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acordao dois (homicidio por motivos torpes com concursos de agentes

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PODER JUDICIÁRIO
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
Registro: 2018.0000278786
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos do Revisão Criminal 
nº 0056793-37.2015.8.26.0000, da Comarca de Bauru, em que é 
peticionário DAYANA CRISTINA BARBOZA.
ACORDAM, em 4º Grupo de Direito Criminal do Tribunal de 
Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "JULGARAM 
IMPROCEDENTE a ação revisional. V.U.", de conformidade com o voto do 
Relator, que integra este acórdão.
O julgamento teve a participação dos Exmos. 
Desembargadores FREITAS FILHO (Presidente), REINALDO CINTRA, 
MARCO ANTÔNIO COGAN, GRASSI NETO, RICARDO SALE JÚNIOR, 
ALCIDES MALOSSI JUNIOR E ALBERTO ANDERSON FILHO.
São Paulo, 1º de março de 2018.
OTAVIO ROCHA
RELATOR
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
Revisão Criminal nº 0056793-37.2015.8.26.0000 2
VOTO nº 6349
Revisão Criminal nº 0056793-37.2015.8.26.0000
Comarca: BAURU
Peticionário: DAYANA CRISTINA BARBOZA
Revisão criminal Sentenciada condenada pela prática de 
homicídio triplamente qualificado Ação revisional visando 
a desclassificação para o delito de lesão corporal com base 
em suposta “desistência voluntária” ou “cooperação 
dolosamente distinta” (art. 29, § 1º, do Código Penal). 
Pleitos subsidiários de reconhecimento de reconhecimento 
da “participação de menor importância” e afastamento da 
qualificadora do “emprego de fogo” Desistência voluntária 
que não restou demonstrada nos autos Provas 
amealhadas aos autos que demonstraram que a 
peticionária agiu como coautora dos delitos, o que 
inviabiliza a aplicação dos institutos dos §§ 1º e 2º do art. 
29 do Cód. Penal Precedentes Qualificadoras 
comprovadas Soberania dos veredictos do Tribunal do 
Júri A Revisão Criminal, fundada no inciso I do artigo 621, 
do Cód. de Proc. Penal, somente é cabível para reformar 
decisão que contenha flagrante erro judiciário, não 
possuindo a natureza de uma segunda apelação ou 
'terceira instância' de julgamento Decisão que não se 
revela 'contrária à prova dos autos' Amplo entendimento 
jurisprudencial no sentido de que é inviável o 
redimensionamento das penas por meio de Revisão, salvo 
nas hipóteses de erro técnico na sua aplicação ou flagrante 
injustiça Ação revisional improcedente.
Trata-se de ação revisional proposta por DAYANA CRISTINA 
BARBOZA, que foi condenada (Processo Criminal nº 
0029484-66.2008.8.26.0071) ao cumprimento de 18 anos de reclusão, 
em regime inicial fechado, pela prática do delito do artigo 121, § 2º, 
incisos I, III e IV, cc. art. 29, ambos do Código Penal, cujas razões 
jurídicas foram apresentadas pela i. Defensora Pública que a assiste 
por meio da peça de fls. 11/19.
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Revisão Criminal nº 0056793-37.2015.8.26.0000 3
Pleiteia a i. Defensora Pública a desclassificação da conduta da 
peticionária sob a alegação de que a mesma teria desistido 
voluntariamente da empreitada criminosa. Subsidiariamente, pugna 
pelo reconhecimento de que “a requerente participou de crime menos 
grave [de lesão corporal]” (art. 29, § 2º, do Cód. Penal); pela aplicação 
da “participação de menor importância” (art. 29, § 1º, do CP), com a 
consequente redução máxima da reprimenda; e, ainda, pelo 
afastamento da qualificadora (valorada como agravante genérica) 
referente ao “emprego de fogo, visto que quando a vítima foi 
incendiada já estava morta” (fl. 18v.).
