digitais como 
os programas de computadores que são protegidos pelo CDC. �
Ressalte-se que para o produto, diferentemente do serviço, o CDC não 
exige a presença de remuneração (ainda que indireta). Assim será 
considerado produto mesmo que oferecido gratuitamente (art. 39, parágrafo 
único – amostra grátis). �
o o
SERVIÇO (art. 3 , par. 2 )
Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, 
mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, nanceira, de 
crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. 
 Apesar de a lei mencionar expressamente remuneração, dando um 
caráter oneroso ao negócio, admite-se que o prestador tenha apenas 
vantagens indiretas, sem que isso prejudique a qualicação da relação 
consumerista. A doutrina fala também em serviços aparentemente gratuitos. 
Ex.: estacionamento de shopping center, lojas ou supermercados. �
Ressalta-se que, no caso dos estacionamentos não faz a lei distinção entre 
o consumidor ter ou não feito compras no local. Súmula 130 do STJ – “A empresa 
responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo 
ocorridos em seu estacionamento”. �
O CDC aplica-se também ao sistema de milhagem das companhias 
aéreas ou cartão de crédito. 
As instituições nanceiras e os bancos sujeitam-se ao CDC. A previsão 
legal expressa foi considerada constitucional pelo STF na ADI 2591 (j. em 
14/12/2006). Súmula 297 do STJ – “O Código de Defesa do Consumidor é 
aplicável às instituições nanceiras”.
A QUESTÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS
Os serviços públicos podem congurar serviços para os ns de relação 
@ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
27
consumerista. Em análise ao CDC, vê-se a presença de dispositivos que 
denotam isso: a) a previsão legal de que pessoa jurídica de direito público 
o
pode ser fornecedora (art. 3 , caput); b)� a previsão, dentre os princípios da 
Política Nacional das Relações de Consumo, da racionalização e melhoria dos 
o
serviços públicos (art. 4 , VII); c) previsão, como direito básico do consumidor, 
o
da adequada e ecaz prestação dos serviços públicos em geral (art.6 , X); e d) 
�o elenco de diversos deveres aos fornecedores de serviços públicos (art. 22).
STJ: entende a aplicação das normas do CDC apenas para os serviços 
públicos remunerados por meio de tarifa ou preço público (e não para os 
serviços públicos remunerados por taxas). Ex.: concessionárias de água e 
esgoto, de energia elétrica.
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
o
PRINCÍPIO DO PROTECIONISMO DO CONSUMIDOR (art. 1 )
O consumidor deve ser assumido como pessoa humana, tanto pela 
legislação vigente, quanto pelo próprio mercado, a quem se reconhece a 
necessidade de proteção integral no contexto das relações negociais 
consumeristas, em que imperam os princípios constitucionais como 
pressupostos necessários, não só a proteção, mas também sua promoção 
integral de frente à sociedade de massa globalizada. �
São consequências do referido princípio:
- Impossibilidade de disposição da proteção consumerista - as regrasdo 
CDC não podem ser afastadas por convenção das partes (art. 51, XV do CDC);
- Conhecimento da proteção de ofício - A proteção do CDC deve ser 
conhecida de ofício pelo juiz. Exemplo disso é a nulidade das cláusulas abusivas 
que deve ser declarada de ofício pelo juiz. 
A doutrina arma que todos os outros princípios decorrem do princípio da 
proteção do consumidor. 
o
PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE DO CONSUMIDOR (art. 4 , I)
A vulnerabilidade é um estado da pessoa, um estado inerente de risco ou 
um sinal de confrontação excessiva de interesses indenticado no mercado, é 
uma situação permanente ou transitória, individual ou coletiva, que fragiliza, 
enfraquece o sujeito de direitos. 
@ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
28
Segundo esse princípio, o consumidor é considerado vulnerável em suas 
relações de consumo. Dessa forma, surgiu a necessidade patente de 
elaboração da norma protetiva. 
A vulnerabilidade elimina a premissa de igualdade entre as partes 
envolvidas; se um dos polos é vulnerável, as partes são desiguais e, justamente 
por força da desigualdade, é que o vulnerável é protegido pela legislação, 
com o m de garantir os princípios constitucionais da isonomia e igualdade nas 
relações jurídicas minimizando deste modo a desigualdade. 
