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Curso de Pós-Graduação Lato Sensu a Distância
Auditoria e Perícia
Contábil
Redação de Laudos e
Pareceres
Segunda versão
Autorasa: Arlinda Cantero Dorsa
Maria Fernanda Borges Daniel de Alencastro
EAD – Educação a Distância
Parceria Universidade Católica Dom Bosco e Portal Educação
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SUMÁRIO
UNIDADE 1 – LINGUAGEM E INTERAÇÃO ................................................................ 04
1.1 A relação entre os termos língua, linguagem e fala ............................................... 04
1.2 Língua e Fala ......................................................................................................... 05
1.3 A Linguagem e seus sistemas ................................................................................. 08
1.4 Funções da linguagem ............................................................................................ 11
UNIDADE 2 – O TEXTO COMO INTERAÇÃO COM O OUTRO .................................. 15
2.1 Conceito de Texto ................................................................................................. 16
2.2 Fatores textuais ....................................................................................................... 19
2.3 Texto e contexto ...................................................................................................... 22
UNIDADE 3 – REGRAS INTERATIVAS NA PRODUÇÃO TEXTUAL ......................... 25
3.1 Adequação .............................................................................................................. 25
3.2 Concisão ................................................................................................................. 26
3.3 Clareza .................................................................................................................... 29
3.4 Correção gramatical ................................................................................................ 30
3.5 Vigor e Ênfase ........................................................................................................ 32
UNIDADE 4 - GÊNEROS ADMINISTRATIVOS NA REDAÇÃO TÉCNICA .................. 34
4.1 Gêneros e Tipologias Textuais ................................................................................ 34
4.2 Descrição ............................................................................................................... 35
4.3 Narração .................................................................................................................. 38
4.4 Dissertação ............................................................................................................. 39
UNIDADE 5 – INTERAÇÃO ENTRE TEXTOS TÉCNICOS .......................................... 41
5.1 Modalidades do texto técnico .................................................................................. 42
5.2 Tipos de Correspondência Oficial ........................................................................... 43
5.3 A comunicação no texto oficial ................................................................................ 43
5.4 A correspondência empresarial e comercial ............................................................ 44
5.5 Como simplificar o texto técnico .............................................................................. 45
5.6 Algumas modalidades do texto técnico ................................................................... 45
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 66
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APRESENTAÇÃO
Vivemos uma nova época. Os computadores há muito substituíram as
máquinas de escrever. A comunicação, antes via correio ou mesmo por telefone fixo,
é, agora, feita nas empresas de uma forma mais simples, ágil e rápida. Isto tudo é
possível por meio de fax, e-mail, msn, ou até WhatsApp.
Desta forma, há de se pensar um pouco mais sobre a qualidade da escrita
usada ao produzir comunicação por um desses novos dispositivos. Até por que ao
se usar as tecnologias atuais, não podemos deixar de perceber a necessidade de
agilidade em se escrever e também de adaptar a linguagem escrita a essas
diferentes modalidades de texto.
Não há por parte da maioria dos profissionais uma preocupação em valorizar
o processo de redação técnica. Alguns profissionais se esquecem de que a palavra,
oral ou escrita, é o seu instrumento de trabalho, a sua ferramenta essencial para
realizar qualquer tipo de negociação. Na área contábil e nas áreas afins, a qualidade
da linguagem técnica deve ser como um cartão de apresentação, isto é, quanto mais
qualidade houver, mais facilidade haverá na interlocução profissional.
Este curso tem por objetivo fazer uma breve revisão referente às questões
de linguagem oral e escrita, bem como às modalidades dos textos técnicos, com o
intuito de auxiliar profissionais da área contábil e de áreas afins à contabilidade,
também.
Bom estudo e sucesso! Relembrando o filme “Sociedade dos Poetas
Mortos”, CARPE DIEM, aproveite o seu dia!
Profª Arlinda e Profª Maria Fernanda
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UNIDADE 1 – LINGUAGEM E INTERAÇÃO
Nesta primeira unidade “Linguagem e interação” temos por objetivo mostrar a
importância de se compreender conceitos relativos à Linguagem, língua e fala para
que seja possível unir essas teorias às questões práticas na elaboração de textos
técnicos voltados às diversas áreas do conhecimento.
Fonte: http://migre.me/u2D3H
1.1 A relação entre os termos língua, linguagem e fala
Para que possamos ler e produzir qualquer tipo de texto, é importante
conhecermos e observarmos alguns fundamentos linguísticos básicos, dentre eles a
importância da linguagem, os níveis e funções.
Ainda que sejam utilizadas para designar a mesma realidade, sob o ponto de
vista linguístico não podem ser confundidos. O estudo da língua pode ser
considerado em duas perspectivas distintas:
como sistema: a partir dos mecanismos estruturais e funcionais que
servem para identificar ou descrever a língua.
como instrumento de comunicação: meio de troca de mensagens entre
as pessoas, conforme se observa no esquema a seguir.
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Fonte: http://migre.me/u2QVl
1.2 Língua e Fala
De todos os códigos utilizados na comunicação, o mais importante é a língua.
Entende-se língua como uma criação social de grande importância por ser um
veículo de conhecimento utilizado pelos seres humanos.
No caso da linguagem técnica, faz-se necessário o pleno domínio da língua,
pois ela faculta ao profissional condições de interação com os demais profissionais
da área e também a interlocução com profissionais das áreas afins.
Fonte: http://migre.me/u2T9c
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Alguns pontos devem ser observados em relação à língua. Esses pontos
podem facilitar o entendimento sobre o uso competente do idioma na comunicação
empresarial, administrativa e oficial. À medida que os profissionais são capazes de
interagir como usuários competentes da língua, eles também podem vislumbrar
melhores posições no mercado de trabalho que está cada vez mais competitivo e
exigente.
A seguir estamos enumerando informações pertinentes ao uso da língua,
tendo como ponto privilegiado a Língua Portuguesa. Observe:
A língua é a parte social da linguagem, é o seu idioma.
Ela pertence a uma comunidade ou grupo social, e sóa comunidade como
um todo pode agir sobre a língua. Exemplo: língua portuguesa ou
francesa.
Cada indivíduo pode fazer uso da língua conforme a sua vontade, criando,
assim a fala; ainda que a língua seja exterior ao indivíduo não pode,
portanto, modificá-la ou criá-la.
Por pertencer a uma comunidade, pode também ser identificada como
coletiva e comparada a um dicionário, pois é impessoal e comum a todos
os seus integrantes.
Assim, a língua e a fala são fenômenos distintos, podendo-se afirmar que
a fala é o uso que o indivíduo faz da língua, é pessoal, é individual, pois
cada falante a produz conforme a sua vontade e corresponde à realização
motora da linguagem.
Compreende a articulação e a emissão dos fonemas, pois, se trata de um
processo mecânico de comunicação verbal, é o som provocado pelas
vibrações das pregas vocais, amplificadas pela laringe e cabeça e
modeladas pelos órgãos fonoarticulatórios, formando os diferentes sons
que são agrupados em palavras e frases ritmadas e faladas com certo
grau de intensidade.
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INFORMAÇÃO IMPORTANTE!
A função referencial está presente nos textos dissertativos, técnicos,
instrucionais, jornalísticos e todos os outros que têm a informação como
principal objetivo. Ela é considerada a função mais comum porque a
informação é a finalidade maior de todo ato de comunicação. Vale lembrar
que em um mesmo texto várias funções podem estar presentes, mas sempre
haverá uma função predominante.
Fonte: <http://escolakids.uol.com.br/funcao-referencial.htm>. Acesso em: 04/05/2016
É relevante afirmar que a qualidade no uso da língua é possível também
quando há a preocupação em trabalhar a teoria linguística voltada à prática no uso
competente do idioma.
Fonte: http://migre.me/u2Dca
Quando sabemos que a língua é dinâmica e que está propensa a diferentes
usos, também podemos aplicar, tanto na escrita quanto na oralidade, mecanismos
diversificados de comunicação. Isto facilita entendermos, inclusive, a linguagem
técnica e sua importância na área profissional.
Duas forças atuam com relação à língua e se opõem, são elas:
Tendência à uniformidade: força exercida pela escola, pelos meios de
comunicação; pela rejeição dos falantes a frases que fogem do padrão.
Variedade decorrente dos usos individuais.
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É bom refletir!
Fonte: http://migre.me/u3EBG
Ao abordarmos esta máxima que TODA LÍNGUA É UM CÓDIGO, MAS
NEM TODO CÓDIGO É UMA LÍNGUA, estamos reafirmando a necessidade de os
profissionais dominarem o idioma para que sejam capazes de observar os diferentes
usos e momentos de comunicação.
1.3 A Linguagem e seus sistemas
A linguagem é um sistema de signos capaz de representar por meio de
alguma substância significante (som, cor, imagem, gesto) significados básicos que
resultam de uma interpretação da realidade e da categorização mental dessa
interpretação.
Saussure acreditava ser muito importante para os estudos linguísticos
compreender a natureza do signo. Isto foi explicado por ele da seguinte forma:
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O signo, soma, sema, etc. Só se pode, verdadeiramente,
dominar o signo, segui-lo como um balão no ar, com certeza de
reavê-lo, depois de entender completamente a sua natureza,
natureza dupla que não consiste nem no envoltório e também
não no espírito, no ar hidrogênio que insufla e que nada valeria
sem o envoltório. O balão é o sema e o envoltório o soma, mas
isso está longe da concepção que diz que o envoltório é o
signo, e o hidrogênio a significação, sendo que o balão, por sua
vez, nada é. Ele é tudo para o aerosteiro, assim como o sema é
tudo para o linguista. (2002, p. 102-103).
Fonte: http://migre.me/u2SkN
É por meio dela que nos expressamos e comunicamos, é a capacidade
que temos de transmitir conhecimentos, trocar informações, opiniões,
extravasar nossas emoções e pontos de vista sobre o mundo e as coisas
que no rodeiam.
São chamadas Línguas Naturais o francês, japonês, inglês, etc., a pintura,
a música, a dança, os sistemas gestuais, bem como os sistemas particulares
de signos tais como: código morse, os mitos, os logotipos, os quadrinhos,
são exemplos de diferentes linguagens utilizadas pelo ser humano.
Algumas linguagens são universais (línguas naturais, a música) presentes
em todas as culturas do mundo; outras se desenvolveram nas culturas
letradas (desenvolvimento, especialização e sofisticação dos usos da
escrita).
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É relevante expor que observemos algumas concepções utilizadas para
conceituar linguagem:
Há uma hipótese de que nós seres humanos falamos desde o
homo sapiens, cujo surgimento é estimado entre 120-60 mil
anos a.C. Segundo esta concepção, a linguagem humana é
tida ora como representação do mundo e do pensamento e o
conhecimento humano, ora como instrumento de comunicação,
um código, tendo como função principal a transmissão de
informação. (PETRI, 2008, p. 1)
Dado que a linguagem decorre das práticas sociais de uma cultura humana e
as representa e modifica, o exercício da linguagem é atividade predominantemente
social. As linguagens utilizadas pelo homem pressupõem conhecimento, por parte
de seus usuários, do valor simbólico de seus signos.
Tanto é real essa afirmação, como é também real pensar o papel que
exercemos ao longo da nossa atividade comunicativa. Isto é, em algumas situações
somos os emissores e em outras ocasiões somos os receptores e assim,
sucessivamente, vamos interagindo.
Fonte: http://migre.me/u2R79
Qualquer interação estaria prejudicada se não houvesse comunicação
possível. A comunicação só é possível, se houver consonância de ideias entre
emissor e receptor. Numa dada situação dialógica há o processo interativo verbal e
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não verbal, esses fazem parte de um contexto mais amplo, com aspectos que
antecedem à situação imediata ou as projeta para acontecimentos futuros. De
acordo com Bakhtin, (2002, p. 121), essa interação se dá pela
enunciação enquanto tal é um produto da interação social, quer
se trate de um ato de fala determinado pela situação imediata
ou pelo contexto mais amplo que constitui o conjunto das
condições da vida de uma determinada comunidade linguística.
Essa relação contínua leva em conta como se assimilam as palavras, como
são criadas constitutivamente as respostas contextuais e como as práticas sociais
influenciam nossos modos de interação. E é na interação que as questões relativas
aos textos técnicos vão sendo produzidos.
1.4 Funções da linguagem
Funções da linguagem são as formas como cada indivíduo organiza sua
fala dependendo da mensagem que se quer transmitir. A linguagem pode ser usada
para expressar sentimentos, para informar, para influenciar pessoas e situações. A
transmissão de uma mensagem pressupõe um emissor, um receptor, um contexto,
um código e um canal entre o emissor e o receptor. Isto tudo é importante quando da
elaboração de textos técnicos na área contábil.