A E. Procuradoria de Justiça Criminal manifestou-se pelo não 
conhecimento do pedido e, no mérito, por seu indeferimento (fls. 
22/29).
É o relatório.
O pedido revisional, fundado unicamente no artigo 621, I, do 
Código de Processo Penal, em princípio, não mereceria ser 
conhecido.
É que a revisão, embasada no artigo 621, inciso I, do CPP, 
como ação destinada a rescindir a coisa julgada, viabiliza-se apenas 
quando a condenação houver sido lançada contra a prova dos autos, 
caracterizando evidente erro judiciário, o que não se vislumbra no 
presente caso, que encerra simples pedido de reexame de provas.
Precisa a lição de JÚLIO FABBRINI MIRABETE a propósito do 
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tema, quando afirma que sentença contrária à evidência dos autos é 
aquela que "não se apoia em nenhuma prova existente no processo, 
que se divorcia de todos os elementos probatórios, ou seja, que tenha 
sido proferida em aberta afronta a tais elementos do processo", 
observando ainda que, "A eventual precariedade da prova, que possa 
gerar dúvida no espírito do julgador na fase de revisão, não autoriza a 
revisão em face de nosso sistema processual"1.
Sobre a natureza da ação revisional, ensina ainda GUILHERME 
DE SOUZA NUCCI2 que “O objetivo da revisão não é permitir uma 
'terceira instância' de julgamento, garantindo ao acusado mais uma 
oportunidade de ser absolvido ou ter reduzida sua pena, mas, sim, 
assegurar-lhe a correção de um erro judiciário. Ora, este não ocorre 
quando um juiz dá a uma prova uma interpretação aceitável e 
ponderada. Pode não ser a melhor tese ou não estar de acordo com a 
turma julgadora da revisão, mas daí a aceitar a ação rescisória 
somente para que prevaleça peculiar interpretação é desvirtuar a 
natureza do instituto”.
Sem embargo da presença desta circunstância indutora do não 
conhecimento da revisão, conhecendo-a, todavia, para dar máxima 
amplitude ao direito de defesa, o resultado é o indeferimento, eis que 
a respectiva peça de sustentação não apresenta qualquer causa 
jurídica capaz de motivar a alteração do édito condenatório, já 
reexaminado por este Egrégio Tribunal de Justiça em sede de 
apelação, ocasião em que foi negado provimento ao recurso defensivo 
(v. Acórdão às fls. 296/308 autos principais).
1 Código de Processo Penal Interpretado. São Paulo: Atlas, 1994, págs. 724/725.
2 Código de Processo Penal Comentado, 14ª ed. São Paulo: Ed. RT, págs. 1239/1240.
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De fato, analisando-se os argumentos deduzidos pela 
i. Defensora Pública, neles não se identifica qualquer base sólida para 
motivar a reforma da decisão combatida.
Depreende-se dos autos que a DAYANA, “em concurso com o 
menor Paulo (...), agindo com ânimo homicida, por motivo torpe, com 
emprego de fogo e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, 
matou Maria Nilcéia Barbosa, sua genitora. Segundo o apurado, 
policiais militares foram acionados para comparecer ao local dos fatos, 
tendo em vista notícia de incêndio em residência. Chegando lá, 
observaram um corpo parcialmente carbonizado caído na cozinha, 
sendo que em sua cabeça havia uma poça de sangue. Observaram, 
também, que no quintal da casa havia 2 pedaços de madeira com 
manchas de sangue e uma garrafa contendo álcool. Ocorre que 
passados alguns minutos, o cachorro pertencente à ofendida dirigiu-se 
[a um] matagal na beira de um riacho próximo ao foco do fogo, onde 
os milicianos encontraram uma sacola contendo um par de chinelos, 
uma calça e uma blusa jeans sujos de sangue, tendo o menor Thalis, 
filho de Maria [vítima], confirmado que os objetos pertenciam à 
[DAYANA, sua irmã]. Assim, diante das evidências, concluíram os 
policiais que a denunciada foi a autora do crime, tendo esta 
confessado, posteriormente, perante a Autoridade Policial. Evidenciou-
se que DAYANA perdeu a guarda de seu filho Ryan, de 3 anos, para a 
vítima, sua genitora, com quem tinha frequentes desavenças e 
discussões, de modo que resolveu matá-la com a ajuda de Paulo. 
