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1 Estruturas de Edificações Ching_01.indd 9Ching_01.indd 9 15.10.09 12:37:2815.10.09 12:37:28 10 Sistemas Estruturais Ilustrados As edifi cações (ou seja, as construções relativamente permanentes que construímos sobre um terreno para fi ns habitáveis) se desenvolveram ao longo da história, partindo de abrigos rudimentares feitos com galhos de árvores, adobe e pedra até chegar às construções so- fi sticadas atuais, construídas em concreto, aço e vidro. No decorrer da evolução da tecnologia da construção, algo que tem permanecido constante é a presença permanente de algum tipo de sistema estrutural capaz de suportar as forças da gravidade, do vento e, com frequência, dos terremotos. Os sistemas estruturais podem ser defi nidos como con- juntos estáveis de elementos projetados e construídos para agir como um todo no suporte e na transmissão seguros de cargas aplicadas ao solo, sem exceder os esforços permissíveis dos componentes. Ainda que as formas e os materiais dos sistemas estruturais tenham evoluído conforme os avanços tecnológicos e culturais, sem falar nas lições aprendidas a partir dos inúmeros colapsos estruturais, eles ainda são fundamentais para a existência de todas as edifi cações, independentemen- te de sua escala, contexto ou uso. A breve retrospectiva histórica que segue ilustra o desenvolvimento dos sistemas estruturais com o passar do tempo, desde as primeiras tentativas de se atender à necessidade humana fundamental de abrigo contra o sol, o vento e a chuva, até chegar aos grandes vãos estruturais, às grandes alturas e à complexidade cada vez maior da arquitetura moderna. O período neolítico teve início com o advento da agricul- tura (cerca de 8.500 a.C.) e entrou na primeira Idade do Bronze devido ao desenvolvimento das ferramentas de metal (cerca de 3.500 a.C.). A prática de utilizar cavernas como abrigo e moradia já existia há milênios e continuou a se desenvolver como uma forma arquitetônica, variando de extensões simples das cavernas naturais até templos e igrejas escavados na rocha, bem como cidades inteiras escavadas nas laterais das montanhas. Era Neolítica: China, província do norte de Sha- anxi. As habitações em cavernas permanecem até hoje. 3.400 a.C.: Os sumérios inven- tam o tijolo de barro cozido. Idade do Bronze 6.500 a.C.: Mehrgarh (Paquistão). Casas de adobe compartimentadas. 5.000 a.C. 7.500 a.C.: Catal Hüyük (Anató- lia). Casas de adobe com pare- des internas rebocadas. 5.000 a.C.: Banpo, China. Casas em forma de cabana que usam pi- lares grossos para sustentar suas coberturas. 9.000 a.C.: Göbekli Tepe (Turquia). Os tem- plos de pedra mais antigos do mundo. ESTRUTURAS DE EDIFICAÇÕES Ching_01.indd 10Ching_01.indd 10 15.10.09 12:37:2815.10.09 12:37:28 1 – Estruturas de Edifi cações 11 UMA RETROSPECTIVA HISTÓRICA 2.500 a.C. 1.000 a.C. Ainda que as habitações em cavernas permaneçam em várias formas e em diferentes partes do mundo, a maioria da arquitetura é criada através da reunião de materiais para defi nir os limites espaciais, além de fornecer abrigo, acomodar atividades, celebrar eventos e representar algo. As primeiras habitações consistiam em estruturas rústicas de madeira com paredes de adobe e coberturas de fi bras vegetais (sapé). Às vezes, as casas eram escavadas no subsolo para se obter aquecimento e proteção adicionais; em outras oca- siões, as habitações eram elevadas sobre palafi tas para melhorar a ventilação em climas quentes e úmidos, ou para serem construídas junto às margens de rios e lagos. O uso da madeira pesada para a sustentação de paredes e coberturas continuou a ser desenvolvido com o passar do tempo, e chegou a um estado de refi namen- to principalmente na arquitetura da China, da Coreia e do Japão. 3.000 a.C.: Alvastra (Escandinávia). Casas de palafi ta. 2.500 a.C.: Grande Pirâmide de Quéops, Egito. Até o século XIX, essa pirâmide de pedra era a estrutura mais alta do mundo. 1.500 a.C.: Templo de Amon em Karnak, Egito. O Salão Hipostilo é um perfeito exemplar da cons- trução em pedra arquitravada (coluna e lintel). 3.000 a.C.: Os egípcios misturam pa- lha com lama para reforçar o adobe. 1.500 a.C.: Os egípcios trabalham com o vidro fundido. 1.350 a.C.: A dinastia Shang (China) de- senvolve técnicas avançadas de fundição de bronze. Idade do Ferro 2.600 a.C.: Harappa e Mohenjo-daro, Vale do In- dus, atualmente Paquistão e Índia. Tijolos cozidos e falsos arcos. Século XII a.C.: Arquitetura da Dinastia Zhou. As mísulas salientes dos capitéis ajudam a sustentar os beirais. 1.000 a.C.: Capadócia, Anatólia. Escavações extensas formavam casas, igrejas e monastérios. UMA RETROSPECTIVA HISTÓRICA Ching_01.indd 11Ching_01.indd 11 15.10.09 12:37:2915.10.09 12:37:29 12 Sistemas Estruturais Ilustrados UMA RETROSPECTIVA HISTÓRICA 500 a.C. 1 d.C. Século V a.C.: Os chineses fun- dem o ferro. 447 a.C.: Partenon, Atenas. O Templo de Atena Niké é considerado um paradigma da ordem dórica. Século IV a.C.: Os babilônios e os assírios usam o betume como argamassa de alvenaria de tijolo e pedra. Século IV a.C.: Os etruscos desenvol- vem os arcos e as abóbadas de alve- naria. Porta Pulchra, Perúgia, Itália. Século III a.C.: Os romanos fazem concreto com pozolana. Século III a.C.: A Grande Estupa de Sanchi, Índia. Monumento budista de pedra cinzelada. 200 a.C.: Índia. Numerosos exem- plos das arquiteturas budista, jai- nista e hindu escavados na rocha. 10 a.C.: Petra, Jordânia. Tú- mulos do palácio parcialmen- te escavados na rocha. 70 d.C.: Coliseu, Roma. Anfi teatro de concreto- massa e tijolo revestido de pedra. UMA RETROSPECTIVA HISTÓRICA Ching_01.indd 12Ching_01.indd 12 15.10.09 12:37:2915.10.09 12:37:29 1 – Estruturas de Edifi cações 13 UMA RETROSPECTIVA HISTÓRICA 800 d.C. 460 d.C.: Cavernas Yungang, China. Templos budistas escavados em penhascos de arenito. Século II d.C.: O papel é inventado na China. 125 d.C.: O Panteon, Roma. Cúpula de concreto-massa com caixotões, a maior do mundo até o século XVIII. Século III d.C.: Tikal, Guatemala. Cidade maia com pirâmides e palácios de pedra. 752 d.C.: Todaiji, Nara. O templo budista que é a maior construção de madeira do mundo. A recons- trução atual tem dois terços do tamanho do templo original. Século VII d.C.: Arquitetura da dinastia Tang. Estrutura de madeira resistente a terre- motos, como colunas, vigas, terças e uma diversidade de mísulas salientes. 532-37 d.C.: Santa Sofi a, Istambul. Cúpula central sobre pendentes que permitem a transição da cúpula redonda para a planta quadrada. O concreto foi usado na constru- ção das abóbadas e dos arcos dos pavimentos inferiores. Ching_01.indd 13Ching_01.indd 13 15.10.09 12:37:2915.10.09 12:37:29 14 Sistemas Estruturais Ilustrados UMA RETROSPECTIVA HISTÓRICA 900 d.C. 1100: Chan Chan. Muros da cidadela fei- tos de adobe revestido de estuque. Século XV: Filippo Brunelleschi desenvol- ve a teoria da perspectiva linear. Sempre que havia pedras disponíveis, elas eram usadas primeiramente para estabelecer barreiras de defesa, mas serviam também como paredes portantes para sustentar os componentes horizontais de madeira dos pisos e coberturas. As abóbadas e cúpulas de alvenaria possibilitaram elevações mais altas e vãos maiores, enquanto o desenvolvimento dos arcos apontados, das colunas fasciculadas e dos arcobotantes permitiu a criação de estruturas de pedra mais leves, mais abertas e independentes das vedações externas. 1170: O ferro fundido é produzido na Europa. 1056: Pagode Sakyamuni, China. Pagode de madeira mais antigo e edifi cação de madeira mais alta do mundo, com 67,3 metros de altura. 1100: Lalibela, Etiópia.Conjunto de igrejas monolíticas escavadas na rocha. 1163-1250: Catedral de Notre Dame, Paris. A es- trutura de pedra aparelhada utiliza arcobotantes de pedra externos para transmitir o empuxo para baixo e para fora da cobertura e das abóbadas para um contraforte. Século XI: Igreja da Abadia de Saint Philibert, Tournus. Colunas cilíndricas desadornadas com mais de 1,2 metro de espessura para sustentar a nave central espaçosa e leve. Ching_01.indd 14Ching_01.indd 14 15.10.09 12:37:2915.10.09 12:37:29 1 – Estruturas de Edifi cações 15 UMA RETROSPECTIVA HISTÓRICA 1400 d.C. 1600 d.C. Início do século XVI: Os alto-fornos são capazes de produzir grandes quantidades de ferro fundido. 