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1 apostila direito constitucional 2

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PROFESSOR MARIO BUZZULINI 
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DIREITO CONSTITUCIONAL 2 
 
 
 
I - ORGANIZAÇÃO DOS PODERES 
(Livro Primeiro e Décimo Primeiro, “Do Espírito das Leis” – Montesquieu). 
 
 
1 - INTRODUÇÃO 
 
 Antes de apresentar a Teoria da Separação dos Poderes, convém lembrar que a sua 
nomenclatura visa teorizar a Separação das Funções, pois o poder do Estado é uno e 
indivisível. 
 
2 - TEORIA DE MONTESQUIEU – TEORIA DA SEPARAÇÃO DOS 
PODERES ou DOUTRINA DOS TRÊS PODERES 
 
 A Teoria da Separação dos Poderes de Montesquieu (séc. XVIII) que se incorporou 
ao constitucionalismo, foi concebida para assegurar a liberdade dos indivíduos. Como diz 
o próprio Montesquieu, quando na mesma pessoa, ou no mesmo corpo de magistratura o 
poder legislativo está reunido ao poder executivo, não há liberdade. 
 
 Pretendia-se, também, com a separação de poderes, aumentar a eficiência do 
Estado, pela distribuição de suas atribuições em órgãos especializados, que só apareceu no 
final do Séc. XIX. Os EUA foi o primeiro Estado a adotar a doutrina. 
 
 Ressalta-se que esta teoria teve franca acolhida numa época em que se buscava 
enfraquecer o Estado, não admitindo sua interferência na vida social dos indivíduos, 
como um dos dogmas do Estado Moderno, chegando-se a afirmar que não haveria 
democracia sem a separação dos poderes. 
 
 A exigência da separação dos poderes, em documentos constitucionais, apareceu na 
Declaração de Direitos da Virginia, em 1776, e na Declaração dos Direitos do Homem e 
do Cidadão, França/1789, em seu artigo XVI: “Toda sociedade na qual a garantia dos 
direitos não está assegurada, nem a separação dos poderes determinada, não tem 
Constituição”. 
 
 A teoria da separação dos poderes afirma que qualquer que seja a atividade do 
Estado, estas deverão ser precedidas e norteadas por normas abstratas e gerais – leis. Os 
atos concretos só serão válidos se praticados conforme as normas gerais. Portanto, a 
cobrança de um tributo de determinado contribuinte é legal, desde que, calculada em 
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norma genérica e abstrata que diz que alguém que, venha a encontrar-se sem situação X, 
deverá pagar Y a título de imposto. Aí estão as funções legislativa e executiva. 
 
 A terceira função é a judiciária, que é aquela que dirime, em caso concreto, as 
divergências surgidas por ocasião da aplicação das leis. 
 
 A grande pertinência da teoria de Montesquieu é a afirmação que tais 
funções devem corresponder a órgãos distintos e autônomos – ou seja – a divisão 
funcional deve corresponder a uma divisão orgânica. 
 
 O objetivo real e problemático da Doutrina dos Três Poderes não se refere a 
questões administrativas, à organização jurídico-administrativa, mas sim, a uma 
problematização política que diz respeito à correlação de forças políticas entre as classes e 
frações de classe. A Doutrina/Teoria formula um meio de evitar o despotismo e o 
absolutismo, onde os poderes serão exercidos por diferentes classes e frações de classes. 
 
 
3 - SISTEMA (MECANISMOS) DE FREIOS E CONTRAPESOS: 
 
 Ensina o ilustre prof. Dalmo de Abreu Dallari (Elementos de Teoria Geral do 
Estado, Ed. Saraiva): 
 
“O Sistema de separação dos poderes, consagrado nas Constituições de quase todo o mundo, foi associado 
à idéia de Estado Democrático e deu origem a uma engenhosa construção doutrinária, conhecida como 
sistema de freios e contrapesos. Segundo essa teoria os atos que o Estado pratica podem ser de 
duas espécies: ou são atos gerais ou são especiais. Os atos gerais, que só podem ser praticados pelo poder 
legislativo, constituem-se a emissão de regras gerais e abstratas, não se sabendo, no momento de serem 
emitidas, a quem elas irão atingir. Dessa forma, o poder legislativo, que só pratica atos gerais, não atua 
concretamente na vida social, não tendo meios para cometer abusos de poder nem para beneficiar nem para 
prejudicar a uma pessoa ou a um grupo em particular. Só depois de emitida a norma geral é que se abre a 
possibilidade de atuação do poder executivo, por atos especiais. O executivo dispõe de meios concretos para 
agir, mas está igualmente impossibilitado de atuar discricionariamente, porque todos os seus atos estão 
limitados pelos atos gerais praticados pelo legislativo. E se houver exorbitância de qualquer dos poderes 
surge a ação fiscalizadora do poder judiciário, obrigando cada um a permanecer nos limites de sua 
respectiva esfera de competência”. 
 
Mário Lúcio Quintão Soares: “Montesquieu não foi original quando sugeriu o governo moderador 
ou forma mista de governo, caracterizada pela separação de poderes, como afirmação da liberdade política 
contraposta aos perigos do absolutismo ou da anarquia que nasce da concentração ou confusão dos poderes. 
A sua criatividade está na inserção do sistema de freios e contrapesos às funções legislativas, executivas e 
judiciais, ensejando que estas sejam distribuídas a instâncias organicamente distintas e aptas a exercer 
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legitimamente o poder, no sentido de cooperação e controle mútuo entre as funções desempenhadas, 
buscando-se o equilíbrio das instâncias governamentais e a concretização dos princípios da liberdade 
política”. 
 
Paulo Márcio Cruz (Fundamentos do Direito Constitucional, Ed. Juruá): “A evolução do 
constitucionalismo deu lugar, pois, a uma alteração dos pressupostos originais do 
princípio da separação dos poderes. [...] 
Mesmo assim, a doutrina da separação dos poderes continua sendo relevante ao menos 
por dois motivos: 
 
1. Em primeiro lugar, ao garantir a diferenciação entre o Poder Legislativo e o Poder 
Executivo, mantém também a peculiaridade do processo legislativo, baseado na discussão e 
publicidade que permite a participação das minorias e a atividade de controle do governo 
por estas mesmas minorias e a atividade de controle do governo por estas mesmas 
minorias. O Poder Legislativo se mantém como foco de controle e crítica, assim como de 
discussão pública, entre as diversas alternativas políticas; 
 
2. Além disso, o princípio da separação dos podres supõe, sobretudo, a manutenção da 
garantia da independência do Poder Judiciário, expresso pela independência de cada juiz 
em relação aos outros poderes do Estado. 
 
 Estas características estão mantidas em praticamente todos os sistemas 
constitucionais contemporâneos, o que não obsta que as técnicas concretas de desenho de 
cada um dos poderes, assim como das funções que desempenham e as relações entre eles, 
variem de modo muito sensível.” 
 
TRIPARTIÇÃO DAS FUNÇÕES DO ESTADO NA CF do BRASIL de 1988 
 
REPÚBLICA FEDERATIVA ESTADO = PODER PRESIDENCIALISTA 
 
 
LEGISLATIVO EXECUTIVO JUDICIÁRIO 
 
LEGISLA ADMINISTRA ou JULGA 
 EXECUTA AS LEI 
 
 
 
John Locke, 1690 INDEPENDÊNCIA HARMÔNICA Montesquieu, 1748 
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“Segundo tratado sobre o Governo” “Do Espírito das Leis” 
 
TÍPICAS FUNÇÕES INDELEGÁVEIS ATÍPICAS 
 
 
INACUMULABILIDADE 
 
 O Sistema de freios e contrapesos, no nosso constitucionalismo pátrio, está 
consagrado no art. 2º e 60, §4º, III da CF/88, onde há uma fiscalização recíproca entre os 
poderes. Diante da teoria da separação dos poderes, conclui-se que ninguém pode ocupar 
cargos ou funções nos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Contudo, essa regra 
não é absoluta, mas as exceções devem vir expressas no texto constitucional, como por 
exemplo, a permissão constante no art. 56, CF, permitindo aos Senadores e Deputados o 
exercício de cargo de Ministro de Estado, Governador de Território ou Secretário de 
Estado, de Território, de Prefeitura de Capital ou do Distrito Federal. 
 
 A base de sustento da divisão orgânica do poder é aseguinte: 
 independência e harmonia entre os Poderes; 
 indelegabilidade de funções; 
 inacumulabilidade de cargos e funções provenientes de Poderes distintos. 
 
Deve-se observar que é necessário “certa flexibilização” das funções entre os 
poderes, pois do contrário, o Poder Legislativo para contratar servidores, deveria se 
reportar ao Poder Executivo, visto que sua função seria preponderantemente a edição de 
atos normativos de caráter geral e abstrato. É dessa flexibilização que surgem as funções 
típicas e atípicas. 
 
Funções típicas: aquelas que guardam identidade com o Poder por que são desempenhadas. 
Funções atípicas: aquelas que são desincumbidas por outros órgãos de poder . Ex.: 
Executivo julga processos administrativos e legisla através de leis delegadas e medidas 
provisórias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ÓRGÃO FUNÇÃO TÍPICA FUNÇÃO ATÍPICA 
LEGISLATIVO a) legislar; 
b) fiscalização contábil, 
financeira, orçamentária e 
patrimonial do Executivo. 
a) natureza executiva: ao dispor 
sobre a organização, provendo 
cargos, concedendo férias, 
licenças a servidores, etc.; 
b) natureza jurisdicional: o 
Senado julga o Presidente da 
República nos crimes de 
responsabilidade (art. 52, I). 
EXECUTIVO Prática de atos de chefia de 
Estado, chefia de Governo e 
atos de administração 
a) natureza legislativa: o 
Presidente da República, p. ex., 
adota medida provisória com 
força de lei (art. 62); 
b) natureza jurisdicional: o 
Executivo julga, apreciando 
defesas e recursos administra-
tivos; julga os processo no 
CADE – Conselho 
Administrativo de Defesa 
Econômica. 
JUDICIÁRIO Julgar (função jurisdicional), 
dizendo o direito no caso 
concreto e dirimindo os 
conflitos que lhe são levados, 
quando da aplicação da lei. 
a) natureza legislativa: elaborando 
o regimento interno de seus 
tribunais (art. 96, I, a); 
b) natureza executiva: administra, 
p. ex., ao conceder férias, 
licenças aos magistrados e 
serventuários (art. 96, I, f). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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II - PODER LEGISLATIVO 
 Arts. 44 – 75, CF/88 
 
 
1 - ORGANIZAÇÃO / ESTRUTURA: 
 
 O Poder Legislativo pode estruturar-se sob duas formas: unicameral e bicameral. 
O Brasil adota o sistema bicameral do tipo federativo (art. 44, CF). 
 
