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EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: O QUE REVELAM OS SUJEITOS?
 
Resumo
Este trabalho objetiva apresentar o perfil dos alunos da Educação de Jovens e Adultos 
que vivenciaram o processo de escolarização na EJA, mostrando o que representa para 
eles a nova identidade constituída na transição do deixar de ser analfabeto para ser 
alfabetizado. Para orientar a realização deste estudo, destacamos Andrade (2004), 
Arroyo (2005) Brunel (2004), Esteban (2007), Reis (2009), Soares (2005) e outros. A 
discussão que ora apresentamos é parte do estudo que realizamos nos encontros do 
Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação de Jovens e Adultos (EJA) no período de 
março de 2010 a agosto de 2011. A pesquisa foi realizada com alunos e professores da 
rede pública do município de Guanambi/BA. A coleta de dados ocorreu através da 
observação na escola investigada, aplicação de questionários aos alunos e realização de 
entrevistas semiestruturadas. O texto apresenta as especificidades dos alunos da EJA 
delineando o perfil dos mesmos. Entre as características apresentadas priorizamos as 
que se referem à procedência, situação do trabalho, inserção na escola, escolarização, 
vínculo religioso, grupos etários e nível de escolarização. A intenção é que essa 
descrição possibilite a compreensão das singularidades e das regularidades entre os 
sujeitos da Educação de Jovens e Adultos e da Escola Pública. Os resultados da 
investigação sinalizam a necessidade de uma formação docente que contemple as 
particularidades da EJA, conhecimentos e saberes teórico-metodológicos que 
contribuam para uma prática educativa que observe a diversidade de gênero, geração, 
etnia e diferentes opções religiosas, ideológicas, políticas em situações de inovação 
educativa de trabalho, uma vez que a democratização da escola exige a construção de 
relações recíprocas de respeito às diferenças, aceitação e solidariedade que colaborem
para o desenvolvimento de todos.
Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos. Perfil dos alunos. Singularidades. 
Regularidades.
Introdução
As reflexões apresentadas neste trabalho são resultantes de uma pesquisa com os 
alunos da EJA, possibilitando a construção de uma visão mais ampla sobre os jovens e 
adultos que iniciaram ou retomaram seus estudos no ensino fundamental. 
O objetivo é obter dados que caracterizem esses sujeitos, traçar o perfil, 
conhecer quem são, onde moram, qual o contexto social em que estão inseridos, e quais 
as expectativas de vida desses sujeitos que foram excluídos do sistema regular de ensino 
e, consequentemente da sociedade letrada, e que, por motivos diversos, não puderam 
concluir seus estudos. De acordo com Dias et al. (2011, p. 65), é “importante destacar 
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Junqueira&Marin Editores 
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Di Paula Ferreira Prado 
Sônia Maria Alves De Oliveira Reis 
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que a ênfase dada às especificidades desses sujeitos está diretamente relacionada à 
condição de exclusão”. 
Pretende-se estudar ainda as diferentes histórias dos jovens e adultos em 
processos de escolarização e suas relações com o mundo do trabalho e com a educação, 
buscando compreender as razões e motivações que os levam a abandonar ou retornar à 
escola, e buscando entender como vivenciaram o processo educativo. Esta é também 
uma oportunidade de reflexão sobre a prática pedagógica na EJA a partir da visão 
desses alunos. Além disso, pode fornecer subsídios para a criação de políticas públicas 
ajustadas às necessidades dos sujeitos da EJA. 
Nesse contexto, Soares (2005, p. 127) afirma que:
As discussões sobre a Educação de Jovens e Adultos têm priorizado as 
seguintes temáticas: a necessidade de se estabelecer um perfil mais 
aprofundado do aluno; a tomada da realidade em que está inserido como 
ponto de partida das ações pedagógicas; o repensar de currículos, com 
metodologias e materiais didáticos adequados às suas necessidades; e, 
finalmente, a formação de professores condizente com a sua especificidade. 
A Conferência de Jomtien (1990) – Educação para Todos – já estabelecia 
como estratégia para satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem de 
todos a exigência de conteúdos, meios e modalidades de ensino e 
aprendizagem apropriados a cada um.
