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* * CONTROLE MICROBIOLÓGICO DE PRAGAS Aula II – 03/10/14 Prof. Juliano T. Boldo * * CONTROLE MICROBIOLÓGICO DE PRAGAS 2. INTRODUÇÃO - estima-se que haja um total de 2,5 milhões de espécies de insetos na superfície terrestre. Destas, estima-se que cerca de 1,2 milhão sejam conhecidas; - do total, cerca de 10% podem ser consideradas pragas da agricultura ou pragas urbanas – 250 mil espécies! - o que é uma praga? Quando um organismo torna-se praga? - se pensarmos que cada espécie possui um patógeno em potencial, podemos imaginar dois cenários: 1 – as populações de insetos são altamente reguladas por entomopatógenos (e são!); 2 – a identificação, o manejo e a utilização destes patógenos por ser benéfica ao homem (base do CB). - entomopatógeno – entomo (inseto) + patógeno (agente causador da doença) * * - doença – processo dinâmico no qual hospedeiro e patógeno, em íntima relação com o meio, se influenciam mutuamente, resultando em modificações morfológicas e fisiológicas em ambos os organismos; - DOIS CONCEITOS ESSENCIAIS EM CONTROLE BIOLÓGICO!!! PATOGENICIDADE – é a CAPACIDADE de causar ou não determinada doença. Qualitativo – é ou não é patogênico. VIRULÊNCIA – indica o GRAU ou NÍVEL de patogenia. Quantitativo – é mais ou menos virulento. CONTROLE MICROBIOLÓGICO DE PRAGAS 2. INTRODUÇÃO * * CONTROLE MICROBIOLÓGICO DE PRAGAS 2. INTRODUÇÃO E BIOLÓGICO * * - quando devemos pensar em controle de pragas? CONTROLE MICROBIOLÓGICO DE PRAGAS 2. INTRODUÇÃO * * - quando devemos pensar em controle de pragas? CONTROLE MICROBIOLÓGICO DE PRAGAS 2. INTRODUÇÃO * * - quando devemos pensar em controle de pragas? CONTROLE MICROBIOLÓGICO DE PRAGAS 2. INTRODUÇÃO Maior população Menor população * * - quando devemos pensar em controle de pragas? CONTROLE MICROBIOLÓGICO DE PRAGAS 2. INTRODUÇÃO L = pQ(x) – C(x) L = lucro P = preço do produto Q = quantidade de produto obtido com o controle x x = método de controle C = custo do controle x * * - essa espécie é uma praga? CONTROLE MICROBIOLÓGICO DE PRAGAS 2. INTRODUÇÃO * * CONTROLE MICROBIOLÓGICO DE PRAGAS 3. HISTÓRICO - China (2.700 a. C.) e Egito (2.200 a. C.) – relatos de patogenias em bichos-da-seda e abelhas; - Aristóteles, em Historia Animalium, relata doenças em abelhas, hoje conhecida como podridão-da-cria (Bacillus larvei). Controle: vassoura-de-fogo; - em 1664 há o primeiro registro de Controle Biológico de Pragas – John Evelyn recomenda o uso de macerado de cadáveres de lagartas (provavelmente atacadas por bactérias) contra uma determinada praga de florestas. O método é utilizado ainda hoje; - em 1726 há a primeira identificação de um fungo entomopatógeno: gênero Cordyceps, isolado a partir de um lepidóptero; - em 1826 há a primeira publicação oficial em livros de entomologia de um capítulo específico de doenças. Este fato denota a importância científica e econômica destes agentes; * * CONTROLE MICROBIOLÓGICO DE PRAGAS 3. HISTÓRICO - apenas em 1835, Agostino Bassi, comprova experimentalmente que um fungo é, de fato, o agente causador de uma doença. Ele comprovou que o fungo Beauveria bassiana é o agente causador da doença muscardine branca em bichos-da-seda; - em 1865, Pasteur demonstrou que o agente de uma praga que dizimara populações de bicho-da-seda era o protozoário Nosema bombycis. Além de demonstrar que este agente poderia ser disseminado por ovos do inseto, ele ainda demonstrou vias de infecção essenciais para o CB: 1 – via alimentos contaminados; 2 – via contato direto com outros insetos contaminados. - em 1878, na Russía, Metchnikoff publica o primeiro artigo sobre controle de pragas utilizando um fungo entomopatógeno. Este pesquisador utilizou Metarhizium anisopliae (então denominado Entomophthora anisopliae) para controle do besouro Anisoplia austriaca; * * CONTROLE MICROBIOLÓGICO DE PRAGAS 3. HISTÓRICO - em 1888, outro russo, Klassilstchik, por