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CORROSAO CARBONATACAO Salomão Ensaio acelerado de carbonatacao do concreto

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CONVÊNIOS CNPq/UFU & FAPEMIG/UFU 
Universidade Federal de Uberlândia 
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação 
DIRETORIA DE PESQUISA 
COMISSÃO INSTITUCIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA 
2008 – UFU 30 anos 
 
 
1 – Aluna do Curso de Graduação de Eng. Civil 
2 – Orientador - Professor da Faculdade de Engenharia Civil 1 
ENSAIO ACELERADO DE CARBONATAÇÃO DO CONCRETO 
 
Maria Cláudia de Freitas Salomão 
Universidade Federal de Uberlândia - Campus S. Mônica – Av. João Naves de Ávila, 2121. Uberlândia, MG. 
mariaclaudia_fsalomao@yahoo.com.br 
 
Turibio José da Silva 
tjsilva@ufu.br 
 
Resumo: A vida útil das estruturas é influenciada pela ação dos agentes agressivos que estão em 
contato com o concreto e com as barras de aço. Neste trabalho o agente agressivo estudado foi o 
CO2, o qual provoca a carbonatação do concreto que é o processo relacionado com a corrosão das 
armaduras. O objetivo da pesquisa foi construir um aparato para realizar ensaios acelerados que 
reproduzam, em poucos dias, as condições de anos de carbonatação do concreto. Com o aparelho, 
chamado de “Câmara de carbonatação”, foi possível conferir o avanço da frente de carbonatação 
em dois traços de concreto. Nesta primeira etapa, foi verificada a influencia do tipo de cimento e a 
posição dos corpos de prova na câmara. Ao final de uma quantidade suficiente de ensaios com as 
variáveis que afetam o processo, será possível a definição de um modelo matemático 
representativo. 
 
 Palavras-chave: carbonatação, ensaio acelerado, corrosão, vida útil. 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O concreto é um material de construção civil amplamente utilizado em pequenas e grandes 
obras para fins estruturais e estéticos. Facilmente moldável em diversas formas e tamanhos, o 
concreto associado ao aço (concreto armado ou concreto protendido) possibilitou, no século XX, 
uma revolução das técnicas construtivas. (HELENE, 1986) 
Com o emprego massivo desse material surgiu também a idéia de que estruturas de concreto 
seriam mais resistentes às ações do tempo. Porém, o crescente número de manifestações patológicas 
em edificações veio de encontro com essa suposição. 
Cresceu, então, a necessidade de se conhecer melhor o comportamento do concreto frente 
aos agentes agressores em variadas circunstâncias. Dessa forma, a durabilidade das edificações 
passou a ser estudada e a exigir a mesma atenção dada aos aspectos econômicos e de resistência 
mecânica das construções. 
Geralmente, quanto mais alta a resistência à compressão do concreto maior é a durabilidade 
de uma peça confeccionada com esse concreto. Porém, analisar os valores de resistência 
isoladamente não permite que seja feita uma projeção confiável da vida útil de uma estrutura 
(CARVAJAL et al, 2005). 
Um importante conceito que deve ser conhecido para o estudo das estruturas de concreto é o 
de vida útil. Segundo a NBR 6118 (ABNT, 2003): entende-se por vida útil, “o período de tempo o 
qual se mantêm as características das estruturas de concreto, desde que atendidos os requisitos de 
uso e manutenção prescritos pelo projetista e pelo construtor”. 
Dentre os problemas que podem afetar a vida útil das estruturas de concreto armado 
destacam-se os mecanismos de deterioração da armadura. A corrosão das barras de aço tem 
diversos responsáveis: a carbonatação, o ataque por cloreto, o ataque ácido, etc. 
Tais manifestações modificam o desempenho futuro das estruturas tornando-as, 
progressivamente, menos adequadas ao uso. Além disso, causam prejuízos e são de difícil 
recuperação. 
2 
Dos fenômenos anteriormente citados é de enfoque deste trabalho a carbonatação: reação 
entre o dióxido de carbono atmosférico e os componentes do cimento, que desfaz a camada 
passivadora das barras de aço dando início à corrosão. 
 
