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Os efeitos da Cibercultura

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Revista de Educação 
Vol. 13, Nº. 15, Ano 2010 
Priscila Voigt Stumpf 
Faculdade Anhanguera de São José 
priscila_stumpf@yahoo.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OS EFEITOS DA CIBERCULTURA NA EDUCAÇÃO 
 
RESUMO 
O presente artigo visa apresentar os benefícios e possibilidades que o 
uso das redes sociais desenvolvidas para Internet pode trazer quando 
utilizadas a favor do meio acadêmico, apresentando formas de 
utilização e maneiras de interatividade possíveis de serem criadas entre 
o docente e o aluno. Busca-se, ainda, apresentar as ferramentas mais 
atuais, traçando um paralelo ao que existia nos primórdios da 
informática e suas evoluções. Além dessas questões, o artigo visa servir 
como um alerta àqueles que fazem uso dessas ferramentas para contar 
os acontecimentos de seu dia a dia aos demais, expondo sua vida 
pessoal, sem maiores preocupações com relação às conseqüências que 
isto poderá trazer. O uso das redes sociais deve ocorrer de forma 
consciente e, sabendo utilizá-las, grandes são os resultados que se 
poderá obter. 
Palavras-Chave: educação; tecnologia; comunicação; internet; mídia social. 
ABSTRACT 
This article was developed to present the benefits and possibilities that 
the use of Internet’s social media can bring when used to promote the 
academic, presenting how to use and ways of interactivity that is 
possible to be created between teacher and student. It still looks to 
present the most current tools, making a parallel to what exist in the 
present day of computing and its evolution. Beyond these issues, this 
article looks to serve as a warning to those who use these tools to tell 
the events of their day to day to all other users, exposing your personal 
life, with no worried about the consequences that this might bring. The 
use of social media should occur consciously and knowing that using 
them, we can have great results. 
Keywords: education; technology; communication; Internet; social media. 
Anhanguera Educacional Ltda. 
Correspondência/Contato 
Alameda Maria Tereza, 2000 
Valinhos, São Paulo 
CEP 13.278-181 
rc.ipade@aesapar.com 
Coordenação 
Instituto de Pesquisas Aplicadas e 
Desenvolvimento Educacional - IPADE 
Artigo Original 
Recebido em: 27/10/2010 
Avaliado em: 23/9/2011 
Publicação: 15 de outubro de 2011 
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1. INTRODUÇÃO 
Junto às evoluções relacionadas ao uso de computadores, surgem também novas formas 
de mídias, mais interativas, e que, além de criar novos hábitos, acompanham as evoluções 
de nossa sociedade, modos de agir, pensar, a velocidade de se adaptar ao novo, 
principalmente quando tratamos do jovem. 
Conforme Braga (2008, p.193): 
Fala-se de novos arranjos sociais nos quais as mídias têm lugar de destaque, fala-se em 
uma sociedade da informação. Mídias de vulto, até então dominantes, têm sido 
eclipsadas, envelhecidas; outras, revitalizadas, reinventadas pelas tecnologias de 
comunicação que se apresentam a proporcionar novas formas sociais de apreciação das 
mídias. 
Principalmente no que se refere à Internet, a evolução acontece diariamente, a 
todo o momento e, como conseqüência, nossa forma de comunicar se transforma, criando 
novas maneiras de interação entre pessoas. Essas questões envolvem, e muito, o processo 
educativo, como pode ser visto nas palavras de Tonus (2008, p.229): 
Ao pensarmos no processo de educação, inevitavelmente, entra em jogo a comunicação, 
não somente porque vivemos em uma sociedade midiática, mas porque a educação 
depende da comunicação para se concretizar... Com o avanço cada vez mais rápido das 
tecnologias da informação e da comunicação (TIC), o docente precisa aprender a lidar 
com elas, tanto para seu aprimoramento, como no caso de cursos e conferências, entre 
outras atividades, quanto para empregá-las como ferramentas educativas, a partir da 
reflexão dos meios e de seus conteúdos. 
Pensando nisso, fica ainda mais clara a necessidade de atualização constante do 
docente, para que possa trabalhar essas possibilidades em sala de aula e, ainda, auxiliar 
seus discentes em possíveis dúvidas que possam surgir em suas atividades diárias. 
