Buscar

Artigo sobre hormônios e exercício

Prévia do material em texto

24/04/2017 Artigo sobre hormônios e exercício ­ ufrjed2017@gmail.com ­ Gmail
https://mail.google.com/mail/u/0/#inbox/15ba0238f237e7bc 1/7
Efeitos metabólicos e hormonais do exercício εsico 
e sua ação sobre a síndrome metabólica
*Mestre em Ciência da Nutrição
Universidade Vale do Rio Doce – Univale
Governador Valadares, MG
**Professora Doutora do Departamento de Nutrição e Saúde
Universidade Federal de Viçosa ‐ UFV, Viçosa, MG
***Professor Doutor do Departamento de Educação Física
Universidade Federal de Viçosa ‐ UFV, Viçosa, MG
Fabrícia Geralda Ferreira*
Josefina Bressan**
João Carlos Bouzas Marins***
fafege@yahoo.com.br
(Brasil)
 
 
Resumo
          A recomendação da prática regular de exercício físico por diferentes associações de saúde está relacionada aos benefícios desta atividade na prevenção e tratamento
de  doenças  crônicas  não  transmissíveis,  pois  sua  prática  promove  importantes  alterações  hormonais  e metabólicas.  O  objetivo  deste  trabalho  é  realizar  uma  revisão  de
literatura apresentando os principais efeitos metabólicos e modificações hormonais do exercício físico e sua ação sobre a síndrome metabólica. Para tal, foram consultadas as
bases de dados Medline, Scielo, Science Direct, Highwire e Periódicos Capes, utilizando os termos exercício e síndrome metabólica (exercise metabolic syndrome); exercício e
hormônios  (exercise  hormone);  hipotensão  e  exercício  (hypotension  exercise);  hipertensão  (hypertension);  leptina  e  exercício  (leptina  exercise);  diabtes  melllitus  e
dislipidemia exercício (dislipidemy exercise), sendo a busca restrita aos anos de 1995 a 2005. Como principais resultados, temos que o exercício é uma medida terapêutica
eficaz no tratamento da síndrome metabólica, independente da idade dos indivíduos. Há também uma forte associação da síndrome metabólica com o sedentarismo, devendo
ser estimulada, portanto, a prática de exercício físico durante toda a vida. A revisão dos artigos científicos permite concluir que o exercício físico pode contribuir de forma
efetiva na diminuição dos fatores de risco relacionados à síndrome metabólica.
          Unitermos: Síndrome metabólica. Exercício. Hormônio. Efeitos metabólicos.
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital ­ Buenos Aires ­ Año 13 ­ Nº 129 ­ Febrero de 2009
1 / 1 
Introdução
        A  síndrome  metabólica  é  caracterizada  por  um  somatório  de  distúrbios,  sendo  diagnosticada  quando  estão
presentes  pelo  menos  três  dos  seguintes  fatores:  hipertensão  arterial,  resistência  a  insulina,  hiperinsulinemia,
intolerância a glicose, diabetes tipo 2, obesidade central e dislipidemia (1).
       Para a prevenção e tratamento desta síndrome, tem sido demonstrada a necessidade de mudança no estilo de
vida, por meio de uma alimentação equilibrada e prática regular de atividade física (1,2,3).
        A  inatividade  física  possui  uma  forte  relação  com a presença dos  componentes da  síndrome metabólica  (4,5),
sendo que o exercício físico é um importante fator na prevenção e tratamento desta síndrome, pelo fato de provocar
modificações em uma série de respostas fisiológicas como será demonstrado a seguir.
    O objetivo desta revisão é demonstrar os efeitos metabólicos e modificações hormonais do exercício físico e sua
ação sobre a síndrome metabólica.
