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1 Psicologia Organizacional Comunicação no Ambiente Empresarial Claudinete Salvato Lima Unidade I 2 APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR-AUTOR Professor conteudista: Claudinete Salvato Lima Possui graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e Mestrado em Engenharia de Produção pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica. Atua como professora de graduação e pós-graduação na UNIP (Universidade Paulista) em disciplinas como metodologia científica, contabilidade, comércio exterior, economia internacional, modelos de liderança, comunicação empresarial, entre outras. É professora orientadora do PIM (Projeto Integrado Multidisciplinar) na UNIP. É orientadora de monografias e artigos científicos. Trabalhou como docente em gestão de pessoas, empreendedorismo e gestão da qualidade na ETEC Machado de Assis. Professora de administração financeira e administração pública em cursos preparatórios para concurso público. Possui mais de 30 artigos publicados em anais de congressos, periódicos e revistas nas áreas de administração e correlatas É também autora do livro a Dama e o Executivo: Um Romance sobre Gestão Empresarial, pela Editora Multifoco, 2014. 3 UNIDADE I SUMÁRIO INTRODUÇÃO ____________________________________________________5 1- CONCEITOS GERAIS DE COMUNICAÇÃO ___________________________6 1.1- A importância da leitura para o processo comunicativo_______________6 1.2- Conceitos elementares: linguagem, código, mensagem, informação, ruído 7 1.2.1- As barreiras na comunicação_______________________________10 1.2.2.- Tipos de Comunicação____________________________________14 1.2.2.1- Comunicação Verbal___________________________________14 1.2.2.2- Comunicação não verbal________________________________14 1.2.3- A comunicação como reflexo da cultura humana_________________15 2- BOM USO DA PALAVRA COMO PRINCIPAL FERRAMENTA NAS RELAÇÕES EMPRESARIAIS: DOMÍNIO DA NORMA CULTA E DE REGRAS BÁSICAS PARA IMPRIMIR COESÃO E COERÊNCIA AO TEXTO _______18 2.1- Coesão __________________________________________________18 2.2- Coerência ________________________________________________19 2.3- Concisão _________________________________________________20 3- COMUNICAÇÃO ESCRITA ______________________________________22 3.1- Tipos textuais _______________________________________________22 3.2 – Gêneros textuais ____________________________________________24 3.2.1- Elaboração de gêneros textuais específicos_____________________24 3.2.1.1- Artigo científico________________________________________24 3.2.1.2- Resenha crítica _______________________________________31 3.2.1.3- Relatório ____________________________________________ 31 3.2.1.4- Resumo _____________________________________________33 3.2.1.5- Ata _________________________________________________34 3.2.1.6- Memorando __________________________________________35 3.2.1.7- Ofício _______________________________________________36 3.2.1.8- Currículo ____________________________________________38 4- COMUNICAÇÃO ORAL_________________________________________41 4.1- Organização do raciocínio para se expressar com argumentos convincentes _________________________________________________42 4.1.1- Clareza_______________________________________________44 4.1.2- Linguagem____________________________________________44 4.1.3- Conhecimento _________________________________________47 4.1.4- Postura ______________________________________________48 4.1.5- Recursos_____________________________________________50 4.1.6- Harmonia e Integração (conjunto) _________________________50 4 INTRODUÇÃO A atividade empresarial, como toda atividade humana, tem na comunicação sua base e seu fundamento. Todo relacionamento se baseia na comunicação e cada um deles apresenta caraterísticas especiais, principalmente, no ambiente empresarial onde as relações se estabelecem em diversos níveis, entre subordinados e chefes, entre concorrentes, entre clientes e fornecedores e entre sócios e pares. Este trabalho tem o objetivo de ressaltar a importância da comunicação no ambiente empresarial e reconhecer a importância dela no sucesso profissional. Sem pretender esgotar o assunto ou estabelecer regras, visa demonstrar ao profissional em formação e importância de mudar seus referenciais de comunicação ao adentrar o mundo corporativo. As regras vigentes entre amigos, colegas, não devem ser desprezadas, mas devem ser complementadas por novas formas, novas considerações, novas abordagens. O ambiente apresenta nova cultura para o ingressante e seu desempenho profissional não será medido apenas pelas técnicas adquiridas, mas, também pela forma como se relaciona e como se comunica. Os novos meios de comunicação, principalmente as mídias sociais, alteraram e introduziram novos mecanismos, mas, os princípios básicos da boa comunicação continuam valendo e merecem até mais atenção, pois, a cada dia alcançam mais pessoas e o efeito de um erro, falha ou omissão se multiplica com maior velocidade. O texto apresenta incialmente, os princípios básicos da comunicação, preparando e fornecendo base teórica para os capítulos seguintes. A seguir dedica um capítulo a comunicação em sua forma e sua essência, destacando sua formação e como se deve construir uma boa comunicação. A unidade I trata dos conceitos gerais e elementares da comunicação, seus tipos, elementos e principais barreiras existentes neste processo. Ela também aborda a comunicação escrita, que deve predominar dentro do ambiente empresarial, além de explorar a comunicação oral, que complementa a parte escrita, lembrando que as atitudes também comunicam com gestos e posturas corporais. A unidade II chama a atenção para a expressividade em situação de comunicação oral, abordando o domínio da palavra como forma de ocupar melhor espaço em ambientes corporativos internos e externos. Esta unidade também se dedica a apresentação da comunicação no ambiente empresarial, merecendo destaque os fluxos, as práticas de endomarketing e de comunicação interna e externa. Também são tratados aqui os níveis de planejamento, as relações com a mídia e instâncias governamentais, os modelos de comunicação, ética e responsabilidade social bem como os impactos da comunicação na competitividade e nos resultados da empresa. Importante frisar que a cada etapa são apresentados exercícios de fixação e de contextualização, buscando firmar e sedimentar conceitos e atitudes naqueles que se dedicam a leitura do material. Boa leitura. 5 1. CONCEITOS GERAIS DE COMUNICAÇÃO 1.1 A importância da leitura para o processo comunicativo A facilidade de comunicação é uma das habilidades mais requisitadas para cargos de gestores e líderes, mas também é condição essencial para exercer funções em qualquer nível organizacional. Uma boa comunicação começa sempre com uma boa leitura. Quem lê muito normalmente tem um vocabulário mais amplo e, portanto, sabe se expressar melhor nas mais diversas situações. A leitura amplia o conhecimento, o poder de reflexão, o senso crítico e a capacidade de interpretar os fatos. E quanto mais se adquire o hábito de ler, mais facilidade e entrosamento se têm com a leitura. Quem lê constantemente desenvolve o poder da leitura dinâmica, ou seja, tem muito mais chance de bater os olhos em um texto longo e complexo e assimilar rapidamente a ideia central do tema. Isso porque neste caso a pessoa já sabe onde ir, quais pontos são essenciais e o que pode ser absorvido de forma imediata e eficaz. Mesmo com toda a tecnologia disponível atualmente, o interesse pela leitura ainda é um grande desafio em nosso país. E se a tecnologia facilita por um lado (acesso às informações,oferta de e-books e downloads dos mais variados assuntos) por outro lado a quantidade de entretenimentos como jogos, vídeos e tantos outros atrativos acabam disputando acirradamente a atenção dos adolescentes e jovens, de forma que a leitura acaba sendo muitas vezes deixada como um plano B. E se ler é apenas mais uma opção entre tantas disponíveis, isso ainda fica mais prejudicado quando as literaturas disponíveis não despertam interesse O ser humano vive em busca daquilo que lhe dê prazer. Portanto, é natural que apenas aquilo que diverte ou encanta desperte a sua curiosidade. Certa vez estava lendo sobre um professor que chegou em sala de aula e distribuiu duas folhas de papel para cada aluno. Em uma delas, havia um texto técnico, em uma linguagem complexa, falando sobre determinado assunto. Em outra, havia um texto informal, com notícias sobre acontecimentos da atualidade, envolvendo cinema, futebol e música em geral. Após alguns minutos o professor recolheu os textos e entregou duas folhas em branco para cada um. Então ele pediu para que cada estudante preenchesse cada papel com o que tinham absorvido de cada texto. Cinco minutos para escrever sobre o texto sério e cinco minutos para escrever sobre o assunto de entretenimento. Sobre qual tipo de tema você acha que teve mais informações anotadas? Diversão, é claro. As pessoas absorvem melhor aquilo que atrai, que desperta interesse. Não é a toa que os livros que unem entretenimento com aprendizado fazem tanto sucesso. Em 2014 me aventurei a escrever o livro “A dama e o executivo1” que aborda as técnicas de gestão empresarial ensinadas em aulas de administração juntamente com um intrigante e divertido romance. A ideia é prender a atenção do leitor enquanto ele absorve o conteúdo técnico, além de permiti-lo vivenciar na prática os conceitos acadêmicos. Mas este assunto fica como dica para quem se interessar pela obra. O fato é que, livros que ofereçam linguagem fácil, clareza, opções de entretenimento, etc. , é o que tende a conquistar a atenção do leitor do século XXI. 1 Ver Salvato, Claudinete. A Dama e o Executivo: Um romance sobre gestão empresarial. Rio de Janeiro: Multifoco, 2014. 6 1.2- Conceitos elementares: linguagem, código, mensagem, informação, ruído A leitura sem dúvida facilita o processo de comunicação, seja ela oral ou escrita. Mas afinal, o que é comunicação? Segundo Chiavenato (2000, p. 142) “Comunicação é o processo de transmitir a informação e compreensão de uma pessoa para outra”.2 Na verdade, a origem da palavra comunicação vem do latim communicare, que significa tornar comum. Em outras palavras, para haver comunicação é preciso que o conteúdo apresentado pelo emissor seja compreendido pelo receptor. Se a informação não for absorvida e entendida perfeitamente pelo mesmo, então não houve comunicação e sim uma tentativa frustrada de se transmitir uma informação. A comunicação é uma das maiores necessidades humanas, observadas desde o início da humanidade. Na hierarquia das necessidades humanas da Pirâmide de Maslow3, as necessidades sociais estão no terceiro nível da pirâmide, e conforme ilustra a figura 1 que logo após satisfazer suas necessidades básicas e de segurança, o que o indivíduo mais precisa é de relacionamentos. E o grande suporte destes relacionamentos são inevitavelmente as formas de comunicação. Figura 1: Hierarquia das necessidades de Maslow Fonte: Chiavenato, 2000. 2 CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. 6 ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000. 3 Abraham Harold Maslow foi um psicólogo americano conhecido pela pirâmide da hierarquia das necessidades humanas, amplamente utilizada até os dias de hoje. 7 Observação: Existe um filme chamado “O Náufrago”, que mostra a história de um homem (sobrevivente de um acidente aéreo) que ficou por muito tempo solitário em uma ilha deserta e sem qualquer tipo de relacionamento e comunicação com o mundo externo. Com o passar dos anos, é possível notar a angústia e aflição do personagem ao tentar se comunicar desesperadamente com uma bola de voleibol, transformando- a numa caricatura de rosto humano, tamanha era sua necessidade social. A falta de comunicação ao longo de sua vida, o levou a uma situação de quase insanidade total, a partir da qual ele tentava a todo tempo resgatar e trabalhar sua fala, ainda que sozinho, criando personagens fictícios em sua mente para não perder de vista sua essência e sua linguagem. Para conhecer melhor o conteúdo do filme e obter mais informações, acesse o endereço disponível em: <https://www.recantodasletras.com.br/resenhasdefilmes/1599206>. Acesso em: 04 jan. 2020. Quando se trata de comunicação, é importante chamar atenção para o significado de linguagem. O conceito de linguagem foi se consolidando gradualmente na história da humanidade, pois era preciso articular e ilustrar ideias, cenários e situações. Através dos tipos de linguagem, como por exemplo da invenção da escrita, os indivíduos foram capazes de transmitir sua cultura e conhecimentos para futuras gerações. Linguagem é a capacidade que o indivíduo possui de se comunicar e expressar suas ideias e emoções seja de forma verbal, através da comunicação oral ou escrita, ou mesmo de forma não verbal, através de gestos e sinais. Além da linguagem, existem outros conceitos que precisam ser compreendidos, como os elementos que compõem a comunicação, ilustrados na figura 2. Os elementos da comunicação podem ser sintetizados da seguinte forma:  Emissor: é quem emite a mensagem;  Receptor: é quem recebe a mensagem;  Código: Conjunto de sinais que geram significado, utilizados na transmissão da mensagem;  Canal: Meio físico pelo qual a mensagem é transmitida;  Referente: o tema ou assunto;  Mensagem: o conteúdo. https://www.recantodasletras.com.br/resenhasdefilmes/1599206 8 Figura 2: os elementos da comunicação. Fonte: Retirado do site Studylibpt4 Ao ser transmitida, a mensagem busca passar uma determinada informação. A informação constitui uma espécie de matéria-prima para o conhecimento. Ela só possui utilidade através do conhecimento do ser humano para aplicá-la produtivamente. Conforme já salientou Crawford (1994), um livro fechado que nunca foi lido, ou mesmo um manual de instruções que jamais fora consultado, não apresenta nenhum tipo de importância ou contribuição. Ainda de acordo com o autor citado, os instrumentos disponibilizados pelo desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação, como equipamentos e softwares, podem ser considerados inúteis se não houver alguém capacitado para utilizá-los, bem como para acessar as informações disponíveis e transformá-las em conhecimento e inovação. No cenário atual, o conhecimento é visto essencialmente como uma forma de capital, pela sua capacidade de geração de riquezas ou satisfações futuras. Ele é difundível e expande-se à medida que é utilizado. O conhecimento pode ser tácito (implícito) ou codificado (explícito). O conhecimento tácito ou implícito é aquele que é responsável pela formação de capacitações e competências, incorporadas nas pessoas numa forma intangível. Segundo Lara (2001, p. 26) este tipo de conhecimento “é dinâmico e somente pode ser acessado através de colaboração direta e de comunicação com pessoas que detêm tal conhecimento”. 4 Disponível em https://studylibpt.com/doc/2656087/elementos-da-comunicao , acesso em 29/01/2020. https://studylibpt.com/doc/2656087/elementos-da-comunicao 9 O conhecimento tácito constitui uma espécie de know-how ou habilidade acumulada, e significa que nem sempre essa habilidade de como fazer é facilmente explicável. Por causa de seu atributopessoal, o conhecimento tácito é mais difícil de formalizar e comunicar, mas não significa que não possa ser codificado, e sim que este é uma espécie de conhecimento ainda não explicado (FLEURY & OLIVEIRA JR., 2001). Nesse sentido, sua transferência dependerá do nível de comprometimento e interação das pessoas no ambiente de trabalho. O conhecimento explícito ou codificado refere-se ao conhecimento transmissível em linguagem formal, também conhecido como know-what, e até mesmo como informação, que inclui fatos, símbolos e proposições axiomáticas. Pode ser expresso na forma de produtos e resultados tangíveis. Segundo Silva (2002, p. 46) “O conhecimento explícito é expresso por palavras, números, dados, fórmulas científicas, manuais etc. e. é transmitido formal e sistematicamente entre os indivíduos (...)”. A comunicação permite que informação seja compreendida e consequentemente que o conhecimento possa ser compartilhado. A informação, portanto, é matéria prima para a comunicação, que por sua vez possibilita a disseminação e a troca de conhecimentos. Mas nem sempre a comunicação ocorre de forma completa ou efetiva. Muitas vezes pode ocorrer ruídos ou interferências neste processo. Um ruído na comunicação diz respeito a qualquer fator que cause interferência na transmissão de uma mensagem. Ele pode dificultar a compreensão por parte dos receptores, e ele pode estar presente em qualquer um dos elementos da comunicação, como no emissor, no receptor, no canal, etc. Na empresa, o ruído pode aparecer em diversas situações cotidianas como:  Informações distorcidas em relatórios e comunicados;  Erros de datas ou locais na emissão de uma mensagem;  Repasse de prazos incorretos entre grupos de trabalho;  E-mails equivocados;  Projetos e orçamentos com dados inconsistentes ou omissos. O ruído na comunicação causa retrabalho, conflitos, prejudica a imagem da organização, leva a desmotivação e impacta negativamente nos resultados de trabalho Em linhas mais gerais, o ruído pode ser representado por diversos tipos de barreiras na comunicação, que serão apresentadas nos tópicos a seguir. 1.2.1- As barreiras na comunicação Existe uma sucinta diferença entre dados, informação e comunicação. Dado é um elemento solto, ainda não construído ou elaborado. É algo que se obtém a partir de alguma observação, pesquisa ou investigação, mas que ainda precisa ser tabulado. Informação é um conjunto de dados organizados para se construir uma ideia. Comunicação é quando a informação é transmitida, recebida e compreendida. 10 Portanto, existem aqui três elementos distintos. A grande questão é que nem sempre a informação é bem interpretada a ponto de ser completamente entendida, viabilizando a comunicação. Isto porque podem ocorrer algumas barreiras durante este processo. Os principais tipos de barreiras na comunicação podem ser de natureza:  Físicas: Podem estar no ambiente como dificuldades de iluminação, barulho ou qualquer problema relacionado à infraestrutura. Uma porta que se abre, um som inconveniente ou um ruído vindo de fora.  Pessoais: São baseadas nas percepções e receptividade das pessoas, podendo estar tanto no emissor (impedindo-o de enviar a mensagem), quanto no receptor (bloqueando seu entendimento). Podem ser: timidez, distração, desmotivação, desinteresse, conflitos emocionais, desânimo, etc. Podem ser ainda de origem fisiológica como disfunções corporais, dificuldades visuais, auditivas, deficiências da fala, etc  Semânticas: Tem a ver com distorções ou interpretações divergentes de significados. Podem ocorrer no processo de decodificação de gestos, interpretação de palavras, símbolos, etc. Por exemplo, a maneira como um hipocondríaco pode interpretar um laudo médico ou mesmo como um leigo absorve um conteúdo técnico fora de sua área de atuação. A bíblia por si só é um livro que tem vários significados em função da diferença de crenças e formas de interpretação de seu conteúdo. A figura 3 mostra uma charge que exemplifica bem este tipo de barreira, em que a palavra nada possui mais de uma interpretação. Figura 3: charge que exemplifica uma barreira semântica Fonte: Página da internet5 5 Disponível em https://www.frasesparaface.com.br/frases-engracadas/, acesso em 30/01/2020. https://www.frasesparaface.com.br/frases-engracadas/ 11 De um modo geral, além das barreiras ainda existem três fatores que podem prejudicar a informação. São eles: a omissão, a distorção e a sobrecarga. A omissão Ocorre quando algumas informações são omitidas em parte ou totalmente, prejudicando assim a eficácia da comunicação, ou até mesmo não permitindo que ela seja completada. Por exemplo, quando se pesquisa sobre determinado assunto para a elaboração de um relatório de trabalho e a empresa omite informações relevantes de custos ou de qualquer outra natureza, o teor do conteúdo final pode ficar prejudicado. A distorção Quando a mensagem é alterada ou modificada, de forma que seu significado original se perca. É o chamado telefone sem fio, ou informações que são distorcidas até que a comunicação fique prejudicada, incompleta ou mesmo inexistente. Boatos ou barreiras semânticas são exemplos bem comuns. A charge exposta na figura 4, ilustra de forma descontraída um exemplo de distorção. Figura 4: Charge que ilustra uma distorção Fonte: Retirada da página de Rodrigo Maia, site da internet6 6 Disponível em https://www.diegomaia.com.br/blog/o-poder-de-um-boato-na-empresa/, acesso em 30/01/2020. https://www.diegomaia.com.br/blog/o-poder-de-um-boato-na-empresa/ 12 A sobrecarga É o excesso de informações que dificulta o entendimento. Quando muito conteúdo é passado e por vezes é exigida uma absorção em pouco tempo, a mente humana tende a limitar o conteúdo da mensagem recebida e por vezes, o aprendizado fica comprometido. Muita informação pode gerar distorção ou deficiência de interpretação. Neste caso, a comunicação não é concluída, pois ela só existe quando há compreensão da informação transmitida. Exemplo: Excessos textos em slides numa apresentação ou palestras, material excessivo para estudo, etc. Para Reflexão Leia atentamente o texto a seguir. O gerentão 7 Um empresário resolveu mudar o estilo de administrar de sua empresa e contratou um novo gerente geral. Ele chegou determinado a tornar a empresa mais produtiva, e, por isso, já no primeiro dia, acompanhado dos principais assessores, fez uma inspeção em toda a empresa. No armazém, todos trabalhavam, menos um rapaz que estava encostado na parede com as mãos no bolso. Percebendo uma boa oportunidade para demonstrar a sua nova filosofia de trabalho, o novo gerente se aproximou e perguntou ao rapaz: - Quanto é que você ganha por mês? O rapaz, sem entender o motivo da pergunta, simplesmente respondeu: - Novecentos e vinte reais. Por quê? E o novo gerente, tirou os R$ 920,00 do bolso e deu ao rapaz dizendo: - Aqui está o seu salário deste mês. Agora, desapareça e não volte aqui nunca mais! O rapaz, surpreso, guardou o dinheiro e saiu, conforme as ordens que recebeu. O gerente, se sentindo ainda mais superior, perguntou aos operários que presenciaram aquela cena: - Algum de vocês sabe o que este tipo de gente fazia aqui? Um dos funcionários respondeu: - Sim, senhor! ... ele veio entregar uma pizza. Atividade de apoio Discuta a ideia do texto ressaltando quais as barreiras de comunicação presentes neste caso e justifique sua resposta. Procure refletir e encontrar suas conclusões antes de checar o gabarito comentado. 7 Texto que circula na internet disponível em: https://www.falandodevarejo.com/2017/12/historia- para-refletir-o-gerentao.html.Acesso em 27/01/2020. https://www.falandodevarejo.com/2017/12/historia-para-refletir-o-gerentao.html https://www.falandodevarejo.com/2017/12/historia-para-refletir-o-gerentao.html 13 Gabarito comentado Fica explícito no texto, de maneira bem humorada, o quanto as barreiras de comunicação podem comprometer as decisões, o relacionamento com pessoas e a própria qualidade do trabalho. O obstáculo em destaque no texto é a omissão de informações, refletida no tratamento do gerente com o entregador de pizza, que sem ao menos se comunicar, fazer perguntas e tentar ouvi-lo, acabou o confundindo com um dos funcionários da empresa. Ele sequer buscou tomar conhecimento dos fatos e já fez seu julgamento pessoal. Por sua vez tal atitude se deriva de barreiras pessoais: o gerente com sua vaidade quer “mostrar serviço”, com comportamento autoritário e arrogante. A omissão e as barreiras pessoais presentes no texto constituem grandes obstáculos ao processo de comunicação e podem causar impactos catastróficos nos resultados de trabalho. 1.2.2- Tipos de Comunicação A comunicação pode ser verbal ou não verbal. 1.2.2.1- Comunicação Verbal A comunicação verbal é aquela que se utiliza das palavras. Ela pode ser:  Oral: através de seminários, conversas, palestras, discursos, etc. Ela foca basicamente na fala, na oratória.  Escrita: através de jornais, revistas, cartas, artigos, etc. Ela foca na elaboração de textos, na parte escrita. 1.2.2.2- Comunicação não verbal A comunicação não verbal é a comunicação que não se utiliza de qualquer tipo de palavra, seja oral ou escrita. Ela é composta apenas por símbolos, gestos, sinais, imagens etc. Entretanto, este tipo de comunicação pode ser tão eficaz quanto a comunicação verbal. Quem nunca percebeu que uma atitude deveria ser tomada apenas através de um olhar ou de uma expressão no rosto de alguém?! O professor em sala de aula por exemplo, pode perceber se um aluno está interessado, apático ou distraído apenas pela postura do mesmo. Algumas pessoas se perguntam por que foram reprovados em uma entrevista de seleção quando estavam tão confiantes de que falaram bem durante o processo. Mas o problema talvez não tenha sido o que foi verbalizado e sim o que não foi dito, mas exposto, através de um comportamento, traje, gestos ou atitudes. E tal comunicação não verbal, pode demonstrar em algum momento desinteresse, nervosismo ou qualquer característica que inviabilize a continuidade de um candidato ao processo seletivo. Mas inversamente, este tipo de comunicação também pode ajudar a demonstrar vários atributos positivos que contribuam para o sucesso durante uma entrevista ou um processo seletivo. 14 De modo geral a comunicação não verbal pode se dar através de:  Gestos: Durante uma apresentação, algumas pessoas tendem a desenvolver alguns hábitos, como gesticular em excesso, permanecer com as mãos no bolso, apertar algum objeto, movimentar-se em demasia etc.  Expressões Faciais: podem indicar aprovação ou reprovação dentro de um contexto ou de uma conversa.  Postura: De modo geral as pessoas podem ter uma postura mais séria enquanto outras tendem a ter uma postura mais descontraída e outras até uma postura apática ou desinteressada. A postura pode ser trivial para se analisar algum tipo de comportamento. Ela pode demonstrar educação, segurança, bom humor, tranquilidade e comprometimento. Mas também pode expressar distração, nervosismo, desconforto e até falta de interesse. Um bom exemplo é a diferenciação entre o receptor que se senta de forma “largada” e aquele que senta-se com boa postura, prestando atenção no que está sendo dito.  