Sendo assim, a relevância da temática justifica-se pela possibilidade de debater 
as questões da EJA a partir de uma representação mais condizente com a realidade 
desses sujeitos, com as suas singularidades e necessidades, o que norteia e direciona o 
trabalho pedagógico a ser desenvolvido na sala de aula e a formação de um profissional 
que atenda as especificidades desses alunos específicos, que são os jovens e adultos.
Ao considerar os educandos como sujeitos de direitos é preciso direcionar o 
olhar para os assuntos adequados a esta etapa da vida, enxergando para além do espaço 
escolar e englobando outros aspectos como família, trabalho e lazer. (DIAS et al., 
2011).
Farias (2010, p. 3) destaca que:
É necessário compreender a forma de atender a diversidade dos sujeitos da 
EJA de forma que jovens e adultos possam estar na escola e aprender. São as
necessidades da vida, desejos a realizar, metas a cumprir que ditam as 
disposições desses sujeitos, e por isso há a necessidade de compreender seus 
tempos para então organizar, segundo as possibilidades de cada grupo ou 
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pessoas, o momento de formação, para garantir sua permanência e direito à 
educação. Nesse sentido se faz importante a pesquisa sobre os sujeitos da
educação de jovens e adultos. Muitos deles tem história de fracasso, de não
aprendizados, de frustrações, por isso não é possível repetir modelos e manter
abordagens infantilizadas. Ler e escrever são práticas indispensáveis às 
sociedades em que a cultura escrita regula a vida social, o que requer que 
jovens e adultos aprendam ao longo da vida num diálogo constante com seus 
saberes que não podem ser ignorados. 
Conhecendo os Sujeitos da EJA
Para sistematizar as informações, a pesquisa foi realizada numa abordagem 
qualitativa, organizada em categorias de análise e dividida em blocos que englobaram 
os aspectos sócio demográficos, culturais e cognitivos, tendo em vista uma melhor 
compreensão da realidade dos educandos da EJA. 
A abordagem qualitativa é a que melhor atende este trabalho, pois possibilita 
uma aproximação com os sujeitos da pesquisa, sendo a “metodologia que tem o 
ambiente natural como sua fonte de dados e o pesquisador como principal instrumento 
[...] procura estudar os fenômenos educacionais e seus atores dentro do contexto social e 
histórico em que acontecem e vivem...” (FARIAS, 2010, p. 2).
A discussão que ora apresentamos é parte do estudo que realizamos nos 
encontros do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação de Jovens e Adultos (EJA) no 
período de março de 2010 a agosto de 2011. A pesquisa foi realizada com alunos e 
professores da rede pública municipal de Guanambi/BA. Para conhecer os educandos 
que participaram do estudo, aplicamos 51 questionários aos alunos matriculados na 
turma de Aceleração I (3ª e 4ª série) de uma escola que atende alunos da Educação de 
Jovens e Adultos. A coleta de dados ocorreu através de observação na escola 
investigada, aplicação de questionários e realização de entrevistas semiestruturadas.
Com base nos dados coletados, por meio das respostas dadas aos questionários 
identifica-se uma grande presença de jovens e adultos na EJA. Daí a necessidade da 
escola considerá-los quando a organização do seu projeto pedagógico. 
Na visão da professora da turma, o aumento do número de jovens na EJA,além 
de decorrer da evasão e da repetência ocasionando a defasagem escolar idade/série, se 
dá, também, pela procura de certificação escolar para a disputa de trabalho no mercado 
atual. Segundo elas, os jovens manifestam constantemente, na sala de aula, que a 
permanência deles na escola se deve à necessidade de escolarização para não correrem 
riscos de não terem acesso ao mais simples dos empregos, visto que o grau de 
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escolaridade é um dos principais requisitos para a obtenção de um lugar no mercado de 
trabalho.
A inserção de jovens na modalidade de ensino de Educação de Jovens e Adultos 
e as especificidades desse segmento têm sido apontadas pelos pesquisadores Spósito 
(1997), Brunel (2004), Andrade (2004) entre outros, como um campo de estudo 
importante para o entendimento da EJA, hoje. Assim, compreender, identificar e 
analisar os significados e os sentidos atribuídos aos processos de escolarização vividos 
por esses sujeitos na EJA nos ajudará a entender quem são e o que pensam esses alunos 
sobre essa modalidade de ensino, a sua inserção e vivência nela (REIS, 2009).