2. AÇÃO DA CARBONATAÇÃO 
 
Dentre os constituintes da pasta de cimento, os álcalis, dentre eles o Ca(OH)2, confere ao 
concreto uma alta alcalinidade: o pH da mistura está entre 12 e 13. Esses valores promovem a 
formação de um filme de óxido nas barras de aço que as protege da corrosão (HELENE, MIDIERI 
FILHO, THOMAZ, 1995). 
Em condições normais de exposição, o CO2 atmosférico penetra no concreto reage com o 
Ca(OH)2 diminuindo o pH para valores abaixo de 10 (PAPADAKIS, VAYENAS, FARDIS, 1991). 
A carbonatação não é prejudicial ao concreto, mas, sob essa nova alcalinidade, a proteção da 
armadura é destruída e, em presença de umidade e oxigênio, dá-se inicio à corrosão. 
A vida útil de uma estrutura de concreto armado pode ser dividida em dois estágios: 
iniciação e propagação (LIANG et al, 1990). O período de iniciação é definido como o tempo de 
exposição até que o carbono penetre na cobertura de concreto e depassive a proteção das barras de 
aço iniciando a corrosão. A degradação começa e se estende até o limite de deterioração das 
propriedades físicas do material ser alcançado. Esse intervalo é a etapa de propagação. 
A equação 1 é a equação geral da carbonatação (período de iniciação) e pode ser descrita por 
três etapas (DA SILVA, 1998). 
Na primeira etapa (equação 2), o gás carbônico atmosférico é dissolvido na água intersticial 
do concreto formando o ácido carbônico. 
Na segunda etapa (equação 3) o ácido carbônico reage com o hidróxido de cálcio originando 
bicarbonato de cálcio e água. 
Na equação 4, a terceira da carbonatação, o bicarbonato de cálcio e o hidróxido de cálcio 
dão origem, em uma reação de dupla troca, a carbonato de cálcio e água. 
 
(1) )( 2322 OHCaCOCOOHCa ++++→→→→++++
 
(2) 3222 COHOHCO →→→→++++
 
(3) 2)()(2 223232 OHHCOCaOHCaCOH ++++→→→→++++
 
(4) 22)()( 23223 OHCaCOOHCaHCOCa ++++→→→→++++
 
Dessa forma, divide-se o período de iniciação em duas etapas: a molhada e a seca (HELENE 
et al , 1995). A etapa molhada é o ataque químico do ácido carbônico aos cristais instáveis de 
hidróxido de cálcio. Já a etapa seca consiste no transporte de água saturada com hidróxido de cálcio 
até as zonas de menor pressão onde a água evapora e o carbonato de cálcio precipita. 
A velocidade de carbonatação decresce como tempo, pois os carbonatos formados tendem a 
depositar-se nos poros da pasta obturando-os. Além disso, como o ácido carbônico é fraco, ele atua 
sobre o hidróxido de cálcio, porém é quase inofensivo ao carbonato de cálcio (HELENE et al, 
1995). 
Ainda que lentamente, a frente de carbonatação se move inevitavelmente em direção à 
armadura dando início à corrosão. Caso esta prossiga sem tratamento, além de diminuir a seção 
transversal das barras de aço (PAPADAKIS et al, 1991), gera também produtos expansivos que 
causam tensões internas à estrutura e acarretam fissuras e descolamento do cobrimento de concreto 
(PARROT, 1990). 
A proteção contra a corrosão devido à carbonatação pode ser alcançada com algumas 
medidas tais como: um cobrimento de espessura adequada, e um traço bem elaborado de acordo 
com o ambiente de exposição, para garantir uma baixa permeabilidade ao concreto (PAPADAKIS 
et al, 1991). 
3 
Para isso, se faz necessário um modelo quantitativo que reproduza a evolução da frente de 
carbonatação ao longo do tempo. 
Esse trabalho teve como objetivo confeccionar um aparato que permite reproduzir, em 
pouco tempo, as condições normais de exposição do concreto ao CO2 durante vários anos. 
Deste modo, será possível em pesquisas futuras, a determinação semi-empírica de um 
modelo matemático para predizer o tempo de vida útil de uma estrutura de concreto armado e que 
possibilite, então, projetos estruturais feitos para específicos tempos de uso. 
 
3. MATERIAIS E MÉTODOS 
 
O período de iniciação é de grande interesse para a Engenharia Civil, pois, nesta etapa 
podem ser realizadas intervenções para garantir a durabilidade das edificações. 
Paraprojetar o correto momento de interferência, são necessários modelos matemáticos que 
representem em termos de tempo, o avanço da frente de carbonatação, permitindo estimar a vida 
útil das estruturas. Devido à complexidade do fenômeno, o equacionamento do processo de 
carbonatação exige dados experimentais obtidos por meio de ensaios acelerados. Por esse motivo, 
foi montada uma câmara de carbonatação. 
 