Metodologia
    Foi realizada uma revisão de literatura com base em periódicos nacionais, internacionais e livros de fisiologia que
abordassem o tema proposto. Para isso, foram consultadas as bases de dados Scielo, ScienceDirect, Periódicos Capes
e  Highwire,  utilizando  os  termos:  síndrome  metabólica  (exercise  metabolic  syndrome);  exercício  e  hormônios
(exercise  hormone);  hipotensão  e  exercício  (hypotension  exercise);  hipertensão  (hypertension);  leptina  e  exercício
(leptina exercise); diabtes melllitus e dislipidemia exercício (dislipidemy exercise). O intervalo de tempo selecionado
foi 1995 – 2005, sendo que a inclusão de algumas referências mais antigas foi necessária em função da relevância
científica demonstrada para a compreensão do tema.
    Para melhor organização do trabalho, este será apresentado em tópicos.
Efeitos metabólicos e modificações hormonais decorrentes do exercício físico
    O exercício físico ocasiona diversos efeitos fisiológicos que podem ser classificados como agudos imediatos, agudos
tardios  e  crônicos.  Os  efeitos  agudos  são  aqueles  que  ocorrem  em  associação  direta  com  a  sessão  de  exercício,
24/04/2017 Artigo sobre hormônios e exercício ­ ufrjed2017@gmail.com ­ Gmail
https://mail.google.com/mail/u/0/#inbox/15ba0238f237e7bc 2/7
sendo subdivididos em imediatos, quando ocorrem imediatamente após a sessão, ou tardios, quando ocorrem nas 24
a  72  horas  após  o  exercício.  Já  os  efeitos  crônicos,  ou  adaptações,  são  os  resultantes  da  exposição  freqüente  e
regular às sessões de exercício (6).
Adaptações decorrentes do treinamento
    As adaptações ao treinamento são dependentes do tipo, intensidade e duração da atividade desenvolvida. A prática
de exercícios aeróbios, por exemplo, está associada à melhoria da capacidade de realização de exercício submáximo
prolongado, aumento da capacidade aeróbia máxima (VO2máx), número de capilares, volume sistólico, hipertrofia do
ventrículo esquerdo, quantidade, eficiência e tamanho das mitocôndrias (7,8). No entanto, estas são apenas algumas
das  modificações  decorrentes  do  exercício  aeróbio,  sendo  que  o  percentual  de  melhora  destes  parâmetros  é
dependente do nível de condicionamento físico do indivíduo no início do programa de treinamento.
    Já o exercício de resistência está relacionado ao ganho de força, resistência e potência muscular (9), assim como
ao aumento da massa magra, metabolismo basal e gasto energético (7,8).
        Estas  adaptações  decorrentes  dos  exercícios  promovem  impactos  diretos  nos  componentes  da  síndrome
metabólicos.
Modificações hormonais
       Dentre os efeitos  fisiológicos do exercício  físico, um  importante ponto  refere­se à  interferência na secreção de
alguns  hormônios.  Os  hormônios  que  têm  sua  secreção  alterada  pelo  exercício  e  que  podem  interferir  nos
componentes da síndrome metabólica são: o hormônio do crescimento, as catecolaminas, o glucagon, a  insulina, a
endorfina e, em alguns casos, a leptina. Cada um será discutido separadamente abaixo.
Hormônio de Crescimento
        O  hormônio  do  crescimento  (GH),  além  de  ser  um  potente  agente  anabólico,  estimula  diretamente  a  lipólise
(7,8,10).  Suas  concentrações  encontram­se  elevadas  durante  o  exercício,  sendo  que,  quanto  mais  intenso  for  o
exercício, maior a quantidade liberada deste hormônio (7,8).
    Como o GH pode promover a lipólise, realizar exercícios regularmente que aumentam sua taxa de secreção pode
contribuir  para  diminuição da  obesidade,  que  é  um dos  componentes  da  síndrome metabólica.  Comprovando  isso,
Wee et  al  11  demonstraram  que  o  hormônio  do  crescimento  aumentou  a  lipólise  no  período  de  recuperação  em
homens moderadamente treinados, jovens e idosos, após exercício a 70% do VO2máx.