sugestão do seu compatriota, testou M. anisopliae em campo, obtendo de 55 a 80% de controle, números excelentes até mesmo para os dias de hoje. Estes números só não foram maiores por falta de conhecimento da biologia básica da infecção e das condições ideais de aplicação (discutidos ao longo da disciplina); - o controle deve chegar a 100% de mortalidade? Como fica a relação entre CB e surgimento de insetos resistentes a patógenos? - em 1911, Berliner descobre o potencial de Bacillus thurigiensis para controle de larvas de insetos aquáticos (simulídeos); - em 1945 é montado o primeiro laboratório dedicado ao estudo da patologia de insetos, em Berkley, na Califórnia; * * CONTROLE MICROBIOLÓGICO DE PRAGAS 3. HISTÓRICO - no Brasil, o CB surge por volta de 1923, com algumas referências de insetos atacados por patógenos; - um do eventos mais importantes do CB no Brasil é a recomendação, por Bennet e Gallo, em 1966, da utilização de M. anisopliae para o CB da cigarrinha-das-pastagens no Nordeste. Hoje, este fungo representa mais de 80% do controle desta praga. * * CONTROLE MICROBIOLÓGICO DE PRAGAS 4. VANTAGENS E DESVANTAGENS DO CONTROLE MICROBIOLÓGICO Vantagens: - Especificidade e seletividade: a vasta maioria dos agentes de CB já estudados e identificados possuem alta especificidade (infectam uma ou poucas espécies) e seletividade (podem infectar várias espécies, mas são muito mais virulentas pra uma espécie em especial). Isso significa que a única população afetada é a da praga. Insetos polinizadores, predadores e parasitos não são afetados. Isto é altamente benéfico, uma vez que estes organismos são essenciais para o controle natural das populações de pragas. * * CONTROLE MICROBIOLÓGICO DE PRAGAS 4. VANTAGENS E DESVANTAGENS DO CONTROLE MICROBIOLÓGICO Ovos (5 mm) 3 a 14 dias Larvas (5-7 ínstares) 12 a 32 dias Pupas 10-14 dias Maduros ou Adultos 20-30 dias (~3.000 ovos) Ciclo de vida de Heliothis virescens (praga-do-algodoeiro) * * CONTROLE MICROBIOLÓGICO DE PRAGAS 4. VANTAGENS E DESVANTAGENS DO CONTROLE MICROBIOLÓGICO Vantagens: * * CONTROLE MICROBIOLÓGICO DE PRAGAS 4. VANTAGENS E DESVANTAGENS DO CONTROLE MICROBIOLÓGICO Vantagens: * * CONTROLE MICROBIOLÓGICO DE PRAGAS 4. VANTAGENS E DESVANTAGENS DO CONTROLE MICROBIOLÓGICO Vantagens: - multiplicação, dispersão e produção: os patógenos possuem a capacidade de multiplicar-se e dispersar-se no ambiente. De focos primários resultam secundários (infecção horizontal ou vertical). Fáceis de serem produzidos em condições controladas e de larga escala. - efeitos secundários: além da mortalidade direta ao hospedeiro, os patógenos afetam as gerações seguintes, diminuindo a oviposição, a viabilidade dos ovos e o aumento das populações de pragas a predadores ou parasitos. - controle mais duradouro: após a aplicação e estabelecimento do patógenos em uma área de cultura perene ou semiperene, a doença pode assumir um caráter enzoótico. Assim, dificilmente uma população atingirá níveis de danos econômicos. * * CONTROLE MICROBIOLÓGICO DE PRAGAS 4. VANTAGENS E DESVANTAGENS DO CONTROLE MICROBIOLÓGICO Vantagens: - o que é enzoótico e epizoótico? - enzootia: doença que ocorre anualmente ocorre em uma determinada população de insetos. Suas características são bem definidas e pouco variam, ou seja, possuem estágios de início, ápice e declínio bem definidas. Níveis de prevalência (ou de enzooticidade) não é elevado mesmo em condições de estabilidade da doença. Exemplo: M. anisopliae em populações de cigarrinha da cana-de-açúcar. - início: março a abril - ápice: agosto a meados de dezembro (pode chegar a dizimar 60% da população) - declínio: fim de dezembro. * * CONTROLE MICROBIOLÓGICO DE PRAGAS 4. VANTAGENS E DESVANTAGENS DO CONTROLE MICROBIOLÓGICO Vantagens: - o que é enzoótico e epizoótico? - epizootia: a doença aparece esporadicamente e provocam grandes variações na prevalência e na incidência. Podem arrasar