3.1 Montagem e Funcionamento da câmara de carbonatação 
 
A câmara de carbonatação é uma caixa de dimensões 100x60x65 cm (comprimento x 
profundidade x altura) vedada para aprisionar CO2 em alta concentração. 
 
 
 
As faces do aparelho são feitas em chapas de acrílico de 10 mm de espessura que, após 
serem niveladas, foram conectadas umas as outras por parafusos e cola especial para acrílico, 
conforme esquema apresentado na figura 1. 
A inserção dos corpos de prova é feita através de uma tampa lateral da câmara. O sistema de 
abertura utiliza tranquetas cromadas e a vedação é através de guarnição esponjosa. 
Para manusear os espécimes no interior da câmara, foi fixado um par de luvas de cano 
longo, na face frontal da caixa. Elas são pouco permeáveis para evitar a saída do gás confinado. 
A utilização do aparelho requer ainda um cilindro de CO2 e uma bomba de vácuo. A 
conexão dos cilindros e da bomba na câmara de carbonatação é feita com válvulas de rotula 
inoxidáveis. 
A sub-pressão e a quantidade de gás bombeado são controladas por reguladores de pressão e 
por um manovacuômentro. Também são registradas as temperaturas e as umidades relativas no 
interior da caixa mediante um datalogger (figura 2). 
 
CO2
N2 
Figura 1 Esquema da câmara de carbonatação 
4 
 
Figura 2 Datalogger de temperatura e umidade. 
 
A figura 3 apresenta a câmara de carbonatação concluída e em operação. 
 
 
Figura 3 A câmara de carbonatação foi disposta em um aparador. Ao lado da mesa o cilindro 
de gás carbônico. Na prateleira inferior a bomba de vácuo. 
 
3.2 Ensaios 
 
Para fazer os primeiros ensaios e ajustes na câmara foram moldados corpos de prova de 
concreto no tamanho 5x10 cm de 2 diferentes tipos de cimento: CP II-E (concreto 1) e CP III 
(concreto 2). 
O traço utilizado para ambos cimentos foi: 1:1,65:2,55:0,52, em massa seca de areia lavada 
e brita 1. O abatimento de tronco de cone segundo a norma NBRNM 67 (ABNT, 1998) foi de 11cm 
para o concreto tipo 1 e 15cm para o concreto tipo 2. 
A cura dos corpos de prova realizada de acordo com a NBR 5738 (ABNT, 2003), após 24h 
da moldagem, foi submersa. 
O acompanhamento da resistência à compressão foi feito por meio de ensaios em 8 corpos 
de prova, para cada tipo de concreto, de 10x20 cm. Os ensaios foram realizados segundo as 
especificações da NBR 5739 (ABNT, 1994). As idades das rupturas dos corpos de prova podem ser 
vistas na tabela 1. 
5 
 
Tabela 1 Cronograma de execução dos ensaios de compressão axial nos corpos de prova 10x20 cm. 
Concreto 1 2 
Data de 
moldagem 05/01/07 05/01/07 
Idade: 7 dias 
(data / CPs) 
12/01/07 
CP1.1 e CP1.2 
12/01/07 
CP2.1 e CP2.2 
Idade: 14 dias 
(data / CPs) 
19/01/07 
CP1.3 e CP1.4 
19/01/07 
CP 2.3 e CP2.4 
Idade: 28 dias 
(data / CPs) 
02/02/07 
CP1.5 e CP1.6 
02/02/07 
CP 2.5 e CP2.6 
 
Os corpos de prova de 5x10 cm eram de número 20, sendo metade deles para ensaio de 
compressão e metade para ensaio de carbonatação. Tal procedimento foi adotado com o intuído de 
verificar a variação da resistência dos corpos de prova de controle, de 10x20 cm, e de 5x10 cm 
utilizados na carbonatação. 
Os exemplares utilizados para ensaio de carbonatação foram colocados na câmara após 14 
dias. A disposição dos corpos de prova dentro da câmara pode ser verificada na figura 4. 
Uma vez que os corpos de prova estejam no interior da câmara lacrada, o sistema passará 
por fluxos intercalados de gás carbônico e vácuo para garantir a alta concentração de CO2. Ao final, 
buscou-se que a concentração de CO2 no interior da câmara fosse superior a 95%. Nesta fase, o 
valor exato da concentração não foi verificado pois outros ajustes na câmara podem ser necessários, 
antes do controle de todas as variáveis. 
 
