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Hermenêutica Raimundo Bezerra Falcão

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Universidade Paulista-UNIP
Goiânia 09 de setembro de 2018
Disciplina: Hermenêutica
Docente: Alexandre Amorim
Discente: Vinícius Cardoso Santos RA: D179756
Turma: DR4R42 Turno: Noturno 
 Resenha Hermenêutica 
FALCÃO, Raimundo Bezerra. Hermenêutica 2º edição, 2º tiragem. São Paulo: Malheiros, 2013. Páginas 01 a 101.
 Raimundo Bezerra Falcão é advogado, professor de Filosofia do Direito, Mestre em Direito Público, Presidente de Honra da Academia Cearense de Direito, também membro do Instituto Brasileiro de Direito, Membro da Academia Cearense de Retórica, dentre outras. É Professor Titular Aposentado da Graduação e Pós-Graduação da Universidade Federal do Ceará -UFC. O professor Raimundo Bezerra Falcão lecionou Filosofia do Direito, hermenêutica dentre outras matérias, e foi coordenador do Mestrado da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará. Ex-Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional do Ceará, ainda foi conselheiro Federal do Conselho Federal da OAB, e é autor de diversas doutrinas de direito. 
 Na obra, o autor explica sobre muitos aspectos da hermenêutica, em tópicos, inicialmente falando do objeto do conhecimento, que pode assumir as mais variadas formas, diz que a experiencia e o conhecimento estão interligados, e sem isso é quase impossível existir o processo de conhecimento, por isso, a presença do objeto cognoscível é indispensável. Fala sobre Ontologia que é o ramo da filosofia que estuda a natureza do ser, da existência e da própria realidade. Especificamente fala da ontologia regional, diz que o objeto do conhecimento pode assumir diversas formas, podem ser seres ínfimos, portentosos, e seres intangíveis. Como é complexo classificar os objetos do conhecimento, sendo que assumem formas tão diversificadas, e com dimensões distintas, Cossio divide os objetos em ideias; objetos naturais; objetos culturais e objetos metafísicos, e assim são as quatros classes de objetos, sendo chamados de ontologias regionais por cada uma dessas formar meio que uma região. 
 O Professor Raimundo Bezerra Falcão, discorre amplamente sobre os valores, o valor é de fato a força que dentro do homem pode gerar a preferência por algo, um valor. O autor destaca as classificações dos valores, e sua amplitude, quanto aos valores universais; que são aqueles que tem a sua força com uma universalização, está no homem; valor são sociais, que são os valões enraizados em determinada sociedade. Valores nacionais, que é o patriotismo, o autor diz que a nação não é apenas um grupo, tem um caráter plural, existe a coletividade no tocante a esse valor, soma-se com a herança cultural de cada povo, nação. Os valores nacionais são aqueles que impulsionam a nação nos bens garantidores dos laços da “família espiritual”. Ainda classifica os valores populares que são, o povo, valores populares, o povo é aquele que participa da construção da sociedade, não se confunde com população que são todos os residentes, que é usado no sentido demográfico. Também classifica valores quanto ao tempo, que é um sinônimo de ética, é aquele valor que vem acompanhado com a humanidade, que está também na memória, valores duradores e valores passageiros, é o que está de fato enraizado no ser. Valor quanto a legitimidade, é aquele valor que trata da noção de valor, trata até mesmo da subjetividade do valor, o autor destaca as seguintes formas de valor: a) enquanto a presença no homem indivíduo, o valor é algo dele, plantado na solidão do seu eu, e portanto, individual; b) sendo assim, os bens na que a escalda de valor produz são coisas que decorrem do sentido individual; c) visto que os bens são tudo aquilo que o ser humano entende, e é apto a conduzi-lo a realização de seus objetivos de vida, emerge a visibilidade que temos da identificação dos bens por parte de alguém, pode resultar em algo benéfico ou prejudicial aos interesses sociais, ou coletivos, na proporção em que os valor de quem os identificou, por esse motivo é importante cuidar-se adequadamente do aspecto dos valores tocante a sua legitimidade. Ainda ressalta dos valores, positivos que são todos aqueles que no contexto social é merecedor de respeito e valores negativos, que são aqueles desprovidos de legitimidade. 