Segundo Dias et al. (2011, p. 50) “cabe destacar que os sujeitos aos quais se 
destinam o fazer pedagógico da EJA têm outras especificidades que ultrapassam a 
condição de não criança, baixa escolaridade e integrante das camadas populares”. Nesse 
sentido, é explícita a relevância do estudo sobre os sujeitos da educação de jovens e 
adultos, visto que vivenciam uma trajetória de vida que se constitui numa questão 
múltipla e complexa.
Quanto às crenças religiosas desses jovens e adultos da EJA, são muito 
diversificadas. Observa-se uma grande presença de evangélicos, no qual muitos alunos 
dispõem-se a frequentar cursos noturnos na expectativa de aprender a ler a Bíblia. 
Ao analisar os questionários e as entrevistas dos alunos, verificamos que a 
maioria deles migrou de cidades vizinhas ou do interior do município para a cidade de 
Guanambi, em busca de trabalho na construção civil, como motorista, trabalho 
doméstico, serviços gerais, mecânica, casamento, estudo dos filhos e outros. Muitos 
chegaram à escola sem dominar o código da leitura e da escrita.
De um modo geral, os sujeitos da EJA são tratados como uma massa de 
alunos, sem identidade, qualificados sob diferentes nomes, relacionados 
diretamente ao chamado "fracasso escolar". Arroyo (2001) ainda chama a
atenção para o discurso escolar que os trata, a priori, como os repetentes, 
evadidos, defasados, aceleráveis, deixando de fora dimensões da condição 
humana desses sujeitos, básicas para o processo educacional. Ou seja, 
concepções e propostas de EJA comprometidas com a formação humana 
passam, necessariamente, por entender quem são esses sujeitos e que 
processos pedagógicos deverão ser desenvolvidos para dar conta de suas 
necessidades e desejos. (ANDRADE, 2004, p. 1).
De acordo com os dados dos questionários analisados, quase todos os alunos 
trabalham e ajudam nas despesas de casa. Dos 51 jovens e adultos trabalhadores, 21 
recebem menos de um salário-mínimo e somente 7 possuem carteira assinada. Ao 
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abordar esse tema, Arroyo (2005, p.29) afirma que, “desde que a EJA é EJA, os jovens 
e adultos são os mesmos: pobres, desempregados, vivem da economia informal, negros, 
vivem nos limites da sobrevivência”. Esses jovens e adultos populares fazem parte dos 
mesmos coletivos sociais, raciais, étnicos, culturais. 
Com relação à situação de trabalho observa-se que todos os jovens e adultos 
pesquisados são trabalhadores. Dispõem-se a frequentar a EJA na expectativa de 
melhorar suas condições de vida. Segundo seus relatos, é com sacrifício que estudam no 
noturno, pois acumulam responsabilidades profissionais e domésticas. Além disso, o 
estudo reduz o pouco tempo de lazer que possuem. Os alunos que frequentavam as aulas 
constantemente manifestaram esperança de continuar os estudos: concluir o ensino 
fundamental e médio, ter acesso a outras habilitações profissionais. 
Nessa perspectiva, uma questão importante, para a EJA, é pensar os seus 
sujeitos além da condição escolar. O trabalho, por exemplo, tem papel 
fundante na vida dessas pessoas, particularmente por sua condição social, e, 
muitas vezes, é só por meio dele que eles poderão retornar à escola ou nela 
permanecer, como também valorizar as questões culturais, que podem ser 
potencializadas na abertura de espaços de diálogo, troca, aproximação, 
resultando interessantes aproximações entre jovens e adultos. (ANDRADE, 
2004, p. 3).
Ao tratar desse assunto, Dias et al. (2011, p. 65) explicita que os sujeitos da EJA 
“são atores sociais que, enquanto membros de uma sociedade, vivenciam tal experiência 
ativamente, ou seja, são pessoas que ajudam a construir, cotidianamente, a história da 
sociedade em que vivem”. Contraditoriamente, esses trabalhadores são desvalorizados, 
discriminados e estigmatizados por fazerem parte de um grupo dos analfabetos ou 
pouco escolarizados, daqueles que são excluídos, muitas vezes, da vida social por não 
dominarem as habilidades de leitura e escrita.