 
Figura 4 Posição em planta dos corpos de prova no interior da câmara de carbonatação. 
 
Os ensaios de compressão e carbonatação desses corpos de prova foram realizados nas datas 
e idades indicadas nas tabelas 2 e 3. 
Apesar de ser um ensaio acelerado, serão realizados ensaios nos corpos de prova existentes 
até a idade de 91 dias. 
 
Tabela 2 Cronograma de execução dos ensaios de compressão axial nos corpos de prova 5x10 cm 
 
Concreto 1 2 
Data de moldagem 05/01/07 05/01/07 
Idade: 14 dias 
(data / CPs) 
19/01/07 
CP1.7 e CP1.8 
19/01/07 
CP 2.11 e CP2.12 
Idade: 28 dias 
(data / CPs) 
02/02/07 
CP1.5 e CP1.6 
02/02/07 
CP 2.13 e CP2.14 
Idade: 42 dias 
(data / CPs) 
16/02/07 
CP1.9 e CP1.10 
16/02/07 
CP 2.15 e CP2.16 
6 
Tabela 3 Cronograma de execução dos ensaios de carbonatação nos corpos de prova de 5 x 10 cm 
 
Concreto 1 2 
Data de moldagem 05/01/07 05/01/07 
Confinamento na câmara de carbonatação 19/01/07 19/01/07 
Idade: 7 dias 
(data / CPs) 
26/01/07 
CP1.14 e CP1.16 
26/01/07 
CP 2.2 e CP2.9 
Idade: 14 dias 
(data / CPs) 
02/02/07 
CP1.12 
02/02/07 
CP 2.5 e CP2.8 
Idade: 28 dias 
(data / CPs) 
16/02/07 
CP1.13 e CP1.17 
16/02/07 
CP 2.4 e CP2.10 
 
Para medir a profundidade de carbonatação no concreto, os corpos de prova, escolhidos 
aleatoriamente na câmara, foram rompidos em dois planos como mostra a figura 5. 
 
 
Figura 5 Planos de ruptura dos corpos de prova para ensaio de carbonatação 
 
Na primeira ruptura, em um plano transversal, foram feitas medidas nas duas faces expostas 
de ruptura (figura 6). 
Com uma das metades fez-se a segunda ruptura sob um plano longitudinal de onde foram 
extraídas medidas de uma das faces (figura 7). 
A medida da profundidade carbonatada foi feita mediante aspersão de fenolftaleína 
(indicador de PH) e aferida com um paquímetro. Os procedimentos de medição seguiram a 
orientação da RILEM, 1988. 
 
 
Figura 6 Corte transversal do corpo de prova 
 
 
Figura 7 Corte longitudinal do corpo de prova para ensaio de carbonatação 
7 
4. RESULTADOS 
 
A temperatura no interior da câmara foi em média de 27°C e a umidade relativa 40%. A 
umidade relativa mínima foi de 35% e a temperatura máxima 30°C. Os dados foram registrados 
utilizando uma sonda acoplada em um datalogger. 
Os resultados da resistência à compressão dos dois tipos de concreto dos corpos de prova de 
10x20 e de 5x10 estão expostos respectivamente nas tabelas 4 e 5. 
 
Tabela 4 Resultados dos ensaios de resistência à compressão axial - corpos de prova de 10 x 20cm. 
 
Concreto 1 2 
fck7dias 17,04 MPa 15,13 MPa 
fck14dias 17,59 MPa 17,87 MPa 
fck28dias 23,36 MPa 19,79 MPa 
 
Tabela 5 Resultados dos ensaios de resistência à compressão axial - corpos de prova de 5 x 10cm. 
 
Concreto 1 2 
fck7dias 15,10 MPa 12,30 MPa 
fck14dias 16,54 MPa 13,98 MPa 
fck28dias 25,45 MPa 16,35 MPa 
 
Os valores médios encontrados para a profundidade de carbonatação medida para cada idade 
em cada corpo de prova estão expostos na tabela 6. 
 
Tabela 6 Profundidade média de carbonatação nos cortes transversais e longitudinais. 
 