Dessa forma, pela manhã, após mais uma briga, colocaram em 
execuçãoa intenção homicida, surpreendendo a ofendida do lado de 
fora da residência, com pauladas em sua cabeça, deixando-a 
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desacordada e carregando-a para o interior do imóvel, até a cozinha, 
onde tentaram simular um acidente doméstico ou suicídio, despejando 
líquido inflamável sobre o corpo dela e incendiando-a, tudo com a 
finalidade de ocultar o crime” (fl. 1-D).
No caso sub examen, verifica-se que, uma vez cumpridas as 
fases processuais antecedentes e realizado o julgamento em Plenário, 
os jurados entenderam que os elementos de convicção que lhes foram 
apresentados conformavam fundamento suficiente para a condenação 
e o reconhecimento das qualificadoras articuladas na denúncia 
(“motivo torpe”, “emprego de fogo” e “recurso que dificultou a defesa 
da vítima”) (fls. 230/231-ap).
A sentenciada, perante a Autoridade Policial, disse que tivera 
diversos desentendimentos com sua mãe e que brigavam muito por 
conta da guarda de seu filho Ryan, que fora concedida à sua mãe. 
Falou sobre a briga para Paulo, seu cunhado, que disse-lhe que 
precisavam “resolver a situação”. Paulo dormiu em sua casa, que 
ficava nos fundos da casa de sua mãe e, no dia seguinte, após uma 
briga, Paulo investiu contra sua mãe com um pedaço de pau e passou 
a golpeá-la. A vítima caiu ao solo, ensanguentada, ocasião em que ela 
[DAYANA] e Paulo levaram-na até a cozinha, tendo então Paulo dito 
que “agora que começou, tem que acabar, porque senão ela vai atrás 
e ficar com a guarda do Ryan e você está acabada, ela vai te por na 
cadeia”. Por esse motivo, jogou uma garrafa de álcool sobre a vítima e 
acendeu vários cigarros e jogou no local. Quando o corpo da vítima 
estava em chamas, ela tentou se levantar e acabou derrubando parte 
da pia. Após, trocou de roupa e foi trabalhar, sendo que na volta levou 
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sua roupa suja até a beira do rio (fls. 9 ap). Em juízo, modificou 
parcialmente sua versão, dizendo que sua mãe, durante uma 
discussão, passou a bater nela com um pedaço de pau, momento em 
que entraram em luta corporal. Seu cunhado acordou e as separou, 
passando a chutar a vítima e a agredi-la com um pedaço de pau. 
Paulo disse que teria que terminar o que havia começado e que caso 
ela o “caguetasse” seria morta, tendo segurado seus braços e a 
agredido. Paulo então jogou álcool na vítima e ateou fogo. Ato 
contínuo, Paulo foi embora e então foi trabalhar. Negou, finalmente, 
que arrastou o corpo da vítima e nele ateou fogo (fls. 87/88 e 
211/228 ap).
A versão apresentada por DAYANA em juízo, contudo, não 
encontrou respaldo nas provas produzidas, restando isolada nos 
autos.
O laudo do exame de corpo de delito realizado no dia dos fatos 
em DAYANE (fl. 79 ap) revelou “ausência de lesões corporais”, tendo 
o i. expert concluído que ela “não apresenta[va] lesões de interesse 
médico legal no momento do exame”, contrariando a versão por ela 
apresentada em plenário no sentido de fora agredida por Paulo.