Catecolaminas
    Os níveis plasmáticos de catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) aumentam de maneira diferenciada durante o
exercício, com a concentração de noradrenalina aumentando acentuadamente em taxas de trabalho superiores a 50%
do VO2 máx,  enquanto  a  concentração  de  adrenalina  só  irá  aumentar  significativamente  quando  a  intensidade  do
exercício ultrapassar 75% VO2 máx.
    A atuação em conjunto destes dois hormônios promove, entre outros efeitos, o aumento da taxa metabólica, da
liberação de glicose e de ácidos graxos livres no sangue (8), sendo que o aumento no gasto energético é positivo no
combateà obesidade.
Glucagon e Insulina
       No exercício,  à medida que os níveis plasmáticos de glicose no  sangue vão diminuindo, ocorre estimulação da
glicogenólise hepática pelo aumento gradual da concentração plasmática de glucagon (7,8).
        Fernández­Pastor  et  al  (12)  demonstraram  que,  quanto  maior  a  duração  do  exercício,  maior  a  liberação  de
glucagon, sendo que, em exercícios moderados de curta duração, observa­se diminuição nos seus níveis plasmáticos.
        O  efeito  do  exercício  na  concentração  de  insulina  é  o  contrário  do  que  ocorre  com  o  glucagon,  estando  suas
concentrações  diminuídas  no  período  de  atividade.  Os  fatores  que  podem  levar  à  diminuição  da  insulina  são  o
aumento da velocidade de transporte de glicose para dentro das células musculares, a ação das catecolaminas e a
liberação de glucagon (13).
        A  diminuição  dos  níveis  de  insulina  é  proporcional  à  intensidade  do  exercício,  sendo  que,  em  exercícios
prolongados, ocorre um progressivo aumento na obtenção de energia proveniente da mobilização de  triacilglicerois
24/04/2017 Artigo sobre hormônios e exercício ­ ufrjed2017@gmail.com ­ Gmail
https://mail.google.com/mail/u/0/#inbox/15ba0238f237e7bc 3/7
(7,12).
    Desta forma, o exercício torna­se  importante por facilitar a captação de glicose e diminuir os níveis de insulina,
sendo positivo para o indivíduo portador de diabetes.
Endorfinas
    As endorfinas são um tipo de opióide liberado durante o exercício. Elas estão relacionadas à maior tolerância à dor,
ao  controle  do  apetite,  à  redução  da  ansiedade,  da  raiva  e  da  tensão.  No  exercício  aeróbico,  a  intensidade  é  o
principal fator que estimula as elevações dos níveis plasmáticos de beta­endorfina. Já no exercício de resistência, sua
liberação varia com o protocolo, sendo que maior duração e maiores intervalos de repouso entre as séries promovem
melhores resultados (7).
    Constata­se que há efeitos positivos para a síndrome metabólica com a liberação de endorfinas pelo exercício. No
entanto, altas cargas de treinamento podem gerar distúrbios menstruais por  inibição da gonadorelina hipotalâmica,
provocada pelos opióides (14).
Leptina
    A leptina está relacionada à regulação da saciedade, taxa metabólica e massa corporal. Sua secreção é realizada
em maior  parte  pelo  tecido  adiposo,  porém,  pode  ser  secretada  em menor  quantidade  pelo músculo  esquelético,
epidídimo mamário, placenta e cérebro (15).
    Uma sessão de exercício não afeta a concentração plasmática de leptina em homens e mulheres saudáveis, sendo
que as modificações ocorridas podem ser atribuídas à hemoconcentração ou às variações no ritmo circadiano (16).
    Com relação à intervenção nos níveis de leptina decorrente dos efeitos crônicos do exercício, não há consenso na
literatura, com trabalhos demonstrando que o exercício diminui sua concentração (17,18) e o outros  indicando que
não há alteração (19,20).
        As  modificações  hormonais  decorrentes  da  prática  de  exercícios  podem  ter  importantes  contribuições  no
tratamento e prevenção da síndrome metabólica, uma vez que podem atuar nos seus diferentes componentes.