Para trabalharmos com a produção de textos técnicos é importante revermos
as funções de linguagem. São elas:
Fonte: http://migre.me/u2RVN
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1 Expressiva ou emotiva: observação e anotação da atitude do emissor em
relação à mensagem que quer transmitir, ou seja, observar o discurso emocional,
subjetivo que cada usuário utiliza, seja pelo uso de adjetivações, exclamações ou
repetições.
2 Informativa ou Referencial: observação eanotação das mensagens
centradas em um referente e que são marcadas pela objetividade, neutralidade e
imparcialidade, no uso da 3ª pessoa.
3 Apelativa ou Conativa: observação da forma de uso da linguagem seja
para convencer ou tentar influenciar o interlocutor fazendo uso de vocativos,
interjeições, pontos de vista pessoais, níveis de argumentação tendo em vista as
inter-relações nos cursos propostos.
4 Fática: observação da utilização de mensagens breves, prolongadas ou
cortadas nos cumprimentos estabelecidos no início da interlocução com relação às
diferentes ferramentas de comunicação.
5 Metalinguística: observação do uso da linguagem para se discutirem os
conceitos e aprofundarem os conhecimentos. Percebida no uso da intertextualidade,
ou seja, a presença de diferentes vozes no discurso do usuário.
6 Poética: Muito encontrada na Literatura, especialmente na poesia, a função
poética apresenta um texto no qual a função está centrada na própria mensagem,
rompendo com o modo tradicional com o qual vemos a palavra.
Segundo Jakobson (2005), é importante esclarecer que as seis funções
possuem uma relação entre si, ainda que na comunicação, oral ou escrita, possa
haver o domínio de uma delas. Para Chalhub (1990, p.9):
Numa mesma mensagem [...] várias funções podem ocorrer, uma
vez que, atualizando corretamente possibilidades de uso do código,
entrecruzam-se diferentes níveis de linguagem, A emissão, que
organiza os sinais físicos em forma de mensagem, colocará ênfase
em uma das funções — e as demais dialogarão em subsídio.
Dentre as funções de linguagem estudadas, em uma perícia contábil, o perito
normalmente utiliza as seguintes funções:
- Referencial: as informações contidas nos textos devem ser objetivas e
impessoais no tocante à verificação dos fatos.
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- Apelativa: é comum a presença da linguagem persuasiva, pois à medida
que o relator apresenta os fatos e fundamenta-os, necessita emitir um ponto de vista
de forma a convencer o seu interlocutor. A sua deliberação e decisão dependerá na
plena ação de sua consciência moral e intelectual.
- Metalinguística: O perito buscará nos estudiosos sobre o assunto tratado,
fundamentos teóricos que embasem o seu trabalho e o levem a refletir sobre as
considerações a serem feitas.
Exercício 1
1 Assinale a alternativa que contenha a sequência correta sobre as funções da
linguagem, importantes elementos da comunicação:
1. Ênfase no emissor (lª pessoa) e na expressão direta de suas emoções e atitudes.
2. Evidencia o assunto, o objeto, os fatos, os juízos. É a linguagem da
comunicação.
3. Busca mobilizar a atenção do receptor, produzindo um apelo ou uma ordem.
4. Ênfase no canal para checar sua recepção ou para manter a conexão entre os
falantes.
5. Visa à tradução do código ou à elaboração do discurso, seja ele linguístico ou
extralinguístico.
6. Voltada para o processo de estruturação da mensagem e para seus próprios
constituintes, tendo em vista produzir um efeito estético.
( ) função metalinguística.
( ) função poética.
( ) função referencial.
( ) função fática.
( ) função conativa.
( ) função emotiva.
A sequência correta é:
a) 1, 2, 4, 3, 6, 5
b) 5, 2, 6, 4, 3, 1
c) 5, 6, 2, 4, 3, 1
d) 6, 5, 2, 4, 3, 1
e) 3, 5, 2, 4, 6, 1
2 Funções da linguagem (ENEM, 2012)
Desabafo
Desculpem-me, mas não dá pra fazer uma cronicazinha divertida hoje.
Simplesmente não dá. Não tem como disfarçar: esta é uma típica manhã de
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segunda-feira. A começar pela luz acesa da sala que esqueci ontem à noite. Seis
recados para serem respondidos na secretária eletrônica. Recados chatos. Contas
para pagar que venceram ontem. Estou nervoso. Estou zangado.
CARNEIRO, J. E. Veja, 11 set. 2002 (fragmento).
Nos textos em geral, é comum a manifestação simultânea de várias funções da
linguagem, com o predomínio, entretanto, de uma sobre as outras. No fragmento da
crônica Desabafo, a função da linguagem predominante é a emotiva ou expressiva,
pois
a) o discurso do enunciador tem como foco o próprio código.
b) a atitude do enunciador se sobrepõe àquilo que está sendo dito.
c) o interlocutor é o foco do enunciador na construção da mensagem.
d) o referente é o elemento que se sobressai em detrimento dos demais.
e) o enunciador tem como objetivo principal a manutenção da comunicação.
3 Coloque C para afirmações corretas e E para afirmações erradas.
a ( ) Linguagem é a faculdade que tem o homem de exprimir seus estados
mentais por meio do processo de interação comunicativa.
b( ) A linguagem não é exclusiva do homem, uma vez que outros seres podem
utilizá-la.
c ( ) A língua é o mais completo e natural sistema de comunicação.
d ( ) A língua é estática, isto é, não evolui com o processo de desenvolvimento da
comunidade.
e ( ) As línguas apresentam-se sob as formas oral e escrita.
f ( ) Quando nos comunicamos por meio de palavras (oral ou escrita), estamos
utilizando a linguagem verbal.
g ( ) Se fazemos uso de gestos e sinais em nossa comunicação, estamos
utilizando a linguagem não verbal.
h ( ) Receptor é o falante da mensagem; emissor é o ouvinte da mensagem.
i ( ) Fala é a utilização individual da língua; é um fenômeno fonético (sons).
j ( ) A língua está sempre atualizada com novas palavras, por isso move-se
rapidamente.
k ( ) A língua é potencial, social e possui código com estrutura própria.
l ( ) A linguagem verbal é mais rápida e eficaz que a linguagem visual, uma vez
que transmite a mensagem de forma completa e objetiva.
A sequência correta é:
a) 1) a-C b-E c-C d-E e-C f-C g-C h-E i-C j-E k-C l-C
b) 1) a-E b-E c-E d-E e-C f-C g-C h-E i-C j-E k-C l-C
c) 1) a-C b-E c-C d-E e-C f-C g-C h-E i-E j-E k-C l-E
d) 1) a-C b-E c-C d-E e-C f-C g-E h-E i-C j-E k-E l-C
e) 1) a-C b-E c-C d-C e-C f-E g-C h-E i-C j-E k-C l-C
Fonte: Adaptado de: <http://exercicios.mundoeducacao.bol.uol.com.br/exercicios-
redacao/exercicios-sobre-funcoes-linguagem.htm#resposta-995>
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UNIDADE 2 - TEXTO COMO INTERAÇÃO COM O OUTRO
Esta unidade tem por meta, trabalhar o texto como um tecido verbal
estruturado de tal modo que as ideias formam um todo coeso, uno e coerente. Neste
contexto, todas as partes devem estar interligadas e manifestar um direcionamento
único.
Assim, um fragmento que trata de diversos assuntos não pode ser
considerado texto, da mesma forma, se lhe falta coerência, se as ideias são
contraditórias, também não constitui texto. Se os elementos da frase que
possibilitam a transição de uma ideia para outra não estabelecem coesão entre as
partes expostas, o fragmento não se configura um texto.
Pensemos texto como um tecido completo e coerente, com progressão e
desenvolvimento de ideias intercaladas e amplas. Logo, da expressão texto
podemos desenvolver diversas formas de sentido para que se possa formar
comunicação entre interlocutores.
Fonte: http://migre.me/u2SPd
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2.1 Conceito de Texto
Fonte: http://migre.me/u3oNW
Texto é a unidade básica com que devemos trabalhar no processo de ensino
da língua portuguesa porque é no texto que o usuário da língua exercita sua
capacidade de organizar e transmitir ideias, opiniões, informações, ou seja, em
diversas situações comunicativas.
Fonte: http://migre.me/u3oCg
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Tradicionalmente, entende-se por texto um tecido verbal estruturado de tal
modo que as ideiasformem um todo coeso, uno, coerente e que todas as partes
devem estar interligadas e manifestar um direcionamento único.
Sob o ponto de vista das modernas teorias linguísticas, pode ser entendido de
maneira mais abrangente ou levar em conta a forma que se estende para outras
linguagens:
Linguagem
Musical
Fonte:
http://migre.me/1yMtL
Linguagem Visual
Fonte:
http://migre.me/1yMzd
Linguagem
Pictórica
Fonte:
http://migre.me/1yMFZ
Linguagem Verbal
Fonte:
http://migre.me/1yMJO
Linguagem não
verbal
Fonte:
http://migre.me/1yMOV
Linguagem Gestual
Fonte:
http://migre.me/1yMU9
Linguagem
Postural
Fonte:
http://migre.me/1yMYb
Linguagem
Expressional
Fonte:
http://migre.me/1yN2g
Para um bom usuário da língua é constantemente desafiador encarar o texto
como um produto histórico-social e relacioná-lo a outros textos armazenados na
memória textual coletiva, assim como aceitar a multiplicidade de sentidos e leituras
que ele propicia.
Nesta unidade, voltada ao estudo do texto, abordaremos diferentes conceitos
de texto e as condições permitidas para que um conjunto de enunciados constitua
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um todo organizado de sentidos, atendendo às necessidades pragmáticas da
situação interativa linguística na qual o texto foi gerado.
Os textos se configuram em diferentes maneiras para manifestar ou
as mesmas funções de linguagem ou os mesmos conteúdos (...)
aceitemos que outro critério de classificação adequada, para cruzar
com os das funções, poderia ser o que se refere às diferentes
maneiras de entrelaçar os fios, de tramá-los, de tecê-los, isto é, aos
diversos modos de estruturar os recursos da língua para veicular as
funções da linguagem. (KAUFMAN e RODRIGUEZ, 1995, p.12)
Se texto pode designar diferentes formas de comunicação, também ele
pode se entrelaçar para ser possível a produção de sentido em diferentes momentos
de comunicação e linguagem. Para confirmar este conceito de texto, observe o que
expõe Guimarães, (2000, p. 13-15):
A palavra texto designa um enunciado qualquer, oral ou escrito,
longo ou breve, antigo ou moderno; (...) são textos, portanto, uma
frase, um fragmento de um diálogo, um provérbio, um verso, um
romance ou até mesmo uma palavra-frase, ou seja, a frase de
situação ou frase inarticulada, como as que se apresenta em
expressões como “Fogo!”, “Silêncio!”, situadas em contextos
específicos.
Fonte: http://migre.me/u3BFe
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Todo texto é uma sequência de informações: do início até o fim, há um
percurso acumulativo delas.
Às informações já conhecidas, outras novas vão sendo acrescidas e estas,
depois de conhecidas, terão a si outras novas acrescidas e, assim,
sucessivamente.
A construção do texto flui com um ir-e-vir de informações, uma troca constante
entre o dado e o novo.
Texto é uma unidade significativa, cuja análise requer critérios de coerência,
coesão e situacionalidade.
Linguagens e narratividade são consideradas dentre as faculdades cognitivas e
caracterizadas pela textualidade, intertextualidade e argumentatividade.
2.2 Fatores textuais
Fonte: http://migre.me/u3Bzn
Segundo Beaugrande & Dressler (1984), a textualidade é uma característica
da linguagem que permite aos interlocutores, na interação comunicativa, construírem
uma textura para as frases e sequências de frases enunciadas; para isto postulam
sete princípios constitutivos da textualidade definindo e criando o comportamento
identificável como comunicação textual.
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2.2.1 Coesão
Manifesta-se no nível microtextual, refere-se aos modos como os
componentes do universo textual, isto é, as palavras que ouvimos ou vemos, estão
ligados entre si dentro de uma sequência; ele se constrói a partir de elementos que
sinalizam relações entre os componentes da superfície textual.
2.2.2 Coerência
Manifesta-se em grande parte macrotextualmente, refere-se aos modos
como os componentes do universo textual, isto é, os conceitos e as relações
subjacentes ao texto de superfície, se unem numa configuração, de maneira
reciprocamente acessível e relevante.
Um texto não tem sentido em si mesmo, mas faz sentido pela interação
entre os conhecimentos que apresenta e o conhecimento de mundo de seus
usuários.
2.2.3 Intencionalidade
Refere-se à intenção do locutor de apresentar uma manifestação linguística
coesiva e coerente e à dos alocutários de aceitá-la como tal, ou seja, a produção de
textos funciona como ação discursiva relevante para atingir determinados objetivos,
ainda que essa intenção nem sempre se realize na sua totalidade.