Percebemos ainda que é cada vez mais reduzido o número de jovens e adultos 
que efetivamente frequentam a EJA e que não tiveram nenhuma passagem anterior pela
escola. Certo é que o histórico de inserções e constantes interrupções no ensino regular 
ou na EJA é comum, principalmente, em relação aos mais jovens. 
Quanto aos adultos e idosos, tendo abandonado os estudos quando crianças ou 
adolescentes, devido ao trabalho, no presente, não querem desperdiçar a oportunidade 
de estudar, pois percebem a relevância da escolarização nas demandas do mundo atual. 
Segundo Dias, et al (2011, p. 69) é preciso “considerar a concepção do processo 
educativo como uma formação que se dá ao longo da vida e, nessa perspectiva, valida a 
ideia de que tal processo não deve estar restrito às etapas regulares da escolarização”.
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Sobre os motivos que os levaram a abandonar ou interromper os estudos, os 
entrevistados apresentaram os seguintes: medo de voltar a estudar, medo de conviver 
com os mais jovens e ser discriminado, distância da residência ou do trabalho, 
dificuldade de conciliar o tempo para o estudo e para o trabalho, problemas de saúde, 
insatisfação com as aulas, desinteresse pelos assuntos tratados, dificuldade de 
aprendizagem, problemas familiares, não gostar dos colegas ou do professor, padrão de 
trabalho muito acessível ou trabalhos pedagógicos muito difíceis, tempo para cuidar dos 
filhos e depreciação dos estudos pelos pais. A tudo isso, soma-se a necessidade de 
ajudar no trabalho da roça.
Alguns com mais de 14 anos deixam de estudar no diurno porque reclamam que 
não conseguem aprender e sentem-se humilhados e discriminados entre as crianças. 
Também lamentaram que as escolas a que têm acesso não oferecem condições de 
aprendizagem adequadas.
Segundo os alunos da EJA, a relação deles com a escola é marcada pelo 
insucesso ocasionado por fatores diversos. Os dados mostram que: para 26 alunos, a 
escolarização iniciou-se por volta dos 4 a 8 anos; e a grande maioria iniciou o processo 
de escolarização a partir dos 10 anos. Segundo Dias et al. (2011, p. 69) “... permanecer 
na escola, tem sido, para esses sujeitos, uma tarefa muito árdua”. 
Quanto aos motivos que os levaram a retornarem à escola e continuar estudando,destacam-se: considerar o estudo essencial para melhorar de vida; pretender fazer o 
ensino fundamental e médio; ser o estudo uma das condições para arrumar um serviço 
melhor; e para aprender um pouco mais. Somam-se a esses motivos, razões sociais: 
arranjar amigos, passeios, troca de experiências; ler a Bíblia; ler e escrever bem; fazer 
anotações, contas, preencher cheque; aprender a escrever o nome; e reconhecer as letras. 
Deste modo acreditam que a escola poderá proporcionar-lhes um futuro melhor, 
contribuindo para se sentirem mais felizes, melhorando a vida pessoal e a vida dos 
filhos. Nesse sentido, Arroyo expõe, “os jovens e adultos que trabalham durante o dia e, 
à noite, frequentam a EJA dão valor à escola, ao estudo, a ponto de se sacrificar por 
anos, todas as noites, depois de um dia exaustivo de trabalho”. (ARROYO, 2004, 
p.118).
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Tecendo Algumas Considerações
É necessário pensar, historicamente, quem são os sujeitos que ingressam na EJA; 
quais são suas expectativas diante do retorno à escola; que conhecimentos têm a 
respeito do mundo externo, sobre si mesmos e sobre as outras pessoas. Talvez, assim, 
não corremos o risco de defini-los por aquilo que não são e, em nome de uma educação 
igualitária, oferecer-lhes um ensino homogêneo que valorize determinado grupo 
cultural.