CP Idade 
Profundidade média (cm) 
seção transversal seção longitudinal 
1.14 7 0,019 0,013 
1.16 7 0,135 0,375 
1.12 14 0,61 0,548 
1.13 28 0,731 0,463 
1.17 28 0,548 0,598 
2.2 7 0,54 0,32 
2.9 7 0,42 0,38 
2.5 14 0,64 0,45 
2.8 14 0,55 0,60 
2.4 28 0,71 0,57 
2.10 28 0,63 0,55 
 
Os resultados podem ser analisados sob dois aspectos: 
 
- 1.Posição do CP na Câmara. 
Os CPs posicionados na prateleiramais baixa (CP1.17, 1.16, 1.12 e, 2.2, 2.4 e 2.8), tiveram 
uma evolução mais rápida da frente de carbonatação comparados àqueles localizados na parte 
superior (CP 1.12, 1.13 e, 2.5, 2.9, 2.10). Além do aspecto do nível dos corpos de prova, deve ser 
considerado que aqueles localizados na parte superior estavam mais distantes do ponto de 
insuflamento do CO2. 
 
8 
- 2.Diferença entre os cimentos. 
Sabe-se que um dos fatores que influenciam a carbonatação é a quantidade de componentes 
disponíveis para carbonatar, ou seja, a reserva alcalina. Por isso é esperado que dois tipos de 
cimentos apresentem resultados diferentes de profundidade de carbonatação. 
No entanto, nesse trabalho, somente na idade de 7 dias foi notada diferença significativa 
entre as profundidades de carbonatação do concreto tipo 1 (CP II-E), com maior reserva alcalina, 
portanto com menor profundidade de carbonatação e do concreto tipo 2 (CP III). Nas demais idades 
os resultados foram próximos. 
Apesar dos resultados de carbonatação serem representados pela média das medidas, 
verificou-se na pratica uma grande variação entre os resultados obtidos. A tabela 7 expõe os valores 
máximos e mínimos para cada idade mostrando que a frente de carbonatação não é uniforme. 
 
Tabela 7 Profundidades máximas e mínimas de carbonatação medidas na seção transversal dos 
corpos de prova 
Traço Idade Profundidade carbonatada (cm) 
máxima mínima 
1 7 0,340 0,000 
2 7 0,670 0,000 
1 14 1,000 0,450 
2 14 1,140 0,320 
1 28 0,970 0,380 
2 28 0,800 0,320 
 
Pela análise visual, verifica-se essa grande variabilidade na frente de carbonatação, 
principalmente aos 7 dias de carbonatação, conforme pode ser verificado nas figuras 8, 9 e 10 que 
ilustram a evolução da carbonatação através das profundidades carbonatadas em diferentes idades. 
Nas imagens, pode-se notar que aos 7 dias, algumas partes da seção não apresentam carbonatação, 
enquanto que outras ela já se faz presente. 
 
 
Figura 8 Medida da profundidade de carbonatação após 7 dias de exposição. 
 
 
Figura 9 Medida da profundidade de carbonatação após 14 dias de exposição. 
9 
 
Figura 10 Medida da profundidade de carbonatação após 28 dias de exposição. 
 
5. CONCLUSÃO 
 
Em se tratando de vida útil de estruturas de concreto armado, a carbonatação do concreto é 
um fenômeno importante a ser estudado. No Brasil ainda não existe norma que regulamente os 
ensaios de carbonatação. Existem câmaras climatizadas onde é possível a realização de ensaios 
acelerados com total controle das variáveis, mas o custo é elevado e somente poucos laboratórios 
têm potencial para a aquisição. A construção da câmara de carbonatação surge então, como um 
auxílio a esse estudo com um custo bem inferior. 
Em relação aos resultados obtidos pode-se concluir que: 
- a posição dos corpos de prova em relação ao suprimento de CO2 afeta os resultados, 
portanto, deve ser introduzido um sistema de ventilação para homogeneizar a concentração do gás; 
- a temperatura e a umidade relativa devem ser controladas; 
- a utilização de corpos de prova de 5x10 cm mostrou-se adequado para o ensaio, mas tem 
limitação quanto à dimensão máxima característica do agregado; 
- a alta concentração de CO2 pode ser utilizada pois conduz a profundidades de 
carbonatação razoáveis para medição; 
- para esta fase da pesquisa, não foi importante a verificação da concentração exata do CO2, 
mas para a padronização isto será necessário; 
- a idade dos corpos de prova e o tempo de exposição são variáveis que devem ser 
estudadas. 
- em principio, a idade recomendada é de 14 dias e o tempo de exposição também de 14 
dias, totalizando 28 dias a partir da concretagem para a obtenção dos resultados. 
Com a câmara foi possível, embora em fase preliminar, dar os primeiros passos para a 
padronização de ensaios acelerados de carbonatação no concreto. 
O aparato permite que sejam verificadas outras variáveis do processo de carbonatação tais 
como temperatura e umidade. 
Por ter sido montado com prateleiras removíveis, a câmara permite ainda que sejam testados 
corpos de prova de diferentes tamanhos e formas. 
A pesquisa deve avançar para a obtenção de um modelo matemático para a carbonatação 
tendo como base as informações obtidas em ensaios acelerados de carbonatação. 
Dessa forma, objetivo dessa etapa da pesquisa - construir e testar o aparelho - foi alcançado 
e a câmara de carbonatação é mais uma ferramenta para o estudo e predição da vida útil das 
estruturas de concreto. 
 