2.2.4 Aceitabilidade
É a disposição ativa de participar de um discurso e compartilhar um propósito;
ela constitui-se, assim, num importante controle para a seleção e motivação do uso
das alternativas num texto que estão na dependência direta das intenções do locutor
que vai, desta forma, utilizar determinados elementos linguísticos para orientar o
falante/leitor num determinado sentido.
2.2.5 Informatividade
É considerado em função dos usuários e da situação em que o texto ocorre.
É avaliada em função das expectativas e conhecimentos dos usuários, pois eles
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podem tender tanto a rejeitarem textos que têm, para eles, informatividade demais,
serem difíceis de entendimento ou porque lhes parecem óbvios, ao não lhes
acrescentarem nenhuma informação nova.
2.2.6 Situacionalidade
Constitui-se em um princípio importante para a constituição da textualidade, já
que a coesão, a coerência, a informatividade e as atitudes/disposições de produtor e
recebedor (intencionalidade e aceitabilidade) são vistos como o modo como os
usuários interpretam as relações entre o texto e sua situação de ocorrência:
perspectivas, crenças, planos e metas dos usuários.
2.2.7 Intertextualidade
É considerada a condição prévia na produção e recepção de determinados
textos, como os resumos, as paráfrases, as resenhas críticas; em um sentido mais
amplo.
Constitui um fator decisivo no processamento de qualquer texto, pois envolve
os conhecimentos, crenças e ações explícitas e implícitas no material verbal e na
interpretação que o recebedor faz a partir dos modelos prévios de mundo, de texto e
de comunicação.
Para os autores, produzir ou interpretar textos seriam processos de resolução
de problemas em que os princípios reguladores:
Eficiência, eficácia e adequação teriam a função de contribuir para o inter-
relacionamento dos sete princípios constitutivos da textualidade, de modo que
determinado texto venha a ser considerado comunicativamente satisfatório,
apropriado, em função dos objetivos e disposições dos interlocutores e das
circunstâncias em que ele é produzido e interpretado.
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Exemplos
Conhecimento partilhado. Aceitabilidade.
Informatividade
Fonte: http://migre.me/1znUj
Intencionalidade. Situcionalidade
Torcida do São Bernardo F.C. pede respeito aos
dirigentes do Tigrão.
Fonte: http://migre.me/1znKm
Intertextualidade. Contexto.
Fonte: http://migre.me/1znMZ
Informatividade e intencionalidade.
Fonte: http://migre.me/1znQx
2.3 Texto e contexto
A palavra texto procede de textum, supino do verbo latino tecere, cujo
significado é tecer, enlaçar, entrelaçar. Produzir um texto é executar o trabalho de
tecelão ou daaranha, que urdem os fios compondo-os para um todo harmonioso.
Contexto, literalmente, significa o que acompanha o texto, o que está junto ao
texto, com o texto, co-texto. Constitui o conjunto de elementos estruturais do texto
que colaboram para que a sua compreensão seja perfeita; poder-se-ia dizer,
também, que contexto é o texto + assunto da comunicação.
Quadro 1 – Tipos de contexto
Contexto Imediato
Contexto imediato: constituído pelos elementos que,
de imediato, precedem ou seguem o texto. O título, o
início de um texto, até mesmo o nome de um autor,
trazem informações sobre o texto.
Contexto situacional
Contexto situacional: estabelecido pelos elementos
externos ao texto, que o suplementam e lhe
possibilitam compreensão maior. Ao contexto dentro do
texto soma-se o contexto fora do texto, constituído pelo
acervo de conhecimentos e experiências em múltiplos
ambientes (físico, social, psíquico, histórico e outros).
Fonte: Elaboração própria
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Veja um exemplo a seguir:
Qual a relação entre a expressão “música popular
brasileira” e a sigla MPB?
A resposta pode parecer óbvia, mas não é. Alguns
cantores e compositores brasileiros, durante muitos anos,
particularmente os anos 1960-1980, quando se deu o auge
da MPB, embora cantassem canções que pudessem
tranquilamente ser classificadas como parte de uma
“música popular brasileira”, nunca foram classificados
como cantores da MPB, usando-se para as canções que
faziam ou cantavam outras classificações, tais como
“música brega”, “sambão joia”, “música romântica”, entre
outras.
Fonte: http://migre.me/1zoqC
Exercício 2
1. Quais tipos de linguagem temos abaixo? Associe as imagens às
respectivas linguagens:
1. Linguagem postural
2. Linguagem imagética
3. Linguagem gestual
4. Linguagem dos movimentos
5. Linguagem pictórica
6. Linguagem musical
Qual a alternativa que contém a sequência correta?
a) 6 / 5 / 3 / 4 / 2 / 1
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b) 5 / 4 / 6 / 1 / 2 / 3
c) 6 / 4 / 3 / 2 / 1 / 5
d) 4 / 3 / 5 / 6 / 1 / 2
2. Qual a condição prévia na produção e recepção de determinados textos,
como os resumos, as paráfrases, as resenhas críticas; em um sentido mais
amplo?
a) Informatividade
b) Intertextualidade
c) Aceitabilidade
d) Coerência
3. Leia os enunciados abaixo e assinale a alternativa correta:
I. Texto é a unidade básica com que se deve trabalhar no processo de ensino da
língua portuguesa.
II. É no texto que o usuário da língua exercita sua capacidade de organizar e
transmitir ideias, opiniões, informações, ou seja, em diversas situações
comunicativas.
III. Contexto é o texto + assunto da comunicação.
a) Apenas os enunciados I e II estão corretos.
b) Todos os enunciados estão corretos.
c) Nenhum enunciado está correto.
d) Apenas o enunciado III está correto.
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UNIDADE 3 – REGRAS INTERATIVAS NA PRODUÇÃO TEXTUAL
Para que possamos elaborar textos com qualidade, é importante que
tenhamos em mente as características relativas à elaboração desses textos. Isto é
importante para que possamos elaborar textos técnicos competentes.
Um texto bem escrito exige alguns passos necessários para que a
comunicação se efetive. O primeiro é fixar o objetivo sobre o qual se vai escrever,
selecionando a linha de pensamento que orientará a construção de ideias. Para
cada objetivo, haverá um texto diferente, se ao contrário misturarmos os objetivos, o
texto com certeza estará comprometido na sua clareza. Dentre as qualidades
inerentes ao texto, podemos considerar a adequação, concisão, clareza, correção
gramatical e o vigor.
3.1 Adequação
A primeira qualidade é a adequação da escrita a cada situação de
comunicação, ela ocorre tanto no conteúdo quanto na forma.
Com relação ao
conteúdo
O bom texto deve conter todas as informações relevantes
para se obter os resultados esperados, daí a necessidade
de escolha criteriosa dos tópicos do assunto.
Com relação à
forma
Preocupação com a estrutura formal do texto e com o tom
do texto: emocional, racional, pessoal, impessoal, formal,
informal, cerimonioso.
Outros aspectos relacionados à adequação envolvem as seguintes questões:
A situação
Qual o clima reinante entre o redator e o leitor?
Quais as circunstâncias e condições do momento?
Qual é a situação do leitor em particular?
O assunto
Cada tipo de assunto merece um tom, um estilo, um tipo de abordagem...
O leitor
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O redator escreve para o leitor, a acessibilidade de um texto dependerá do
nível de conhecimento do leitor.
O redator
Adequação do texto ao leitor, ninguém escreve para si mesmo.
O veículo
A adequação do texto deve ser feita também em função do que se vai
utilizar.
3.2 Concisão
A concisão pode ser considerada uma virtude, é de extrema importância nos
dias de hoje, pois consegue expressar um fato, uma opinião com o menor número
possível de frases e palavras, aumentando a probabilidade de se obter leitura do
texto.
Além de aumentar a probabilidade de que o texto seja lido, a concisão torna o
leitor mais receptivo à nossa comunicação, pois não há irritação maior do que se ler
textos longos, cansativos, responsáveis por atitudes preventivas contra o redator do
texto.
O excesso de concisão, no entanto, pode redundar em obscuridade; sendo
assim pode-se afirmar que ser conciso é não abusar das palavras e sim eliminar
tudo que pode ser considerado desnecessário e inútil.
Quadro 2 - Como produzir textos concisos
Contenha-se
Seja conciso, evite falar ou escrever demais. Tenha sempre
em foco que o seu texto se destina a um ou mais leitores e
nem sempre os nossos próprios interesses e valores são
importantes para ele.
Vá direto ao assunto!
Inicie pelas afirmações, informações ou tópicos mais
importantes, evite preâmbulos que não se justificam, pois
denotam falta de estratégia ou até mesmo elegância.
Focalize o assunto Evite desvios mantendo-se dentro do assunto proposto.
Evite palavras e
frases
desnecessárias
Evite palavras e frases desnecessárias como: “é evidente
que...”, “a finalidade desta é apresentar...”, “servimo-nos da
presente para comunicar...”.
Expressões como: “dar informação...”, “chegar à
conclusão...”, “dar a entender...” devem ser evitadas.
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Cuidado com o
excesso de frases
curtas
Dois problemas devem ser evitados no texto: excesso de
frases longas ou frases curtas, o texto final fica muito longo
ou cansativo.
O ideal é o equilíbrio na extensão da frase, o uso do
processo de subordinação é aconselhável, evitando-se o
uso excessivo da palavra que. Por exemplo:
Em vez de: Meu irmão chegou tarde. Tinha esquecido o
compromisso familiar. Prefira: Meu irmão, esquecendo o
compromisso familiar, chegou tarde.
Lembretes
importantes
Cabe a um bom redator ter em mente que:
- Se o objetivo é ensinar, informações em excesso podem
confundir.
- Se o objetivo é persuadir, informações em excesso podem
causar insegurança e o leitor pode vacilar.
- Se o objetivo é resolver o problema, informações em
excesso podem representar perda de tempo ou criar novos
problemas.
- Se o objetivo é projetar uma imagem adequada, o excesso
de informação pode causar confusão e dispersão de
imagem.
- Se o objetivo é expressar uma ideia clara, informações em
excesso criam complicadores.
Fonte: Elaboração própria
A respeito da escritaelegante, leia o texto a seguir, de Sérgio Simka e
observe como ele se desenvolve. A partir dessa leitura, tire suas conclusões.
Escreva com elegância
Sérgio Simka
Quando escrevemos, devemos perseguir, além de um texto sem erros de
grafia e outros senões gramaticais, aquilo que se chama concisão. O que é ser
conciso? É saber usar as palavras na medida certa, saber usá-las como expressão
do que nos vem à mente.
Mas não pense que é fácil atingir a concisão, pois temos a mania de inserir
no texto elementos que, se retirados numa leitura mais atenta, não vão fazer a
menor falta.
Quando escrevemos, precisamos pensar no leitor, precisamos despertar
nele o interesse de ler nosso artigo, devemos fisgá-lo já na primeira linha. Do
contrário, adeus leitor, adeus artigo, adeus coluna, principalmente sobre língua
portuguesa!
O trecho que se segue foi redigido sem observar os princípios da concisão.
Note que ele não apresenta nenhum erro gramatical, mas pode ser melhorado do
ponto de vista de sua redação. Vejamos:
"Quando o povo compareceu às urnas e o candidato Edmundo alcançou a
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vitória eleitoral, o agora chefe do Executivo municipal, ao veicular sua primeira
modificação em nível administrativo, travou uma discussão com os edis ao viabilizar
um mapeamento com relação aos assentamentos urbanos informais que têm
indisponibilidade temporária dos serviços de saneamento, no sentido de sinalizar
um posicionamento na implementação de uma proposição de alcance humano que
otimizasse a qualidade de vida das pessoas."
Veja o mesmo trecho, escrito dentro de algumas técnicas que levam à
concisão:
"Quando o povo votou e o candidato Edmundo ganhou as eleições, o agora
prefeito, ao transmitir sua primeira mudança administrativa, discutiu com os
vereadores ao realizar uma lista das favelas que têm falta de água, para apontar
uma tomada de posição na execução de um projeto humano que melhorasse a
qualidade de vida das pessoas."
O leitor há de concordar que as alterações tornaram o texto mais enxuto,
mais leve, mais agradável de ler. Por isso, ao escrever, lembre-se sempre de Carlos
Drummond de Andrade: "Escrever é cortar palavras."
Fonte: http://migre.me/1LFYE
3.2.1 Características básicas da concisão
Fonte: http://migre.me/u3CaH
Uma das qualidades do bom redator é ser conciso, todavia ser conciso não
significa escrever pouco, mas evitar redundâncias e cortar o excesso sem
comprometer a eficácia da comunicação.
O novo papel da retórica está vinculado ao estudo das figuras de
linguagem, das técnicas de argumentação, além da organização do discurso e ainda
aos procedimentos que facilitam a articulação lógica na produção de textos,
inclusive os textos técnicos.