 
2 - ATRIBUIÇÕES: 
 
 A atividade principal do Poder Legislativo é fazer leis, contanto nessa sua função, 
com a participação do Executivo na iniciativa, no veto ou na sanção. Tem ainda outras 
atribuições, como: deliberações; fiscalização e controle (art. 70, par. ún.); julgamento de 
crimes de responsabilidade (art. 52, I); e reforma constitucional (art. 48 et seq. da CF). 
 
 O funcionamento das Casas (Câmara e Senado) ocorre, via de regra, 
separadamente. Entretanto, há casos de funcionamento comum, v.g., quando da 
inauguração da sessão legislativa; quando da elaboração do regimento interno comum e 
regulamentação da criação de serviços das Casas; por ocasião do recebimento do 
compromisso do Presidente da República e de seu vice; e quando conhecem e deliberam 
sobre o veto (art. 57, §3º). 
 As reuniões do Congresso Nacional são reguladas pelo art. 57, CF; que são, na 
verdade, sessões legislativas que podem ser ordinária ou extraordinária. O tempo da 
sessão ordinária compreende as datas de 02 de fevereiro a 17 de julho e 01 de agosto a 22 
de dezembro, sendo dividida em dois períodos legislativos. O tempo da extraordinária, 
com regras descritas no art. 57, §6º, I (convocação reservada) e II (convocação 
concorrente) e §7º da CF, coincide com o recesso do Congresso Nacional. Existe ainda a 
sessão preparatória (art. 57, §4º). 
 
 Não há que se confundir entre sessão legislativa e legislatura. Sessões legislativas 
são as reuniões do CN. Legislatura é o tempo correspondente ao mandato parlamentar 
(quatro anos), de forma que um Senador fica eleito para duas legislaturas. Necessário 
também diferenciar sessão ordinária de sessão legislativa ordinária. A primeira é o dia útil de 
trabalho no CN. A segunda é a soma dos períodos legislativos. Uma legislatura compõe-se 
de 04 sessões legislativas ordinárias, que correspondem a 01 ano cada. 
 
 
 
 
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3 – CONGRESSO NACIONAL: 
 
É atribuído ao CN deliberar, com sanção do Presidente da República, sobre todas das 
matérias de competência da União, especialmente aquelas dispostas no art. 48 e incisos da 
CF/88. São veiculadas através de LEI. 
 
 Além destas, tem o CN competências exclusivas – não dependem de sanção 
presidencial – que são aquelas previstas no art. 49 e incisos, veiculadas através de decretos 
legislativos ou resoluções. 
 
 As principais instâncias decisórias da CD e do SF, indispensáveis ao pleno 
cumprimento de duas atribuições e competências, são: a Mesa Diretora, o Colégio de 
Líderes, as Comissões e o Plenário. 
 
 Os vencimentos dos parlamentares estão regulados no art. 49, VII, CF. Atribui-se, 
ainda, à CD e ao SF, como a qualquer uma de suas Comissões, o poder de convocar 
Ministros de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à 
Presidência da República para, pessoalmente, prestarem esclarecimentos sobre assuntos 
previamente determinado, importando crime determinado, importando crime de 
responsabilidade a ausência sem justificação adequada (art. 50, §§1º e 2º). 
 
 
4- COMISSÕES PARLAMENTARES: 
 
São grupos menores de trabalho, com composição mista – ou seja – das duas Casas, 
sendo suas tarefas previstas no art. 58, CF. 
 José Afonso da Silva assim as conceitua: “São organismos constituídos em cada 
Câmara, compostos de número geralmente restrito de membros, encarregados de estuda e 
examinar as proposições legislativas e apresentar pareceres”. 
 As Comissões Parlamentares podem ser: 
 
4.1 - COMISSÕES PERMANENTES: São aquelas que subsistem através das 
legislaturas (tempo do mandato parlamentar), organizadas conforme a matéria e, geralmente, 
coincidem com a funcionalidade dos Ministérios. 
 
4.2 - COMISSÕES TEMPORÁRIAS OU ESPECIAIS: São aquelas que se extinguem 
com o final da legislatura, ou mesmo antes dela, quanto tiverem preenchido o fim para o 
qual foram criadas (ex. opinar sobre determinada matéria). 
 
4.3 - COMISSÕES MISTAS: São aquelas que se formam com membros das duas Casas, 
com finalidade específica de estudar assuntos previamente fixados, especialmente aqueles 
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que devam ser aprovados pelo CN. Podem ser permanentes ou temporárias (ex. 
Comissão Mista do Orçamento). 
 
4.4 - COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO: art. 58, §3º 
 
São aquelas instituídas para apurar ato específico por prazo determinado, tendo 
poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, sendo as conclusões 
encaminhadas ao Ministério Público para que se apure a responsabilidade a 
responsabilidade civil de criminal dos infratores. Esta é uma das mais expressantes formas 
de atuação do Poder Legislativo no seu exercício de fiscalização sobre os demais Poderes 
(“mecanismo de freios e contrapesos”). 
Possuem os mesmos poderes instrutórios que os magistrados possuem para 
instrução processual penal. 
 
Poderes da CPI - jurisprudência do STF: colher depoimentos, ouvir indiciados, 
inquirir testemunhas, notificando-as a comparecer perante elas e depor; requisitar 
documentos e buscar todos os meios de prova legalmente admitidos e, quanto aos dados, 
informações e documentos, mesmo que resguardados por sigilo legal, desde que 
observadas as cautelas legais, podem as CPIs requisita-los. Isso significa que podem 
quebrar o sigilo fiscal, bancário, telefônico e ainda determinar buscas e apreensões. 
 
Limites da CPI– jurisprudência STF: não podem formular acusações e punir delitos; 
não podem desrespeitar privilégios contra a auto-incriminação que assiste a qualquer 
indiciado ou testemunha; não podem decretar a prisão de qualquer pessoa, exceto em 
flagrante; não podem realizar atos exclusivos ao Poder Judiciário, como também transpor 
o limite da reserva jurisdicional constitucional (ações exclusivas dos juízes). As CPI’s não 
possuem o poder de (re) examinar o conteúdo das decisões judiciais. Não podem, ainda, 
determinar aplicação de medidas cautelares, como indisponibilidade de bens, arresto, 
seqüestro, hipoteca judiciária, proibição de ausentar-se Comarca ou do País; proibir ou 
restringir assistência jurídica aos investigados. Os excessos praticados pelas CPI’s 
deverão ser contidos pelo Poder Judiciário, através do STF, em sede de MS e HC, 
conforme o art. 102, I, “i”, CF. 
 
 
5- FUNCIONAMENTO: Arts. 57, §3º e 47 (regra: maioria absoluta) CF; art. 3º, 
ADCT. 
 
Expressões utilizadas: 
 
“Quorum” – número mínimo de membros da Casa Legislativa, cuja presença é exigível 
para deliberações; 
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“Maioria Simples” – número inteiro imediatamente superior à metade dos membros 
presentes à reunião, comparecendo, no mínimo, o quorum exigido para deliberação (Ex. 
casa de 50 parlamentares, exige-se um quorum mínimo de 26 parlamentares para a 
abertura. A aprovação por maioria simples exigirá que, dos 26 presentes, haja um mínimo 
de 14 votos). 
 
“Maioria absoluta” – número inteiro imediatamente superior à metade do total de 
membros de uma Casa Legislativa, independente do número presente àquela reunião. 
Exemplo acima: aprovação com 26 votos. 
 
“Maioria qualificada” – determinada porção de três quintos ou de dois terços. Aquela 
para aprovação de emenda constitucional (3/5). Esta para a decretação do impeachment 
(2/3). 
 aprovação de lei complementar: maioria absoluta. 
 
 
6 - PRERROGATIVAS OU GARANTIAS OU IMUNIDADES 
PARLAMENTARES: 
 
Representam a autonomia e independência que o Poder Legislativo necessita ter para 
atuar. Estes privilégios são concedidos aos parlamentares para que possam ter um bom 
desempenho de suas funções. 
 
 Essas garantias se apresentam em duas espécies de imunidades, sendo elas: 
 
6.1 - IMUNIDADE MATERIAL – “Cláusula de Irresponsabilidade Material”: 
Vem explícita no caput do art. 53 da CF. 
 
 Designa aos parlamentares a prerrogativa da inviolabilidade por suas opiniões, 
palavras e votos. Ou seja, esta imunidade isenta o parlamentar daquilo que seria crime 
para o cidadão comum (não haverá perdas e danos). O alcance da imunidade material 
acompanha o congressista fora do recinto parlamentar, desde que ocorrido em 
decorrência do mandato parlamentar. 
 
Exclui a ilicitude do fato nos casos de delitos de opinião. É prerrogativa extensiva 
aos Vereadores (art. 29, VIII, CF), desde que no exercício do mandato e dentro de sua 
circunscrição (Município). 
 
6.2 - IMUNIDADE PROCESSUAL OU FORMAL: Vem prevista no art. 53 e seus 
parágrafos. 
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 O parlamentar (deputado ou senador) não poderá ser preso salvo em situação de 
flagrância de crime inafiançável (art. 323, CPP); nem poderá ser processado criminalmente 
sem prévia autorização da Casa a que pertence (só o processo penal, pois o processo cível, 
administrativo ou disciplinar não exige licença – só quando houver a necessidade de 
prisão). Não havendo autorização (ou licença), a prescrição ficará suspensa até o fim do 
mandato (§ 2º, art. 53, CF). 
 