Nos dias atuais, os alunos já nascem inseridos no mundo tecnológico e se 
adaptam com extrema rapidez a tudo que surge de novo. É preciso que na área acadêmica 
essa adaptação ocorra na mesma velocidade, para que possam aproveitar os benefícios da 
informática de forma plena. 
Murray (2003, p.17) descreve muito bem esta situação ao expor que: 
O nascimento de um novo meio de comunicação é ao mesmo tempo estimulante e 
assustador. Qualquer tecnologia industrial que estende dramaticamente nossas 
capacidades também nos torna inquietos por desafiar nosso conceito da própria 
humanidade. 
Não podemos ter medo do novo, precisamos nos adaptar a ele e caminhar junto à 
evolução dos tempos, seja ela tecnológica, social ou de qualquer outra área. Nascemos 
sem saber nada, ou quase nada, mas nosso meio nos leva a desenvolver capacidades. O 
mundo está cada vez mais dinâmico, passamos do tempo onde era possível transmitir 
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mensagens apenas através de uma folha de papel, e a tecnologia veio proporcionar 
maneiras cada vez mais dinâmicas para essa mesma função. 
É curioso verificar como filmes e desenhos animados estimulam os pensadores a 
desenvolver novas tecnologias. Há não muito tempo, ao nos deparamos com a animação 
“Os Jetsons”, presenciávamos situações até então irreais e distantes de nossa realidade. 
Hoje, temos casas totalmente automatizadas, controladas por computadores, podemos 
nos locomover rapidamente por meio de aviões a jato, além de diversas outras tecnologias 
que vieram facilitar nosso dia. 
Nos computadores também vemos esta gigantesca transformação, dos tempos 
onde eram apenas máquinas perfuradoras, passando pelos seus revolucionários 
monitores de tela verde, até chegarmos aos tempos atuais, com processadores cada vez 
mais rápidos, monitores com telas cada vez mais finas e com o advento da Internet, que a 
cada dia nos presenteia com novas possibilidades de comunicação. 
Inclusive em momentos em que nos deparamos com atividades narrativas nos 
moldes tradicionais, grandes são as possibilidades de transcrevermos o que foi tratado 
para mídias eletrônicas. 
Quando isto ocorre no meio educacional, criamos possibilidades de manter um 
registro dos mais variados assuntos tratados em sala de aula em mídias que podem ser 
consultadas a todo o momento. 
2. O COMEÇO DE TUDO 
Para muitos, pode parecer que os recursos tecnológicos e todas as possibilidades que estas 
plataformas nos oferecem sejam algo recente, mas conforme Kenski (2007, p. 15), esses 
recursos fazem parte do dia a dia das pessoas há tempos. 
As tecnologias são tão antigas quanto a espécie humana. Na verdade, foi a 
engenhosidade humana, em todos os tempos, que deu origem às mais diferenciadas 
tecnologias. O uso do raciocínio tem garantido ao homem um processo crescente de 
inovações. Os conhecimentos daí derivados, quando colocados em prática, dão origem a 
diferentes equipamentos, instrumentos, recursos, produtos, processos, ferramentas, 
enfim, a tecnologias. 
Com o advento da informática, criaram-se possibilidades até então impensáveis 
no que diz respeito ao uso da comunicação em favor da educação. Hoje, não precisamos 
mais de uma televisão, um rádio, telefone e demais meios de comunicação 
individualmente, temos acesso a tudo isto em um único canal de comunicação e que vai 
além, pois permite grande interatividade de todas as partes envolvidas. 
Como citado por Lance e Woll (2006, p. 177):62 Os efeitos da cibercultura na Educação 
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Primeiro, era preciso lidar com o próprio site. Agora, é necessário lidar com a 
propaganda na Web. E os blogs e podcasts estão aí – os seus, os de seus concorrentes e 
os de consumidores. Agora, a tendência do momento são as comunidades. E quando 
este livro tiver sido publicado, é possível que haja novas variações com as quais você 
terá também de lidar. 