Pensar sujeitos da EJA é trabalhar com e na diversidade. A diversidade se 
constitui das diferenças que distinguem os sujeitos uns dos outros – mulheres, 
homens, crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos, pessoas com 
necessidades especiais, indígenas, afrodescendentes, descendentes de 
portugueses e de outros europeus, de asiáticos, entre outros. A diversidade 
que constitui a sociedade brasileira abrange jeitos de ser, viver, pensar — que 
se enfrentam. Entre tensões, entre modos distintos de construir identidades 
sociais e étnico-raciais e cidadania, os sujeitos da diversidade tentam dialogar 
entre si, ou pelo menos buscam negociar, a partir de suas diferenças, 
propostas políticas. Propostas que incluam a todos nas suas especificidades 
sem, contudo, comprometer a coesão nacional, tampouco o direito garantido 
pela Constituição de ser diferente. (BRASIL, 2008, p. 1).
Ao se analisar a Educação de Jovens e Adultos em um sentido amplo, tomando-
se como referência a pluralidade dos sujeitos que dela fazem parte, constata-se que, 
longe de estar servindo à democratização das oportunidades educacionais, ela se 
conforma no lugar dos que "podem menos e também obtêm menos". “[...] Devemos 
ultrapassar o enfoque da Educação de Jovens e Adultos como educação compensatória, 
em favor de uma visão mais ampla e permanente, que responda às demandas do 
desenvolvimento local, regional e nacional”. (ANDRADE, 2004, p. 1-2). 
Com esse estudo, pudemos inferir que os jovens e adultos deixam de frequentar a 
escola pública porque, apesar de atenderem jovens e adultos das classes populares, ela 
não se tornou, de fato, uma escola pública onde se realiza a educação popular. Outros 
motivos se referem às dificuldades em se manterem na escola, devido à postura do 
professor, ao lugar de passividade do aluno, ao sentimento de não pertença a esse lugar 
e de negação desse espaço como de direito. 
Como declara Medeiros (2005, p.11):
Infelizmente, ainda vivemos um momento de ampliação das desigualdades 
sociais e do processo de exclusão social no país, que atinge cada vez mais os 
setores menos privilegiados da sociedade, implicando em dificuldades por 
esses setores em relação ao acesso ao processo de escolarização e à 
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permanência com sucesso no mesmo. São milhões de jovens e adultos, que 
apesar de todos os esforços que vêm se efetivando nas várias esferas, sejam 
governamentais ou não, continuam à margem da escola ou, dentro dela, sem 
aprender, ou, ainda, aprendendo, mas não sabendo o que fazer com o que 
aprenderam em seu processo de escolarização, por terem sido obrigados a 
estudar conteúdos sem significação para suas vidas.
Diante do exposto, compreendemos que um dos grandes desafios no ensino de 
EJA é reconhecer as especificidades do público atendido e perceber o conceito de jovem 
e adulto para além da delimitação da faixa etária. Nessa direção, de acordo com Fávero, 
Andrade e Brenner (2007, p.97) o desafio de construir um trabalho pedagógico que 
atenda às expectativas e condições das diferentes faixas etárias não está dissociado do 
desafio de criar condições favoráveis para que o relacionamento entre os sujeitos seja 
positivo e produtivo. 
Como afirma Andrade (2004, p. 1) deve-se considerar que: 
Construir uma EJA que produza seus processos pedagógicos, considerando 
quem são esses sujeitos, implica pensar sobre as possibilidades de 
transformar a escola que os atende em uma instituição aberta, que valorize 
seus interesses, conhecimentos e expectativas; que favoreça a sua 
participação; que respeite seus direitos em práticas e não somente em 
enunciados de programas e conteúdos; que se proponha a motivar, mobilizar 
e desenvolver conhecimentos que partam da vida desses sujeitos; que 
demonstre interesse por eles como cidadãos e não somente como objetos de 
aprendizagem. A escola, sem dúvida, terá mais sucesso como instituição 
flexível, com novos modelos de avaliação e sistemas de convivência, que 
considerem a diversidade da condição do aluno de EJA, atendendo às 
dimensões do desenvolvimento, acompanhando e facilitando um projeto de 
vida, desenvolvendo o sentido de pertencimento. 
A presença crescente de jovens na EJA tem trazido novas questões que 
demandam preparo dos professores para enfrentá-las. Os resultados da investigação 
sinalizam a necessidade de uma formação docente que contemple as particularidades da 
EJA, conhecimentos e saberes teórico-metodológicos que contribuam para uma prática 
educativa que observe a diversidade de gênero, geração, etnia e diferentes opções 
religiosas, ideológicas, políticas em situações de inovação educativa de trabalho.
