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Prof. PhD Henrique Senna Diniz Pinto A fluorescência de raios X é também conhecida por espectrografia por emissão de raios X. É uma técnica utilizada na maioria dos laboratórios de pesquisa que estudam a química das substâncias inorgânicas. É um método amplamente utilizado pelos petrólogos para qualificar a composição química total das rochas incluindo o teor das terras-raras. É também rotineiramente utilizado em uma ampla gama de aplicações industriais. Mineração - para controle da qualidade do produto enviado ao consumidor: Indústria cerâmica e do vidro, Manufatura de metais e ligas, Proteção ambiental e No controle da poluição. Amostras de rocha podem ser analisadas diretamente serrando-as, a fim de se obter uma superfície plana, não necessariamente polida. Amostras em pó são prensadas em pastilhas, a fim de se obter uma amostra homogênea para determinação de elementos-traço. A penetração dos raios X dentro da amostra não supera 1 mm. Assim a superfície analisada tem que apresentar uma geometria uniforme e representativa para a amostra inteira. Para amostras em pó atinge-se essa homogeneidade moendo-as até ≥50 μm. Para amostras sólidas basta serra-las em uma porção representativa. Amostras de rocha podem ser analisadas diretamente serrando-as, a fim de se obter uma superfície plana, não necessariamente polida. Amostras em pó são prensadas em pastilhas, a fim de se obter uma amostra homogênea para determinação de elementos-traço. Alguns tipos de construtivos permitem a análise química instantânea de amostras de pó transportadas em fluxo, o que é ideal para o controle composicional automático numa linha de produção. A fusão de amostras pulverizadas com fundentes e seu posterior resfriamento produz vidros. Esta forma de homogeneização da amostra facilita a determinação de elementos maiores e menores (Na, Mg, Al, Si, P, K, Ca, Ti, Mn, Fe). Amostras fluidas ou “lamas” são acondicionadas entre duas folhas (filme) de polímero inerte aos raios X – estas folhas devem ser bem acondicionadas para resistirem ao vácuo na câmara analítica. As análises quantitativas demandam cuidados muito especiais com a preparação dos espécimes e com a calibração do instrumento, devido aos severos efeitos matriz inerentes à XRF. Na XRF o principal efeito matriz provém da reabsorção parcial dos raios X emitidos pelos demais elementos presentes da amostra. Em outras palavras, durante a análise de uma amostra, quando um elemento é excitado e produz seus raios X característicos, estes são parcialmente absorvidos (“atenuados”) pelos demais elementos presentes, ainda ao longo da trajetória para sair do espécime. O coeficiente de atenuação é uma propriedade atômica de cada elemento e depende da energia (ou comprimento de onda). Ele representa a fração da intensidade dos raios X de cada elemento não transmitida na mesma direção dos fótons incidentes. Desde que se conheça a composição da amostra, é possível calcular a perda de intensidade. Mas, justamente a análise é realizada para se conhecer a composição da amostra! O espectrômetro de XRF é calibrado para se estabelecer as condições instrumentais (elementos, linhas analíticas, cristal, ângulo, background, tempos de contagem, entre outros). Qualquer elemento que perde intensidade porque seus raios X foram absorvidos, estará realçando o sinal de outros elementos. Portanto, os efeitos matriz são casados, isto é, de absorção e realce. Uma regra geral diz que o espécime ideal para análise por XRF é plano, homogêneo e espesso. Os efeitos físicos, associados com as características físicas do espécime analisado têm implicações importantes nos resultados. Estes efeitos físicos resultam de asperezas da superfície do espécime, tamanho de grãos (mais apropriadamente de partículas, uma vez que os grãos foram moídos) e mineralógicos. Em pastilhas os elementos químicos não estão homogeneamente distribuídos, porque eles se encontram em proporções variadas nas partículas dos diferentes minerais presentes. O tamanho médio das partículas de uma amostra de rocha pulverizada e peneirada é de 40 m (Potts, 1992). Numa preparação de amostra típica, mais de 99% dos raios X do sódio detectados provêm de menos de 5 m de profundidade e os de Si de menos de 20 m. O sinal destes dois elementos gerado a profundidades maiores dentro do espécime é totalmente absorvido antes de sair dele. Isto indica que amostras simplesmente prensadas dificilmente são representativas para determinar elementos maiores leves e esta é a principal razão para se fundir as amostras e preparar vidros. Análise por fluorescência de raios X pode ser utilizada para uma determinação quantitativa dos elementos