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DIREITO 
CONSTITUCIONAL II 
 
 
Professora: Quésia Ribeiro Alves Rabelo 
 
Este é um material de auxílio 
nos estudos do discente, 
não o dispensando da 
pesquisa doutrinária mais 
aprofundada. 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 Organização dos Poderes. 
1.1 Princípio da Separação dos Poderes. 
1.2 Atividades e Funções do Estado. 
1.3 Sistema Freios e Contrapesos. 
1.4 Funções Estatais, Imunidades e Garantias em face do Princípio da Igualdade. 
1.5 Ministério Público 
 
2 Poder Legislativo. 
2.1 Funções: típicas e atípicas. 
2.2 Congresso Nacional. 
2.3 Câmara dos Deputados. 
2.4 Senado Federal. 
2.5 Comissões. 
2.6 Comissões Parlamentares de Inquérito. 
2.7 Tribunal de Contas. 
2.8 Estatuto dos Congressistas. 
2.8.1 Finalidade Democrática. 
2.8.2 Histórico. 
2.8.3 Imunidades Parlamentares. 
2.8.4 Vencimentos. 
 
 
3 Processo Legislativo 
3.2 Classificação. 
3.3 Processo Legislativo Ordinário. 
3.3.1 Fase Introdutória. 
3.3.1.1 Iniciativa de Lei por Parlamentar. 
3.3.1.2 Iniciativa de Lei Extra-Parlamentar. 
3.3.2 Fase Constitutiva. 
3.3.2.1 Deliberação Parlamentar. 
3.3.2.1.1 Regime de Urgência (Processo Legislativo Sumário). 
3.3.2.2 Deliberação Executiva. 
3.3.3 Fase Complementar. 
3.4 Espécies Normativas. 
3.4.1 Emendas à Constituição. 
3.4.1.1 Classificação das Constituições quanto à estabilidade. 
3.4.1.2 Limites ao Poder Constituinte de Derivado. 
3.4.2 Lei Complementar. 
3.4.2.1 Natureza Jurídica. 
3.4.2.2 Distinção entre Lei complementar e Lei Ordinária. 
3.4.2.3 Processo Legislativo. 
3.4.2.4 Hierarquia: Lei complementar e Lei Ordinária. 
3.4.3 Medida Provisória. 
3.4.3.1 Histórico. 
3.4.3.2 Procedimento da medida provisória: aprovação integral. 
3.4.3.3 Aprovação com alterações. 
3.4.3.4 Rejeição Expressa. 
3.4.3.5 Rejeição Tácita. 
3.4.3.6 Limites Materiais à edição de Medidas Provisórias. 
3.4.4 Lei Delegada. 
3.4.4.1 Natureza Jurídica. 
3.4.4.2 Processo Legislativo. 
3.4.4.3 Vedação de Delegação. 
3.4.4.4 Prerrogativa do Congresso Nacional de sustar delegação. 
3.4.5 Decreto Legislativo. 
3.4.5.1 Processo Legislativo. 
3.4.6 Resolução. 
3.4.6.1 Processo Legislativo. 
 
4 Poder Executivo. 
4.1 Funções Atípicas do Presidente da República. 
4.2 Chefe de Estado e Chefe de Governo. 
4.3 Requisitos para o Cargo de Presidenta da República. 
4.4 Modo de Investidura e Posse no Cargo de Presidente da República. 
4.5 Vacância da Presidência da República. 
4.6 Mandato de Presidente da República. 
4.7 Ausência do País do Presidente e Vice-Presidente da República. 
4.8 Atribuições do Presidente da República. 
4.9 Atribuições do Vice-Presidente da República. 
4.10 Órgãos Auxiliares do Presidente da República. 
4.10.1 Ministros de Estado. 
4.10.2 Conselho da República. 
4.10.3 Conselho de Defesa Nacional. 
4.11 Responsabilidade do Presidente da República. 
4.11.1 Prerrogativas e Imunidades do Presidente da República: imunidades formais e 
materiais e prerrogativa de foro. 
4.11.2 Crime de Responsabilidade do Presidente da República. 
4.11.2.1 Conceito. 
4.11.2.2 Natureza Jurídica. 
4.11.2.3 Procedimento. 
4.11.2.4 Renúncia e Extinção do Processo Impeachment. 
4.11.2.5 Poder Judiciário e possibilidade de alteração da decisão do Senado Federal. 
4.11.3 Crimes Comuns do Presidente da República. 
4.11.3.1 Procedimento. 
4.11.3.2 Perda do Cargo em Razão de Condenação Criminal Decretada pelo STF. 
 