1506-1615: Basílica de São Pedro, Roma, Donato Bramante, Michelangelo e Giacomo della Porta. Até recentemente era a maior igreja já construída, cobrindo uma área de 23 mil metros quadrados. 1687: Isaac Newton publica Princípios Matemáticos da Filosofi a Na- tural, que descreve a gravitação universal e as três leis da dinâmica, lançando as bases da mecânica clássica. Já no início do século VI d.C., as principais arcadas de Santa Sofi a, em Istambul, incorporaram barras de ferro como tirantes. Durante a Idade Média e a Renascença, o ferro foi usado em elementos tanto decorativos como estruturais (como tarugos, grampos e tensores), para reforçar as estruturas de alvenaria. Somente no século XVIII, porém, os novos métodos de produção permitiram a manufatura de ferro forjado e fundido em quantidades sufi cientes para que fossem usados como materiais estruturais nas estruturas em esqueleto de estações fer- roviárias, mercados e outras edifi cações de uso público. Das paredes e pilares de pedra maciça se passa para as estruturas mais leves de ferro e aço. Século XIII: Catedral de Florença, Itália. Filippo Brunelleschi projetou a cúpula com duas cascas, apoiada sobre um tambor, de forma a permitir uma construção sem a necessidade de andaimes partindo do chão. 1638: Galileu publica seu primeiro livro, Os Discursos e as Demons- trações Matemáticas Relacionados a Duas Novas Ciências, sendo que as duas ciências em questão se referem à resistência dos mate- riais e à dinâmica dos objetos. Ching_01.indd 15Ching_01.indd 15 15.10.09 12:37:2915.10.09 12:37:29 16 Sistemas Estruturais Ilustrados UMA RETROSPECTIVA HISTÓRICA 1700 1800 Final do século XVIII e início do século XIX: A Re- volução Industrial provoca mudanças signifi cativas na agricultura, na manufatura e no transporte, alterando o ambiente socioeconômico e cultural da Grã-Bretanha e dos demais países. 1801: Thomas Young estuda a elasticidade e dá seu nome ao módulo de elasti- cidade. 1779: Bry Higgins patenteia o cimento hi- dráulico para uso em rebocos externos. 1738: Daniel Bernoulli associa a velocidade e a pressão dos fl uidos. 1778: Joseph Bramah patenteia uma bacia sanitária prática. 1735: Charles Maria de la Condamine descobre a borracha na América do Sul. 1711: Abraham Darby produz um ferro de alta qualidade fundido com coque e moldado em areia. A calefação central foi adotada de maneira generalizada no início do século XIX, quando a Revolução Industrial resultou no aumento das edifi cações usadas para fi ns in- dustriais, residenciais e de serviços. 1777-1779: Ponte de Ferro em Coal- brookdale, Inglaterra. T. M. Pritchard. 1797: Tecelagem de linho Ditherington, Shrews- bury, Inglaterra, William Strutt. A edifi cação com estrutura de aço mais antiga do mundo, com estrutura independente de pilares e vigas de ferro fundido. 1653: Taj Mahal, Agra, Índia. Mausoléu de mármore com cúpula branca jônica, construído em memória de Mumtaz Mahai, esposa do Imperador mughal Shah Jahan. Ching_01.indd 16Ching_01.indd 16 15.10.09 12:37:3015.10.09 12:37:30 1 – Estruturas de Edifi cações 17 UMA RETROSPECTIVA HISTÓRICA 1860 1824: Joseph Aspdin paten- teia a manufatura do cimento Portland. 1827: George Ohm formula sua lei que relaciona a corrente, a voltagem e a resistência. Há evidências de que os chineses usaram uma mistura de cal e cinzas vulcânicas para construir as pirâmides de Shaanxi há milhares de anos, mas foram os romanos que desenvolveram o concreto hidráulico com uma cinza vulcânica (pozolana) semelhante ao concreto moderno feito com cimento Portland. A formulação do cimento Portland por Joseph Aspdin em 1824 e a invenção do concreto armado, atribuída a Joseph-Louis Lambot em 1848, estimularam o uso do concreto em estruturas arquitetônicas. 1853: Elisha Otis introduz o elevador de segurança para evitar a queda da cabina em caso de rompimento do cabo. O pri- meiro elevador Otis foi instalado em Nova York em 1857. 1850: Henry Waterman inventa o elevador. 1867: Joseph Monier pa- tenteia o concreto armado. 1855: Alexander Parkes patenteia o celulóide, o primeiro material de plástico sintético. 1851: Palácio de Cristal, Hyde Park, Londres, John Paxton. Unidades pré- fabricadas de ferro forjado e vidro foram usadas para criar um espaço de exposições com 90 mil metros quadrados. 1868: Estação Saint Pancras, Londres, William Barlow. Arcos treliçados com tirantes abaixo do pavimento térreo para re- sistir ao empuxo para fora. A manufatura de aço moderna teve início em 1856, quando Henry Bessemer descreveu um processo relativamente barato para a produção do aço em larga escala. Ching_01.indd 17Ching_01.indd 17 15.10.09 12:37:3015.10.09 12:37:30 18 Sistemas Estruturais Ilustrados UMA RETROSPECTIVA HISTÓRICA 1875 1900 1896: Pavilhão da Rotunda, Exposição Industrial e Artística de Toda a Rússia, Nizhny Novgorod, Vladimir Shukhov. A primeira estrutura ten- sionada em malhas de cabo de aço do mundo. 1881: Charles Louis Strobel padroniza os per- fi s laminados de ferro forjado e os vínculos rebitados. 1889: Torre Eiffel, Paris, Gustave Eiffel. A torre substituiu o Monumento a Washington como a estrutura mais alta do mundo – título que reteve até a construção do Edifício Chrysler em Nova York, no ano de 1930. 1884: Edifício Home Insurance, Chicago, William Le Baron Jenney. A estrutura de aço e ferro fundido com 10 pavimentos sustenta a maior parte do peso dos pisos e das paredes externas. 1898: Piscina Coberta Pública, Gebweiler, França, Eduard Züblin. Estrutura abobadada de concreto armado que consiste em cinco pórticos indeformáveis com cascas fi nas conectando cada pórtico. Ching_01.indd 18Ching_01.indd 18 15.10.09 12:37:3015.10.09 12:37:30 1 – Estruturas de Edifi cações 19 UMA RETROSPECTIVA HISTÓRICA 1940 1919: Walter Gropius funda a Bauhaus. 1928: Eugène Freyssinet inven- ta o concreto protendido. 1903: Alexander Graham Bell faz experimentos com as formas estruturais espaciais, levando ao desenvolvimento posterior das treliças espaciais por Buckminster Fuller, Max Mengeringhausen e Konrad Wachsmann. 1913: Jahrhunderthalle (Salão do Centenário), Breslau, Max Berg. Estrutura de concreto armado, incluindo uma cúpula com 65 metros de diâmetro, que infl uenciou o uso do concreto no fechamento de grandes espaços para uso público. 1922: Planetário, Jena, Alemanha, Walter Bauerfeld. Primeira cúpula geodésica con- temporânea, derivada de um icosaedro. 1931: Edifício Empire State, Nova York, Shreve, Lamb e Harmon. O edifício mais alto do mundo até 1972. 1903: Edifício Ingalls, Cincinnati, Ohio, Elzner & Anderson. Primeiro arranha-céu de concreto armado. 443 m Com o advento dos aços aperfei- çoados e das técnicas de análise de esforços computadorizadas, as estru- turas de aço se tornaram mais leves e seus vínculos mais complexos, permitindo uma grande variedade de formatos estruturais. Ching_01.indd 19Ching_01.indd 19 15.10.09 12:37:3015.10.0912:37:30 20 Sistemas Estruturais Ilustrados UMA RETROSPECTIVA HISTÓRICA 1955: Desenvolve-se o uso comercial de compu- tadores. 1973: A elevação dos preços do petróleo estimula a pesquisa de fontes alternativas de energia, fazendo com que a conservação de energia se torne um elemen- to importantíssimo para o projeto de arquitetura. 1950 1975 1972: Arena Aquática Olímpica, Munique, Alemanha, Frei Otto. Os cabos de aço foram combinados com membranas de lona para criar uma estrutura extremamente leve, capaz de vencer grandes vãos. 1943-59: Museu Guggenheim, Nova York, Frank Lloyd Wright. 1961: Arena Olímpica, Tóquio, Kenzo Tange. A maior estrutura de cobertura suspensa do mundo na época da construção, seus cabos de aço são suspensos por dois pilares de concreto armado. 1960: Palazzo dello Sport (Palácio do Esporte), Roma, Itália, Pier Luigi Nervi. Cúpula de concreto armado nervurada com 100 metros de diâmetro, construída para os Jogos Olímpicos de Verão de 1960. Ching_01.indd 20Ching_01.indd 20 15.10.09 12:37:3015.10.09 12:37:30 1 – Estruturas de Edifi cações 21 UMA RETROSPECTIVA HISTÓRICA 750 m 600 m 450 m 300 m 150 m 1998: Torres Petronas, Kuala Lumpur, Malásia, Cesar Pelli. Os edifícios mais altos do mundo até a construção do Taipei 101, em 2004. 