Traje: Assim como soa estranho alguém chegar em traje esportivo numa festa de gala, também não é adequado que ir de calça jeans e tênis a uma entrevista de emprego, sobretudo se o cargo pretendido é de um nível que requer trajes mais sociais. Isso vale para uma palestra ou apresentação de trabalhos, onde o orador deve portar-se com boa aparência e trajes oportunos.  Olhar: Também pode ser uma fonte de aceitação ou reprovação, sem que sequer uma palavra precise ser dita. Expressa contentamento, tristeza, indiferença, inquietação etc.  Figuras e imagens: Estão presentes na arte, como na escultura, pintura, fotografia etc., passando inúmeras mensagens com riqueza de conteúdo e significado. Também podem estar presentes em artigos científicos, disciplinas como matemática, física etc., estimulando o aprendizado apenas com símbolos e ilustrações. Também pode se encontrar em placas de trânsito, placas indicativas e tantos outros mecanismos de comunicação visual. 1.2.3- A comunicação como reflexo da cultura humana De acordo com Pimenta (2000), a comunicação é um reflexo da cultura humana, podendo se manifestar através de suas formas: verbal e não verbal. Forma verbal Pela sua forma verbal, a comunicação pode se expressar através de seus seguintes tipos de linguagem:  Linguagem oral: expressões idiomáticas, gírias, etc. Quando viajamos pelos estados brasileiros percebemos uma riquíssima variedade de vocabulários, sotaques, gírias, entre outros aspectos. No nordeste do 15 país por exemplo, bala é chamada de confeito e sandália de percata, assim como há inúmeras outras diferenças de vocábulos. Entre estados do sudeste, como exemplo, Rio e São Paulo, é possível notar uma diferenciação em certas palavras, como por exemplo: cobrador de ônibus, geladinho, farol e catraca em SP que são conhecidos no Rio respectivamente como trocador, sacolé, sinal e roleta. Adicione esta diferença a outros estados e veja a amplitude das expressões e vocábulos em geral.  Linguagem escrita: As normas gramaticais também variam de uma cultura para outra, podendo modificar toda uma linguagem escrita. A língua portuguesa por exemplo, é bastante ampla, com uma série regras próprias de acentuação, concordância etc. e é uma das línguas mais complexas de se aprender, com grande e diferenciada quantidade de formas verbais. Forma não verbal Pela sua forma não verbal a comunicação pode se expressar através de seus hábitos e gestos simbólicos, ou simplesmente por símbolos. Cada cultura tem sua própria forma de expressão simbólica em determinados hábitos, comportamentos, rotinas e ações. A bandeira nacional é um exemplo de simbolismo próprio de cada país. Outros exemplos são hábitos que variam de uma cultura para outra, como aliança de casamento, cumprimento com beijo no rosto, flores em sepulturas etc. Existem lugares onde o arroto após as refeições é considerado ato de satisfação enquanto em outros, como no caso de nosso país, é visto como atitude de indelicadeza e falta de educação. É importante ressaltar que cada cultura tem sua linguagem corporal e deve ser respeitada para evitar conflitos, faltas de respeito ou inconveniências. Questões de Fixação 1-Classifique as alternativas a seguir como (1) Comunicação Verbal ou (2) comunicação Não Verbal: a) ( ) Uma conversa ao telefone b) ( ) Manchetes de jornais c) ( ) Uma pintura d) ( ) Uma conversa informal entre colegas de trabalho e) ( ) Um olhar de reprovação f) ( ) Um artigo sobre política g) ( ) Placas levantadas com números atribuindo notas. h) ( ) Uma entrevista i) ( ) Uma fotografia j) ( ) Uma roupa inapropriada para um evento k) ( ) Um poema. l) ( ) Os gritos de gol em estádio de futebol m) ( ) Palmas ao término de um evento. 16 2- A comunicação varia em função da cultura humana e pode ser expressa através de sua linguagem verbal oral, quando por exemplo: a) Percebemos um hábito distinto durante uma cerimônia b) Percebemos diferentes formas de conjugação de verbos e normas gramaticais em um texto c) Percebemos diferentes gírias e linguajares de uma cultura para outra d) Alguém se comporta de maneira diferente durante um jantar em função de suacultura e) Alguém de outro lugar que se veste de forma diferente dos demais 3- Numere a segunda coluna de acordo com os elementos da comunicação que compõem a primeira: ( 1 ) Emissor ( ) Língua Portuguesa formal ( 2 ) Receptor ( ) Jornal interno que circula pela empresa ( 3 ) Assunto ( ) Funcionários, gerentes e colaboradores internos ( 4 ) Canal ( ) Novos projetos da organização e metas para alcançá-los ( 5 ) Mensagem ( ) Conteúdo com informações e comunicados ( 6 ) Código ( ) Direção da empresa 4- Dos elementos da comunicação, o conjunto de sinais utilizados para transmitir uma informação é chamado de: a) Canal b) Referente c) Conhecimento d) Código e) Discurso Gabarito: 1- a) 1; b) 1; c) 2; d) 1; e) 2; f) 1; g) 2; h) 1; i) 2; j) 2; k) 1; l) 1; m) 2. 2- C (A comunicação expressa sua cultura pela linguagem oral, a partir das particularidades na fala, sotaque e gírias característicos de cada região, por exemplo). 3- (6) (4) (2) (3) (5) (1) 4- A 17 2- BOM USO DA PALAVRA COMO PRINCIPAL FERRAMENTA NAS RELAÇÕES EMPRESARIAIS: DOMÍNIO DA NORMA CULTA E DE REGRAS BÁSICAS PARA IMPRIMIR COESÃO E COERÊNCIA AO TEXTO A norma culta diz respeito a padrões linguísticos utilizados por pessoas com maiores níveis de formação. Ela se caracteriza pela rigorosa adequação às regras gramaticais e pela formalidade de quem fala ou escreve. Constitui uma prática linguística de grande reputação, sendo utilizada em vários conteúdos oficiais, documentos e comunicados jurídicos, teses, artigos, trabalhos acadêmicos, entre outros. Entre os atributos requeridos para um bom perfil profissional, sem dúvidas está o bom uso da palavra e o domínio da norma culta. A redação por exemplo é uma forma de avaliação utilizada em muitos processos seletivos, tanto na área acadêmica, como também empresarial, de natureza pública ou privada. São classificados os textos mais com maior adequação às normas gramaticais, como boa ortografia, pontuação, acentuação e concordância. Sem dúvida uma linguagem clara e bem desenvolvida faz toda a diferença no processo de seleção e contratação. De fato, a comunicação escrita - como também o processo de comunicação oral - diz muito a respeito do nível intelectual do indivíduo, mas sobretudo, da forma como ele se dedica a leitura e a busca de aprimoramento do conhecimento. A valorização da norma culta durante todo o processo de seleção, inclusive na modalidade oral da língua tem revelado a importância que as empresas têm dado a certa concepção de linguagem no processo seletivo que se trata justamente da concepção que tem a língua como instrumento de comunicação. (TRAVAGLIA, 2009, apud ARAÚJO E DIAS. 2014, p. 263) O fato é que hoje em dia não é difícil encontrar pessoas qualificadas, que ainda escrevem ou falam incorretamente, e o problema às vezes está em falhas que não foram devidamente corrigidas ao longo de sua trajetória acadêmica. Não é incomum encontrar profissionais das mais variadas áreas com formações de ensino superior que ainda usam termos e palavras erradas. Quando trabalhei por um tempo na coordenação de Recursos Humanos em uma empresa, notava que pessoas com ótimos currículos não eram contratadas após entrevistas e alguns tipos de avaliações. O motivo? Falavam ou escreviam errados. Eram diversos tipos de erros, como “pra mim fazer” (antes de verbo se usa eu e não mim); “A gente vamos”; “atrazado” ao invés de atrasado; “Consenso comum” etc. Eram uma série de erros intermináveis, de grafias, de concordância, de conjugação de verbos entre tantos outros. Também era muito comum o uso de gírias, vícios de linguagem e uso exagerado de pleonasmos (repetição ou redundância de palavras). É inviável aprovar indivíduos com esse tipo de comunicação oral e/ou escrita. Afinal eles vão trabalhar em equipe, manter relações com dirigentes, além de disseminar informações dentro e fora da empresa. Muitos irão elaborar relatórios técnicos, atas de reuniões, memorandos, quadros de avisos etc. Com certeza também irão enviar e-mails e comunicados. Estarão em contato com fornecedores, órgãos públicos ou privados e ainda, com clientes. Por mais que tenham formação ou bom currículo, a comunicação é essencial, afinal estes profissionais podem comprometer a imagem da empresa. 18 Quanto maior o cargo na empresa, maior será a exigência do emprego das normas gramaticais e do domínio da norma culta. Para cargos mais simples, com menor grau de contato com clientes e outros stakeholders, como aqueles de níveis mais operacionais (e com tarefas físicas), os requisitos exigidos não são tão elevados. Segundo dados coletados em entrevista pelo estudo de Araújo e Dias (2014, p. 263) “se o empregado vai ficar na parte da oficina mecânica, não tem problema se ele fala errado porque ele não vai atender clientes, ele vai cuidar dos carros (...), então ele só tem que saber a parte técnica do trabalho, não precisa falar bem”. Porém para cargos que requerem maior qualificação, o entendimento da norma culta e o emprego correto das palavras são fundamentais. Não se trata de dizer que o funcionário precise usar a linguagem formal o tempo inteiro, e sim que ele consiga se expressar corretamente, sabendo o que é ou não apropriado, afinal ele vai lidar com pessoas de diversas formações e classes sociais. Para a comunicação oral ou escrita, é imprescindível compreender importantes conceitos como: coesão, coerência e concisão. Juntos eles exercem um papel imprescindível para a excelência na construção de textos, discursos e demais práticas de comunicação. 2.1- Coesão A coesão textual diz respeito a conexão das palavras entre si. Um texto coeso é aquele elaborado com as palavras adequadas, com uma boa estrutura e clareza de conteúdo. Para isso é preciso conhecer as normas gramaticais, como o emprego de conjunções, pronomes, concordâncias nominal e verbal, advérbios, entre outros. Para Brito (2018) como o texto é uma mistura de palavras, frases, orações e parágrafos, a coesão é a conexão que há entre todos esses elementos. 2.2- Coerência Um texto coerente é aquele que faz sentido, ou seja, possui lógica e sintonia entre as ideias apresentadas. Portanto, é a coerência que permite a compreensão da mensagem transmitida. De acordo com Koch e Travaglia (1995, p.11), a coerência “se estabelece na interação, na interlocução comunicativa entre dois usuários”. Para que este processo de comunicação seja bem sucedido, é preciso que a linguagem seja coerente, ou seja, possua significação. Existe uma brincadeira antiga na qual as crianças costumam se divertir usando termos antagônicos, como “incêndio na caixa d`água”, “careca de tranças”, “poeira em alto mar” ou a “volta dos que não foram”. São expressões que não fazem o menor sentido, ou seja, são completamente incoerentes. Enquanto a coesão traz a articulação entre as palavras dentro de uma estrutura gramatical correta, a coerência é quem dá nexo e significado ao conteúdo, tornando o texto claro e de fácil entendimento. Observação Um texto pode estar coeso e não estar coerente ou vice versa. 19 Exemplos: I) “A apostila está completa, pois ontem passeei com meu cachorro na pracinha, ainda que esse fato contrariasse o uso de medicamentos indevidos” (texto coeso, porém sem qualquer coerência). II) “Liderança fraca. Desmotivação dos funcionários. Queda na produtividade. (texto coerente, porém sem coesão. Todos sabem que uma má liderança pode desmotivar e gerar queda na capacidade produtiva, ou seja, as afirmações fazem sentido. Porém não há conjunções, pronomes ou conectivos, por exemplo, que articulem o conteúdo na forma gramatical adequada). 2.3- Concisão Ser conciso significa saber sintetizar as informações, de forma que amensagem seja transmitida com clareza e objetividade. A concisão busca evitar a prolixidade, ou seja, excesso de palavras de forma repetitiva. Se de um lado é preciso ter cuidado para não resumir demais as ideias a ponto de omitir informações importantes, por outro, é necessário ter o cuidado de cair na armadilha da sobrecarga de conteúdo. Quem nunca foi e uma palestra em que o palestrante gastou muito tempo repetindo as mesmas coisas de forma diferente e acabou tornando o assunto cansativo? Ou quem já leu um livro em que o autor gasta várias páginas explicando um mesmo assunto de formas diferentes? Claro que em algumas ocasiões é mais didático detalhar o assunto parar desenvolvê-lo melhor. Mas isto não significa andar em círculos e fugir do contexto com uma série de definições desnecessárias, ou como diz a expressão popular, “encher linguiça”. O uso da língua portuguesa com clareza e espontaneidade, além da coesão, coerência e concisão, facilita a comunicação e permite que o funcionário desempenhe melhor seu papel no ambiente de trabalho. Quem possui domínio da norma culta tende a ocupar maiores cargos e assim receber melhores salários. Questões de Fixação 1- Julgue (Certo) ou E (Errado)para cada uma das alternativas a seguir: a) ( ) Concisão tem a ver com objetividade e clareza da frase e implica no texto está bem resumido. b) ( ) Quem comete vários erros de concordância nominal e verbal possui defeito de coerência. c) ( ) Se uma pessoa escrever um texto que faça sentido, sem erros no emprego de conjunções e demais aspectos gramaticais, porém prolixo e redundante, sem objetividade e síntese, podemos dizer que há vício de coesão. 20 d) ( ) Se uma pessoa escrever um texto que faça sentido, sem erros de português, porém prolixo e redundante, sem objetividade e síntese, podemos dizer que há vício de concisão. 2- Se alguém escreve um texto com objetivo e clareza, sem redundâncias, mas essas ideias não fazem sentido, contendo ainda muitos erros na articulação entre as palavras e na estrutura gramatical, podemos dizer que há vícios de: a) ( ) Coerência e Concisão b) ( ) Coerência e Coesão c) ( ) Coesão e Concisão d) ( ) Apenas Coerência e) ( ) Apenas Concisão Gabarito: 1- a) Certo b) Errado c) Errado d) Certo 2- B 21 3- COMUNICAÇÃO ESCRITA 3.1- Tipos textuais Os tipos textuais dizem respeito a forma como um texto se desenvolve. Eles podem ser classificados como: descrição, narração, dissertação expositiva, argumentação, informação e injunção. Descrição (Texto descritivo) A descrição é um tipo de texto que expõe as características de uma pessoa lugar, objeto, paisagens entre outros. Sua finalidade é apresentar com riqueza de detalhes os atributos ou particularidades do objeto no texto a que se refere. Uma boa descrição é aquela que permite que alguém consiga mentalizar exatamente como seria um local, ou determinada paisagem, pessoa etc, É como se você conseguisse ver um lugar em sua imaginação com tamanha precisão a ponto de visita-lo futuramente e presenciar algo muito parecido com o que pairava em sua imaginação. O mesmo ocorre com uma pessoa procurada em um retrato falado, onde as investigações tendem a localizá-la apenas pela minuciosidade de sua descrição. Como exemplos de descrição temos um relato, uma biografia (ou autobiografia), um diário, um currículo, laudos, relatórios, ata de reunião, entre muitos outros. Narração (Texto narrativo) A narração tem por objetivo contar um acontecimento, seja real ou fictício, que tenha transcorrido em determinado tempo e local, abrangendo certos personagens. Como este tipo de texto narra um fato ocorrido, seu tempo verbal predominante é o passado. O foco está em contar fatos com início, meio e fim. É possível encontrar textos narrativos em relatos, depoimentos, fábulas, romances, notícias, etc. Exposição (Texto dissertativo expositivo) A dissertação expositiva apresenta, expõe e avalia fatos e situações da realidade. Ela propõe a reflexão ao analisar determinado assunto, estimulando o debate de ideias, porém sem a necessidade de tentar convencer o receptor. O foco aqui está no tema abordado e não em destacar o emissor ou o leitor. Normalmente este tipo de texto vem em terceira pessoa (do singular ou plural), como forma de expressar sua impessoalidade, já que deve ser imparcial. O texto expositivo tende a apresentar sua estrutura com uma introdução, seguida do desenvolvimento do tema e por fim, a conclusão do assunto. Sua linguagem deve ser clara e coerente, além de respeitar a coesão e a concisão, evitando ser prolixo. É possível encontrar esta modalidade textual em teses e dissertações, artigos científicos, resumos e fichamentos, entre outros. 22 Argumentação (Texto dissertativo argumentativo) A argumentação ou dissertação argumentativa, ao contrário da expositiva, tem de fato interesse em persuadir ou convencer o receptor a aceitar um ponto de vista defendido. Também possui uma estrutura com introdução, desenvolvimento e conclusão, porém focada em argumentos e na busca de comprovação deles, visando influenciar o leitor. Exemplos deste tipo de texto são as cartas e dissertações argumentativas, editoriais, textos de publicidade e artigos de opinião. Injunção (Texto injuntivo ou instrucional) O texto injuntivo tem por objetivo instruir e guiar o leitor. Através de uma linguagem simples e clara, ele orienta comportamentos e ações. Há o predomínio de verbos no modo imperativo, porém nota-se também o uso do infinitivo entre outros. Entre diversos exemplos de injunção é possível citar: editais, leis, manual de instruções, normas, bulas de remédios etc. Não se deve confundir tipos textuais com gêneros textuais. Tipos textuais se diferem de gêneros textuais, uma vez que os tipos dizem respeito a forma enquanto o gênero tem a ver com o seu conteúdo. De acordo com o site Educa Mais Brasil (2020) a diferença básica entre as duas classificações, é que gênero textual é a parte concreta e tipo textual é a parte que integra um campo mais teórico, mais formal. Nesse sentido, para cada tipo de texto existe gêneros específicos, que serão estudados no próximo subcapítulo. Exercício de apoio Elabore um texto que contenha necessariamente todas as palavras da tabela a seguir, sem perder a coerência e de forma coesa e concisa. Escolha se este texto será uma narração, dissertação expositiva, argumentação ou descrição e justifique sua resposta. Não esqueça ainda de que toda redação possui um título. Estrada Tinta Janela Domínio Motivação Lembranças Intenso Receita Pessoas Obs. Mínimo de dez linhas e máximo de 20. Comentário para direcionamento: A ideia é fazer com que o aluno possa utilizar palavras bem diferentes e com elas montar um texto sem perder o sentido (ser coerente), articulando bem essas palavras do ponto de vista gramatical (com coesão) e ainda limitado ao máximo de 20 linhas para não ser prolixo (manter a concisão). Além destes desafios, é preciso ainda 23 identificar qual tipo de texto ou composição se está escrevendo e com base nas características deste texto justificar a resposta, ou seja, porque o mesmo se enquadra no tipo apontado. Vale ressaltar ainda que toda redação começa com um título. 3.2- Gêneros textuais Os gêneros textuais são formas de classificar e identificar as características de textos utilizados em um processo de comunicação. Ao longo do tempo é possível ter contato com diversos tipos de leitura e modos de se comunicar com outras pessoas. Os gêneros consistem em formas de enunciados, com conteúdo específico próprio, que permite sua classificação. Dos principais é possível citar como exemplo: artigos científicos, relatórios, resenha, resumo, cartas, e-mails, notícias, contos, fábula, romance, biografia, autobiografia,poema, crônica, entrevista, regulamento, ofício, ata, memorando, currículo vitae entre outros. 3.2.1- Elaboração de gêneros textuais específicos Conforme foi apresentado anteriormente, há uma grande quantidade de gêneros textuais. Serão estudados aqui alguns dos mais importantes para o processo de comunicação escrita, a nível acadêmico e no ambiente empresarial. 3.2.1.1- Artigo científico Um artigo científico traz resultados de investigações ou pesquisas produzidas de acordo com o método científico. Ele pode ser gerado a partir de observações, estudos bibliográficos, experimentos, teses e dissertações, entre outras obras. A ABNT (NBR 6022, 2003, p. 02) define artigo científico como “parte de uma publicação com autoria declarada, que apresenta e discute ideias, métodos, técnicas, processos e resultados nas diversas áreas do conhecimento”. Um artigo costuma ser submetido a comissões de congressos ou conselhos editoriais de revistas ou periódicos, que avaliam sua importância e mérito para que seja publicado. Em sua estrutura um artigo deve conter: título, resumo, introdução (com a formulação do problema, objetivos e relevância do assunto) metodologia, fundamentação teórica (em alguns casos), resultados, discussões, conclusão e referências bibliográficas. Título Um dos grandes desafios de um artigo é a escolha do tema bem como do título que irá compor a obra. Ele deve refletir o assunto e contexto prático onde será aplicado. O título fica mais claro quando o objetivo do trabalho é definido. Porém ele pode se modificar algumas vezes até a etapa final. Alguns autores só definem o título exato da pesquisa após a sua conclusão. 24 Resumo Um resumo é um tipo de sinopse que sintetiza as principais ideias expostas no trabalho. Deve ser escrito sem parágrafos e ao final, conter as palavras chave, que são aquelas mais importantes dentro do contexto da obra. É possível elaborar melhor o resumo a partir do momento em que a introdução é feita, porém alguns escritores preferem desenvolvê-lo somente com o término do trabalho, quando se tem uma visão mais ampla do todo. Mesmo para quem constrói o resumo logo no início, é possível aperfeiçoá-lo após a conclusão do artigo. Um resumo deve ter uma breve apresentação da ideia, com a relevância do assunto ou justificativa, materiais e métodos e os resultados que se pretende alcançar. Introdução A introdução sempre começa com a formulação do problema, seguida do objetivo do trabalho, a relevância do tema escolhido e em alguns casos a metodologia, que pode vir dentro da introdução, ou de forma separada, com um capítulo específico para ela. Cada um destes tópicos possui suas funções que podem ser resumidas da seguinte forma:  Formulação do problema: é uma espécie de contextualização do assunto, onde os pontos centrais a serem discutidos ao longo do trabalho são apresentados. O ideal neste caso, é formular perguntas relacionadas ao tema e encontrar resposta adequada para cada uma delas. Neste item também é possível fazer uma abordagem histórica, contando de forma simplificada a evolução do assunto tratado ao longo do tempo. Formular um problema é simples e pode ser comparado a uma conversa. Normalmente, quando alguém se aproxima para um diálogo, costuma falar algumas coisas antes de ir direto ao ponto. Inicialmente a pessoa costuma cumprimentar a outra e gradualmente ir desenrolando a conversa até que se chegue em um determinado assunto. A mesma coisa de se faz na introdução: Começa se formulando um problema, relacionado ao tema, que posteriormente será desdobrado e exposto no trabalho.  Objetivo: Diz respeito aos resultados que se pretende alcançar com a pesquisa. Alguns trabalhos costumam apresentar o objetivo geral e em seguida desdobrá-los em objetivos específicos. Porém, quando se trata de artigos é comum encontrar apenas o objetivo geral, todavia algumas instituições, congressos ou revistas por exemplo, exigem maior detalhamento.  Relevância do assunto: Também conhecida como justificativa, nela o autor deve refletir sobre o porquê da pesquisa, explicando as razões da preferência pelo tema, bem como sua importância. É importante verificar se a proposta possui utilidade, vantagens ou aspectos positivos. Metodologia Como já foi dito, a metodologia pode acompanhar a introdução ou vir outro capítulo separadamente. O importante é não esquecer da inserção deste tópico em um artigo científico, assim como em outros tipos de trabalhos. 25 A metodologia indica onde e como é realizada a pesquisa. Também pode aparecer com a nomenclatura “materiais e métodos”. Ela expõe os tipos de pesquisa realizadas e as técnicas utilizadas para a elaboração do trabalho. Os tipos de pesquisa costumam variar de acordo com seus objetivos e os mais comuns são:  Pesquisa descritiva: Um dos tipos de pesquisa mais simples, tem por finalidade descrever as características de um fenômeno, de um tema ou de uma experiência.  Pesquisa Explicativa: Tem por objetivo explicar o motivo da ocorrência de certos fenômenos, uma vez que aprofunda o conhecimento de uma determinada realidade.  Pesquisa Exploratória: é o tipo que permite uma melhor interação entre o pesquisador e o tema pesquisado, quando este ainda é pouco investigado. Para Duarte (2020) quando o problema proposto não apresenta aspectos que permitam a visualização das táticas a serem adotadas, será necessário que o pesquisador inicie um processo de sondagem, com vistas a aprimorar ideias e, posteriormente, construir hipóteses.  Pesquisa bibliográfica: é desenvolvida através embasamento teórico de diversos autores, como livros, artigos e periódicos científicos. É o tipo de pesquisa predominante em estudos e trabalhos teóricos das mais variadas áreas.  Pesquisa acadêmica: diz respeito a todo estudo que produz ou aperfeiçoa conhecimento para uma disciplina no meio acadêmico, contribuindo para o progresso das atividades cientificas. Esse tipo de pesquisa pode gerar vários benefícios para o processo de aprendizagem no âmbito das universidades e instituições de ensino.  Pesquisa experimental: Visa selecionar as variáveis que seriam capazes de influenciar um projeto ou teste. A seguir procura explicar os impactos que estas variáveis produzem em tais experimentos, em um dado momento e sob certas condições.  Pesquisa documental: É um tipo de pesquisa fundamentada em documentos que comprovam determinados estudos ou investigações. Utiliza fontes primárias, como atas, relatórios e pareceres, que podem inclusive vir a complementar uma pesquisa do tipo bibliográfica.  Pesquisa de campo: é aquela que traz resultados e conhecimentos decorrentes de estudos aplicados em uma empresa, instituição, região ou em um ambiente específico. Requer visitas, entrevistas, coleta de dados e análises.  Estudo de caso: Estudo aprofundado de um tema, tendo em vista obter e gerar mais conhecimento sobre ele. 26 As técnicas ou métodos de pesquisa variam de acordo com sua natureza e podem ser:  Dedutivo: Funciona a partir de dados já existentes. Parte de uma ideia geral para deduzir algo particular. Constitui um método de raciocínio lógico que utiliza a dedução para obter uma conclusão a respeito de determinada hipótese.  Indutivo: Ao contrário da dedução, este método parte de situações particulares para o contexto geral. Em outras palavras, após se levar em conta uma certa quantidade de casos específicos, conclui-se uma verdade geral.  