A vulnerabilidade desdobra-se em quatro faces: (i) informacional, (ii) 
técnica, (iii) jurídica/cientíca e (iv) fática ou socioeconômica (vide 
explicações acima).
A presunção de vulnerabilidade do consumidor é iure et de iure, não 
aceitando declinação ou prova em contrário, em hipótese alguma. Dessa 
forma, é uma característica inerente à condição de consumidor. �
 Vulnerabilidade x Hipossuciência - O conceito de vulnerabilidade é 
diferente de hipossuciência. Todo consumidor é sempre vulnerável, 
independente de sua condição no caso concreto. Entretanto, nem sempre 
será hipossuciente, pois esta depende de uma análise casuística. 
STJ: “o ponto de partida do CDC é a armação do Princípio da 
vulnerabilidade do consumidor, mecanismo que visa a garantir igualdade 
formal-material aos sujeitos da relação jurídica de consumo, o que não quer 
dizer compactuar com exageros que, sem utilidade real, obstem o progresso 
tecnológico, a circulação dos bens de consumo e a própria lucratividade dos 
negócios” (REsp 586.316, Rel. Min. Herman Benjamin, DJ 19/03/2009).
- Hipervulnerabilidade – é a situação social fática e objetiva de 
agravamento da vulnerabilidade da pessoa física consumidora, seja 
permanente (deciência física ou mental) ou temporária (doença, gravidez, 
analfabetismo, idosos, crianças etc.). Expressão utilizada pelo Min. Herman 
Benjamin (no REsp 931.513). 
STJ: A Defensoria Pública tem legitimidade para propor ação civil pública 
em defesa de interesses individuais homogêneos de consumidores idosos que 
tiveram plano de saúde reajustado em razão da mudança de faixa etária, 
ainda que os titulares não sejam carentes de recursos econômicos. A atuação 
primordial da Defensoria Pública, sem dúvida, é a assistência jurídica e a defesa 
dos necessitados econômicos. Entretanto, também exerce suas atividades em 
auxílio a necessitados jurídicos, não necessariamente carentes de recursos 
econômicos. A expressão "necessitados" prevista no art. 134, caput, da CF/88, 
que qualica e orienta a atuação da Defensoria Pública, deve ser entendida, 
@ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
29
no campo da Ação Civil Pública, em sentido amplo. Assim, a Defensoria pode 
atuar tanto em favor dos carentes de recursos nanceiros como também em 
prol do necessitado organizacional (que são os "hipervulneráveis"). STJ. Corte 
Especial. EREsp 1192577-RS, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 21/10/2015 (Info 573).
o
PRINCÍPIO DA HIPOSSUFICIÊNCIA DO CONSUMIDOR (art. 6 , VIII)
Ao contrário do que ocorre com a vulnerabilidade, a hipossuciência é um 
conceito fático e não jurídico, fundado em uma disparidade ou discrepância 
notada no caso concreto. Assim sendo, todo consumidor é vulnerável, mas 
nem todo consumidor é hipossuciente. 
A hipossuciência por sua vez, não se confunde com a vulnerabilidade, 
pois se apresentará exclusivamente no campo processual e deve ser 
observada caso a caso, já que se trata de presunção relativa, então, precisará 
ser comprovada no caso concreto diante do juiz. 
São duas as principais noções de hipossuciência, segundo a lei: 
- A que concede o benefício da justiça gratuita aos que alegarem 
pobreza e comprovando-a na forma da lei, então, considera-se a parte 
hipossuciente;
- Aquela relacionada à inversão do ônus da prova, prevista no inciso VIII do 
o
art. 6 do CDC, mas que não se relaciona necessariamente à condição 
econômica dos envolvidos. 
O conceito de hipossuciência vai além do sentido literal das expressões 
pobre ou sem recursos, aplicáveis nos casos de concessão dos benefícios da 
justiça gratuita, no campo processual. O conceito de hipossuciência 
consumerista é mais amplo, devendo ser apreciado pelo aplicador do direito 
caso a caso, no sentido de reconhecer a disparidade técnica ou 
informacional, diante de uma situação de desconhecimento.
