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Processo civil - Jurisdição e Ação

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JURISDIÇÃO
É um poder-dever do Estado, que visa resolver de forma definitiva o objeto litigioso posto a sua apreciação, com amparo no sistema jurídico, na norma jurídica aplicada individualmente ao caso.
De forma típica é exercido pelo judiciário, porém de forma atípica ocorre por meio de outros órgãos estatais.
SENADO FEDERAL – Julgar, nos crimes de responsabilidade, o PR e o VPR, Ministros do STF, membros do CNJ e CNMP, o PGR e o AGU.
CAMARAS MUNICIPAIS – julgar Prefeitos e Vereadores pela prática de infrações político-administrativas.
PARTICULAR – Por meio da arbitragem, quando autorizado pelo Estado. Art. 3º, §1º CPC. – Lei 9307/96. É um título executivo judicial e independe de homologação do judiciário (art. 515, VII CPC). Pode ser utilizada pela Adm. Pública Direta e Indireta. Pode ser de direito ou de equidade; Súmula 485, STJ.
Há formas de solução de conflitos que não se enquadram no exercício da jurisdição, porém retiram a necessidade de recorrer a estas, são elas: autotutela e autocomposição.
Na autotutela ocorre a imposição da vontade de um sobre o outro e é vedada no ordenamento jurídico brasileiro, porém há situações emergenciais que é possível atuar sem a previa intervenção judicial, sendo necessário somente depois para dar definitividade. P. ex: legitima defesa, defesa da posse, direito de retenção.
Por sua vez, a autocomposição ocorre quando ambas as partes chegam numa solução de forma espontânea, para que seja válida a autocomposição deve ser realizada por pessoas capazes e sobre direitos disponíveis. São espécies de autocomposição: transação, renúncia, reconhecimento do pedido. Há também a mediação e conciliação, que ocorre quando a autocomposição é auxiliada por um terceiro.
Características:
Inércia: Não é prestada de oficio, deve ser provocada. Consequência dessa característica é o fato do juiz balizar sua sentença pelas questões apresentadas pelas partes, não pode decidir fora do pedido (extra petita), menos que o pedido (citra petita) ou além do pedido (ultra petita).
Imparcialidade: Decorre do juiz natural, a jurisdição deve ser imparcial, sendo vedado interesses particulares na causa. (suspeição e impedimento – arts. 144 a 148).
Substitutividade: A jurisdição substitui as partes, substitui as vontades das partes, que estão proibidas de realizar a autotutela.
Definitividade: É atividade para formar a coisa julgada material. Exceções: art. 966 CPC.
Princípios:
Investidura: A jurisdição só pode ser exercida por aquele que estiver investido da função judicante. (art. 93, I CF).
Inafastabilidade da jurisdição: (art. 5º, XXXV, CF) – Cláusula Pétrea. 
Territorialidade ou aderência: A jurisdição é distribuída pelos critérios de competência, em determinado território. Exceções: art. 59, 60, 255, 385 §3º e 453 §1º.
Juiz Natural: É o juiz que possui a competência para julgamento, a competência é indelegável.
Inevitabilidade: As partes não podem escusar de cumprir as decisões judiciais, sob pena de cumprimento coercitivo.
Jurisdição contenciosa
É aquela que promove a solução de litígios, há uma lide a ser resolvida.
Jurisdição Voluntária:
Não há uma lide a ser resolvida, mas sim a fiscalização e validação de atos jurídicos para lhes dar o caráter de definitividade e produzir efeitos no mundo jurídico.
Limites da jurisdição nacional (art. 21 a 25 CPC)
AÇÃO
Século XIX – o direito processual era visto como mera extensão do direito material. Não era uma ciência autônoma – Teoria Civilista – se não há direito, não há ação.
Teoria concretista – segundo esta teoria, o direito de ação é autônomo, porém, só poderia ser satisfeito por uma proteção concreta. Não era reconhecida a ação se o pedido fosse improcedente.
Teoria abstrativista – segundo essa teoria, o direito de ação não depende da efetiva existência do direito material alegado. O direito de ação é o direito a um pronunciamento jurisdicional. Porém, tal teoria possibilita o abuso do direito de agir.
Teoria Eclética – é um direito abstrato, porém deve-se submeter a algumas condições. CPC/2015 mitigou a teoria. Antes havia três condições da ação, agora existe apenas dois.
Conceito:
“Direito público subjetivo autônomo e abstrato de provocar a atividade jurisdicional”.