Exercício físico e sua interferência nos componentes da Síndrome Metabólica
Exercício físico e obesidade
    A prevalência de sobrepeso e obesidade tem aumentado nos últimos anos, caracterizando um problema de saúde
pública (1,21). Inúmeros pesquisadores têm dedicado seus estudos à explicação dos fatores que causam ou que estão
associados a esta doença. No entanto, evidências recentes têm atribuído à inatividade física uma das principais causas
da obesidade na sociedade moderna (2).
        Comprovando  estas  evidências,  Slentz  et  al  (21)  mostraram  que  mesmo  o  exercício  de  baixa  quantidade  e
intensidade  moderada  pode  promover  benefícios  à  saúde,  prevenindo  o  ganho  de  gordura  visceral.  Tem  sido
demonstrado  que  as  modificações  no  estilo  de  vida,  com  o  aumento  da  prática  de  atividade  física  associado  à
reeducação alimentar, são ações importantes para o tratamento da obesidade (22).
    Os mecanismos que atribuem ao exercício físico um importante fator na prevenção e tratamento da obesidade são
a  elevação  da  taxa metabólica  de  repouso  (TMR)  (23),  alterações  nos  níveis  das  catecolaminas  e  estimulação  da
síntese protéica. Os efeitos na TMR são dependentes do tipo de exercício, duração e intensidade, podendo durar de 3
a 72 horas (7).
    O exercício físico também contribui com a elevação do gasto energético diário pelo aumento do efeito térmico da
atividade  física, podendo ser até 10 vezes maior que o valor da TMR quando há a participação de grandes grupos
musculares (7).
    Sabia et al (24), ao comparar o efeito do exercício físico aeróbio contínuo e  intermitente associado à orientação
alimentar  em  29  adolescentes  obesos,  treinando  três  vezes  por  semana  durante  16  semanas,  encontraram  que
ambos foram eficientes na promoção de mudanças corporais, auxiliando no combate da obesidade. Houve também
aumento da massa magra, sendo que o exercício aeróbio promoveu uma diminuição de 1,5% na massa corporal total
e 4,6% no índice de massa corporal (IMC), enquanto o exercício anaeróbio reduziu a massa corporal em 3,7% e o
IMC  em  7,6%.  Com  base  nas melhoras  do  IMC  e massa  corporal  total,  os  dois  exercício  são  efetivos,  porém,  o
aeróbio intermitente promoveu melhores resultados.
24/04/2017 Artigo sobre hormônios e exercício ­ ufrjed2017@gmail.com ­ Gmail
https://mail.google.com/mail/u/0/#inbox/15ba0238f237e7bc 4/7
        Marra et  al  (25),  ao  estudar  16  homens  com  sobrepeso,  divididos  em  dois  grupos  de  exercício  (moderada
intensidade 60 ­ 70% Fcmáx e alta intensidade 75 ­ 90% Fcmáx), por um período de 14 semanas, encontraram que o
exercício de alta  intensidade foi mais efetivo na perda de gordura que o exercício de moderada intensidade. Dados
como  os  deste  estudo  apóiam  a  afirmativa  de  que  exercícios  de  mais  alta  intensidade  são  mais  efetivos  para
promoção de emagrecimento.
Metabolismo lipídico durante o exercício
Mobilização dos ácidos graxos livres no tecido adiposo
    O exercício prolongado de baixa para moderada intensidade possui como importante fonte de energia a oxidação
dos ácidos graxos livres derivados do tecido adiposo (26). Observa­se que nos momentos iniciais do exercício a taxa
de  captação  e  oxidação  de  ácidos  graxos  livres  (AGL)  é  aumentada  pelos  músculos  ativos,  gerando  uma  queda
transitória  na  sua  concentração  plasmática.  No  entanto,  ocorre  um  aumento  da  concentração  dos  hormônios
lipolíticos,  adrenalina,  noradrenalina,  glucagon,  hormônio  do  crescimento,  bem  como  uma  redução  nos  níveis  de
insulina, o que promove uma maior liberação dos AGL pelo tecido adiposo (26).