O próprio Paulo Soares da Silva, ouvido na fase do sumário da 
culpa, negou a autoria do crime, dizendo que sequer estava presente 
no dia dos fatos e que tampouco sabia que a vítima e a ré viviam 
discutindo (fls. 144/145 ap).
Já as testemunhas Marcelo Alexandre Dal Medico e Roberto do 
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Revisão Criminal nº 0056793-37.2015.8.26.0000 8
Carmo Filho, policiais militares, quando ouvidos na fase do judicium 
accusationis, informaram que foram acionados para atender a uma 
ocorrência de incêndio e, ao chegar ao local, encontraram um pedaço 
de madeira com sangue e um frasco de álcool perto da casa, o que 
despertou-lhes a atenção. Encontraram uma sacola com roupas de 
DAYANA sujas de sangue, sendo certo que ela, instada sobre o 
ocorrido, acabou confessando a autoria do delito, afirmando que o 
praticara em razão das constantes brigas com sua mãe decorrentes 
da disputa pela guarda do seu filho (fls. 3, 5, 70 e 84 ap).
Por vez, Celina de Lourdes Honório de Araújo e Osnivaldo de 
Oliveira Santos disseram que o irmão de DAYANA, na ocasião, 
prontamente reconheceu as roupas sujas de sangue localizadas pelos 
policiais como sendo da peticionária (folhas 6, 8, 72 e 73 ap).
A testemunha Neiva Barbosa, irmã da vítima, disse ter ouvido 
DAYANA confessar a prática do crime na Delegacia. Na oportunidade, 
DAYANA afirmou que seu cunhado golpeou a vítima com um pedaço 
de pau e que ambos a levaram para a cozinha em seguida, onde foi 
colocado fogo no corpo dela. Disse, ainda, ter conhecimento de que a 
vítima e DAYANA brigavam muito (fls. 85 e 189 ap).
Ante esses elementos de convicção, constata-se que a tese de 
desistência voluntária não encontra mínimo amparo fático-jurídico, não 
havendo nos autos, realmente, nada que indique que DAYANA tenha 
desistido de prosseguir na execução do crime após ter dado início às 
agressões ou procurado impedir que o resultado se produzisse (art. 15 
do Cód. Penal). A prova oral tampouco permite a conclusão de que 
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Revisão Criminal nº 0056793-37.2015.8.26.0000 9
DAYANA tenha sido coagida por Paulo (ou qualquer outra pessoa) a 
praticar a ação delitiva. Revela, apenas, que ela o auxiliou no 
transporte da ofendida do quintal até a cozinha, bem como o auxiliou a 
atear fogo no seu corpo.
Também, contrariamente ao que argumenta a i. Defensora 
Pública, não é possível o acolhimento da tese de que a atuação da 
peticionária no episódio caracterizou participação de menor 
importância (art. 29, § 1º, do Código Penal) ou cooperação 
dolosamente distinta (art. 29, § 1º, do Código Penal).
É que DAYANA não atuou como partícipe na empreitada 
criminosa, senão como coautora, praticando atos executórios que 
abrangeram não apenas a idealização do crime determinante, 
portanto, da sua prática , como também outros atos executórios que 
conduziram ao resultado morte da vítima, resultado esse que, à toda 
evidência, era o único pretendido por ambos os executores do delito. 
Segundo MIRABETE3, “a participação de menor importância só 
pode ser a colaboração secundária, dispensável, que, embora dentro 
da causalidade, se não prestada não impediria a realização do crime. 
Não deve ser reconhecida a causa de diminuição de pena quando o 
agente participou da idealização do crime, forneceu instrumento 
indispensável à prática do ilícito etc”.
E do acima dito não diverge a jurisprudência do E. Superior 
Tribunal de Justiça, a saber:
3 MIRABETE, Julio Fabbrini, Manual de direito penal, volume 1: parte geral, arts. 1º a 120 do CP. 31ª ed. São Paulo: Atlas, 2015, 
pág. 224.