5 Poder Judiciário 
5.1 Poder Judiciário e os outros poderes. 
5.2 Funções Típicas e Atípicas. 
5.3 Garantias do Poder Judiciário. 
5.3.1 Garantias Institucionais. 
5.3.1.1 Autonomia funcional, administrativa e financeira do Poder Judiciário. 
5.3.1.2 Modo de Escolha dos Dirigentes dos Tribunais. 
5.3.2 Garantia dos Membros. 
5.3.2.1 Vitaliciedade. 
5.3.2.2 Inamovibilidade. 
5.3.2.3 Irredutibilidade de Subsídios. 
5.4 Ingresso na Carreira. 
5.5 Ascensão na Carreira. 
5.6 Escolas de Formação de Magistrados. 
5.7 Quinto Constitucional da OAB e do MP. 
5.8 Vedações. 
5.9 Organização do Poder Judiciário. 
5.10 Supremo Tribunal Federal. 
5.10.1 Composição. 
5.10.2 Competência. 
5.10.3 Súmulas Vinculantes. 
5.11 Conselho Nacional de Justiça. 
6 Funções Essenciais à Justiça. 
6.1 Ministério Público. 
6.1.1 Introdução. 
6.1.2 Princípios do Ministério Público. 
6.1.3 Garantias e Vedações. 
6.1.4 Estrutura. 
6.1.5 Atribuições do Ministério Público. 
6.1.6 Conselho Nacional do Ministério Público. 
6.2 Advocacia Pública. 
6.3 Advocacia. 
6.4 Defensoria Pública 
Organização dos Poderes 
 
O Prof. Kildare Carvalho afirma que: “Toda sociedade política é formada 
pela instituição de um poder político, cujo exercício se dá por uma vontade.” 
Para o citado professor, o poder consiste, assim, na capacidade de que 
é dotado um indivíduo ou um grupo social de limitar as alternativas de 
comportamento de outro indivíduo ou grupo social, visando a objetivos 
próprios. 
Poder é a capacidade, possibilidade de imposição de vontade sobre 
vontade de terceiro. 
Poder político segundo Max Weber é a possibilidade de imposição da 
violência legítima (Ex: mandado de prisão, mandado de busca e apreensão). O 
homem mais rico do Brasil não tem poder político, por isso não pode impor 
violência legítima. 
O poder político, uno, indivisível e indelegável, se desdobra e se compõe 
de várias funções, fato que permite falar em distinção das funções, que 
fundamentalmente são três: legislativa, executiva e judiciária. 
A Constituição Federal de 1988 dá ao termo “poder” vários significados. 
Vejamos: 
1- Art. 1º, parágrafo único da CF→ todo poder emana do povo. Neste 
caso, poder significa soberania. 
2- Art. 2º da CF→poderes da União. Já neste caso, poder significa 
“órgãos”. 
3- Poder significando função→art. 44 (função legislativa); art. 76 (função 
executiva); art. 92 (função jurisdicional). 
A democracia se manifesta através de órgãos que exercem funções. 
 
Princípio da Separação dos Poderes 
Conforme nos ensina o Professor Pedro Lenza as primeiras bases 
teóricas para a “tripartição de poderes” foram lançadas na Antiguidade grega 
por Aristóteles, em sua obra “Política”, através da qual o pensador vislumbrava 
a existência de três funções distintas exercidas pelo poder soberano, quais 
sejam, a função de editar normas gerais a serem observadas por todos, a de 
aplicar as referidas normas ao caso concreto (administrando) e a função de 
julgamento, dirimindo os conflitos oriundos da execução das normas gerais nos 
casos concretos. 
Entretanto, Aristóteles descrevia a concentração dessas funções nas 
mãos de uma única pessoa, o soberano. Em virtude disso, este sistema político 
não reduziria os riscos de abuso no exercício do poder. 
Posteriormente, a teoria Aristotélica foi aprimorada por Montesquieu em 
sua obra “O espírito das leis”. Para este, as funções descritas acima estariam 
intimamente ligadas a três órgãos distintos, autônomos e independentes entre 
si. Cada função corresponderia a um órgão, não mais se concentrando nas 
mãos únicas do soberano. 
Cada órgão exercia somente a função que fosse típica, não mais sendo 
permitido a um único órgão legislar, aplicar a lei e julgar, de modo unilateral, 
como se percebia no absolutismo. Tais atividades passam a ser realizadas, 
independentemente, por cada órgão, surgindo assim, o que se denominou de 
teorias de freios e contrapesos, conforme veremos adiante. 
Deve-se destacar que a expressão “separação de poderes” tem sido 
frequentemente criticada, com base na idéia de que o poder do Estado é 
sempre uno e indivisível, qualquer que sejaa forma de sua manifestação, isto 
é, o poder não se triparte. Poderá, apenas, manifestar-se por meio de 
diferentes órgãos, que exercem funções estatais. A realização dessas funções 
por meio de diferentes órgãos nada mais é do que o modo de o Estado exercer 
a sua vontade (poder). Nessa linha, o que tradicionalmente se denomina 
“separação de poderes” representa, na realidade, a distribuição de certas 
funções a diferentes órgãos do Estado, ou seja, a “divisão de funções estatais”. 
Por fim, vale lembrar que a CF de 88 erigiu à categoria de cláusula 
pétrea a separação de poderes, conforme se observa do art. 60, § 4º, III, CF). 
 