As atualizações neste meio acontecem verdadeiramente de forma rápida e 
grandes já foram as evoluções desde o primeiro computador, que necessitava de uma 
imensa sala apenas para ele. Hoje, conseguimos guardar informações em quantidades 
absurdamente maiores ao que ocorria há cinco anos em pequenos chips ou drives e, se 
formos voltar ainda mais no tempo, era inimaginável o fato de termos estas mesmas 
possibilidades inclusive em pequenos telefones celulares. 
O mesmo tipo de evolução ocorre praticamente na mesma velocidade no que diz 
respeito aos meios de comunicação desenvolvidos para Internet, vemos diariamente 
novas formas de interagir socialmente e de forma cada vez mais elaborada. 
Passamos por transformações em que a única forma de comunicação através da 
Internet eram textos enviados por e-mails, praticamente nulos de recursos de editoração e 
efeitos. Hoje, continuamos a fazer o uso desta ferramenta, mas existem milhares de outras, 
que nos permitem fazer uso de imagens, animações, conversas por webcam, uso de 
microfones e mesmo utilizar recursos que fazem conexão com telefones móveis ou fixos, 
permitindo fazer ligações para qualquer lugar do mundo, com valores muito mais 
acessíveis. 
Ao analisarmos esta evolução, verificamos que o início da Internet vem de 
meados do século passado, quando ocorreu a Guerra Fria e se tornou necessário 
desenvolver mecanismos para trocas de informações a longas distâncias, sem que se 
perdessem as informações trocadas. A partir deste momento, novas propostas foram 
colocadas em prática, desenvolvendo-se a idéia de trabalhar em rede e diminuindo 
barreiras entre países para “trafegar” informação até alcançarmos os moldes atuais. 
Como exposto por Sampaio (2003, p. 302): 
A Internet é a maior revolução deste final e início de século e seu impacto em toda vida 
da humanidade está longe de ser adequadamente imaginado, tantas são as perspectivas 
possíveis e aquelas que nem mesmo temos condições de prever atualmente. 
O início da era digital possibilitou maior acesso a estas ferramentas e fez emergir 
nas mentes criadoras um universo novo, repleto de informações e caminhos a serem 
seguidos, como relata Murray (2003, p. 41) seu livro Hamelet no Holodeck: 
O último quarto do século XX marca o inicio da era digital. A partir dos anos 70, os 
computadores tornaram-se mais baratos, rápidos, potentes e mais conectados uns aos 
outros, numa taxa exponencial de aperfeiçoamento, fundindo, em um único meio, 
tecnologias de comunicação e de representação antes dispares. 
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Nasce, desta forma, uma nova era, na qual não se necessita mais ir a Paris para 
conhecer o Museu do Louvre ou gastar fortunas em ligações para o exterior para falar com 
o amigo que hoje mora do outro lado do mundo e, mesmo a leitura de livros, sejam eles 
clássicos de nossa literatura ou que abordem textos mais técnicos, focados em nossa área 
de atuação, tudo isto pode ser feito através do uso de um computador conectado à 
Internet. 
Entendendo isso, Murray (2003, p. 41) vai além dos descritos de seu livro, 
mostrando-nos que “todas as principais formas de representação dos primeiros 5 mil anos 
da história humana já foram traduzidas para o formato digital”. 
Fato este fácil de ser verificado, ao analisarmos que nos dias atuais é possível 
acessar rádios das mais variadas partes do mundo, assistir programas, novelas e filmes 
que já foram transmitidos na televisão, ou mesmo obras completas exibidas no cinema. A 
Internet nos permite, ainda, fazer leituras de obras literárias por completo, ler os mais 
variados jornais e revistas e, mesmo, publicar artigos científicos em revistas virtuais. 
Com base nisso, as redes sociais podem ser utilizadas como ferramentas de 
divulgação desses canais, com links diretos para cada uma dessas possibilidades, fazendo 
um elo entre o que se expõe nas ferramentas interativas e demais tipos de mídias já 
inseridas na Internet. 
É possível, ainda, disponibilizar esses conteúdos para acesso direto nessas 
ferramentas, variando o tipo de material de acordo com as possibilidades de cada sistema. 