PODER JUDICIÁRIO
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Revisão Criminal nº 0056793-37.2015.8.26.0000 10
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AO ART. 619 DO 
CPP. OMISSÃO NO JULGADO. INEXISTÊNCIA. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 
7/STJ. NULIDADE DO RECONHECIMENTO PESSOAL. SÚMULA 283 E 284 DO STF. 
COOPERAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA. NÃO INCIDÊNCIA AOS CO-AUTORES. 
MODIFICAÇÃO DO JULGADO. SÚMULA 7/STJ. CONSUMAÇÃO DO CRIME DE LATROCÍNIO. 
SÚMULA 610/STF. PENA-BASE. EXASPERAÇÃO. POSSIBILIDADE. GRAVIDADE 
CONCRETA. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. (...) 4. As figuras 
descritas nos §§ 1º e 2º do art. 29 do Código Penal são destinadas aos partícipes - 
participação de menor importância (§ 1º) ou de punição por crime menos grave quando 
constatado que o réu não aderiu sua conduta ao delito mais grave efetivamente ocorrido (§ 
2º). 5. A condenaçãopor co-autoria afasta, por si só, a incidência do art. 29, §§ 1º e 2º, do 
Código Penal. (...) 9. A gravidade concreta da infração enseja maior reprovabilidade da conduta 
a autorizar a fixação da pena-base acima do mínimo legal. Precedentes. 10. Agravo regimental a 
que se nega provimento. (AgRg no REsp 1417364/SC, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE 
ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 18/12/2014, DJe 04/02/2015)
RESP CRIMINAL. ART. 29, CAPUT, DO CODIGO PENAL. PARTICIPAÇÃO NO 
CRIME E CO-AUTORIA. - AQUELE QUE DA COBERTURA AO ASSALTO, E EM ATITUDE 
QUE DEMONSTRA EMPUNHAR UMA ARMA OCULTA, EM EXPECTATIVA DE EVENTUAL 
INTERVENÇÃO E INTIMIDAÇÃO AS VITIMAS, NÃO PODE SER CONSIDERADO NIMIO 
PARTICIPE, COM ATUAÇÃO DE MENOR IMPORTANCIA PARA INCIDIR O PAR. 1. DO ART. 
29, DA LEI PENAL. NO CASO, CONFIGURADA ESTA A CO-AUTORIA. - RECURSO 
CONHECIDO E PROVIDO. (REsp 109.021/DF, Rel. Ministro JOSÉ ARNALDO DA FONSECA, 
QUINTA TURMA, julgado em 25/02/1997, DJ 14/04/1997, p. 12779)
Em realidade, no caso em apreço, pode-se afirmar que os 
jurados, ao condenar a peticionária, realmente optaram por uma das 
versões disponíveis acerca de como exatamente ocorreu o episódio. 
Mas o só fato de terem adotado como verdadeira a versão 
apresentada pela acusação não conduz à conclusão de que eles 
excederam os limites de apreciação da causa a eles reservado pela 
Constituição. É dizer, não decidiram arbitrariamente, mas apenas 
diversamente do pretendido pela defesa, e de modo condizente com 
as provas colhidas ao longo do processo.
Desse modo, impende concluir que a condenação da apelante 
encontra amplo apoio na prova produzida nos autos, muito mais do 
que o mínimo suporte probatório que já seria suficiente, em 
consonância com a jurisprudência dominante, a justificar o 
afastamento da alegação de contrariedade à prova dos autos, em 
respeito ao princípio constitucional da soberania dos veredictos.
PODER JUDICIÁRIO
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
Revisão Criminal nº 0056793-37.2015.8.26.0000 11
Nesse sentido, entre outros, os seguintes precedentes do E. 