 A imunidade processual ou material dos parlamentares, quando em casos 
praticados fora do recinto do Congresso, pode ser suspensa no estado de sítio (art. 53, § 
8º), desde que aprovada por 2/3 dos membros da respectiva Casa. 
 O parlamentar licenciado para o exercício de cargo executivo (Ministro de Estado, 
Secretário de Estado, etc.) não perderá o mandato, contudo perderá as prerrogativas 
conferidas ao Poder Legislativo. 
 
 Se o congressista cometer crime comum, na vigência do seu mandato – a partir da 
expedição do diploma e antes do início da próxima legislatura – , relacionado ou não com 
o exercício das funções congressuais, será julgado perante o STF (CF, art. 53, § 4º e 102, I, 
b). Se praticar infração penal antes do mandato, mas advindo sua eleição, haverá também 
deslocamento de competência para o STF, preservando-se os atos antecedentes. 
Entretanto, se o processo não for concluído durante o mandato do parlamentar pelo STF, 
seus autos retornam ao juízo de origem para encerramento (vide Súmula 394, STF). 
 Os Vereadores não gozam dessa imunidade processual. 
 
 
7 - PROCESSO LEGISLATIVO - Arts. 59 - 69 
 
1 - INTRODUÇÃO: 
 
 Processo Legislativo é o conjunto de atos predestinados à criação de normas de 
Direito. Quem direciona os caminhos do Processo Legislativo é o Legislador Constituinte, 
visto só a Constituição se subordinarem; por isso são designados atos primários. 
 
 
2 - ESPÉCIES DE PROCESSO LEGISLATIVO (Kildare Gonçalves Carvalho, 
2007, p. 963-85): 
 
Existem seis tipos de procedimentos legislativos identificados no Regimento Interno da 
CD e do SF: 
 
1. Ordinário, normal ou comum: destinado à elaboração de leis ordinárias e complementares. 
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2. Abreviado: ocorre quando há dispensa do Plenário, onde a deliberação terminativa 
ocorre nas comissões permanentes. Ex.: projeto de lei (pl) de Comissões; pl oriundos 
de outra Casa do CN, onde já tenham ido à plenário; pl com pareceres divergentes; pl 
em regime de urgência. 
 
3. Sumário: aplica-se aos pl de iniciativa do Presidente da República (exceto os Códigos), 
cuja mensagem de encaminhamento traga solicitação presidencial no sentido de 
urgência (art. 64, §§ 1º ao 4º, CF). 
 
4. Sumaríssimo: quando tratar de matéria de relevante e inadiável interesse nacional. Neste 
procedimento, todas as formalidades regimentais, inclusive prazos, pareceres e 
publicações, exceto o quorum, são dispensáveis (art. 155 do Regimento Interno (RI) 
da CD, e art. 336, “a” e “b” do RI-SF). 
 
5. Concentrado: é o que envolve a apreciação de matérias sujeitas à reunião conjunta da CF 
e SF (leis financeiras e leis delegadas). 
6. Especial: destinado à elaboração de outras normas, com ritos distintos, tais como 
Emendas à Constituição (art. 60, CF), à de Códigos (art. 374, XVI, RI-SF; art. 212, 
parágrafo único, RI-CD). 
 
 
3 - FASES DO PROCESSO LEGISLATIVO ORDINÁRIO: 
 
3.1 - INICIATIVA: 
 
Art. 61 - É a apresentação do projeto. Contudo, deve-se observar quem tem legitimidade 
para apresentar o projeto. A iniciativa, dependendo da matéria a que se refira, pode ser: 
 
a) Concorrente, geral ou comum: art. 61, caput. Pertence, simultaneamente, a 
vários órgãos e pessoas do Poder Legislativo, ao Presidente da República, ao STF, 
aos Tribunais Superiores, ao Procurador Geral da República e aos cidadãos. Os 
Tribunais e o PGR têm competência para propor assuntos de seus interesses. 
 
b) Reservada, exclusiva ou privativa: Quando a Constituição designa uma ou mais 
pessoas capacitadas para a provocação do processo legislativo. As hipóteses 
constitucionais são: a) art. 61, § 1º; b) art. 93; c) art. 96, II. 
 
c) Popular: A iniciativa popular é um dos instrumentos democráticos previstos na 
CF/88, onde a população pode propor projetos de leis ordinárias e 
complementares, de acordo com o § 2º do art. 61. Vide arts. 14, III e 29, XIII. 
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d) Conjunta: É aquela atribuída simultaneamente a várias pessoas, devendo ser 
exercida com a anuência dos envolvidos. A determinação dos subsídios dos 
Ministros do STF depende de lei de iniciativa conjunta dosPresidentes da 
República, Câmara dos Deputados, Senado Federal e STF (art. 48, XV). 
 
e) Vinculada: pertence a uma ou mais pessoas indicadas pela CF, contudo o titular 
não pode avaliar o momento de oferecer o projeto, ao contrário, deverá fazê-lo em 
determinado prazo ou oportunidade, conforme os arts. 165, 84, XXIII CF c/c 35, 
§2º, III ADCT. Vide art. 8º, § 2º do ADCT. Prazo certo para propor. 
 
f) Atribuída: Quando a CF atribui iniciativa exclusivamente aos componentes do 
Poder Legislativo, sendo que, estes poderão exercê-la concorrentemente. É a 
possibilidade prevista nos arts. 52, XII e 51, IV. 
 
 
3.2 – DISCUSSÃO / EMENDAS AO PROJETO DE LEI: 
 
Esta terceira fase ocorre nas duas Casas, a Iniciadora e a Revisora. Quando a iniciativa 
partir do Presidente da República, dos Tribunais Superiores e STF, de Deputado Federal, 
do PGR ou povo, o projeto deverá ser apresentado na Câmara dos Deputados, de acordo 
com o art. 64 da CF. No Senado (ou Câmara Alta) só iniciarão projetos de lei propostos 
pelos Senadores. 
 
A Casa onde o projeto é apresentado é chamada de Casa Iniciadora. A outra Casa é 
chamada de Casa Revisora (arts. 61, §2º, e 64, CF). As discussões ocorrem, a rigor, em 
duas sedes: 
 
Casa Iniciadora - 
 
O projeto passará primeiro pela aprovação das Comissões Permanentes, como p. ex. a 
CCJ, que tanto na CD como no SF tem no seu parecer força terminativa; para depois ser 
levado à discussão e votação no plenário, se a matéria for assim determinada pelo 
Regimento Interno. Poderá, o projeto, ser discutido e votado nas comissões permanentes, 
sem, necessariamente, ser levado a plenário, desde que respeitado o regimento interno e 
não havendo recurso de um décimo dos membros da Casa (art. 58, §2º, I, CF). 
 
De acordo com Celso Ribeiro Bastos, “as casas examinam o projeto no seu aspecto 
material e formal. Aspecto material - conteúdo, interesse público. Aspecto formal - 
observância da forma prevista na Constituição. Passado pelas comissões, o projeto de lei é 
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discutido e votado em plenário, sendo aprovado se obtiver maioria dos votos, estando 
presente a maioria dos membros da Casa”. 
 
Casa Revisora – art. 65 da CF. 
 
São atribuições da Casa Revisora, conforme Celso Ribeiro Bastos: 
 
“a) Aprovar o projeto. Neste caso, será enviado para sanção e promulgação do Presidente 
da República. 
 
b) Emendar o projeto. Neste caso, deverá devolvê-lo à Câmara Iniciadora para que se 
aprecie a emenda. 
 
c) Rejeitar o projeto. Será arquivado. 
 
Como se vê, a aprovação de um projeto de lei se dá pela conjugação da vontade das duas 
Casas Legislativas”. 
 
As emendas ao projeto de lei, que são apresentadas nas comissões, podem ser: 
 
a) modificativas: são aquelas que modificam sem retirar ou acrescer conteúdo, ou seja, 
não há alteração substancial; 
 
b) supressivas: são aquelas que suprimem (excluem) alguma parte ou disposição do 
texto; 
 
c) aditivas: são aquelas que acrescem ao texto original, ou seja, são emendas 
ampliativas; 
 
d) substitutivas: são aquelas apresentadas em substituição de outra preposição. 
Receberão a expressão “substitutivo” quando alterarem substancial ou 
formalmente o seu conjunto, sendo que a alteração formal pretende, 
exclusivamente, o aperfeiçoamento do legislativo; 
 
e) emendas de redação: são aquelas apresentadas para sanar vícios de linguagem, 
incorreções de técnica legislativas ou lapsas manifesto. 
 
 
 
 
 
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3.3 – DELIBERAÇÃO: 
 
Somente podem apresentar emendas os titulares da iniciativa parlamentar, pois essa tarefa 
é função precípua do Poder Legislativo. Se os titulares da iniciativa extraparlamentar 
quiserem modificar o projeto apresentado, terão que apresentar um novo projeto, 
retirando o antigo. 
 
 Quando a emenda for proposta na Casa Revisora, o projeto é retornado à Casa de 
origem (art. 65, par. ún., CF), onde se discutirão as alterações, sendo proibida qualquer 
subemenda (nova alteração). Portanto, nem sempre o projeto chegará ao Presidente da 
República aprovado uniformemente pelas duas Casas do Poder Legislativo. 
 
 Uma vez rejeitado o projeto na Casa Revisora, será ele arquivado (art. 65). 
Art. 67: se o projeto de lei for rejeitado, para que possa ser reapresentado na mesma 
sessão legislativa, é necessária a assinatura da maioria absoluta de qualquer das Casas 
Legislativas (iniciativa reservada à maioria absoluta de qualquer das casas). 
 
Antes de chegar ao Plenário (art. 58, 212 167, I), o projeto pode passar pelas 
comissões Temáticas e Permanentes (art. 32 do Regimento Interno da Câmara e art. 72 do 
Regimento Interno do Senado). 
E VOTAÇÃO: 
Para abrir os trabalhos da Casa, usa-se o quórum da maioria absoluta. Em relação ao 
quórum de votação, é utilizado o simples ou relativo (art. 47, CF – maioria simples) e o 
absoluto (art. 69, CF – maioria absoluta). É utilizado o quórum simples para aprovação de 
lei ordinária; para lei complementar, é exigido o quórum da maioria absoluta. 
 