Atividades e funções do Estado 
Os fins do Estado são alcançados mediante atividades que lhe são 
constitucionalmente atribuídas. Tais funções são desenvolvidas por órgãos 
estatais, segundo a competência de que dispõem. 
Marcelo Rabelo de Souza define a função do Estado “como a atividade 
desenvolvida, no todo ou em parte, por um ou vários órgãos do poder político, 
de modo duradouro, independente de outras atividades, em particular na sua 
forma, e que visa à persecução dos fins do Estado”. 
O fim jurídico do Estado refere-se à criação e execução do direito. Já o 
fim cultural do Estado corresponde ao desenvolvimento das condições 
materiais de vida dos cidadãos, consoante a ideologia do Estado considerado. 
Para atingir tais fins, o Estado atuaria através de dois tipos de meios: a 
criação de normas jurídicas gerais e abstratas e a realização de atos concretos. 
No primeiro caso, a função do Estado seria legislativa, e, no segundo, a função 
seria administrativa quando visasse a um fim cultural, ou jurisdicional, quando 
objetivasse um fim jurídico. 
Diante de realidades sociais e históricas, a teoria da tripartição dos 
poderes, mencionada anteriormente, foi aplicada de forma abrandada. 
Assim, além do exercício de funções típicas (predominantes), inerentes 
e ínsitas à sua natureza, cada órgão exerce, também, outras duas funções 
atípicas (de natureza típica dos outros dois órgãos). 
Vejamos o quadro abaixo, trazendo uma visão panorâmica das funções 
típicas de cada órgão, bem como exemplos de algumas funções atípicas: 
 
ÓRGÃO FUNÇÃO TÍPICA FUNÇÃO ATÍPICA 
Legislativo a)Legislar; 
b)Fiscalização contábil, financeira, 
orçamentária e patrimonial do 
Executivo. 
a)Natureza executiva : ao dispor 
sobre sua organização, provendo 
cargos, concedendo férias, licenças 
a servidores, etc; 
b)Natureza jurisdicional: o 
Senado julga o Presidente da 
República nos crimes de 
responsabilidade (art.52, I) 
Executivo Prática de atos de chefia de Estado, 
chefia de governo e atos de 
administração. 
a)Natureza legislativa : o 
Presidente da República, por 
exemplo, adota medida provisória, 
com força de lei (art.62); 
b)Natureza jurisdicional: o 
Executivo julga, apreciando defesas 
e recursos administrativos. 
Judiciário Julgar (função jurisdicional), dizendo 
o direito no caso concreto e dirimindo 
os conflitos que lhes são levados, 
quando da aplicação da lei. 
a)Natureza legislativa : regimento 
interno de seus tribunais (art. 96, I, 
“a”); 
b)Natureza executiva : administra, 
v.g., ao conceder licenças e férias 
aos magistrados e serventuários 
(art. 96, I, “f”). 
 Quadro demonstrativo extraído do livro do Prof. Pedro Lenza 
Sistema de freios e Contrapesos 
 
