Buscar

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Universidade Federal de Rio Grande 
Instituto de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis – ICEAC 
Curso de Ciências Contábeis 
Disciplina: 07388 – Introdução à Contabilidade (2018/1) 
Profª. Ana Paula Capuano da Cruz 
 
 
 138 
8. ATIVOS ESPECIAIS E DESPESAS ANTECIPADAS 
8.1 ATIVOS ESPECIAIS 
A dinâmica dos mercados e, principalmente a participação das empresas de serviços na economia 
moderna cedeu espaço para o surgimento de ativos que se podem denominar ativos especiais, isso porque, 
têm características distintas daqueles ativos tangíveis, sejam eles destinados à produção ou à venda, 
comumente classificados como estoques. Tradicionalmente, a comercialização de estoque implica geração de 
receita e, como contrapartida, tem-se a baixa integral do custo do produto que, em decorrência da venda, 
deixa de estar sob o controle ou propriedade da empresa vendedora (Gelbcke, Santos, Iudícibus & Martins, 
2018). 
 Os ativos especiais, quando comercializados, também geram receitas à organização vendedora, 
porém, diferentemente da venda de estoques tradicionais, a venda e ativos especiais não implica, 
necessariamente impossibilidade de comercializações futuras, ou seja, a baixa que corresponde ao custo do 
ativo especial vendido pode não ser integral, pois há casos em que mesmo tendo sido vendido, um ativo 
especial ainda pode ser passível de novas comercializações. Nestes casos, reconhece-se apenas uma 
amortização parcial do seu custo (Gelbcke et al., 2018). 
 A maioria dos ativos especiais é de natureza intangível. Para que seja classificado como tal, o ativo 
deve estar diretamente relacionado ao processo de obtenção de receitas da organização. O ativo é extinto, ou 
seja, deixa de existir, quando não mais apresentar capacidade de gerar novas receitas – benefício que se 
propõe a gerar à empresa. Cumpre salientar que alguns ativos especiais podem apresentar valor de venda final 
relevante, proporcionando receitas não só pelo seu uso, mas também pela venda final, assumindo assim, uma 
figura híbrida de estoque, imobilizado e intangível (Gelbcke et al., 2018). 
 As empresas produtoras cinematográficas normalmente têm valores significativos aplicados na forma 
de ativos especiais, neste caso, representados pelos gastos que são incorridos com filmes (conteúdos artístico-
culturais). Os filmes são desenvolvidos com a finalidade de gerar receitas por meio da cessão do direito de 
exibição e, mesmo depois do lançamento e exibição ao público, os conteúdos artístico-culturais continuam 
existindo sob a propriedade de quem os produziu, podendo inclusive ser negociados e gerar novas receitas. De 
forma similar às empresas produtoras cinematográficas, a indústria de biotecnologia possui ativos especiais, 
como por exemplo, com a produção de células-tronco. Em linhas gerais, tem-se um investimento na produção 
e manutenção de uma célula-tronco matriz que pode se multiplicar infinitamente e gerar fluxos de benefícios 
contínuos, por meio da venda das células a laboratórios, indústria farmacêutica, de cosméticos, etc. mantendo-
se sob o controle da entidade produtora (Gelbcke et al., 2018). São também exemplos de ativos especiais: 
dados (geofísicos, biotecnológicos, entre outros) comercializados por uma empresa e, softwares produzidos ou 
adquiridos com objetivo de cessão de seus direitos de uso a diferentes clientes. 
 O que distingue os ativos especiais dos estoques é que sua venda não implica sua extinção à empresa, 
e de ativos imobilizados e intangíveis é o fato de não incluir ativos destinados ao uso próprio. Há também 
ativos especiais com dupla finalidade – locação durante um tempo e venda futura – típico de empresas 
locadoras de automóveis, que têm receitas relevantes de ambas finalidades. Porém, é importante ressaltar que 
especificamente esse tipo de ativo tem tratamentos distintos – locadoras norte-americanas registram seus 
automóveis fora do ativo imobilizado, como ativos circulantes, enquanto a norma internacional de 
contabilidade determina que sejam classificados no ativo imobilizado (Gelbcke et al., 2018). 
8.1.1 Avaliação 
A mensuração “dos ativos especiais segue, essencialmente, a regra básica, na data do balanço, do 
critério da avaliação do ativo a que mais se aproxima (estoque, imobilizado ou intangível)” (Gelbcke et al., 
2018, p. 87). Os custos de geração de tais ativos que puderem ser identificados devem ser controlados de 
forma individual; caso contrário, devem ser tratados como despesas. 
Naturalmente, o reconhecimento de ativos especiais na contabilidade está condicionado a existência 
de expectativa de geração de benefícios econômicos futuros decorrentes desses ativos, cujos custos possam 
ser mensurados com segurança, independentemente de terem sido adquiridos de terceiros ou gerados 
internamente (Gelbcke et al., 2018). 
 
