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Análise de Agregados Reciclados de Resíduos da Construção

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ANAIS DO 56º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 – 56CBC 1 
ANÁLISE DE AGREGADOS RECICLADOS DE RESÍDUOS DA 
 CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO DO TIPO MISTO PARA APLICAÇÃO EM 
PAVIMENTOS FLEXÍVEIS. 
ANALYSIS OF WASTE RECYCLED AGGREGATES 
 CONSTRUCTION AND DEMOLITION OF TYPE JOINT APPLICATION FOR 
FLEXIBLE FLOOR. 
 
DIÓGENES, Daianne Fernandes (1); SILVA, Bruno Tiago Angelo (2); XAVIER, Vanessa Jamille 
Mesquita (3); MENDONÇA, Jorge Artur França (4); LIMA NETO, Francisco Solano (5) 
 
(1) Bacharel em Engenharia Civil pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido, UFERSA 
(2) Professor Mestre, Departamento de Ciências Ambientais e Tecnológicas, Universidade Federal 
Rural do Semi-Árido, UFERSA 
(3) Bacharel em Engenharia Civil pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido, UFERSA 
(4) Bacharel em Engenharia Civil pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido, UFERSA 
(5) Bacharel em Engenharia Civil pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido, UFERSA 
 
Endereço para correspondência – Rua João Sabino Marciel Júnior, 185, apto 05, Mossoró, RN, CEP: 
59628-000 
E-mail: daianne.nandes@hotmail.com – (84)96727225 
 
 
Resumo 
 
 
A indústria da construção civil nas etapas de construção, reforma e demolição gera um elevado volume de 
resíduos sólidos que são descartados de forma inadequada por serem considerados inúteis. As disposições 
inapropriadas desses resíduos acarretam inúmeros riscos como, por exemplo, a ocupação irregular de 
áreas urbanas, o esgotamento da capacidade de armazenamento de aterros sanitários, o assoreamento de 
córregos e rios, o entupimento de redes de drenagem, a proliferação e disseminação de vetores de doença 
e a degradação de paisagem urbana e rural. Para muitos pesquisadores o problema da disposição final dos 
resíduos advindos da construção civil assume uma magnitude alarmante e uma das formas mais simples 
de reciclagem do entulho é a sua utilização em obras rodoviárias. Diante de diversas pesquisas 
internacionais e nacionais, os resíduos da construção e demolição (RCD) apresentaram potencialidades na 
substituição de agregados usados na pavimentação. Dessa forma, o estudo analisa o comportamento físico 
e mecânico do agregado reciclado de resíduos da construção e demolição, providos de uma obra 
residencial vertical, para o emprego em camadas de base e/ou sub-base abordando os seguintes ensaios: 
Análise Granulométrica, Análise de Consistência, Compactação, Índice de Suporte Califórnia e Módulo de 
resiliência. Diante das caracterizações físicas e mecânicas pode-se dimensionar pavimentos com 
aplicações empíricas e mecanísticas abordando uso de software como o FEPAVE2 e LABFIT. De modo 
geral, os resultados obtidos mostraram que o agregado reciclado estudado pode ser empregado em reforço 
do subleito, sub-base e como base de um pavimento. 
 
Palavras-Chave: Construção civil. Resíduos da construção e demolição. Comportamento físico e mecânico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANAIS DO 56º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 – 56CBC 2 
 