Algumas dessas redes disponibilizam recursos para inclusão de fotos, vídeos, 
documentos, fáceis de serem inseridos e, posteriormente, visualizados. 
São sistemas desenvolvidos com foco em seus usuários, que, mesmo com pouco 
conhecimento, seja de programação ou mesmo do uso da Internet, conseguem fazer uso 
dos benefícios oferecidos e manipular as informações de acordo com seus gostos e 
preferências e, ainda, relacionar-se com os demais usuários conectados através dos 
mesmos sistemas. 
3. OS BENEFÍCIOS DAS REDES SOCIAIS PARA A EDUCAÇÃO 
O advento das novas tecnologias trouxe benefícios incalculáveis para as mais diversas 
áreas de atuação, inclusive para a educação, facilitando e agregando valores às atividades 
exercidas no dia a dia. 
Conforme colocado por Kenski (2007, p. 45): 
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As novas tecnologias de comunicação (TICs), sobretudo a televisão e o computador, 
movimentaram a educação e provocaram novas mediações entre a abordagem do 
professor, a compreensão do aluno e o conteúdo veiculado. A imagem, o som e o 
movimento oferecem informações mais realistas em relação ao que está sendo ensinado. 
Quando bem utilizadas, provocam a alteração dos comportamentos de professores e 
alunos, levando-os ao melhor conhecimento e maior aprofundamento do conteúdo 
estudado. 
As possibilidades de troca de mensagens e interações entre professor e aluno 
tornaram-se absurdamente maiores e, a cada momento, verificamos o surgimento de 
novas possibilidades de sistemas de redes sociais que permitem compartilhar 
informações. 
Segundo Tônus (2008, p. 231): 
Ao adotar uma metodologia de formação que envolva um mix de meios ou multimídia, 
espera-se possibilitar a aprendizagem a todos os discentes, independentemente de suas 
preferências e estilos de aprendizagem ou de suas habilidades. 
Seja através do uso de Blogs, Twitter, Orkut, Flicker, Facebook ou demais sites 
focados no relacionamento entre pessoas, transmitir um material trabalhado em sala de 
aula ou mesmo complementar esse conteúdo com outros dados, hoje, pode ser realizado 
de maneira extremamente rápida e com respostas em tempo real por parte dos demais 
que interagem com determinado grupo, podendo limitar ou não os usuários que terão 
acesso a essas informações. 
As redes sociais são sistemas que permitem fazer uso e manipulação de 
divulgação de textos, imagens, áudio e vídeos e possibilitam àqueles que o acessam enviar 
mensagens e comentários, ou ainda, no caso da educação, permite que o professor 
esclareça dúvidas de seus alunos, mesmo fora do ambiente escolar, dando mais 
velocidade e dinamismo ao processo educativo. 
Os ambientes oferecidos pelas redes sociais possibilitam uma interação 
harmoniosa, com a participação de todos e permite ao docente perceber fatos que 
precisam ser melhorados ou re-trabalhados junto aos discentes, através das respostas e 
comentários obtidos por estes canais. 
Como destaca Tônus (2008, p. 245): 
É preciso buscar, no exercício do papel docente, novas maneiras deensinar, com base 
nas interações que as TIC possibilitam... abrangendo, por exemplo, produtos da 
aprendizagem dos discentes; inovação tecnológica; formas e conseqüências da interação 
mediada pelas TIC, entre outros temas. 
É preciso, como profissional da educação, aprender quebrar paradigmas e 
visualizar as novas possibilidades de transmissão do conhecimento, indo além das 
situações que nos prendem apenas no modo tradicional de levar informação. As 
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tecnologias de informação chegam como aliadas no processo educativo e cabe ao docente 
saber explorar todas as suas vantagens. 
Esta situação é retratada por Palfrey e Gasser (2011, p. 269) ao expor a 
necessidade de retrabalhar a estrutura de ensino e aprendizagem. 
Aprender é muito diferente para os jovens de hoje do que era 30 anos atrás. A internet 
está mudando a maneira com que as crianças coletam e processam informações em 
todos os aspectos de suas vidas. Para os Nativos Digitais, “pesquisa”, muito 
provavelmente, significa uma busca no Google mais do que uma ida até a biblioteca. É 
mais provável que eles chequem as coisas com a comunidade da Wikipédia ou recorra a 
um amigo online antes de pedir ajuda a um bibliotecário de referência. 