2004: Taipei 101, Taiwan, C. Y. Lee & Partners. Um edifício com estrutura de concreto e aço que utiliza um atenuador dinâmico de massa sintonizado. Início em 2004: Burj Dubai, Emirados Árabes Unidos, Adrian Smith & SOM. É atualmente o edifício mais alto do mundo. 2000 1973: Casa de Ópera de Sydney, Jørn Utzon. Suas famosas cascas de coberturas consistem em nervuras de concreto pré-fabricadas e solidarizadas por uma capa de concreto moldado in loco. Ching_01.indd 21Ching_01.indd 21 15.10.09 12:37:3015.10.09 12:37:30 22 Sistemas Estruturais Ilustrados ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS A retrospectiva histórica apresentada nos dá uma ideia não apenas da evolução dos sistemas estruturais, mas da importância que eles tiveram, e continuam a ter, para o projeto de arquitetura. A arquitetura engloba qualidades estéticas inefáveis, porém sensíveis, que resultam da união do espaço, da forma e da estrutura. Ao fornecer a sustentação para outros sistemas de uma edifi cação e para nossas atividades, um sistema estru- tural viabiliza o formato e a forma de uma edifi cação e de seus espaços – assim como nosso esqueleto dá for- ma ao nosso corpo e sustenta nossos órgãos e tecidos. Logo, quando falamos de estruturas arquitetônicas, estamos nos referindo aos elementos que se unem com a forma e o espaço de maneira coerente. Portanto, o projeto de uma estrutura arquitetônica envolve mais do que o dimensionamento adequado de qualquer elemento ou componente único, ou mesmo o projeto de qualquer vínculo estrutural específi co. Não se trata simplesmente de equilibrar e solucionar os esforços. Pelo contrário: exige-se a maneira pela qual a confi guração e a escala geral dos elementos estruturais, dos vínculos e das conexões encapsulam uma ideia arquitetônica, reforçam a forma estrutural e a composição espacial de um projeto proposto, e per- mitem sua construtibilidade. Isso, então, demanda uma compreensão da estrutura como um sistema de partes interconectadas e inter-relacionadas, e um entendimen- to dos tipos genéricos de sistemas estruturais, além da análise da capacidade de certos tipos de elementos estruturais e de seus vínculos. Corte Planta baixa do pavimento térreo Planta baixa da estruturaO terreno e o contexto Edifício do Parlamento, Chandigarh, Índia, 1951-63, Le Corbusier. Ching_01.indd 22Ching_01.indd 22 15.10.09 12:37:3015.10.09 12:37:30 1 – Estruturas de Edifi cações 23 ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS Para que possamos compreender o impacto dos siste- mas estruturais no projeto de arquitetura, devemos ter ciência de como eles se relacionam com o conceito, a experiência e o contexto da edifi cação. A composição formal e espacial.• A defi nição, a escala e as proporções dos volumes e • dos espaços. As características das confi gurações, formas, • espaços, luz, cor, textura e padrões. A organização das atividades humanas conforme sua • escala e dimensão. O zoneamento funcional dos espaços de acordo com • a atividade-fi m e o uso. A acessibilidade e as rotas de circulação horizontais • e verticais dentro da edifi cação. A consideração das edifi cações como componentes • integrais dentro do ambiente natural e construído. As características sensoriais e culturais do lugar.• As próximas seções deste capítulo descrevem em linhas gerais os principais aspectos dos sistemas es- truturais que sustentam, reforçam e, em última análise, dão forma a uma ideia de arquitetura. Iluminação natural Diagrama compositivo Estrutura de sustentação da organização espacial Estrutura de sustentação da ideia formal Ching_01.indd 23Ching_01.indd 23 15.10.09 12:37:3015.10.09 12:37:30 24 Sistemas Estruturais Ilustrados ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS Intenção formal O sistema estrutural pode se relacionar ao projeto arquitetônico de três maneiras fundamentais. Essas estratégias fundamentais são: Exposição da estrutura• Ocultação da estrutura• Destaque da estrutura• Exposição da estrutura Historicamente, os sistemas com paredes portantes de alvenaria de pedra e tijolo dominaram a arquitetura até o advento da construção em ferro e aço, no fi nal do século XVIII. Esses sistemas estruturais também funcionavam como os principais sistemas de vedação externa, e, consequentemente, expressavam a forma da arquitetura – em geral, de maneira objetiva e direta. As modifi cações formais que eram feitas geralmente resultavam da modelagem ou do entalhe do material estrutural de maneira a criar elementos por adição, vazios por subtração ou relevos no interior da massa da estrutura. Até na era moderna há exemplos de edifi cações que exibem seus sistemas estruturais (sejam eles de ma- deira, aço ou concreto) e os utilizam de maneira efi caz como os principais “criadores” da forma arquitetônica. Planta baixa Igreja de São Sérgio e São Baco, Istambul, Turquia, 527-36 a.C.. Os otomanos converteram essa igreja ortodoxa oriental em uma mesquita. Essa igreja inclui uma planta com cúpula centralizada, e muitos acredi- tam que tenha servido como modelo para Santa Sofi a. Corte Centro Le Corbusier / Pavilhão Heidi Weber, Zurique, 1965, Le Corbusier. Uma estrutura de aço em forma de guarda-sol paira sobre uma estrutura independente de aço modulada, com late- rais compostas por painéis e vidros de aço esmaltado. Ching_01.indd 24Ching_01.indd 24 15.10.09 12:37:3015.10.09 12:37:30 1 – Estruturas de Edifi cações 25 ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS Ocultação da estrutura Nessa estratégia, o sistema estrutural é ocultado ou obs- curecido pelo revestimento externo e pela cobertura da edifi cação. Algumas razões para a ocultação da estrutura são práticas (como o revestimento dos elementos estru- turais para torná-los resistentes ao fogo) ou contextuais (quando a forma externa desejada difere das necessida- des espaciais internas). No último caso, a estrutura pode organizar os espaços internos, enquanto a forma da pele externa responde ao terreno ou a outros condicionantes. O projetista talvez opte pela liberdade de expressão quando se trata da pele, sem considerar como o sis- tema estrutural possa ajudar ou afetar as decisões formais. Por outro lado, o sistema estrutural pode ser obscurecido por pura negligência, e não de maneira in- tencional. Em ambos os casos, surgem questões legíti- mas sobre o projeto, pois não se sabe se ele resulta de uma intenção, se é acidental, proposital ou, em último caso, se decorre da falta de cuidado. Salão daOrquestra Filarmônica, Berlim, Alemanha, 1960-63, Hans Scharoun. Um exemplo do movimento expressionista, essa sala de concertos tem uma estru- tura assimétrica com cobertura de concreto semelhante a uma tenda e um palco centralizado em relação às arquibancadas. Sua aparência externa é subordinada às exigências acústicas e funcionais da sala de concertos. Museu Guggenheim, Bilbao, Espanha, 1991-97, Frank Gehry. Uma novidade quando concluído, esse museu de arte contemporânea é famoso por suas formas escultóri- cas revestidas de chapas de titânio. Ainda que seja difícil compreendê-lo nos termos da arquitetura tradicional, a defi nição e a construtibilidade das formas aparentemente aleatórias se tornaram possíveis devido ao uso dos apli- cativos CATIA, uma suíte integrada do CAD (Computer Aided Design, ou Projeto Assistido por Computador), CAE (Computer Aided Engineering, ou Engenharia Assistida por Computador) e CAM (Computer Aided Manufacturing, ou Manufatura Assistida por Computador). Planta baixa do nível inferior Corte Ching_01.indd 25Ching_01.indd 25 15.10.09 12:37:3115.10.09 12:37:31 26 Sistemas Estruturais Ilustrados ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS Destaque da estrutura Em vez de fi car meramente exposto, o sistema estrutu- ral pode ser explorado como uma característica do pro- jeto, celebrando a forma e a materialidade da estrutura. O aspecto geralmente exuberante das estruturas em casca e membrana faz com que elas sejam as candida- tas mais adequadas para essa categoria. Também existem estruturas que dominam pela força pura utilizada para expressar a maneira como lidam com os esforços que agem sobre elas. Esses tipos de estruturas geralmente se tornam ícones devido à sua imagem impressionante. Dentre os exemplos, desta- cam-se a Torre Eiffel e a Ópera de Sidney. Para determinar se uma edifi cação celebra sua estru- tura ou não, precisamos diferenciar com cuidado a ex- pressão