Consequência da conguração da hipossuciência é o direito à inversão 
do ônus da prova a favor do consumidor. 
o
PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA (art. 4 , III)
Deve-se levar em consideração o sistema do CC de 2002 na interpretação 
da cláusula da boa-fé. 
Enunciado 27 do CJF - Na interpretação da cláusula geral da boa-fé, 
deve-se levar em conta o sistema do Código Civil e as conexões sistemáticas 
com outros estatutos normativos e fatores metajurídicos. 
@ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
30
A boa-fé constitui uma regra conduta. Esta vem a ser a exigência de um 
comportamento de lealdade dos participantes negociais, em todas as fases 
do negócio. A boa-fé objetiva tem relação direta com os deveres anexos ou 
laterais da conduta, que são deveres inerentes a qualquer negócio, sem a 
necessidade de previsão no instrumento. Entre eles merecem destaque o 
dever de cuidado, respeito, lealdade, probidade, informação, transparência e 
de agir honestamente e com razoabilidade. �
O
- Dever de informar o perigo e a nocividade (art. 9 do CDC) - O 
fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à 
saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a 
respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de 
outras medidas cabíveis em cada caso concreto. 
- Dever de prestar informações corretas, claras e precisas (art. 31 do CDC) - 
A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar 
informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre 
suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, 
prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que 
apresentam à saúde e segurança dos consumidores. 
- Proibição da publicidade abusiva ou enganosa (arts. 36 e 37 do CDC) - 
Referem-se à proibição de publicidade simulada, abusiva e enganosa. Estas 
normas serão estudadas mais adiante, em outra rodada.
- Vinculação do fornecedor (art. 48 do CDC) - As declarações de vontade 
constantes de escritos particulares, recibos e pré-contratos relativos às relações 
deconsumo vinculam o fornecedor, ensejando inclusive execução especíca. 
o o
PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA OU DA CONFIANÇA (art. 4 , caput, 6 , III)
Este princípio se refere ao direito do consumidor a uma informação 
adequada que lhe permita fazer escolhas bem seguras conforme os desejos e 
necessidades de cada um.
O direito à informação tem como desígnio promover completo 
esclarecimento quanto à escolha plenamente consciente do consumidor, de 
maneira a equilibrar a relação de vulnerabilidade, colocando o consumidor 
em posição de segurança na negociação de consumo, acerca dos dados 
relevantes para que a compra do produto ou serviço ofertado seja feita de 
maneira consciente. 
@ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
31
PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO (implícito no CDC e expresso no 
CC – arts. 421 e 2.035)
 
Objetiva tentar equilibrar uma situação que sempre foi desigual, em que o 
consumidor sempre foi vítima das abusividades da outra parte da relação de 
consumo, mediante limitação ao exercício da autonomia privada no campo 
contratual.
A declaração de nulidade das cláusulas abusivas é uma clara aplicação 
desse princípio. 
o
- Revisão do contrato por onerosidade excessiva (art. 6 , V, do CDC) - É 
direito do consumidor a modicação das cláusulas contratuais que 
estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos 
supervenientes que as tornem excessivamente onerosas. 
 - Princípio da preservação dos negócios jurídicos - Como decorrência da 
função social dos contratos, deve-se, sempre que possível, preservar os 
contratos, assegurando trocas úteis e justas (Enunciado 22 do CJF). 
- Teoria do Adimplemento Substancial - Segundo essa teoria, nos casos das 
obrigações de pagamento parcelado, quando tal pagamento for feito quase 
que completamente, ou muito próximo disso, não será possível pleitear a 
anulação do negócio jurídico com base no inadimplemento. Nesses casos, o 
credor terá que se contentar em pedir o cumprimento da parte que cou 
inadimplida ou então pleitear indenização pelos prejuízos que sofreu (STJ, REsp 
1200105/AM, julgado em 19/06/2012). O adimplemento substancial decorre 
dos princípios gerais contratuais, de modo a fazer preponderar a função social 
do contrato e o princípio da boa-fé objetiva, balizando a aplicação do art. 475 
(Enunciado 361 do CJF).