Abstract 
 
The construction industry in the stages of construction, renovation and demolition generates a high volume 
of solid waste that is disposed of improperly by being rendered useless. The provisions of these 
inappropriate waste entails many risks, for example, the illegal occupation of urban areas, the exhaustion of 
the storage capacity of landfills, siltation of streams and rivers, clogging of drainage networks, the 
proliferation and spread of vectors disease and degradation of urban and rural landscape. For many 
researchers the problem of disposal of waste arising from construction assumes an alarming magnitude and 
one of the simplest forms of recycling the rubble is its use in road works. Faced with several international and 
national research, construction and demolition waste (CDW) showed potential in replacement of aggregates 
used in paving. Thus, the study examines the physical and mechanical behavior of recycled aggregate from 
construction and demolition waste, provided with a vertical residential work, for employment in the base 
layers and/or sub-base addressing the following tests: Grain Size Analysis, Analysis Consistency, 
Compression, Support Module Index California and resilience. Given the physical and mechanical 
characterizations can scale floor with empirical and mechanistic applications addressing use of software like 
FEPAVE2 and LABFit. Overall, the results showed that the study recycled aggregate can be used in 
reinforcing the subgrade, subbase and base such as a floor. 
 
Keywords: Building. Construction and demolition waste. Physical and mechanical behavior. 
 
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1 Introdução 
1.1 Identificação do problema 
 
Após a Revolução Industrial o mundo vivenciou um intenso crescimento econômico 
disseminando um processo explosivo de urbanização. Diante de todo esse crescimento 
populacional os manejos de recursos naturais tornaram-se intenso e inapropriado 
trazendo consequências graves ao meio socioambiental. Entretanto, com medidas 
ineficientes de gerenciamento dos recursos naturais e a ausência de consciência 
ambiental a geração de resíduos sólidos urbanos (RSU) tornou-se um sério problema 
urbano. 
 
Considerada uma importante atividade para o desenvolvimento de qualquer país, a 
indústria da construção civil nas etapas de construção, reforma e demolição gera um 
elevado volume de resíduos sólidos que são descartados de forma inadequada por serem 
considerados inúteis. 
 
Diante dessa problemática, pesquisas abrangendo a técnica de reciclagem dos resíduos 
da construção e demolição (RCD) lançados em aterros sanitários, logradouros públicos, 
corpos d’água, áreas verdes ou em qualquer outra área pública se mostrou uma 
importante vertente, transformando tais resíduos em materiais alternativos de grande 
potencial e de utilidade na engenharia, como na utilização em pavimentos, confecção de 
concreto, argamassas, blocos e outras aplicações. 
 
Pesquisas desenvolvidas em países como Holanda, Hong Kong, Espanha, Alemanha, 
Estados Unidos e Brasil concluíram que os resíduos de construção civil e demolição 
apresentam potencialidades na substituição de agregados usados para concreto e 
pavimentação, considerando que em seu primeiro uso foram selecionados como matéria 
prima essencial desses produtos, e ainda conservam muitas das suas propriedades 
originais (JIMÉNEZ, 2011). 
 
No entanto, com estudos declarando o uso de RCD de forma positiva, diversas iniciativas 
viabilizaram técnica e economicamente a reciclagem desses resíduos, como a 
normatização de agregados reciclados, a Resolução do CONAMA n° 307, o apoio do 
setor público e instalação de usinas responsáveis pela reciclagem do material, quer seja 
privada ou pública. 
 
A Resolução do CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente n° 307 de 05 de julho 
de 2002, surgiu com o objetivo disciplinar a gestão dos RCD, estabelecendo diretrizes, 
critérios e procedimentos que devem ser adotados, ou seja, evidencia a necessidade de 
reduzir os impactos ambientais decorridos dos resíduos originados da construção civil. 
Após o estabelecimento de diretrizes várias normas foram estabelecidas pela Associação 
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT-NBR/2004), como a NBR 10.004, NBR 10.006, 
NBR 10.007, NBR 15113, NBR 15115 e NBR 15116. 
 
ANAIS DO 56º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 – 56CBC 4 
 
Contudo, o presente estudo teve como objetivo geral analisar o desempenho de 
agregados reciclados de resíduos da construção e demolição em camadas de pavimentos 
flexíveis, de acordo com a normalização brasileira vigente, e assim dimensionar um 
pavimento com condições satisfatórias para uso abordando o método empírico e o 
mecanístico. 
 