estrutural das formas expressivas que não são realmente estruturais, mas apenas aparentam ser. Los Manantiales, Xochimilco, México, 1958, Félix Candela. A estrutura de concreto em casca é for- mada por uma série de paraboloides hiperbólicos, interseccionados numa planta baixa radial. Capela da Academia da Força Aérea, Colorado Springs, Colorado, Estados Unidos, 1956-62, Walter Netsch/ Skidmore, Owings e Merril. A estrutura ascendente, composta por 100 tetraedros idênticos, desenvolve a estabilidade através da triangulação das unidades estru- turais individuais, além dos volumes triangulares. Ching_01.indd 26Ching_01.indd 26 15.10.09 12:37:3115.10.09 12:37:31 1 – Estruturas de Edifi cações 27 ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS Terminal Principal, Aeroporto Internacional Dulles, Chantilly, Virgínia, Estados Unidos, 1958-62, Eero Saarinen. Cabos em catenária suspensos entre duas longas colunatas inclinadas para fora e com colunas de seção variável sustentam uma bela casca de concreto curva que nos remete à ideia de voar. Banco HSBC, Hong Kong, China, 1979-85, Norman Foster. Oito grupos de quatro colunas de aço revestidas de alumínio se erguem e sustentam cinco megatreliças planas em forma de cabide, às quais estão atirantadas as lajes de piso de todos os pavimentos. Planta baixa parcialElevação e planta baixa esquemática da estrutura Ching_01.indd 27Ching_01.indd 27 15.10.09 12:37:3115.10.09 12:37:31 28 Sistemas Estruturais Ilustrados ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS Composição espacial A forma de um sistema estrutural e o padrão de seus ele- mentos de transferência de cargas e cobertura podem se relacionar com o leiaute espacial e a composição do proje- to de duas maneiras fundamentais. A primeira trata da cor- respondência entre a forma do sistema estrutural e a forma da composição espacial. A segunda consiste num encaixe menos rígido, no qual a forma e o padrão estruturais permi- tem mais liberdade ou fl exibilidade no leiaute espacial. Correspondência Quando há uma correspondência entre a forma estrutural e a composição espacial, o padrão dos sistemas de transferên- cia de cargas e cobertura talvez determine a disposição dos espaços no interior de uma edifi cação, ou o leiaute espacial talvez sugira um tipo específi co de sistema estrutural. O que vem primeiro no processo de elaboração do projeto? Em casos ideais, consideramos que tanto o espaço como a estrutura determinam a forma arquitetônica. No entanto, a composição dos espaços conforme as necessidades e os desejos costuma preceder a refl exão referente à estrutura. Por outro lado, às vezes a forma estrutural pode ser a força motriz do processo de elaboração do projeto. De qualquer maneira, os sistemas estruturais que determi- nam um padrão espacial com tamanhos e dimensões espe- cífi cos, ou mesmo um padrão de uso, talvez não viabilizem a fl exibilidade necessária para usos ou adaptações futuros. Diagramas estruturais e espaciais na planta baixa e no corte. Casa del Fascio, Como, Itália, 1932-35, Giuseppe Terragni. Ching_01.indd 28Ching_01.indd 28 15.10.09 12:37:3115.10.09 12:37:31 1 – Estruturas de Edifi cações 29 ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS Contraste Sempre que há uma falta de correspondência entre a forma estrutural e a composição espacial, qualquer um dos fatores pode ser o dominante. A estrutura talvez seja grande o bastante para proteger ou abarcar uma série de espaços dentro de seu volume, ou a composi- ção espacial talvez domine uma estrutura internalizada. Um sistema estrutural irregular ou assimétrico é capaz de criar uma vedação externa para uma composição espacial mais regular; por outro lado, uma grelha estru- tural talvez forneça um conjunto ou rede uniforme de pontos contra os quais uma composição espacial mais livre pode ser calibrada ou contrastada. Uma distinção entre o espaço e a estrutura talvez seja necessária para fazer com que o leiaute seja fl exível, para permitir o crescimento e a ampliação, para tornar visível a identidade dos diferentes sistemas e instala- ções da edifi cação, ou para expressar as diferenças en- tre as necessidades, os desejos e as relações internas e externas. Sala Sinopoli, Parco della Musica, Roma, Itália, 1994- 2002, Renzo Piano. Uma estrutura secundária sustenta uma cobertura revestida de folhas de chumbo e proje- tada de forma a reduzir o ingresso de ruídos externos no auditório, enquanto a estrutura primária sustenta as superfícies internas em cerejeira, que podem ser regu- ladas para melhorar o ambiente acústico. Ching_01.indd 29Ching_01.indd 29 15.10.09 12:37:3115.10.09 12:37:31 30 Sistemas Estruturais Ilustrados SISTEMAS ESTRUTURAIS Os sistemas podem ser defi nidos como um conjunto de partes inter-relacionadas ou interdependentes que formam um todo mais complexo e unifi cado, servindo a um fi m comum. As edifi cações podem ser vistas como uma materialização de vários sistemas e subsistemas que precisam, necessariamente, estar relacionados, co- ordenados e integrados entre si, e também com a forma dimensional e com a organização espacial do prédio como um todo. O sistema estrutural de uma edifi cação, em particu- lar, é formado por um conjunto estável de elementos estruturais, projetados e construídos para sustentar e transmitir as cargas impostas até o chão de maneira segura, sem exceder os esforços permissíveis de seus elementos. Cada elemento estrutural possui caracterís- ticas únicas e se comporta de maneira única sob cargas impostas. Contudo, antes que os elementos e compo- nentes estruturais possam ser isolados para fi ns de es- tudo e resolução, é importante que o projetista entenda como o sistema estrutural acomoda e sustenta, de maneira holística, as formas, os espaços e as relações programáticas e contextuais do projeto arquitetônico. Independentemente do tamanho e da escala daedifi - cação, seu sistema estrutural contém sistemas físicos de estrutura e vedação que defi nem e organizam suas formas e espaços. Esses elementos, por sua vez, podem ser divididos em subestrutura e superestrutura. Subestrutura A subestrutura é a divisão mais inferior de uma edi- fi cação (suas fundações), construída parcial ou com- pletamente abaixo da superfície do solo. Sua função primária consiste em sustentar e ancorar a superestru- tura acima, além de transmitir suas cargas para o solo com segurança. Uma vez que funciona como um vínculo crítico para a distribuição e a resolução das cargas da edifi cação, o sistema de fundações (mesmo que, em ge- ral, não fi que à vista) deve ser projetado para acomodar a forma e o leiaute da superestrutura acima, e também para responder às condições variáveis do solo, das ro- chas e da água subterrâneas. As principais cargas impostas sobre a fundação consis- tem numa combinação das cargas mortas (peso próprio) e das cargas acidentais (ou de serviço), que agem verti- calmente sobre a superestrutura. Além disso, o sistema de fundação deve ancorar a superestrutura contra as oscilações provocadas pelo vento, o tombamento e as pressões ascendentes ou a sucção do vento, além de suportar movimentos súbitos do solo em caso de terre- moto, e resistir à pressão imposta pela água do lençol freático e pela massa do solo lateral sobre as paredes do subsolo. Em alguns casos, o sistema de fundação talvez precise resistir ao empuxo das estruturas tensio- nadas ou com arcos. Solo ou rochas de sustentação Su pe re st ru tu ra Su be st ru tu ra Ching_01.indd 30Ching_01.indd 30 15.10.09 12:37:3115.10.09 12:37:31 1 – Estruturas de Edifi cações 31 SISTEMAS ESTRUTURAIS O terreno e o contexto de uma edifi cação infl uenciam o tipo de subestrutura selecionada e, consequentemente, o padrão espacial projetado. Relação com a superestrutura: O tipo e o padrão dos elementos • de fundação exigidos infl uenciam, ou até determinam, o leiaute dos apoios da superestrutura. Para a efi ciência estrutural, sempre que possível é preciso manter a continuidade vertical na transmissão de cargas. Tipo de solo: A integridade da estrutura de uma edifi cação • depende, em última análise, da estabilidade e da resistência sob carregamento do solo ou rocha sob a edifi cação. A capacidade de carregamento do solo ou rocha pode, portanto, limitar o dimensionamento de uma edifi cação ou