Tendo em vista a essa nova feição do princípio da separação de 
poderes, conforme demonstrado anteriormente, a doutrina americana 
consolidou o mecanismo de controles recíprocos entre os poderes, 
denominado sistema de freios e contrapesos (checks and balances). 
Esse mecanismo visa a garantir o equilíbrio e a harmonia entre os 
poderes, por meio do estabelecimento de controles recíprocos, isto é, mediante 
a previsão de interferências legítimas de um poder sobre outro, nos limites 
admitidos na Constituição. Não se trata de subordinação de um poder a outro, 
mas sim, de mecanismos limitadores específicos impostos pela própria 
Constituição, de forma a propiciar o equilíbrio necessário à realização do bem 
da coletividade e indispensável para evitar o arbítrio e o desmando de um 
poder em detrimento do outro. 
Alguns exemplos permitem visualizar o funcionamento desse sistema. 
Sabemos que ao Poder Legislativo incumbe, como função precípua, a 
elaboração das leis. Entretanto, o Legislativo não é livre para elaborar leis; ele 
deve obedecer, formal e materialmente, às disposições constitucionais. Por 
isso, a própria Constituição prevê que um outro Poder, o Executivo, aprecie o 
projeto votado no Legislativo e, caso entenda que ele não se coaduna com a 
Constituição, vete o projeto, impedindo (como regra) que ele venha a tornar-se 
lei. Além disso, a mesma Constituição confere a outro Poder, o Judiciário, a 
atribuição de declarar uma lei inconstitucional, afastando sua aplicação em 
determinado caso, ou mesmo retirando-a do ordenamento jurídico. 
Sabemos que é ao Poder Executivo que compete, precipuamente, 
exercer a administração pública. Entretanto, o exercício da administração 
pública deve dar-se conforme determina a Constituição, e com vistas à 
satisfação do interesse público. Por isso, a própria Constituição, no inciso X do 
seu art. 49, atribui ao Congresso Nacional (Poder Legislativo) a competência 
para “fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os 
atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta”. Além disso, 
todo e qualquer ato do Poder Executivo pode ser objeto de questionamento e, 
se ilegal, ser anulado pelo Poder Judiciário, em razão do disposto no inciso 
XXXV do art. 5⁰ (“a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou 
ameaça a direito”). 
“O sistema de separação de poderes, consagrado nas Constituições de 
quase todo o mundo, foi associado à idéia de Estado Democrático e deu 
origem a uma engenhosa construção doutrinária, conhecida como sistema de 
freios e contrapesos. Segundo essa teoria os atos que o Estado pratica podem 
ser de duas espécies: ou são atos gerais ou são especiais. Os atos gerais, que 
só podem ser praticados pelo poder legislativo, constituem-se na emissão de 
regras gerais e abstratas, não se sabendo, no momento de serem emitidas, a 
quem elas irão atingir. Dessa forma, o poder legislativo, que só pratica atos 
gerais, não atua concretamente na vida social, não tendo meios para cometer 
abusos de poder nem para beneficiar ou prejudicar a uma pessoa ou a um 
grupo em particular. Só depois de emitida a norma geral é que se abre a 
possibilidade de atuação do poder executivo, por meio de atos especiais. O 
executivo dispõe de meios concretos para agir, mas está igualmente 
impossibilitado de atuar discricionariamente, porque todos os seus atos estão 
limitados pelos atos gerais praticados pelo legislativo. E se houver exorbitância 
de qualquer dos poderes surge a ação fiscalizadora do poder judiciário, 
obrigando cada um a permanecer nos limites de sua respectiva esfera de 
competência (Dalmo de Abreu Dallari, Elementos da Teoria geral do Estado)”. 
No denominado sistema de freios e contrapesos, um controla o outro e 
cada órgão exerce as suas competências. Na atualidade não se pode admitir a 
divisão rígida, uma vez que os órgãos são obrigados a realizar atividades 
atípicas. 
A tripartição, portanto, é a técnica pela qual o poder é contido pelo 
próprio poder, um sistema de freios e contrapesos, uma garantia do povo 
contra o arbítrio e o despotismo. 
A Constituição brasileira adotou o sistema de freios e contrapesos como 
pode ser visto, por exemplo, no art. 84 do texto fundamental, onde permite ao 
Chefe do Executivo elaborarDecretos, invadindo, desta forma, a competência 
do Poder Legislativo, sem violá-la, uma vez que há previsão legal. 
 
Funções estatais, imunidades e garantias em face do princípio da 
igualdade 
 Alexandre de Moraes citando Robert Alexy afirma que a finalidade das 
imunidades e garantias previstas para os membros do Legislativo, Executivo, 
Judiciário e do Ministério Público, para bem exercerem suas funções estatais 
deferidas pelo legislador constituinte, deve ser analisada à luz do princípio da 
igualdade, informador dos direitos fundamentais e de todo o ordenamento 
constitucional; verdadeiro vetor de interpretação constitucional da Democracia, 
em virtude de seu valor e de seu caráter principiológico. 
O objetivo colimado pela constituição Federal, ao estabelecer diversas 
funções, imunidades e garantias aos detentores das funções soberanas do 
Estado, Poderes Legislativo, Executivo, Judiciário e a Instituição do Ministério 
Público, é a defesa do regime democrático, dos direitos fundamentais e da 
própria Separação de Poderes, legitimando, pois, o tratamento diferenciado 
fixado aos seus membros, em face do princípio da igualdade. Assim, estas 
eventuais diferenciações são compatíveis com a cláusula igualitária por 
existência de um vínculo de correlação lógica entre o tópico diferencial acolhido 
por residente no objeto, e a desigualdade de tratamento em função dela 
conferida, pois compatível com interesses prestigiados na Constituição. 
Os órgãos exercentes das funções estatais, para serem independentes, 
conseguindo frear uns aos outros, com verdadeiros controles recíprocos, 
necessitavam de certas garantias e prerrogativas constitucionais. E tais 
garantias são invioláveis e impostergáveis, sob pena de ocorrer desequilíbrio 
entre eles e desestabilização do governo. 
O legislador constituinte, no intuito de preservar o mecanismo recíproco 
de controle e perpetuidade do Estado democrático, previu, para o bom 
exercício das funções estatais, pelos Poderes Legislativo, Executivo, Judiciário 
e a Instituição do Ministério Público, diversas prerrogativas, imunidades e 
garantias a seus agentes políticos, que serão posteriormente estudadas. 
 