Comentário de Luiz Alberto David Araújo e Vidal Serrano Jr.: como conseqüência 
do sistema bicameral, a INICIATIVA deve ser apresentada na Casa Iniciadora (em regra, 
a Câmara dos Deputados, salvo quando o projeto for iniciado por um Senador ou por 
comissão do Senado), que, após a sua DISCUSSÃO, leva a efeito da DELIBERAÇÃO, a 
qual, respeitada a maioria exigível para aquela espécie normativa, pode aprovar ou rejeitar 
o projeto. Caso aprovado, deve ser encaminhado para à Casa Revisora (em regra o Senado 
Federal), onde, após nova discussão, é submetido à votação, ensejo em que, pode ser 
definitivamente aprovado, rejeitado (caso em que é imediatamente arquivado) ou 
emendado, situação que implica que seja o projeto novamente submetido à avaliação da 
Casa Iniciadora. 
 
 
 
 
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3.4- SANÇÃO OU VETO: 
 
 De acordo com o art. 66 da CF, sanção é a anuência (aquiescência) do Presidente 
da República ao projeto de lei. Ela poderá ser expressa (quando lançada no projeto) ou tácita 
(manifestada pelo silêncio) - §3º do art. 66. 
 
 Veto é, ao contrário, a negatória de aquiescência ao projeto de lei, sendo motivado 
por inconstitucionalidade ou contrário ao interesse público. Salienta-se que o que se veta é 
o projeto de lei, e não a lei. 
 
 Conforme o §1º do art. 66, o veto pode ser total ou parcial e deve sempre ser 
motivado. O veto parcial deve obedecer ao §2º, onde abrangerá texto integral de artigo, 
parágrafo, inciso ou alínea. 
 
 O §4º traz a possibilidade de suprimento do legislativo ao veto presidencial, pelo 
voto da maioria absoluta de cada uma das Casas reunidas em sessão conjunta, em 30 dias, 
contados do recebimento pelo Presidente do Senado. É por isso que se afirma que no 
Brasil o veto é relativo e não absoluto. 
 
 Se o veto não for apreciado neste prazo de 30 dias, ele será incluído na ordem do 
dia, com votação preferencial às demais matérias, salvo as medidas provisórias (§6º). 
 
 
3.5 – PROMULGAÇÃO: 
 
 É a autenticação da lei. É através da promulgação que a lei passa a existir no mundo 
jurídico. A competência para promulgação da lei é do Presidente da República, tendo para 
tal um prazo de 48 horas a partir da sanção (tácita ou expressa) ou da superação do veto. 
Se o Presidente da República não realizar a promulgação, a competência para tal é 
repassada, sucessivamente, ao Presidente e Vice-Presidente do Senado Federal (§7º). 
 
 Para José Afonso da Silva, da promulgação decorrem dois efeitos: tornar 
conhecidos os atos e atos geradores da lei e indicar que esta é validam executável 
e obrigatória. 
 
 
3.6 – PUBLICAÇÃO: 
 
 É o ato que visa levar ao conhecimento público a existênciada lei, através de jornal 
oficial. A partir da publicação ou com o transcurso da vacatio legis, a lei produz eficácia 
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(LICC, art. 1º) e finaliza o processo legislativo, ou seja, salvo exceção prevista 
expressamente em lei, o período de vacância é de quarenta e cinco (45) dias. 
 
  Tanto a promulgação como a publicação são atos de integração de eficácia do ato 
normativo. 
 
 
8 - ESPÉCIES NORMATIVAS Art. 59, CF. 
 
1 – EMENDAS À CONSTITUIÇÃO – art. 60, CF: 
 
 São as alterações no texto constitucional, sendo manifestação do poder constituinte 
derivado de reforma, sendo, no Brasil, determinado o poder constituinte originário ao 
Poder Legislativo. 
 
Possuem a mesma natureza e força hierárquicas das normas constitucionais, porém, 
por serem produto do Congresso Nacional e não do Poder Constituinte originário, 
sofrem limitações de natureza material, formal e temporal, previstas na CF/88: 
Limitações materiais ou substanciais: arts. 60, §4º, I ao IV; 
Limitações formais: 60, I a III e §§ 2º, 3º e 5º; 
Limitações circunstanciais ou temporais: 60, §1º - 
 
 As limitações expressas no art. 60, §4º são as chamadas cláusulas pétreas. 
 A iniciativa para proposta de emendas é concorrente, sendo legítimas as pessoas 
previstas nos incisos I, II e III do art. 60. 
 
 Acerca do procedimento para criação de emendas, ressalta-se que elas não 
necessitam de sanção presidencial, e a ela não se submetem (§3º). O texto da emenda deve 
ser aprovado nas duas Casas (§2º), com três quintos dos votos. 
 
 Qualquer alteração promovida por uma Casa ao texto aprovado pela outra, é como 
se fosse nova proposta, de maneira que o projeto deve ser totalmente votado pela Casa 
que recebe a nova redação. 
 
 As Emendas de Revisão, que já não mais vigoram em nosso ordenamento atual - 
por terem ocorrido e produzido todos os seus efeitos - , foram previstas no art. 3º do 
ADCT, onde se exigia que o texto constitucional existisse ao menos há 05 anos, e as 
deliberações eram realizadas por maioria absoluta, em votação única e unicameral (Senado 
Federal e Câmara dos Deputados entendidos como um só corpo). As Emendas de 
Revisão eram promulgadas pela mesa do Congresso Nacional. Foram aprovadas seis (06) 
Emendas de Revisão. 
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2 - LEIS COMPLEMENTARES – arts. 59, II e 69: 
 
 Toda lei complementa a Constituição. Contudo, a lei complementar é aquela com 
características formais,consistindo sobre matéria diferente do campo de atuação das 
demais espécies normativas – não podendo ser introduzida por medida provisória nem lei 
delegada. 
 
 O procedimento para aprovação das leis complementares segue o mesmo das 
ordinárias, inclusive com a fase de sanção ou veto do Presidente da República, mas a 
diferença se estabelece no quórum especial exigido na sua aprovação (arts. 69, 93 e 146, 
CF) – maioria absoluta. Por isso, a lei complementar tem maior dificuldade em ser 
alterada, em relação à ordinária, embora não possua a rigidez exigida para uma norma 
constitucional. 
 
 Elas só serão admitidas nas situações especialmente exigidas pela Constituição, em 
razão de sua relevância. 
 
 
3 – LEIS ORDINÁRIAS 
 
 São aquelas que não possuem campo de abrangência específico, podendo regular 
qualquer matéria que não seja limitada pelos adjetivos “complementar” ou “delegada”, e 
os casos previstos nos arts. 49, 51 e 52. 
 O processo legislativo é regular. Necessita de sanção. 
 
 
4 – MEDIDAS PROVISÓRIAS – Art. 62 
 
 No sistema parlamentarista, a responsabilidade política implica em arcar, até, com a 
dissolução do governo pela rejeição à medida provisória proposta, ou quando esta não 
alcançar os fins que justificaram sua criação. Já no nosso sistema, presidencialista, o 
Presidente da República, ao baixar medidas provisórias, não tem que considerar ou se 
preocupar com o acerto das medidas provisórias. Portanto, a crítica que se faz é, a medida 
provisória é um ato normativo sério, com aplicação imediata e força de lei (durante 60 
dias) e, para sua edição, deveria se exigir do Chefe do Executivo uma responsabilidade 
política diretamente direcionada aos fins que se pretendem atingir. 
 
 Na Constituição anterior a de 1988, existia a figura do Decreto-lei, que permitia ao 
Chefe do Executivo uma atribuição legislativa extremamente ampla. A atual Constituição 
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extinguiu esse ato normativo, mas não deixou o Presidente da República de mãos atadas, 
criando a possibilidade de atuar na atividade normativa, através das medidas provisórias. 
 
 Para tanto, estabeleceu critérios rígidos para o seu exercício: só se poderá editar 
uma medida provisória diante de urgência e relevância, submetidas, de imediato, ao 
Congresso Nacional – se estiver em recesso, deverá se reunir extraordinariamente – no 
prazo de 05 dias. O exame da urgência fica a cargo do Poder Executivo, ficando o STF 
com a função de apreciar a matéria. Se o STF verificar a inexistência da alegada urgência, 
declarará a inconstitucionalidade desta medida provisória, por faltar o quesito 
constitucional da urgência (vide §5º, art. 62). 
 
 Uma vez baixada a MP, ela entrará em vigor imediatamente, passando a produzir 
efeitos jurídicos. A apreciação do Congresso Nacional se dá a posteriori , com a discussão 
promovida nos procedimentos do art. 62, alterado pela EC 32/01. 
 
 As medidas provisórias podem versar sobre todas as matérias que possam ser 
objeto de lei, salvo as exceções previstas no §1º do art. 62. 
 
 “A medida provisória que não for convertida em lei no período de 60 dias (mesmo depois de 
prorrogada uma vez) ou rejeitada perde os seus efeitos desde a sua edição (efeitos ex tunc). O Congresso 
Nacional, nesse caso, tem o prazo de sessenta dias para, por decreto legislativo, disciplinar as relações 
decorrentes da incidência da medida provisória que perdeu a sua eficácia (que por não apreciação, quer por 
rejeição). Caso o Congresso Nacional não se manifeste no prazo de sessenta dias, ficarão valendo para as 
relações naquele intervalo de tempo, os dizeres da medida provisória. Trata-se de triste restauração do 
instituto do decurso de prazo, banido com a Constituição de 1988” (Luiz Alberto David Araújo e 
Vidal Serrano Nunes Júnior, p. 312, 313). 
 
 É possível o emprego de medidas provisórias pelos Estados-membros e 
Municípios, desde que haja previsão nas respectivas Constituições Estaduais e Leis 
Orgânicas dos Municípios. Deve-se adotar o modelo adotado pela Constituição Federal. 
Contudo, a CE/GO não prevê a edição de MP. 
 
 
5 – LEIS DELEGADAS 
 
 São leis editadas pelo Presidente da República, através de delegação recebida pelo 
Congresso Nacional (através de resolução, §2º do art. 68), que o qualifica para editar a 
norma em conformidade com o art. 68 da CF. 
 
 No §1º, são elencadas as matérias que não poderão ser delegadas, que são: as de 
competência exclusiva do Congresso Nacional (art. 49); as de competência exclusiva da 
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Câmara dos Deputados (art. 51); as de competência exclusiva do Senado (art. 52); as 
reservadas à lei complementar e as leis de organização do Poder Judiciário, e do Ministério 
Público; legislação sobre nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos, eleitoral, 
planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamento. 
 