Observacional: É aquele que parte do exame e monitoração de dados coletados para se chegar a uma determinada conclusão. É um método simples, focado em observar o objeto de estudo.  Comparativo: Voltado para esclarecer a relação existente entre certos fenômenos, assuntos ou fatos. Confronta determinados casos e estuda a compatibilidade entre eles.  Analítico:Após a observação, é possível fazer uma análise que venha complementar o que foi observado. Esta análise pode considerar por exemplo, pontos positivos ou negativos dos fenômenos examinados e a partir de então, se chegar a uma determinada conclusão.  Dialético: Este método busca fatores conflitantes entre duas ou mais situações para explicar um novo caso a partir destes conflitos. Pode apresentar citações ou ideias contraditórias entre dois ou mais autores com pontos de vista diferentes a respeito de um tema. O intuito aqui não é de influenciar o leitor, mas sim de contrastar linhas de raciocínio diferentes para discutir melhor o assunto e se chegar a uma conclusão. Questão de fixação Entre os tipos de pesquisa estudados, qual está presente em cada caso? Marque (D) para descritivo, (C) Campo, (B) bibliográfica, (A) acadêmica ou (E) experimental: a) ( ) Relatórios com descrição detalhada de resultados obtidos através de questionário; b) ( ) Coleta de dados sobre o assunto; c) ( ) Citação de autores; d) ( ) Testa uma hipótese; e) ( ) Visa a produzir conhecimento para uma disciplina estudada; f) ( ) Leitura, análise e interpretação de livros, para construção de fundamentação teórica; 27 g) ( ) Aplicação de entrevistas e questionários realizados dentro da empresa; h) ( ) Observar, registrar e analisar os fenômenos, descrevendo-os, porém sem interferência do investigador; i) ( ) Levantamento de literatura sobre o assunto estudado e considerações; j) ( ) Histórico do tema desenvolvido no capítulo; k) ( ) Seleciona as variáveis capazes de influenciar um objeto de estudo, as formas de monitoração e dos efeitos que produzidos no objeto. Gabarito: a) (D) b) (C) c) (B) d) (E) e) (A) f) (B) g) (C) h) (D) i) (B) j) (D) k) (E) Fundamentação teórica Em alguns casos, certos artigos possuem uma parte de desenvolvimento ou mesmo de fundamentação, onde estruturam as principais ideias relacionadas ao tema. Essas ideias são reforçadas com citações de autores que as confirmam e enriquecem ainda mais o assunto. Importante Tudo que for extraído de outros autores deve ser citado, sem exceção. Além de fortalecer a pesquisa, as citações dão mais credibilidade ao trabalho, além de evitar que se incorra em plágio.  Saiba mais Conheça as normas de citação de todos os tipos em: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: informação e documentação: citações em documentos: apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2002b. Resultados Esta é a parte prática do artigo. Aqui são apresentados os resultados obtidos através da pesquisa, como uma forma rica de contribuição para todos os interessados no tema. Ao mostrar os resultados do trabalho, o autor pode usar e abusar de gráficos, figuras e tabelas. Vale lembrar que todos estes recursos devem ser expostos com sua devida numeração, nome e fonte (de onde foi extraído e em qual ano), conforme exemplo na figura 5. Todos devem ser explicados ao longo do texto. 28 Figura 5: As dimensões da competência Fonte: Durand in Brandão e Guimarães (2001) Observação: Existem situações em que, ao tentar desenvolver um trabalho, algumas pessoas colocam apenas o título do capítulo e simplesmente “jogam” um monte de figuras ou tabelas no texto, uma seguida da outra, e algumas vezes sequer explicam do que se trata. São verdadeiros álbuns de figurinhas, onde em cada página só tem um título e um monte de imagens. É imperativo que cada capítulo sempre se inicie com um texto, e ao se colocar qualquer ilustração, ela deve ser apresentada e explicada. Quando se insere várias imagens ou tabelas por exemplo, uma embaixo da outra, sem texto que as separem (e as justifiquem), o trabalho fica pobre e fora de contexto. Discussões Após os resultados, vem a discussão. Em alguns formatos de artigo, ela aparece junto com os resultados com o título: Resultados e discussões. De qualquer forma, ao discutir os resultados, é importante levar em conta suas vantagens e desvantagens, bem como seus prós e contras ou até mesmo custos e benefícios. É sempre interessante que a discussão tenha um enfoque prático, mostrando contribuições daquilo que foi estudado. 29 Conclusão A conclusão é a etapa final do trabalho e deve ser sucinta, prática e objetiva. Também é conhecida em alguns casos por considerações finais. Aqui se faz um comentário geral do que foi abordado, chegando a um ponto de vista conciso a respeito do tema. Sugestões e recomendações para a continuidade da pesquisa são sempre bem vindas. É importante salientar que a conclusão deve ser coerente com o objetivo do trabalho. Não se pode prometer aquilo que não será cumprido. Se a proposta inicial era fazer uma análise qualitativa, por exemplo, não pode se concluir com resultados e dados quantitativos. Por isso, para que um projeto seja viável e até mesmo aceito em um congresso ou revista, é imprescindível que seu objetivo seja compatível com sua conclusão. Observação Quando se tem uma imensa quantidade de trabalhos para ler e avaliar, uma boa dica é ler o objetivo e a conclusão. Se baterem, vale a pena ler o resto. Caso contrário, já se sabe que o trabalho não é tão bom ou viável como se espera. Referências bibliográficas Tudo o que foi citado ao longo do artigo deve ser inserido nas referências bibliográficas, em ordem alfabética. Existe uma diferença entre referências bibliográficas e bibliografia. Nas referências, necessariamente o autor, site ou qualquer outro tipo de fonte, foi citado ou referenciado no conteúdo. Já na bibliografia, vale colocar tudo o que foi lido ou consultado, ainda que não tenha sido necessariamente citado no trabalho. Tanto as referências como a bibliografia devem respeitar as normas ABNT. Exemplo de citação com um autor: GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.  Saiba mais Para conhecer todas as normas de inserção de referências, basta consultar: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação e documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, 2018. 30 Importante Caso você necessite escrever um artigo, comece respondendo as seguintes perguntas: 1- Escreva um assunto de seu interesse (um tema), ainda que não seja o título definitivo do trabalho. 2- Que importância você vê no assunto? 3- Que métodos você pretende aplicar? Explique cada um deles: 4- Se a pesquisa for teórica, como os resultados deste trabalho podem contribuir para seu conhecimento e aprendizado pessoal? Se sua pesquisa for de campo, como os resultados podem auxiliar a empresa escolhida? 5- Qual seria a contribuição deste trabalho para os seus leitores? 3.2.1.2- Resenha crítica A resenha consiste em uma exposição resumida de uma obra com comentários informativos e críticos sobre tal conteúdo. Ela costuma trazer informações sobre o autor e o texto em questão, seguida de comentários e observações do pesquisador. Antes de se construir uma resenha é preciso realizar uma leitura profunda e detalhada antes de começar a escrita. No caso de um filme, é preciso observação e atenção antes de tudo. Este gênero textual pode ser feito a partir de livros, trabalhos acadêmicos, teses, dissertações, filmes etc. Deve ser utilizados verbos e pronomes em terceira pessoa, apesar do fato de que, quem escreve, tem liberdade para expressar suas próprias ideias, críticas e opiniões. É importante salientar que em uma resenha expositiva normal, são colocadas apenas as informações da obra, sem que se emita o ponto de vista próprio. Já no caso da resenha crítica, os autores emitem opiniões sobre o que escrevem. De qualquer forma, independentemente dotipo escolhido, prevalece sempre o uso da terceira pessoa. 3.2.1.3- Relatório Relatório consiste em um tipo de documento técnico, padronizado, que mostra o andamento de um projeto ou trabalho. Ele mostra a situação atualizada de tarefas e atividades, portanto, serve para transmitir informações e reportar resultados parciais ou totais de um evento, seja em fase de realização ou já concluído. Como exemplo é possível citar relatórios de pesquisas (acadêmicas ou profissionais), de reuniões, de conferências e videoconferências, de treinamentos, de processos de trabalho entre outros. A figura 6 apresenta um modelo de relatório como exemplo. 31 Figura 6: Exemplo de relatório Fonte:Retirado do site Scribd8,, 2020 8 Disponível em https://pt.scribd.com/doc/56673133/RELATORIO-DE-TREINAMENTO- INTERNO, acesso em 29/01/2020. https://pt.scribd.com/doc/56673133/RELATORIO-DE-TREINAMENTO-INTERNO https://pt.scribd.com/doc/56673133/RELATORIO-DE-TREINAMENTO-INTERNO 32 3.2.1.4- Resumo O resumo consiste em uma apresentação sintetizada de um fato tendo em vista transmitir as ideias centrais presentes no texto. Fazer um resumo não é simplesmente reduzir a quantidade de palavras, mas focar na qualidade do conteúdo exposto. Isto porque resumir diz respeito a levantar os pontos mais importantes e propagar a informação de forma que em poucas palavras se compreenda o tema em questão. O resumo também é conhecido por sinopse. É possível saber do que se trata um livro antes mesmo de fazer sua leitura. Basta acessar a sinopse. Também se pode conhecer a ideia de um filme lendo o resumo de seu enredo. Normalmente as pessoas buscam informações de uma obra com antecedência para saber se vale a pena apreciá-la. Anteriormente foi abordado aqui a questão do resumo em artigos científicos. A ideia é a mesma: sintetizar o que é discorrido ao longo do trabalho, em poucas palavras, mas de forma clara e objetiva, para que o receptor tenha ideia do que vai ler. O quadro 1 apresenta um exemplo de resumo. Quadro 1: Modelo de resumo Resumo: O e-Social é parte do sistema de escrituração digital que exigirá que todos os empregadores enviem em um único documento, todas as informações trabalhistas, previdenciárias, fundiárias e tributárias relativas aos seus trabalhadores, sejam eles empregados, avulsos ou contribuintes individuais. Isto poderá facilitar a fiscalização dos órgãos competentes aos empregadores, que precisarão atuar com maior transparência e segurança jurídica, evitando assim riscos tributários e trabalhistas desnecessários. Este sistema tem por objetivo melhorar a ação competente do gestor de empresas públicas ou privadas, que atuem no Departamento de Pessoal, trazendo importantes evidências de sua atuação eficiente, dentro dos padrões legais exigidos. No setor público, por exemplo, a ideia é melhorar a eficiência tributária, proporcionando maior transparência para a arrecadação e aplicação de recursos auferidos. Este trabalho tem por objetivo analisar os principais impactos da implementação do e-Social para o Departamento Pessoal das empresas, demonstrando a relevância desta área no processo de entrega das obrigações exigidas pelos órgãos competentes. A metodologia está pautada em pesquisa exploratória, teórica e observacional, visando analisar a contribuição desta tecnologia digital na área de recursos humanos. A presente pesquisa pode contribuir como um material de apoio, que visa auxiliar os profissionais da área, como parte de um treinamento teórico sobre o assunto abordado. Pretende ainda abordar o papel da tecnologia de informação, que integra o contexto do presente tema, o que deverá resultar em um melhor entendimento dessa nova abordagem tecnológica para o processo de tributação e de gestão de pessoas nas empresas. Palavras chave: E-social, Gestão de Pessoas, Tecnologia de Informação, Tributação. Fonte: Pereira, Waltz e Lima, 2017. 33 3.2.1.5- Ata A ata consiste em uma descrição dos pontos mais importantes ocorridos durante uma reunião ou assembleia. Normalmente o registro é feito por escrito ao longo da própria reunião, de forma simultânea, enquanto esta se desenrola. Mas ela não é uma transcrição na íntegra de tudo o que acontece e sim um levantamento dos principais pontos como data, participantes, decisões, propostas, entre outros. Por muito tempo a ata se limitou a ser um documento composto por termos de mais difícil compreensão. Atualmente, com os adventos da tecnologia é possível contar com recursos como gravações de áudio e vídeo, o que facilita o trabalho e fortalece a credibilidade da informação. Através de uma ata, mesmo que quem faltou a reunião tem a possibilidade de ficar a par dos principais acontecimentos, com riqueza de detalhes. Logo ela corresponde a um registro que pode ser consultado sempre que necessário, gerando uma forma memória dos fatos ali discutidos. Na ata deve constar sempre a assinatura de todos os participantes. Como tipo de texto, ela constitui uma descrição e deve ser sempre elaborada em linguagem formal, pois pode futuramente ser utilizada inclusive em questões judiciais. Neste tipo de documento os números devem ser todos escritos por extenso não deve conter rasuras e caso ocorra algum erro, deverá ser feia a devida retificação ou errata. A ata também não permite abreviações e seus verbos predominam em tempo passado (pretérito perfeito do modo indicativo). O quadro 2 mostra um exemplo de uma ata. Quadro 2: Ata de reunião Fonte: IADES, 2018. 34 3.2.1.6- Memorando Memorando é um documento que tem por objetivo trocar informações entre os vários departamentos de uma organização, entre níveis hierárquicos iguais ou diferentes. Ele consiste em um instrumento de comunicação interna nas empresas. Visa transmitir informações aos colaboradores de forma rápida, prática e eficaz. A origem etimológica do termo vem do latim memorandus, que significa “o que deve ser lembrado”. A principal característica deste gênero textual é a objetividade. Ele também deve ser redigido de forma impessoal e em linguagem formal. A estrutura mais usual do memorando costuma ser desdobrada da seguinte forma:  Timbre da instituição;  Número do memorando;  Remetente;  Destinatário;  Indicação do assunto;  Local e data;  Mensagem;  Despedida;  Assinatura e cargo. A figura 5 apresenta um modelo de memorando. Figura 5: Modelo de memorando Fonte: Retirado do site Significados9, 2017. 9 Disponível em https://www.significados.com.br/memorando/,2017, acesso em 29/01/2020. https://www.significados.com.br/memorando/ 35 3.2.1.7 – Ofício Um ofício, como o próprio nome indica, é uma correspondência oficial, que costuma ser direcionada a autoridades públicas. Seu texto deve ser escrito de maneira formal, com clareza e argumentos consistentes. Para a elaboração deste gênero textual é imprescindível o rigor na coerência, na coesão e na concisão. Deve-se, portanto, tomar cuidado com o vocabulário, evitar a redundância e respeitar as normas gramaticais. Ofício também pode ser entendido como uma comunicação escrita de maneira cortês, com objetivo de realizar uma solicitação ou uma requisição oficial. Ele é utilizado pelo serviço público, tanto entre autoridades que exercem a mesma função, quanto entre funcionários e seus superiores hierárquicos. Um determinado ofício pode tratar de assuntos sobre serviços da administração pública entre si, como também de casos de interesse dela com particulares. Ofícios podem ser elaborados com várias finalidades, entre elas, fazer uma petição judicial, um pedido à administração pública, uma solicitação a um prefeito ou governador etc. Em um ofício, é preciso constar os seguintes pontos: Local e data;  Assunto;  Destinatário;  Fecho;  Texto;  Assinatura do autor;  Número do ofício. A figura 6 mostra um modelo de ofício. 36 Figura 6: Modelo de ofício Fonte: Retirado do site Studylibpt10 10 Disponível em https://studylibpt.com/doc/353178/modelo-de-of%C3%ADcio, acesso em 29/01/2020. https://studylibpt.com/doc/353178/modelo-de-of%C3%ADcio 37 3.2.1.8- Currículo O termo Currículum Vitae é derivado do latim e significa ”trajetória de vida”. É um documento que apresenta o resumo das qualificações e experiências profissionais de uma pessoa, bem como seus dados pessoais, cursos realizados e toda a sua formação acadêmica. Atualmente é importante inserir uma foto como forma de dar mais clareza e conhecimento do candidato em questão. Apesar de existir hoje diversos programas para a elaboração de currículo, que inclusive pode ser entregue online, o currículo digitado e enviado por e-mail ainda é o mais comum. Há ainda aqueles que preferem imprimir e fazer a entrega pessoalmente. Tão importante para a conquista de um bom emprego, o currículo deve ser claro, sem erros gramaticais e sem redundância ou excessos. Quanto mais objetivo for, melhor. Atualmente a estrutura de um bom currículo, de acordo com Vilarinho (2020), deve se apresentar da seguinte forma:  Dados pessoais: Nome, idade, estado civil, endereço, telefones e e-mail, além de uma foto 3x4 ao lado. Caso insira telefone de contato, é preciso especificar o nome da pessoa responsável;  Objetivos: É importante especificar os objetivos quanto ao cargo pretendido;  Qualificações: Este espaço é utilizado para colocar as qualificações e atributos profissionais. O ideal é dar pelo menos cinco exemplos como: habilidade com pessoas, boa comunicação verbal, excelente escrita etc.);  Escolaridade: É importante destacar apenas a última formação acadêmica, como por exemplo: Superior completo em Ciências Econômicas, período, ano de conclusão). Caso tenha pós graduação, é importante especificar;  Cursos de aperfeiçoamento: Seminários, palestras, simpósios etc. (desde que haja certificado). É interessante colocar somente os dois últimos ou aquele que ajudaria no emprego almejado;  Idiomas e informática: Neste local, basta especificar o nível de inglês. Se for básico, é melhor não colocar. Já quanto a informática, indique os cursos que fez e que domina bem;  Experiência Profissional: Vale inserir só as três últimas, se houver;  Referência Profissionais: O ideal é dar preferência ao último ou penúltimo emprego. É preciso colocar o nome e telefone de contato de seu ex-chefe ou ex-diretor assim como de alguém que possa falar bem de sua vida profissional dentro da empresa.  Pretensão salarial, apenas se houver necessidade. Caso haja, nunca se deve colocar “a combinar”, pois se o empregador está solicitando, é porque deseja saber. Na dúvida, vale pesquisar os salários pagos no mercado para a função almejada. De modo geral um currículo deve ser sucinto, claro e com veracidade das informações. Repetições, distorções, omissões e informações falsas podem comprometer seriamente a imagem do candidato. 38 Questões de fixação 1- (Vunesp /2019) Um tipo de documento que tem inúmeras funções, tais como: apresentar síntese de variados tipos de trabalhos ou apresentação de resultados, parciais ou finais, de atividades variadas, das acadêmicas às prestações de contas, é: a) ( ) o memorando; b) ( ) a resenha; c) ( ) o ofício; d) ( ) o projeto; e) ( ) o relatório. 2- (IF-RN/2013) Sobre relatório, marque V ou F nas opções a seguir: I. Deve ser redigido em uma linguagem objetiva, clara e concisa, sem omissão de dados importantes e acompanhado, sempre que necessário, de anexos. ( ) II. Deve obedecer a uma estrutura padrão de composição, independente da extensão do contexto e da natureza da atividade que o originou. ( ) III. Deve apresentar termos técnicos e expressões específicas da área do qual se origina, independentemente do tipo de destinatário para o qual foi escrito. ( ) IV. Deve conter todas as informações técnicas e ser escrito em linguagem informal. ( ) 4- Em qual parte de um artigo científico é preciso esclarecer os tipos de pesquisa utilizados? a) ( ) Formulação do problema b) ( ) Objetivo geral c) ( ) Objetivos específicos d) ( ) Metodologia e) ( ) Relevância do assunto 4- (Cesgranrio/2011) A ata caracteriza-se por ser um(a): a) ( ) documento de fé pública, de fim comprobatório; b) ( ) documento expedido por servidor público, atestando fato de que ele tem conhecimento em razão de cargo que ocupa; c) ( ) registro de fatos, ocorrências, resoluções e decisões de uma assembleia, sessão ou reunião; d) ( ) registro de acordo firmado entre a administração pública e particulares; e) ( ) autorização para o exercício de determinada atividade. 5- Dos itens a seguir, todos devem estar presentes em um currículo, exceto: a) ( ) atributos profissionais com suas principais habilidades e competências; b) ( ) formação acadêmica, considerando a última ou a mais recente; c) ( ) idiomas e informática, independente do nível, incluindo todos os cursos realizados; d) ( ) Objetivos em relação ao cargo pretendido; e) ( ) Referência do último ou penúltimo emprego. 39 Gabarito comentado: 1- E (O tipo de documento com as características apresentadas na questão refere-se a um relatório) 2- I) ( V ) A afirmativa está totalmente correta e de fato, sempre que necessário o relatório deve vir acompanhado de anexos. II) ( V ) Independente do contexto, o relatório deve obedecer a uma estrutura padrão. Ele é um de documento técnico, padronizado, Questão correta. III) ( F ) Conforme foi estudado, é preciso conhecer o perfil do receptor antes de entregar uma mensagem. Isto se aplica a qualquer tipo de documento, texto ou comunicação. O uso de termos técnicos e expressões da área depende do tipo de destinatário para o qual foi escrito IV) ( F ) Deve conter todas as informações técnicas e ser escrito em linguagem formal, com coerência, coesão e concisão, respeitando as normas gramaticais. 3- D (Na metodologia se insere os tipos de pesquisa e técnicas ou métodos utilizados). 4- C (Ótima definição de ata: registro de fatos, ocorrências, resoluções e decisões de uma assembleia, sessão ou reunião). 5- C (Deve inserir a parte de idiomas e informática, porém neste caso é preciso avaliar o nível de entendimento da língua estrangeira. Se for básico, é melhor não colocar. E quanto a informática, recomenda-se destacar os apenas os cursos realizados com alto domínio. 40 4- COMUNICAÇÃO ORAL Muitas pessoas têm dificuldades para se expressar, principalmente quando se trata de falar em público e os motivos são os mais variados como: timidez, insegurança, falta de preparo, medo, inexperiência, entre vários outros. A grande questão é a forma como isto pode ser tratado e revertido para que a comunicação oral possa transcorrer sem barreiras ou constrangimentos. As organizações cada vez mais necessitam de pessoas pró ativas, determinadas e comunicativas. Em alguma época do passado poderia até se admitir um indivíduo que trabalhasse mais fechado em seu ambiente de trabalho, como por exemplo um funcionário limitado a executar determinadas tarefas específicas e rotineiras, sem muita necessidade de interação com outras pessoas. Atualmente, porém, é completamente improvável que alguém se tranque dentro de sua sala para desenvolver suas atividades durante todo o tempo na empresa, sem relacionamentos ou comunicação. Isto porque uma das grandes características das empresas modernas é a manutenção de um quadro de pessoas qualificadas com potencialpara trabalhar em equipe e interagir constantemente. O funcionário de tecnologia de informação que fica a maior parte do tempo gerenciando softwares e realizando programações, em determinado momento vai precisar dar feedback, participar de reuniões, emitir relatórios e pareceres técnicos, assim como também falar e expressar suas ideias em público, seja durante uma reunião ou em um simples treinamento. O profissional do marketing, da produção, das vendas, todos precisam verbalizar seus pensamentos, ideias e resultados, não apenas de forma escrita, mas também oral. Existem várias formas de comunicação oral como palestras, treinamentos, videoconferências etc. Mas falar em público continua sendo um desafio para muitos, seja na empresa ou fora dela. Não existe uma fórmula mágica que garanta a excelência nos resultados de uma apresentação, seja ela formal ou não. Porém há formas de se trabalhar melhor este processo de comunicação. Superar bloqueios e limitações é o primeiro passo para o desenvolvimento de uma boa comunicação oral. Mas como superar estes obstáculos? • Selecionar ideias: É preciso escolher o que se pretende abordar e priorizar as informações mais importantes, como forma de evitar ser redundante ou prolixo. Além disso, o foco nos assuntos principais é que vai dar maior riqueza e notoriedade às apresentações, o que trará também maior segurança e domínio do assunto para o emissor. • Planejar o que será comunicado: É importante ter um roteiro do que será comunicado durante uma apresentação oral. O planejamento reduz as incertezas e proporciona melhores resultados na exposição de um assunto. • Gerenciar o tempo: É preciso respeitar os limites de tempo dentro de qualquer exposição oral e ensaiar a apresentação com antecedência pode ser uma ótima forma de se adequar ao horário planejado. Tanto finalizar antes do previsto quanto extrapolar o tempo são ações falhas e deselegantes que podem ser evitadas com o devido planejamento e cuidado. 41 • Utilizar recursos em favor da apresentação e não confiar apenas na memória: Anotar os principais pontos e utilizar recursos como data show, imagens, dentre outros, podem garantir maior eficiência e eficácia na apresentação. Além dos fatores relacionados, a seguir serão apresentadas importantes temáticas para melhoria da comunicação oral. 4.1- Organização do raciocínio para se expressar com argumentos convincentes. Seja na comunicação oral ou escrita, para que o assunto tenha relevância e conquiste o respeito de seus receptores, é necessário clareza, coerência e consistência, o que por sua vez requer argumentos sólidos e convincentes, com dados, informações e justificativas que os sustentem. Mas como dar credibilidade à informação transmitida aos receptores?  Pertinência e relevância do assunto A importância daquilo que se pretende comunicar, bem como sua utilidade e aplicação prática, torna o assunto valorizado e consequentemente bem recebido pelas pessoas. Quanto mais embasado um conteúdo, vindo de fontes confiáveis, maior a aceitação e o respeito de seus receptores. É inegável que a tecnologia da informação tem facilitado muito a vida das pessoas e suas formas de comunicação, mas por outro lado é possível observar uma enxurrada de Fake News – notícias com informações falsas e desencontradas. A certificação da veracidade das informações antes de se transmiti-las garante satisfação e confiança por parte de quem está recebendo as mensagens. Com isso, é possível obter bons resultados decorrentes do processo de comunicação, como aprendizagem, novos conhecimentos e até melhores acordos e negociações a partir de argumentos mais convincentes.  