Ministério Público 
A Constituição Federal de 1988 atribuiu as funções estatais de soberania 
aos três tradicionais Poderes de Estado: Legislativo, Executivo e Judiciário, e à 
Instituição do Ministério Público, que, entre várias outras importantes funções, 
deve zelar pelo equilíbrio entre os Poderes, fiscalizando-os, e pelo respeito aos 
direitos fundamentais. 
O Ministério Público vem ocupando lugar cada vez mais destacado na 
organização do Estado, dado o alargamento de suas funções de proteção de 
direitos indisponíveis e de interesses coletivos. A Constituição lhe dá o relevo 
de instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, 
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos 
interesses sociais e individuais indisponíveis. 
Esta opção do legislador constituinte em elevar o Ministério Público a 
defensor dos direitos fundamentais e fiscal dos Poderes Públicos, alterando 
substancialmente a estrutura da própria Instituição e da clássica teoria da 
Tripartição dos Poderes, não pode ser ignorada pelo intérprete, pois se trata de 
um dos princípios sustentadores da teoria dos freios e contrapesos de nossa 
atual Constituição Federal. 
Importante relembrarmos a lição do Ministro Sepúlveda Pertence ao 
comentar a respeito do Ministério Público: 
“Seu papel fundamental é, e continuará sendo, uma decorrência da 
característica fundamental de ser o Poder Judiciário um Poder inerte, vale 
dizer, um Poder sem iniciativa, e de existirem interesses em relação aos quais 
o exercício da ação, o exercício do direito de ação não se pôde deixar à 
disposição das partes. É mantida a inércia do Poder Judiciário, considerada 
requisito indispensável à sua imparcialidade. Cria-se, exige-se um órgão 
público capaz de exercer a ação, quer na área penal, quer na área civil ou 
capaz de intervir no processo entre as partes na defesa daqueles interesses 
que não se deixaram à disposição dos interessados. É esse patrocínio 
desinteressado de interesses públicos, ou essa proteção desinteressada, 
mesmo de interesses privados, mas aos quais se quis dar proteção especial, 
que justificam o papel do Ministério Público.” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Poder Legislativo 
 
Funções típica e atípicas 
 
A Constituição Federal consagrou em seu art. 2⁰ a tradicional tripartição 
de Poderes, ao afirmar que são Poderes do Estado, independentes e 
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Com base nisto, o 
próprio legislador constituinte atribuiu diversas funções a todos os Poderes, 
sem, contudo caracterizá-la com a exclusividade absoluta. Assim, cada um dos 
Poderes possui uma função predominante, que o caracteriza como detentor de 
parcela da soberania estatal, além de outras funções previstas no texto 
constitucional. São as chamadas funções típicas e atípicas. 
De acordo com o Professor Gilmar Mendes “no quadro de divisão de 
funções entre os Poderes da República, tocam ao Legislativo as tarefas 
precípuas de legislar e de fiscalizar. O poder legislativo, porém, de modo não 
típico, também exerce funções de administrar (ao prover cargos da sua 
estrutura ou atuar o poder de polícia, p. ex) e de julgar (o Senado processa e 
julga, por crimes de responsabilidade, o Presidente da República, bem como os 
Ministros de Estado e os Comandantes das três Forças Armadas, nos crimes 
de mesma natureza conexos com os praticados pelo Chefe do Executivo; 
também processa e julga, por crimes de responsabilidade, os Ministros do 
Supremo Tribunal Federal, os membros dos Conselhos Nacionais de Justiça e 
do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da 
União)”. 
No caso das funções típicas do Poder Legislativo (legislar e fiscalizar), 
se por um lado a Constituição prevê regras de processo legislativo, para que o 
Congresso Nacional elabore as normas jurídicas, de outro, determina que a ele 
compete a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e 
patrimonial do Poder Executivo (art. 70, CF). 
 
 
 
 
Congresso Nacional 
 
Dispõe o art. 44 da CF que: “O Poder Legislativo é exercido pelo 
Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado 
Federal”. 
No Brasil vigora o bicameralismo federativo, no âmbito federal. Ou seja, 
o Poder Legislativo no Brasil, em âmbito federal é bicameral, composto por 
duas casas: a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, a primeira 
composta por representantes do povo e a segunda representando os Estados-
membros e o Distrito Federal, adjetivando, assim, o nosso bicameralismo, que 
é do tipo federativo, como visto. 
O bicameralismo do Legislativo Federal está intimamente ligado à 
escolha pelo legislador constituinte da forma federativa de Estado, pois no 
Senado Federal encontram-se, de forma paritária, representantes de todos os 
Estados-membros e do Distrito Federal, consagrando o equilíbrio entre as 
partes contratantes da Federação. 
Os trabalhos do Congresso Nacional se desenvolvem ao longo da 
legislatura, que compreende o período de quatro anos (art.44, parágrafo único 
da CF), coincidente com o mandato dos deputados federais. 
Durante a legislatura ocorrem as sessões legislativas, que podem ser 
ordinárias, quando correspondem ao período normal de trabalho previsto na 
Constituição, ou extraordinárias, quando ocorrem no período de recesso do 
Congresso. 
A sessão legislativa ordinária, por sua vez, é partidaem dois períodos 
legislativos. O primeiro se estende de 2 de fevereiro a 17 de julho e o segundo, 
de 1⁰ de agosto a 22 de dezembro. Nos intervalos dos períodos mencionados, 
ocorrem os recessos. Nestes, o Congresso Nacional pode ser chamado a se 
reunir por convocação extraordinária, como, por exemplo, nos casos de 
decretação de estado de defesa, intervenção federal, ou pedido de autorização 
para decretação de estado de sítio, ou, ainda, para o compromisso e posse do 
Presidente e do Vice-Presidente da República. Pode ocorrer também de 
convocação extraordinária no caso de urgência ou de interesse público 
relevante. 
Importante observar que, na sessão legislativa extraordinária, o 
Congresso Nacional somente deliberará sobre a matéria para a qual foi 
convocado, ressalvada a hipótese do § 8º do art. 57, é vedado, ainda, o 
pagamento de parcela indenizatória, em razão da convocação extraordinária 
(art. 57, § 7⁰). 
Atenção!!!! Nos termos do art. 3º do Decreto Legislativo n. 7 ⁄95 (alterado 
pelo Decreto Legislativo n. 1⁄2006), continua devido ao parlamentar, no início e 
no final previstos para a sessão legislativa ordinária, ajuda de custo equivalente 
ao valor da remuneração, ficando vedado o seu pagamento, contudo, na 
sessão legislativa extraordinária. 
 