Para aprimorartal objetivo foram definidos os objetivos específicos relatados a seguir: 
 
 Caracterização do agregado reciclado de resíduo sólido da construção e demolição 
provido de uma obra residencial vertical; 
 Estudo experimental para determinar as condições físicas do resíduo, como o 
ensaio de Análise Granulométrica, Limite de Liquidez e Limite de Plasticidade; 
 Estudo experimental para determinar as condições mecânicas, como o ensaio de 
Compactação, Índice de Suporte Califórnia (CBR) e o Módulo de Resiliência (MR) 
do agregado reciclado. 
 
 
2 Resíduo da construção e demolição 
2.1 Definição 
 
Para muitos tais resíduos são chamados de entulhos ou metralhas, sendo aquele material 
provido de práticas de demolição de obras civis, restos de obras, autoconstrução ou 
reformas. Dessa forma, sendo geralmente constituído por restos de tijolos, concreto, 
argamassa, madeira, vidro, gesso, tubulações, fiações, entre outros resíduos. 
 
Os resíduos da construção civil segundo o Conselho Nacional do Meio Ambiente 
(CONAMA), na Resolução 307 de 5 de julho de 2002, aborda que: 
 
Resíduos da construção civil (entulho) são os provenientes de 
construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, 
e os resultantes de preparação e da escavação de terrenos, tais como: 
tijolos, blocos cerâmicos, concretos em geral, solos, rochas, metais, 
resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, 
telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica, 
etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha. 
 
2.2 Classificação 
 
Para o Conselho Nacional do Meio Ambiente CONAMA (2002), os resíduos da construção 
civil (RCC) são divididos em quatro classes: 
 
 Resíduos Classe A: são resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais 
como: 
 
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a. De construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras 
de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem; 
b. De demolição, de construção, reformas e reparos de edificações (componentes 
cerâmicos-tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento); 
c. De processo de fabricação e/ ou demolição de peças pré-moldadas em concretos 
(blocos, tubos, meios-fios), produzidas nos canteiros de obras. 
 Resíduos Classe B: são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais 
como: plásticos, papelão/papel, metais, vidros, madeira e outros. 
 Resíduos Classe C: são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas 
tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua 
reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso. 
 Resíduos Classe D: são os resíduos perigosos oriundos do processo de 
construção, tais como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados 
oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações 
industriais e outros. 
 
Para a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT-NBR/2004), o resíduo de 
construção pode ser dividido em resíduos de construção civil e agregado reciclado 
definidos da seguinte forma: 
 
 Resíduos de construção civil: se incluem neste grupo resíduos provenientes de 
construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, como 
tijolos, blocos, argamassa, gesso, telhas, cerâmico e concreto. Os resultantes da 
preparação e da escavação de terrenos, tais solos e rochas. Material resultante da 
reparação de rodovias como o pavimento asfáltico. Também se encontram nesse 
grupo metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, vidros, 
plásticos, tubulações e fiação elétrica. Todos esses materiais uma vez descartados 
são comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha (NBR 15113, 
2004). 
 Agregado reciclado: são materiais granulares proveniente do beneficiamento de 
resíduos de construção ou demolição de obras civis, que apresentam 
características técnicas para a aplicação em obras de edificação e infraestrutura 
(NBR 15116, 2004). 
 
 
3 Metodologia 
 
A metodologia abordada para a coleta e realização dos ensaios de caracterização dos 
resíduos na pesquisa seguiu rigorosamente as recomendações das seguintes normas: 
NBR 15115 (ABNT, 2004) – Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção 
civil: Execução de camadas de pavimentação – Procedimentos e NBR 15116 (ABNT, 
2004) – Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil: Utilização em 
pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural – Requisitos. 
 
 
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3.1 Material de estudo 
 
O material utilizado para o estudo trata-se do RCD proveniente da construção e 
demolição de um empreendimento vertical, constituído de três torres localizado no bairro 
Alto de São Manoel, em Mossoró/RN. A Figura 1, a seguir, mostra parte dos resíduos 
gerados pela obra residencial vertical. 
 