As redes sociais, ao criarem maior diversidade de interações, fazem-nos perceber 
que são múltiplas as possibilidades de relacionamento, como explica Recuero (2009, p. 35): 
[...] a interação mediada pelo computador é também geradora e mantenedora de relações 
complexas e de tipos de valores que constroem e mantêm as redes sociais na Internet. 
Mas mais do que isso, a interação mediada pelo computador é geradora de relações 
sociais que, por sua vez, vão gerar laços sociais. 
Com essa visão, é possível perceber que o uso das redes sociais e seus mais 
variados recursos de interação são capazes de aproximar as pessoas envolvidas no 
processo, criando, a partir daí, outras formas de relacionamento e aproximando o 
professor do aluno. 
Embora muitas pessoas ainda resistam a esse fenômeno e evitem o uso destes 
recursos em prol da educação, na crença de que o uso de computadores para mediar 
relações se trate de um sistema frio e distante, o que temos visto nos mostra exatamente o 
contrário, em que se percebe que é possível criar laços que aproximam os envolvidos e 
multiplicam-se as formas de comunicação e as ferramentas disponíveis no processo de 
educação. 
Nos primórdios dos sistemas educacionais, contávamos apenas com a fala do 
professor e livros de apoio, ou seja, ao finalizar aquele período em sala de aula, não havia 
espaço ou recursos, para outros tipos de interação que pudessem beneficiar o 
aprendizado; hoje, deparamo-nos com salas de aula equipadas, com computadores 
ligados à Internet, lousas interativas, sistemas de áudio e vídeo, que ajudam a enriquecer 
o dia a dia no ambiente escolar e , como se não bastasse, o aluno, ao retornar para sua 
residência ou mesmo em seu ambiente de trabalho possui mecanismos suficientes para 
dar continuidade aos seus estudos em suas horas livres. 
Isto nos leva a crer que o uso dessas ferramentas é muito positivo no ambiente 
escolar e que fazer uso desses meios nos leva a ambientes que vão além dos momentos 
presenciais entre professor e alunos, criando relações de troca ilimitadas e, em muitos 
casos, em tempo real, sem, necessariamente, criar um distanciamento nas relações entre o 
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docente e o discente. Cabe ao professor responsável por essas interações saber aproveitar 
todo esse diferencial em prol da educação. 
4. O USO DAS REDES SOCIAIS EM EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA 
É visível o crescimento do número de instituições que oferecem a possibilidade de realizar 
um curso à distância. 
Para tanto, as opções se tornam a cada vez mais diversificadas, podendo-se optar 
por cursos de graduação, pós-graduação, cursos de extensão e aperfeiçoamento. 
Esse tipo de ensino tornou real, àqueles que não possuíam tempo hábil para 
realizar um curso presencial, a possibilidade de conquistar um diploma ou, ainda, realizar 
um curso em instituições situadas em outras cidades, sem que haja deslocamento para 
isto. As barreiras foram quebradas inclusive a níveis internacionais, como destacado por 
Moraes (2010, p. 53): 
A internacionalização parece uma tendência natural da EaD, desde seu nascimento e 
pela sua própria definição. Afinal, como dizem alguns de seus entusiastas, ela é uma 
oportunidade de eliminar distâncias na educação e, por extensão, desfazer fronteiras. 
Pensando nisso, e conhecendo as ferramentas de redes sociais, é possível, mesmo 
que virtualmente, tornar o convívio entre as pessoas que optam por esses cursos mais 
próximos, permitindo que possam dialogar e trocar informações entre si. 
As ações em cursos à distância se tornam individuais e impessoais, devido ao 
sistema de aplicação utilizado, mas existem maneiras de driblar tais obstáculos, criando 
debates, reuniões, troca de informações e diversas outras atividades, nas quais todos os 
envolvidos, sejam alunos, tutores e coordenadores, possam participar. 