exigir fundações mais profundas. Relação com a topografi a: As características topográfi cas • de um terreno possuem implicações e consequências tanto ecológicas como estruturais, exigindo que todas as implantações considerem os padrões de escoamento naturais, as condições que podem acarretar o alagamento, a erosão ou o recalque, e as providências a serem tomadas para a proteção do hábitat. Fundações superficiais As fundações superfi ciais são usadas sempre que um solo estável e com capacidade de carregamento adequada estiver relativa- mente perto da superfície. Elas são colocadas diretamente sob a parte mais baixa de uma subestrutura, e transferem as cargas da edifi cação diretamente para o solo de apoio, por meio da pressão vertical. As fundações superfi ciais podem assumir uma das for- mas geométricas a seguir: Pontuais: sapatas• Em linha: muros de arrimo e sapatas corridas• Planas: radiers – lajes de concreto espessas e extremamente • armadas, que atuam como uma única sapata monolítica para vários pilares ou uma edifi cação inteira – são usados sempre que a capacidade de carregamento permissível de um solo de fundação é baixa em relação às cargas da edifi cação, e quando as sapatas dos pilares internos se tornam tão grandes que é mais econômico fundi-las numa laje única. Os radiers podem ser enrijecidos por meio de uma grelha de nervuras, vigas ou paredes. Fundações profundas As fundações profundas são formadas por tubulões ou estacas cravados que descem em um solo inadequado para transferir as cargas da edifi cação até um estrato rochoso com capacidade de carregamento mais adequada, ou areias densas e pedras bem abaixo da superestrutura. O tamanho de uma sapata é determinado por sua carga e pela capacidade de carregamento do solo de apoio. Sapatas Radiers Sapatas corridas Fundações profundas Ching_01.indd 31Ching_01.indd 31 15.10.09 12:37:3115.10.09 12:37:31 32 Sistemas Estruturais Ilustrados SISTEMAS ESTRUTURAIS Superestrutura A superestrutura, ou o comprimento vertical da edifi ca- ção acima das fundações, é formada pela pele e pela estrutura interna que defi ne a forma da edifi cação, bem como por seu leiaute e sua composição espaciais. Pele A pele ou vedação externa de uma edifi cação (com- posta pela cobertura e pelas paredes externas, janelas e portas) fornece proteção e abrigo para os espaços internos da edifi cação. A cobertura e as paredes externas protegem os • espaços internos contra os rigores do clima, e também controlam a umidade, o calor e o fl uxo de ar através das diversas camadas de uma construção. As paredes externas e a cobertura também reduzem • os ruídos e proporcionam segurança e privacidade para os usuários da edifi cação. As portas possibilitam o acesso físico.• As janelas fornecem o acesso da luz, do ar e das • vistas. Estrutura O sistema estrutural é necessário para sustentar a pele da edifi cação, bem como seus pisos internos e paredes externas e internas; além disso, transfere as cargas impostas para a subestrutura. Os pilares, as vigas e as paredes portantes • sustentam as estruturas do piso e do telhado. As estruturas de piso são as bases planas e • niveladas do espaço interno que sustentam nossas atividades internas e o mobiliário. As paredes estruturais internas e as paredes internas • não portantes subdividem o interior da edifi cação em unidades espaciais (cômodos). Os elementos que resistem aos esforços laterais são • lançados para fornecer estabilidade lateral. No processo de construção, a superestrutura se eleva a partir da subestrutura, seguindo o mesmo caminho utilizado para transmitir suas cargas. Ching_01.indd 32Ching_01.indd 32 15.10.09 12:37:3115.10.09 12:37:31 1 – Estruturas de Edifi cações 33 SISTEMAS ESTRUTURAIS A intenção formal de um projeto de arquitetura pode ser oferecida, fornecida, sugerida ou determinada pelo terreno e pelo contexto, pelo programa e pela função, ou pelos objetivos e pelo signifi cado. Além de consi- derar as opções formais e espaciais, também devemos contemplar nossas opções estruturais (a palheta de materiais, os tipos de apoios e elementos horizontais, e os sistemas de resistência aos esforços laterais). Essas escolhas são capazes de infl uenciar, sustentar e refor- çar as dimensões formais e espaciais de um projeto. Tipo de sistema estrutural• Leiaute e padrão dos apoios• Vãos vencidos e proporções• Tipos de sistemas de vencimento de vãos• Sistemas de travamento lateral (contraventamento)• Palheta de materiais estruturais• Numa etapa posterior do processo de elaboração do projeto, também será preciso investigar a forma e a dimensão dos componentes estruturais, além dos deta- lhes das conexões. Porém, as decisões de larga escala supracitadas vêm em primeiro lugar, uma vez que deter- minam a direção e estabelecem os parâmetros para o desenvolvimento do projeto e dos detalhes. Ching_01.indd 33Ching_01.indd 33 15.10.09 12:37:3115.10.09 12:37:31 34 Sistemas Estruturais Ilustrados SISTEMAS ESTRUTURAIS Tipos de sistemas estruturais Considerando uma atitude específi ca em relação à função expressiva do sistema estrutural e da composição espacial desejada, é possível fazer escolhas adequadas para um sistema estrutural desde que entendamos os atributos formais que os vários sistemasdesenvolvem ao responder aos esforços impostos e ao redirecionar essas solicitações para suas fundações. As estruturas de massa ativa redirecionam as forças • externas principalmente através do volume e da continuidade do material, como vigas e pilares. As estruturas de vetor ativo redirecionam as forças • externas principalmente através da composição dos elementos de tração e compressão, como uma treliça. As proporções dos elementos estruturais (como paredes • portantes, lajes de piso e de cobertura, abóbadas e cúpulas) nos fornecem evidências visuais de suas funções dentro do sistema estrutural, bem como da natureza de seu material. Uma parede de alvenaria, que é resistente à compressão, mas relativamente fraca em termos de fl exão, será mais espessa do que uma parede de concreto armado exercendo a mesma função. Um pilar de aço é mais fi no do que um pilar de madeira suportando a mesma carga. Uma laje de concreto armado de quatro polegadas vencerá um vão superior ao vencido por um tablado de madeira de quatro polegadas. As estruturas de superfície ativa redirecionam as forças • externas principalmente ao longo da continuidade de uma superfície, como uma estrutura em lâmina ou casca. As estruturas de forma ativa redirecionam as forças • externas principalmente através da forma de seu material, como um sistema em arco ou cabo. Para fi ns de estabilidade, as estruturas dependem • menos do peso e da rigidez dos materiais, e mais de sua geometria, como ocorre com as estruturas em membrana e as treliças espaciais. Nesse caso, os elementos fi carão cada vez mais fi nos até perder sua capacidade de gerar a escala e a dimensão de um espaço. Ching_01.indd 34Ching_01.indd 34 15.10.09 12:37:3115.10.09 12:37:31 1 – Estruturas de Edifi cações 35 SISTEMAS ESTRUTURAIS Análise e projeto de estruturas Antes de se passar para a discussão do projeto de estru- turas, talvez seja útil estabelecer uma distinção entre o projeto estrutural e a análise estrutural. A análise estru- tural busca determinar a capacidade de uma estrutura, ou qualquer dos elementos que a constituem, sejam eles existentes ou pressupostos, de transmitir com segurança um determinado conjunto de cargas sem sobrecarregar os materiais ou provocar deformações excessivas, consi- derando o arranjo, o formato e as dimensões dos elemen- tos, os tipos de vínculos e apoios utilizados e os esforços permissíveis dos materiais utilizados. Em outras palavras, a análise estrutural ocorre somente com uma estrutura específi ca e com certas condições de carregamento. O projeto de estruturas, por outro lado, se refere ao pro- cesso de distribuir, interconectar, dimensionar e propor- cionar os elementos de um sistema estrutural, de forma a transferir com segurança um determinado conjunto de cargas sem exceder os esforços permissíveis dos materiais utilizados. Similarmente a outras atividades de projeto, o projeto de estruturas deve operar num am- biente de incertezas, ambiguidades e arredondamentos. Ele é a busca por um sistema estrutural que atenda à demanda das