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Desta feita, podemos afirmar que essa retórica moderna é uma ciência
que propõe a evolução do discurso argumentativo, persuasivo e a utilização de
recursos retóricos, quando da produção de textos científicos. Assim, pelo quadro
que será demonstrado a seguir, de acordo com a retórica moderna a concisão tem
as seguintes características, segundo Gold e Segal (2008, p.56):
Quadro 3 – Características da concisão
1. Cortar
redundâncias
“O profissional contábil repetirá o mesmo relatório”.
O emprego de “mesmo” é redundante, melhor seria: O
profissional repetirá o relatório.
Outros exemplos de redundâncias utilizadas: “conviver
juntos”, “criar novos empregos”, “não há outra
alternativa”, “elo de ligação”.
2. Retirar ideias
excessivas
“Informamos que é proibida a entrada, a
permanência, a frequência nas dependências da
quadra deste clube de pessoas que não fazem parte
de seu quadro de sócios”.
Seria melhor: É proibida a entrada de não sócios.
Fonte: Elaboração própria
3.3 A Clareza
Considerada uma das qualidades mais raras e úteis, a clareza é uma questão
de atitude, de empatia, de ver as coisas sob o prisma dos outros. É para o leitor que
se devem deixar as coisas claras.
Uma das dificuldades enfrentadas para se ter clareza textual é não
acompanhar a linha de raciocínio ou desconhecer uma palavra que perturba toda
sequência de assimilação de um texto.
A clareza é se fazer entender, é ser coerente, é respeitar as normas
gramaticais e construir parágrafos adequados, com uso de vocabulários precisos.
Portanto, o texto claro é aquele que é entendido facilmente pelo receptor,
tanto pela organização textual quanto pela estrutura gramatical.
De acordo com Gold e Segal (2008, p.47), há como evitar a prolixidade ao se
elaborar um texto, desde que se apliquem as leis da legibilidade:
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Use palavras curtas, pois as longas exigem um maior esforço na
decodificação.
Escolha palavras já conhecidas, vocabulário simples ainda que formal.
Use palavras de formas simples sem prefixação ou sufixação, pois estas
prejudicam a legibilidade.
Quanto às frases, as normas são:
A construção das frases deve deixar transparecer nitidamente suas
articulações.
A extensão das proposições não deve ultrapassar uma compreensão
mais imediata da ideia.
As palavras gramaticalmente (inter)dependentes não devem estar
muito afastadas umas das outras.
As palavras mais importantes devem estar colocadas de preferência na
primeira metade da frase ou proposição.
Evitar uma sintaxe rebuscada (modo de apresentação das ideias)
Cuidado com as frases “centopéicas” (sobrecarga de informações no
parágrafo).
Quanto aos parágrafos, é fundamental o uso de parágrafos não muito longos,
tendo o cuidado de colocar as ideias principais sobrepondo-se às secundárias.
3.4 Correção gramatical
Todo redator de textos administrativos e comerciais deve levar em conta a
obediência às normas gramaticais sem perder a espontaneidade e criatividade, pois
“há necessidade de um padrão de linguagem que sirva de instrumento geral de
comunicação entre os membros de uma mesma língua” de acordo com Medeiros
(2008, p.317). Segundo o autor, “a correção funciona como um elemento
argumentativo”:
Um redator desleixado com relação às normas gramaticais atrai a
desatenção e a desconsideração por suas ideias. Portanto, escrever
segundo a gramática é uma necessidade que se impõe para
conquistar a atenção do receptor. Recomenda-se cuidado com a
ortografia e com a sintaxe: preferir orações coordenadas às orações
subordinadas, uma vez que são necessárias frases incisivas, claras,
rápidas. (MEDEIROS, 2008, p.317)
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3.4.1 As incorreções gramaticais
As incorreções gramaticais podem provir de variadas causas: erros sintáticos,
semânticos ou morfológicos:
Erros sintáticos: concordância verbal e nominal, erros de regência
verbal e nominal, colocação pronominal, inadequação na construção
de orações.
Erros morfológicos: conjugação errada de verbos, uso inadequado de
classes gramaticais.
Erros semânticos: emprego inadequado de sinônimos, antônimos,
homônimos e parônimos.
Segundo Medeiros (2008, p.320), há também os seguintes fatores que
contribuem para a incorreção:
Obscuridade: sentido duvidoso decorrente de cúmulo de elementos
em uma frase, resultado de má colocação das palavras na frase, da
impropriedade dos termos ou de pontuação defeituosa.
Pleonasmo: redundância, presença de palavras supérfluas.
Ambiguidade: defeito da frase que apresenta duplo sentido.
Barbarismo: caracteriza-se pelo uso de uma palavra de forma errada.
Fonte: http://migre.me/u3ChN
A correção gramatical é qualidade fundamental assim como a objetividade,
qualidade particularmente requerida emtextos técnicos, jornalísticos, científicos, nos
textos de relatórios, enfim, em qualquer tipo de comunicação na qual o autor deva
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relatar algo a outros sem projetar opiniões pessoais. Para o leitor, a questão se
resume num julgamento simples: o texto convence ou não convence, e isso é o que
conta.
3.5 Vigor e Ênfase
O vigor é a captação e retenção do leitor, provocando nele as reações
pretendidas, emocionando-lhe ou envolvendo-o e a ênfase é a capacidade de se
ressaltar uma ideia dentre várias e que exige:
Escolher o ângulo certo;
Associar o assunto ao interesse do leitor;
Dialogar com o leitor;
Usar ilustrações;
Ser elegante, proporcional e equilibrado;
Escolher bem as palavras.
Quadro 4 – Regras práticas para uma perfeita textualização
Escolha bem as palavras
Cuidado com os termos "técnicos", palavras
ambíguas, palavras de sentido indefinido ou vago,
uso de pronomes indefinidos e possessivos.
Cuidado com adjetivos e
advérbios
Os adjetivos e advérbios refletem nosso julgamento
de qualidade ou natureza de objetos, coisas e
processos. Em textos que exigem precisão nas
frases, é importante o seu uso de forma moderada.
Evite períodos muito
longos
Responsável pela dificuldade de compreensão
textual, exige do leitor um esforço mental para
acompanhar o raciocínio em nível de concentração
sobre o que está sendo exposto.
Desenvolva o raciocínio
passo a passo
Deve-se levar o leitor a assimilar cada coisa de
uma vez.
Ligue adequadamente as
ideias
É necessário ligar adequadamente as ideias e os
fatos, concatenar a sequência da narrativa, juntar e
associar as partes do raciocínio.
Optar pela linguagem
usual
Uso de palavras usuais, simples. Alia-se o menor
esforço e energia ao se analisar as informações,
fatos ou raciocínios.
Fonte: Elaboração própria
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Exercício 3
1. São qualidades textuais necessárias para a elaboração de textos técnicos,
EXCETO:
a) Ligar adequadamente as ideias e os fatos.
b) Utilizar adjetivos e advérbios para refletir o julgamento de qualidade ou natureza
de objetos, coisas e processos.
c) Associar o assunto ao interesse do leitor.
d) Obediência às normas gramaticais sem perder a espontaneidade e criatividade.
2. Contribuem para a incorreção textual:
I. A utilização de pleonasmo: redundância, presença de palavras supérfluas.
II. Ambiguidade: defeito da frase que apresenta duplo sentido.
III. A captação e retenção do leitor, provocando nele as reações pretendidas.
a) Todos os enunciados estão corretos.
b) Apenas os enunciados I e III estão corretos.
c) Apenas os enunciados I e II estão corretos.
d) Apenas os enunciados II e III estão corretos.
3. Quanto à construção de parágrafos no texto, é INCORRETO afirmar que:
a) É fundamental o uso de parágrafos não muito longos, tendo o cuidado em
colocar as ideias principais sobrepondo-se às secundárias.
b) A sintaxe rebuscada (modo de apresentação das ideias) demonstra o
conhecimento do redator.
c) É fundamental a escolha de palavras já conhecidas, vocabulário simples ainda
que formal.
d) É fundamental evitar frases centopéicas (sobrecarga de informações no
parágrafo).
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UNIDADE 4 – OS GÊNEROS CLÁSSICOS NA REDAÇÃO TÉCNICA
O objetivo desta unidade é trabalhar as estruturas e características dos
gêneros tradicionais narrativos, descritivos e dissertativos presentes no texto técnico.
Os gêneros tradicionais do texto, descrição, narração e dissertação, se
fazem presentes no texto técnico ou científico, apresentando estruturas e
características formais específicas de acordo com a sua tipologia textual.
4.1Gêneros e Tipologias Textuais
Fonte: http://migre.me/u3CkC
Para Marcuschi (2002), Tipologia Textual é um termo que deve ser usado
para designar uma espécie de sequência teoricamente definida pela natureza
linguística de sua composição. Em geral, os tipos textuais abrangem as categorias
narração, argumentação, exposição, descrição e injunção (Bronckart, 1999). Ainda,
segundo Marcuschi (2002), o termo Tipologia Textual é usado para designar uma
espécie de sequência teoricamente definida pela natureza linguística de sua
composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas) (p. 22).
Gênero Textual é definido por Marcuschi (2002), como uma noção vaga para
os textos materializados encontrados no cotidiano e que apresentam características
35
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sociocomunicativas definidas pelos conteúdos, propriedades funcionais, estilo e
composição característica.
Os gêneros textuais são entidades sociodiscursivas altamente maleáveis,
dinâmicas, plásticas que surgem, situam-se e integram-se funcionalmente nas
culturas em que se desenvolvem. Os gêneros orientam tanto o autor na produção,
quanto o leitor na interpretação.
4.2 Descrição
Descrever é “representar verbalmente um objeto, uma pessoa, um lugar,
mediante a indicação de aspectos característicos, de pormenores individualizantes”,
segundo Medeiros (2007, p.134). Muitas das características do texto literário estão
presentes na descrição técnica, no entanto, a precisão vocabular, a exatidão dos
pormenores e a impessoalidade são marcantes no texto técnico, além da sobriedade
da linguagem. Em termos de comparação, podemos afirmar que a denotação se
antagoniza com a conotação da descrição literária. A objetividade confronta-se com
os tons afetivos e subjetivos do texto literário.
As três finalidades do texto descritivo são: identificar, localizar e qualificar. É
importante reforçar que um trecho descritivo pode estar inserido em outro tipo de
texto cuja finalidade ultrapasse a do mero descrever. Aplica-se a descrição técnica
a:
Objetos (cor, forma, aparência, dimensões, peso, etc.);
Aparelhos ou mecanismos;
Fenômenos, fatos, lugares, eventos.
O que distingue as duas formas de composição, literária e técnica, é o
objetivo e o ponto de vista do que deve ser descrito. Por exemplo, uma sala de visita
no olhar de um romancista e uma sala de visita para um policial encarregado de
descrevê-la em um relatório, com o objetivo de desvendar um crime de morte.
É importante então enfatizar que do ponto de vista e do objetivo dependerão a
forma verbal e a estrutura lógica da descrição. Algumas questões devem ser
enfatizadas:
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a) Descrição de objeto ou ser
Qual objeto, ser ou situação a ser descrito?
O que será ressaltado?
Quais pormenores serão enfatizados?
Qual será a ordem descritiva a ser utilizada: lógica, psicológica,
cronológica?
A quem se destina o relatório?
Se falarmos de um texto publicitário, podemos citar, por exemplo, uma
televisão 42 polegadas: o ponto de vista pode ser: a) do possível comprador; b) do
usuário; c) do técnico encarregado em sua instalação; d) do técnico que poderá
eventualmente consertá-la.
Os fatores citados precisam ser levados em conta, deles depende a estrutura
formal e textual do texto a ser descrito. Para Medeiros (2007, p. 135), “a descrição
requer observação cuidadosa, para tornar o que vai ser descrito um modelo
inconfundível, não se trata de enumerar uma série de elementos, mas de captar os
traços capazes e transmitir uma impressão autêntica”.
b) Descrição de processo
Quando o propósito é “mostrar o funcionamento de aparelho ou mecanismo
ou os estágios de um procedimento (como, por exemplo, as fases da fabricação de
um produto, de um trabalho de pesquisa, de uma investigação ou sindicância), tem-se a descrição de processo”, à qual Gaum (1989, p.61) dá o nome de exposição
narrativa, cujas características principais são:
Exposição em ordem cronológica;
Objetividade: nada de linguagem abstrata ou afetiva;
Ênfase na ação, que deve ser suficientemente detalhada;
Indicação clara das diferentes fases do processo;
Ausência de suspense: ao contrário da narração literária, o interesse da
descrição de processo não deve depender da expectativa ou suspense.