        À  medida  que  o  exercício  progride,  a  taxa  de  mobilização  de  AGL  aumenta  e  pode  exceder  sua  utilização,
resultando em aumento da concentração plasmática (27). Porém, esta taxa de mobilização é dependente da lipólise,
da capacidade de transporte dos AGL e de sua taxa de reesterificação.
    A capacidade de transporte de AGL do tecido adiposo é influenciada pela concentração de albumina plasmática,
sendo que durante o exercício a concentração de AGL aumenta e a concentração de albumina plasmática permanece
praticamente constante. Devido a esta diferença, algumas moléculas de AGL são encontradas não ligadas à albumina,
o que contribui para reesterificação desses ácidos graxos para o tecido adiposo. A velocidade de entrada de AGL e
glicerol na circulação também é influenciada pelo fluxo sanguíneo no tecido adiposo. Desta forma, como os exercíciosprolongados com intensidade de 50% do VO2máx aumentam o fluxo sanguíneo do tecido adiposo, pode ocorrer maior
captação dos AGL como fonte energética (28).
Oxidação dos triacilglicerois intramusculares durante o exercício
    Durante o exercício prolongado, a reserva de triacilglicerol intramuscular pode ser uma fonte de energia importante
(26),  já  que,  segundo Maughan et  al  (28),  a  atividade  da  lipase  lipoprotéica,  que  é  responsável  pela  entrada  das
moléculas de AGL na célula muscular, não é suficiente par suprir a demanda de AGL do músculo durante o exercício.
A utilização desta reserva como fonte de energia é importante, podendo supor que à medida que estas reservas são
depletadas,  haverá  necessidade  de  ressíntese,  o  que  justifica  a  não  observação  de  diferença  entre  suas
concentrações dentro do músculo (26).
Exercício físico e dislipidemia
       O exercício físico tem sido amplamente empregado como medida não farmacológica no combate à dislipidemia,
pois modificações no perfil lipídico podem ocorrer decorrentes de sua prática. Pessoas ativas, na maioria das vezes,
apresentam níveis maiores de HDL­c e menores de triacilgliceróis, LDL­c e VLDL­c, comparado às sedentárias (29). A
ampliação da utilização dos ácidos graxos pelo tecido muscular e a maior ação da lipase lipoprotéica podem explicar
estas modificações (28).
        Na  literatura,  é  possível  encontrar  diversos  trabalhos  relacionados  ao  exercício  e  dislipidemia.  Entre  eles,  a
metanálise, realizada por Kelley e Kelley (30), mostra que o exercício aeróbio aumenta em aproximadamente 11% a
partícula  HDL2­c  em  adultos.  Este  importante  achado  reforça  o  papel  do  exercício  físico  no  combate  à  síndrome
metabólica, pois a partícula de HDL2 ­c possui o papel de receptor final no processo de transporte do colesterol dos
tecidos periféricos para o fígado, sendo que os  indivíduos que possuem maiores níveis dela poderão ter um menor
risco de doença cardiovascular.
    Ratificando a importância do exercício, Bhalodkar et al (31) encontraram, em seus estudos com índios asiáticos,
níveis de HDL­c em média 11% maiores nos índios que eram ativos, comparados com os considerados sedentários. O
tamanho  da  partícula  de  HDL­c  e  sua  densidade  também  foram  significativamente maiores  no  grupo  ativo.  Estes
achados refletem a importância do exercício como medida não medicamentosa para este grupo populacional, já que a
24/04/2017 Artigo sobre hormônios e exercício ­ ufrjed2017@gmail.com ­ Gmail
https://mail.google.com/mail/u/0/#inbox/15ba0238f237e7bc 5/7
prevalência  de  incidência  de  mortalidade  por  doença  arterial  coronariana  é  de  50  a  400%  maior  nestes  índios
comparados a pessoas de outras etnias.
    Outro benefício do exercício relacionado à dislipidemia foi demonstrado por Sánchez­Quesada et al (32)  que,  ao
comparar  um  grupo  de  38  atletas  com  38  indivíduos  sedentários,  verificaram  que  a  partícula  LDL­c  de  indivíduos
treinados era mais  resistente à modificação oxidativa que a dos sedentários. Esta descoberta permite  inferir que o
exercício  de  alta  intensidade  também pode  ser  protetor,  ao  contrário  do  que  era  esperado,  pois  uma  LDL­c mais
resistente à oxidação pode ser menos aterogênica.