 
 
Figura 1- Resíduo da obra para estudo. (Acervo da autora, 2014) 
 
 
3.3 Classificação e composição do resíduo 
 
De acordo com a NBR 15115 (ABNT, 2004), os agregados reciclados com aplicação 
em pavimentos devem ser isentos de madeiras, vidros, plásticos, gessos, forros, 
tubulações, fiações elétricas, papéis ou quaisquer materiais orgânicos ou não inertes, 
classificados como Classe B, Classe C e Classe D pela Resolução CONAMA n° 307. 
 
Dessa forma, o material de estudo classificado em Resíduo Classe A passou pelo 
processo de britagem de forma manual, com auxílio de um martelo, atentando à 
observação da norma NBR 15115 (ABNT, 2004), que determina a dimensão máxima do 
agregado em 63,50 mm. Com a inexistência de equipamento adequado para o processo 
 
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de reciclagem, o material teve que ser visualmente analisado, com triagem e separação 
também de forma manual. 
 
No entanto , o resíduo separado para o estudo constituído de argamassa e material 
cerâmico é característica do RCD comumente intitulado de “misto”. Para a NBR 15.116 
(ABNT, 2004), os resíduos sólidos da construção civil classificados como Classe A, 
podem ser Agregado de Resíduo de Concreto (ARC) e Agregado de Resíduo Misto 
(ARM), sendo a composição mista o agregado reciclado obtido do beneficiamento de 
resíduo Classe A, composto na sua fração graúda com menos de 90% em massa de 
fragmentos à base de cimento Portland e rochas. 
 
3.4 Caracterização do RCD misto 
 
Os ensaios abordados carcterizaram as condições físicas e mecânicas do material em 
estudo. Para a determinação das condições físicas fez-se os seguintes ensaios: Análise 
granulométrica, Limite de liquidez e Limite de plasticidade. Quanto ao estudo experimental 
para determinar as condições mecânicas fez-se os ensaios de Compactação, Índice de 
Suporte Califórnia (CBR) e Módulo de Resiliência (MR), sendo realizado a prática de 
quarteamento em cada caracterização. 
 
Dessa forma, os agregados reciclados buscam atender aos seguintes requisitos 
estabelecidos pela NBR 15115 (ABNT, 2004): 
 
 Classificados como Classe A pela Resolução CONAMA n° 307; 
 Curvas granulométricas, obtidas por meio do ensaio da NBR 7181 (ABNT,1984), 
bem graduadas, não uniformes, com coeficiente de uniformidade CU ≥ 10; 
 A porcentagem que passa na peneira n° 40 (0,42 mm) deve estar entre 10 e 40%; 
 Serem classificados quanto ao tipo de emprego possível na execução de camadas 
de pavimentos, segundo parâmetros de Índice de Suporte Califórnia (ISC), obtidos 
por meio do ensaio específico, conforme abaixo discriminado: 
 Material para reforço de subleito: ISC ≥ 12%, expansão ≤ 1% (energia de 
compactação normal); 
 Material paraexecução de sub-base: ISC ≥ 20%, expansão ≤ 1% (energia de 
compactação intermediária); 
 Material para execução de base: ISC ≥ 60%, expansão ≤ 0,5% (energia de 
compactação intermediária). É permitido o uso como material de base somente 
para vias de tráfego com N ≤ 106 repetições do eixo padrão de 80 kN no período de 
projeto; 
 No caso de materiais que não atendam às exigências do item anterior, estes 
poderão ser estabilizados granulometricamente ou com adição de cimento ou 
cal hidratada. Nestes casos, deverão ser moldados corpos de prova com a 
energia de compactação especificada e os mesmos deverão ser submetidos ao 
ensaio de resistência a compressão simples, após 7 dias de cura, e deverão 
apresentar resistência de no mínimo 2,1 MPa; 
 
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 A porcentagem máxima admissível, em massa, para grãos de forma lamelar é de 
30%; 
 Dimensão característica máxima dos grãos: 63,5 mm (tolerância de 5% da 
porcentagem retida na peneira de 63,5 mm), limitada a 2/3 da espessura da 
camada compactada; 
 Materiais indesejáveis de grupos distintos: máximo de 3% em massa; 
 Materiais indesejáveis de mesmo grupo: máximo de 2% em massa; 
 Não são permitidos materiais nocivos ao meio ambiente ou à saúde do trabalhador. 
 