Atualização das informações Esta é uma questão crucial quando se trata de dar credibilidade a um assunto. Vivemos em um cenário onde a velocidade das informações são muito rápidas. Em questão de segundos algo postado em uma rede social por exemplo, tende a se disseminar para uma enorme quantidade de pessoas. No ambiente empresarial não é diferente. A quantidade de informações que chegam diariamente requer muito cuidado na hora de interpretar e lidar com tudo o que recebemos. É preciso estar atualizado em todo tempo, com o cuidado de discernir o que é boato do que é realidade. Em um piscar de olhos tudo muda, então o crédito dado a um assunto depende muito de sua atualização. Informações atrasadas dificultam o trabalho e comprometem o tempo na realização das atividades diárias. 42  Objetividade Como já foi discutido na Unidade I, a redundância e a sobrecarga de informações, constituem obstáculos no processo de comunicação. Ser objetivo, sem perder a qualidade da informação reforça a segurança e confiabilidade aos receptores. A concisão é importante não só na comunicação escrita como também na comunicação oral. Explicar a mesma coisa de várias formas diferentes, sem evoluir no assunto ao longo de uma apresentação, pode desviar do tema central e repercutir como uma exposição prolixa e enfadonha.  Ferramentas adequadas de comunicação Constituem métodos e técnicas que possibilitam melhorar a comunicação entre as equipes de trabalho, gestores e empresas. Há um universo de possibilidades quando se trata de escolher quais serão as ferramentas utilizadas, mas é preciso cautela já que a qualidade da informação também depende muito da eficiência no uso de tais técnicas. O leque de opções envolve pesquisa, marketing, televisão, rádio e ainda veículos de comunicação interna, como intranet, mural de informações, vídeos e e- mails corporativos, caixas de sugestões, aplicativos, redes sociais etc. É necessário saber quais são as ferramentas adequadas para cada situação e seu impacto nos resultados esperados, que envolvem o aumento da interação entre colaboradores, entendimento das informações, troca de conhecimentos e melhor desempenho das atividades.  Motivação e Comprometimento (da gestão e da equipe): Pessoas motivadas se engajam em seus projetos e atividades, se empenham em fazer as coisas da melhor forma e, portanto, demonstram comprometimento nas relações de trabalho. Por outro lado, a falta de motivação acaba se tornando visível em um discurso e tende a enfraquecer a credibilidade da informação. Líderes e equipes motivadas constroem um ambiente de trabalho mais dinâmico e refletem uma comunicação mais sólida, com transmissão de informações mais confiáveis. O raciocínio para o desenvolvimento de uma boa comunicação deve ser muito bem organizado, expressando veracidade e argumentos fundamentados. O emissor precisa definir seus argumentos de acordo com o tema escolhido. Este tema por sua vez deve levar em conta as necessidades e aspirações do público alvo, a relevância do assunto e sua aplicabilidade. A organização do raciocínio é imprescindível para qualidade do conteúdo a ser comunicado, bem como para o enriquecimento de argumentos convincentes, o que requer técnicas de apresentação que envolvem de modo geral:  Clareza.  Linguagem.  Conhecimento.  Postura.  Recursos.  Harmonia (no caso de uma apresentação em equipe). 43 4.1.1- Clareza Uma comunicação clara envolve a utilização de conceitos bem explicados, buscando-se evitar sobrecarga, distorção ou omissão de informações. O volume da voz deve ser adequado e cumprir o propósito de tornar a mensagem audível e compreensível. A clareza das informações minimiza interpretações distorcidas e prolixidade, proporcionando melhor entendimento, economia de tempo e redução de conflitos em um ambiente de trabalho. Distorções de informações podem ocorrer com frequência em função de barreiras pessoais ou semânticas, como já discutido no capítulo 3 – comunicação escrita. Quanto mais clara as informações, menor o risco de boatos e duplas interpretações. A figura 7 aborda de forma descontraída um caso de distorção de informação.Figura 7: Charge “procurando emprego” Fonte: Mundo novo RH, 202011 11 Disponível em http://admmundonovorh.blogspot.com/p/charges.html. Acesso em 30/01/2020. http://admmundonovorh.blogspot.com/p/charges.html 44 4.1.2 - Linguagem A linguagem é outro fator que precisa ser muito bem trabalhado em um processo de comunicação oral ou escrita. Ela deve ser simples e objetiva, evitar gírias e expressões idiomáticas de difícil entendimento. Existem pessoas com vícios arraigados de linguagem e que muitas vezes acabam repassando isto em sua comunicação. Alguns ainda arrastam erros de português que não foram resolvidos ao longo de sua trajetória acadêmica ou mesmo decorrentes de hábitos oriundos de sua comunicação em redes sociais, aplicativos e sites de bate papo. Neste caso, é preciso rever sua forma de escrever e consequentemente de se expressar. Cursos de reciclagem, como oratória ou técnicas de apresentação, são muito bem-vindos para fortalecer e melhorar suas relações sociais e profissionais. Outra questão importante a ser trabalhada no uso apropriado da linguagem diz respeito a utilização de termos técnicos. Muitos palestrantes e profissionais quando ministram um treinamento ou uma palestra, fazem uso destes termos, por vezes até de forma exagerada. Hoje na área de recursos humanos, por exemplo, é muito comum usar e abusar de palavras como “feedback”, “rotatividade ou turnover”, absenteísmo, brainstorms, etc. O mesmo ocorre na área de logística, com o uso termos técnicos e estrangeiros como “lead time”, “just in time”, “setup”, entre vários outros. Isto se estende para as mais variadas áreas de atuação. Essas palavras são comuns entre os profissionais de seus segmentos, porém podem gerar muitas dúvidas e confusão quando existe um público misto e diferenciado. É preciso saber utilizar bem a linguagem, direcionando-a sempre para o público alvo em questão e no caso do uso de termos técnicos ou mais específicos, o ideal é sempre os explicar brevemente, principalmente se o público for composto por formações diversificadas. O bom uso da linguagem, assim como a clareza das informações, também elimina barreiras semânticas e distorções de significado. As palavras devem ser empregadas corretamente, de forma prática e simples, com objetividade. Para reflexão: Uma executiva no céu12 Foi tudo muito rápido. A executiva bem-sucedida sentiu uma pontada no peito, vacilou, cambaleou. Deu um gemido e apagou. Quando voltou a abrir os olhos, viu-se diante de um imenso Portal. Ainda meio zonza, atravessou-o e viu uma miríade de pessoas. Todas vestindo cândidos camisolões e caminhando despreocupadas. Sem entender bem o que estava acontecendo, a executiva bem-sucedida abordou um dos passantes: - Enfermeiro, eu preciso voltar urgente para o meu escritório, porque tenho um 12 Por Max Gehringer (Revista Exame). 45 meeting importantíssimo. Aliás, acho que fui trazida para cá por engano, porque meu convênio médico é classe A, e isto aqui está me parecendo mais um pronto-socorro. Onde é que nós estamos? - No céu. - No céu?... - É. - Tipo assim...o céu, CÉU...! Aquele com querubins voando e coisas do gênero? - Certamente. Aqui todos vivemos em estado de gozo permanente. Apesar das óbvias evidências nenhuma poluição, todo mundo sorrindo, ninguém usando telefone celular), a executiva bem-sucedida custou um pouco a admitir que havia mesmo apitado na curva. Tentou então o plano B: convencer o interlocutor, por meio das infalíveis técnicas avançadas de negociação, de que aquela situação era inaceitável. Porque, ponderou, dali a uma semana ela iria receber o bônus anual, além de estar fortemente cotada para assumir a posição de presidente do conselho de administração da empresa. E foi aí que o interlocutor sugeriu: - Talvez seja melhor você conversar com Pedro, o síndico. - É? E como é que eu marco uma audiência? Ele tem secretária? - Não, não. Basta estalar os dedos e ele aparece. - Assim? (...) - Pois não? A executiva bem-sucedida quase desaba da nuvem. À sua frente, imponente, segurando uma chave que mais parecia um martelo, estava o próprio Pedro. Mas, a executiva havia feito um curso intensivo de approach para situações inesperadas e reagiu rapidinho: - Bom dia. Muito prazer. Belas sandálias. Eu sou uma executiva bem-sucedida e... - Executiva... Que palavra estranha. De que século você veio? - Do 21. O distinto vai me dizer que não conhece o termo 'executiva'? - Já ouvi falar. Mas não é do meu tempo. Foi então que a executiva bem-sucedida teve um insight. A máxima autoridade ali no paraíso aparentava ser um zero à esquerda em modernas técnicas de gestão empresarial. Logo, com seu brilhante currículo tecnocrático, a executiva poderia rapidamente assumir uma posição hierárquica, por assim dizer, celestial ali na organização. - Sabe, meu caro Pedro. Se você me permite, eu gostaria de lhe fazer uma proposta. Basta olhar para esse povo todo aí, só batendo papo e andando a toa, para perceber que aqui no Paraíso há enormes oportunidades para dar um upgrade na produtividade sistêmica. - É mesmo? - Pode acreditar, porque tenho PHD em reengenharia. Por exemplo, não vejo ninguém usando crachá. Como é que a gente sabe quem é quem aqui, e quem faz o quê? - Ah, não sabemos. 46 - Entendeu o meu ponto? Sem controle, há dispersão. E dispersão gera desmotivação. Com o tempo isto aqui vai acabar virando uma anarquia. Mas nós dois podemos consertar tudo isso rapidinho implementando um simples programa de targets individuais e avaliação de performance. - Que interessante... - É claro que, antes de tudo, precisaríamos de uma hierarquização e um organograma funcional, nada que dinâmicas de grupo e avaliações de perfis psicológicos não consigam resolver. - !!!...???...!!!...???...!!! - Aí, contrataríamos uma consultoria especializada para nos ajudar a definir as estratégias operacionais e estabeleceríamos algumas metas factíveis de leverage, maximizando, dessa forma, o retorno do investimento do Grande Acionista... Ele existe, certo? - Sobre todas as coisas. - Ótimo. O passo seguinte seria partir para um downsizing progressivo, encontrar sinergias high-tech, redigir manuais de procedimento, definir o marketing mix e investir no desenvolvimento de produtos alternativos de alto valor agregado. O mercado telestérico, por exemplo, me parece extremamente atrativo. - Incrível! - É óbvio que, para conseguir tudo isso, nós dois teremos que nomear um board de altíssimo nível. Com um pacote de remuneração atraente, é claro. Coisa assim de salário de seis dígitos e todos os fringe benefits e mordomias de praxe. Porque, agora falando de colega para colega, tenho certeza de que você vai concordar comigo, Pedro. O desafio que temos pela frente vai resultar em um Turnaround radical. - Impressionante! - Isso significa que podemos partir para a implementação? - Não. Significa que você terá um futuro brilhante... se for trabalhar com o nosso concorrente. Porque você acaba de descrever, exatamente, como funciona o Inferno... Que conclusões você tira deste texto? Gabarito direcionado: É preciso conhecer o perfil do público ou dos receptores antes de entregar a mensagem, e é claro, a linguagem utilizada precisa ser moldada e adaptada a este perfil. O excesso do uso de termos textos, sem explicação, para uma plateia diferenciada, onde nem todos são da área, pode gerar um verdadeiro transtorno. Tal atitude é desconfortável e desmotivadora para quem é leigo no assunto, além de semear dúvidas e abrir espaço para a distorção. 4.1.3- Conhecimento O conhecimento é dos fatores que geram maior segurança em um processo de comunicação. Ele é o motor que envolve o emissor na organização de suas ideias e na precisãode seus argumentos. Não se deve falar sobre algo que se desconhece ou sobre o qual não há domínio de assunto. Quanto mais conhecimento a respeito de um 47 tema, mais convincentes serão os argumentos utilizados e melhor será a transmissão da informação e seus resultados. Um bom nível de conhecimento requer do emissor:  Evitar decorar discurso: Quando o indivíduo está à vontade para expor sobre determinado assunto, torna-se desnecessário decorar. Ele consegue manusear as palavras com propriedade, tem facilidade para falar (assim como para escrever sobre algo) e, portanto, sente-se confortável em sua comunicação.  Focar nas principais ideias da apresentação: A concentração nos principais pontos a serem expostos, minimiza as chances de prolixidade e redundância além de mostrar segurança e domínio daquilo que se pretende comunicar. Registrar os principais pontos e desdobrá-los é uma das melhores formas de explicar o assunto sem fugir do contexto original e sem sobrecarregas de informações.  Treinar a apresentação: No caso de uma palestra ou qualquer tipo de apresentação, ensaiar com antecedência aquilo que será exposto, pode garantir ótimos resultados. Isto porque o emissor estará mais acostumado com o tema, com as palavras e com a maneira como pretende conduzir o assunto. Além disso, o ensaio permite um melhor gerenciamento e controle do tempo, que é um elemento crucial durante qualquer exposição oral, seja uma palestra, treinamento, videoconferências etc. 4.1.4- Postura A postura durante uma apresentação envolve aspectos como traje, gestos, espontaneidade e domínio de palco. A maneira como olhamos as pessoas enquanto falamos, pode contribuir para atrair empatia e interesse pelo assunto abordado. Além disso, manter sempre o contato visual com o público é muito importante. Seja na posição sentado, em pé, parado ou em movimento, nosso corpo deve estar confortável de forma que não venha a chamar mais atenção do que a própria mensagem transmitida. É preciso saber o que vestir e o que usar em função do tipo de trabalho que será exposto. Não faz sentido apresentar um trabalho de conclusão de curso ou mesmo uma palestra ou treinamento dentro de uma empresa trajando vestes inapropriadas. É importante também conhecer o ambiente e o público alvo, direcionando não apenas o assunto, mas também a postura. Até mesmo em entrevistas para emprego, algumas pessoas questionam o motivo de sua eliminação, já que a princípio se sentiam tão qualificadas e aptas para o cargo em questão. O problema às vezes pode estar não exatamente naquilo que ela disse, mas muitas vezes nas coisas que ela deixou de falar; ou ainda, na roupa que ela usou, nos acessórios ou na maquiagem (em casos femininos) e até em sua 48 postura durante a entrevista: gestos que demonstraram insegurança, olhar disperso, tom de voz, etc. Cada movimento ou expressão de nosso corpo pode dizer muito sobre nós durante um processo de comunicação não verbal. Quem nunca se sentiu reprovado ou incentivado apenas com um simples olhar de uma pessoa?  Saiba mais Para entender melhor sobre postura e várias outras formas de comunicação não verbal, vale a pena consultar a obra: O CORPO FALA: a linguagem silenciosa da comunicação não-verbal. Pierre Gilles Weil e Roland Tompakow. São Paulo: Vozes, 1986. 288 p. Para reflexão: Comportamento em entrevistas de emprego 13 A revista Isto é publicou uma entrevista com Roberto Shinyashiki, médico psiquiatra, com Pós-Graduação em administração de empresas pela USP, consultor organizacional e conferencista de renome nacional e internacional. Abaixo, segue alguns trechos dos comentários do entrevistado: O mundo corporativo virou um mundo de faz-de-conta, a começar pelo processo de recrutamento. É contratado o sujeito com mais marketing pessoal. As corporações valorizam mais a autoestima do que a competência. Sou presidente da Editora Gente e entrevistei uma moça que respondia todas as minhas perguntas com uma ou duas palavras. Disse que ela não parecia demonstrar interesse. Ela me respondeu estar muito interessada, mas, como falava pouco, pediu que eu pesasse o desempenho dela, e não a conversa. Até porque ela era candidata a um emprego na contabilidade, e não de relações públicas. Contratei-a na hora. Num processo clássico de seleção, ela não passaria da primeira etapa. Sim. Quer ver uma pergunta estúpida feita por um Presidente de multinacional no programa O aprendiz? "Qual é seu defeito?" Todos respondem que o defeito é não pensar na vida pessoal: “Eu mergulho de cabeça na empresa”. Preciso aprender a relaxar". É exatamente o que o Chefe quer escutar. Por que você acha que nunca alguém respondeu ser desorganizado ou esquecido? É contratado quem é bom em conversar, em fingir. Da mesma forma, na maioria das vezes, são promovidos aqueles que fazem o jogo do poder. 13 Por Roberto Shinyashiki, da revista Isto é. 49 Moral da história: A habilidade de comunicação é indispensável nas relações de trabalho, seja ela do tipo verbal ou não verbal. A postura nas relações de trabalho contribui muito para o sucesso e o crescimento profissional. As vezes não é preciso falar muito. Apenas a comunicação não verbal pode dizer muito a respeito de alguém. Um comportamento ético e baseado na verdade é um grande diferencial, por exemplo, em uma entrevista de emprego como a referenciada no texto. De nada vale omitir e até mentir para “engordar” currículo, se na prática a pessoa será avaliada. É preciso saber usar a palavra certa, porém às vezes, um simples gesto, postura ou olhar pode significar muito. 4.1.5- Recursos O uso apropriado dos recursos é outro fator extremamente importante e indispensável em um processo de comunicação oral. A maneira como utilizamos os materiais disponíveis pode favorecer ou prejudicar uma apresentação. Conforme foi abordado na questão do uso da linguagem, é preciso focar nos pontos centrais da apresentação e não utilizar textos enormes ou com pouco destaque em relação ao assunto. Como receptores sabemos o quanto é desagradável assistir a uma apresentação cheia de textos, o que muitas vezes obriga o emissor a ler quando na verdade ele poderia utilizar-se de tópicos apenas para explicar o assunto, afinal a plateia sabe ler. Ainda que sejam apenas explicados, textos extensos poluem a apresentação e ofusca o desenvolvimento do tema que poderia ser bem mais bem transmitido se fosse apresentado com aplicações e exemplos práticos. Uma boa utilização dos recursos também requer testá-los com antecedência, evitando surpresas desagradáveis, como falhas no som, no repasse dos slides ou mesmo no próprio computador ou no data show. Algumas ações são muito importantes no uso adequado dos recursos disponíveis, como: - Explorar mensagens visuais interessantes e que atraiam o público; - Apresentar questões práticas, reforçando sempre que possível com gráficos, figuras e tabelas (não esquecendo de citar as devidas fontes); - Quanto menos texto utilizar por slide, maiores as chances de obter a atenção das pessoas; - Revisar todo o material para evitar erros gramaticais; - Evitar fundos escuros, letras ou imagens pequenas e excesso de animações; - Ter a criatividade como uma grande aliada. 4.1.6- Harmonia e integração (Conjunto) Quando uma apresentação é feita em equipe, é muito importante manter a harmonia e a integração entre as partes. É preciso dividir bem o tempo de cada um, de forma que determinado emissor não venha destacar mais do que os demais ou mesmo que outros não consigam se expressar o suficiente. 50 Existem casos em que algumas pessoas mal falam durante uma exposição em grupo ou simplesmente usam tão pouco o seu tempo que sequer cumprem seu papel em relação ao conjunto. Por isso énecessário ensaiar, treinar com certa antecedência e atento durante a apresentação de todos os integrantes do grupo. É recomendável evitar interromper o outro, mas isso não exclui a possibilidade de auxiliar em caso de dúvida ou insegurança do parceiro, o que demonstra engajamento e senso de equipe. Todos devem dominar igualmente o assunto e distribui-lo com equidade entre as partes. Uma combinação dos critérios expostos acima, contribuem para melhores resultados na comunicação e garantem mais confiabilidade no raciocínio e no desenvolvimento dos argumentos do emissor. A expressividade e a habilidade comunicativa são requisitos imprescindíveis para gestores e funcionários conquistar maiores espaços no ambiente de trabalho. A liderança é uma característica essencial no mundo corporativo e uma das grandes exigências para ser bom líder é a comunicação, a interação e criatividade. Questões de fixação Você está avaliando uma apresentação e toma como base os seguintes critérios: Conhecimento, Postura, Linguagem, Clareza, Recursos e Conjunto. Como você avalia cada uma das falhas a seguir? 1- Marque: (1) Para falta de conhecimento; (2) Para a falta de postura; (3) Para defeitos de linguagem; (4) Para falta de clareza; (5) Para má utilização de recursos e (6) Para deficiências na harmonia entre a equipe (conjunto). a) ( ) A pessoa arriscou abordar assuntos que não domina o suficiente; b) ( ) Houve falha no som, que deveria ter sido testado com antecedência; c) ( ) Excesso de gesticulações; a pessoa não encara a plateia; d) ( ) O apresentador não treinou a apresentação e nem gerenciou o tempo; e) ( ) Houve sobrecarga de informações; f) ( ) O apresentador decorou o discurso; g) ( ) A pessoa não se vestiu adequadamente para a apresentação; h) ( ) Foram usados termos técnicos em demasia para um público diversificado, incluindo pessoas leigas no assunto; i) ( ) Utilizou-se de mensagens visuais nada atraentes; j) ( ) O apresentador usou gírias e expressões idiomáticas de difícil entendimento; k) ( ) A apresentação era em grupo e o tempo de cada um não ficou bem dividido; l) ( ) Uso de slides com plano de fundo escuro; m ( ) Houve distorção da informação; n) ( ) Os integrantes da equipe não auxiliaram em caso de dúvida ou insegurança do colega; o) ( ) O volume da voz não foi adequado e por isso a mensagem não ficou audível; p) ( ) Durante a apresentação da equipe, por vezes um componente interrompia o outro. 51 2- Evitar decorar discurso e focar nas principais ideias da apresentação tem a ver com o critério de: a) ( ) Clareza. b) ( ) Linguagem. c) ( ) Conhecimento. d) ( ) Postura. e) ( ) Recursos. Gabarito 1- a) 1 b) 5 c) 2 d) 1 e) 4 f) 1 g) 2 h) 3 i) 5 j) 3 k) 6 l) 5 m) 4 n) 6 o) 4 p) 6 2- C Comentário: Um bom nível de conhecimento requer do emissor: evitar decorar discurso, focar nas principais ideias da apresentação, treinar a apresentação... (livro texto, p. 47). 52 UNIDADE II SUMÁRIO 1- POSTURA E EXPRESSIVIDADE EM SITUAÇÃO DE COMUNICAÇÃO ORAL 1.1- Domínio da palavra como forma de ocupar melhor espaço em ambientes corporativos internos e externos_____________________________54 1.1.1- A comunicação e a expressividade como instrumentos de motivação_54 1.1.2- O papel do líder nas relações interpessoais ____________________55 1.1.3- A comunicação oral: Etapas de uma apresentação______________59 1.1.4- A importância da comunicação assertiva na gestão de conflitos_____66 2- COMUNICAÇÃO NO AMBIENTE EMPRESARIAL___________________72 2.1- Os fluxos de comunicação________________________________72 2.2- Comunicação interna e Endomarketing______________________74 2.3- Comunicação externa____________________________________79 2.4- A comunicação e os níveis de planejamento __________________84 2.5- Construção de relacionamentos duradouros com a mídia e com instâncias governamentais __________________________________87 2.6- Processos e modelos de comunicação: em busca da identidade e da imagem da empresa ___________________________________89 2.7- Comunicação, ética e responsabilidade social_________________94 2.8- Os impactos da comunicação na competitividade e nos resultados da empresa _____________________________________________95 CONSIDERAÇÕES FINAIS ___________________________________101 REFERÊNCIAS ____________________________________________102 53 1- POSTURA E EXPRESSIVIDADE EM SITUAÇÃO DE COMUNICAÇÃO ORAL 1.1- Domínio da palavra como forma de ocupar melhor espaço em ambientes corporativos internos e externos. As organizações no âmbito geral são sustentadas por uma gama de recursos, dos quais os recursos humanos são um dos mais valiosos. É do capital humano, ativo intangível, que vem os projetos, as novas ideias, o talento e a criatividade. É a partir da comunicação que as informações são disseminadas e com isso inovações e outros grandes resultados são gerados. A comunicação facilita os processos de trabalho, reduz custos por atrasos e retrabalhos, além de melhorar as relações entre líderes e funcionários, entre equipes e com fornecedores, clientes e parceiros externos. 1.1.1- A comunicação e a expressividade como instrumentos de motivação A busca de explicações para a motivação no trabalho tem sido tema constante em várias pesquisas feitas por cientistas do comportamento humano. Este estado interno que energiza as atitudes está ligado às necessidades de cada pessoa, as quais variam de uma para outras, em função das diferenças individuais entre os seres humanos. A motivação é o fator-chave para o alcance dos objetivos organizacionais e a comunicação tem um importante papel para desenvolvê-la. Nenhum indivíduo desmotivado envolve-se plenamente em direção às metas de uma empresa. Segundo Vergas (FIORELLI, 2004, p. 118) “motivação é uma força, uma energia que nos impulsiona na direção de alguma coisa que nasce de nossas necessidades interiores”. Quando os administradores não dão abertura para o livre fluxo de informações na empresa, utilizando ferramentas adequadas de comunicação e estimulando a interação entre os colaboradores, eles tendem a inibir a criatividade e, portanto, a competitividade de suas organizações. A expressividade e domínio da palavra permitem o melhor aproveitamento do potencial dos colaboradores no ambiente de trabalho. A comunicação facilita a análise das necessidades pessoais e das expectativas de futuro profissional, além de prevenir situações que gerem conflitos e desmotivação. O problema de falta de motivação no ambiente de trabalho envolve comprometimento de todas as áreas, desde o colaborador primário até os mais altos cargos diretivos. Estes precisam demonstrar os objetivos organizacionais de forma clara, numa linguagem simples e direta, e observar o potencial de trabalho de cada empregado em sua função, considerando fatores profissionais e pessoais que possam agregar valor à empresa. 