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O núcleo, miolo ou corpo de quase todos os relatórios técnicos é, em
essência, uma descrição de processo, uma exposição narrativa. Sobre esse
assunto, Garcia (1999, p. 391) afirma que:
Esse tipo de descrição é, talvez, o mais difícil por exigir do autor não
apenas conhecimento completo e pormenorizado do assunto, mas
também muito espírito de observação e senso de equilíbrio: se ela
sai por demais detalhada, pode tornar-se confusa; se muito
simplificada, pode revelar-se incompleta ou inadequada. Por isso é
que quase toda descrição de processo vem acompanhada de
ilustração (desenho, mapas, diagramas, gráficos, etc.), não apenas
como esclarecimento indispensável, mas ainda como meio, por
assim dizer, de "dosar" os detalhes.
c) Processos da descrição técnica
Medeiros (2007, p. 135) explica as etapas da redação do texto descritivo,
focalizando os seguintes aspectos:
Estabelecimento do objetivo a ser alcançado;
Pesquisa e seleção dos dados que serão apresentados;
Correção;
Revisão;
Redação da versão final.
Segundo o autor, existem regras básicas para a elaboração do texto
descritivo:
Estilo: vivo, ágil, descrições rápidas e informativas;
Estilo direto e conciso;
Parágrafos curtos, predominância de frases de 10 a 15 palavras;
Pesquisa direta em fontes de informação: arquivos, cartas, relatórios
anteriores;
Objetividade, rigor, informações fundamentadas;
Utilização de verbos que designam estado (parecer, continuar, estar, viver,
permanecer).
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4.3 Narração
Relato organizado de acontecimentos reais ou possíveis. Apresenta episódios
e acontecimentos costurados por uma evolução cronológica das ações.
Podem-se perceber algumas características na narração técnica segundo
Gold e Segal (2008, p. 68):
A estrutura narrativa tem como finalidade última situar o interlocutor nos
acontecimentos que ensejaram a ação;
Os verbos relativos às circunstâncias narradas estão no pretérito perfeito
de modo indicativo, pois quando ocorre o relato a ação já desencadeou;
A obediência à sequência temporal é de suma importância, pois garante
que a narrativa chegue logicamente à conclusão.
Os elementos narrativos servem para orientar a redação de estruturas
técnicas e são:
Quem: As pessoas que participam da determinada ação;
O quê: Apresentação clara dos fatos que direcionam a história;
Quando: O momento em que aconteceram as circunstâncias relatadas
(tempo);
Onde: Localização dos eventos narrados (espaço);
Como: Modo como desenvolveram as circunstâncias, apresentadas em uma
sequência cronológica ou lógica;
Por quê: A razão que ocasionou os fatos narrados;
Por isso: A consequência lógica.
Existem, segundo Medeiros (2005, p.303), várias técnicas que permitem
captar a atenção do leitor como:
Escrever parágrafos curtos e sem muitos pormenores;
Falar somente do que se conhece bem;
Ter presente o objetivo da narração;
Sugerir soluções mais do que explicar acontecimentos.
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4.4 Dissertação
O texto dissertativo apresenta ideias, expõe pontos de vista baseados em
argumentos lógicos, procurando estabelecer a correlação entre causa e efeito. No
texto dissertativo, não basta narrar ou descrever, há necessidade de explicar,
explanar com o embasamento de argumentos que comprovem o ponto de vista
assumido.
Algumas regras são fundamentais para se redigir o texto dissertativo, de
acordo com Medeiros (2005, p 138):
As declarações, para terem validade, exigem que sejam provadas, que se
apresentem fatos.
Os fatos não podem ser discutidos, daí a necessidade de reunir o maior
número deles.
Para escrever uma boa dissertação, os seguintes elementos são necessários,
de acordo com Gold e Segal (2008, p. 71):
Familiarização com o tema;
Espírito reflexivo: busca da verdade pela análise dos fatos, procurando
explicá-los, prová-los ou rejeitá-los;
Métodos de exposição: consiste na busca das ideias propostas e
ordenamento, de acordo com um plano estrutural;
Imaginação: imaginar é ver bem a ideia, representá-la como algo vivo,
para depois dar a ela forma.
Exercício 4
1. As três finalidades do texto descritivo são:
a) Identificar, argumentar e localizar.
b) Identificar, localizar e qualificar.
c) Identificar, localizar e argumentar.
d) Localizar, qualificar e argumentar.
2. Leia com atenção e assinale a alternativa correta:
I. Os relatórios técnicos são, em essência, uma descrição de processo.
II. Para a elaboração do texto descritivo, devem-se utilizar parágrafos curtos, com
predominância de frases de 10 a 15 palavras.
III. Os relatórios técnicos exigem do autor não apenas conhecimento completo e
pormenorizado do assunto, mas também muito espírito de observação e senso de
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equilíbrio.
a) Todos os enunciados estão corretos
b) Apenas os enunciados I e II estão corretos.
c) Apenas os enunciados II e III estão corretos.
d) Apenas os enunciados I e III estão corretos.
3. Uma narração técnica NÃO exige:
a) Escrever parágrafos curtos e sem muitos pormenores.
b) Falar somente do que se conhece bem.
c) Ter presente o objetivo da narração.
d) Emissão do ponto de vista do narrador.
4. Para escrever uma boa dissertação, algumas regras práticas são
necessárias. Aponte a ÚNICA que deve ser evitada:
a) Familiarização com o tema.
b) Busca das ideias propostas e ordenamento, de acordo com um plano estrutural.
c) As declarações, para terem validade, exigem que sejam provadas, que se
apresentem fatos.
d) A discussão dos fatos, daí a necessidade de reunir o maior número deles.
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UNIDADE 5 – INTERAÇÃO ENTRE TEXTOS TÉCNICOS
O objetivo desta unidade é trabalhar o texto técnico visando à expressão
escrita, a partir de textos voltados à informação, opinião ou parecer, a partir das
estruturas formais e textuais.
Esse estudo mostra que em se tratando de textos técnicos, há de se
observar que entre os diversos modelos de textos técnicos, existem aqueles que são
utilizados para as variadas áreas do conhecimento científico e assim podemos
observar a interação entre esses textos.
Uma dica interessante a seguir é você toda vez que for elaborar um texto
técnico, tentar responder às questões a seguir:
Está completo, possui todas as informações necessárias?
A informação é precisa?
Utiliza somente as palavras essenciais?
A linguagem está apropriada?
Você conseguiu traduzir o pensamento com exatidão e
simplicidade?
A sua estrutura tem clareza?
Cada parágrafo contém apenas uma ideia central?
Há uma boa concatenação de ideias?
A linguagem está correta?
Usa-se o tratamento adequado?
Para um redator profissional, é necessário observar algumas regras básicas
para redigir um texto com eficiência, pois na concepção de Medeiros (2008, p. 144),
“a eficácia da mensagem só se consegue com criatividade, com a escolha adequadade um estilo capaz de envolver o receptor”.
Antes de darmos continuidade às explanações sobre texto técnico, vamos
ler um texto que faz menção à burocracia em alguns procedimentos usados na
comunicação técnica.
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O Despertar do Burocrata
O burocrata acorda e abre a boca, segundo ordena a RIPD – Regras
Imediatas Para o Despertar. Confere os botões do pijama, vê que está faltando um,
anota a quantia deles numa folha ao lado, data, assina e carimba.
Tranca-se no banheiro, até que lá fora se forma uma fila imensa (mulher,
empregada e cinco filhos) que começa a agitar. O burocrata dá um sorriso (ele só
consegue sorrir diante de filas insatisfeitas). A mulher grita: “escova os dentes”. E
ele escova. “Toma banho”. E ele toma. O burocrata adora cumprir ordens. Confere
o número de furos do chuveiro, anota, data, assina e carimba.
Senta-se à mesa da copa, também chamada de RDPD – Repartição
Doméstica do Pão Diário, lê seu jornal favorito – o Diário Oficial da União.
Encaminha um ofício à empregada solicitando um pedaço de pão com manteiga. A
manteiga vem estragada e imediatamente é instaurado um inquérito administrativo.
Em seguida ele palita os dentes e com o palito confere o número de molares, pré-
molares e caninos. Anota, data, assina e carimba.
Deixa com a esposa o dinheiro, também chamado de previsão orçamentária
– do dia: um real. O burocrata é notoriamente um pão-duro.
A mulher quer beijá-lo, mas ele olha o relógio – oito horas – sente muito, o
expediente está encerrado, agora só amanhã, pois agora tem que ir para a
repartição e aguentar aquela monotonia o dia inteiro.
(Procópio, Almanaque Humordaz)
(Fonte: <http://antonini.med.br/home/?p=16288>. Acesso em 03/06/2016)
5.1 Modalidades do texto técnico
Há modalidades de textos técnicos que podem ser utilizadas em vários setores
administrativos: as correspondências oficiais, autárquicas, empresariais e
comerciais.
Em sentido genérico, correspondência significa ação relativa à pessoa que
corresponde a um apelo, pedido ou ato que lhe vem de outra pessoa. Enfim,
correspondência é um meio de comunicação escrita entre pessoas. É o ato ou
43
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estado de corresponder, adaptar, relatar ou o acordo de uma pessoa com outra. É
uma comunicação efetiva por meio de papéis, cartas, bilhetes, circulares,
memorandos, ofícios, requerimentos, telegramas, fax e hoje, um dos meios mais
efetivos: o e-mail.
A Correspondência Oficial ocorre muito frequentemente entre órgãos públicos
e entre pessoas ou empresas e órgãos públicos. Difere dos demais textos técnicos,
pois inclui textos de caráter documental e jurídico que tramitam apenas entre
pessoas, como é o caso de declaração, ata, etc.
Umas das características do estilo da correspondência oficial e
empresarial é a polidez, entendida como o ajustamento da expressão
às normas de educação ou cortesia. A polidez se manifesta no
emprego de fórmulas de cortesia ("Tenho a honra de encaminhar" e
não, simplesmente, "Encaminho..."; "Tomo a liberdade de sugerir..."
em vez de, simplesmente, "Sugiro..."); no cuidado de evitar frases
agressivas ou ásperas (até uma carta de cobrança pode ter seu tom
amenizado, fazendo-se menção, por exemplo, a um possível
esquecimento...); no emprego adequado das formas de tratamento,
dispensando sempre atenção respeitosa a superiores, colegas e
subalternos. No que diz respeito à utilização das formas de tratamento
e endereçamento, deve-se considerar não apenas a área de atuação
da autoridade (universitária, judiciária, religiosa, etc.), mas também a
posição hierárquica do cargo que ocupa. (SMITH, 2002)
Além dos critérios de clareza, concisão, objetividade, simplicidade e correção,
a correspondência oficial possui formas relativamente rígidas e padronizadas para
abertura, desenvolvimento e fecho do texto, bem como para a estrutura formal.
5.2 Tipos de Correspondência Oficial
Dentre as mais utilizadas podemos citar: abaixo-assinado, acordo, alvará,
comunicação: apostila, ata, atestado, aviso, circular, contrato, currículo, declaração,
decreto, exposição de motivos, memorando, ofício, ofício-circular, petição, relatório,
requerimento, telegrama, memorial, procuração, protocolo e registro.
5.3 A comunicação no texto oficial
Quem comunica: sempre é a Administração Pública;
Assunto da comunicação: relativo às atribuições do órgão ou entidade
que comunica;
44
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O destinatário: é o público, o conjunto de cidadãos, ou outro órgão ou
entidade pública.
A redação oficial possui uma estrutura estável, tanto em seus aspectos
formais quanto textuais. Dentre essas características, podemos citar:
Isenção de interferência da individualidade de quem a elabora;
Comunicações formais;
Obediência a regras formais;
A clareza do texto, possibilitando imediata compreensão pelo leitor;
Uso de papéis uniformes e a correta diagramação são indispensáveis
para a padronização das comunicações oficiais;
Texto conciso, máximo de informações, uso mínimo de palavras;
Impessoalidade, pois se fala em nome do Serviço Público;
Atenção no uso de pronomes de tratamento;
Utilização correta dos fechos.
5.4 A Correspondência empresarial e comercial
Na correspondência empresarial ou comercial, deve-se observar um conjunto
de normas relativas aos aspectos formais e textuais que servem como orientação
para a elaboração e circulação de papéis e documentos necessários ao comércio e
indústria.
Medeiros (2008) orienta que para o êxito da redação ora denominada
administrativa, são recomendáveis:
O emprego de palavras cujo sentido se conhece e que são
apropriadas ao momento; a ordenação do assunto antes de
escrever; a organização dos pensamentos; a ampliação do
vocabulário, pois o desempenho do redator depende do
conhecimento de palavras suficientes para escrever sobre o que se
deseja transmitir; a colocação do redator no lugar do destinatário; a
reflexão sobre o assunto; a naturalidade e a revisão gramatical e
das ideias antes de enviar qualquer texto ao destinatário.
O autor ainda pondera com relação à correspondência comercial ou
empresarial que ela serve como instrumento para fechamento de negócios, como
45
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“agente de Relações Públicas ou como meio para a empresa alcançar seus
objetivos, pois o redator é sua empresa.