 
Universidade Federal de Rio Grande 
Instituto de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis – ICEAC 
Curso de Ciências Contábeis 
Disciplina: 07388 – Introdução à Contabilidade (2018/1) 
Profª. Ana Paula Capuano da Cruz 
 
 
 139 
8.1.2 Evidenciação 
Em virtude de representarem um ativo especial, os ativos tratados na seção 8.1 devem ser 
evidenciados de forma detalhada nas Notas Explicativas, devendo-se contemplar: detalhamento das contas, 
natureza e forma de obtenção de receitas, critério de avaliação, amortização e depreciação (conteúdos ainda 
não trabalhados), prazo de vigência dos direitos, valor residual (se relevante), montante das perdas por 
abandono e as respectivas causas, e outras informações que se façam necessárias, sobretudo em organizações 
em que tais ativos sejam fonte relevante ou principal na geração de receitas (Gelbcke et al., 2018). 
8.2 DESPESAS ANTECIPADAS 
As despesas antecipadas são representadas pelas aplicações que a companhia faz em despesas que 
beneficiarão períodos futuros, ou seja, despesas ainda não incorridas. De forma geral, representam valores 
pouco significantes comparativamente aos demais ativos e normalmente são classificados no ativo circulante – 
quando se espera que sejam realizadas em até 12 meses a contar da data do próximo Balanço Patrimonial. 
8.2.1 Conceito 
Segundo Gelbcke et al. (2018, p. 87), as despesas antecipadas consistem em “pagamentos 
antecipados, cujos benefícios ou prestação de serviço à empresa ocorrerão em momento posterior”. Assim, é 
importante frisar que não se espera que os montantes aplicados nesse tipo de ativo sejam recebidos e/ou 
convertidos em dinheiro, tampouco em bens – trata-se de um direito que se espera realizar. 
8.2.2 Conteúdo e Classificação 
Ainda que a norma internacional de contabilidade e o CPC não sugiram a classificação do ativo 
circulante em subgrupos – trata-se de uma prerrogativa da Lei 6.404/76 – Gelbcke et al. (2018) sugerem que as 
despesas antecipadas sejam apresentadas no ativo circulante, como o último item (subgrupo) desse grupo. 
Caso a empresa tenha efetuado pagamentos de despesas cujos benefícios ou prestação dos serviços ocorrerão 
em períodos que transcendam o intervalo de tempo previsto para contabilização do ativo circulante, tais 
aplicações deverão figurar no ativo não circulante – no subgrupo realizável a longo prazo (Gelbcke et al., 2018). 
A condição básica para que uma despesa seja contabilizada como despesa antecipada e, 
consequentemente como um ativo, é que não tenha sido incorrida. São exemplos de despesas antecipadas: (i) 
prêmios de seguro pagos antecipadamente, (ii) aluguéis pagos antecipadamente, (iii) bilhetes de passagem 
adquiridos, mas ainda não utilizados, (iv) comissões comerciais pagas relativas a benefícios ainda não 
usufruídos, (v) assinaturas e anuidades de jornais e revistas etc (Gelbcke et al., 2018). 
Normalmente, a realização das despesas antecipadas não será em dinheiro, “mas pelo uso do 
benefício adquirido, que será apropriado ao resultado do períodocorrespondente” (Gelbcke et al., 2018, p. 88). 
8.2.3 Exemplo de Contabilização 
A empresa Segura Tudo LTDA. contratou, em 06/06/18, seguro para o veículo Gol modelo G5, ano 
2016. A vigência da apólice inicia às 00:00hs do dia 08/06/18 e tem validade por 365 dias. O prêmio cobrado 
pela seguradora à Segura Tudo LTDA. foi de 1.235,00. A importância foi paga à vista, com cheque. 
a) Contabilização da contratação do seguro: 
Rio Grande, 06 de junho de 2018. Débito Crédito 
Prêmio de Seguros a Apropriar (AC – despesas antecipadas) 1.235,00 
 a Depósitos Bancários (AC – disponível) 1.235,00 
valor referente a contratação de seguro, por 365 dias, conforme Apólice 870, para o veículo Gol G5, 
placa ABC 1234. 
b) Contabilização da incorrência da despesa de seguro, ao final do mês de junho (23 dias): 
Rio Grande, 30 de junho de 2018. Débito Crédito 
Despesa de Seguro (CR – conta de resultado) 77,82 
 a Prêmio de Seguros a Apropriar (AC – despesas antecipadas) 77,82 
valor referente a apropriação da despesa de seguro do mês de junho/2018. 
 