54 Observação: A pirâmide de Maslow, da hierarquia das necessidades humanas, mencionada na unidade I, até hoje é uma excelente forma de avaliar o que motiva cada pessoa e qual seu grau de prioridade. O líder precisa saber identificar em qual nível da pirâmide está cada colaborador, ou seja, qual seu nível de necessidade, lembrando que o que motiva um indivíduo não necessariamente motiva o outro. Certa vez li que uma empresa resolveu premiar um ótimo funcionário pelo seu desempenho. Ele tinha um cargo simples na organização, era uma pessoa humilde e muito pró ativa. Como recompensa ele ganhou um jantar sofisticado junto com outros colegas de equipe que também foram reconhecidos por seus resultados. A mesa estava repleta de talheres de prata e bebidas caras. Um cardápio muito variado e eles podiam se servir comoquisessem. Mas em determinado momento alguém percebeu que o tal funcionário exemplar, se mantinha quieto, cabisbaixo e não parecia feliz com toda aquela cortesia. Quando perguntado sobre o motivo de sua reação, ele prontamente respondeu: - Não dá para almoçar em lugar tão especial pensando em minha família que nem sempre tem carne para comer em casa. Do que adianta estar em uma mesa repleta de requintes e talheres que nem sei manusear? Eu teria ficado mais satisfeito com uma cesta básica ou com uma ajuda para comprar o material escolar de meus filhos. Certamente ele não teria surpreendido a todos com essa reação se a comunicação fosse mais eficaz a ponto de detectar antes em qual nível de necessidade este funcionário se encontrava, para então de fato motivá-lo da maneira certa. Não é difícil encontrar ainda hoje situações em que são concedidas premiações não compatíveis com as necessidades das pessoas em determinados cargos. São questões que podem ser resolvidas com feedback, comunicação e uma boa atuação da liderança. 1.1.2- O papel do líder nas relações interpessoais A liderança possui um papel muito importante no processo de comunicação, dentro e fora da empresa. Quando os líderes são rígidos e mais fechados, presos em um estilo mais autocrático, acabam não dando espaço para ouvir as pessoas e estimular a parceria a interação entre elas. De acordo com Lima et. al (2009) existem organizações que ditam regras severas de forma pouco clara, outorgando-as aos funcionários, que as executam sem contestação, devido à própria rigidez demonstrada pela classe diretora. A liderança não oferece feedback e nem consegue demonstrar a importância da atividade de cada trabalhador. Por outro lado, há líderes que se preocupam primeiramente com o bem-estar de seu pessoal, oferecendo benefícios monetários e não-monetários. Este perfil de administrador não hesita em demonstrar claramente as metas e objetivos do negócio, 55 através de uma comunicação bem sucedida, fazendo com que todos se sintam parte da organização. Os principais tipos de liderança são:  Autocrático: Aquele em que o líder toma a decisão sozinho e não abre para a participação da equipe. Cabe somente a ele todas as providências e métodos para a execução das tarefas na empresa.  Democrático: Neste estilo é permitida a participação da equipe, que podem contribuir com muitas ideias e sugestões. Muitas metas e diretrizes podem ser traçadas a partir da contribuição dos colaboradores, porém a decisão final ainda compete ao líder neste caso. As pessoas debatem e compartilham informações, porém sob a supervisão do líder.  Liberal: Este é um caso em que há confiança suficiente da parte do líder em seu pessoal, a ponto de ele dividir e delegar suas tarefas e responsabilidades, sem qualquer supervisão ou monitoramento. Neste tipo de liderança, os colaboradores podem tomar decisões e a participação do líder é mínima. Ao se deparar com a pergunta sobre qual o estilo de liderança ideal, muitos apostam no liberal. Entretanto, não existe uma fórmula pronta ou um estilo certo para cada organização ou departamento. Até mesmo porque a liderança depende de vários fatores, entre eles, do tipo de trabalho, do perfil de cada colaborador, das condições existentes em determinado momento, entre outros. Portanto, o ideal é dizer que a liderança eficaz é aquele situacional, ou seja, que varia em função das necessidades. Por exemplo: Imagine um funcionário novo na empresa. Com certeza, logo que ele entra, precisa de integração, de normas e instruções para começar o trabalho. Ainda que tenha suas formações e experiências, ele é novo naquela empresa e precisa ser conduzido e liderado. É dessa forma que ele vai evoluir e se adaptar a cultura da empresa. Se um funcionário chega e nada lhe é repassado, sem uma supervisão adequada, ele corre o risco de cometer erros por não conhecer as particularidades de seu novo ambiente de trabalho. Ele precisa de uma liderança autocrática naquele momento. À medida que o novo funcionário for convivendo mais tempo na empresa, ele vai interagindo, se comunicando e conhecendo melhor os hábitos e políticas da organização. A partir daí ele já pode começar a participar de certas decisões e a medida em que for ganhando a confiança do líder, o estilo autocrático vai sendo substituído. O estilo democrático deve ser usado para pessoas mais experientes, mas que ainda são novas em alguma situação. Já o estilo liberal é direcionado a pessoas experientes e confiáveis, antigas na empresa e no cargo, quando por exemplo o líder está sobrecarregado e tem a chance de delegar algumas responsabilidades. Ou por exemplo, quando o líder está aberto à novas ideias, decisões e inciativas por parte de seus subordinados que inspiram confiança. Para Lima et. al (2009) ainda existem muitos casos em que as gerências fazem pouco uso ou usam inadequadamente o feedback, para informar seus empregados o que esperam deles. Isto causa uma sensação de que estão preocupados somente com a realização das tarefas e não com as atitudes e motivações deles. Ainda de acordo com este estudo, gerências que fixam mais nas falhas do que no sucesso de 56 seus funcionários, trazem para o ambiente de trabalho o medo de errar e de assumir responsabilidades por parte dos subordinados. Dificilmente um chefe dá uma segunda chance a um colaborador depois de rotulá-lo como incompetente ou problemático, isto é, não existem compromissos de melhoria estabelecidos. A liderança tem um papel muito importante no uso da comunicação como ferramenta de motivação nas relações interpessoais, com vista a eliminar conflitos e frustrações e contribuir para a concretização dos melhores resultados. Atividade de apoio: Com base no contexto situacional, que estilo de liderança você priorizaria em cada caso abaixo? a) Com um funcionário experiente, confiável: __________________ b) Com um funcionário recém-chegado:_______________________ c) Você é líder em uma situação de emergência, com várias decisões a ser tomadas de imediato:_________________________________ d) Um funcionário que foi desenvolvido pela empresa, alcançando um novo cargo maior de maior responsabilidade (antigo na empresa e novo no cargo):__________________________________________ e) Há um impasse na empresa com opiniões divergentes e uma decisão precisa ser tomada:________________________ Gabarito: a) Liberal b) Autocrático c) Autocrático, pois não dá tempo de delegar nestes casos, o líder tem que decidir logo. d) Democrático, porque apesar de ser novo no cargo, ele já está familiarizado com a cultura e com os métodos da empresa. e) Autocrático. Neste caso cabe ao líder desempatar. 57 Para reflexão: A corrida de canoas 14 Duas empresas (de acordo com a história, uma brasileira e outra japonesa) criaram um desafio que consistia numa corrida anual de canoas, onde, em cada canoa iriam até 8 homens de cada empresa. Então as equipes treinaram arduamente e estavam em sua melhor forma no dia da corrida. No entanto, os japoneses venceram com mais de 1km de vantagem. Após a grande derrota a equipe brasileira ficou muito desanimada e chegou a pensar em desistir, mas o diretor geral da empresa brasileira decidiu que venceriam no próximo ano e, para tal, criou um grupo de trabalho para examinar o que houve de errado na corrida. Depois de muito tempo de estudos, análises e relatórios, o grupo que examinava os fatos da corrida concluiu que a equipe japonesa possuía em seu barco um capitão e sete remadores enquanto a equipe brasileira possuía sete capitães e um único remador. O diretor geral tomou uma decisão e contratou uma terceira empresa para analisar a estrutura de sua equipe. Depois de longos meses de trabalho os especialistas contratados concluíram que a equipe possuía capitães demais e remadores de menos, e informouisso ao diretor geral. Este, por sua vez, decidiu então que a estrutura da equipe deveria ser alterada imediatamente. A estrutura da equipe foi então reformulada e ao invés de sete capitães, teria agora apenas 4 capitães, dois supervisores de capitães, um chefe de supervisores e um remador. Mas agora o remador teria atenção especial, toda a equipe funcionária a seu favor, o remador deveria ser mais bem qualificado, ter mais treinamento, ser constantemente motivado e principalmente ser conscientizado de sua inviável responsabilidade. Chegou o próximo ano e ao final da corrida a equipe japonesa venceu mais uma vez, porém com mais de 2km de vantagem, o dobro da vantagem do primeiro ano de corrida. O diretor geral em conjunto com toda a diretoria da empresa brasileira decidiu que o remador deveria ser demitido pelo seu péssimo desempenho na corrida. E decidiram também, que para não desmotivar o resto da equipe todos seriam recompensados com um prêmio por sua enorme dedicação e motivação que tentaram, sem sucesso, incutir na equipe. O diretor geral preparou um relatório da situação, no qual ficou demonstrado que: A melhor tática havia sido escolhida, a equipe estava bem organizada e que havia motivação suficiente mas que o material utilizado ainda deveria ser melhorado e, por último, que um remador mais qualificado e empenhado deveria ser contratado. Hoje a empresa está cogitando a ideia de trocar ou construir uma nova e mais moderna canoa. Com base no texto, que conclusões você pode tirar da história? 14 Texto que circula na internet. Disponível em http://www.blogdofabossi.com.br/2008/11/a- corrida-de-canoas-lideranca/, acesso em 31/01/2020. http://www.blogdofabossi.com.br/2008/11/a-corrida-de-canoas-lideranca/ http://www.blogdofabossi.com.br/2008/11/a-corrida-de-canoas-lideranca/ 58 Gabarito para direcionamento: O caso retratado no texto expressa uma situação que não é difícil encontrar em algumas organizações: muito cacique para pouco índio! Em outras palavras, o excesso de liderança e a disputa pelo poder não permite que se enxergue os verdadeiros problemas em situações de crise. A tendência acaba sendo atuar onde não está a verdadeira causa das dificuldades e muitas vezes até superestimando um problema (no texto eles contrataram até consultoria para tentar resolver algo óbvio). Outra questão que chama atenção é o foco nos processos e na estrutura da liderança, com pouca valorização da pessoa responsável pela parte operacional (no caso estudado, o remador). Falta comunicação e valorização do capital humano, que sem dúvida é o ativo mais valioso da empresa. Sem o remador, é inviável ganhar a corrida, ainda que a quantidade de capitães e líderes seja grande. Infelizmente ainda existem empresas em que o profissional nunca é reconhecido pelo líder. Não existe comunicação e o trabalhador é limitado a cumprir suas funções sem espaço para novas ideias. Neste caso, qualquer problema que aconteça, a culpa nunca é da direção. Este cenário desmotiva cada vez mais o colaborador, enfraquece a gestão e bloqueia o alcance de bons resultados. A competência de comunicação é essencial para um líder, de forma que ele saiba dar e receber feedback e sobretudo encontrar a raiz dos problemas. A solução está em mostrar a importância de cada um nos resultados e engajar as pessoas de forma que elas se sintam mais comprometidas e motivadas. Importante: Existem três variáveis que podem afetar diretamente o estilo gerencial e, por conseguinte, a forma de comunicação da empresa. São elas:  a prontidão para falar (dar feedback);  a prontidão para ouvir (receber feedback);  a competência pessoal refletida em habilidades comunicativas, afetivas e comportamentais (interpessoal). 1.1.3- A comunicação oral: Etapas de uma apresentação O comportamento, os gestos e as atitudes dos receptores podem revelar a maneira como eles estão recebendo nossa mensagem. Entretanto, para ter sucesso em uma apresentação ou em qualquer outro tipo de comunicação oral, dentro ou fora da empresa, é preciso entusiasmo e autoconfiança, que por sua vez será aperfeiçoada a medida em que se treina e se busca continuamente novos conhecimentos. 59 Assim como no processo de comunicação escrita, a comunicação oral também possui etapas a serem seguidas. Tudo começa com a escolha do tema a ser exposto, seguido de etapas como:  Introdução: Qualquer assunto a ser discutido começa com a abertura, que normalmente requer uma apresentação pessoal, profissional e acadêmica.  Objetivos: mostrar os objetivos da exposição oral (seja ela uma reunião, palestra, treinamento ou qualquer outra) é sempre muito importante para envolver o público no assunto e despertar sua curiosidade.  Apresentação e desenvolvimento do tema: Aqui começa a parte prática e objetiva da comunicação oral. Vale lembrar que todos os atributos discutidos anteriormente, como clareza, postura etc., devem ser respeitados e mantidos. Opções como recursos computacionais, uso de slides, banco de imagens e a alternativas não eletrônicas, como dinâmicas de grupo e estudos de caso são consideradas importantes para melhorar a eficácia da apresentação.  Conclusão e encerramento: Devem ser feitos dentro do tempo programado, e assim como na obra escrita, a conclusão também deve estar em sintonia com os objetivos apresentados inicialmente.  Preparação para perguntas e debate: Esta é uma etapa própria da comunicação oral, especialmente em palestras e treinamentos, onde as dúvidas devem ser esclarecidas e discutidas, sem extrapolar o tempo previsto. Ao final, sempre existe a possibilidade de dar abertura para o feedback, em busca de melhoria contínua. Podem ser oferecidos questionários de avaliação, pesquisas de satisfação e até espaços para sugestões e recomendações. Esta iniciativa depende muito do tipo de exposição realizada bem como do perfil das pessoas envolvidas. Mas é sempre uma opção para quem deseja aperfeiçoar a forma de se comunicar ao longo do tempo. Uma questão muito importante no processo de comunicação oral é a como ela é conduzida. Apresentações longas e limitadas apenas a expor conteúdo costumam gerar pouco ou nenhum resultado. Isto porque quando não há espaço para a participação e a interatividade, o aprendizado é menor. Vários estudos mostram que as pessoas tendem a absorver muito mais quando elas se envolvem, praticam e participam. Para William Glasser (1925-2013), tendemos a esquecer mais rápido de conteúdos transmitidos de forma passiva, ou seja, apenas como leitores, ouvintes ou telespectadores da mensagem. Já a metodologia ativa, que promove debates, participações e vivência prática de situações são formas cada vez mais efetivas e duradouras de absorção de conhecimento. A figura 1 mostra a pirâmide conhecida como “cone de aprendizagem” de William Glasser. 60 Figura 1: o cone de aprendizagem de William Glasser. Fonte: Edgar Dale, 1969. A ideia expressa pela figura 1 mostra que a absorção dos conhecimentos e a aprendizagem ocorre da seguinte forma:  10% quando lemos;  20% quando ouvimos;  30% quando observamos;  50% quando vemos e ouvimos;  70% quando discutimos com outros;  80% quando fazemos;  90% quando ensinamos aos outros. Portanto, o processo de comunicação oral e a transmissão de informações deve se dá não apenas pela exposição do assunto, mas também de técnicas que estimulem o debate, o brainstorm bem como a aplicação dos conteúdos através de simulações, dinâmicas e troca de experiências. 61 Para reflexão: Caso do livro a Dama e o Executivo Comunicação e motivação: os ingredientes picantes15 Sempre que necessário, Lizandra reunia gerentes e supervisores de áreas, tanto para discutir pontos essenciais de trabalho quanto para trocar informações etransmitir valores que considerava importantes. Entre eles, estava o bom relacionamento destes líderes com os funcionários da empresa. Ela sabia o quanto eram grandes os benefícios da motivação e da maior interação nas relações de trabalho. E procurava passar o recado de que o individualismo e o excesso de rigidez dos supervisores no controle dos funcionários poderiam tornar as relações restritas a ameaças e cobranças, o que acarretaria conflitos e um péssimo clima organizacional. - O líder deve ser um exemplo a ser seguido. Quero procurar dar o melhor de mim aqui dentro e estimular vocês a fazerem o mesmo. Não quero ser dona da verdade e nem impor minha figura perante vocês como um espelho do perfeccionismo. Tenho muito a aprender e preciso das pessoas para isso. Preciso de vocês. Que as pessoas os vejam com admiração, não como meros supervisores que estão aqui para ditar normas e cumprir uma função. Que elas tomem como lição os seus fracassos e levem suas conquistas como aprendizado. Que os vejam com respeito, não com medo. Que se comuniquem e expressem suas ideias e não que fujam ou se calem por receio de serem repreendidas. – Explicava Lizandra em uma de suas reuniões. Todos ouviam a jovem gerente, alguns com ceticismo, outros com admiração. Ela sabia que conflitos existiam e que aquilo tudo poderia ser muito difícil de se aplicar na prática, principalmente em ambientes onde já havia certas divergências entre funcionários e até mesmo problemas destes com supervisores e superiores diretos. Mas isso era mais um motivo para reunir os líderes sempre que possível, além de ouvir com frequência os próprios funcionários, a fim de orientá-los e motivá-los para melhorar convivência e o relacionamento entre eles. Lizandra não hesitava em enfatizar seus pontos de vista: - O mau relacionamento dos líderes com seus funcionários subordinados é uma das maiores causas da perda de grandes talentos de uma empresa. Vocês precisam cativar as pessoas e fazê-las sentir-se importantes, envolvidas e comprometidas. Para isso é preciso encorajá-las, transmitindo- lhes companheirismo e satisfação. Os bons líderes buscam inovações e ideias criativas, se esforçam para promover o crescimento de seu pessoal. A parceria traz um ambiente de trabalho mais agradável, já que possibilita a existência de um espírito de equipe e a melhoria do clima organizacional. É assim que surge uma equipe eficiente, capaz de conquistar melhores resultados para o setor. 15 Baseado no Livro: A Dama e o Executivo – Um romance sobre Gestão empresarial. Salvato, C. S. Multifoco, 2014. 62 Srta. Venturini sempre enfatizava a importância do trabalho em equipe e da liderança participativa entre seus supervisores, ressaltando que o dom de saber ouvir é tão necessário quanto ao de saber se comunicar e liderar pessoas. E sempre deixava o recado de que todos precisam de reciclagem e aprimoramento contínuo, e por isso deviam buscar ampliar seu conhecimento através de cursos e treinamentos, independentes de serem cobrados pela empresa. Outro ponto muito enfatizado por Lizandra nos encontros com supervisores era a importância da comunicação. Expressão oral e escrita, saber ouvir, busca das informações relevantes e autenticidade das informações. Segundo ela, não faria muita diferença ter pessoas capacitadas e motivadas, se elas não estivessem bem informadas ou não soubessem se expressar, pois seria impossível disseminar novos conhecimentos e manter um bom relacionamento na firma. Por isso sempre fazia questão de deixar isto claro, como salientava para os supervisores em reunião: - A comunicação interna merece atenção de todos, sobretudo dos líderes. A contribuição de cada funcionário só será realmente eficaz se houver clareza e veracidade nas informações transmitidas, sem barreiras de comunicação. E geralmente era interrompida com opiniões que reforçavam seus comentários, como de Clemente, um dos supervisores que compartilhava das mesmas ideias da jovem gerente de RH e sempre participava com atenção das reuniões: - É verdade. Tem gente que tenta falar difícil ou detalhar tanto um assunto que acaba o complicando ou o ampliando ainda mais, e ao invés de ajudar em algo só dificulta as coisas. Quantos aqui já não estiveram com pessoas assim em algum momento? - Por isso é tão importante uma linguagem clara e adequada. Tem gente ainda que tem vergonha de pedir para repetir ou para explicar melhor um assunto e acaba se conformando com a informação que absorveu. Aí entende errado e aprende errado. Comentava Jerry, gerente financeiro da empresa. - É sim. Isso é tudo que não deve ser feito. Se não entendemos algo, devemos ser sinceros. Principalmente quando precisamos daquilo para trabalhar. Uma informação perdida às vezes pode ser uma peça chave de um quebra cabeças. Erros de comunicação podem acarretar danos terríveis na condução de uma atividade. Complementava Lizandra. - Por isso, é preciso que cada um busque minimizar esses erros. Acho importante fazer anotações. E escolher ambientes onde ruídos ou distrações de atenção sejam mínimos. - Dizia Clemente. - A velocidade da comunicação também é importante, afinal informações atrasadas podem trazer grandes perdas. O aprendizado do que é comunicado também é vital. Aí está um papel importante da alta cúpula da organização: liberar dados que auxiliem cada setor no desempenho das atividades. E que informações relevantes sejam fornecidas com transparência e agilidade. No departamento financeiro isto é elementar. Mas claro, é extremamente importante em cada setor da CSL. – Enfatizava Jerry. 63 - E quanto a vocês que são líderes, procurem ser transparentes e comunicativos. Facilitem a comunicação no meio de vocês. Não compliquem ou ampliem demais as informações. Detalhe os assuntos com simplicidade. Quanto maior a clareza das informações, melhor o desempenho das pessoas e menor os conflitos. Vocês podem dar palestras e seminários, desde que os assuntos sejam bem explorados, com bom humor e interatividade. Nada de reuniões longas e improdutivas ou aquelas apresentações que viram canção de ninar depois do almoço. Proponham discussões, prendam a atenção das pessoas, façam perguntas intrigantes. Aconselhava Lizandra. - Existem também pessoas que só escutam aquilo que querem, de acordo com seus próprios interesses. Comentava Pedro, supervisor de produção. - Pois é, Pedro. Essas pessoas são mais difíceis de lidar, porque a barreira neste caso, não está na comunicação em si, mas em suas mentalidades. Elas criam o entendimento do que acham conveniente. Neste caso, o que deve ser tratado não é a forma de comunicação, mas as perspectivas e valores da pessoa em si. E lidar com pessoas não é fácil, vocês sabem disso. Cada um tem seus pontos de vista, aspirações e interesses. O que deve ficar claro aqui dentro, é que os objetivos devem deixar de ser individuais. Os interesses podem ser diferentes, mas para que cada um atinja suas aspirações individuais é preciso sobretudo alcançar o objetivo da organização. Lizandra notou que os funcionários precisavam de grande motivação em algumas áreas da CSL. Em outras, havia grande entusiasmo, de forma que era preciso apenas sustentar e fortalecer este clima com os incentivos apropriados. E procurou atuar em cada ambiente segundo as necessidades específicas de cada um, estimulando líderes em diversos setores a motivar o seu pessoal. Com o passar do tempo, a motivação consagrou-se como um dos grandes lemas da empresa. A jovem gerente não fez nada de extraordinário ou incomum, mas apenas reforçou o que deveria ser feito, com dedicação e otimismo. Ela acreditava nas pessoas. Acreditava que cada indivíduo possuía características valiosas e singulares, além de um potencial incrível a ser desenvolvido. E para isso era preciso incentivá- los, de forma a extrairo melhor que alguém pudesse oferecer. Srta. Venturini estimulava os líderes a elogiar o bom desempenho, o progresso das atividades e as grandes idéias na organização. E não poupava elogios em público a quem os merecessem, o que motivava as pessoas a melhorar continuamente. Entretanto, quando alguém precisava ser corrigido, isso acontecia de forma discreta e particular, longe da presença dos outros. Ela sabia o quanto isso significava. Mas não parava por aí: eficiência, criatividade e novas descobertas mereciam mais que bons elogios. As pessoas eram recompensadas com prêmios e benefícios adicionais. Lizandra não encarava o aumento de salários como o grande pilar da motivação. Não que desconsiderasse a importância do justo e bom salário. Ao contrário, quanto maior o nível de formação e de responsabilidades dos profissionais da CSL, mais alto era o seu grau de remuneração. De outra forma, nada faria sentido. Mas preferia focar, sobretudo, em reconhecimento e até mesmo em promoções no cargo quando conveniente. Pacotes de viagens e surpresas variadas também eram recompensas 64 frequentes quando se tratava de melhores desempenhos e novas idéias que gerassem resultados significativos para a empresa. Os funcionários agora tinham feedback de seu trabalho regularmente e conheciam bem os impactos de suas atividades nos resultados finais. E por que não unir o útil ao agradável? A jovem procurava despertar motivação até mesmo nos treinamentos que ministrava, que ao invés de serem feitos através de enfadonhas sessões de slides em data show ou palestras intermináveis, virava um ambiente de agradáveis discussões e troca de idéias, sempre recheados de figuras, charges e vídeos descontraídos. Assim, Lizandra arrancava risadas, despertava curiosidade e atraía atenção. Esse clima gerava um aprendizado espontâneo, sem requisitar grandes esforços para concentração. Mesmo depois do almoço, no horário de pico em que bate aquele “soninho pós-refeições”, não havia quem dormisse em seus treinamentos e geralmente todos saíam bem-humorados...e com novos conhecimentos adquiridos.  