Público: porque se dá em face do Estado-juiz e é conferido a todos;
Subjetivo: é uma faculdade dada a pessoa lesada;
Autônomo: não é confundido com o direito material;
Abstrato: Não se vincula a uma prestação favorável.
Condições da ação:
O CPC/73 previa 03 condições da ação: legitimidade das partes, interesse processual e possibilidade jurídica do pedido.
O CPC/15 excluiu a possibilidade jurídica do pedido como uma das condições da ação. – Art. 17 e art. 485, VI, CPC. Ela passa a ser vista como questão de mérito e não como condição da ação.
Art. 17 – as condições devem ser vistas não só no momento da postulação da ação, mas em todos os atos processuais.
Legitimidade das partes:
As partes legitimadas de um processo são aquelas que possuem um interesse em conflito. Podendo ser:
a.1) Ordinária ou extraordinária.
	A legitimação ordinária a parte atua em seu nome, na defesa de interesses próprios. A segunda, ocorre, quando autorizada pelo ordenamento jurídico, a parte atua na defesa de interesses alheios. 
Legitimidade extraordinária e substituição processual são sinônimos.
O legitimado extraordinário é parte, devido a isso deve arcar com os ônus processuais. Ainda, os pressupostos processuais e regras de competência são analisados com base no substituto processual, porém, os impedimentos e suspeição são analisados de acordo com o substituto e o substituído.
O substituído tem a possibilidade de intervir como assistente litisconsorcial (art. 18, parágrafo único/CPC), formando consorcio unitário.
A.2) Exclusiva ou Concorrente
A competência exclusiva ocorre quando há apenas um legitimado apto a defender o interesse, seja ele ordinário ou extraordinário.
Por sua vez, a competência concorrente ocorre quando há mais de um legitimado a defender os referidos interesses, podendo ocorrer em demanda conjunta (legitimação conjuntiva), que ocorrerá o litisconsórcio unitário ou em demanda separada (legitimação disjuntiva), quando deverão ser reunidos os processos – art. 55, §3º/CPC. Essa colegitimação pode ocorrer entre legitimados ordinários, entre extraordinários ou entre ordinários e extraordinários.
Legitimidade das partes:
É fundamentada no binômio necessidade/utilidade.
Deve ser necessária para atingir a solução do conflito e a utilidade verifica-se quando a prestação jurisdicional puder trazer algum benefício ao autor.
A falta de esgotamento das instancias administrativas não implica a falta de interesse processual. NÃO CONFUNDIR EXIGENCIA DO ESGOTAMENTO DAS INSTANCIAS COM NECESSIDADE DE PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO.
Aferição das condições da ação:
- Art. 485, §3º/CPC: permite que o juiz verifique as condições da ação em qualquer etapa do processo até ao transito em julgado da sentença.
Teoria da apresentação: o não preenchimento das condições da ação, em qualquer fase processual deve levar a extinção do processo sem resolução de mérito; 
Teoria da asserção ou prospectação: as condições da ação devem ser analisadas no momento do juízo de admissibilidade da petição inicial – doutrina majoritária.
Elementos da demanda
A demanda é identificada por três elementos: partes (elemento subjetivo), causa de pedir e pedido (elementos subjetivos).
Parte processual é aquela que participa da relação processual, e não se confunde com a parte material, que é a que compõe a relação jurídica discutida no processo. Nem sempre são as mesmas, p. ex: ação popular em que a parte processual ativa são os legitimados do art. 5º da Lei 7.347/85 e a parte material são os detentores dos direitos difusos.
A causa de pedir divide-se em remota, fato jurídico que fundamenta o pedido, e a próxima, corresponde aos efeitos jurídicos decorrentes dos fatos. O juiz está vinculado a causa de pedir remota, podendo adotar fundamentos jurídicosdiferentes dos apontados na inicial.
O pedido é dividido em meditado (bem da vida pretendido) e imediato (provimento jurisdicional requerido: condenação, anulação de ato...)
Classificação da demanda:
Condenatórias: visa a efetivação de um direito a uma prestação;
Constitutivas: objetivam criar, modificar, ou desfazer uma relação jurídica;
Declaratórias: visam a declaração de existência ou inexistência de algo. – art. 20 – admite a ação declaratória mesmo quando tenha ocorrido violação de direito
Há também quem classifique em:
Mandamentais: visa o cumprimento de uma obrigação por execução indireta, p. ex: fixação de multa de atraso.
Executivas: cumprimento da obrigação por execução direta, p. ex: penhora.

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