cargas, mas que também aborde o projeto arquitetônico, de urbanismo e as questões do programa de necessidades em questão. O primeiro passo no processo de projeto de estruturas talvez seja estimulado pela natureza do projeto arquite- tônico, pelo terreno e pelo contexto, ou pela disponibili- dade de determinados materiais. A ideia por trás do projeto de arquitetura talvez gere • um tipo específi co de confi guração ou padrão. O terreno e o contexto podem sugerir um • determinado tipo de resposta estrutural. Os materiais estruturais talvez sejam determinados • pelas exigências impostas pelo código de obras, pelo fornecimento, pela disponibilidade de mão de obra ou pelos custos. Assim que o tipo de sistema estrutural, sua confi gu- ração ou padrão e a palheta de materiais estruturais forem projetados, o processo de projeto poderá passar para o dimensionamento e a proporção dos vínculos e dos elementos individuais, além dos detalhes das conexões. Por questões de clareza, os elementos que resistem • aos esforços laterais foram omitidos. Veja o Capítulo 5 para os sistemas e estratégias de resistência aos esforços laterais. Projeto de estruturas Análise estrutural O projeto de estruturas e a construção da edifi cação geralmente operam do solo para cima, enquanto a análise estrutural é feita de cima para baixo. Ching_01.indd 35Ching_01.indd 35 15.10.09 12:37:3115.10.09 12:37:31 36 Sistemas Estruturais Ilustrados SISTEMAS ESTRUTURAIS Detalhamento das conexões A maneira como as forças são transferidas de um elemento estrutural para outro e o sistema estrutural funciona como um todo depende, em grande parte, dos tipos de vínculos e conexões utilizados. Há três maneiras de conectar os elementos estruturais entre si. As juntas de topo permitem que um dos elementos • seja contínuo, e, em geral, exigem um terceiro elemento mediador para fazer a conexão. As juntas sobrepostas permitem que todos os • elementos conectados passem uns pelos outros e atuem de maneira contínua ao longo da junta. Os elementos de conexão também podem ser • moldados ou confi gurados de maneira a formar uma conexão estrutural. Também é possível categorizar as conexões estruturais conforme uma base geométrica. Pontuais: conexões parafusadas• Em linha: conexões soldadas• Planas: conexões coladas• Existem três tipos fundamentais de conexões estruturais. As juntas de pino permitem a rotação, mas resistem • à translação em qualquer direção. As juntas articuladas com roletes permitem a • rotação, mas resistem à translação numa direção perpendicular para dentro ou em direção contrária à sua face. As juntas rígidas mantêm a relação regular entre • os elementos conectados, impedem a rotação e a translação em qualquer direção e fornecem tanto força como resistência a momentos fl etores. Os suportes em cabo, ou ancoragens, permitem a • translação, mas resistem à translação somente na direção do cabo. Juntas de topo Juntas sobrepostas Juntas de encaixe Pontuais: conexões para- fusadas Em linha: conexões sol- dadas Planas: conexões coladas Juntas de pino Juntas articuladas com roletes Juntas rígidas Ancoragem com cabos e suportes Ching_01.indd 36Ching_01.indd 36 15.10.09 12:37:3115.10.09 12:37:31 1 – Estruturas de Edifi cações 37 PLANEJAMENTO ESTRUTURAL No processo de projeto, costumamos pensar primeiro no padrão holístico mais amplo antes de considerar as unidades estruturais elementares que compõem o todo maior. Portanto, quando estabelecemos estratégias para desenvolver a planta baixa estrutural de uma edifi cação, é preciso considerar tanto a natureza da composição arquitetônica como o tipo e a confi guração dos elementos estruturais. Isso leva a uma série de questões fundamentais: Projeto da edificação Existe uma forma geral obrigatória ou a composição • arquitetônica é formada por partes articuladas? Em caso positivo, essas partes devem ser ordenadas de maneira hierárquica? Os principais elementos arquitetônicos são planos ou • lineares por natureza? Programa de necessidades Há relações obrigatórias entre a escala desejável e • a proporção dos espaços do programa, a capacidade de vencimento de vãos do sistema estrutural e o leiaute resultante e os espaçamentos dos apoios? Há alguma razão espacial que justifi que o uso de • sistemas horizontais unidirecionais ou bidirecionais? Integração dos sistemas Como é possível integrar os sistemas mecânicos e as • demais instalações do prédio ao sistema estrutural? Exigências dos códigos de obras Quais são as exigências dos códigos de obras para o • uso previsto, a ocupação e a escala da edifi cação? Quais são os tipos de construção e materiaisde • construção necessários? Viabilidade econômica Como a disponibilidade de materiais, os processos • de fabricação, as exigências de transporte, as exigências de mão de obra e equipamentos e o tempo de execução infl uenciam a escolha do sistema estrutural? É necessário prever a ampliação e a expansão, seja • horizontal ou verticalmente? Ching_01.indd 37Ching_01.indd 37 15.10.09 12:37:3215.10.09 12:37:32 38 Sistemas Estruturais Ilustrados PLANEJAMENTO ESTRUTURAL Condicionantes legais Existe uma relação regulamentada entre o tamanho (altura e área) da edifi cação e o uso previsto, o nível de ocupação e o tipo de construção. A compreensão da escala projetada para a edifi cação é importante, já que o tamanho da edifi cação está associado ao tipo de sis- tema estrutural necessário e aos materiais que podem ser usados na estrutura e na construção. Regulamentos municipais de ocupação dos terrenos Os regulamentos municipais de ocupação de terrenos delimitam o volume permissível (altura e área) e o formato da edifi cação com base em sua localização no município e sua posição dentro do terreno, geralmente mediante a especifi cação de vários aspectos do dimensionamento. A parcela do solo que pode ser coberta por • uma estrutura e a área de piso total que pode ser construída costumam ser expressas como percentuais da área do terreno. A largura e a profundidade máximas de uma • edifi cação podem ser expressas como percentuais das dimensões do terreno. Os regulamentos municipais também podem • especifi car a altura da estrutura para uma área específi ca, de forma a garantir a luz, o ar e o espaço adequados, além de melhorar o ambiente urbano e para os pedestres. O tamanho e a forma da edifi cação também são con- trolados indiretamente através da especifi cação das distâncias obrigatórias mínimas entre a edifi cação e as divisas do terreno, fornecendo ar, luz, acesso solar e privacidade. Divisas• Recuos frontal, lateral e de fundos• Uso e ocupação Tipo de construção Altura e área da edifi cação Ching_01.indd 38Ching_01.indd 38 15.10.09 12:37:3215.10.09 12:37:32 1 – Estruturas de Edifi cações 39 PLANEJAMENTO ESTRUTURAL Os códigos de obra especifi cam as classes (ou tempos) de resistência ao fogo dos materiais e da construção necessárias para a edifi cação, conforme sua localiza- ção, seu uso e sua ocupação, além da altura e da área por pavimento. Altura e área da edificação Além dos regulamentos municipais que limitam o uso e a área de piso total, a altura e o volume de uma edifi cação, existem normas de construção (como o International Building Code®, ou IBC) que limitam a altura e a área máxima de cada pavimento da edifi cação conforme o tipo de construção e o grupo de ocupação, expressando a re- lação intrínseca entre o grau de resistência ao fogo, o ta- manho da edifi cação e o tipo de ocupação. Quanto maior for a edifi cação, maior será o número de ocupantes, mais sujeita a riscos será a edifi cação e mais resistente ao fogo a estrutura deve ser. O objetivo consiste em prote- ger a edifi cação do fogo e conter o incêndio pelo tempo necessário para evacuar os usuários com segurança e para que ocorra o combate ao incêndio. A limitação de tamanho pode ser excedida se a edifi cação contar com um sistema de chuveiros automáticos (sprinklers), ou se for dividida com paredes corta-fogo em áreas que não excedem a limitação de tamanho imposta. Classifi cações de ocupação A Reunião Auditórios, teatros e estádios B Trabalho Escritórios, laboratórios e equipamentos de ensino superior E Educacional Equipamentos de ensino infantil e escolas até o 3º ano do ensino médio F Fábricas e Indústrias Equipamentos de fabricação, montagem ou