Superior Tribunal de Justiça:
“HOMICÍDIO QUALIFICADO (ARTIGO 121, § 2º, INCISOS III E IV, DO CÓDIGO 
PENAL). TRIBUNAL DO JÚRI. CONDENAÇÃO. APELO DA DEFESA. VEREDICTO 
MANIFESTAMENTE CONTRÁRIO À PROVA PRODUZIDA NOS AUTOS. PRETENDIDA 
ABSOLVIÇÃO DOS PACIENTES. IMPOSSIBILIDADE. DECISÃO DOS JURADOS QUE 
ENCONTRA AMPARO NAS PROVAS PRODUZIDAS NO PROCESSO. INOCORRÊNCIA DE 
CONSTRANGIMENTO ILEGAL. 1. Interposto recurso de apelação contra a sentença 
proferida pelo Tribunal do Júri sob o fundamento desta ter sido manifestamente contrária 
à prova dos autos, ao órgão recursal se permite apenas a realização de um juízo de 
constatação acerca da existência ou não de suporte probatório para a decisão tomada 
pelos jurados integrantes do Conselho de Sentença, somente se admitindo a cassação do 
veredicto caso este seja flagrantemente desprovido de elementos mínimos de prova 
capazes de sustentá-lo. 2. No caso dos autos, a Corte de origem, ao negar provimento à 
apelação interposta pelos pacientes, acentuou que a decisão proferida pelo Tribunal do Júri 
somente poderia ser anulada se estivesse em total dissonância com o conjunto probatório 
produzido durante a instrução criminal, o que não se verificaria na espécie, pois os jurados 
julgaram com base nas provas colhidas sob o crivo do contraditório, aptas a atestar a autoria e a 
materialidade do crime pelo qual foram condenados” (STJ, HC nº 287982/SP, 5ª Turma, Rel. Min. 
JORGE MUSSI, Dje em 22/04/2014).
“PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. JÚRI. HOMICÍDIO 
DUPLAMENTE QUALIFICADO. APELAÇÃO. DECISÃO MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À 
PROVA DOS AUTOS. PROVIMENTO DO TRIBUNAL. DECOTE DA QUALIFICADORA. 
IMPOSSIBILIDADE. OFENSA À SOBERANIA DOS VEREDICTOS. CONTRARIEDADE AO ART. 
593, § 3º, DO CPP. OCORRÊNCIA. 1. Esta Corte Superior já firmou o entendimento no sentido 
de que não se pode admitir a desconstituição parcial da sentença proferida pelo Tribunal Popular 
quanto às qualificadoras ou às privilegiadoras, sob pena de ofensa ao princípio da soberania dos 
veredictos (art. 5º, XXXVIII, da Constituição Federal de 1988) e ao disposto no art. 593, § 3º, do 
Código de Processo Penal, que determina a submissão do réu a novo julgamento quando a 
decisão dos jurados for manifestamente contrária à prova dos autos” (STJ, AgRg no REsp nº 
1378097/SP, 6ª Turma, Rel. Min. ROGERIO SCHIETTI CRUZ, Dje em 02/10/2014).
De outra parte, não há que se falar no afastamento da 
qualificadora (utilizada como agravante genérica) referente ao 
“emprego de fogo”, uma vez que, como já assentado pela E. 14ª 
Câmara desta Corte por ocasião do julgamento do apelo contra a 
decisão do Tribunal do Júri, “O emprego do fogo igualmente restou 
comprovado nos autos. Ainda que a morte da vítima não tenha 
decorrido dele, isso não permite afastar a qualificadora, cumprindo 
destacar que a própria ré disse que a mãe ainda gemia quando 
colocou fogo em seu corpo” (fl. 307-ap).
Assim, é forçoso concluir que, especificamente em relação ao 
reconhecimento da mencionada qualificadora, não decidiram os 
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Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
Revisão Criminal nº 0056793-37.2015.8.26.0000 12
jurados arbitrariamente, mas sim de forma condizente com as provas 
do processo, e porque entenderam ser essa a solução mais justa e 
adequada ao caso que lhes foi submetido à apreciação, não 
merecendo sua decisão qualquer alteração também quanto a esse 
aspecto.