Os que não são da natureza do bem do ser humano. Os valores quanto a matéria fala sobre a vida humana, valores morais e jurídicos, valores políticos e econômicos, valores de fato da matéria, valores éticos. O autor destaca muito sobre os valores quanto a matéria. Até mesmo a classificação quanto a matéria, os valores podem ser classificados de maneira quase ilimitada, na mesma proporção em que quase ilimitadas são também as matérias de que cuida a vida humana. Assim, para iniciar, lembramos os valores morais e jurídicos, que genericamente, poderíamos chamar de valores éticos. Continuando há valores políticos, os econômicos e assim por diante. Convém notar que os valores religiosos são uma subdivisão dos valões morais. Referem se a moralidade sedimento em pontos de vista e voltada para esses pontos de vista, envoltos das na ideia de sobre naturalidade e, portanto, atemporalidade da vida. São valores que embora no homem, como, de resto, todo valor, encarregam-se de vigiar em relação aquilo que tenha a ver com o pós-humano, entendido aqui humano naquela contextura histórica e temporal, a cujo propósito. 
Posteriormente, discute a linguagem, começa falando que é um dos campos mais complexos, e que é acompanhada pela inquietação filosófica, a preocupação dos pensadores em compreender o nascimento do “filosofar” como forma de expressar sentimentos e pensamentos. É nítido perceber que a linguagem é uma ligação entre o homem e os seres vivos em geral e as coisas que lhes rodeiam. A língua segundo o autor é diferente da linguagem, o conjunto de formas históricas e sociais condicionam a função da linguagem, quer se cuide de formas orais, quer se cuide de formas gráfica. E língua é o sistema de signos linguísticos, organizados formando um sentido. A Linguagem é isso uma ponte entre o homem e as coisas, fazer o humano se comunicar com seu semelhante. 
No tocante a linguagem, Raimundo Bezerra Falcão explica sobre o início do pensamento filosófico e a curiosidade dos primeiros pensadores em entender a origem e o caráter da linguagem, indagar se originou de uma convenção ou da própria natureza. Primeiro o autor fala da linguagem como convenção, que se originou do pensamento de que “as palavras nada mais são que as etiquetas das coisas ilusórias” a partir dessa premissa o autor decorre sobre a linguagem como convenção até chegar na ideia da linguagem por natureza. A linguagem como algo existente por natureza. Os pensadores filósofos, se fizeram ascender já sob o impacto da curiosidade quanto a origem e o caráter da linguagem, se si origina de uma convenção ou da natureza.
 Neste contexto o professor, Raimundo Bezerra Falcão, expressa que um dos mais difíceis campos de inquietação filosófica é a linguagem cria-se na linguagem milhares de possibilidades. Possibilidades de escolha desses sinais, mas também possibilidade de comunicação de tais sinais em modelos abundantes. As revelações sobre estas ideias expostas, que tratam de considerações sobre do sentido e da linguagem conferem assim grande importância ao Direito. Considerando que o Direito nasceu com o homem em sociedade, que o Direito é ciência cultural e, portanto, humana e que o homem é um animal político, como disse Aristóteles, um animal que sempre adotou e adota um sistema de comunicação através de linguagem e comportamentos que expressam sentidos, fica evidente a ligação entre linguagem, sentido e Direito. Ainda nessa ideia o autor, diz que é difícil a inquietação filosófica acerca da linguagem.
 Explica o autor, Raimundo Bezerra Falcão que, se o sentido não fosse tão rico, se ele fosse o único, não existiria qualquer motivo para se cogitar da Hermenêutica. Sobretudo de uma Hermenêutica voltada à totalidade. O resultado da interpretaçãoseria o mesmo. Aliás, não haveria sentido, pois aquilo que fosse extraído, por ser único, não seria sentido. Este pressupõe alternativas de racionalidade. Por isso, também não haveria interpretação. Sequer estaríamos escrevendo aqui, uma vez que seres humanos também não seríamos, porquanto não os haveria. A Hermenêutica, portanto, origina-se da exequibilidade do sentido. Esta é que coloca os fundamentos de exigência daquela. e a causa ontológica da Hermenêutica. E é no homem, razão última de ser sobre todas as coisas, que convergem as maiores.