 
4 Análise dos resultados 
4.1 Caracterização física 
 
Para o agregado em estudo, verificou-se que a curva granulométrica apresentou 
distribuição em condições bem graduada, assim como, a percentagem de material 
passante na peneira n°40 (0,42 mm) atendeu dos critérios abordados pela NBR 15115 
(ABNT, 2004). Quanto ao coeficiente de uniformidade (CU), que é a relação entre os 
diâmetros que correspondem a 60% e 10% passantes na curva granulométrica, deve ser 
maior ou igual a 10 para que os grãos menores promovam um melhor travamento com os 
grãos maiores, apresentou valor de 7,14. Porém, por ser um material alternativo essa 
especificação da norma foi analisada depois da compactação do material. O Gráfico 1 
especifica a curva granulométrica do resíduo. 
 
 
 
Gráfico 1 - Curva granulométrica do resíduo. (Acervo da autora, 2014) 
 
 
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Entretanto, a análise granulométrica pós-compactação apresentou curva granulométrica 
bem graduada, como especificada no Gráfico 2, permanecendo nas exigências 
estabelecidas na NBR 15115 (ABNT, 2004) para as condições de dimensionamento de 
pavimentos quanto a percentagem de material passante na peneira n°40 ficando entre 
10% e 40% e o CU apresentando valor superior a 10. 
 
 
 
Gráfico 2 - Curva granulométrica pós-compactação do resíduo. (Acervo da autora, 2014) 
 
Quanto a consistência, o material não obteve consistência de massa plástica para realizar 
o procedimento de enrolar parte da amostra e obter as dimensões de comprimento e 
diâmetro definidos pela norma DNER-ME 082/94: Solos – Determinação do limite de 
plasticidade. Sendo assim, o material foi caracterizado como não plástico o que 
consequentemente o determina como não possuidor de liquidez. 
 
Dessa forma, o material em estudo é aplicável na execução das camadas de base e sub-
base de pavimentos rodoviários, pois ele se enquadra nas especificações de exigências 
de dimensionamento empírico de pavimentos do DNIT (2006), sendo LL ≤ 25% e IP ≤ 6%. 
 
4.2 Caracterização mecânica 
 
O ensaio de compactação do resíduo misto abordou a moldagem de 7 corpos de prova, 
na energia intermediária, apresentando resultados de umidade ótima e massa específica 
seca máxima, especificados no Gráfico 3, respectivamente, 14,8 % e 1,783 g/cm³. 
 
 
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Gráfico 3 - Curva de compactação do resíduo. (Acervo da autora, 2014) 
 
Quanto à capacidade suporte do agregado reciclado, moldou-se os corpos de prova o 
mais próximo possível das suas condições ótimas. Contudo, o resultado de CBR 
encontrado satisfez as especificações da NBR 15115 (2004), apresentando expansão 
aproximadamente nula com Índice de Suporte Califórnia de 75,56%. Com isso, no que se 
refere à capacidade de suporte e expansão, o agregado reciclado estudado pode ser 
empregado em reforço do subleito, sub-base e como base de um pavimento. A Figura 2 
mostra os corpos de prova após a prática do ensaio CBR. 
 
 
 
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Figura 2 - Corpos de prova após execução do CBR. (Acervo da autora, 2014) 
Para o estudo resiliente do material abordou-se a norma DNIT 134/2010 – ME: 
Pavimentação – Solos – Determinação do módulo de resiliência e o método preconizado 
na COPPE – UFRJ conforme apresentado em MEDINA & MOTTA (2005). 
 