manufa- tura H Alto Risco Equipamentos que lidam com uma quantidade de materiais perigosos de natureza específi ca I Institucional Equipamentos para uso supervisionado, como hos- pitais, casas de repouso e reformatórios M Comércio varejista Lojas para exposição e venda de mercadorias R Residencial Casas, edifícios de apartamento e hotéis S Depósito Galpões e assemelhados U Utilidades A al tu ra d a ed ifi ca çã o po de se r e xp re ss a co m o al tu ra to ta l a p ar tir d o so lo o u pe lo nú m er o de p av im en to s Ching_01.indd 39Ching_01.indd 39 15.10.09 12:37:3215.10.09 12:37:32 40 Sistemas Estruturais Ilustrados PLANEJAMENTO ESTRUTURAL Altura e área máximas de uma edifi cação Na Tabela IBC 503, usada nos Estados Unidos, a altura e a área permitida para uma edifi cação são determina- das pela intersecção do grupo de ocupação e do tipo de construção. Uma vez que a ocupação costuma ser determinada antes das alturas e das áreas, a tabela geralmente se lê a partir da lista dos grupos de ocu- pação, até que seja encontrada a ocupação mais ade- quada para o projeto da edifi cação. A seguir, a leitura transversal leva às alturas permissíveis e às áreas da edifi cação com base nos tipos de construção. Observe que a distinção entre as categorias de constru- ção A e B trata dos tempos de resistência ao fogo. Já que a categoria A tem uma resistência ao fogo maior, as edifi cações do Tipo A têm, em qualquer construção, alturas e áreas permissíveis mais altas em relação às edifi cações do Tipo B. Se utilizarmos o princípio de classifi car a ocupação pelo grau de risco e os tipos de edifi cação pela resistência ao fogo, quanto maior for o nível de segurança contra incêndio, maior e mais alta pode ser a edifi cação. As alturas são expressas de duas maneiras. A primeira é a altura em pés em relação ao nível da rua, e, geral- mente, não depende da ocupação, mas está vinculada à resistência ao fogo. A segunda, por sua vez, é a altura em pavimentos, e está vinculada à ocupação. Ambos os conjuntos de critérios se aplicam a cada análise. Isso evita alturas excessivas entre os pisos, que podem resultar numa edifi cação mais alta do que o limite em pés em relação ao nível da rua, caso as alturas deixem de ser tabuladas. A ilustração da página seguinte mostra a relação da ocupação e do tipo de construção com as áreas de construção e alturas permissíveis. Os exemplos ressal- tam as diferenças à medida que passamos das constru- ções do Tipo I (com classifi cação de resistência ao fogo) para as do Tipo V (sem classifi cação de resistência ao fogo). Au m en to d a re si st ên ci a ao fo go Diminuição do número de usuários Tipo de construção I II III IV V À medida que a resistência de uma construção diminui, também diminuem a altura e a área permis- síveis da edifi cação, além do número permissível de usuários Altura em pés acima do nível da rua (Altura da edifi cação) Grupo (ocupação) A (Reunião)• B (Trabalho)• E (Educacional)• F (Fábrica)• H (Alto Risco)• I (Institucional)• M (Comercial)• R (Residencial)• S (Depósito)• U (Utilidades)• Tabela IBC 503 Tipo de construção Maior resistência ao fogo Menor resistência ao fogo Tipo I A B Tipo II A B Tipo III A B Tipo IV HT Tipo V A B 2 Pavimentos 1.347 m² de área de piso por pavimento 55 Ching_01.indd 40Ching_01.indd 40 15.10.09 12:37:3215.10.09 12:37:32 1 – Estruturas de Edifi cações 41 PLANEJAMENTO ESTRUTURAL Trecho da Tabela IBC 503 (Mostrando a altura máxima admissível da edifi cação, o número de pavimentos e as áreas de piso pro- porcionais por pavimento) Tipo de construção Tipo I Tipo II Tipo III Tipo IV Tipo V Extraído da Tabela IBC 601 A Resistência ao fogo A Resistência ao fogo B Resistência parcial ao fogo Pesado Madeira B Sem classifi ca- ção de resistên-cia ao fogo Ocupação A-2 (Restaurante) UL/UL/UL 65/3/15,500 sf 55/2/9,500 sf 65/3/15,000 sf 40/1/6,000 sf 19,8 m/3/(1.440 m2) 16,8 m/2/(883 m2) 19,8 m/3/(1.394 m2) 12,2 m/1/(557 m2) B (Trabalho) UL/UL/UL 65/5/37,500 sf 55/4/19,000 sf 65/5/36,000 sf 40/2/9,000 sf 19,8 m/5/(3.484 m2) 16,8 m/4/(1.765 m2) 19,8 m/5/(3.344 m2) 12,2 m/2/(836 m2) M (Comércio varejista) UL/UL/UL UL/UL/UL 65/4/21,500 sf 55/4/12,500 sf 65/4/20,500 sf 40/1/9,000 sf 19,8 m/4/(1.997 m2) 16,8 m/4/(1.161 m2) 19,8 m/4/(1.904 m2) 12,2 m/1/(836 m2) 65/4/24,000 sf 55/4/16,000 sf 65/4/20,500 sf 40/2/7,000 sf 19,8 m/4/(2.230 m2) 16,8 m/4/(1.486 m2) 19,8 m/4/(1.904 m2) 12,2 m/2/(650 m2) R-2 (Apartamento) Ching_01.indd 41Ching_01.indd 41 15.10.09 12:37:3215.10.09 12:37:32 42 Sistemas Estruturais Ilustrados PLANEJAMENTO ESTRUTURAL Tipos de construção O IBC classifi ca a construção de uma edifi cação de acordo com a resistência ao fogo de seus principais componentes: Estrutura independente • Paredes portantes externas e internas • Paredes não portantes e paredes internas • Sistemas de piso e cobertura • As edifi cações do • Tipo I apresentam elementos principais construídos com materiais incombustíveis, como concreto, alvenaria ou aço. Alguns materiais combustíveis são permitidos, desde que sejam secundários para a estrutura principal da edifi cação. As edifi cações do • Tipo II são semelhantes às do Tipo I, exceto por uma redução nos níveis (tempos) obrigatórios de resistência ao fogo dos principais elementos da edifi cação. As edifi cações do • Tipo III têm paredes externas incombustíveis, enquanto os principais elementos externos podem utilizar qualquer material previsto pela norma. As edifi cações do • Tipo IV (Madeira Pesada, ou HT, na sigla em inglês) apresentam paredes externas incombustíveis, e os principais elementos internos são de madeira maciça ou laminada com tamanhos mínimos especifi cados e sem espaços vazios (câmaras de ar). As edifi cações do • Tipo V contêm elementos estruturais, paredes externas e paredes internas que utilizam qualquer material previsto pelas normas. A construção protegida contra incêndio exige que todos • os principais elementos da edifi cação (com exceção das paredes internas não portantes) tenham uma hora de resistência ao fogo. A construção sem proteção contra incêndio não • apresenta exigências referentes à resistência ao fogo, exceto quando o código exige paredes externas seguras devido à proximidade da edifi cação com uma divisa do terreno. Construção não infl amável Construção infl amável Proteção ativa contra o fogo Proteção passiva contra o fogo Ching_01.indd 42Ching_01.indd 42 15.10.09 12:37:3215.10.09 12:37:32 1 – Estruturas de Edifi cações 43 PLANEJAMENTO ESTRUTURAL Classes de resistência ao fogo obrigatória em horas (baseadas na Tabela IBC 601) Tipo de construção Tipo I Tipo II Tipo III Tipo IV Tipo V A B A B A B HT A B Elemento da edifi cação Estrutura 3 2 1 0 1 0 2 1 0 Paredes portantes Externas 3 2 1 0 2 2 2 1 0 Internas 3 2 1 0 1 0 1/HT 1 0 Paredes não portantes Externas As exigências de resistência ao fogo para paredes externas não portantes se baseiam na distância em relação à divisa do terreno, ao eixo da rua ou a uma linha imaginária entre duas edifi cações no mesmo terreno. Internas 0 0 0 0 0 0 1/HT 0 0 Piso 2 2 1 0 1 0 HT 1 0 Cobertura 11/2 1 1 0 1 0 HT 1 0 As classes de resistência ao fogo se ba- seiam no desempenho de vários materiais e das conexões da construção sob condi- ções de testagem para casos de incêndio, conforme defi nido pela American Society for Testing and Materials [Sociedade Nor- te-Americana de Testagem de Materiais] (ASTM). No entanto, o código de obras norte-americano permite que os projetis- tas utilizem diversos métodos alternativos para demonstrar a adequação com os critérios de resistência ao fogo. Um dos métodos autoriza o uso das classes deter- minadas por agências de prestígio, como o Underwriters Laboratory e a Factory Mutual. O próprio IBC contém uma lista de sistemas consagrados pelo uso, descre- vendo as medidas de proteção que podem ser aplicadas aos elementos estruturais, ao piso, à cobertura e às paredes de forma a obter as classifi cações de resistência ao fogo necessárias. Pilar de aço protegido por • concreto leve moldado in loco, e com estribos em helicoidal. Uma a quatro horas de • resistência ao fogo. Pilar de aço protegido por • argamassa de perlita ou vermiculita sobre uma tela de metal. Três a quatro horas de • resistência ao fogo. Pilar de concreto armado com • agregado leve. Uma a quatro horas