É preciso saber aproveitar todo tipo de tecnologia com a qual as pessoas se 
deparam no decorrer do dia, adaptando a forma de ensinar, de forma a engrandecer o 
conteúdo aplicado em aula, neste caso, não apenas ferramentas da Internet, mas também 
demais formatos de mídia, como colocado por Kenski (2007, p. 85): 
Desde que as tecnologias de comunicação e informação começaram a se expandir pela 
sociedade, aconteceram muitas mudanças nas maneiras de ensinar e aprender. 
Independentemente do uso mais ou menos intensivo de equipamentos midiáticos nas 
salas de aula, professores e alunos têm contato durante todo o dia com as mais diversas 
mídias. Guardam em suas memórias informações e vivências que foram incorporadas 
das interações com filmes, programas de rádio e televisão, atividades em computadores 
e na Internet. Informações que se tornam referências, ideias que são capturadas e servem 
de âncora para novas descobertas e aprendizagens, que vão acontecer de modo mais 
sistemático nas escolas, nas salas de aula. 
Esses fatores engrandecem o curso e agregam valores, tornando possível criar 
novas visões a respeito dos assuntos discutidos. 
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Para tanto, é possível optar por redes sociais inseridas no próprio sistema de 
ensino à distância, como criar links para outros sistemas. 
Cabe, nesse caso, ter uma pessoa responsável pelo gerenciamento das 
informações que estão sendo trocadas e que possa controlar esse conteúdo. Porém, a 
partir do uso das redes sociais, fica mais fácil organizar reuniões e encontros que possam 
aproximar as pessoas. 
5. CUIDADOS NA REDE 
As redes sociais surgiram como excelentes ferramentas de comunicação, que podem ser 
utilizadas para os mais variados propósitos, seja para uso pessoal, para criar interação 
entre alunos e professores no meio acadêmico, ou mesmo para divulgar a marca ou os 
produtos e serviços de um empresa. 
Mas é preciso lembrar que é alto e crescente o número de pessoas que possuem 
acessos às informações publicadas nesses meios e que podemos nos deparar com pessoas 
de má índole, interessadas em fazer uso errôneo com as mensagens postadas e que podem 
trazer grandes problemas para os responsáveis por determinada rede social. 
Conforme colocado por Palfrey e Gasser (2011, p.102) “O desafio é garantir que 
os jovens tenham as habilidades e as ferramentas necessárias para navegar nos ambientes 
novos e híbridos de tal forma que se mantenham seguros, tanto online quantooffline”. 
É preciso saber controlar e filtrar todo tipo de informação a ser redigida e 
inserida nesses canais e, quando possível, determinar o público que terá acesso aos dados 
publicados. É sabido que muitas vezes o jovem acessará informações sem o 
acompanhamento de um adulto, sendo necessário protegê-los em momentos online assim 
como fazemos nos momentos offline. 
Cabe ainda, ao profissional da área acadêmica, procurar orientar seus alunos no 
que diz respeito ao uso consciente de qualquer uma dessas mídias sociais, quando este 
opta por fazer uso de uma ou várias delas junto aos seus alunos. 
Palfrey e Gasser (2011, p. 119) destacam a importância da instituição de ensino 
neste processo ao salientar que: 
Professores e diretores também precisam se adiantar naquilo que ensinam aos Nativos 
Digitais sobre o corajoso novo mundo em que todos vivemos. As escolas de todos os 
níveis variam na maneira como transmitem aos alunos as informações e as habilidades 
relacionadas à segurança digital. Há milhares de maneiras padagogicamente legítimas 
de realizar este trabalho. 
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Este tipo de auxílio pode ser prestado no que diz respeito a possíveis erros 
gramaticais e de escrita, e salientar aos discentes da importância do respeito na troca de 
mensagens, para que ocorra de forma a não agredir verbalmente os demais alunos e 
docentes em geral. 
Vivenciamos uma era em que o “internetês” está cada vez mais inserido no 
mundo dos jovens, com palavras em que “cadê” vira um simples “kd” ou como a palavra 
“você” se torna um ”vc”. É preciso esclarecer isso aos discentes, para que haja cautela no 
uso de tais termos, principalmente quando as mensagens trocadas sejam de cunho mais 
profissional, em casos de textos formais e, mesmo nas mensagens informais, evitar que se 
usem apenas abreviações para que não se torne um vício de linguagem. 