Câmara dos Deputados 
 
Composição: a Câmara dos Deputados é composta por representantes do 
povo (conjunto de brasileiros natos e naturalizados), ou seja, por Deputados 
Federais eleitos que manifestem a vontade do povo. 
Todo poder emana do povo que o exerce, ou de forma direta (ex: 
plebiscito, referendo e iniciativa popular-soberania popular), ou por meio de 
seus representantes, que em âmbito federal são os Deputados Federais (cabe 
lembrar que, nas outras esferas, o Poder Legislativo é unicameral, sendo 
eleitos, também, pelo povo para representá-los, os deputados estaduais, 
deputados distritais e vereadores, respectivamente para o legislativo estadual, 
do Distrito Federal e municipal). 
 
Eleição: os deputados federais são eleitos pelo povo segundo o princípio 
proporcional. 
O art. 45, § 1º da CF estabelece que: “o número total dos deputados, 
bem como a representação por Estados e pelo Distrito Federal, será 
estabelecido em lei complementar, proporcionalmente à população, 
procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que 
nenhuma daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de 
setenta Deputados”. 
O sistema proporcional consiste, no procedimento eleitoral que visa 
assegurar ao Parlamento uma representação proporcional ao número de votos 
obtido por cada uma das legendas políticas. 
 
Mandato: o mandato de cada deputado é de quatro anos, período este 
correspondente à legislatura (art. 44, parágrafo único). 
 
Renovação dos deputados: a cada quatro anos serão renovados os deputados, 
sendo permitida a reeleição. 
 
Requisitos para a candidatura dos deputados federais: 
a- Brasileiro nato ou naturalizado (art. 14, § 3º, I). A exigência de ser 
brasileiro nato é apenas para ocupar a presidência daquela casa, 
conforme estabelece o art. 12, § 3º, II 
b- Ser maior de 21 anos (art. 14, § 3º, VI, c); 
c- Pleno exercício dos direitos políticos (art. 14, § 3º, II); 
d- Alistamento eleitoral (art. 14, § 3º, III); 
e- Domicílio eleitoral na circunscrição (art. 14, § 3º, IV); 
f- Filiação partidária (art. 14, § 3º, V). 
 
Senado Federal 
 
Composição: o Senado Federal é composto por representantes dos Estados e 
do Distrito Federal. Quando criados, os Territórios Federais não terão 
representação no Senado Federal na medida em que não terão autonomia 
federativa; 
 
Eleição: os Senadores são eleitos pelo povo segundo o princípio majoritário, ou 
seja, não se trata mais de estabelecer um número proporcional à população, 
mas sim, eleger ao Senado aquele candidatado que obtiver nas urnas o maior 
número de votos. 
 
Número de Senadores: cada Estado e o Distrito Federal elegerão o número fixo 
de três Senadores, sendo que cada Senador será eleito com dois suplentes; 
 
Mandato: o mandato de cada Senador é de oito anos, portanto duas 
legislaturas; 
 
Renovação dos Senadores: cada Senador eleito cumpre mandato de oito anos. 
Cada Estado e o Distrito Federal elegem um número fixo de três Senadores, 
com dois suplentes cada um. A renovação, porém, se dará de quatro em quatro 
anos, na proporção de um terço e dois terços. 
Exemplo: 
Em 1998 foi eleito um Senador = → mandato de 1999 a 2006 
Em 1999, já existiam dois Senadores eleitos desde 1994 →1995 a 
1999 (4 anos). 
Assim, como em 1998 foi trocado um dos três, em 2002, eleger-se-ão dois dos 
três (para começar um novo mandato de 08 anos em 2003). Sendo assim, 
sempre existirão três Senadores, só que a renovação deles se dará a cada 
quatro anos, por um e dois terços. 
 