Saiba mais: O diálogo apresentado ilustra como as barreiras de comunicação podem ser elimanadas na empresa quando as informações são bem gerenciadas e trasmitidas. A dama e o executivo, foi um livro que produzi em 2014, que trata conteúdos técnicos sobre diversas práticas de gestão empresarial, utilizando um romance como fio condutor, o que torna a história bem maus interessante e o aprendizado mais agradável. Conforme citado em nota de rodapé, saiba mais em: A Dama e o Executivo – Um romance sobre Gestão empresarial. Salvato, C. S. Multifoco, 2014, 265 p. 65 1.1.4- A importância da comunicação assertiva na gestão de conflitos Assertividade constitui a capacidade pessoal de reagir as emoções positivas e negativas sem agressão ou passividade, ou seja, de maneira diplomática. Pessoas assertivas não se inibem de defender seus pontos de vistas e sabem que não precisam causar insatisfação nos outros por causa disso. Isto porque a comunicação assertiva tende a ser minimizadora de conflitos e gerar ótimos resultados nas relações humanas e profissionais. Ser assertivo, em outras palavras, é ser capaz de expressar emoções pensamentos de forma apropriada e oportuna. Significa levar em conta seus direitos, sentimentos e desejos, sem ferir os da outra pessoa. No processo de relação interpessoal as pessoas podem assumir 3 perfis diferentes. São eles:  Passivo: tende a reagir de forma passiva e sua forma de comunicação acaba fluindo mais em conformidade com as expectativas dos outros, do que com seus próprios interesses. Esse tipo de postura pode prejudicar os direitos individuais e a autoconfiança. Normalmente quem se encaixa neste perfil tem uma grande necessidade de ser bem aceito pelas outras pessoas.  Agressivo: Neste caso ocorre o inverso do estilo passivo. Os direitos individuais são incontestavelmente preservados enquanto as expectativas dos outros são detonadas. Dar ordens ao invés de pedir, ser ríspido para cobrar resultados, ignorar pessoas ou não considerar as razões alheias são ações características do perfil agressivo. Este estilo tende a direcionar a comunicação em favor dos interesses próprios e pode causar muitos conflitos, gerando consequências indesejáveis nas relações com o receptor.  Assertivo: É aquele que valoriza a contribuição do outro e sabe exercitar bem as habilidades interpessoais. Este perfil encoraja o outro, ouve, pergunta, analisa, esclarece e conduz a comunicação na busca por soluções compartilhadas. Uma boa ilustração para a questão da assertividade é quando uma pessoa por exemplo empresta algo para outra e esta esquece (ou finge que esquece) de devolver. Existem aqueles que vão cobrar sem hesitações e caso não receba imediatamente o objeto emprestado de volta, acabam por ser mais impositivos e até ríspidos ou agressivos em seus comentários. Por outro lado, há aqueles que nem cobram e acabam aceitando a situação passivamente. Caso sua necessidade seja grande, por vezes optam por comprar outro pertence ou simplesmente o cobram com tanto receio e mansidão, que algumas vezes o outra pessoa sequer “lembra” de entregar. Mas há aqueles que decidem cobrar, com um ótimo argumento, utilizando uma boa comunicação, a ponto de deixar claro para a outra parte qual a importância ou necessidade daquele objeto. Esta pessoa será assertiva e persistente. Ela vai defender seus interesses e direitos incansavelmente, até que recupere aquilo que é seu. Em alguns casos pode ser que ela não reveja mais seu pertence, pois sabemos que existem pessoas difíceis de se tratar. Porém ela será sempre determinada a alcançar aquilo que deseja e a lutar por isto, sem agressão ou passividade, mas com argumentação. 66 Estes exemplos podem ser adaptados a relações de trabalho e em negociações. A figura 2 resume cada um destes perfis. Figura 2: Os estilos de comportamento Fonte: Paradoxopsi, 202016. Diante do contexto apresentado, não há dúvidas que a comunicação assertiva é o melhor caminho para a excelência nos resultados e fortalecimento das relações sociais e profissionais, além de ser extremamente útil para resolver conflitos negativos. Entretanto, nem todo conflito é maléfico. Um conflito negativo se inicia quando uma parte percebe que a outra prejudicou ou pretende prejudicar os seus interesses. Mas existe o outro lado do conflito. Existe o conflito com características positivas. Um conflito costuma ser bom quando: • Ajuda os indivíduos a reconhecer e aproveitar das diferenças; • Estimula a inovação e a criatividade; • Melhora a qualidade das decisões e consequentemente dos resultados de um negócio; • Melhora a comunicação e gera um ambiente de feedback e mudanças. 16 Disponível em: http://www.paradoxopsi.com.br/single-post/assertividade, acesso em 30/01/2020. http://www.paradoxopsi.com.br/single-post/assertividade 67 Por outro lado, um conflito tende a ser ruim quando representa um problema, capaz de causar consequências como: • Perda tempo sem compensações; • Queda de produtividade; • Geração de custos desnecessários; • Geração de outros conflitos; • Clima organizacional desagradável; • Aumento de quantidade de reclamações em particular, sem iniciativa de líderes e demais pessoas para resolver o problema. • Desmotivação. Existe uma série de fatores que podem levar a aparição de conflitos negativos, como: responsabilidades ou atribuições mal definidas, escassez de recursos, outros conflitos anteriores mal resolvidos e sobretudo, barreiras na comunicação. O perfil da liderança é muito importante neste processo em relação a forma de transmitir as informações corretas e saber condizir a comunicação. Afinal a falta de informação, ou comunicação das decisões de últimahora, geram incertezas e especulações. Neste caso, os boatos acabam dominando o ambiente, gerando mais conflitos e distorções. Existe uma rede comunicação informal nas empresas, também conhecida como rádio peão, em que as informações circulam livremente entre os colaboradores. Ela pode ser positiva, inclusive servindo para complementar determinados assuntos e até descomplicá-los em um linguagem mais simples. Entretanto, é preciso cuidado na interpretação e no repasse do que é compreendido, para evitar boatos ou distorçoes conforme ilustrado de forma descontraída na charge da figura 3. 68 Figura 3: Exemplo de distorção de informação Fonte:Página de internet, Printerest17 De modo geral, o fato é que a comunicação tem um papel muito importante na gestão de conflitos. Entre seus principais benefícios, estão:  Geração de relatórios regulares sobre o andamento das atividades;  Feedback;  Atualização constante de informações;  Pesquisa e transmissão de novos conhecimentos;  Motivar pessoas de vários cargos e áreas;  Disseminação de temas atuais e necessidades da gerência;  Reuniões para divulgar novas iniciativas e situação dos projetos atuais.  Treinamento e envolvimento de todos os colaboradores. 17 Disponível em https://br.pinterest.com/pin/433471532865811993/?lp=true, acesso em 29/01/2020. https://br.pinterest.com/pin/433471532865811993/?lp=true 69 Importante Qual é o seu estilo de lidar com conflitos? Você se considera uma pessoa passiva, agressiva ou assertiva? Por quê? Observação: É preciso escolher os conflitos que valem a pena lidar, pois nem todos os conflitos merecem esforço e tempo. Portanto, é sempre importante avaliar: - Quem está envolvido e quais seus reais interesses; - Quais suas contribuições; - Como cada parte interpreta as informações disponíveis; - Como gerenciar os obstáculos na comunicação. Para Reflexão A anedota do abacaxi18 (Sobre comprometimento) Paulo trabalhava em uma empresa há dois anos. Sempre foi um funcionário sério, dedicado e cumpridor de suas obrigações. Nunca chegava atrasado. Por isso mesmo já estava há dois anos na empresa, sem ter recebido uma única reclamação. Certo dia, ele foi até o diretor para fazer uma queixa: - Sr. Gustavo, tenho trabalhado durante estes dois anos em sua empresa com toda a dedicação, só que me sinto um tanto injustiçado. Fiquei sabendo que o Fernando, que tem o mesmo cargo que eu e está na empresa há somente seis meses já será promovido ?!?... Gustavo, fingindo não ouvi-lo disse: - Foi bom você vir aqui. Tenho um problema para resolver e você poderá me ajudar. Estou querendo oferecer frutas como sobremesa ao nosso pessoal após o almoço de hoje. Aqui na esquina tem uma barraca de frutas. Por favor, vá até lá e verifique se eles têm abacaxi. Paulo, sem entender direito, saiu da sala e foi cumprir a missão. Em cinco minutos estava de volta. E aí Paulo? - Perguntou Gustavo. - Verifiquei como o senhor pediu e eles tem abacaxi sim... - Quanto custa? - Ah, Isso eu não perguntei... 18 Disponível em http://datascienceacademy.com.br/blog/a-anedota-do-abacaxi/, acesso em 29/12/2019. http://datascienceacademy.com.br/blog/a-anedota-do-abacaxi/ 70 - Eles têm abacaxi suficiente para atender a todo nosso pessoal? - Quis saber Gustavo. - Também não perguntei isso... - Há alguma fruta que possa substituir o abacaxi? - Não sei... - Muito bem Paulo. Sente-se ali naquela cadeira e aguarde um pouco. O diretor pegou o telefone e mandou chamar o novato Fernando. Deu a ele a mesma orientação que dera ao Paulo. Em dez minutos, Fernando voltou. - E então ??? - Indagou Gustavo. - Eles têm abacaxi sim seu Gustavo. E é o suficiente para todo nosso pessoal e, se o senhor preferir, têm também laranja, banana, melão e mamão. O abacaxi custa R$1,50 cada; a banana e o mamão custam R$1,00 o quilo; o melão custa R$1,20 cada e a laranja custa R$20,00 o cento, já descascada. Mas como eu disse que a compra seria em grande quantidade, eles nos concederão um desconto de 15%. Deixei reservado. Conforme o senhor decidir, volto lá e confirmo o pedido. - Explicou Fernando. Agradecendo pelas informações, o patrão dispensou-o. Voltou-se para Paulo, que permanecia sentado e perguntou-lhe: - Paulo, o que foi que você estava me dizendo? - Nada, patrão. Esqueça. Com licença... E Paulo deixou a sala... "Se não nos esforçarmos em fazer o melhor, mesmo em tarefas que possam parecer simples, jamais nos serão confiadas tarefas de maior importância." Comentários: Boa comunicação e o uso correto e amplo da informação, cria oportunidade de crescimento e desenvolvimento pessoal e profissional. Pessoas motivadas e comprometidas tendem a fazer bem este papel e apresentar melhor desempenho em suas atividades, sem necessidade de causar conflitos. No texto apresentado, Paulo sequer teve argumentos para competir com Fernando, que com sua própria atitude, mostrou o motivo de promoção. É importante se destacar, até nas coisas mais simples, como Fernando. 71 2- COMUNICAÇÃO NO AMBIENTE EMPRESARIAL O final do século XX veio acompanhado de uma aceleração da globalização da economia, que tem se manifestado principalmente na ampliação dos fluxos econômicos e financeiros mundiais. Esta maior inter-relação entre os mercados tem sido viabilizada pela revolução nos sistemas de informação e de comunicação, que permitem a ligação dos agentes econômicos de forma instantânea. Esta nova organização provoca a elevação dos padrões de competitividade que as empresas pretendem alcançar. A competição que surge é reforçada pelo nascimento de uma nova dinâmica de inovação, que obriga as empresas a incorporar constantemente as melhorias em seus processos e em suas formas de comunicação. A comunicação no ambiente empresarial trabalha a maneira como a organização se comunica com seu público interno (diretores, gerentes, funcionários, entre outros) e com seu público externo (fornecedores, clientes, comunidade e demais partes interessadas). Ela é um fundamental para que a empresa tenha um bom relacionamento com esses diversos públicos e promova a interação entre seus colaboradores, contribuindo para a melhor compreensão das informações e o sucesso dos negócios. Falhas na comunicação atrasam projetos e prazos de trabalhos, em função da falta de clareza sobre como desenvolver certas atividades, o que por vezes desmotivam os funcionários e geram necessidades de retrabalho. Quando bem utilizada, a comunicação é capaz de envolver todos os profissionais, integrando-os e tornando-os mais do que simples números na empresa, e sim parte importante do sucesso e do crescimento organizacional. Entretanto, quando há falhas sistêmicas de comunicação, os resultados são conflitos, perda de credibilidade e um amplo uso de canais informais, como boatos e distorções. Tal fato demonstra que a qualidade dos produtos, serviços e lucros conquistados, vão além de recursos materiais e patrimoniais, mas também dependem das pessoas e da forma como interagem, suas motivações, aspirações e grau de comprometimento para dar aquilo que melhor podem oferecer. 2.1- Os fluxos de comunicação Os fluxos de comunicação contribuem para melhorar a relação entre os vários departamentos da empresa e tem um papel importante para que a mensagem seja conhecida por todos. Eles podem ser:  Fluxo vertical ascendente  Fluxo vertical descendente  Fluxo horizontal ou lateral Fluxo vertical ascendente A informação é transmitida do nível hierárquico menor para o nível maior na empresa, ou seja, ela flui de baixo para cima, com por exemplo críticas e sugestões que partem de funcionários para seus superiores. 72 É através destefluxo que surgem novas ideias, quando os participantes podem expor suas contribuições e propostas de melhorias. Também podem surgir reclamações, reivindicações e críticas positivas ou negativas, que tendem a ser acolhidas e administradas visando o aprimoramento contínuo. Este fluxo estimula a criatividade através de canais de comunicação abertos para todos colaboradores, brainstormings, feedback, entre outros; Fluxo vertical descendente Ao contrário do fluxo ascendente, neste caso a informação parte do nível hierárquico maior para o nível menor, ou seja, flui de cima para baixo. Seu objetivo pode ser tanto voltado para informar sobre os últimos acontecimentos como também para transmitir ordens e instruções. Quando normas são passadas durante um treinamento, temos um fluxo vertical descendente. O mesmo ocorre por exemplo quando vídeos institucionais são passados pelos líderes durante a integração de novos funcionários ou quando jornais internos com normas da empresa são distribuídos pelos gestores. É possível citar vários exemplos, como regras, comunicados, boletins internos e repasse aos funcionários de suas atribuições referente ao cargo. Este fluxo permite que os colaboradores recebam melhores esclarecimentos quanto às suas atividades, objetivos e metas da organização. Neste caso, os dirigentes têm a oportunidade de comprometer melhor sua equipe com os valores e a cultura organizacional. Fluxo horizontal ou lateral Enquanto nos fluxos verticais, a comunicação flui entre níveis hierárquicos diferentes, seja de baixo pra cima ou vice-versa, no fluxo horizontal (ou lateral) a comunicação ocorre entre pessoas de um mesmo nível hierárquico, ainda sejam de setores diferentes. É como se estivesse percorrendo uma mesma linha horizontal. Esse tipo de comunicação permite maior interação entre pessoas e processos internos, fortalecendo o trabalho em equipe e facilitando o troca de informações importantes entre membros de um mesmo nível hierárquico. A abertura para este fluxo contribui para a melhoria do clima organizacional, incentivando a participação e a sintonia entre os colaboradores. Para Matos (2006, p.92) “uma empresa que valoriza a cultura do diálogo, sua rede informal de notícias passa a ser vista como mais um meio de comunicação e integração dos indivíduos que nela trabalham [...]. O ideal é que as empresas possam estimular todos os fluxos de comunicação, de modo que o compartilhamento de novas ideias e conhecimentos seja peça inerente da cultura e das estratégias de trabalho. De modo geral, uma organização que valoriza a comunicação sabe que pode ser bem mais bem sucedida em termos de economia de tempo e de custos com retrabalho, minimização de conflitos e barreiras de comunicação. É importante trabalhar a comunicação tanto no ambiente interno como externamente. A seguir serão apresentados cada um destes casos. 73 2.2- Comunicação interna e Endomarketing A comunicação interna é refletida por uma série de ações voltadas para informar, ouvir e instruir a todos dentro da empresa, estimulando um clima de harmonia e participação no ambiente de trabalho. Ela pode impactar na construção de uma boa imagem organizacional. Segundo Duarte (2003, p.195) “Para conseguir a felicidade de seus empregados, a comunicação interna busca a integração por meio de programas participativos diversos, no intuito de gerar maior comprometimento dos funcionários e aumentar os índices de qualidade e produtividade”. A comunicação interna abrange todo tipo de diálogo que a empresa tem com seu pessoal, podendo fazer uso de ferramentas como murais, boletins informativos, jornais e revistas de circulação interna, newsletter, etc. O endomarketing é um termo que vem sendo muito utilizado quando se trata de comunicação no ambiente empresarial. O termo se origina do entendimento de “marketing para dentro” ou marketing interno institucional. Apesar do público alvo ser o mesmo, ou seja, as pessoas de dentro da organização, as práticas de comunicação interna e endomarketing se diferenciam um pouco no sentido de que a primeira tem um caráter mais informativo, enquanto este último foca no marketing voltado para comprometer e engajar os colaboradores. Como exemplo de endomarketing é possível citar desde ações mais simples como grife interna com bonés e camisas da empresa até ações mais sofisticadas como treinamentos e estímulo a participações em eventos. São diversos os tipos de endomarketing adotados, e tudo depende da cultura da empresa, dos modelos de liderança entre outros fatores, porém entre os mais comuns aparecem:  Eventos como “portas abertas”, integrando funcionários e familiares à filosofia da organização;  Workshops;  Palestras motivacionais;  Campanhas voltadas para segurança, bem-estar e qualidade de vida dos colaboradores;  Políticas de benefícios como premiações por metas cumpridas, bonificações, folgas, viagens entre inúmeras possibilidades. A ideia do marketing interno é manter talentos comprometidos com os objetivos e as estratégias da empresa. Quando estimuladas e motivadas, as pessoas produzem mais e se engajam melhor em suas atividades. Elas vestem a camisa da organização. Imaginem alguém que vende um serviço que ele mesmo não usaria. Ou quem participa de um processo de fabricação de um produto ele mesmo não compra. Se nem o colaborador acredita naquilo que ele faz, que credibilidade ele irá passar para seus clientes e demais partes interessadas? Não é incomum presenciarmos pessoas que tentam nos vender algo apenas para cumprir sua função, mas se comportam com apatia e às vezes até mal humor. Alguns são até indelicados na forma de tratar com pessoas, e não só na área comercial, como também em várias outras áreas: na tratativa com fornecedor, no setor de compras; nas relações de trabalho no departamento de produção, no marketing, no RH etc. Pessoas sem brilho no olhar, sem segurança na fala, tentando convencer sobre algo que nem ela mesma confia. 74 Você já viu um gerente de loja, fora de seu ambiente de trabalho, usando marca diferente do que ele vende em sua empresa? E ainda recomendando que comprasse do concorrente, que em seu ponto de vista, é melhor. Situações como esta não é difícil acontecer se a empresa não valoriza a qualidade não só de seus produtos como também da informação e da maneira como se comunica com seus funcionários e os engaja em relação à sua cultura e suas metas. Empresas que não valorizam seu pessoal correm o risco de perder grandes talentos para seus concorrentes, o que pode ser bem custoso. Por outro lado, algumas empresas hoje concedem descontos na compra de seus produtos para funcionários, além de brindes e premiações como ação de endomarketing voltada para a motivação e envolvimento de seus colaboradores . De modo geral, entre os principais benefícios do endomarketing é possível citar:  Aumento da motivação e da satisfação com o trabalho: A motivação é boa para o profissional e é melhor ainda para a empresa, já que pessoas motivadas tendem a não procrastinar e a trabalhar com mais dinamismo. Os melhores talentos não buscam apenas ganhos financeiros, mas também o prestígio e o reconhecimento de seu trabalho. As práticas de endomarketing favorecem esta valorização, promovendo maior satisfação na realização das tarefas.  Maior comprometimento e aumento da produtividade: na busca de envolver seu pessoal com as estratégias da organização, o marketing interno atua no sentido de fortalecer o comprometimento com os resultados do trabalho. E pessoas comprometidas são mais produtivas, pois trabalham com mais dedicação, zelo e eficácia.  Incremento na rentabilidade: Uma empresa mais produtiva tende a ser também mais lucrativa.  Melhoria do clima organizacional: esse é um efeito direto dos benefícios citados anteriormente.  Fortalecimento da imagem empresa: Quando oscolaboradores acreditam na reputação do negócio, eles tendem a divulgar e atrair o público externo. Suas ações e motivações também garantem uma boa imagem e consequentemente, os benefícios de se trabalhar na organização ficam visíveis, dando respeito e credibilidade à mesma. Em síntese, os principais pilares do endomarketing são: - Envolvimento com o trabalho: Indica o quanto um funcionário se identifica e se dedica ao seu trabalho.; - Comprometimento organizacional: representa o quanto a pessoa almeja permanecer como membro da organização; - Motivação no trabalho: Refere-se ao grau de satisfação que energiza o comportamento do colaborador e pode ser avaliada pelas recompensas que este espera receber como resultado de seu bom desempenho. 75 É importante lembrar que além de todos os benefícios da comunicação interna e do endomarketing, a comunicação externa também é essencial para o sucesso e o bom relacionamento da empresa com todas as partes envolvidas. Atividade de apoio Impacto da comunicação nos resultados da empresa A empresa CSL vinha buscando aperfeiçoar continuamente suas habilidades gerenciais, investindo de forma significativa em treinamentos e cursos de aperfeiçoamento para líderes e gestores. Mas de modo geral, a empresa valorizava todos os seus colaboradores, pois segundo o próprio José Bittencourd, presidente da companhia, o capital humano é o recurso mais valioso da organização. - Na falta de dinheiro, podemos recorrer a empréstimos e financiamentos ou mesmo a novos parceiros. Mas a falta de ideias por um único dia pode comprometer a produtividade de um mês inteiro. Portanto, cada trabalhador deve ser reconhecido e recompensado diariamente. Sabemos que nosso sucesso é uma conquista de todos da CSL. - Comentava Sr. Bittencoud em nota à imprensa. De fato, novas tecnologias e métodos organizacionais aliados a habilidades gerenciais são ingredientes perfeitos para o sucesso e a competitividade. E a comunicação exerce influência em cada área da empresa, fortalecendo a identidade e construindo um ambiente mais dinâmico e repleto de novas ideias. Baseado no Livro: A Dama e o Executivo – Um romance sobre Gestão empresarial. Salvato, C. S. Multifoco, 2014. Diante deste contexto, comente como você acredita que a comunicação pode ser melhorada em cada uma das áreas a seguir, enfatizando os resultados que ela pode trazer em cada um destes segmentos: Marketing e Vendas: Tecnologia de Informação: Compras: Recursos Humanos: Produção: Financeira: Administração: 76 Gabarito de direcionamento: Marketing e Vendas: O pessoal de Marketing e Vendas pode reduzir o tempo dedicado a tarefas inúteis e aproveitar melhor o tempo junto aos clientes. Para isso, eles precisarão ser orientados a focar suas ações no melhor entendimento da demanda, buscando minimizar os ciclos dos negócios. É fundamental desenvolver um endomarketing forte e que comprometa os funcionários também com melhoria da comunicação externa (Stakeholders). Tecnologia de Informação: A área de Tecnologia de Informação deve estar apta a combater sistemas caros e desnecessários. Através de uma boa comunicação é possível melhorar significativamente o planejamento e a previsão de vendas, proporcionando a informação precisa na quantidade certa e no momento oportuno, ao menor custo possível. Compras: A abertura desta área a comunicação externa pode garantir a parceria com concorrentes para comprar a custos menores, por exemplo. Além disso, a pesquisa e a interação com alguns stakeholders tende a permitir o aprendizado de novos métodos de redução de custos e oportunidades de melhorias, como acordos e alianças com fornecedores. A comunicação também pode ser melhorada aqui através de treinamentos em relações interpessoais e técnicas de negociação. Recursos Humanos: a melhoria neste caso pode acontecer através da eliminação de interrupções e desperdícios de tempo, levando as pessoas a focar diretamente nas atividades mais relevantes. Redução de horas extras e de sobrecarga em certos períodos de trabalho é algo que pode ser conquistado com esforços de coordenação, comunicação, treinamento e disciplina. Produção: A comunicação pode contribuir aqui para aprimorar seus sistemas, assim como o treinamento de pessoal, garantindo maior agilidade dos processos, redução de estoques e menores custos de produção. Vale ressaltar que nesta área é essencial que a liderança estimule ideias para a criação e/ou aperfeiçoamento de novos produtos, processos e serviços, através da oportunidade para a contribuição de seus colaboradores. Vale ressaltar que esta é uma área fundamental para a criação de inovações radicais e incrementais. Observação: Inovação Radical x Inovação incremental Inovação Radical é aquela em que ocorrem mudanças drásticas no produto ou processo, gerando novos nichos de mercado. Ela cria uma novidade. Como exemplo é possível citar: a substituição da TV turbo pelas TVs de plasma e pelas de Tvs LCD; a evolução dos CDs musicais para arquivos digitais em MP3; os celulares smartphones que deram lugar aos antigos modelos que só faziam chamada e não forneciam acesso a internet, vídeos etc. 77 Já a inovação incremental apresenta apenas melhorias ou atualizações na estrutura de produtos ou processos já existentes. Como exemplos, temos: a evolução de interface do Windows 7 ao Windows 10; eletrodomésticos com funções adicionais, mais rápidos e eficientes, porém mantendo a mesma estrutura tecnológica de base; smartphones com funções adicionais etc. Financeira: Pode haver geração de muitos relatórios desnecessários devido à falta de precisão. A comunicação pode minimizar problemas como este, através de treinamento e coordenação para que as pessoas responsáveis por essas atividades consigam estruturar melhor seu trabalho, eliminando ações redundantes ou corretivas, concentrando suas habilidades no que realmente importa, como agilizar cobranças e melhorar o fluxo de caixa. Administração: A comunicação permite diagnosticar atividades antes não realizadas e estimular as pessoas a executá-las, eliminando tarefas não relevantes. Isso sem contar que sempre existem pessoas fazendo trabalho que não é seu e deixando de lado o que realmente deveria estar fazendo em seu cargo. Treinamentos voltados para a gestão do tempo aliados ao fortalecimento de práticas simples, como agendamentos e cronogramas podem ser de grande valia para solucionar problemas desse tipo. Em relação ao caso abordado no texto, o impacto da comunicação nos resultados da empresa aconteceu de diversas maneiras: Com frequência os gerentes recebiam e-mails ou material impresso com novas ideias para avaliação. Claro que nem todas eram viáveis, mais havia muita coisa boa para se desenvolver. Entre várias opiniões, dicas e debates, logo novas ideias foram implementadas em diversas áreas. Novos produtos também foram lançados com sucesso. E tudo partia de dentro da organização, onde novos talentos ganhavam espaço. A empresa estava fortalecendo a sua identidade. A gerente estava muito satisfeita com a quantidade de projetos e sugestões que vinha recebendo desde que implementara o canal de incentivo e premiação para novas ideias. Os funcionários levaram mesmo a sério e deram um show de criatividade. Havia muitas propostas interessantes avaliadas pelos diretores e prontas para serem lançadas. A empresa estava descobrindo um grande potencial em seus colaboradores e dando um show de talentos. Havia sugestões para a realização de novos projetos e serviços com baixo custo e fáceis de implementar. Ideias surgiam das mais variadas áreas: No departamento financeiro, chegavam propostas inteligentes para reduzir custos e despesas operacionais, sem comprometer os níveis de qualidade e produtividade. Novos indicadores eram testados não só para compararresultados financeiros, mas também para auxiliar o RH na avaliação de recursos intangíveis, como por exemplo, os ganhos com investimentos em capacitação. 