 Conforme o §3º do art. 68, haverá fase de sanção. Não sofrerá veto. 
 
 
6 – DECRETOS LEGISLATIVOS 
 
 São aquelas normas em que a competência é exclusiva do Congresso Nacional, não 
se sujeitando a sanção ou veto presidencial. O seu conteúdo é basicamente as matérias 
previstas no art. 49 da CF. 
 
 A promulgação é realizada pelo Presidente do Senado Federal.7 – RESOLUÇÕES 
 
 São atos de competência exclusiva tanto do Congresso Nacional, como do Senado 
Federal e da Câmara dos Deputados. 
 Têm como conteúdo matérias como a delegação (art. 68); a suspensão de lei 
declarada inconstitucional (art. 52, X); a fixação de alíquota (art. 155, §2º, IV), onde se 
percebe a predominância do caráter concreto, em oposição ao decreto legislativo, que 
veicula preferencialmente assuntos de caráter genérico. 
 
 Não estão sujeitas à sanção presidencial. A promulgação é realizada pela Mesa da 
Casa Legislativa que as expedir. Em se tratando de resolução do Congresso Nacional, é 
promulgada pelo Senado Federal. 
 
 
8 – TRATADOS INTERNACIONAIS 
 
 No Brasil, compete privativamente ao Presidente da República celebrar tratados, 
convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do CN (art. 84, VIII). Após a 
celebração pelo Presidente da República, a competência para aprovação desses atos 
internacionais é exclusiva do CN (art. 49, I), que o fará por meio de decreto legislativo. 
Para que o ato tenha eficácia no direito interno brasileiro, é necessário, ainda, que lhe seja 
dado publicidade, o que é feito mediante decreto presidencial. 
 
 Após a ratificação pelo Presidente da República, os tratados internacionais 
adquirem o status, ou melhor, natureza jurídica de lei ordinária, porém, quando forem 
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aprovados conforme o §3º, do art. 5º (EC 45/04), passam a ter natureza jurídica de 
norma constitucional. 
 
 
9 – LEIS FEDERAIS, ESTADUAIS E MUNICIPAIS: 
 
 Entre a CF, as CE’s, Lei Orgânica do DF e L.O. dos Municípios há a seguinte 
hierarquia: 
 
 
 CF 
 
 CE / LO-DF 
 
 LO Municípios 
 
Contudo, quanto às leis: 
 
 Uma lei federal só será válida se estiver no seu âmbito de atuação, traçado na CF; 
uma lei estadual vale enquanto esteja de acordo com a esfera de competência do Estado 
para regular determinada matéria, nos termos da mesma CF; da mesma forma, uma lei 
municipal retira seus fundamentos de validade no rol de competência que foi conferido ao 
Município pela CF. 
 
 Assim, se uma lei federal invade a competência estadual ou municipal, torna-se inválida e 
inconstitucional. Porém, nessa situação, não se trata de hierarquia, mas de conflito de 
competências, a ser resolvido sempre com base na CF. Não há, portanto, que se falar em 
hierarquia das normas oriundas de entes estatais distintos, autônomos, como na nossa 
Federação. Em caso de conflito entre lei federal, estadual e municipal, prevalecerá sempre 
aquela competente para o trato da matéria. Por exemplo: caso uma lei federal esteja 
invadindo a competência do município, a lei municipal prevalecerá. 
 
 
FUNÇÃO FISCALIZADORA – TRIBUNAL DE CONTAS: 
 
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO – TCU: 
 
 O Tribunal de Contas é o órgão auxiliar , não subordinado, do Congresso Nacional 
para controle externo do Poder Executivo. É composto por 09 ministros que preencham 
os requisitos do §1º do art. 73. Tem sede no DF, possuindo quadro próprio de pessoal e 
jurisdição (sem conotação jurisdicional) em todo território nacional (art. 73 e Súmula 347 
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do STF). O TC não julga (atribuição própria do Poder Judiciário), apenas aprecia as 
contas de determinado órgão, sempre seguindo as orientações do Legislativo, emitindo 
pareceres técnicos. 
 
 Como auxiliar do Poder Legislativo, o TC tem a função do controle externo da 
Fiscalização Contábil, Financeira e Orçamentária, conforme o art. 71 da CF. 
 
 Os Ministros do TC não são magistrados, contudo, possuem as mesmas garantias, 
prerrogativas, vencimentos, impedimentos e vantagens dos Ministros do STJ (§3º, art. 73). 
 A composição do quadro de Ministros do TC obedece ao §2º do art. 73. 
 Existem Tribunais de Contas nos Estados (art. 75, par. ún.) e nos Municípios (ar. 
31, §§ 1º, 2º e 4º). 
 
“Registre-se ainda que ao Tribunal de Contas da União cabem, no que for possível, as 
mesmas competências deferidas pelo art. 96 da Constituição ao Poder Judiciário, como se 
vê no art. 73. Portanto, tem iniciativa para propor projetos de lei sobre matéria de seu 
interesse (art. 96, II).” (Luiz Alberto David Araújo e Vidal Serrano Nunes Júnior – 
p. 318) 
 
 
TRIBUNAL DE CONTAS DOS ESTADOS – TCE: Art. 75, parágrafo único, CF 
 
CONTAS MUNICIPAIS: art. 75 c/c 31, CF/88: 
 
 Desde a CF/88 é vedada a criação – via federal – de tribunais, conselhos e órgãos 
de contas municipais (§4º, art. 31, CF). Aqueles já existentes, forma mantidos (§1º), como 
por exemplo o Tribunal de Contas do Município de São Paulo. 
 
 O que é possível é a criação de um Tribunal de Contas para auxiliar na fiscalização 
das contas de todos os municípios de um Estado. 
 
 Não se veda a criação por um Estado-membro de Tribunal de Contas destinado à 
fiscalização contábil, financeira e orçamentária dos Municípios que o integram, como já 
decidiu o STF (ADIN nº 154-0). Assim, há Estados que possuem um TCE e também um 
TC dos Municípios. 
 
 Nos Municípios em que não haja TC, o controle externo é feito pelas Câmaras 
Municipais de Vereadores com o auxílio do TCE. 
 
 
 
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III - PODER EXECUTIVO (CF: arts. 76 – 91) 
 
 
Para a doutrina clássica, possui dupla missão: a defesa externa e a manutenção da ordem 
interna. 
 O Poder Executivo compreende o governo, que é sua cabeça, e a administração, 
que é o seu tronco e membros. O Governo é o órgão ou conjunto de órgãos, a que 
pertence a representação do todo e a tomada das decisões fundamentais, no que é de sua 
competência. A Administração é o conjunto de órgãos que propriamente acompanham a 
execução das leis e decisões em geral, ou que a preparam. Ou, ainda, que as executam por 
si. Compreende tanto o serviço civil, ou burocracia, como as Forças Armadas, que é o seu 
braço militarizado. (Manoel Gonçalves Ferreira Filho – pgs. 218,219). 
 
NO BRASIL: Poder Executivo é o órgão constitucional que tem como função principal 
o exercício dos atos de chefia de Estado (art. 84, VII, VIII, XIX, XX, XXI e XXII), de 
Governo (84, I, IV, VI, X, XII e XXV) e de administração. O Executivo também legisla 
(CF, art. 62 Medidas Provisórias) e julga (contencioso administrativo), exercendo as 
chamadas funções atípicas. 
**FIXAÇÃO DE SUBSÍDIO: Cabe ao CN, conforme art. 49, VIII, CF. 
 
ELEIÇÃO:As regras vêm determinadas no art. 77 e parágrafos da CF. As condições de 
elegibilidade são previstas no §3º do art. 14. 
O Presidente da República é eleito por sufrágio universal e voto direito e secreto, optando 
o constituinte por manter o princípio da maioria absoluta, o que importa a exclusão do 
cômputo total dos votos brancos e nulos. 
 
REELEIÇÃO: Com a EC 16/97, criou-se a possibilidade de reeleição do Chefe do 
Poder Executivo para um único período subseqüente (CF, art. 14, § 5º). Portanto, não há 
a possibilidade da ocorrência de três mandatos sucessivos, ou mesmo uso de qualquer 
expediente que burle a norma em análise (como, p.ex., a renúncia do chefe do Executivo 
antes do término de seu segundo mandato, para pleitear nova recondução para o período 
subseqüente, ou disputa para Vice-Presidente). 
 
CALENDÁRIO DA REELEIÇÃO: Após a emenda 16/97, ficou determinado que o 
último domingo de outubro seria destinado para a eleição presidencial em segundo turno 
(CF, art. 77, caput), contudo, o § 3º do art. 77, da CF; que não foi alterado, por um 
equívoco da Emenda 16/97, continua prevendo que esse segundo turno será feito em até 
20 dias depois da proclamação do resultado do primeiro turno. Surge assim uma 
contradição. Nesse conflito, prevalece a redação do caput do art. 77, pois quando duas 
normas estão regulamentando o mesmo assunto, prevalecerá, no impasse, a posterior 
 
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MANDATO: Art. 82 da CF, o mandato presidencial será de quatro anos, com início a 
partir de primeiro de janeiro do ano seguinte ao da sua eleição. 
Perda do Mandato Eletivo (Presidente e Vice): 
a) Cassação (em virtude de decisão do Senado por crime de responsabilidade ou de 
decisão judicial); 
b) Extinção (morte, renúncia, perda ou suspensão dos direitos políticos e perda de 
nacionalidade); 
c) Declaração de vacância do cargo feita pelo CN (em virtude do não 
comparecimento para tomar posse até 11/JAN – art. 78, parágrafo único); e 
d) Ausência do país por mais de 15 dias sem licença do CN (art. 83), caso em que o 
próprio CN decreta a perda. 
Por isso, a perda do mandato pode ser: 
a) Natural (extinção); 
b) Punitiva (cassação); 
c) Voluntária (não tomar posse ou ausentar-se injustificadamente). 
 