A preocupação dos pensadores em de fato compreender “o filosofar”, a respeito da linguagem se abre um leque de aceitações e entendimentos diversos. Em resumo, segundo o autor, o papel da Hermenêutica total é permitir a utilização de todas as alternativas possíveis de realização do ser humano na justiça, por intermédio de Direito. Ou seja. Mas também pode ter dimensão bem mais específica, visando à realização do homem, na Justiça, por intermédio do Direito. No tocante a direito e linguagem o autor destaca que no âmbito do conhecimento jurídico a linguagem é fundamental, e implica na liberdade ou ilicitude. Atualmente todo o ordenamento jurídico mundial é escrito, com a constituições consolidou os princípios da dignidade humana, dos direitos humanos, como o de que ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. 
A comunicação como linguagem e o direito são fundamentais no processo de civilização e para os avanços democráticos. A respeito da hermenêutica, o autor destaca que a mesma está focalizada sendo um sistema voltado ao auxílio na atividade interpretativa, afim de que esta não se deixe levar de vez pelo sentido, dada a inesgotabilidade deste que é capaz de provar desvios na função social da interpretação. Tudo é interpretável, porque tudo clama pelo ato ou atividade de apreensão do sentido. Até os dados e objetos do mundo físico, assim como leis e princípios das ciências que buscam o conhecimento do mundo, é se faz necessário o uso da comunicação através da linguagem. O Professor Raimundo Bezerra Falcão, explica, que a hermenêutica, como a atividade interpretativa que é por ela pesquisada, elucidada. Possui fortes vinculações com a teoria do conhecimento, aquela sem está mão conseguirá ultrapassar os moldes do saber confiável, ele discorre sobre a teoria do conhecimento e a hermenêutica amplamente. A hermenêutica, não envolve somente textos escritos, essa envolve tanto a comunicação verbal e não verbal, envolve tudo que há no processo interpretativo, assim com aspectos que envolvem toda a comunicação, como significado da filosofia e da linguagem. 
 No tocante a liberdade do sentido, não deve mostrar se insensivelmente, perante as bases éticas da linguagem. Já que o sentido é livre, e também inesgotável. Por conta dessa liberdade e dessa inesgotabilidade, o interprete deve estar atento, a fim de que possa, ele mesmo, dar um sentido teleológico a sua interpretação, de forma o resultado não seja indiferente ao fim social que se deseja atingir, isso dependendo do objeto que esteja sendo interpretado. Por esse motivo se ele interpretado, por exemplo, uma obra artística ou literária, pode perfeitamente dar asas ao sentido, pois o belo não cabe em prisão alguma e está estritamente ligado a uma questão maior, dar liberdade de manifestação do pensamento e da criação. Mas, se ele está interpretando uma norma jurídica, seu espirito, embora continuando livre na geração do sentido, há de ser inspirado por determinadas ideias, como o de justiça de bem estar coletivo de solidariedade social, de respeito a dignidade humana, assim como deixar se sensibilizar pelos postulados democráticos, nos quais de resto, se arrimam a liberdade de manifestação do pensamento e a liberdade de criação. 
O saber hermenêutico é um saber complexo, ocupa-se da estrutura e da operacionalidade da intepretação, como o objetivo de outorgar estabilidade a última, em beneficio dos efeitos sociais do sentido, em termos de aplicação a convivência. Como não poderia deixar de ser parte dos fundamentos são filosóficas, mas, enquanto o ramo do conhecimento, é saber dotado de cientificidade, adquirida pela circunstância de ser um conhecimento parcialmente unificado nos parâmetros da doutrina. Por assim dizer, hermenêutica jurídica é uma Ciência, e como tal, é orientada por princípios e regras, cuja evolução se deve ao desenvolvimento com a sociedade, despertando o interesse da doutrina jurídica. A intepretação é uma arte, e assim contendo técnicas metodológicas os meios para se chegar aos fins pretendidos. 
A hermenêutica e o direitos são interligados, o professor Raimundo Bezerra Falcão, discorre, sobre estes, o direito como, a coordenação objetiva das ações possíveis entre vários sujeitos, segundo um princípio ético que determina, excluindo qualquer impedimento. No mundo do Direito, hermenêutica e interpretação constituem um dos muitos exemplos de relacionamento entre princípios e aplicações. Enquanto que a hermenêutica é teoria e visa estabelecer princípios, critérios, métodos, orientação geral, a interpretação é de cunho prático, aplicando os ensinamentos da hermenêutica. Não se confundem, pois, os dois conceitos apesar de ser muito frequente o emprego indiscriminado de um e de outro. A interpretação aproveita os subsídios da hermenêutica. Descobre e fixa os princípios que regem a interpretação.