de • resistência ao fogo. Ching_01.indd 43Ching_01.indd 43 15.10.09 12:37:3215.10.09 12:37:32 44 Sistemas Estruturais Ilustrados PLANEJAMENTO ESTRUTURAL Durante o planejamento de qualquer sistema estrutu- ral, há dois atributos que devem ser incorporados ao projeto para orientar seu desenvolvimento e garantir sua estabilidade, durabilidade e efi ciência. Esses atributos – a redundância e a continuidade – não se aplicam somente a um material específi co ou a um de- terminado tipo de elemento estrutural (como uma viga, um pilar ou uma tesoura), mas se referem à estrutura da edifi cação vista como um sistema holístico de partes inter-relacionadas. O colapso de uma edifi cação pode resultar de qualquer fratura, fl ambagem ou deformação plástica que tornar uma conexão, um elemento ou uma junta estrutural incapaz de manter a função de transmissão de cargas para a qual foi projetado. Para evitar o colapso, os projetos estruturais costumam empregar um fator de segurança, que é expresso como a proporção dos esfor- ços máximos que um elemento estrutural pode suportar em relação ao esforço máximo permissível no uso para o qual foi projetado. Em condições normais, qualquer elemento estrutural sofre deformações elásticas (fl ambagem ou torção, por exemplo) devido à imposição de forças, mas volta ao seu formato original quando a força é removida. As for- ças extremas, porém, como aquelas geradas durante um terremoto, podem causar uma deformação não elástica; nesse caso, o elemento é incapaz de retornar ao seu formato original. Para resistir a essas forças extremas, é preciso construir os elementos com materiais dúcteis. A ductilidade é a propriedade que permite que o mate- rial sofra uma deformação plástica após ser tensionado além de seu limite de elasticidade, mas antes de che- gar à ruptura. A ductilidade é importante para os mate- riais estruturais, uma vez que o comportamento plástico indica a resistência adicional e, frequentemente, atua como um aviso visual do colapso iminente. Além disso, a ductilidade de um elemento estrutural permite que cargas excessivas sejam distribuídas para outros com- ponentes ou outras partes do mesmo elemento. Redundância Além do uso de fatores de segurança e de materiais dúc- teis, outro método para se evitar o colapso estrutural con- siste na incorporação da redundância ao projeto de estrutu- ras. Uma estrutura redundante inclui elementos, conexões ou apoios cujo uso não é obrigatório em estruturas estati- camente determinadas; dessa forma, se algum elemento, conexão ou apoio falhar, existem caminhos alternativos para a transferência das ações. Em outras palavras, o con- ceito de redundância envolve o fornecimento de diferentes caminhos para a transferência de cargas, permitindo que as forças ultrapassem um ponto de defi ciência estrutural ou uma falha estrutural localizada. A redundância é extremamente importante em regiões sujeitas a terremotos – principalmente nos sistemas de resistência aos esforços laterais da estrutura. Ela também é essencial para as estruturas que cobrem vãos maiores, já que o colapso de uma treliça,arco ou longari- na principal poderia levar ao colapso de grande parte da estrutura ou até ao colapso absoluto. As vigas simplesmente apoiadas nas extremidades • são estruturas determinadas; suas reações de sustentação são determinadas facilmente por meio do uso de equações de equilíbrio. Se a mesma viga for contínua sobre quatro pilares, • a estrutura será indeterminada porque há mais reações de sustentação do que equações de equilíbrio aplicáveis. Na verdade, a continuidade da viga sobre apoios múltiplos gera caminhos redundantes para a transmissão das cargas verticais e laterais às fundações de apoio. Ching_01.indd 44Ching_01.indd 44 15.10.09 12:37:3215.10.09 12:37:32 1 – Estruturas de Edifi cações 45 PLANEJAMENTO ESTRUTURAL A aplicação da redundância estrutural a um sistema estrutural inteiro protege contra o colapso progressivo da estrutura. O colapso progressivo pode ser descrito como a propagação de uma falha local inicial de um elemento para outro, resultando, eventualmente, no colapso da estrutura inteira ou de uma parte despro- porcionalmente grande da mesma. Isso é preocupante, já que o colapso progressivo pode resultar em danos estruturais progressivos e na perda de vidas. Uma estrutura independente conectada com juntas • simples estará sujeita ao colapso progressivo se um de seus elementos ou conexões falhar. Com conexões rígidas de viga-pilar, a mesma estrutura possui caminhos de forças tanto para as cargas verticais como para as laterais. Caso um pilar do nível térreo rompa, a estrutura • rígida será capaz de redistribuir as cargas através da estrutura, sem entrar em colapso. Em caso de danifi cação ou destruição dos pilares • de determinado pavimento, as cargas verticais são redirecionadas pelos pilares de cima até uma grande treliça ou longarina no pavimento de cobertura. A treliça ou longarina redistribui as cargas para os pilares que ainda funcionam. A redundância na estrutura total da edifi cação fornece caminhos alternativos para as cargas, e ajuda a evitar o colapso progressivo. As cargas verticais geralmente são recebidas por uma • viga que redireciona a carga até os pilares adjacentes por meio da fl exão. Os pilares, por sua vez, transferem as cargas para a fundação através de um caminho contínuo. Estrutura independente de concreto • ou aço com juntas rígidas Pilar fl ambado no nível térreo• Ching_01.indd 45Ching_01.indd 45 15.10.09 12:37:3215.10.09 12:37:32 46 Sistemas Estruturais Ilustrados PLANEJAMENTO ESTRUTURAL Continuidade A continuidade gera um caminho direto e ininterrupto para os esforços que percorrem a estrutura da edifi cação, desde o nível da cobertura até as fundações. Os caminhos contínuos permitem que todos os esforços aos quais a estrutura é sub- metida sejam transmitidos desde o ponto de aplicação até a fundação. Todos os elementos e as conexões ao longo do caminho dos esforços devem ter resistência, rigidez e capaci- dade de deformação sufi cientes para transferir as cargas sem impedir a estrutura de agir como uma unidade. Para impedir o colapso progressivo, os elementos e os • sistemas estruturais devem ser amarrados de maneira adequada, permitindo que os esforços e os deslocamentos sejam transferidos entre os elementos verticais e horizontais da estrutura. As conexões fortes aumentam a resistência e a rigidez • gerais da estrutura, permitindo que todos os elementos da edifi cação atuem como uma unidade. As conexões inadequadas são os pontos fracos do caminho dos esforços e, com frequência, causam danos e o colapso da edifi cação durante terremotos. Os elementos rígidos não estruturais devem ser isolados • adequadamente em relação à estrutura principal para evitar a atração de cargas que possam danifi cá-los e, no processo, criar caminhos de esforços não previstos, causando danos aos elementos estruturais. Os caminhos dos esforços devem ser os mais diretos • possível dentro da estrutura da edifi cação; é preciso evitar as descontinuidades. A descontinuidade do alinhamento vertical dos pilares e das • paredes portantes em pavimentos sucessivos faz com que as cargas verticais sejam transferidas horizontalmente, induzindo momentos fl etores intensos sobre a viga, longarina ou treliça de sustentação abaixo, e exigindo elementos mais altos. Os esforços laterais provenientes da cobertura são • suportados pelo contraventamento diagonal do terceiro pavimento. O contraventamento transmite os esforços laterais para o diafragma do terceiro pavimento, que, por sua vez, passa as cargas para o contraventamento do segundo pavimento. A seguir, os esforços laterais reunidos no segundo pavimento são transmitidos para o pavimento térreo através do diafragma do segundo pavimento. O caminho dos esforços é indireto devido à descontinuidade vertical do contraventamento diagonal. Quando o sistema de contraventamento vertical é • distribuído de maneira contínua (nesse caso, como uma treliça vertical), as cargas seguem um caminho bastante direto até a fundação. Caminhos diretos para a transmissão dos esforços• Caminhos indiretos para a transmissão dos esforços• Ching_01.indd 46Ching_01.indd 46 15.10.09 12:37:3215.10.09 12:37:32
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