Diante das tensões aplicadas aos 3 corpos de prova no ensaio do módulo de resiliência 
pode-se observar deformação máxima de 1,2 mm. Os mesmos foram moldados em 10 
camadas de material com aplicação de 10 golpes para compactação em cada camada, 
conforme relata a COPPE/UFRJ, que em seguida passaram pelo condicionamento e o 
ensaio propriamente dito. A Figura 3 mostra o corpo de prova no cilindro tripartido para o 
ensaio de resiliência. 
 
 
 
Figura 3 - Corpo de prova no cilindro tripartido. (Acervo da autora, 2014) 
 
 
4.2.1 Dimensionamento empírico 
 
O método de dimensionamento empírico aborda informações segundo o DNIT (2006), 
sendo o mesmo com base no trabalho "Design of Flexible Pavements Considering Mixed 
Loads and Traffic Volume", da autoria de W.J. Turnbull, C.R. Foster e R.G. Ahlvin, do 
Corpo de Engenheiros do Exército dos E.E.U.U. e conclusões obtidas na Pista 
Experimental da AASHTO. 
 
Diante da capacidade de suporte do agregado reciclado de 75,56%, o pavimento 
estabeleceu dimensionamento para condições de tráfego médio com aplicação do 
resíduo em camadas de base adotando capacidade de suporte do subleito de 10%, 
capacidade suporte da sub-base de 20%, espessura do revestimento betuminoso de 5 cm 
e número equivalente de operação do eixo padrão de 5x106. A Figura 3 mostra o o 
 
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dimensionamento do pavimento com agregado reciclado na camada de base provido de 
RCD. 
 
Contudo, vale ressaltar que as dimensões atenderam as exigências do DNIT (2006) de 
dimensões mínimas e máximas das espessuras, sendo respectivamente, 10 e 20 cm. 
 
 
 
Figura 3 – Pavimento flexível pelo método empírico. (Acervo da autora, 2014) 
 
4.2.2 Dimensionamento mecanístico 
 
Para o dimensionamento do pavimento flexível no método mecanístico abordou-se o 
programa computacional FEPAVA2 com auxilio do LABFIT para se determinar os 
parâmetros referentes ao modelo composto abordado no FEPAVE2 na forma de gráfico, 
como mostra a Figura 4. 
 
 
 
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Figura 4 – Gráfico do modelo composto gerado pelo LABFIT. (Acervo da autora, 2014) 
 
Diante dos parâmetros encontrados no gráfico desenvolvido no LABFIT para a camada 
de base pode-se dimensionar o pavimento no FEPAVE2 adotando parâmetros das 
outras camadas diante do estudo de Benevides (2000). 
 
Contudo, os resultados obtidos através do software especificaram camada de 
revestimento de 5 cm de espessura, camada de base de 10 cm de espessura e camada 
de sub-base de 10 cm de espessura, resultando o pavimento especificado na Figura 5. 
 
 
 
Figura 5 – Pavimento flexível pelo método empírico. (Acervo da autora, 2014) 
 
 
5 Conclusão 
 
O uso do agregado reciclado apresenta vantagens tanto relacionadas a aspectos 
técnico-econômicos, quanto a questões ambientais e sociais. Essa forma de reciclagem 
do entulhoé satisfatória para o desenvolvimento sustentável, reduzindo a extração de 
matérias-primas não renováveis, aumentando a vida útil dos aterros, contribuindo para 
uma economia energética e principalmente reduzindo impactos ao meio ambiente. 
 