Segundo Arroyo (2005, p. 22) os sujeitos da EJA são “jovens e adultos com 
rosto, com histórias, com cor, com trajetórias sócio-étnico-racial, do campo, da 
periferia. Se esse perfil de educação de jovens e adultos não for bem conhecido, 
dificilmente estaremos formando um educador desses jovens e adultos”. 
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As reflexões sobre os sujeitos da EJA entram no “campo da identidade, das 
representações e das imagens sociais sobre aqueles que em nossa sociedade não sabem 
ler nem escrever ou são pouco escolarizados. São sujeitos específicos – jovens e adultos 
– com marcas específicas de insegurança sobre o presente e o futuro”. (SOARES, 2011 
apud ARROYO, 2008).
Sendo assim, a escola pública se fortalece ao consolidar suas atuações como 
educação popular [...] Nos entrelaçamentos cotidianos se redefinem as 
relações [...] em cujas tramas também podem ser encontrados o insucesso, o 
erro, a dúvida, a impossibilidade, a incapacidade, porém compreendidos 
como características das interações humanas e não como incompetência de 
alguns sujeitos individualizados e descolados do contexto do qual participam. 
[...] Portanto, as práticas pedagógicas se democratizam e se vinculam aos 
processos de emancipação social, quando são realizadas com as diferenças e 
não contra as diferenças [...] a qualidade se articula aos processos 
pedagógicos em que os sujeitos em interação trazem para arelação suas 
singularidades e, no coletivo, encontram meios para ampliar constantemente 
seus saberes. A democratização da escola pressupõe o coletivo como espaço 
privilegiado para o estabelecimento de relações solidárias que contribuam 
para a ampliação do conhecimento de todos os envolvidos no processo. 
(ESTEBAN, 2007, p. 16).
Por fim, o avanço nas pesquisas e entendimento sobre a EJA possibilita a 
compreensão das singularidades e das regularidades entre os educandos da Educação de 
Jovens e Adultos e da Escola Pública. Repensar as práticas escolares no campo da EJA
e abordar os sujeitos a partir da sua diversidade, tem sido um enorme desafio das 
políticas públicas atuais. Deste modo, faz-se necessário, uma reflexão aprofundada 
sobre que sujeitos a escola almeja formar e qual a relação que pode ser estabelecida 
entre a escola e os bens culturais da sociedade.
Referências
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PAIVA, J. (Org.). Educação de jovens e adultos. Rio de Janeiro: DP&A, 2004. p. 43-
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2004. Disponível em: <http://www.tvebrasil.com.br/salto/boletins2004/eja/index.htm>. 
Acesso em: 06 mar. 2012.
ARROYO, M. G. A educação de Jovens e Adultos em tempos de exclusão. In: 
Construção coletiva: Contribuições à Educação de Jovens e Adultos. Brasília: 
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10
______. Imagens Quebradas: trajetórias e tempos de alunos e mestres. Petrópolis: 
Vozes, 2004.
______. Educação de jovens e adultos: um campo de direitos e de responsabilidade 
pública. In: SOARES, L.J.G.; GIOVANETTI, M.A.; GOMES, N.L. Diálogos na 
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Acesso em 07 mar. 2012.
BRUNEL, C. Jovens cada vez mais jovens na educação de jovens e adultos. Porto 
Alegre: Mediação, 2004.
DIAS, F. V. et. al. Sujeitos de mudanças e mudanças de sujeitos: as especificidades do 
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EITERER, C. L.; REIS, S. M. A. O. Educação de jovens e adultos entre regulação e 
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2009, v. 1, p. 179-216.
ESTEBAN, M. T. Educação popular: desafio à democratização da escola pública. Cad. 
Cedes, Campinas, vol. 27, n. 71, p. 9-17, jan./abr. 2007.
Disponível em: <http://www.cedes.unicamp.br>. Acesso em: 08 fev. 2012.
FARIAS, A. F. Identificando os sujeitos da educação de jovens e adultos no 
município de Presidente Prudente-SP. 2010. Disponível em:
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