o
PRINCÍPIO DA EQUIVALÊNCIA NEGOCIAL (art. 6 , II) 
 
Determina este princípio que é garantida a igualdade de condições no 
momento da contratação ou de aperfeiçoamento da relação jurídica 
patrimonial. Assim, ca estabelecido o compromisso de tratamento igual a 
todos os consumidores, consagrada a igualdade nas contratações. �
 Ressalta-se que a doutrina e a jurisprudência têm aceitado 
diferenciações benécas para os consumidores t ratados como 
hipervulneráveis, como os idosos, incapazes etc. �
@ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
32
o
PRINCÍPIO DA REPARAÇÃO INTEGRAL DOS DANOS (art. 6 , VI) 
No que se refere a responsabilidade civil na ótica consumerista, o 
regramento fundamental é a reparação integral dos danos, que assegura aos 
consumidores a efetiva prevenção e reparação de todos os danos suportados, 
sejam eles materiais ou morais, individuais ou coletivos. �
 É cabível o pedido de reparação de todos os danos possíveis, inclusive 
lucros cessantes, danos emergentes, danos morais e danos estéticos. �
- Dano Moral Coletivo - A doutrina tem admitido a existência de danos 
morais coletivos. Esta é modalidade de dano que atinge, ao mesmo tempo, 
vários direitos da personalidade, de pessoas determinadas ou determináveis. 
- Dano Difuso - Trata-se de um dano social. São lesões à sociedade, no seu 
nível de vida, tanto por rebaixamento de seu patrimônio moral, quanto por 
diminuição na qualidade de vida. Estes podem gerar repercussões materiais ou 
morais. Estes danos envolvem vítimas indeterminadas ou indetermináveis. 
 - Dano pela Perda de uma Chance - A doutrina e a jurisprudência têm 
também aceito o dano pela perda de uma chance. A perda de uma chance está 
caracterizada quando a pessoa vê frustrada uma expectativa, uma oportunidade 
futura, que, dentro da lógica razoável, ocorreria se as coisas seguissem seu curso 
normal. Ressalta-se que, segundo a jurisprudência, para haver direito de 
indenização essa chance deve ser séria e real. Ex.: Caso do Jogo do Milhão. �
 - Responsabilidade Objetiva - O princípio da reparação do dano integral 
gera, via de regra, a responsabilidade objetiva de fornecedores e prestadores 
como regra das relações de consumo. Consigne-se que essa responsabilidade 
independentemente de culpa visa à facilitação das demandas em prol dos 
consumidores, representando um aspecto material do acesso à justiça. �
- Solidariedade da Responsabilidade Consumerista - Outro aspecto que 
apresenta estreita ligação com a reparação integral é a regra da solidariedade 
o
retirada da responsabilidade consumerista. Enuncia o art. 7 , parágrafo único, do 
CDC que, tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente 
pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo. 
Os temas brevemente indicados neste subtópico serão melhor explorados 
quando do estudo da responsabilidade civil nas relações consumeristas.
o
DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR (art. 6 )
O CDC instituiu rol exemplicativo, mínimo necessário à efetiva proteção 
o
dos seus interesses. O art. 7 do CDC, por sua vez, é cláusula de abertura do 
@ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
33
microssistema, para que algum direito do consumidor, previsto em outro 
diploma legal, possa a ele se somar (diálogo das fontes). 
o
O rol do art. 6 , portanto, é numerus apertus.
o
DIREITO À VIDA (art. 6 , I)
Visa a garantir que produtos e serviços no mercado de consumo não 
acarretarão riscos à incolumidade física do consumidor. Esse direito de 
proteção é fruto do princípio da conança e do dever de segurança. 
o
DIREITO À EDUCAÇÃO E À LIBERDADE DE ESCOLHA (art. 6 , II) 
 
Busca minimizar a vulnerabilidade técnica e informacional do consumidor, 
proporcionando um aumento no seu nível de consciência sobre os produtos e 
serviços a ele oferecidos, de modo que, ao contratar, formule um juízo crítico 
sobre a oportunidade e conveniência da contratação, ou seja, sobre a sua real 
necessidade e utilidade. 
 O consumidor tem o direito de escolher, dentre os vários produtos e 
serviços fornecidos no mercado de consumo, aqueles que deseja contratar.