5.5 Como simplificar o texto técnico
O excesso de palavras é o grande empecilho para o redator de textos
técnicos, nesse contexto Medeiros (2007, p.51) recomenda o uso de algumas
expressões no lugar de outras muito comuns nesse tipo de texto. Como exemplo,
podemos citar:
Deve-se usar: Em lugar de:
Recebemos Acusamos o recebimento
Citado Anteriormente citado
Anexamos Segue anexo a esta
Será atendido Será prontamente atendido
Esperamos Na expectativa de
Durante 2004 No decorrer do ano em curso
Neste mês O corrente mês de...
Anexo ou Segue Anexo segue
Assuntos em referência Assuntos em tela
Ainda segundo Medeiros, devem-se evitar expressões-clichês cabíveis de
rejeição total, tais como:
Agradecemos-lhe antecipadamente...
Ansiosamente, aguardamos resposta.
Pela presente acusamos.
No devido tempo.
Serve esta para inteirá-lo.
Através desta.
Vimos por intermédio desta.
5.6 Algumas modalidades do texto técnico
Dentre as modalidades referentes aos textos técnicos, selecionamos algumas
utilizadas na área contábil: o relatório, o requerimento e o parecer contábil.
46
www.eunapos.com.br5.6.1 Relatório
Relatório
Conceito:
- Exposição circunstanciada de fatos ou ocorrências de ordem administrativa: sua
apuração ou investigação para a prescrição de providências ou medidas cabíveis.
- Documentos que apresentam certas características formais e estilísticas
próprias: título, "abertura" (origem, data, vocativo, etc.) e "fecho" (saudações
protocolares e assinatura).
- Documento final de encaminhamento à instância superior, a fim de que esta
tome ciência dos fatos ocorridos ou da situação em que se encontra o objeto do
mesmo.
- Engloba variedades menores de redação técnica propriamente dita: descrição
de objeto, de mecanismo, de processo, narrativa minuciosa de fatos ou
ocorrências, explanação didática, sumário e, até mesmo, a argumentação.
Finalidade: Registro nas atas de natureza informativa à instância superior,
documento oficial para exposição ou prestação de contas sobre uma determinada
atividade ou período.
a) Estrutura do relatório
A Estrutura do relatório administrativo compreende, além da "abertura" e do
"fecho":
1. Introdução: indicação do fato investigado, do ato ou da autoridade que
determinou a investigação e da pessoa ou funcionário disso incumbido.
Enuncia, portanto, o propósito do relatório.
2. Desenvolvimento (texto, núcleo ou corpo do relatório): relato minucioso
dos fatos apurados, indicando-se:
Data;
Local;
Processo ou método adotado na apuração;
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Discussão: apuração e julgamento dos fatos.
3. Conclusão e recomendações de providências ou medidas cabíveis.
Partes obrigatórias de um relatório:
Elementos pré-textuais
– Capa
– Folha de rosto: Elementos essenciais à identificação e
individualização do relatório, trazendo:
autoria;
título;
subtítulo (se houver);
nome do responsável pela elaboração do relatório;
local, ano de publicação;
equipe técnica (quando houver).
– Sumário: Enumeração dos capítulos, seções ou partes do relatório,
na ordem em que aparecem no texto, indicando suas subordinações,
bem como as páginas que se iniciam.
– Resumo: apresentação do relatório, porém, condensado e conciso,
destacando os aspectos de maior relevância.
Elementos textuais: texto com o relatório e seus diversos modais.
Deve ser apoiado em citações, notas de rodapé, ilustrações, etc.
Elementos pós-textuais: glossário, referências, apêndices e anexos,
índice.
Elementos opcionais:
Comentários
Resultados
Simbologia
Referências
Tabelas
Anexos
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São quatro os itens que comporão o corpo do relatório:
1. Objetivo: É a definição precisa e sintética do que está sendo relatado
(deve estar em uma única frase). Caso exista mais de um objetivo, é recomendável
numerá-los.
2. Desenvolvimento: É a descrição, apresentada com texto simples e
didático (lembre-se de que deve ser entendido por qualquer pessoa, mesmo que não
seja da área), explicando quais foram os métodos utilizados para o trabalho.
Caso existam publicações explicando esses métodos (como, por exemplo, as
normas da ABNT), é recomendável mencionar.
3. Resultados: É a apresentação organizada de tudo o que o autor conseguiu
com o trabalho realizado, indicando as constatações alcançadas. Os resultados
podem ser apresentados em forma de tabelas – que deverão vir destacados no
texto, numeradas como Tabela 1, Tabela 2, etc. É recomendável também que cada
tabela receba um nome (por exemplo: Tabela 1 – Quantidade de clientes visitados
por representante). Se você chegou a um número de tabelas maior que três,
recomenda-se agrupá-las no final do relatório, antes dos anexos.
4. Conclusão: Nesse trecho do relatório, o autor resumirá tudo o que foi dito,
reforçando a adequação do trabalho ao objeto que quis estudar, a validade dos
métodos e processos de elaboração, e indicando se os resultados foram
satisfatórios. Use frases curtas. Seja preciso.
Dependendo da necessidade, um relatório pode conter mais alguns itens,
como:
Comentários: Será a única intervenção do autor em termos de
avaliação pessoal, de natureza opinativa, quando o autor do texto
considerar que seja importante mencionar alguma questão que esteja
fora da abordagem estritamente técnica. Por exemplo, quando o autor
considerar que ainda faltam outros trabalhos para complementação do
que está sendo apresentado.
Simbologia: Somente quando forem utilizados termos, símbolos e
abreviaturas que possam não ser entendidos por qualquer leitor,
recomenda-se agrupá-los neste local, para consulta.
Anexos: No caso de documentos que não são parte do assunto
principal do relatório, mas que podem ajudar na interpretação do
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conteúdo, recomenda-se agrupá-los ao final do documento como
anexos. No exemplo que estamos usando, seria o caso das instruções
normativas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas),
sobre as quais se baseou o processo técnico de elaboração.
b) Tipos de Relatório
De acordo com Medeiros (2007), os relatórios podem ser:
contábil, científico, de pesquisa, de auditoria, de cobrança, de
rotina, de inspeção, relatório-roteiro (responde-se apenas a um
formulário). São formais, informais, para fins especiais, analíticos e
informativos; podem ainda ser rotineiros e não rotineiros. Relatórios
rotineiros – impressos ou mimeografados e fornecidos pela
empresa, com a finalidade de dar informações essenciais no menor
tempo possível. Relatórios não rotineiros – São extraordinários e
tratam de problemas e ocorrências irregulares. Há necessidade de
que sejam claros, breves e exatos.
Segundo o autor, o relatório de auditoria apresenta o resultado do exame
realizado nos procedimentos organizacionais; oferece sugestões para a melhoria do
procedimento organizacional ou explica a importância dos fatos verificados pelo
exame.
O redator deve levar em conta as limitações do seu possível leitor ou leitores,
mas não deve simplificar o relatório demasiadamente de tal modo que as
informações expostas sejam destituídas de interesse.
São formais quando resultantes de um exame de auditoria após a revisão de
todos os documentos que constituem objeto de análise. Deve descrever os
procedimentos utilizados, informar o limite do trabalho realizado e declarar se
encontrou ou não desvios com relação aos princípios contábeis ou jurídicos
fundamentais. Se houver desvios, informam-se quais são eles e quais são suas
consequências.
MODELO RELATÓRIO
1) PROC. Nº 2005.83.00.012967-5
MARIA DE SALETE CORREA MARINHO
Andamento:
Despacho da Juíza em 26/09/2006:
Em relação à alegação da Caixa Econômica Federal, verifica-se que
existe título executivo, estando acostado às fls. 29/32. Assim,
proceda-se a CEF ao pagamento dos honorários, à base de 10%
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sobre o valor do crédito da autora, no prazo de 15 (quinze) dias, sob
pena de multa no importe de 10% sobre o valor da condenação.
Publique-se. Intime-se.
------------------------------------------------------------------------------------
-----------------
Publicado no D.O.E. de 26/09/2006, pág. BOL 173
------------------------------------------------------------------------------------
Em decorrência os autos foram remetidos:
Para CURADOR ESPECIAL por motivo de VISTA
Sem contagem de Prazos.
Enviado em 27/09/2006 por PTP e entregue em 27/09/2006 por PTP
Devolvido em 20/10/2006 por ASP
Obs: A professora já recebeu os créditos junto a Caixa
Econômica Federal.
Fonte: http://www.adufepe.com.br/juridico5/relatorio-fgts-
atualizado-25-10-2006.htm5.6.2 Requerimento
Conceito:
O mais formal dos documentos, devendo ser redigido em 3ª pessoa,
vedado o emprego de palavras de gentileza ou agradecimentos, próprias da
redação comercial.
O verbo requerer é pedir deferimento a uma solicitação feita por alguém.
Requerente: pessoa que se dirige a uma autoridade competente para dela
requerer.
Estrutura textual:
Vocativo: autoridade que tem competência ratione materiae. Não se
coloca o nome, e sim o cargo ou função.
Qualificação do requerente: dados suficientes para identificá-los.
Presença do verbo requerer;
O pedido e suas especificações;
Fecho;
Local e data;
Assinatura da Requerente.
51
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Fechos utilizados normalmente:
Nesses Termos,
P. Deferimento
Nestes termos,
Pede deferimento.
Termos em que
P. Deferimento.
Tipos de requerimentos
Simples:
- Pode ser Judicial ou Extrajudicial
- Redigido em um único parágrafo gráfico
- A linguagem deve ser concisa e objetiva.
Complexo:
- Pode ser Judicial ou Extrajudicial
- Redigido em linguagem concisa e objetiva
- Cuida-se do pedido articulado, distribuindo a narrativa dos fatos e
argumentos em parágrafos gráficos, dos mais remotos aos mais
próximos.
- O pedido não é manso, nem pacífico, pois se encontra apoiado em
norma legal ou administrativa.
- Deve-se demonstrar a relação de causa-efeito entre eles e o pedido
(critério de substanciação).
- O pedido deve ser instruído por documentos que o comprovem,
numerados de acordo com a sequência da narrativa e indicados de
forma abreviada (doc 1, doc 2, doc 3).
De acordo com Medeiros (2007, p. 255), enquanto “o requerimento é um
veículo de solicitação sob o amparo da lei, a petição (requerimento complexo
judicial), destina-se a pedido sem certeza legal ou sem segurança quanto ao
despacho favorável”.
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MODELO DE REQUERIMENTO
1. Assunto: Requerimento para parcelamento de impostos
Excelentíssimo Senhor Prefeito de ................................................
..................................., abaixo assinada, viúva, proprietária do prédio
situado na Rua......................... nº........., vem requerer de V. Exa. se
digne conceder seja o pagamento do IPTU em atraso efetuado em
dez prestações mensais, em virtude de se encontrar em situação
financeira precária e por ser este prédio seu único imóvel.
Nestes termos,
Pede deferimento.
............................., ......... de..................... de 200 ......
_______________________________________
Assinatura
Fonte: www.jurisway.org.br
5.6.3 Laudo e Parecer
O propósito deste estudo é mostrarmos a importância da língua como
sistema de comunicação e linguagem e fazer com que você possa aplicar os
conhecimentos técnicos do idioma quando da elaboração de textos voltados à área
profissional específica.
No caso dos profissionais da área contábil e de áreas afins, a correta
utilização do idioma pode ser um facilitador quando tiver que analisar laudos ou
pareceres próprios da área em questão. Além disso, sabemos que esses
profissionais também precisam produzir laudos e pareceres, esses textos devem
seguir uma dinâmica de compreensão e lógica argumentativa.
Vamos fazer uma breve explanação sobre laudos e pareceres, na certeza de
entendermos como esses textos estão inseridos nas questões técnicas e como eles,
quando bem redigidos ou interpretados, farão a diferença na área.
a) Parecer
De acordo com o Dicionário Novo Aurélio, século XX, a palavra parecer
significa uma opinião fundamentada sobre determinado assunto emitida por
especialista. Já a palavra laudo significa peça escrita fundamentada, na qual os
53
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peritos expõem as observações e estudos que fizeram e registram as conclusões da
perícia.
O parecer técnico-contábil é a peça escrita na qual o perito-contador
assistente expressa de forma circunstanciada, clara e objetiva, os estudos. As
observações e as diligências que realizou e as conclusões fundamentadas do laudo
pericial contábil, com a sua concordância ou discordância.
Ao elaborar um parecer, a ideia principal é procurar escrever de forma clara
para que possa ser útil quanto possível. Deve ser escrito de uma maneira fácil de
entender, de forma a facilitar a interpretação aos que o consultam e, assim, possam
entendê-lo. Os assuntos devem obedecer aos seguintes critérios: partir dos assuntos
gerais antes dos especiais; desenvolver os critérios dos menos importantes após os
mais importantes; já os assuntos permanentes precedem os temporários; e trabalhar
as minúcias, os detalhes, geralmente no final.
Ao fundamentar que o parecer é a opinião escrita ou verbal dada por
alguém acerca de determinado assunto, Medeiros (2007, p 300) afirma que “é um
ato de procedimento administrativo que indica e fundamenta solução para
determinado assunto tratado”, pois seu objetivo é o “esclarecimento de dúvidas”.