    A melhora do perfil  lipídico, decorrente do exercício físico, também pode ser verificada em indivíduos diabéticos.
Khawali et  al  (33)  estudaram  adolescentes  diabéticos  e  verificaram  que  43,3%  dos  que  possuíam  colesterol  total
acima  de  160mg/dl  obtiveram  redução  quando  exercitavam.  Quanto  ao  LDL­c,  64,5%  dos  jovens  que  iniciaram  o
programa  com  valores  >100mg/dl  reduziram  estes  níveis.  Em  relação  a  HDL­c,  70,5%  dos  que  possuíam
concentrações  abaixo  de  40mg/dl  obtiveram  aumento  nestes  níveis  ao  final  de  uma  semana  de  intervenção.  No
entanto, não houve modificação na proporção de adolescentes com triacilglicerol > 150mg/dl.
    Achados como o de Khawali et al (33) demonstram que um programa regular de exercício é eficaz na otimização
do perfil lipídico em adolescentes com diabetes melito tipo 1. No entanto, é importante deixar claro que o protocolo de
atividades executadas por eles que consistia de sessões de 50 minutos de exercícios, 3 vezes ao dia, não é facilmente
aplicável  na  prática.  Porém,  benefícios  semelhantes  poderão  ocorrer  com  um  tempo maior  de  prática  desportiva,
como foi encontrado no estudo de Lehamann et al (34), em que um período de 3 meses de exercícios reduziu a LDL­c
e elevou o HDL­c em indivíduos diabéticos.
Exercício físico e hipertensão arterial
        O  exercício  físico  tem  sido  recomendado  como  uma medida  não  farmacológica  no  tratamento  da  hipertensão
arterial  (35),  uma  vez  que  diminuições  na  pressão  arterial  sistêmica  pós­exercício  têm  sido  demonstradas  com
programas de exercício, tanto em indivíduos hipertensos como em normotensos (36 37).
    Hagberg et al. (38) verificaram que o treinamento físico regular provoca, em média, redução de 11 e 8 mmHg na
pressão arterial sistólica e diastólica,  respectivamente, em 75% dos  indivíduos com hipertensão, além de reduzir a
resposta da pressão arterial em treinamentos com cargas submáximas de esforço (39,40).
        Observa­se  que  tanto  a  resposta  aguda  (41,  42)  quanto  crônica  (33,  43)  do  exercício  podem  influenciar  no
comportamento da pressão arterial.
    Comprovando a ação do exercício de forma aguda na pressão arterial, Forjaz et al (42) demonstraram que uma
única sessão de trabalho promove hipotensão pós­exercício em indivíduos normotensos. Os autores verificaram que a
duração da queda pressórica é dependente da duração do exercício, pois, ao comparar sessões de exercício de 25 e
45 minutos a 50% do VO2 pico em cicloergômetro, com grupo­controle (não fica melhor com hífen?) sem exercitar, a
maior queda pressórica ocorreu com maior tempo de atividade.
    Estes resultados foram semelhantes aos encontrados por Rebelo et al (41) que avaliaram 23 indivíduos hipertensos
em 3  situações experimentais diferentes  (sem exercício,  25 e 45 minutos de atividade). A maior queda pressórica
ocorreu  com  a  sessão  de  exercícios  realizada  por  45  minutos,  enquanto  que  não  houve  modificação  nos  níveis
pressóricos na situação controle. A importância clínica deste tipo de achado é que provavelmente atividades de maior
duração  para  indivíduos  hipertensos  promovem melhor  resposta  hipotensora  no momento  de  recuperação,  sendo
mais indicadas.