Sodré (2006, p. 85) nos remete à importância de entender as formas de troca de 
mensagens, criando-se novas linguagens, novos repertórios, inclusive na leitura de 
imagens expostas através do uso destas novas técnicas de comunicação ao colocar o 
seguinte pensamento: 
[...] de uma forma organizativa baseada em tecnologia da informação avançada, com um 
mesmo tipo de pressão sintática – a forma global da mídia eletrônica –, as imagens 
evocam umas às outras por associação, combinam-se e reproduzem-se à maneira de um 
vírus, permeando e oferecendo novos repertórios culturais ou “vocabulários” (lineares e 
analógicos) para hábitos, percepções, sensações e práticas sociais. 
É preciso ser claro nas informações inseridas nos sistemas e cauteloso no que diz 
respeito às imagens expostas em redes sociais ou qualquer outra forma de sistema que 
permita interação, para que os demais usuários que possuam acesso a essas informações 
possam ler e compreender sem que haja distorções e evitar que, mesmo criando-se novos 
vocabulários, se perca a beleza de nossa língua, utilizando colocações formais no 
momento em que se devem utilizar textos formais e colocações informais quando a 
interlocução solicitar, porém, com o uso correto da língua, deixando os neologismos 
apenas em momentos que propiciem o uso de outros vocabulários. 
É válido salientar, principalmente ao tratarmos de alunos que cursam o ensino 
superior, que muitas empresas buscam o perfil de candidatos a vaga de trabalho nestas 
redes sociais para analisá-los e que alguns temas podem prejudicá-los em uma situação 
deste tipo. 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Ao concluir este artigo, é possível verificar que temos muitas possibilidades ainda 
inexploradas com o uso das redes sociais e demais recursos disponíveis na Internet e que 
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beneficiariam diversos projetos nas áreas da educação, agregando ferramentas e 
melhorando as formas de interação entre o professor e o aluno. 
O uso do computador e ,mais tarde, da Internet, criou um mundo novo, cheio de 
possibilidades e que trouxeram praticidade ao nosso dia a dia, ao reunir em um só lugar 
os mais diversos tipos de mídias e formas de comunicação e interação entre as pessoas 
com acesso à Internet. 
É possível perceber, ainda, que esse tipo de ferramenta nos permite criar diversos 
outros caminhos para trocas de informações, como ocorreu com as redes sociais, e que 
com o uso delas, informações podem ser trocadas de maneira mais rápida, permitindo 
criar canais para solucionar dúvidas de alunos em relação ao conteúdo estudado em aula, 
mesmo não estando no ambiente de estudos, entre diversas outras particularidades que 
envolvam o meio escolar ou mesmo possibilitar a visualização de novos materiais que 
buscam enriquecer as informações anteriormente trabalhadas. 
No decorrer do artigo, foi possível perceber que as formas de comunicação a que 
temos acesso na atualidade se tornam cada vez mais dinâmicas, mas que, se usadas de 
maneira errada, podem ser prejudiciais, o que exige utilizá-las com certa cautela e saber 
alertar os alunos no que diz respeito ao assunto, para que não prejudiquem a si mesmos 
ou aos outros. De toda forma, os benefícios são visivelmente maiores que essas hipóteses. 
AGRADECIMENTOS 
Meus agradecimentos especiais ao Thiago, por estar sempre ao meu lado, dando força e 
incentivando em todas as minhas ações, aos meus pais, Moises e Neide, e irmãos, Vanessa 
e Mario Henrique, por toda compreensão e carinho, e aos amigos, que estiveram sempre 
presentes. 
REFERÊNCIAS 
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Priscila Voigt Stumpf 
Pós-graduação em Didática e Metodologia do 
Ensino Superior, pela Anhanguera Educacional. 
Pós-graduação em Comunicação Empresarial pela 
Universidade do Vale do Paraíba (2006), 
graduação em Publicidade e Propaganda pela 
Universidade do Vale do Paraíba (2003).

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