O agregado reciclado em estudo mostrou que pode proporcionar uma economia 
significativa nos custos de execução do pavimento, quando comparados com os de 
materiais convencionais. O mesmo apresentou condições viáveis de forma técnica e 
econômica para o uso em camadas de pavimentos. Entretanto, o bom desempenho 
do agregado reciclado em camadas de pavimentos foi constatado considerando-se 
ensaio empírico, bem como ensaio mecanístico pelo uso do FEPAVE2, que com o auxilio 
do LABFIT pode-se detectar um material em estudo representativo com 78,8% de 
confiabilidade. 
 
Diante dos resultados dos ensaios de caracterização física e mecânica o agregado 
reciclado misto mostrou-se viável para a aplicação em camadas nobres de 
pavimentos flexíveis. O mesmo atendeu os critérios abordados para aplicação em 
pavimentos, resistindo aos ensaios de Módulo de Resiliência e atingindo valores de CBR 
adequados para utilização. Com as variações de tensões nas camadas que compõem a 
estrutura do pavimento, o ensaio de Módulo de Resiliência torna-se importante para que a 
 
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vida útil do pavimento não diminua. No entanto, quanto ao dimensionamento pode-se 
relatar que o dimensionamento mecanístico estabeleceu redução significativa da 
espessura das camadas, com a utilização dos mesmos materiais apresentados no 
dimensionamento empírico. 
 
Dessa forma, concluiu-se que o dimensionamento mecanístico, abordando as condições 
resilientes do material empregado, proporcionou uma redução de 17 cm no 
pavimento quando comparado ao pavimento pelo método empírico. Contudo, o 
agregado reciclado misto apresentou características para ser empregada em reforço do 
subleito, sub-base e como base de um pavimento, apresentando Índice de Suporte 
Califórnia ou CBR superior a 60 %. 
 
. 
6 Referências 
 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR10004: Resíduos sólidos – 
Classificação. 71p. Rio de Janeiro, 2004. 
 
_______. NBR10006: Procedimento para obtenção de extrato solubilizado de 
resíduos sólidos. 3p. Rio de Janeiro, 2004. 
 
_______. NBR10007: Amostragem de resíduos. 21p. Rio de Janeiro, 2004. 
 
_______. NBR15113: Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes – 
Aterros –Diretrizes para projeto, implantação e operação. 12p. Rio de Janeiro, 2004. 
 
_______. NBR15115: Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil 
– Execução de camadas de pavimentação – Procedimentos. 10p. Rio de Janeiro, 
2004. 
 
_______. NBR15116: Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil 
– Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural - 
Requisitos. 12p. Rio de Janeiro, 2004. 
 
BENEVIDES, Sérgio Armando de Sá. Análise Comparativa dos Métodos de 
Dimensionamento dos Pavimentos Asfálticos: Empírico do DNER e da Resiliência 
da COPPE/UFRJ em rodovias do Estado do Ceará. Rio de Janeiro, 2000. (Tese 
submetida ao corpo docente da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de 
Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos requisitos 
necessários para a obtenção do grau de mestre em Ciências (M. Sc.) em Engenharia de 
Transportes. 
 
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – CONAMA. Resolução nº 307, de 5 de 
Julho de 2002. 
 
ANAIS DO 56º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 – 56CBC 15 
 
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (2006). 
Manual de Pavimentação - Versão Preliminar DNIT. 3ª Edição. 274p. (IPR. Pub., 719). 
Rio de Janeiro/RJ. 
 
_______. DNIT 134/2010-ME: Pavimentação – Solos – Determinação do módulo de 
resiliência – Método de ensaio. 11p. Rio de Janeiro. 
 
DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM. DNER-ME 082/94: Solos 
– Determinação do limite de plasticidade. Rio de Janeiro. 
 
JIMÈNEZ, Alejandra María Gómez. Estudo experimental de um resíduo de construção 
e demolição (RCD) para utilização em pavimentos. Brasília, 2011. (Dissertação 
apresentada ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Brasília para a 
obtenção do Título de Mestre em Geotecnia). 
 
MEDINA, J.; MOTTA, L. M. G. Mecânica dos Pavimentos. 2 ed. Rio de Janeiro, RJ. 574 
p, 2005.

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