78 A criatividade também aflorou no setor comercial. Novas ideias fortaleceram o marketing e a publicidade, com várias sugestões para incrementar as campanhas de lançamento dos produtos e o sucesso de seus comerciais. O relacionamento com os clientes era o principal foco da área de vendas, que vinha recebendo várias propostas interessantes, tanto para a captação de novos clientes quanto para a fidelização daqueles já existentes. Na produção também houve muita contribuição para aperfeiçoar processos de trabalho, minimizar tempo e melhorar ainda mais a qualidade. 2.3- Comunicação externa Comunicação externa diz respeito a troca de informações com o público externo. Ela visa facilitar a cooperação e colaboração com todos os envolvidos e apresentar uma boa imagem da organização perante a sociedade como um todo. A clareza das informações e o bom relacionamento é responsabilidade de todos os colaboradores. “A comunicação empresarial objetiva fazer conhecer e promover uma empresa, com vistas à obtenção de atitudes favoráveis por parte dos públicos externos”. (TORQUATO 2004, p.71). Quando se fala em comunicação externa imediatamente vem na cabeça o marketing e as ações voltadas para atrair clientes. Mas a definição é bem mais abrangente que isto. Na verdade, este tipo de comunicação abrange as relações da empresa como todos os stakeholders externos, ou partes interessadas. Estes são representados por:  Fornecedores;  Credores;  Investidores;  Imprensa  Governo;  Sindicatos;  Concorrentes;  Sociedade, etc. Na verdade, até a sociedade entra no processo, pois uma pessoa que nem é cliente pode vir a se tornar da clientela no futuro através do marketing e da publicidade. Por outro lado, uma comunidade de pessoas que a princípio não tem nada a ver com a empresa, pode sofrer influência por exemplo, de uma externalidade negativa, podendo reivindicar futuramente os danos causados por um vazamento, uma poluição ou qualquer outra consequência de uma atividade da organização. Enfim, todos de forma direta ou indireta podem estar envolvidos no processo de comunicação externa. Toda organização é constituída por pessoas, afinal são elas que executam os processos e estes operacionalizam as estratégias. É importante saber construir as estratégias de comunicação, pois elas devem ser claras e objetivas, para que toda a força de trabalho entenda e execute. Basta formalizar os motivos para ser feita uma comunicação externamente, através de uma informação interna e assim estabelecer diretrizes para orientar as pessoas de como, quando e o que comunicar, através da estruturação de um procedimento padrão que servirá para todos. Desta forma fica fácil perceber que em qualquer estratégia comunicacional é indispensável estabelecer muito claramente três fatores: o real 79 objetivo da comunicação, os recursos disponíveis e a reputação da empresa no ambiente externo juntamente a seus riscos. São exemplos de ferramentas de comunicação externa: a internet, folder institucional da empresa, brindes, patrocínio, revistas corporativas, publicidade e marketing, feiras, congressos, eventos, entre outros. Internet A internet é uma forma habilidosa e eficaz de alcançar o público de interesse da organização. Através de sites, lojas virtuais, redes sociais, blogs e páginas corporativas, uma empresa pode se tornar conhecida internacionalmente e conquistar clientes de qualquer lugar. Folder institucional da empresa O folder institucional é um importante meio de se apresentar ao cliente. Consiste em material que apresenta a empresa como um todo, sem focar especificamente em produtos ou serviços, mas em suas instalações, natureza, ramo de atuação, tipo de atendimentos, casos de sucesso, tecnologia empregada entre outros dados que apresente bem a estrutura do negócio. Brindes São itens oferecidos que carregam a marca institucional da empresa (no objeto, na embalagem ou na etiqueta por exemplo). A ideia é através deles criar, manter ou aperfeiçoar uma relação com a demanda e seus públicos externos. Patrocínio Ação que visa fortalecer a imagem e a reputação da empresa por meio de apoio financeiro a programas de rádio ou TV, atividades esportivas, artísticas e culturais etc. Com o patrocínio a organização fica mais conhecida e famosa pelo incentivo às atividades ou causas que apoia. Revistas corporativas São publicações próprias que visam estreitar o contato da empresa com as partes interessadas (clientes, fornecedores, colaboradores, parceiros, comunidade e público em geral. A ideia é focar na divulgação e fortalecimento da marca através da exposição de seus processos, produtos e serviços, sem perder de vista o objetivo de toda a revista, que é informar e gerar conhecimento, diversão e entretenimento. Esta prática também se estende a outros tipos de publicações como jornais e livretos distribuídos ao público externo em locais como escolas, restaurantes, consultórios médicos etc. 80 Publicidade e Marketing São ações com objetivo de convencer alguém sobre determinada ideia. O marketing foca em elaborar ações para alcançar clientes, bem como compreender e satisfazer as suas necessidades. A publicidade trabalha com a disseminação das ideias, tornando o negócio conhecido através da divulgação dos produtos e serviços, que pode ser feita de várias formas, como cartazes, jornais, rádios, televisão, outdoors etc. Feiras, congressos e eventos Participações em feiras, congressos e eventos são acontecimentos que criam oportunidades para aumentar a visibilidade de um negócio, criando laços e conquistando credibilidade com os stakeholders. É uma grande chance para estabelecer a comunicação presencial com o público e estreitar contatos, parcerias e alianças. O suporte, respeito e atenção aos clientes e ao público externo são fatores indispensáveis não apenas para a competitividade, mas também para a manutenção da imagem da empresa. É a partir daí que se constrói ganhos intangíveis, pois uma identidade forte, advinda de bons relacionamentos que valorizam o negócio, é que vai determinar o sucesso da organização. Afinal, toda empresa vale muito mais do que o que está expresso em seus balanços e demonstrativos financeiros. Mais do que valor patrimonial, elas possuem valor de mercado, que engloba todos os seus ativos intangíveis, como imagem, capital humano e intelectual, bem como boas relações com clientes, parceiros e aliados. Questões de apoio: 1- (FGV/2015) Em uma empresa que pratica a comunicação descendente, os veículos de comunicação interna serão pautados a partir da perspectiva dos: a) empregados. b) prestadores de serviço. c) stakeholders. d) diretores da empresa. e) fornecedores 2- Qual o tipo de comunicação presente em cada um dos itens abaixo (vertical ascendente, vertical descendente ou horizontal)? a) Reunião entre a alta cúpula da organização:__________________________ b) Relatórios enviados pelos supervisores ao gerente de área, sobre a situação em determinado projeto:__________________________________________ c) Instruções sobre normas e regulamentos da empresa:__________________ 81 d) Informações sobre as novas metas organizacionais:____________________ e) Trabalho em equipe:_____________________________________________ f) Pedidos de esclarecimentos da gerência à diretoria da empresa:_______ g) Comunicação dos objetivos da empresa durante o período de integração dos novos empregados:________________________________________________ h) Confraternização entre funcionários do departamento de marketing:_______ i) Sugestões de funcionários para a organização:________________________ j) O supervisor ensina o trabalhoa um novo empregado:__________________ K) Reclamações dos empregados à chefia:_____________________________ l) Confraternização entre funcionários de diversos setores da empresa:______ m) Regras da organização são repassadas aos novos contratados:__________ n) Relatórios de pesquisas dos funcionários:____________________________ o) Reunião entre gerentes de marketing, finanças e RH:___________________ p) O diretor recebe instruções do presidente da companhia:________________ q) Relatório da última reunião encaminhado ao diretor pelo gerente:__________ r) Comunicação informal entre trabalhadores do RH e da produção:__________ s) Normas de convivência repassada aos funcionários pelo líder da equipe:____ t) Pesquisa de campo realizada para a empresa:_________________________ u) Grupo de diretores discutem os novos rumos da organização:_____________ v) O supervisor recebe informações através da gerência:___________________ w) Ideia de um funcionário de marketing sobre uma nova linha de produtos:____ 3- Das alternativas a seguir, marque aquelas que correspondem a instrumentos utilizados para a prática de Endomarketing ou comunicação externa: a) ( ) Apresentação de vídeos institucionais para a equipe interna b) ( ) Apresentação da nova linha de produtos a possíveis clientes c) ( ) manuais técnicos e educativos apresentando os produtos aos novos funcionários d) ( ) Informações sobre a empresa para o público em geral e) ( ) palestras internas motivadoras sobre as novidades e tendências da empresa f) ( ) Divulgação externa dos novos lançamentos g) ( ) Anúncios em jornais da cidade recrutando trabalhadores h) ( ) jornal interno que circula na empresa i) ( ) Cartazes motivacionais e informativos visando passar novas informações à equipe j) ( ) Comercial da empresa na rádio local k) ( ) grife interna que pode ser utilizada em roupas, bonés e acessórios l) ( ) Relatórios financeiros divulgados aos clientes e acionistas m) ( ) radio interna para a divulgação de notícias n) ( ) Emails aos funcionários via Intranet o) ( ) Emails ao público via Internet p) ( ) convenções internas para divulgação de atividades q) ( ) manuais de integração 4- Agora você pode dizer qual a diferença entre Endomarketing e comunicação externa? 82 Gabarito: 1- D 2- a) Horizontal b) vertical ascendente c) vertical descendente d) vertical descendente e) Horizontal f) vertical ascendente g) vertical descendente h) Horizontal i) vertical ascendente j) vertical descendente k) vertical ascendente l) Horizontal m) vertical descendente n) vertical ascendente o) Horizontal p) vertical descendente q) vertical ascendente r) Horizontal s) vertical descendente t) vertical ascendente u) Horizontal v) vertical descendente w) vertical ascendente 3- A, C, E, H, I, K, M, N, P, Q 4- Endomarketing é focado em ações internas e motivadoras visando obter maior comprometimento por parte dos colaboradores (marketing para dentro) Já a comunicação externa foca no tratamento e nas relações da empresa com clientes, fornecedores e demais stakeholders ou partes interessadas. 83 2.4- A comunicação e os níveis de planejamento Em todos projetos e atividades realizados no ambiente organizacional, o planejamento sem dúvida é o alicerce. Segundo Chiavenato (2011) é ele que define onde se pretende chegar, o que deve ser feito para tanto, quando, como etc., ou seja, planejar é sinônimo de definir objetivos e como o próprio nome já diz, o plano. No atual cenário competitivo, a definição clara de objetivos e a comunicação dos possíveis caminhos a serem seguidos para atingi-los torna-se uma condição essencial para a manutenção das empresas no mercado. Segundo Drucker (1997, p. 47) “quando a empresa traça objetivos e metas, e busca alcançá-los, ela tem claramente definido o motivo pelo qual ela existe, o que e como faz, bem como onde quer chegar”. Resumindo, para melhor entendimento, planejamento consiste em: • Definir objetivos; • Verificar onde as coisas estão hoje e desenvolver premissas sobre condições futuras (cenários); • Identificar meios para alcançar os objetivos. O planejamento pode ser dividido em três grandes níveis: estratégico, tático e operacional. Planejamento Estratégico O planejamento estratégico é utilizado para enfrentar desafios em ambientes de turbulências e implica em estabelecer a direção a ser seguida pela organização. O nível estratégico abrange a alta cúpula da organização, como presidentes e diretores, que atuam no âmbito mais amplo da empresa, isto é, focam nos assuntos de maior importância, envolvendo toda a instituição. Os planos se apoiam em uma visão do todo (holística), integrada e sistêmica. A comunicação neste caso precisa ser muito clara e bem definida, já que as ações são criadas pensando em longo prazo e buscam uma visão mais abrangente. Por este motivo, esse tipo de planejamento deve ser revisado e atualizado continuamente, a fim de que a eficácia das informações sejam preservadas, evitando distorções e grandes variações entre o que foi planejado e o que foi realizado. Planejamento Tático O planejamento tático visa criar metas e condições para que as ações estabelecidas no planejamento estratégico sejam atingidas. Ele ocorre em nível departamental e suas metas focam no médio prazo. Constitui um planejamento mais específico, onde as decisões podem ser tomadas por pessoas que ocupam os cargos intermediários - entre a alta cúpula e o nível operacional, ou seja, gerentes de áreas. Em função deste tipo de planejamento fazer a ponte entre a alta cúpula e o nível operacional, a habilidade de comunicação é imprescindível para detalhar e desdobrar o plano estratégico em níveis menores e mais concretos, onde são desenvolvidos o plano de pessoal, marketing, financeiro, produção etc. https://qualiex.com/gestao-estrategica/?utm_source=blogdaqualidade&utm_medium=a-diferenca-entre-o-planejamento-estrategico-tatico-e-operacional https://qualiex.com/gestao-estrategica/?utm_source=blogdaqualidade&utm_medium=a-diferenca-entre-o-planejamento-estrategico-tatico-e-operacional https://blogdaqualidade.com.br/4-passos-para-identificar-riscos-relevantes/ 84 Planejamento Operacional No planejamento operacional as ações são aplicadas em curto prazo, e é neste nível de planejamento que se desdobram as metas estabelecidas no nível tático para o alcance dos objetivos das decisões estratégicas. Qualquer barreira de comunicação aqui pode interferir diretamente na qualidade dos resultados, geando retrabalho, conflito e atrasos nos processos. Isto porque neste caso, cuida-se da rotina de trabalho de forma a assegurar que todas as tarefas e operações sejam executadas, de acordo com as normas. É preciso entender que um planejamento estratégico não vai acontecer se os planos do nível tático e operacional não forem bem definidos e comunicados, pois se trata de um processo articulado e interdependente. A comunicação clara e sem obstáculos é extremamente necessária para todos os níveis de planejamento dentro da organização. No nível estratégico, ela irá orientar a visão, no tático ela serve para desdobrar essa visão em planos de ação menores, e no nível operacional para levar os planos a execução. Os níveis de Planejamento podem ser resumidos na figura 4. Figura 4: Os níveis de planejamento Fonte: Chiavenato Apud Treasy 2015. https://blogdaqualidade.com.br/o-ponto-critico-do-planejamento-a-curto-prazo/ https://blogdaqualidade.com.br/bsc-desdobrando-objetivos-estrategicos-em-indicadores/ 85 Cada nível de planejamento requer habilidades específicas, que podem ser conceituais, humanas ou técnicas, conforme a ilustra a figura 5. Figura 5: Habilidades necessárias em cada nível de planejamento. Fonte: Chivenato, 2000. Habilidade Conceitual Visa compreendere lidar com a complexidade total da organização e de usar o intelecto para formular e comunicar estratégias, analisar problemas e tomar decisões. Habilidade Humana Visa trabalhar e interagir com outras pessoas, para entendê-las e motivá-las para alcançar os melhores resultados. Habilidade Técnica Visa utilizar conhecimentos, métodos e equipamentos necessários para a realização de tarefas que estão dentro do campo de sua especialidade, adquirida por meio da experiência, comunicação e treinamento. Os planejamentos devem envolver todos da empresa e é um incentivo para que as pessoas possam desenvolver habilidades específicas, melhorar a comunicação e se engajar e comprometer com os resultados. (Peradelles, 2016). 86 2.5- Construção de relacionamentos duradouros com a mídia e com instâncias governamentais O avanço tecnógico traz maior agilidade e melhores resultados no ambiente de trabalho, além de permitir a maior interação com o mundo. Nos últimos anos, as redes sociais e as mídias eletrônicas transformaram-se em eficientes canais de comunicação das empresas. Em outras palavras, tornaram-se um espaço estratégico para divulgação de produtos e serviços, a uma velocidade muito mais rápida e alcançando simultaneamente muitas pessoas (futuros clientes potenciais). A tecnologia de informação promove um mapeamento mais rápido das necessidades da demanda e facilita o relacionamento com o público em geral. Ela permite que as empresas personalizem sua mensagem, economizando tempo e esforços. Entre as principais movimentações do ambiente virtual está exposição das publicações das marcas e serviços, através de anúncios e campanhas. Além disso, a ascensão do papel da mídia digital deixou clara a importância de plataformas como YouTube, Facebook, Twitter e Instagram. O fato é que a utilização da informática nas empresas causou profundas transformações nas formas como as pessoas se comunicam. Atualmente os instrumentos tecnológicos mais usados pelas organizações são: - Portais e blogs corporativos; - Celulares e aplicativos; - Grupos de discussões; - Teleconferências e vídeo conferências; - Intranet; - Internet; - Redes socais - E-mails etc. O e-mail como veículo de mensagem corporativa requer mais formalidade, clareza e objetividade em seu conteúdo. Ele pode ser usado para: - Alcançar maior número de pessoas ao mesmo tempo; - Economizar tempo; - Passar a informação de maneira rápida e efetiva - Documentar a mensagem e permitir seu rastreamento. - Inserir anexos e documentos de trabalho. As mídias e redes sociais utilizam a tecnologia online, via internet, para que as pessoas possam compartilhar conteúdos, opiniões, críticas, elogios, recomendações etc. e assim interagir com outros indivíduos e empresas, em texto, imagens, gravações de áudio e vídeo. Atualmente as redes sociais exercem um importante papel na vida das pessoas e das organizações. Ela pode ser uma ameaça ou oportunidade, dependendo da forma como é utilizada. Pessoas conseguem trabalho por esta fonte da mesma forma que outros perdem seu emprego. Empresas promovem seus produtos e serviços enquanto outras “se queimam” por conta de reclamações e postagens de clientes insatisfeitos. Saber lidar com as essas ferramentas tecnológicas para usar a http://www.partnerscom.com.br/blog/2018/10-tendencias-tecnologicas-que-vao-revolucionar-a-comunicacao-digital/ 87 informação de maneira adequada tem sido um grande desafio para pessoas físicas e jurídicas. A tecnologia também aproxima as organizações das instâncias governamentais. Aplicativos para imposto de renda, relações com comércio exterior e até o e-social, tem sido formas mais eficientes de estabelecer relações com órgãos públicos. O e-Social por exemplo, é um programa do governo federal que busca consolidar o envio de informações pelo empregador em relação aos seus funcionários. Seu objetivo é juntar todas as obrigações trabalhistas em um único lugar. Ele é parte de um sistema de escrituração digital que exige que todos os empregadores enviem em um único documento, todas as informações trabalhistas, previdenciárias, fundiárias e tributárias relativas aos seus trabalhadores, sejam eles empregados, avulsos ou contribuintes individuais. O empregador costumava enviar dados avulsos sobre seus empregados para vários órgãos do governo, acarretando maiores índices de erros. Com o eSocial, a ideia é facilitar a fiscalização dos órgãos competentes aos empregadores, que precisarão atuar com maior transparência e segurança jurídica, evitando assim riscos tributários e trabalhistas desnecessários. Este sistema tem por objetivo melhorar a ação competente do gestor de empresas públicas ou privadas, que atuem no Departamento de Pessoal, trazendo importantes evidências de sua atuação, dentro dos padrões legais exigidos. No setor público, por exemplo, a ideia é melhorar a eficiência tributária, proporcionando maior transparência para a arrecadação e aplicação de recursos auferidos. O fato é que, cada vez mais a comunicação vem atuando em conjunto com softwares e ferramentas de tecnologia de informação para a construção de relacionamentos duradouros com a mídia, parceiros, governo e demais partes interessadas - stakeholders. As ferramentas eletrônicas também são imprescindíveis na construção da informação e na transmissão de conhecimentos para a organização. 88 2.6- Processos e modelos de comunicação: em busca da identidade e da imagem da empresa Cada vez mais é reconhecida a importância da comunicação como vínculo entre funcionários e a organização, de forma a estabelecer comprometimento e relações sólidas de trabalho. A existência de processos e modelos de comunicação sempre foi uma necessidade para aperfeiçoar a clareza, a simplicidade e a eficiência da linguagem. Para tornar as informações mais compreensíveis, alguns estudos desenvolveram diversos modelos de processos comunicacionais. Esses modelos foram adaptando as formas de se comunicar ao longo do tempo. Como exemplos, abordaremos aqui os modelos de base linear, modelos de base cibernética e modelos de comunicação das massas. Modelos de base linear Um dos modelos mais simples a partir do qual a comunicação é vista apenas como a transmissão de mensagens entre o emissor e o receptor em um único sentido. Por isso o nome de modelo linear. A principal crítica destes métodos é que neles ainda não se falava em feedback (ou retorno) do receptor. Dentre os principais modelos de base linear é possível citar o modelo de Lasswell e o de Weaver Schramm. - Modelo de Lasswell Desenvolvido por Harold Lasswell em 1948, foi muito importante em sua época e ainda hoje sua teoria pode ser vista como complemento nos estudos de comunicação. Parte do pressuposto de que a comunicação deve responder as seguintes questões:  Quem?  Diz o quê?  Através de que meio?  A quem?  Com que efeito? Até hoje estas perguntas são trabalhadas como parte da análise dos elementos da comunicação. A figura 6 ilustra o modelo de Lasswell. 89 Figura 6: Modelo de Lasswell Fonte: Azevedo, O mundo da comunicação19 - Modelo de Weaver e Schramm Este modelo leva em consideração outros elementos como a fonte e o transmissor. Neste caso uma fonte de informação elabora e envia a mensagem que chega ao transmissor, por meio de um canal. O transmissor transmite a mensagem a partir de um canal para que esta possa ser descodificada (como por exemplo em uma conversa ao telefone). O sinal emitido pelo transmissor deve ser percebido pelo receptor, desde que não haja ruído na comunicação. O receptor aqui tem um sentido técnico e ele capta a informação e repassa ao seu destino (que pode ser uma pessoa ou uma máquina). A figura 7 exemplifica o modelo contextualizando o caso de um atendimentoem hospital. 19 Disponível em http://saibamaissobrecomunicacao.blogspot.com/p/nodelo-de-lasswell.html, acesso em 28/01/2020. http://saibamaissobrecomunicacao.blogspot.com/p/nodelo-de-lasswell.html 90 Figura 7: Modelo de Weaver e Schramm Fonte: Correia, 1988 adaptado por Comunicação e saúde.20 Modelos de base cibernética Os modelos cibernéticos valorizam o feedback como importante parte da comunicação, assumindo, portanto, a retroação como parte inerente do processo. De acordo com Freixo (2006, p. 347) estes modelos integram a retroação ou feedback como modelo regulador da circularidade da informação, tendo o campo da cibernética sido desenvolvido por Norbert Wiener, sendo considerado por este como uma área interdisciplinar...” Ao contrário dos modelos lineares que consideram a transmissão das informações em sentido único, este método foca na reciprocidade. Neste contexto, ao se comunicar, as pessoas são emissores e receptores ao mesmo tempo, pois o receptor reage a mensagem emitindo o retorno ou feedback. Aqui também já se observa a existência de barreiras na comunicação como físicas, culturais e de percepção. Modelo de comunicação de massas Este modelo foca na comunicação de massas, mas também pode ser visto como uma forma de comunicação interpessoal. Porém, neste caso, o feedback vem de um público ou de um certo número de destinatários. Um bom exemplo deste tipo de comunicação são os programas de rádio, de TV ou canais de internet que costumam ser adaptados ou reformulados em função das reações do público, sejam elas positivas ou negativas, críticas ou elogios. Uma forma de obter este feedback nestes casos pode ser o nível de audiência ou os comentários do público quando se trata de vídeos postados em sites e páginas de internet. 