    Ishikawa­Takata et al (43), avaliando a relação dose resposta do exercício físico durante 8 semanas de intervenção
em  207  indivíduos  não  treinados,  verificaram  que  as  diferentes  situações  propostas  promoveram  diminuição  no
pressão arterial sistólica e diastólica. A pressão arterial sistólica teve maior redução com a situação de maior duração
de exercício, enquanto a magnitude da redução da pressão arterial diastólica não foi estatisticamente diferente nas
quatro situações de exercício.
Exercício físico e resistência à insulina
    Com o envelhecimento e a conseqüente diminuição dos níveis de atividade física, ocorre um aumento da obesidade
central,  sobretudo da gordura  visceral,  levando  à  promoção de  resistência  à  insulina.  Como um dos  benefícios  do
24/04/2017 Artigo sobre hormônios e exercício ­ ufrjed2017@gmail.com ­ Gmail
https://mail.google.com/mail/u/0/#inbox/15ba0238f237e7bc 6/7
exercício é a redução da adiposidade, este se correlaciona com o aumento da sensibilidade à insulina (44), devendo
ser incentivado, independente da idade.
      O efeito do exercício na melhora da sensibilidade à  insulina foi demonstrado por Evans et al (45) em 10  idosos
(média  de80,3  anos)  que  realizaram  treinamento  aeróbio  em  média  58  minutos  com  intensidade  de  83%  da
freqüência cardíaca máxima, 2,5 vezes por  semana por um período de 10 a 12 meses  (108 sessões). Houve uma
redução de 19,6 pmol/l na concentração de insulina de jejum, 19,4% de redução na insulina, medida pela área abaixo
da curva no teste de tolerância oral a glicose, melhora de 32% na sensibilidade à insulina no teste de tolerância oral a
glicose e aumento de 29% na taxa de disponibilidade de glicose relativa à concentração de insulina durante o clamp
hiperglicêmico. Outros parâmetros também foram alterados, como aumento de 15% no VO2máx, redução de 1,6 kg
de peso, perda de 1,8 kg de gordura, diminuição de 8% nos triacilglicerois e 10% no LDL­c.
    O treinamento de força também se mostrou efetivo na melhoria da sensibilidade à insulina como foi demonstrado
por Ibanez et al (46), ao avaliar 9 homens idosos portadores de diabetes tipo 2. Verificou­se que, após 16 semanas
de exercício, realizado duas vezes por semana, houve diminuição significativa de 10,3% na gordura visceral, 11,2%
na subcutânea, aumento de 46,3% na sensibilidade à insulina, diminuição de 7,1% na glicemia de jejum.
    Resultados como os descritos acima comprovam que mesmo os indivíduos idosos são susceptíveis às alterações
nos  parâmetros metabólicos  decorrentes  do  exercício,  podendo haver  benefícios  fundamentais  para  a  saúde nesta
fase da vida.
Exercício e diabetes melito tipo 2
    No tratamento do diabetes tipo 2, o exercício regular é recomendado por atuar nos fatores de risco cardiovascular,
controle  metabólico  e  prevenção  das  complicações  crônicas  da  doença  (47).  Além  desses  fatores,  o  exercício  é
importante como medida  terapêutica por ser de baixo custo, não  farmacológico e promover benefícios psicológicos
(48).
    Alguns dos benefícios ocorridos com os portadores de diabetes que se exercitam regularmente são o aumento da
captação  de  glicose,  diminuição  da  resistência  à  insulina  (48),  redução  de  LDL­c,  aumento  de  HDL­c  (33,34)  e
melhora da eficiência cardíaca por meio da bradicardia de repouso (49,50).
       Estes benefícios são decorrentes de modificações agudas ou crônicas. Entre as agudas, ocorre um aumento do
transporte de glicose na célula muscular e aumento da sensibilidade da célula à ação da insulina. Os principais fatores
que  podem  atuar  aumentando  a  taxa  de  captação  da  glicose  são  o  aumento  do  aporte  sanguíneo,  permitindo  a
disponibilidade  desse  substrato  para  a  musculatura  (48),  e  o  aumento  da  expressão  do  transportador  de  glicose
(GLUT­ 4) no músculo (51).