SUBSTITUIÇÃO PRESIDENCIAL: Arts. 79 e 80 dispõem quanto às pessoas 
legitimadas para substituírem o Presidente da República. Essa substituição surge por 
impedimento, algo transitório, ocasional, que significa simples afastamento temporário da 
Presidência (caso de doença, licença, férias) ou por vacância, que significa circunstância 
permanente, vaga definitiva, que desvincula o Presidente do seu cargo. 
 
VACÂNCIA DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA (Arts. 79 a 81): Em situação de 
vacância definitiva do cargo de Presidente da República, antes do final do mandato, 
existirão normas diferenciadas para a sucessão: 
a) somente o Vice-Presidente da República sucederá o Presidente de modo 
definitivo, não haverá eleição; 
b) os Presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do Supremo 
Tribunal Federal somente o substituirão de forma temporária; 
c) haverá, portanto, eleição de forma direta se a vacância ocorrer nos dois 
primeiros anos do mandato, e indireta (pelo Congresso Nacional), se nos 
últimos dois anos do período presidencial. Conforme CF, arts. 79, 80, 81. 
Note que o § 1º do art. 81 é hipótese excepcional ao art. 14, caput, CF. 
 
ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA :O sistema brasileiro é 
presidencialista, portanto, as funções do Chefe de Estado e de Governo acumulam-se na 
figura presidencial, vindo elencadas no art. 84 da CF. São privativas ao Presidente da 
República, que as exercerá pessoalmente ou com o auxílio de Ministros de Estado, que 
referendam os atos e decretos assinados pelo Presidente (CF, art. 87, par. ún., I). Entre as 
suas funções, consta o poder regulamentar, que não pode exceder os limites legais, sob 
pena de imediata ilegalidade e inconstitucionalidade (arts. 49, V e 84, IV, CF). 
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Faculdade Regulamentar: 
Regulament
os 
Conceito: É 
ato normativo 
secundário, 
pois depende 
de lei. Tem a 
função de 
regulamentar 
a lei, não 
criando 
obrigações e 
direitos, que é 
matéria 
exclusiva de 
lei. 
Quanto à 
eficácia 
internos  regulamentos que só possuem 
eficácia na órbita interna da 
Administração Pública 
 
externos  regulamentos que possuem 
eficácia também em relação aos 
administrados 
 
Quanto 
ao objeto 
autônomos  regulamentos que existem 
independentemente de lei anterior 
 
  interpretativos Regulamentos 
que visam 
aclarar a lei 
Execução 
(regulament
os que 
visam, 
exclusiva-
mente, 
regular lei 
anterior) 
 de organização regulamentos 
que finalizam 
distribuir 
competência 
 de 
complementação 
regulamentos 
que objetivam a 
fixação de 
valores 
 
ATRIBUIÇÕES DO VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA :0 Vice-Presidente é 
substituto e sucessor do Presidente. Lei complementar delimita a sua atuação. Na 
Constituição Federal, o seu agir vem demarcado nos arts. 79 e par. ún., 80, 89, I e 91, I. 
 
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OS MINISTROS DE ESTADO : São de livre nomeação e destituição do Presidente da 
República (art. 84, I), além de seus auxiliares. São requisitos para ocupar a função de 
Ministro (art. 87, caput): 
a) brasileiros natos ou naturalizados e, ainda, os portugueses equiparados que 
possuam todos os direitos e obrigações do brasileiro naturalizado (CF, art. 12, § 
1.0); 
b) maiores de 21 anos; 
c) pleno exercício dos direitos políticos. 
Suas atribuições estão elencadas nos incisos art. 87 da CF. O art. 50, caput e § 2º 
(CD)apontam casos da prática de crimes de responsabilidade. Os arts. 52, I,(SF) e 102, I, c, 
(STF) dispõem sobre a competência de julgamento dos Ministros nas infrações penais 
comuns e nos crimes de responsabilidade. 
 
A RESPONSABILIDADE DO PRESIDENTE A REPÚBLICA: Quando o 
Presidente e o Vice tomam posse, prestam o compromisso de fazer cumprir a 
Constituição assim como, também, de defendê-la (CF, art. 78); sob pena de, em caso de 
descumprimento do dispositivo constitucional, praticarem crime de responsabilidade (art. 
85, CF). O Presidente e o Vice também podem praticar crime comum, ou seja, praticar 
infração penal diferente da definição de crime de responsabilidade (delitos eleitorais, 
crimes contra a vida, contravenções). 
Contudo, tanto numa situaçãO como na outra, só poderão ser processados se 
houver autorização do voto de dois terços dos membros da Câmara dos Deputados (arts. 
51, I e 86, CF). 
Nos casos dos crimes de responsabilidade (IMPEACHMENT), o julgamento 
do Presidente e do Vice será feito pelo Senado (arts. 52, I e 86, CF), que fica obrigado a 
instaurar o processo no caso de viabilização da autorização da Câmara – tendo a 
presidência do STF, que, contudo, não vota (52, par. único). A condenação será proferida 
por dois terços dos votos do Senado Federal, decorrendo dela a perda do cargo das 
autoridades referidas e a inabilitação por oito anos para o exercício de qualquer função 
pública, sem prejuízo das outras sanções cabíveis (art. 52, par. ún., CF). 
Nos crimes comuns, o julgamento será realizado no STF (art. 102, I, b, CF), que, 
ao contrário do Senado Federal nas situações de crimes de responsabilidade, não fica 
sujeito a receber a denúncia ou queixa oferecida contra o Presidente, mesmo havendo 
autorização para início do processo proferida pela Câmara (art. 86, CF). É o respeito à 
Separação dos Poderes definida no art. 2º da CF. 
Exemplo de crimes comuns: crimes eleitorais, contravenções penais, delitos contra a 
vita, entre outros. 
0 Presidente, igualmente aos os parlamentares (arts. 51, I e 86, CF), goza de 
imunidade formal em relação a processo e da prerrogativa do foro (arts. 52, 1 e 102, 1, b, C). Poderá 
ser preso por infrações penais comuns, sobrevindo sentença condenatória (art. 86, § 3º, 
CF). Não responderá, durante o exercício de seu mandato, por atos estranhos ao exercício de suas funções 
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(art. 86, § 4º, CF), fenômeno este que se denomina imunidade temporária à persecução penal 
e não imunidade penal. Ressalta-se que não se configura imunidade penal, visto que o 
Presidente da República não se torna irresponsável por crimes não funcionais. A situação 
que se apresenta é que o Presidente, enquanto estiver investido em sua função, deixará de 
responder por infrações exercidas durante este tempo e que não tenham relação com o 
mandato, não respondendo, outrossim, por atos infracionais realizados anteriormente à 
sua gestão. A prescrição do crime, nessas situações, ficará suspensa. Faz-se necessário 
salientar que essa imunidade é apenas penal, ou seja, não inibe uma ação judicial que 
envolva responsabilidade civil, administrativa, fiscal ou tributária. 
“A cláusula de imunidade penal temporária, instituída, em caráter extraordinário, pelo art. 
86, §4º, da CF, impede que o Presidente da República, durante a vigência de seu mandato, 
sofra persecução penal, por atos que se revelaram estranhosao exercício das funções 
inerentes ao ofício presidencial. Doutrina. Precentes. 
Tratando-se, no entanto, de atos praticados ‘in offício’ ou ‘propter officium’, e desde que possuam 
qualificação penal, tornar-se-á constitucionalmente lícito instaurar, contra o Presidente da República, 
mesmo na vigência de seu mandato, a pertinente persecução penal, uma vez exercido, positivamente, pela 
Câmara dos Deputados, o controle prévio da Adminissiblidade da acusação penal (CF, art. 86, caput, 
c/c o art. 51, I)”. Inq. 1.418-RS, Informativo STF, nº 248, Misn. Celso Mello, relator. 
 
Os crimes de responsabilidade são definidos na legislação federal como as infrações 
político-administrativas, realizadas no desempenho da função, que perpetrem contra a 
existência da União, o livre exercício dos Poderes do Estado, a segurança interna do País, 
a probidade da Administração, contra a lei orçamentária, o exercício dos direitos políticos, 
individuais, sociais e o cumprimento das leis e das decisôes da justiça (art. 85, CF). 
VIDE: art. 86, §1º, I e II, e §2º. 
Relativamente ao crime comum e em motivação de crime de responsabilidade, é 
possível que caiba o impeachment (impedimento) do Presidente da República. Quando a 
situação for de crime comum, o impedimento ocorrerá a partir do recebimento da 
denúncia ou queixa-crime pelo STF (art. 86, §1º, I, CF). Quando se tratar de crime de 
responsabilidade, será a partir do momento em que o Senado instaurar o processo (art. 86, 
§ 1º,II, CF). 0 prazo do impedimento é de 180 dias, de forma que, se durante esse prazo o 
julgamento não for encerrado, o Presidente voltará às suas funções, ressalvada a 
possibilidade de prosseguimento do processo (art. 86, § 2º,CF). 
Se ocorrrer a condenação do Presidente por crime de responsabilidade, conseqüência imediata 
será a perda do cargo, sem prejuízo das outras sanções cabíveis, além da inabilitação, por 
oito anos, para o exercício de qualquer função pública (art. 52, par. ún., CF). Se a 
condenação for por crime comum, ele perderá o cargo se a alcançar a hipótese prevista no 
art. 92, I, CP: 
 
 
 
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 “Art. 92 – São também efeitos da condenação: 
I – a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo, no0s crimes praticos com abuso de poder 
ou violação de dever para com a Administração Pública quando a pena aplicada for superior a quatro 
anos;(...)”. 
 
Havendo previsão na Constituição Estadual ou na Lei Orgânica do DF da 
imunidade formal em relação ao processo, estas serão estendidas aos Governadores de Estado 
e Distrito Federal. Contudo, não poderão gozar da imunidade em relação à prisão ou da 
cláusula da irresponsabilidade relativa (art. 86, §§ 3º e 4º, CF). 
Governadores crimes comuns: STJ, art. 105, I; crimes de responsabilidade: Tribunal 
Especial – Lei 1079/1950 
CE/GO arts. 38 e 39 – da responsabilidade do Governador. 
 