Requisitos para a candidatura dos Senadores: 
a- Brasileiro nato ou naturalizado (art. 14, § 3º, I). a exigência de ser 
brasileiro nato é apenas para ocupar a presidência daquela casa, 
conforme estabelece o art. 12, § 3º, III; 
b- Ser maior de 35 anos (art. 14, § 3º, VI, a); 
c- Pleno exercício dos direitos políticos (art. 14, § 3º, II); 
d- Alistamento eleitoral (art. 14, § 3º, III); 
e- Domicílio eleitoral na circunscrição (art. 14, § 3º, IV); 
f- Filiação partidária (art. 14, § 3º, V). 
 
COMISSÕES 
 
Art. 58 da CF: “O Congresso Nacional e suas Casas terão 
comissões permanentes e temporárias, constituídas na 
forma e com as atribuições previstas no respectivo 
regimento ou no ato de que resultar sua criação” 
 
Seguindo orientação do texto constitucional e do regimento interno da 
Câmara do Deputados, pode-se classificar as comissões parlamentares em: 
 
A) COMISSÕES PERMANENTES (também conhecidas como 
comissões temáticas ou em razão da matéria); 
B) COMISSÕES TEMPORÁRIAS (ou especiais); 
C) COMISSÕES MISTAS; 
D) COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO; 
E) COMISSÃO REPRESENTATIVA DO CONGRESSO NACIONAL. 
 
COMISSÕES PERMANENTES 
 
Assim consideradas as que têm a mesma composição durante a 
legislatura e são estruturadas em função da matéria (por exemplo, comissão de 
saúde, orçamento, transporte, constituição e justiça etc), geralmente 
coincidente com o campo funcional dos Ministérios. 
De acordo com o art. 58, § 2º da CF compete-lhes: 
I- Discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do 
regimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de 
um décimo dos membros da Casa; 
II- Realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil; 
III- Convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre 
assuntos inerentes a suas atribuições, sob pena de cometer crime 
de responsabilidade (art. 50); 
IV- Receber petições, reclamações, representações ou queixas de 
qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou 
entidades públicas; 
V- Solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão; 
VI- Apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e 
setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer. 
 
COMISSÕES TEMPORÁRIAS 
 
Funcionam durante a legislatura, ou se dissolvem com o encerramento 
dos seus trabalhos, subdividindo-se em externas, quando visam representar a 
Câmara em atos externos (congressos, solenidades e outros) e especiais, para 
tratar de assuntos concretos. As Comissões Especiais, segundo o Regimento 
Interno da Câmara serão constituídas para emitir parecer sobre proposta de 
emenda à Constituição, projeto de código e proposições que versarem matéria 
de competência de mais de três Comissões que devam pronunciar-se quanto 
aomérito, por iniciativa do Presidente da Câmara, ou a requerimento do Líder 
ou de Presidente de Comissão interessada. 
As Comissões Parlamentares de Inquérito, embora sejam temporárias, 
serão examinadas como categoria autônoma, em razão de sua relevância no 
âmbito do Poder Legislativo e do próprio Estado Democrático de Direito; 
 
COMISSÕES MISTAS 
 
São as Comissões constituídas por Deputados e Senadores, ou seja, 
comissões do Congresso Nacional (criadas, por exemplo, para emitir parecer 
sobre o veto, projetos de leis financeiras, ou seja, plano plurianual, diretrizes 
orçamentárias, orçamento anual, créditos adicionais). 
Podem ser permanentes ou temporárias. A Constituição já instituiu uma 
importante Comissão Mista Permanente, que, talvez, venha a ser a mais 
poderosa comissão permanente no seio do Congresso Nacional- art. 166, § 1º 
da CF. 
 
COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO (CPI) 
 
Criação: as CPI’s serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado 
Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço 
de seus membros. Vale dizer, as CPI’s somente serão criadas por 
requerimento de, no mínimo, 171 Deputados (1⁄3 de 513) e 27 Senadores (1⁄3 
de 81), em conjunto ou separadamente; 
 
Objeto: apuração de fato determinado. O Regimento Interno da Câmara dos 
Deputados, em seu art. 35, § 1º, considera como fato determinado o 
acontecimento de relevante interesse para a vida pública e a ordem 
constitucional, legal, econômica e social do país, que estiver devidamente 
caracterizado no requerimento da Comissão. 
 Conforme relatado pelo Ministro Paulo Brossard, “são amplos os 
poderes da comissão parlamentar de inquérito, pois são os necessários e úteis 
para o cabal desempenho de suas atribuições. Contudo, não são ilimitados. 
Toda autoridade, seja ela qual for, está sujeita à Constituição. O Poder 
Legislativo também e com ele as suas comissões”. 
 Por uma necessidade funcional, a comissão parlamentar de inquérito 
não tem poderes universais, mas limitados a fatos determinados, o que não 
quer dizer que não possa haver tantas comissões quantas as necessárias para 
realizar as investigações recomendáveis, e que, outros fatos, inicialmente 
imprevistos, não possam ser aditados aos objetivos da comissão de inquérito, 
já em ação. 
 
Prazo: certo. Importante destacar, que o prazo da CPI não poderá ultrapassar 
a legislatura, podendo, contudo, ser permitida prorrogações sucessivas da CPI, 
dentro da legislatura, nos termos da lei 1579 de 52. 
 