Enfim, feitas estas ponderações, não se pode deixar de 
observar que a propositura da presente ação revisional assim como 
de muitas outras, diga-se parece ter derivado simplesmente da ânsia 
do revisionando de alcançar um eventual beneplácito deste E. 
Sodalício. Daí, aliás, sua inconsistência.
Ocorre que a jurisprudência brasileira já assentou que a tal não 
se presta o instituto da Revisão, como exemplificam as ementas a 
seguir reproduzidas:
REVISÃO CRIMINAL ROUBO QUALIFICADO Absolvição Impossibilidade 
Pretensão de que sejam reapreciadas teses já enfrentadas no julgamento anterior 
Descabimento A revisão criminal é ação autônoma, que visa desconstituir os efeitos da coisa 
julgada nas hipóteses previstas no art. 621 do Código de Processo Penal, não podendo ser 
utilizada como "segundo apelo" ou "terceira instância" de julgamento Condenação mantida 
Regime fechado inalterado. PEDIDO REVISIONAL INDEFERIDO. (TJSP, Revisão Criminal nº 
0026041-19.2014.8.26.0000, Relator(a): Cesar Mecchi Morales; Comarca: Praia Grande; Órgão 
julgador: 2º Grupo de Direito Criminal; Data do julgamento: 24/05/2016; Data de registro: 
25/05/2016)
REVISÃO CRIMINAL Roubo majorado Pretensão de desclassificação para 
exercício arbitrário das próprias razões Inviabilidade Matéria analisada nos dois graus de 
jurisdição Condenação calcada no exame da prova Hipótese que não se enquadra na 
previsão do art. 621, I, II e III, do CPP Mera pretensão, aqui, de modificação do julgado, com 
manejo da ação revisional como se de nova apelação se tratasse Impossibilidade Cabimento 
de revisão apenas nas hipóteses taxativamente enumeradas e em que há evidente erro judiciário 
 Pedido não conhecido. (TJSP, Revisão Criminal nº 0034292-26.2014.8.26.0000, Relator(a): De 
Paula Santos; Comarca: Sumaré; Órgão julgador: 7º Grupo de Direito Criminal; Data do 
julgamento: 12/05/2016; Data de registro: 16/05/2016)
"Na Revisão Criminal o reexame da prova dos autos é vedado e não se insere no 
propósito assentado pelo legislador, de assegurar um remédio eficaz que assegure a revisão 
daqueles casos teratológicos que desembocam no erro judiciário" (TACrimSP, Revisão 
322.476/4, 7º Grupo de Câmaras, Rel. Rui Stoco, j. 23.06.98).
E desse entendimento não diverge a doutrina, como exemplifica 
PODER JUDICIÁRIOTribunal de Justiça do Estado de São Paulo
Revisão Criminal nº 0056793-37.2015.8.26.0000 13
o ensinamento de MIRABETE4, para quem “a revisão não pode ter a 
natureza de uma segunda apelação, pela própria característica que 
apresenta de rescisão do julgado, caso contrário haveria uma 
superposição do recurso de apelação, objetivo não pretendido pelo 
legislador processual, porque haveria uma reapreciação da prova já 
examinada em primeiro grau ou até mesmo em segunda instância (RT 
717/401)”.
Assim a prova, e considerando a ausência de qualquer 
argumento do requerente quanto aos requisitos dos incisos II e III do 
artigo 621 do CPP que de resto não afloram do exame do 
processado , a ação deve ser julgada improcedente, mantendo-se 
intocada a justa e correta decisão criticada.
Ante o exposto, pelo meu voto, CONHEÇO e JULGO 
IMPROCEDENTE a ação revisional proposta por DAYANA CRISTINA 
BARBOZA.
OTAVIO ROCHA
Relator
4 Código de Processo Penal Interpretado. 8ª ed. atual. São Paulo: Ed. Atlas, 2001, pág. 1354.

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