populações em curtos períodos de tempo. Exemplo: Nomuraea rileyi em populações da lagarta-da-soja. * * CONTROLE MICROBIOLÓGICO DE PRAGAS 4. VANTAGENS E DESVANTAGENS DO CONTROLE MICROBIOLÓGICO Vantagens: - controle associado: pode ser empregado juntamente com inseticidas seletivos em subdosagens visando a ação sinérgica e, portanto, um controle mais rápido e eficaz da praga (testes em meio de cultivo com diferentes concentrações de defensivos químicos). Importante para o MIP. - engenharia genética: podem sofrer modificações em laboratório para serem mais virulentas e/ou específicas, além da possibilidade de confecção de plantas transgênicas. COMO FICA A BIOSSEGURANÇA? - aplicação: podem ser aplicados com os mesmos equipamentos utilizados para defensivos químicos. - poluição e toxicidade: não poluem o ambiente, são atóxicos para o homem e outros animais (?). * * CONTROLE MICROBIOLÓGICO DE PRAGAS 4. VANTAGENS E DESVANTAGENS DO CONTROLE MICROBIOLÓGICO Vantagens: - comercial: a comercialização de produtos tratados com produtos biológicos (os famosos “orgânicos”) possuem preços mais elevados. - resistência: devido ao processo de co-evolução, dificilmente insetos desenvolvem resistência a patógenos. Fungos, por exemplo, possuem diversas isoformas de enzimas hidrolíticas, formando um coquetel para a infecção. - ressurgência de pragas: devido à persistência no meio ambiente, as pragas dificilmente ressurgem. - custo de desenvolvimento e registro: apesar de controverso, o custo de produção de agentes de controle biológico é significativamente mais barato que os químicos (especialmente microrganismos). * * CONTROLE MICROBIOLÓGICO DE PRAGAS 4. VANTAGENS E DESVANTAGENS DO CONTROLE MICROBIOLÓGICO Desvantagens: - espectro de ação: a especificidade de alguns patógenos pode ser encarada como uma desvantagem econômica em comparação a defensivos químicos, que possuem amplo espectro de ação. Isso pode ser sobrepujado pela seleção de organismos de maior espectro ou utilização de mais de um agente. - ação mais lenta: as aplicações devem ser planejadas de acordo com o período de incubação do patógeno de modo que o inseto possa ser eliminado antes que as populações causem danos econômicos. Sobrepuja-se essa desvantagem com programas de aplicação pré-dano. - condições favoráveis: patógenos dependem de muitos fatores ambientais: temperatura, umidade, luminosidade, radiação, aplicação, etc. * * CONTROLE MICROBIOLÓGICO DE PRAGAS 4. VANTAGENS E DESVANTAGENS DO CONTROLE MICROBIOLÓGICO Desvantagens: - potencial de inóculo adequado e estratégias: os produtos baseados em agentes microbianos só funcionam se aplicados de forma coerente, levando em consideração, principalmente, a concentração do inóculo. - armazenamento: inseticidas microbianos exigem cuidados de armazenamento, pois precisam de condições que mantenham ou favoreçam a viabilidade e a patogenicidade. Não existe no mercado, ainda, formulações 100% eficientes. - comercial: alguns patógenos causam a aderência dos insetos mortos às plantas ou aos frutos, diminuindo a aceitação do consumidor. Resolve-se este problema fazendo-se uma lavagem dos produtos previamente à comercialização. * * CONTROLE MICROBIOLÓGICO DE PRAGAS 4. VANTAGENS E DESVANTAGENS DO CONTROLE MICROBIOLÓGICO Desvantagens: - segurança: organismos microbianos, por mais inócuos que sejam ao homem ou aos animais, podem gerar reações alérgicas (de moderadas a severas), ou tornarem-se patógenos oportunistas (pacientes com AIDS ou outras infecções microbianas, como aspergiloses). Assim, o manuseio representado por repicagens sucessivas, a produção massal em grandes fermentadores ou em sacos plásticos contendo arroz como substrato e as transformações genéticas de plantas e patógenos devem ser monitorados para evitar-se a produção de excesso de toxinas e contaminantes e a dispersão indesejada no ambiente.
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