    Já como resposta fisiológica crônica, o exercício regular atua no fígado, diminuindo a liberação de glicose hepática,
já que está aumentada a sensibilidade à  insulina no  tecido adiposo diminuindo a gordura abdominal; no pâncreas,
diminuindo  a  hiperinsulinemia  e  no  tecido  muscular  aumentando  a  massa  muscular,  o  fluxo  sanguíneo  (48)  e  a
concentração de GLUT – 4 (52).
       Alguns estudos demonstraram que o aumento da expressão de GLUT­ 4 pode ocorrer após poucas sessões de
exercícios.  Kraniou et  al  (51),  ao  comparar  a  expressão  de  GLUT  –  4  no  músculo  de  seis  homens  adultos  não
treinados,  que  se  exercitaram  60 minutos  em  cicloergômetro  por  sete  dias  a  75%  do VO2 máx,  observaram  um
aumento de 3,6 vezes em relação aos valores basais. Este achado é consistente com resultados de outros estudos
descritos na literatura (53, 54).
    A fim de avaliar os efeitos da inatividade na concentração de GLUT­4 no músculo, Tabata et al  (52)  estudaram
nove  homens  jovens  por  um período  de  19  dias,  encontrando  que  a  inatividade  física  diminuía  a  concentração  de
GLUT­4, mas o treinamento isométrico reverteu isso. A diminuição encontrada neste estudo foi de aproximadamente
16% quando  os  indivíduos  permaneceram  inativos,  enquanto  o  grupo  que  também permaneceu  em  repouso, mas
executou  30  contrações  isométricas  por  3  segundos  cada  em  leg  ­  press  todas  as manhãs,  aumentou  em 30% a
concentração do transportador.
24/04/2017 Artigo sobre hormônios e exercício ­ ufrjed2017@gmail.com ­ Gmail
https://mail.google.com/mail/u/0/#inbox/15ba0238f237e7bc 7/7
       Os possíveis mecanismos envolvidos no aumento do GLUT­4 ainda não  foram completamente  elucidados  (55).
Porém, independente do mecanismo envolvido, é necessária uma estimulação regular pelo exercício.
    Além do aumento do GLUT­4, outros benefícios para os diabéticos foram evidenciados pelo trabalho de SILVA &
LIMA (49) que demonstraram que um programa de exercício  físico conduzido por 10 semanas promoveu melhoras
nas  variáveis  glicemia  de  jejum,  hemoglobina  glicosilada,  lipídeos  plasmáticos,  freqüência  cardíaca  de  repouso  e
índice de massa corporal em diabéticos tratados ou não com insulina, sendo que o controle glicêmico promovido pelo
exercício foi observado em apenas uma sessão de exercício.
    É importante destacar que a melhora no perfil lipídico dos diabéticos é uma importante modificação adquirida com
o exercício físico, pois a dislipidemia, muitas vezes encontrada neste grupo, é um dos fatores de risco para doença
aterosclerótica (56).
    Diante do exposto, fica claro que se manter regularmente ativo é extremamente importante para o indivíduo com
diabetes melito tipo 2, uma vez que todas as modificações promovidas pelo exercício podem reduzir as complicações
da doença.
Considerações finais
        Pode­se  afirmar  que  o  exercício  age  positivamente  na  prevenção  e  tratamento  da  síndrome  metabólica,  por
provocar alterações metabólicas e hormonais.
    Os hormônios que sofrem alterações nas suas concentrações são o hormônio do crescimento, as catecolaminas, o
glucagon, a insulina, a endorfina e, em alguns casos, a leptina.
       As alterações metabólicas são diminuição no percentual de gordura, pressão arterial sistólica e diastólica,  IMC,
perfil  lipídico,  adiposidade  abdominal  e  aumento  da  massa  magra,  HDL­c,  captação  de  glicose  e  sensibilidade  à
insulina.
        Constata­se,  então,  que  os  exercícios  aeróbio  e  anaeróbio  são  importantes  formas  não  medicamentosas  de
prevenir e tratar a síndrome metabólica.

Continue navegando

Outros materiais