O art. 39, I, veda a venda casada, o que pode ser considerado como um 
desdobramento dos princípios ora vistos. 
o
DIREITO À IGUALDADE NAS CONTRATAÇÕES (art. 6 , II) 
 
 Combate a discriminação injusticada entre os consumidores (art. 39, II, 
IV, IX, CDC). 
Deve oferecer as mesmas condições a todos os consumidores.�Apenas 
admitem-se privilégios àqueles que necessitam (idosos, gestantes), 
respeitando-se, assim, a aplicação concreta do princípio isonômico. 
o
DIREITO À INFORMAÇÃO (art. 6 , III) 
Oportuniza ao consumidor o conhecimento de todas as características do 
produto/serviço, das condições do negócio, riscos e consequências da 
contratação. A escolha consciente implica o que vem sendo denominado de 
consentimento informado ou vontade qualicada.Gera para o fornecedor o dever de informar (arts. 12, 14, 18, 20, 30, 31, 46, 54), que 
deve ser observado no momento pré-contratual (art. 31), na conclusão do negócio 
(art. 30), na execução do contrato (art. 46) e no momento pós-contratual (art. 10, §1o). 
O descumprimento desse dever caracteriza um ato ilícito do fornecedor. 
STJ: possui vários precedentes de responsabilização dos fornecedores por 
@ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
34
descumprimento do dever de informar. Com fundamento também nesse 
direito, já decidiu que as instituições nanceiras estão obrigadas a 
confeccionar em braille os contratos bancários de adesão e todos os demais 
documentos fundamentais para a relação de consumo estabelecida com 
decientes visuais (REsp 1.315.822, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, 3ª Turma, DJe 
16/04/2015).
o
Novidade 2015: A Lei n. 13.146 acresceu o parágrafo único ao art. 6 do 
CDC, determinando que a informação clara e adequada, nos termos do inciso 
III, deve ser acessível à pessoa com deciência, com observância do quanto 
previsto em regulamento.
STJ: Instituição nanceira tem que fornecer documentos em braille a 
clientes com deciência visual (REsp 1.315.822, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, 
3ª Turma, DJe 16/04/2015).
o
DIREITO À PROTEÇÃO CONTRA PRÁTICAS E CLÁUSULAS ABUSIVAS (art. 6 , IV) 
Tanto as práticas como as cláusulas abusivas serão estudadas em 
momento oportuno, em outras rodadas.
o
DIREITO À MODIFICAÇÃO E REVISÃO DAS CLÁUSULAS CONTRATUAIS (art. 6 , V) 
Com o objetivo de assegurar o equilíbrio econômico do contrato, isto é, a 
igualdade substancial entre os contratantes (na proporcionalidade das 
prestações), previu-se o direito básico do consumidor de ter modicadas as 
cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou 
revistas aquelas que se tornem excessivamente onerosas por fatos 
supervenientes. 
Trata-se de exemplo de dirigismo contratual por parte do Estado (sendo 
exceção à postura inerte, não-invasiva e de garantidor do cumprimento exato 
do pacto). �
No direito à modicação, a cláusula que estabelece a prestação 
desproporcional em desfavor do consumidor opera desde o início do contrato, 
afetando o sinalagma genérico da relação obrigacional (lesão congênere).
Ex.: empréstimo pessoal bancário, no qual são estipuladas, desde logo, 
taxas de juros comprovadamente abusivas (acima da média de mercado). 
Ressalte-se que o consumidor, nesses casos, é livre tanto para pleitear a 
modicação das cláusulas como para solicitar a declaração de sua nulidade 
(art. 51). 
@ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
35
O DIREITO DE MODIFICAÇÃO (CDC) E O INSTITUTO DA LESÃO (CC)
A LESÃO do CDC e a LESÃO do CC assemelham-se na desproporcionalidade 
da prestação no momento de celebração do negócio jurídico. 
Diferenças: A LESÃO do CC, apta a invalidar um negócio jurídico, ocorre 
quando, em negócio comutativo, uma das partes contratantes, por 
inexperiência ou necessidade premente, obriga-se a prestação 
manifestamente desproporcional à outra.
Já o CDC exige apenas a desproporção da prestação (elemento 
objetivo), sem elemento subjetivo necessário.
Além disso, os institutos apresentam consequências distintas:
A lesão do CC, em regra, gera a invalidade do negócio jurídico, podendo 
somente 
o
ser salvo pela vontade da parte beneciada (art. 157, §2 , CC). 