20 Disponível em http://modelosdecomunicacao.blogspot.com/p/modelos-de-base-linear.html, acesso em 29/01/2020. http://modelosdecomunicacao.blogspot.com/p/modelos-de-base-linear.html 91 Os modelos apresentados, cada um dentro de suas próprias características e limitações, contribuíram de alguma forma para o entendimento do processo de comunicação, seja ela a nível interpessoal, organizacional ou em massa. No que tange ao nível das organizações, a compreensão e o gerenciamento das formas de comunicação são de grande valia na construção de uma identidade forte para a empresa. Uma comunicação eficiente, além de economizar tempo e melhorar os resultados de trabalho, como já discutido em capítulos anteriores, também tem o papel de fortalecer a imagem organizacional, afinal, tudo o que se faz internamente reflete- se diretamente do lado de fora. Qual pode ser o produto de fatores como: liderança forte, comunicação clara e bem sucedida, equipe motivada e um bom clima organizacional? Sem dúvida, a resposta é maior produtividade e uma série de benefícios que tornam a empresa mais reconhecida no mercado. As melhores organizações para se trabalhar são aquelas pautadas na valorização de seu capital humano. E isto só é possível, através de um bom plano de comunicação, já que esta é a ponte para a interação e a transmissão de conhecimentos. Para atrair, reter, manter, motivar, treinar e desenvolver os recursos humanos, é preciso se comunicar, e fazer isso de maneira adequada, atualizada e precisa. Estudo de caso Com base nos estudos de Lima et al (2009) sobre uma indústria de porte médio, do ramo têxtil, localizada na região do Vale do Paraíba, estado de São Paulo, foram identificadas algumas perspectivas de seus colaboradores em relação ao ambiente de trabalho. A pesquisa foi realizada em todos os níveis da organização. Os principais pontos levantados foram: • IDENTIDADE – como os funcionários veem o negócio em que ela atua e sua estratégia. Relaciona-se com o termo “vestir a camisa”, ou seja, o orgulho que o funcionário sente em relação ao seu trabalho. • SATISFAÇÃO – o objetivo é medir como os funcionários se sentem em relação ao que fazem, ao que recebem, aos processos de gestão e comunicação adotados. • ESTRATÉGIA E GESTÃO – avaliar não só como a empresa aplica e mantém sua estratégia de negócio, mas o quanto ela comunica, consulta e envolve seus funcionários nas questões referentes a esse assunto. • LIDERANÇA – avaliar a capacidade da gerência de inspirar, orientar e ser imparcial com seus subordinados, e verificar se existe a prática de comunicar, gerar desenvolvimento e harmonizar o ambiente da equipe. Analisando os dados obtidos, constatou-se que as seguintes ações deveriam ser aplicadas: 92 a) Avaliar regularmente o desempenho dos funcionários. Definir um processo regular de avaliação do trabalho de cada um, e dar feedback claro e objetivo sobre os pontos fortes e os que precisam de melhoria. Os bons profissionais verão esta atitude como algo muito positivo, já que sempre perseguem o aperfeiçoamento de suas atividades. b) Incentivar os funcionários a realizar tarefas variadas. A palavra certa aqui é estimular e não obrigar. Deve-se demonstrar com clareza que esta iniciativa visa o aumento do conhecimento de cada um e a redução da rotina na função. c) Permitir que os funcionários ajustem e melhorem sua área de trabalho. Não impor regras rígidas e estáticas. Se cada funcionário criar seu próprio espaço de trabalho, dentro de certos limites, se sentirá mais à vontade durante o dia, e sua produtividade aumentará significativamente. d) Organizar oportunidades de socialização. Isto pode ser feito durante o intervalo de refeição, após o expediente e em eventos e confraternizações. A amizade entre os funcionários aumentará a união da equipe, e isso se traduzirá em melhor produtividade e qualidade. A ideia é evitar isolamentos entre os grupos e promover a cordialidade entre gestores e funcionários, mantendo a posição que a liderança exige. e) Mostrar o caminho para o crescimento na organização. Sempre que possível, a liderança deve buscar oportunidades de promoção dos melhores funcionários para mostrar que o bom desempenho é realmente valorizado. f) Permitir que as dúvidas e questionamentos sejam expostos abertamente, e responder da melhor forma possível a cada um deles. As sugestões dos funcionários devem ser levadas em conta, e implementadas com seriedade as melhores ideias. Estas ações têm em comum a valorização do lado humano do profissional e a resposta a elas tende a gerar melhores resultados. O principal objetivo destas aplicações é adquirir a confiança dos funcionários, dando-lhe motivação para desenvolver todo seu potencial de trabalho, e fazendo reverter essa confiança em benefício para o negócio. *** Uma boa comunicação interna passa pela confiança entre líderes e equipe, de forma que todos conheçam os próximos planos do negócio e os passos para alcançá- los. os modelos de avaliação de desempenho utilizados atualmente, na técnica de avaliação por objetivos, por exemplo, o chefe e o subordinado identificam, juntos, as metas a serem atingidas em um determinado tempo. Esse método permite um acompanhamento periódico dos resultados alcançados e aqueles anteriormente fixados, bem como a identificação das medidas necessárias para prosseguir rumo ao alcance das metas. 93 O fato é que a comunicação se tornou hoje um importante indicador de desempenho de colaboradores em uma empresa. Mas para que seja um ponto forte, é preciso saber utilizá-la de maneira construtiva. Não basta, portanto, estimular a circulação das informações dentro do ambiente empresarial, mas é necessário também assegurar que elas sejam recebidas no tempo oportuno e compreendidas pessoas certas. Entre as principais barreiras de comunicação presentes hoje nas empresas podemos observar: • Conteúdos mal elaborados;• Sobrecarga de informações; • Distrações e falta de atenção; • Interpretações equivocadas; • Falta de confiança na fonte; • Diferenças culturais; • Omissão de dados e/ou falta de informação. Saber gerenciar esses obstáculos e aproximar pessoas, processos e conteúdo é um grande desafio para os líderes em uma organização, já que a excelência na comunicação tem grande impacto na imagem da empresa. 2.7- Comunicação, ética e responsabilidade social As organizações de sucesso, entre muitos atributos e características que fazem a diferença, também tem seus valores pautados na ética e na responsabilidade social e ambiental. A comunicação interna deve estar totalmente direcionada ao cumprimento destes valores, os quais estarão refletidos também na imagem e na comunicação externa. Cabe aos gestores informar e divulgar a todos sobre suas medidas sociais e ambientais. Como exemplos destas iniciativas podemos citar a preocupação com a segurança, com o bem estar social e com o progresso da região onde atua. Além destes fatores, a proteção a comunidade local e o desenvolvimento sustentável não podem ficar de fora. A ética é um assunto extremamente importante a ser levado em consideração. O funcionário precisa ter em mente que suas ações e comportamentos fora da empresa muitas vezes podem interferir diretamente em sua conduta profissional. O cuidado com o que posta em redes sociais, com os lugares que frequentam entre outras atitudes, são muito importantes para sua imagem profissional, afinal a vida social pode ser interpretada como uma extensão de sua vida no trabalho. Da mesma forma, a empresa também possui uma imagem a zelar e sua responsabilidade jamais pode ser limitada apenas a seus objetivos internos, mas também aos princípios e atitudes que dela se esperam. O marketing mais eficiente tem custo zero. É aquele que funciona com base na indicação. Normalmente, quando você precisa utilizar um serviço, por exemplo, qual a sua opção? Você prefere escolher aquele cuja propaganda está em um outdoor enorme posicionado no trecho de uma rodovia ou pela indicação de uma pessoa 94 próxima que utilizou o mesmo e ficou muito satisfeita? Provavelmente você escolheu a segunda opção. Sabe por quê? Procuramos aquilo que nos inspira confiança. Mas para ter credibilidade e gerar confiança, é preciso que um produto ou serviço seja pautado na qualidade, na ética e na sustentabilidade. Ainda que se leve em conta os preços, o suporte ao cliente, entre tantos outros diferenciais, os consumidores de hoje são muito mais exigentes e não admitem mais comprar de empresas que ferem princípios éticos, ambientais e socais. Uma organização com comunicação forte, pautada em disseminar estes valores, tanto internamente quanto em seu ambiente externo, tende a crescer e a dar frutos pela:  maior satisfação de seus funcionários;  maior satisfação de seus clientes;  melhoria de sua imagem;  facilidade na obtenção de parcerias;  facilidade na obtenção de certificações;  conquista de novo mercados etc. 2.8- Os impactos da comunicação na competitividade e nos resultados da empresa Os novos modelos de gestão desenvolvidos atualmente valorizam e estimulam, sobretudo, a comunicação e o aprendizado nas organizações. Nesse sentido, é crescente a importância do fator conhecimento em relação aos demais fatores econômicos tradicionais como terra, capital financeiro e mão-de-obra barata e pouco especializada. Segundo Terra (2000, p. 74) “existem fortes evidências de que as empresas que focam sua gestão na criação, aquisição e compartilhamento do conhecimento têm maior probabilidade de conseguir bons resultados empresariais”. Para adaptarem-se a estas mudanças, as empresas mudaram suas estruturas hierárquicas e rígidas para estruturas de caráter participativo, marcado pelo trabalho em equipe e pelo comprometimento dos trabalhadores com os objetivos organizacionais. Políticas empresariais baseadas em um trabalho rígido e rotineiro perderam a importância. Produtos, procedimentos e métodos organizacionais que no passado auxiliaram o processo dos negócios, mostram-se inadequados nos dias de hoje. Os segmentos empresariais estão investindo em novas técnicas de comunicação, aprendizagem e organização do trabalho. Para aumentarem sua competitividade e conquistarem novos mercados, as firmas têm reformulado suas estruturas organizacionais. Assim, substituíram-se os padrões organizacionais tayloristas/fordistas – baseados na prescrição individual de tarefas e na falta de autonomia dos funcionários – por princípios baseados no conhecimento, apoiados na comunicação e na capacidade de oferecer respostas rápidas em tempos de mudanças e incertezas. As principais mudanças ocorridas tanto na economia quanto no ambiente das organizações são explicitadas por Sveiby (Apud Terra, 2000, p. 46), conforme mostra a tabela 1. 95 Tabela 1- Os princípios da organização baseada no conhecimento Item Paradigma da era industrial Paradigma da era do conhecimento Pessoas Geradores de custos ou recursos Geradores de Receitas Fonte de poder dos gerentes Nível hierárquico na organização Nível de conhecimento Luta de poder Operários versus capitalistas Trabalhadores do conhecimento versus gerentes Principal responsabilidade da gerência Supervisionar os subordinados Apoiar os colegas Informação Instrumento de controle Ferramenta para comunicação: Recurso Produção Operários processando recursos físicos para criar produtos tangíveis Trabalhadores do conhecimento convertendo conhecimento em estruturas intangíveis Fluxo de informação Mediante a hierarquia organizacional Mediante redes colegiadas Gargalos21 da produção Capital financeiro e habilidades humanas Tempo e conhecimento Fluxo de produção Direcionado pelas máquinas; sequencial Direcionado pelas ideias; caótico. Efeito do tamanho Economia de escala22 no processo de produção Economia de escopo23 nas redes Relações com os clientes Unidirecional através dos mercados Interativa através de redes pessoais Conhecimento Uma ferramenta ou recursos entre outros O foco do negócio Propósito do aprendizado Aplicação de novas ferramentas Criação de novos ativos Valores de mercado (de ações) Decorrentes, em grande parte, dos ativos tangíveis Decorrentes, em grande parte, dos ativos intangíveis Economia Baseada em retornos decrescentes Baseada em retornos crescentes e decrescentes Fonte: Adaptação de Sveiby, K. E. The New Organizational Wealth: Managing and Measuring Knowledge-based Assets, In: Terra, Gestão do Conhecimento: o grande desafio empresarial, 2000, p.46. 21 Um gargalo é aquele recurso cuja capacidade é igual ou menor do que a demanda colocada nele (Goldratt, 1993). 22 Redução de custos unitários decorrente de um aumento no volume (escala) de produção. 23 Menor custo de se produzir e distribuir produtos assemelhados pelas mesmas linhas de produção e pelos mesmos canais de distribuição. 96 As empresas que valorizam a comunicação e procuram combater as barreiras na transmissão de informações, conseguem trocar mais conhecimentos e desenvolver suas competências de maneira mais eficaz. Essas iniciativas de valorização da comunicação para troca de conhecimentos tendem a melhorar a competitividade no mercado, uma vez que os reflexos desses processos podem ser presenciados em forma de melhoria de vários aspectos da empresa, como: Custo A transmissão de informações claras, atualizadas e em tempo hábil melhora a produtividade e reduz atrasos por conta de má interpretação. Além disso, abre espaço a criatividade e assimilação de novos conhecimentos, o que acaba por minimizar custos com problemas de manuseio de equipamentos, aumento de ciclos etc., permitindo assim queo custo final do produto possa ser diminuído. Qualidade As competências de funcionários bem orientados através de um sistema de comunicação eficaz poderão contribuir significativamente na produção de produtos e/ou serviços livres de defeitos. Flexibilidade Uma boa comunicação pode proporcionar maior flexibilidade nos processos produtivos, permitindo conhecer a demanda e trabalhar com produtos configurados de acordo com as exigências dos clientes. Tempo de resposta Excelência na comunicação repercute também em redução no tempo de ciclo dos processos, já que as barreiras são combatidas e consequentemente a entrega de produtos ou serviços ao cliente não correm o risco de fugir do prazo planejado. Suporte ao cliente A valorização do ser humano em seu ambiente de trabalho, através de uma liderança comunicativa e incentivadora tende a refletir melhores relações com o público externo, sobretudo com a clientela. A comunicação interna fortalecida repercute na imagem da organização e nas relações com clientes, fornecedores e parceiros. Sob outra perspectiva, observa-se que o caminho da competitividade e da inovação é reflexo da capacidade da empresa de se comunicar e motivar suas equipes, incentivando a troca de conhecimentos, o treinamento, a capacitação e o espaço para a criatividade. 97 Estudo de caso: Votorantim Cimentos24 Análise de Cenário: A comunicação interna da Votorantim Cimentos veio mudando. Anteriormente, os esforços estavam mais focados em canais, porém, a área de Comunicação Corporativa percebeu a oportunidade de, além de continuar o processo natural de atualização dos canais, investir também em comunicação de liderança. Com isso, o departamento de Comunicação Corporativa reavaliou o processo e passou a investir em comunicação da liderança e comunicação para a liderança. Para isso, foi montada toda uma rede de auxílio ao líder com o objetivo de promover o diálogo dentro das equipes, inspirar confiança e promover a “pedagogia da presença”. Pensamento fundamental: fazer comunicação não é, necessariamente, o ponto forte de todos os líderes, e não há nenhum problema nisso, pois a prática melhora com o tempo. Por isso, a área de Comunicação Corporativa passou a se posicionar como facilitadora da comunicação, de forma a ajudar os líderes, para que eles desenvolvessem uma maneira eficaz de se comunicarem. Hoje, o líder atua na empresa como um eixo de confiança e os canais funcionam para legitimar o que é comunicado por ele. Bate-papos com a liderança: essa ação visa aproximar os líderes dos empregados, mais especificamente de alguma área interna. É um momento em que o líder fala sobre as necessidades encontradas pelos empregados no dia a dia, o Propósito da empresa, reconhece as pessoas, ouve o que elas têm a dizer, conhece um pouco mais sobre cada um e visita o ambiente em que elas trabalham, promovendo, assim, aproximação e diálogo. Esse momento faz parte de um planejamento maior desenvolvido pela área de Comunicação Corporativa, que aponta maneiras de auxiliar o líder a estar mais próximo da sua equipe. Os primeiros 90 dias de um líder: É um suporte no momento de mudança de gestão, de área ou de função, que visa apoiar o líder, para ajudá-lo a inspirar confiança, mitigar qualquer insegurança e promover proximidade com a equipe. É um trabalho feito sempre junto com a área de RH. Série de matérias de liderança como protagonistas: aqui os líderes atuam como protagonista de matérias mensais. A ideia com essa iniciativa é humanizá-los, fazendo com que os empregados se reconheçam nas histórias contadas. Por exemplo, além de falar sobre o negócio, eles contam um pouco sobre a sua trajetória profissional, seus valores, falam sobre suas famílias. Abordam questões do negócio, mas também mostram outro lado, da vida pessoal. Série de matérias de liderança como protagonistas: Uma das matérias mais curtidas e votadas na intranet da empresa foram duas dessas matérias feitas com a liderança: - Uma com o tema diálogo aberto e como isso é aplicado a vida do líder; - E outra a respeito do dia do trabalho, falando sobre a visão de uma diretora sobre o trabalhador. As pessoas acabam se identificando e isto se torna motivo para conhecer os líderes, além de conectá-las ao negócio. 24 Fonte: Relatórios integrados da Votorantim Cimentos (https://www.votorantimcimentos.com.br/inovacao/estudos-de-caso/) e consultas a leituras de artigos diversos (https://casperlibero.edu.br/wp-content/uploads/2017/03/ComunicacaoLideresEEmpregados-II.pdf) acesso em 16/05/2017. https://www.votorantimcimentos.com.br/inovacao/estudos-de-caso/ https://casperlibero.edu.br/wp-content/uploads/2017/03/ComunicacaoLideresEEmpregados-II.pdf 98 Insights: quinzenalmente, a área de Comunicação cria um pequeno artigo, de não mais que duas páginas, para sensibilizar os gestores sobre questões relacionadas ao diálogo aberto, que é uma das crenças da empresa, e sobre comunicação como um todo. Além dessas iniciativas, existe também uma ação corporativa, chamada ComVC, que acontece trimestralmente, em que o presidente e todos os diretores falam com os empregados, a partir de transmissão simultânea para todo o Brasil; e também uma newsletter global, chamada Connection, que é enviada aos líderes com assuntos relacionados aos grandes temas de negócio. Dentro do plano que a empresa desenvolveu para a liderança, um dos fatores mais importantes é a mensuração de resultados. Eles fazem questão de ter ferramentas capazes de medir o processo, que vem sendo melhorado e integrado à pesquisa de clima organizacional. Questões comentadas para revisão de conteúdo: 1- Sobre comunicação assertiva, assinale a alternativa incorreta: a) ( ) Tomar cuidado com a expressão corporal, pois a comunicação também é formada pelo uso do corpo. b) ( ) Se colocar no lugar do outro enquanto se comunica. c) ( ) Ser objetivo, mas com cautela para não parecer grosseiro ou agressivo; d) ( ) expor seu pensamento com clareza e objetividade, mas evitar julgamentos prévios ou imposição de seu ponto de vista. e) Expressar seus argumentos na totalidade, ainda que não haja um real conhecimento das informações que se deseja transmitir. Correta: E Comentário: Ser assertivo não é se expressar a qualquer custo sem conhecimento do que se quer de fato transmitir. Assertividade constitui a capacidade pessoal de reagir as emoções positivas e negativas sem agressão ou passividade, ou seja, de maneira diplomática. Pessoas assertivas não se inibem de defender seus pontos de vistas e sabem que não precisam causar insatisfação nos outros por causa disso. (Livro texto, p. 66). 2- A comunicação neste caso precisa ser muito clara e bem definida, já que as ações são criadas pensando em longo prazo e buscam uma visão mais abrangente. Estamos falando da comunicação no nível de planejamento: a) ( ) Estratégico b) ( ) Tático c) ( ) Humano d) ( ) Técnico e) ( ) Operacional Correta: A Comentário: O planejamento estratégico é utilizado para enfrentar desafios em ambientes de turbulências e implica em estabelecer a direção a ser seguida pela 99 organização. A comunicação neste caso precisa ser muito clara e bem definida, já que as ações são criadas pensando em longo prazo e buscam uma visão mais abrangente. (Livro texto, p.85). 3- Um conflito tende a ser um problema quando gera: • ( ) Perda de tempo sem compensações; • ( ) Incremento na produtividade; • ( ) Minimização de custos desnecessários; • ( ) Solução de outros conflitos; • ( ) Redução da quantidade de reclamações. Correta: A Comentário: Um conflito tende a ser ruim quando representa um problema, capaz de causar consequências como: perda tempo sem compensações; queda de produtividade... (Livro texto, p. 68). 4- Todas as alternativasa seguir são exemplos de barreiras de comunicação presentes atualmente nas empresas, exceto: • ( ) Sobrecarga de informações; • ( ) Interpretações equivocadas; • ( ) Liderança assertiva; • ( ) Diferenças culturais; • ( ) Conteúdos incompletos. Correta: C Comentário: Entre as principais barreiras de comunicação presentes hoje nas empresas podemos observar conteúdos mal elaborados, sobrecarga de informações, distrações e falta de atenção etc. (Livro texto, p.94). 5- Ainda que se leve em conta os preços, o suporte ao cliente, entre tantos outros diferenciais, os consumidores de hoje são muito mais exigentes e não admitem mais comprar de empresas que ferem princípios éticos, ambientais e socais. Uma organização com comunicação forte, pautada em disseminar valores, tende a crescer em função de vários fatores exceto: a) ( ) maior satisfação de seus clientes; b) ( ) funcionários motivados; c) ( ) melhoria de sua imagem; d) ( ) Alto nível de financiamentos; e) ( ) facilidade na obtenção de certificações. Correta: D Comentário: Uma organização com comunicação forte, pautada em disseminar estes valores, tanto internamente quanto em seu ambiente externo, tende a crescer e a dar frutos pela: maior satisfação de seus funcionários, maior satisfação de seus clientes, melhoria de sua imagem etc. (Livro texto, p.95). 100 CONSIDERAÇÕES FINAIS Podemos compreender a partir do estudo da comunicação no ambiente empresarial que os modelos de gestão baseados nas habilidades físicas, no individualismo e na produção em massa dão espaço para um cenário totalmente baseado no capital humano, representado pelo conjunto de conhecimentos, competências e habilidades. E a comunicação, sem dúvidas, é uma das habilidades mais requeridas neste novo cenário. Não é possível se inserir com êxito no contexto profissional sem desenvolver sem o aperfeiçoamento da comunicação oral e escrita. São elas que determinarão o desempenho nas relações empresariais. O cenário atual enfatiza a necessidade do trabalho integrado, criativo e participativo, em contrapartida aos métodos da produção seriada, marcada pela desqualificação e pela rigidez dos processos de trabalho. O trabalhador moderno deve estar preparado para prever os mais diversos problemas, e solucioná-los rapidamente, sempre buscando a eficiência na qualidade da produção ou dos serviços realizados. Este tipo de profissional precisa ser polivalente, com espírito de liderança, pró atividade e comunicação assertiva capaz de motivar, integrar pessoas e minimizar os conflitos negativos na empresa. Conforme enfatiza Valle (1997, p. 18) “ é preciso que os trabalhadores possuam certas habilidades especiais, ou seja, capacidades cognitivas (leitura e interpretação de dados formalizados; lógica funcional e sistêmica; abstração; dedução estatística; expressão oral, escrita e visual) e comportamentais (responsabilidade; lealdade e comprometimento; capacidade de argumentação; capacidade para trabalho em equipe; capacidade de iniciativa e de autonomia; habilidade para negociação)”. A introdução desses novos padrões organizacionais, com ênfase no conhecimento e na comunicação nas relações de trabalho, requer um ambiente de motivação e envolvimento, focado na valorização do profissional. Que a partir deste estudo você possa investir crescentemente no desenvolvimento destas habilidades para aplicá-las com sabedoria em busca dos melhores resultados, tanto em sua vida pessoal, quanto em contexto de trabalho. 101 REFERÊNCIAS ARAÚJO, E. M.E E DIAS, I.S. O domínio da norma culta da língua portuguesa como determinante de inclusão/exclusão no mundo do trabalho. POL. PÚBL., SÃO LUÍS, V. 18, N. 1, P. 255-268, JAN./JUN. 2014. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: informação e documentação: citações em documentos: apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2002b. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6022: informação e documentação: artigo em publicação periódica científica impressa: apresentação. Rio de Janeiro, 2003. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação e documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, 2018. Brito, Raquel. Coesão e coerência: aprenda como usar e qual a diferença entre elas!, Maio 26, 2018, disponível em https://www.stoodi.com.br/blog/2018/05/26/coesao-e- coerencia/ acesso em 27/01/2020. CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração. 6 ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000. CHIAVENATO, . Administração nos Novos Tempos. Rio de Janeiro: Campus, 2ª ed., 2010. 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XII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica – INIC, Universidade do Vale do Paraíba, SP, 2009. https://www.stoodi.com.br/blog/2018/05/26/coesao-e-coerencia/ https://www.stoodi.com.br/blog/2018/05/26/coesao-e-coerencia/ https://monografias.brasilescola.uol.com.br/regras-abnt/pesquisas-exploratoria-descritiva-explicativa.htm https://monografias.brasilescola.uol.com.br/regras-abnt/pesquisas-exploratoria-descritiva-explicativa.htm 102 MATOS, G. G. A cultura do diálogo: uma estratégia de comunicação nas empresas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. Pierre G. W.; Roland T. O corpo fala: a linguagem silenciosa da comunicação não- verbal. São Paulo: Vozes, 1986. 288 p PIMENTA, M. A. Comunicação Empresarial. 4ª.ed. São Paulo, 2000 SILVA, A. M.O. (2002), Gestão Estratégica de Pessoas nas Organizações do Conhecimento. UFSC , Florianópolis, 103 p. Treasy, 2015, Planejamento Estratégico, Tático e Operacional – O Guia completo para sua empresa garantir os melhores resultados! 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