Segundo Ney (1998, p.145):
Este ato administrativo unilateral é a expressão de um juízo, pois
contém pronunciamento ou opinião sobre questão submetida a
órgão consultivo, com o fim de esclarecer dúvidas ou indagações,
para servir à emanação do ato conclusivo vinculado ao assunto.
Estes constam de três partes: o relatório para a exposição da
matéria; o parecer do relator com a afirmação de que há
conveniência de ser aceita ou recusada a matéria e o parecer da
comissão que contém as conclusões desta.
O parecer em sentido amplo é a análise de um caso; em sentido restrito, é a
opinião jurídica de um magistrado ou tribunal consultor e Medeiros (2007, p.300)
afirma que pode ser:
Administrativo: refere-se a caso burocrático.
Científico ou técnico: relaciona-se com matéria específica. Por
exemplo: o parecer dos auditores.
Quanto à Estrutura textual
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São consideradas partes essenciais de um parecer:
Número do processo respectivo, no alto da folha, no centro do papel.
Título: parecer, seguido de número de ordem, dia, mês e ano.
Ementa
Texto
Fecho: abreviatura do órgão a que pertence o redator, data, assinatura,
cargo.
Os endereços eletrônicos abaixo contêm modelos de pareceres de diferentes
áreas profissionais:
1. Parecer Técnico – Governo de Rondônia
http://www.mp.ro.gov.br/c/document_library/get_file?uuid=1ef71bcb-56f5-48db-a5a1-
e98c00461d76&groupId=41601
2. Parecer técnico – Vigilância Sanitária
http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/parecer_tecnico_seca.pdf
3. Parecer de auditoria
http://www.portaldecontabilidade.com.br/modelos/ressalva.htm
b) Laudo
Podemos afirmar que a expressão “laudo”, pela Interpretação Técnica (IT),
correspondente ao conceito de Laudo Pericial Contábil. Que quer dizer:
“13.5.1 - O laudo pericial contábil é a peça escrita na qual o
perito contador expressa, de forma circunstanciada, clara e
objetiva, as sínteses do objeto da perícia, os estudos e as
observações que realizou, as diligências realizadas, os critérios
adotados e os resultados fundamentados, e as suas
conclusões”. (INTERPRETAÇÃO TÉCNICA NBC T 13 – IT –
04/LAUDO PERICIAL CONTÁBIL)
Se o laudo pericial contábil é a peça escrita que deve ser clara, objetiva e que
mostre as sínteses do objeto da perícia, nada mais importante para fazer do que
valorizar a linguagem técnica e aprender a usá-la de forma adequada, competente e
dinâmica.
O laudo pericial contábil e o parecer pericial contábil são documentos escritos,
nos quais os peritos devem registrar, de forma abrangente,o conteúdo da perícia e
55
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particularizar os aspectos e as minudências que envolvam o seu objeto e as buscas
de elementos de prova necessários para a conclusão do seu trabalho.
A linguagem adotada pelo perito deve ser acessível aos interlocutores,
possibilitando aos julgadores e às partes da demanda conhecimento e interpretação
dos resultados obtidos nos trabalhos periciais contábeis. Devem ser utilizados
termos técnicos e o texto conter informações de forma clara.
Os termos técnicos devem ser inseridos na redação do laudo pericial contábil
e do parecer pericial contábil, de modo a se obter uma redação técnica, que
qualifique o trabalho pericial, respeitadas as Normas Brasileiras de Contabilidade,
bem como a legislação de regência da profissão contábil.
O exercício da atividade pericial contábil e a elaboração do laudo exigem do
profissional um conjunto de conhecimentos para que haja eficácia na realização da
atividade.
As conceituações acerca da expressão laudo pericial contábil possuem
denominações várias no acervo dos estudiosos sobre o assunto.
Para Zanluca (2005), é uma peça escrita, na qual o perito-contador deve
visualizar, de forma abrangente, o conteúdo da perícia e particularizar os aspectos e
as minudências que envolvam a demanda.
Segundo a Resolução CFC nº. 858/99, que reformulou a NBC T 13 expressa
no item 13.1.1 da referida norma:
A perícia contábil constitui o conjunto de procedimentos técnicos e
científicos destinado a levar à instância decisória elementos de
prova necessários a subsidiar a justa solução do litígio, mediante
laudo pericial contábil e / ou parecer pericial contábil, em
conformidade com as normas jurídicas e profissionais, e a legislação
específica no que for pertinente.
Segundo Cestare, Peleias e Ornelas (2006, p. 1):
A perícia contábil é um dos meios legais de prova admitidos no Direito
brasileiro. Sua realização está prevista nos artigos 420 a 439 do
Código de Processo Civil - CPC, por determinação judicial, quando a
elucidação de determinada questão depender de conhecimento
técnico, conforme se verifica no art. 145 do CPC. O produto final da
perícia contábil materializa-se na Apresentação do laudo pericial pelo
perito-contador ao Juízo, para juntada ao processo judicial.
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A perícia contábil, segundo Ornelas (2003), situa-se numa área limítrofe entre
a contabilidade e o Direito em razão dos seguintes aspectos:
Do Direito, a perícia busca o embasamento teórico referente à prova
técnica, à unção do perito e que segue determinados rituais ligados à
matéria de Direito Processual Civil.
Da Contabilidade, a perícia busca o contexto teórico norteador do
desenvolvimento do conteúdo da prova técnica, os princípios
fundamentais da Contabilidade, os sistemas contábeis aplicados a
cada caso e as Normas Técnicas de Perícia Contábil e Funcionais de
Perito, aprovadas pelo Conselho Federal de Contabilidade, estarão
sempre presentes na realização da perícia.
A perícia contábil é classificada, de acordo com Teram (2004), da seguinte
forma:
Perícia Contábil Judicial: seguem os procedimentos processuais do
poder judiciário em razão da necessidade e confiabilidade do órgão
julgador em possuir instrumentos de decisão sobre determinada matéria a
qual não foram tecnicamente preparados para analisar
Perícia Contábil Extrajudicial: não se encontra no ambiente da esfera
judicial e se divide em: tributária, civil, administrativa, trabalhista,
comercial, econômica e avaliatória.
Alberto (2002, apud Fagundes et al, 2008), classifica as espécies de perícia
em:
Perícia Judicial: é aquela realizada dentro dos procedimentos
processuais do Poder Judiciário: por determinação, requerimento ou
necessidade de seus agentes ativos, e se processa segundo regras legais
específicas;
Perícia Semijudicial: é aquela realizada dentro do aparato institucional
do Estado, porém fora do Poder Judiciário, tendo como finalidade
principal ser meio de prova nos ordenamentos institucionais usuários;
Perícia Extrajudicial: é aquela realizada fora do Estado, por
necessidade e escolha de entes físicos e jurídicos particulares – privados,
vale dizer não submetíveis a outra pessoa encarregada de arbitrar a
matéria conflituosa.
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Perícia Arbitral: é aquela realizada no juízo arbitral – instância
decisória criada pela vontade das partes - não sendo enquadrável em
nenhuma das anteriores por suas características especialíssimas de atuar
parcialmente como se judicial e extrajudicial fosse.
De acordo com essa classificação, são considerados princípios básicos para
a elaboração de um laudo pericial contábil:
Ser executado por contador habilitado;
Este deve estar devidamente registrado em Conselho Regional de
Contabilidade;
As normas para o LPC foram determinadas pela NBC T 13.6.
A classificação, segundo a NBCT 13, é a seguinte: judicial, extrajudicial e a
arbitral. De acordo com Fagundes et al (2008, p. 5), o magistrado, quando solicita a
atuação de um perito para a elaboração de uma perícia contábil, quer o
conhecimento técnico de um profissional devidamente habilitado e especializado
para poder decidir profissionalmente sobre a questão do processo.
Essas perícias podem ser:
Oficiais: determinadas pelo juiz, sem requerimento das partes.
Requeridas: determinadas pelo juiz, com requerimento das partes.
Necessárias: quando a lei ou a natureza do fato impõe sua realização.
Facultativas: o juiz determina, se houver conveniência;
Perícias de presente: realizadas no curso do processo;
Perícias do futuro: perpetuar fatos que podem desaparecer com o
tempo.
Estrutura textual do Laudo Pericial Contábil
Não existem normas processuais que determinem quantas partes deverão
constituir o laudo pericial, segundo Pires (2010). Sendo assim, o quadro abaixo
sintetiza a opinião de alguns autores e serve de roteiro para a elaboração do laudo
pericial.
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Quadro 5 – Estrutura do Laudo Pericial Contábil
Abertura
Número do Laudo;
Nº do processo (se houver);
Nome das partes envolvidas – autor e réu;
Objeto da Perícia;
Parágrafo introdutório.
1. Parágrafo introdutório
Identificação legal do perito;
Nº do órgão de classe;
Declaração formal de realização do trabalho pericial;
Declaração de observância da legislação processual aplicável e das
Normas Brasileiras de Perícia e do perito-contador;
Declaração da espécie de laudo que se apresenta;
Identificação do objeto da prova pericial (questão);
Identificação do objeto da prova pericial (sua finalidade).
2. Considerações iniciais
Breve contexto histórico das peças processuais;
Critérios técnicos pleiteados pelo contratante (se for o caso
Extrajudicial);
Referência de técnicas adotadas para exame dos autos;
Necessidade ou não de diligências.
3. Desenvolvimento do trabalho
Introdução ao tópico do trabalho a ser desenvolvido, referência a
normas profissionais e ordenamento lógico;
Se não houver diligência, descrição dos elementos que foram objeto
de exame, análise ou verificação;
Se houver diligência, descrição dos elementos pesquisados e
vistoriados;
Descrição de técnicas, análises, métodos e raciocínios utilizados para
conclusão pericial.
4. Considerações finais
Síntese conclusiva do perito;
Opinião técnica do perito sobre a matéria;
Síntese de apuração de valor e seu montante (se for o caso);
Síntese da finalidade do laudo.
5. Quesitos – Respostas
Transcritos na ordem do laudo;
Respondidosde forma sequencial à transcrição dos quesitos
formulados;
Respondidos de forma clara, objetiva e circunstancial;
Abstenção das questões relativas à natureza jurídica.
6. Encerramento do laudo
Exposição formal do encerramento do trabalho pericial, de maneira
simples e objetiva;
Descrição da quantidade de páginas que compõem o laudo, se
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rubricadas ou não;
Local e data da conclusão do laudo;
Assinatura e identificação do perito.
7. Anexos
Parte integrante do laudo. Devem ser numerados sequencialmente e
rubricados pelo perito;
Fazem parte dos anexos: demonstrativo de análise e dos documentos
indispensável à ilustração e bom esclarecimento do trabalho técnico
realizado.
Hoog e Petrenco (2003) apresentam orientações para a adequação do laudo
como prova técnica, dentre elas podemos citar: ausência de julgamento pessoal,
ausência de questões que podem gerar opiniões polêmicas, fundamentação de
forma científica à resposta dos quesitos, objetividade, ir direto ao assunto.
O laudo pericial, segundo Pires (2010), é o relatório feito pelo perito, onde ele
resume tudo quanto pode observar durante as diligências. Não existe um padrão de
laudo, mas existem formalidades que compõem a estrutura dos mesmos. Em geral,
no mínimo, um laudo deve ter em sua estrutura os elementos seguintes:
Prólogo de encaminhamento: é a identificação e o pedido de
anexação aos autos.
Abertura: é a indicação do procedimento ordenatório, identificando sua
numeração, as partes envolvidas no litígio ou setor sobre o qual a perícia
se manifestará. Indica-se a vara ou junta que o processo tramita ou a
indicação da ordenação administrativa que determinou o trabalho, bem
como a caracterização dos profissionais responsáveis pela vara, junta ou
esfera administrativa.
Considerações Preliminares: é a parte introdutória da peça técnica
pericial, ou seja, a parte relativa ao relatório pericial.
Qualidades específicas da linguagem
De acordo com Pires (2010, p. 68), o laudo contábil e as respostas
apresentadas pelo Perito do juízo precisam atender os seguintes requisitos mínimos:
Objetividade: Princípio que se estriba no preceito acolhido pelas
ciências. É a exclusão do julgamento em bases “pessoais” ou “subjetivas”.
O que é objetivo é “racional” e, no campo tecnológico da perícia, deve
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inspirar-se na ciência contábil, apresentando objetivamente suas
conclusões, utilizando como fundamento os elementos pesquisados.
Rigor Tecnológico: O perito não deve divagar, mas de forma concreta
deve ater-se à matéria, respeitando sua disciplina de conhecimentos. Deve
limitar-se ao que é reconhecido como científico no campo da especialidade.
Em contabilidade há um número expressivo de doutrinas e de normas em
que o perito pode basear-se para emitir suas opiniões.