 
CONSELHO DA REPÚBLICA E DE DEFESA NACIONAL: Os arts. 89 e 91 
trazem dois órgãos de consulta, não vinculativos, do Presidente da República: o Conselho 
da República e o Conselho de Defesa Nacional, sendo que ambos serão presididos pelo 
Presidente da República, sendo que o Presidente poderá não acatar seus 
pronunciamentos. 
As funções do Conselho da República vêm estabelecidas no art. 90 da CF, 
competindo-lhe pronunciar sobre intervenção federal, estado de defesa, estado de sítio e 
questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas. 0 Conselho de Defesa 
Nacional é órgão de consulta em assuntos relacionados com a soberania nacional e a 
defesa do Estado democrático, encontrando-se sua organização e funcionamento na Lei 
8.133/91 e os seus integrantes estão relacionados no art. 91 da CF, tendo suas funções 
definidas no § 1º desse artigo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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IV - PODER JUDICIÁRIO 
 
 
 
 
A ESTRUTURA DO JUDICIÁRIO 
 
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário: 
 
I - o Supremo Tribunal Federal; 
I-A o Conselho Nacional de Justiça; 
II - o Superior Tribunal de Justiça; 
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; 
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; 
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais; 
VI - os Tribunais e Juízes Militares; 
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. 
 
Parágrafo único. O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm sede na 
Capital Federal e jurisdição em todo o território nacional. 
§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e os Tribunais 
Superiores têm sede na Capital Federal. 
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo o 
território nacional. 
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Estrutura do Poder Judiciário Brasileiro 
 
STF: 11 Ministros 
CNJ: 15 Membros 
STJ: mínimo de 33 Ministros 
TST: 27 Ministros 
TSE: mínimo de 7 Ministros 
STM: 15 Ministros 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 
"Judiciário independente, homens livres", é o que afirmou Celso de Mello. No mundo 
moderno, não conseguiremos conceituar um verdadeiro Estado Democrático de Direito, 
sem a existência de um Poder Judiciário independente; onde possa exercer sua função de 
guardião das leis, reconhecendo os direitos do indivíduo. “Poder Judiciário independente é assim 
sinônimo de vida em sociedade, sem os riscos do retomo da barbárie, da lei do mais forte” – Ramóm 
Tácio de Oliveira. 
 
Sobre o tema, pronunciou Antônio Marques Cavalcante Filho: 
 
"um Judiciário acreditado e forte é sugestivo da tranqüilidade social, enquanto respaldo à 
segurança das relações jurídicas, inclusive entre administrados e administradores, e garantia do 
exercício dos direitos e liberdades individuais, sendo assim o mais conspícuo instrumento de 
preservação das instituições democráticas, e, por isso, se confortante aos homens de boa vontade, é 
também urn percalço aos que conspiram, na consonância das conveniências neoliberais, contra a 
Ordem Instítucional vigorante" (cf., Por um Judiciário forte e sem peia, Revista In Verbis 7, 
ano 2, abr/maio de 1997, p. 12-13). 
 
0 Poder Judiciário é a maior conquista da sociedade civilizada, visto ser o 
instrumento de distribuição de Justiça – a necessidade mais básica de qualquer ser 
humano. 
 
A base de um Estado de Direito se configura nas garantias da magistratura, visto 
elas serém a garantia da cidadania, pois são os instrumentos que conferem à instituição a 
necessária independência para o exercício da jurisdição, resguardando-a das pressões do 
Legislativo e do Executivo. 
 
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No Direito Brasileiro, a independência do Judiciário, em nível constitucional 
é assegurada no art. 2º, art.5º, XXXV e art. 99. No art. 92, de modo exemplificativo, 
estabelece os órgãos que o compõem. 
 
 
PRINCÍPIOS BALIZADORES 
 
 
O Poder Judiciário é incumbido da função jurisdicional, ou seja, da função de fazer 
justiça. A independência do Judiciário é uma necessidade da liberdade individual, pois 
devem existir no Estado órgãos independentes que possam aplicar a lei, inclusive contra o 
governo e contra a administração. 
 
No Estado democrático de direito, cabe ao Judiciário o papel de defender os cidadãos em 
face das leis inválidas e de garantir a legalidade e a transparência dos poderes públicos 
contra seus próprios atos ilícitos. 
 
Princípios fundamentais do Poder Judiciário: 
 
a) Inércia: o Judiciário somente se manifesta quando provocado (garantir sua atuação 
imparcial). 
 
b) Devido Processo Legal: a prestação jurisdicional é mister que deve observar as 
formalidades legais 
 
c) Efeito Inter Partes: a decisão judicial produz efeito entre as partes que participam do 
processo. Exceção:prestação jurisdicional com efeitos erga omnes, em relação a 
todos.(sindicalizados ou não) 
 
Competência Originária 
 
- É o mister conferido aos componentes do Poder Judiciário de julgar, originalmente ou 
em 1ª instância, as causas que lhe são submetidas. 
 
Competência Recursal 
 
É o mister conferido aos Tribunais de julgar, em grau de recurso ou 2ª instância, as causas 
já decididas por Juízes inferiores. 
 
É a consagração do Princípio do Duplo Grau de Jurisdição. 
 
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O PODER JUDICIÁRIO E SUAS GARANTIAS 
 
O Poder Judiciário é um dos três poderes clássicos previstos pela doutrina e consagrado 
como poder autônomo e independente de importância crescente no Estado de Direito. 
 
Sua função não consiste somente em administrar a Justiça, sendo mais, é ser o verdadeiro 
guardião da constituição, com a finalidade de preservar, basicamente, os princípios da 
legalidade e igualdade, sem os quais os demais tornar-se-iam vazios. 
 
A chave do poder do judiciário se acha no conceito de independência. 
 
Daí as garantias de que goza, algumas das quais asseguradas pela própria Constituição 
Federal, sendo as principais a vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de 
vencimentos dos juízes. 
 
Funções típicas e atípicas 
 
Ao lado da função de legislar e administrar, o Estado exerce a função de julgar, ou seja, a 
função jurisdicional, consistente na imposição da validade do ordenamento jurídico, de 
forma coativa, toda vez que houver necessidade. Podemos, assim, afirmar que função 
jurisdicional é aquela realizada pelo Poder Judiciário, tendo em vista aplicar a lei a uma 
hipótese controvertida mediante processo regular, produzindo, afinal, coisa julgada, com 
o que substitui, definitivamente, a atividade e vontade das partes. ESSA É A FUNÇÃO 
TÍPICA 
 
 
O Judiciário, porém, como os demais Poderes do Estado, possui outras funções, 
denominadas atípicas, de natureza administrativa e legislativa. São de natureza 
administrativa, por exemplo, concessão de férias aos seus membros e serventuários(art. 
96, I, f); prover, os cargos de juiz de carreira na respectiva jurisdição (art. 96, I, c ). São de 
natureza legislativa a edição de normas regimentais (art. 96, I, a.), pois compete ao Poder 
Judiciário elaborar seus regimentos internos, com observância das normas de processo e 
das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento 
dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos. 
 
 
 
 
 
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INDEPENDÊNCIA DO PODER JUDICIÁRIO 
 
As garantias conferidas aos membros do Poder Judiciário têm assim como condão 
conferir à instituição a necessária independência para o exercício da Jurisdição, 
resguardando-a das pressões do Legislativo e do Executivo, não se caracterizando, pois, 
os predicamentos da magistratura como privilégio dos magistrados, mas sim como meio 
de assegurar o seu livre desempenho, de molde a revelar a independência e autonomia do 
Judiciário. 
 
Independência do Poder Judiciário e controle externo 
 
Há necessidade de imparcialidade e independência, mas muitos vêm a possibilidade da 
criação de um controle externo sobre suas atividades. O estudo deve analisar, 
primeiramente, o teor de dois artigos da Constituição Federal, o art. 2.° (São Poderes da 
União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário) e o 
art. 60, § 4.°, inc. III (Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a 
abolir a separação dos Poderes); isso significa que os poderes da República, independentes 
e harmônicos entre si, cada qual com sua função soberana, buscou uma finalidade maior, 
que é evitar o arbítrio e a garantia de liberdade individual do cidadão. 
 
Ambas as previsões vieram acompanhadas pelo manto da imutabilidade, pretendendo o 
legislador constituinte evitar o futuro desequilíbrio entre os detentores das funções 
estatais. 
 
A harmonia prevista entre os Poderes de Estado vem acompanhada de um detalhado 
sistema de freios e contrapesos (checks and balances), consistente em controles 
recíprocos. 
 
Assim, é necessário lembrar, dentro dessa idéia de reciprocidade de controles, que a 
fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial das unidades 
administrativas do Poder Judiciário deverá ser realizada pelo Poder Legislativo, através do 
próprio Congresso Nacional, com o auxílio do Tribunal de Contas da União, no âmbito 
nacional. 
 
Além disto, o modo de escolha e investidura da cúpula do Poder Judiciário – os Ministros 
do STF - sofre rigoroso controle por parte tanto do Poder Executivo, quanto do Poder 
Legislativo. A Constituição Federal prevê em seu art. 101 que o “STF compõe-se de onze 
Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e 
cinco anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada", sendo que o parágrafo 
único do citado artigo, determina que "Os Ministros do STF serão nomeados pelo 
Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado 
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Federal“. Esses mesmos Ministros poderão ser processados e julgados pelo Senado 
Federal nos crimes de responsabilidade. 
 
Apesar de todas essas influências e interferências dos outros poderes em relação ao 
judiciário, este, não pode ser vítima de qualquer tipo de controle. Os institutos 
comentados estão na própria constituição e lembrando, servem ao princípio da separação 
dos poderes e seu sistema de freios e contrapesos. 
 
Supremo Tribunal Federal e controle externo do Poder Judiciário 
 
O Supremo Tribunal Federal não admite a criação de mecanismos de controle externo do 
Poder Judiciário que não foram previstos originariamente pelo legislador constituinte, 
entendendo que tais hipóteses afrontam o princípio da separação dos poderes. Assim, 
analisando a possibilidade de criação de controles externos às magistraturas estaduais, o 
Tribunal já declarou a inconstitucionalidade das constituições dos Estados da Paraíba, 
Pará, Bahia e Mato Grosso. 
 
O STF declarou a inconstitucionalidade da Constituição do Estado da Paraíba, que 
instituía o Conselho Estadual de Justiça, composto por dois desembargadores, um 
representante da Assembléia Legislativa do Estado, o Procurador-Geral do Estado e o 
Presidente da Seccional da OAB. 
 