maiores (com porcentagem entre 1% e muitas dezenas de %). XRF é também muito sensível para determinação precisa dos elementos traço (p. ex.,Y, Zr, Sr, Rb em escala de ppm) devido a intensidade de fundo ser muito baixa. Elementos leves (Z<10) não são analisados num XRF convencional e a baixa concentração de muitos elementos- traço (p.ex., metais nobres) em amostras geológicas comuns impede a sua determinação por esta técnica. O diâmetro maior do feixe de raios X permite a análise de amostras maiores (do que com feixes de elétrons) e permite melhor estatística. Em um tubo de raios x o fluxo de elétrons do cátodo é focado para colidir com um alvo de metal sobre um ânodo carregado positivamente. Em um tubo de raios x o fluxo de elétrons do cátodo é focado para colidir com um alvo de metal sobre um ânodo carregado positivamente. Ao incidirem nos átomos da amostra, esses raios X primários ejetam elétrons das camadas próximas do núcleo. Um elétron de um átomo é excitado tornando-se uma fonte de ondas eletromagnéticas de mesma freqüência e mesmo comprimento de onda que os raios X incidentes. Se esta energia for suficientemente alta, o elétron penetra fundo dentro do átomo do alvo, deslocando alguns elétrons para uma camada mais íntima do orbital K. A vacância criada nesta camada é ocupada quase que imediatamente por elétrons de uma camada superior (L, M, N). A transição M-K produz raios-x(radiação) Kβ, enquanto que a transição L-K produz raios-x (radiação) Kα1 e Kα2 . Kβ - transição M-K Kα1 e Kα2 - transição L-K Diagrama dos níveis e sub-níveis energéticos do Ba, com as respectivas energias (em keV) indicadas à direita. As energias dos raios X, emitidas em decorrência das transições eletrônicas, correspondem às diferenças de energia dos sub- níveis envolvidos. O tubo de raios X é operado em condições que superem a energia crítica de excitação das linhas que serão usadas na medição dos elementos de interesse. Por exemplo, no caso do bário, a energia crítica de excitação do nível K é 37,441 keV. Portanto, para excitar o nível K do Ba, o tubo de raios X deve ser operado com pelo menos 45 kV (20% a mais que a energia crítica de excitação). Cada transição eletrônica tem certa probabilidade de ocorrer e, consequentemente, as linhas têm intensidades diferentes entre si. Por exemplo, a linha EKa1 tem o dobro da intensidadeda linha EKa2. Para muitos elementos, a energia destas duas linhas é muito próxima, e não é possível medi-las separadamente. Nestes casos é observado um único pico, denominado Ka1,2 com energia intermediária entre aquelas das linhas separadas. A fluorescência de raios X dos elementos presentes numa amostra ocorre quando esta é atingida por raios X oriundos de um tubo de raios X. A análise é realizada num espectrômetro de fluorescência de raios X, que contém a fonte de excitação, em geral um tubo de raios X, o porta-amostras com o espécime, e os sistemas de dispersão, detecção e processamento de dados. Os raios X que passam pelo colimador constituem um feixe paralelo, mas ainda contêm muitos comprimentos de onda. O comprimento de onda de interesse (isto é, de uma dada transição, de um elemento específico) é separado dos demais no cristal por difração. Esta decorre por dois fenômenos: espalhamento e interferência construtiva A condição para que os dois raios interfiram entre si de forma construtiva é que as ondas emergentes estejam em fase. Para que isto ocorra, a diferença de percurso dos dois raios deve ser igual a um número inteiro de comprimentos de onda. Os raios X provenientes do tubo de raios X são absorvidos pela amostra de acordo com a Lei de Beer: log 𝐼0 𝐼 = 𝐾𝑑 ∆𝑑 onde I0 é a intensidade dos raios X incidentes, I é a intensidade do feixe de raios X que não foi absorvido na amostra, Kd é uma constante de proporcionalidade e Dd é a espessura da amostra. A energia dos raios X absorvida na amostra resulta na geração de um espectro de emissão de raios X que é característico para cada elemento na amostra e, em geral, a energia da transição mais intensa é usada na análise. Os raios X característicos gerados são conhecidos como raios X secundários e o fenômeno de emissão é chamado FLUORESCÊNCIA DE RAIOS X. Cada elemento tem linhas espectrais características com comprimentos de onda específicos e sobrepostos em um fundo onde o espectro é contínuo e de baixa intensidade. A intensidade da XRF de dado comprimento de onda é proporcional à concentração do elemento que o emitiu na amostra. Apesar disto, as análises quantitativas demandam cuidados muito especiais com a preparação dos espécimes e com a calibração do instrumento, devido aos severos efeitos matriz inerentes à XRF.
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