A efetividade do Direito depende, de um lado, do técnico que formula as leis, decretos e códigos e, do outro lado, da qualidade da interpretação realizada pelo aplicador das normas. O entendimento da norma é fundamental no direito, para a organização de uma sociedade. O autor indaga o porquê da preocupação com os valores fundamentais do homem, e destaca que o direito se atém senão ao disciplinamento das relações humanas, sendo o direito operante entre sujeitos, e o sentido é livre de sujeito a sujeito. O direito quer de fora, objetivamente coordenar e precisa-se desse modo que se dê alguma noção do comum a extração significativa. Isso exige a presença de certos lineamentos, que se deve buscar na hermenêutica. 
 O autor destaca em sua obra que a sensibilidade do interprete do direito para com o sentido convivencial de que se deve destacar sua individualidade interpretada, e demostra em todos os ramos da arvore jurídica, entende que desde inicio dizem que a busca do sentido é uma abertura para a experiencia, apesar de o processo respectivo se desenrolar no sujeito. O sujeito também não é imune a experencia, embora isso não elimine a solidão do seu eu e nem neutralizar sua individualidade.
Para finalizar o 1º capitulo da obra, Raimundo Bezerra falcão discorre sobre a hermenêutica e o direito, como expresso anteriormente, o autor destaca que, o que acontece nesse processo, que e a intepretação e o direito, estimula- nos a uma compressão, como um rio, a agua que passa pelo rio vai sempre se renovando, de modo que não é a mesma agua, mas é agua. O rio é a base de estabilidade desse processo de passagem, garantindo que a água continue passando, isto é, mantenha se chegando a seu destino renovada. A hermenêutica tem muito de rio, a intepretação que circule pelo rio hermenêutico, é a água, para a qual existe a garantia dada pelo próprio rio, de que chegará a seu destino. Embora renovada, o que é bom, ali chegará cumprindo com estabilidade o seu papel. Isso é a hermenêutica e a intepretação, em uma analogia, consegue-se explicar bem a união dessas duas. 
Começo minha apreciação dessa obra, destacando a etimologia da hermenêutica, a qual que se origina do grego, Hermeneúein, interpretar, e deriva de Hermes, Deus da mitologia grega, filho de Zeus, considerado o intérprete da vontade divina. Habitando a Terra, era um deus próximo à Humanidade, o melhor amigo dos homens. O vocábulo expressava, em Roma, a figura do intérprete ou do adivinho, daquele que lia o futuro das pessoas pelas entranhas da vítima. Daí dizer-se que interpretar significa desentranhar o sentido e o alcancedas normas aplicáveis
Interpretação do sentido das palavras. Ciência ou reflexão sobre o sentido; a arte de interpretar as ciências hermenêuticas, além de estabelecer o fato, objetiva também explicar o sentido das intenções ou das ações. O desenvolvimento do problema teórico da Hermenêutica que é interpretar e qual o seu fundamento, é relativamente recente, pois apesar do problema técnico como agir, já ser questionado desde a jurisprudência romana e até na retórica grega, esse problema científico muito tempo depois. Hermenêutica jurídica é uma Ciência, e como tal, é orientada por princípios e regras, cuja evolução se deve ao desenvolvimento com a sociedade, despertando o interesse da doutrina jurídica. A intepretação é uma arte, e assim contendo técnicas metodológicas os meios para se chegar aos fins pretendidos.
Arte é a capacidade ou atividade humana, cujos preceitos necessários à sua execução exigem habilidade e engenho. No tocante a obra do professor Raimundo Bezerra Falcão, a priori é de difícil compreensão, o autor, com seu português escrito com perfeição destaca diversos elementos da hermenêutica, começando com a parte filosófica e concluindo quando a hermenêutica se encontra com o direito. De fato, a obra Hermenêutica é muito bem elabora, e foi uma oportunidade ímpar realizar a leitura e apreciação da mesma. Concluo a presente resenha com alegria, sabendo que foi muito proveitoso o conhecimento produzido por essa leitura.

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