Na lesão do CDC, em regra, o contrato é mantido, facultando-se ao 
consumidor (parte não beneciada) pleitear a nulidade da cláusula geradora 
da prestação desproporcional ou sua modicação. 
No direito à revisão, o desequilíbrio econômico do contrato é causado por fato 
novo, superveniente à sua celebração, e que torna a prestação do consumidor 
excessivamente onerosa, afetando o sinalagma funcional do contrato. 
IMPORTANTE: Para a doutrina majoritária, o CDC adotou a Teoria da Base 
Objetiva do Negócio Jurídico (Karl Larenz), uma vez que não se exige a 
imprevisibilidade do fato superveniente e dispensa-se qualquer discussão a 
respeito da previsibilidade do fato econômico superveniente.
Já o CC adotou a Teoria da Imprevisão no campo da revisão contratual por 
onerosidade excessiva, vez que a imprevisibilidade do fato superveniente é exigida.
@ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br
Art. 6o, V, 2a parte
Forma de modificar a CONSTITUIÇÃO
Teoria da base objetiva
do negócio jurídico (=CDC)
REFORMA
Teoria da imprevisão (=CC)
Dispensa análise da previsibilidade do fato 
superveniente 
Basta a onerosidade excessiva para o consumidor
Consequência: a regra é a revisão do contrato. 
Excepcionalmente, acarretará a resolução 
quando não for possível salvá-lo.
Art. 478
Exige a imprevisibilidade do fato
Além da onerosidade excessiva para o devedor, 
exige a “extrema vantagem” para o credor.
Consequência: a regra é a resolução do 
contrato. Excepcionalmente, poderá ser revisto, 
a depender da vontade do credor.
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
36
DIREITO À EFETIVA PREVENÇÃO E REPARAÇÃO DOS DANOS MATERIAIS E MORAIS 
o
(art. 6 , VI)
Será tratado quando do estudo da responsabilidade nas relações de 
consumo. 
o
DIREITO DE ACESSO À JUSTIÇA (art. 6 , VII) 
Acesso à justiça e aos órgãos administrativos de defesa, incluindo-se a 
assistência jurídica, administrativa e técnica aos necessitados (Procons e 
Defensorias).
o
DIREITO À INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA (art. 6 , VIII) 
A regra do CPC 1973 (art. 333) era de que o encargo probatório seria 
distribuído prévia e abstratamente pela lei – regra da distribuição estática do 
ônus da prova. 
Entretanto, para relações entre desiguais, como as tratadas pelo CDC, tal 
regra já era exibilizada quando o juiz vericasse, no processo, a presença da 
verossimilhança da alegação ou da hipossuciência do consumidor. 
REQUISITOS
O juiz da causa (inversão ope iudicis) deve vericar alternativamente a 
presença dos requisitos autorizadores. 
Trata-se de direito público subjetivo do consumidor, que não poderá ser 
negado pelo juiz, se preenchidos os requisitos legais (não lhe é facultado 
aplicar critérios de oportunidade e conveniência). 
Ademais, tratando-se as normas consumeristas de ordem pública e 
interesse social, o juiz pode reconhecer o direito à inversão do ônus da prova de 
ofício, independentemente de pedido da parte. 
Registre-se que a inversão do ônus da prova não é automática (ou seja, 
não é ope legis), e sim ope judicis, por ato do magistrado na análise do caso 
concreto.
O CDC adotou a regra da distribuição dinâmica do ônus da prova, ao 
contrário do sistema do CPC/1973, que adotava a regra da distribuição 
estática. Já o CPC/2015, embora tenha mantido as regras básicas sobre a 
distribuição do ônus em relação a autor e réu (art. 373), possibilitou ao juiz 
distribuir de maneira diversa em algumas hipóteses (casos previstos em lei ou 
peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva 
o
diculdade de cumprir o encargo – par. 1 do art. 373 do CPC).
@ /cursomege @cursomege 99.98262-2200concursos@mege.com.br
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
37
ATENÇÃO: Há previsão no CDC da nulidade da cláusula contratual que 
estabeleça a inversão do ônus da prova

Continue navegando