Buscar

Análise Teorica - Realismo e Conselho de Segurança

Prévia do material em texto

Universidade Federal de Uberlândia
Bacharelado em Relações Internacionais
Economia e Organizações Comerciais
Professora Marrielle Maia
Aluna: Raíssa Goulart de Almeida (11221RIT011)
Análise Teórica realista de Hans J. Morgenthau e Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.
UBERLÂNDIA, 2014.
	O objetivo desta análise é realizar uma abordagem realista, utilizando os preceitos de Hans Morgenthau, do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Desta maneira, esta análise será dividida em um breve histórico, contendo objetivos e atuação do Conselho de Segurança, seguido de uma exposição teórica de Morgenthau, sendo nesta etapa realizada uma análise do CSNU na teoria. 
Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU)
	O Conselho de Segurança foi fundado em 1946, sendo um órgão das Nações Unidas, o único que tem capacidade de adotar resoluções obrigatórias para todos os Estados-Membros do sistema internacional, além disto, o Conselho pode autorizar intervenção militar para garantir a realização de pautas obrigatórias, como também tem poder de autorizar o desdobramento de operações de manutenção da paz e missões políticas especiais. 
	O Conselho é composto de 15 membros, sendo cinco destes permanentes e votantes. Dentre sua importância e objetivos, determinados na carta da ONU, estão: Manutenção da paz e segurança internacionais; investigar disputas e conflitos internacionais em potencial; recomendar a diplomacia entre nações; regularizar armamentos; determinar se existem ameaça à paz ou atos de agressão; solicitar aos países que apliquem sanções econômicas e outras medidas que não envolvam uso da força para deter agressão; decidir sobre agressões militares; exercer função tutela em áreas estratégicas, entre outros.
Teoria realista de Hans Morgenthau
	Morgenthau é um realista clássico, analista das relações e do sistema internacional, sua obra fundamental a “Política entre as Nações, a luta pelo poder e pela paz” desenvolveu princípios do realismo baseados em sua vivencia política. Morgenthau discursava que a vitalidade do realismo advinha da sua relação com a natureza humana, de forma que esta natureza é integrada a ação de fazer a política, onde o poder é definido por interesses pessoais, sendo este motivo que dá motivação a existência do CSNU. Desta maneira, para o autor, o conceito de nação é definido como uma união abstrata de indivíduos unidos por uma compensação psicológica visando à aspiração de poder, a qual, quando reprimida no plano interno, é estimulada no externo, de forma que a política internacional é uma luta de interesses individuais de nações rumo ao poder.
	Morgenthau foi o teórico que reviveu os ideais de Edward Carr, ambos estudiosos definiram premissas básicas para o realismo, estas que dão característica a teoria até os dias de hoje, sendo estes o conceito do Estado unitário e racional, sendo este o principal ator do SI, além de que, tem como objetivo garantir a sobrevivência e a integridade territorial no sistema internacional, de forma que dão intensa importância a segurança nacional, assim como o Conselho de Segurança, criado para este fim. Entretanto, Morgenthau tem grande contribuição a teoria com o desenvolvimento de seis princípios do realismo, que serão explicitados adiante.
	O primeiro princípio visa explicitar que a política obedece a leis objetivas, sendo estas não passiveis de alteração com a modernidade. Estas leis são fruto da natureza humana, de forma, que refletem na conduta dos Estados, e independem das preferências da sociedade, não havendo como desafia-la. Da mesma forma, o Conselho de Segurança tenta em sua existência e limites, definir tais leis e controlar a natureza humana. O segundo princípio fala que o interesse dos Estados consiste em sua pretensão de alcançar mais poder para si, ou seja, Estados são governados pelos próprios interesses e não por interesses morais, motivados então pela busca racional dos ganhos e perdas da política externa. Interesses morais estes, que levam o conselho a agir com precisão e teoricamente em suas decisões e provisões.
	O terceiro princípio se baseia no fato em que países ideologicamente distintos, são regidos pelos mesmos interesses em obter ou manter o poder sobre os demais, no entanto, o tipo de interesse das ações políticas varia dependendo de determinado contexto histórico cultural e político, sendo assim os interesses, que tem como base maximizar o poder dos Estados, e não são fixos e permanentes. O quarto princípio diz que os princípios morais universais não podem ser aplicados às ações dos Estados em sua formulação universal abstrata, mas que devem ser filtrados por meio das circunstâncias concretas de tempo e lugar, ou seja o realismo considera que a prudência - a avaliação das consequências decorrentes de ações políticas alternativas - representa a virtude suprema na política, onde o Estado deve ser capaz de prever os resultados de suas ações, pois a influência e poder trazem conflitos ao SI.
	O quinto princípio diz que o realismo não pode identificar aspirações morais de nações com as leis morais que regem o universo, ou seja, não há como coloca-los sobre um sistema normativo, pois os princípios morais e valores de uma nação não devem ser colocados e aceitos como universais, pois nenhuma visão é mais verdadeira ou mais correta, prevalecendo a anarquia. E por fim, o sexto princípio fala que a política interna de um Estado é diferente de sua política externa, pois internamente o Estado busca um bem estar jurídico e social dos cidadãos, já no aspecto externamente busca a maximização de sua força, sendo nesta prevalecentes as questões de poder e segurança, de forma que questões econômicas e de outras esferas não tem relevância segundo os realistas, de forma que subordina as outras esferas a política que é autonômica. 
Conclusão
	Pode-se perceber com as definições teóricas explicitadas, que o Conselho de Segurança se encaixa nas perspectivas realistas de Morgenthau, de forma que visa contribuir e alcançar um nível de segurança, de forma a dar espaço para que todos os países desenvolvam-se e conquistem a quantidade máxima de poder no sistema internacional. Mas como já dito na teoria realista, essa busca desigual e egoísta de poder, tem tendências e de fato gera conflitos, que podem destruir o status quo. 
	 A política internacional é essencialmente conflituosa, uma luta por poder em um ambiente anárquico no qual estes Estados inevitavelmente dependem de suas próprias capacidades para garantir sua sobrevivência, dessa maneira, se não houver algo que englobe nações, sem retirar desta a soberania e autoridade, algo que estas respeitem e considerem sábias as decisões, os Estados se auto destruiriam externa e internamente por conta dos desejos insaciáveis e ilimitados dessa busca. O imperialismo é algo que pode ser comparada com as questões realistas, pois não havia uma instituição extraterritorial como a ONU que controlasse tais ações advindas da natureza humana, e dessa maneira, houve uma transfiguração do globo em questão de soberanias e países detentores de outros, que pode ser explicado, pelo conceito realista de que os Estados existem em uma condição de igualdade de soberania, porém detém diferentes capacidades e possibilidades.
	Entretanto, com assistências a manutenção da paz e diplomacia, como o Conselho de Segurança, os Estados, mesmo sendo atores racionais, cujo processo de tomada de decisão é sustentado em escolhas que levem à maximização de seu interesse nacional, realizam tais decisões sem ferir de forma abrupta a soberania de outros.
	Diante de tudo o que os realistas dizem, enfatizando pensamentos de Morgenthau, o sistema internacional necessita do Conselho de Segurança, de forma a organizar e equilibrar e prevenir conflitos, não se esquecendo das limitações e ineficiência de sua atuação em muitos casos.

Continue navegando