Este conselho tinha a atribuição de fiscalização da atividade administrativa e do 
desempenho dos deveres funcionais do Poder Judiciário, do Ministério Público, da 
Advocacia Geral do Estado e da Defensoria Pública. O STF entendeu que essa previsão 
ofendia, flagrantemente, o princípio da Separação dos Poderes. 
 
Assim, se não é possível constitucionalmente a criação de um órgão externo controlador 
do Poder Judiciário, a própria Constituição Federal já prevê a possibilidade de criação de 
um Conselho da Justiça, que funcionará junto ao Superior Tribunal de Justiça, cabendo-
lhe, na forma da lei, exercer a supervisão administrativa e orçamentária da Justiça Federal 
de primeiro e segundo graus. 
 
Ressalte-se que as funções desse Conselho de Justiça devem assemelhar-se às funções dos 
Conselhos Superiores da Magistratura portuguesa que, como salientado por Canotilho, 
não podem perturbar a independência interna dos magistrados, isto é, o livre exercício da 
sua atividade, garantindo-se constitucionalmente, a inexistência de quaisquer vínculos 
perante os órgãos dirigentes do próprio Judiciário e dos tribunais superiores. 
 
 
 
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2. AS GARANTIAS DO PODER JUDICIÁRIO 
 
2.1 - Vitaliciedade (CF, art. 95, I) - A característica definidora da vitaliciedade é a de 
que o servidor fica investido em caráterperpétuo no cargo. Diante dessa prerrogativa, o 
juiz não pode perder o cargo salvo por sentença judicial. No primeiro grau, será adquirida 
após dois anos de exercício (estágio probatório), dependendo, durante esse período, para 
a perda, de deliberação do Tribunal a que o juiz estiver vinculado e, nos demais casos, de 
sentença judicial transitada em julgado. 
 
Os juízes dos Tribunais Superiores, mesmo os advogados e membros do Ministério 
Público que se ingressarem pelo quinto constitucional, adquirem vitaliciedade no 
momento da posse. Sumulou o STF: "11. A vitaliciedade não impede a extinção do cargo, 
ficando o funcionário em disponibilidade, com todos os vencimentos". 
 
2.2 - Inamovibilidade (CF, art. 95, II) - Por essa garantia, entende-se que o juiz 
somente poderá ser transferido ou promovido por iniciativa própria, jamais ex officio de 
qualquer outra autoridade, salvo em uma única exceção constitucional, por motivo de 
interesse público (arts. 93, VIII, e 95, II, CF) e pelo voto de 2/3 do órgão competente. 
 
2.3 - Irredutibilidade de subsídio (CF, art. 95) - Observa-se quanto à remuneração o 
que dispõem os arts. 37, X e Xl; 39, § 4º; 150, II; 153,III , e 153, § 2º, I. 
0 STF entende que a irredutibílidade é jurídica e não real (cf., JSTF, 49/ 94: 57/52). 0 que 
não pode acontecer, portanto, é a diminuição nominal do salário. 0 seu valor real pode ser 
reduzido, o que acontece com a corrosão oriunda da inflação. 
 
2.4 Garantias do Poder Judiciário (EXERCÍCIO) 
 
Para o exercício de tão importantes missões constitucionais, faz-se necessária a existência 
de certas garantias, que possibilitem a aplicação dos princípios basilares do Direito 
Constitucional: 
 
a) a regra da proteção dos direitos individuais; 
b) a regra do processo jurídico regular; 
c) a regra do razoável ou do equilíbrio de interesses; 
d) a regra da igualdade de direito à proteção legal. 
 
 
 
 
 
 
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2.5 Garantias institucionais 
 
Dizem respeito à Instituição como um todo, ou seja, garantem a independência do Poder 
Judiciário no relacionamento com os demais poderes. Tão importante são as garantias do 
Poder Judiciário, que a própria constituição considera crime de responsabilidade do 
Presidente da República atentar contra seu livre exercício, conforme o art. 85. 
 
 
3. IMPEDIMENTOS DA MAGISTRATURA (ART. 95, PAR. ÚN., Incisos, CF) 
 
 Objetivam garantir a imparcialidade do juiz. 
 
4. INGRESSO NA CARREIRA E PROMOÇÕES 
 
- Artigo 93, I E II CF 
- LOMAN – Lei Orgânica da Magistratura Nacional – LC 35/79, ARTS. 78 E 79) 
- Para ingressar na carreira como juiz substituto, necessário passar em concurso público 
de provas e títulos. Art. 37. 
- A EC Nº 45/04 alterou o inciso I, do art. 93, acrescendo a regra para ingresso de 03 
anos de atividade jurídica. 
- A OAB tem participação obrigatória no ingresso na carreira de magistrado. 
 
5 - APOSENTADORIA (ART. 93,VI, CF) 
 
 A aposentadoria, para aqueles que ingressarem no serviço público a partir da EC 20, 
publicada no DJU, em 16.12.1998 - é compulsória aos 70 anos de idade, com proventos 
proporcionais ao tempo de contribuição (CF, art. 40, II). 
 
5.1 Aposentadoria voluntária e proventos integrais: art. 40, §1º, III, “a”, CF 
5.2 Aposentadoria voluntária por idade e proventos proporcionais: art. 40, §1º, III, “b”, 
CF 
5.3 Aposentadoria compulsória por interesse público: art. 40, §1º, III, “b”, CF. 
 
6 - PROMOÇÃO (art. 39) 
 
Há benefício de promoção obrigatória. Promoção de instância para instância. 
Requisitos para promoção é a antiguidade e o merecimento. 
 
 
 
 
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MERECIMENTO 
 
1. Ser indicado a lista de merecimento por 3 x consecutivas ou 5 x alternadas 
 
2. Para isso, tem que ter 2 anos na mesmas instância. Ainda tem que estar na razão de 
20% da lista de antiguidade. Salvo se não houver ninguém – lugar vago. 
 
3. Forma de avaliação: 
- Será o trabalho prestado com presteza e segurança. 
- Será o trabalho freqüente. 
- Aproveitamento em cursos de aperfeiçoamento. 
 
ANTIGUIDADE 
 
Por antiguidade, o tribunal só pode deixar de promover se houver o mais velho da lista, 
com o voto de 2/3 do respectivo tribunal. A forma de promoção é idêntica nas duas 
instâncias. Há obrigação em fornecimento de cursos de aperfeiçoamento. 
 
7 - REMUNERAÇÃO DO JUDICIÁRIO 
 
Os membros dos tribunais superiores TST, TSE, STM, STJ tem 95% do subsídios dos 
ministros do STF. 
 
Outros magistrados a lei escalonada define, de cada competência. Não pode passar dos 
95%. Entre a justiça federal e estadual tem que haver uma diferença de 10 a 5%. 
 
8 - CARACTERÍSTICAS GERAIS DO JUDICIÁRIO 
 
O juiz deve residir na comarca. A remoção, disponibilidade e aposentadoria do 
magistrado só pode acontecer com votos de 2/3. 
 
Todo julgamento é público, sob pena de nulidade, podendo a lei restringir. Existência do 
tribunal pleno. Deve o tribunal ter no mínimo 25 membros, variando o número de 11 a 
25. 
 
 
 
 
 
 
 
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9 - FORMA DE ESCOLHA DE MEMBROS DOS TRIBUNAIS 
 
Matéria tratada pelo art. 93 da CF. A Escolha de membros é específica para cada tribunal 
superior. TST, TSE , STM, STJ. 
 
Nos outros, tribunal do Estado ou Federal, são escolhidos pela promoção, juntando com 
1/5 constitucional, formados por membros do MP e e advogados, de notório saber 
jurídico e ambos com mais de 10 anos na função. 
 
 
COMPETÊNCIA DOS ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO NO BRASIL 
 
10 - SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
É o guardião da Constituição Federal, com função precípua de Corte de 
Constitucionalidade. 
 
Competência originária (art. 102, I, alíneas, §§ 1º e 2º) Nesses casos, o Supremo 
analisa a questão em única instância, não havendo possibilidade de ampliação dessa 
competência por lei inftaconstitucional. A título de exemplo, a ação popular, por não 
integrar jurisdição originária da Suprema Corte, mesmo que impetrada contra o 
Congresso Nacional, Ministros de Estado ou Presidente da República, foge da alçada de 
julgamento dessa instância. 
 
Competência derivada: art. 102, II (recurso ordinário), e III, § 3º (recurso 
extraordinário) Nesses casos, o Supremo é acionado via recursal. Para o recurso 
extraordinário, é imperativo que haja o pré-questionamento " , repercussão geral das 
questões constitucionais e também a ofensa direta e frontal à Constituição Federal, não se 
admitindo o recurso nas hipóteses de ofensas reflexas. 
 
COMPOSIÇÃO 
 
O Supremo Tribunal Federal é o tribunal de cúpula do Poder Judiciário brasileiro. 
Tem 11 membros. Há 2 turmas sem hierarquia, cada uma com 5 membros e mais o 
presidente. 
 
REQUISITOS PARA A ENTRADA 
 
Nomeação é feita pelo presidente da república. Brasileiro nato com 35 a 65 anos, art. 12, § 
3º IV da CF. Aprovação por maioria absoluta dos membros do senado federal, art. 52, III 
, a, art. 101 parag. Único da CF. Cidadão em pleno gozo de seus direitos políticos de 
notório saber jurídico e reputação ilibada. 
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Não exige formalmente o bacharelado de Direito. Não necessita ser magistrado. O que 
precisa é ter notório saber jurídico. O Brasil tem o costume de não exigir o bacharelado, 
diferente do trib. Constitucional Alemão e Português. Quem recebe o novo ministro é o 
presidente do STF. Em 1893 um médico foi nomeado e ficou 1 ano. 
 
ATRIBUIÇÃO 
 
A principal atribuição é a guarda da Constituição. NÃO É UMA CORTE 
CONSTITUCIONAL como Europa e USA. Tem outras atribuições além de guarda da 
CF, por ex. 
 
COMPETÊNCIA DO STF 
 
Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, 
escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e cinco e menos de 
sessenta e cinco

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