Universidade Federal de Rio Grande 
Instituto de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis – ICEAC 
Curso de Ciências Contábeis 
Disciplina: 07388 – Introdução à Contabilidade (2018/1) 
Profª. Ana Paula Capuano da Cruz 
 
 
 140 
c) Contabilização da incorrência da despesa de seguro, ao final do mês de julho (31 dias): 
Rio Grande, 31 de julho de 2018. Débito Crédito 
Despesa de Seguro (CR – conta de resultado) 104,89 
 a Prêmio de Seguros a Apropriar (AC – despesas antecipadas) 104,89 
valor referente a apropriação da despesa de seguro do mês de julho/2018. 
De forma similar, no final dos demais meses cobertos pelo seguro, a empresa deverá reconhecer as 
despesas incorridas e a consequente baixa da aplicação em despesas antecipadas. 
8.2.4 Critério de Avaliação 
Os saldos de despesas antecipadas devem ser apresentados no Balanço Patrimonial pelas 
importâncias aplicadas, deduzidas das apropriações efetuadas até a data do referido Balanço, em obediência 
ao regimente de competência. 
Dessa forma, considerando o exemplo da empresa Seguro Tudo LTDA. (seção 8.2.3), em 31/12/2018, o 
saldo de despesas antecipadas será de R$ 534,60. 
Mês Dias incorridos $ Despesa Incorrida 
Junho 23 77,82 
Julho 31 104,89 
Agosto 31 104,89 
Setembro 30 101,51 
Outubro 31 104,89 
Novembro 30 101,51 
Dezembro 31 104,89 
Total 207 700,40 
O saldo inicial de despesa antecipada é reduzido ao longo do tempo, conforme a incorrência / 
realização da despesa de seguro: 
Prêmios de Seguros a Apropriar 
1.235,00 77,82 
 
104,89 
 
104,89 
 
101,51 
 
104,89 
 
101,51 
 
104,89 
1.235,00 700,40 
534,60 
 
 
REFERÊNCIAS 
Gelbcke, E. R.; Santos, A., Iudícibus, S. & Martins, E. (2018). Manual de contabilidade societária aplicável a 
todas as sociedades de acordo com as normas internacional e do CPC. 3. ed. São Paulo: Grupo Gen.

Mais conteúdos dessa disciplina