Concisão: Exige que as respostas evitem o prolixo. Deve evitar palavras
e argumentos inúteis ao caso. Deve ser bem redigido, ater-se ao “assunto”
e responder satisfatoriamente. Deve ser exato e preciso nas respostas e
conclusões.
Argumentação: Deve o perito apresentar expressamente os elementos
que permitiram sua conclusão ou em que se baseou para apresentar sua
opinião. O poder da argumentação está diretamente relacionado à
condição de se sustentar com fatos e documentos.
Exatidão: É condição essencial de um laudo. Não deve “supor”, mas só
afirmar quando tem absoluta segurança sobre o que opina. Havendo
insegurança para opinar, o perito deve abdicar, declarando sua
impossibilidade para responder.
Exatidão de um laudo só pode ser conseguida se as provas que conduzem
à opinião são consistentes e obtidas por critérios eminentemente contábeis.
A suposição ou presunção é ato jurídico que não compete ao auxiliar
técnico do juízo. Na falta de exatidão para a resposta, deve o Perito
apresentar todas as circunstâncias verificadas e submetê-las ao crivo do
juízo para sua conclusão.
Clareza: Em virtude de o laudo ser feito para terceiros que não são
especialistas e que não possuem obrigação de entender a terminologia
tecnológica e científica da contabilidade, a linguagem utilizada deve reduzir
as expressões tipicamente contábeis.
Quando necessárias, a conceituação, destacada do corpo da resposta ou
opinião, deve ser feita de forma a permitir total entendimento do conteúdo do
trabalho. O laudo, portanto, deve evitar interpretações do que afirma; deve afirmar
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claramente. A resposta a um quesito não deve ensejar nova pergunta. Algumas
vezes, as perguntas ao perito são incompletas, por desconhecimento contábil de
quem as pergunta, nesse caso, o perito pode “complementar” sua resposta, dentro
do tema.
Modelo de Laudo Pericial
45ª Vara Cível de Belo Horizonte
Meritíssimo Juiz Dr. Fulano de Tal
Promotor de Justiça Dr. Beltrano Sem Nome
Diretor de Secretaria Dr. Ciclano Neto
A primeira parte será denominada de Autor.
A Segunda parte denominada de réu
Objeto da Perícia: Averiguação na contabilidade das partes de prova
documental acerca do alegado pelos mesmos concernentes à operação
mercantil entre o réu e o autor.
Perito do Juízo:
Professor Marco Antônio Amaral Pires - CRC/MG 41.632
Assistentes Técnicos:
Autor: Beltrano Horizonte Júnior - OAB/MG 22.409
Réu: Louvou-se no perito do juízo.
Metodologia Aplicada
De posse dos autos para início da perícia, procurou-se relacionar os
documentos e livros contábeis e fiscais para o desenvolvimento do trabalho.
Em contato com as partes requereu-se os elementos pontuados para a
comprovação contábil.
Consoante Norma Técnica do Conselho Federal de Contabilidade NBC-T13,
aprovada página 11 de 13 do texto pela resolução Conselho Federal de
Contabilidade n° 731 de 22/10/92 que abaixo se transcreve o item em
questão, não se contatou o assistente técnico da autora por total
incompetência profissional.
NBC-T-13 - Da Perícia Contábil
13.12 - A perícia contábil judicial, extrajudicial e arbitral, ‚ de competência
exclusiva de contador registrado no conselho Regional de contabilidade,
nesta norma denominado perito contábil.
13.14 - A presente norma aplica-se ao perito contábil nomeado em juízo e
aos indicados pelas partes, estes referidos na legislação como assistentes
técnicos, assim como aos escolhidos pelas partes para perícia extrajudicial.
Solicitou-se conforme petição de fls. 39 que o MM. Juiz requisitasse do
Banco que a autora movimentava sua conta corrente cópia dos cheques
emitidos pela autora e que foram depositados na conta corrente do réu,
visando melhor fundamentação da resposta.
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Corpo da Perícia
Quesitos do Autor fls. 30/31
1) Qual a origem do título n.º 203013B (duplicata) no valor de Cr$
69.544.154,31 vencido em 14.02.92,levado a protesto pelo réu contra autor ?
(Doc. fls. 06 dos Autos da Sustação de Protesto-Apenso)
RESPOSTA: A origem do título 203013-B foi a aquisição por parte da autora
de veículos comercializados pela emissão das notas fiscais nºs 166.412,
166.413 e 166.417, todas com emissão em 14/02/92.
Consoante perícia realizada na escrita do réu‚ identificou-se o que segue:
- A venda foi realizada com alienação fiduciária em favor do Banco XXX
S.A conforme descrição no corpo da nota fiscal; (fls. 20, 21 e 22, estando em
Anexo A, cópia da via fixa da nota fiscal);
- A operação gerou duas duplicatas da fatura 203.013 (fls. 19);
- A primeira foi quitada em 20/03/92 através de crédito na conta corrente do
réu‚ pelo Banco XXX, mediante ordem de pagamento no valor exato da
duplicata 203.013-A (Anexo B).
O diário do réu, revestidodas formalidades legais, registra o recebimento por
conta daquele crédito (Anexo C). Este recurso foi feito pelo Banco XXX em
virtude de operação de FINAM (Anexo J) contratada com esta instituição
financeira;
- A duplicata 203.013-B foi, em 05/03/92 parcialmente liquidada com o
pagamento, pelo autor, do valor de Cr$ 25.432.000,00 conforme cópia de
comprovante de depósito registrado e contabilizado por conta deste
recebimento. Em Anexo D, apresenta-se a cópia do comprovante onde se
destaca o n° do Banco - 000 - Banco que o autor movimenta a conta corrente
-, n° do cheque 858575 de Belo Horizonte.
O Anexo E apresenta o registro, no livro diário do réu‚ do valor recebido por
conta daquela duplicata e, na última coluna, informa o saldo remanescente
da mesma;
- Novamente, em 11/05/92, o autor promoveu nova entrega de cheque para
pagamento parcial da duplicata 203.013-B no valor de Cr$ 59.400.000,00
(Anexo F). O registro no diário (Anexo G) demonstra a escrituração naquela
data por conta da liquidação parcial da duplicata, apresentando na última
coluna o saldo remanescente da mesma. Conforme ofício encaminhado ao
banco que o autor mantinha conta corrente, apresenta-se em Anexo L as
cópias microfilmadas dos cheques emitidos pelo mesmo. As inscrições no
verso e anverso dos cheques são suficientes para caracterizar que ocorreu
de fato a remessa de recursos para a amortização de dívidas junto ao réu;
- Dias antes do protesto da duplicata 203.013-B o autor negociou a remessa
de Cr$16.753.502,48 que não ocorreu. Entretanto, por um problema interno,
se computou esta verba como dedução do saldo remanescente - Anexo H –
prova página 12 a 13 do texto ficando o protesto do valor de Cr$
9.544.154,31 conforme negativa da duplicata encaminhada ao cartório -
Anexo I - onde em seu corpo se apontou os valores recebidos por conta.
2) O referido título (203013B) acima, está aceito?
RESPOSTA: Não. O referido título, em sua negativa em Anexo I, não
apresenta aceite do sacado.
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3) O título n° 203013B (Duplicata) no valor de Cr$ 171.129.656,79, c/
apresentação, está pago?
RESPOSTA: Não. Conforme discriminação apresentada pelo quesito n° 01, o
título n° 203.013-B apresenta um saldo em aberto na contabilidade do réu de
Cr$86.297.656,79. Este saldo corresponde ao valor de face da duplicata de
Cr$171.129.656,79 deduzido dos valores recebidos em 05/03/92 e 11/05/92
de respectivamente, Cr$ 25.432.000,00 e Cr$ 59.400.000,00.
A diferença entre o valor do protesto e o saldo contabilizado, no valor de
Cr$16.753.502,48, se refere a um erro de registro provocado por funcionário
do réu, pois periciando os movimentos da mesma até a data do protesto -
09/09/92 - não se deparou com registro de recebimento naquele valor para
liquidação parcial do mesmo.
4) Ambos títulos, referem-se a qual negociação ?
RESPOSTA: As duplicatas 203.013 A e B se referem às aquisições dos
veículos vendidos através das notas fiscais 166.412, 166.413 e 166.417,
sendo que estas últimas geraram a fatura 203.013 divididas naquelas duas
duplicatas de igual valor.
5) Os títulos estão devidamente escriturados no Réu ?
RESPOSTA: Sim. Conforme se pode depreender dos lançamentos
apresentados nos anexos C, E e G os títulos gerados pelas vendas
registradas através das notas fiscais 166.412, 166.414 (Anexo A) - duplicatas
203.013 A e B - estão adequadamente escriturados na empresa-ré.
6) Os títulos de n° 203013B, e n° 203013B de valores diferentes, referem-se
ao mesmo negócio, ou a negócios diferentes ? Se negócios diferentes quais?
Queiram detalhar!
RESPOSTA: Se referem ao mesmo negócio. Conforme exposto no quesito n°
02, o valor protestado em 09/09/92 pela empresa-ré‚ no montante de
Cr$69.544.154,31 seria o saldo remanescente da duplicata de valor original
Cr$171.129.656,79 de 14/02/92.
Maiores detalhes, por gentileza se reportar ao quesito n° 02.
7) Queiram os Srs. Peritos, baseados no art. 429 do Código de Processo
Civil trazer novas luzes e informações,ao completo esclarecimento dos fatos !
RESPOSTA: As informações complementares estão incluídas nas respostas
aos quesitos que ultrapassam, em uma primeira vista, o requerido pela
pergunta, mas, dado ao solicitado neste, passam a integrar, fruto das
informações complementares pleiteadas.
Belo Horizonte, 21 de maio de 1993.
MARCO ANTÔNIO AMARAL PIRES
PERITO JUDICIAL * CONTADOR * C.R.C./MG 41.632/0-7
Rua dos Timbiras 3.109 conj. 304 * Tel./Fax 031-295-2178
Fon te: http://www.peritoscontabeis.com.br/maap/trabalho_m.htm
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Exercício 5
1. Analise os enunciados a seguir:
I. Correspondência é uma comunicação efetiva por meio de papéis, cartas
ou documento.
II. Passou também a designar todo o conjunto de instrumentos de
comunicação escrita: bilhetes, cartas, cartas circulares, memorandos, fax, e-
mail.
III. A correspondência oficial difere-se dos demais textos técnicos, pois inclui
textos de caráter documental e jurídico, que tramitam apenas entre pessoas
como: atas, declaração.
a) Todos os enunciados estão corretos.
b) Apenas o enunciado I está correto.
c) Apenas os enunciados I e II estão corretos.
d) Nenhum enunciado está correto.
2. Associe corretamente os textos técnicos às suas respectivas
designações:
1. Requerimento
2. Laudo pericial
3. Parecer
4. Perícia extrajudicial
5. Relatório
( ) Exposição circunstanciada de fatos ou ocorrências de ordem
administrativa: sua apuração ou investigação para a prescrição de
providências ou medidas cabíveis.
( ) Considerado o mais formal dos documentos, devendo ser redigido em 3ª
pessoa, vedado o emprego de palavras de gentileza ou agradecimentos,
próprias da redação comercial.
( ) Ato de procedimento administrativo que indica e fundamenta solução
para determinado assunto tratado
( ) É um dos meios legais de prova admitidos no Direito brasileiro.
( ) Divide-se em: tributária, civil, administrativa, trabalhista, comercial,
econômica e avaliatória.
a) 3 / 1 / 5 / 2 / 4
b) 5 / 4 / 1 / 2 / 3
c) 4 / 2 / 3 / 1 / 5
d) 5 / 1 / 3 / 2 / 4
3. Para o êxito da redação ora denominada administrativa, são
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recomendáveis:
I. O emprego de palavras cujo sentido se conhece e que são apropriadas ao
momento.
II. A ordenação do assunto antes de escrever.
III. A organização dos pensamentos e a ampliação do vocabulário, pois o
desempenho do redator depende do conhecimento de palavras suficientes para
escrever sobre o que se deseja transmitir.
IV. A despreocupação do redator com relação ao destinatário.
a) Todos os enunciados estão corretos.
b) Apenas os enunciados I e II estão corretos.
c) Apenas os enunciados II e III estão corretos.
d) Apenas os enunciados I e III estão corretos.
4. Associe as características presentes no texto técnico:
1. Impessoalidade. 2. Clareza. 3. Concisão. 4. Coerência. 5. Padronização
( ) Texto que consegue transmitir um máximo de informações com um
mínimo de palavras.
( ) Ausência de impressões individuais de quem comunica.
( ) Possibilita imediata compreensão pelo leitor.
( ) Clareza de digitação, o uso de papéis uniformes e a correta diagramação
do texto.
( ) Unidade de sentido naquilo que se quer transmitir.
a) 3/1/2/5/4
b) 2/1/3/4/5
c) 3/1/5/4/2
d) 2/3/1/5/4
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REFERÊNCIAS
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