 
6. AGRADECIMENTOS 
 
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG - pela bolsa de 
estudo concedida. 
Ao apoio financeiro da Faculdade de Engenharia Civil que, através da Fundação de Apoio 
Universitário, possibilitou a aquisição dos materiais e equipamentos utilizados nessa pesquisa. 
10 
 
7. REFERÊNCIAS 
 
ABNT– ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118 – Projeto e 
Execução de Obras de Concreto Armado. Rio de Janeiro, Brasil, 2003 
______. NBR 5738 - Moldagem e Cura de Corpos de Prova de Concreto Cilíndricos ou 
Prismáticos. Rio de Janeiro, Brasil, 2003. 
______. NBRNM 67 - Concreto - Determinação da consistência pelo abatimento do tronco de cone. 
Rio de Janeiro, Brasil, 1998. 
______. NBR 5739- Concreto - Ensaio de compressão de corpos-de-prova cilíndricos Rio de 
Janeiro, Brasil, 1994. 
CARVAJAL, Ana M., et al Effect of Accelerated Carbonation on Concretes of Different Types of 
Cement. IV HPC, Olinda, Brasil, 2005 
DA SILVA, T. J. Predicción de la Vida Útil de Forjados Unidireccionales de Hormigón Mediante 
Modelos Matemáticos de Deterioro. Tese de Doutorado, Universidade Politécnica de Catalunha. 
Espanha, 327 p.p 1998 
HELENE, Paulo R. L. Corrosão de Armaduras para Concreto Armado.Editora Pini. São Paulo 
1986. 
LIANG, M.T.; WANG, K.L., LIAMG, C.H. Service Life prediction of reinforced concrete 
structures. Cement and Concrete Research 29, 1999. 
PAPADAKIS, Vagelis G., VAYENAS, Costas G., FARDIS, Michael N. Physical and chemical 
characteristics affecting the durability of concrete. ACI Materials Journal/ March-April 1991 
PAPADAKIS, Vagelis G., VAYENAS, Costas G., FARDIS, Michael N. Fundamental Modeling 
Investigation of Concrete Carbonation. ACI Materials Journal/ July-August 1991 
PARROT, L. J. Damage caused by carbonation of reinforced concrete RILEM Recommendation, p. 
230-234,1990 
 
ACCELERATED TESTS OF CARBONATION IN CONCRETE 
 
Maria Cláudia de Freitas Salomão 
Universidade Federal de Uberlândia - Campus S. Mônica – Av. João Naves de Ávila, 2121. Uberlândia, MG. 
mariaclaudia_fsalomao@yahoo.com.br 
 
Turibio José da Silva 
tjsilva@ufu.br 
 
Abstract: The service life of structures is influenced by the action of the aggressive agents that are 
in contact with the concrete and the reinforcement. In this paper, the aggressive agent in discussion 
is the carbonation. The objective of the research was to build an apparatus to realize accelerated 
essays that reproduces, in a few days, the conditions of exposition during years of carbonation. With 
this apparatus, called “Carbonation chamber”, was possible to verify the progress of carbonation 
front in two concrete types. In this first stage, was verified the influences of the cement type and the 
position of the cores in the camera. 
 
Keywords: carbonation, accelerated tests, corrosion, service life.

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