Poderes: as CPI’s terão poderes de investigação, próprios das autoridades 
judiciais, além de outros previstos nos regimentos internos das Casas; 
 Por exemplo, o art. 148 do Regimento Interno do Senado Federal 
estabelece que, no exercício das suas atribuições, a comissão parlamentar de 
inquérito terá poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, 
facultada a realização de diligências que julgar necessárias, podendo convocar 
Ministros de Estado, tomar o depoimento de qualquer autoridade, inquirir 
testemunhas, sob compromisso, ouvir indiciados, requisitar de órgão público 
informações ou documentos de qualquer natureza, bem como requerer ao 
Tribunal de Contas da União a realização de inspeções e auditorias que 
entender necessárias. 
Conclusões: as CPI’s não podem nunca impor penalidades ou condenações. 
As suas conclusões serão encaminhas ao Ministério Público e este órgão será 
o responsável para, existindo elementos, promover a responsabilização civil ou 
criminal dos infratores. 
 
 
 
 
 
IMPORTANTE SABER!!! 
Apesar do constituinte ter conferido poderes à CPI, restritos à 
investigação, referidos poderes não são absolutos, devendo sempre ser 
respeitado o postulado da reserva constitucional de jurisdição (submeter à 
esfera única de decisão dos magistrados, a prática de determinados atos cuja 
realização, por efeito de explícita determinação constante do próprio texto da 
Carta Política, somente pode emanar do juiz, e não de terceiros, inclusive 
daqueles a quem haja eventualmente atribuído o exercício de poderes de 
investigação próprios das autoridades judiciais). 
De acordo com Informativo 416 do STF: 
 Nenhuma CPI pode determinar a interceptação telefônica. Somente 
autoridade judicial, em matéria criminal. 
 Nenhuma CPI pode expedir mandado de prisão. Somente no caso de 
flagrante. 
 Nenhuma CPI pode expedir mandado de busca e apreensão; 
 
As CPI’s federais podem (desde que o façam justificadamente): 
 Pedir a quebra do sigilo bancário (ver extratos feitos naquela conta); 
 Pedir a quebra do sigilo fiscal (cópia das declarações do imposto de 
renda); 
 Pedir a quebra do sigilo telefônico (ver extratos das ligações realizadas). 
 
Para memorizar: BAFITE 
 
CUIDADO!!!! Quebra do sigilo telefônico é diferente de 
interceptação telefônica (grampo). 
 
Música ♫ 
Melodia “Pense em mim” Leandro e Leonardo 
CPI (art. 58, §3º, CF) 
 
Ela só pode prender alguém se for em flagrante 
Mas o sigilo bancário ela quebra num instante 
 
CPI pra apurar fato certo em prazo determinado 
CPI pra criar tem que ter um terço de deputados ou um terço de 
uma casa qualquer 
 
Se lembre que ela tem poder instrutório, poder instrutóriooo 
Pode fazer prova como Juiz 
Mas não pode grampear telefone seu, isso é coisa pra magistrado 
Depois de encerrado manda pro MP 
 
CPI pra apurar fato certo em prazo determinado 
CPI pra criar tem que ter um terço de deputados ou m terço de uma 
casa qualquer. 
♪ 
 
 
COMISSÃO REPRESENTATIVA DO CONGRESSO NACIONAL 
A comissão representativa apresenta a peculiaridade de constituir-se 
somente durante o recesso parlamentar. 
A representatividade será do Congresso Nacional, sendo a comissão 
eleita pela Câmara dos Deputados e Senado Federal na última sessão 
legislativa ordinária do período legislativo, com atribuições definidas no 
regimento comum, sendo que sua composição deverá refletir, na medida do 
possível, a proporcionalidade da representação popular. 
A sessão legislativa é uma só e vai de 02 de fevereiro a 17 de julho e de 
1º de agosto a 22 de dezembro. Cada sessão legislativa (anual) tem dois 
períodos legislativos, ou seja, um no primeiro semestre, quando será eleita a 
comissão representativa para o primeiro recesso do ano, que acontece de 18 a 
31 de julho, e outro no segundo período da sessão legislativa (segundo 
semestre), momento em que se elegerá nova comissão representativa para o 
segundo recesso do ano, que irá de 23 de dezembro a 1º de fevereiro do ano 
seguinte. 
 
TRIBUNAL DE CONTAS 
 
É típico do regime republicano que o povo, titular da soberania, busque 
saber como os seus mandatários geram a riqueza do País. Cabe ao Congresso 
Nacional “a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e 
patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto 
à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e 
renúncia de receitas” (art. 70, CF) 
Além da função típica de legislar, ao Legislativo também foi atribuída 
função fiscalizatória. Para essa finalidade, o Congresso conta com o auxílio do 
Tribunal de Contas da União que integra o Poder Legislativo. 
Assim, o Legislativo exercerá o controle interno (inerente a todo poder) e 
o controle externo do patrimônio da União, das entidades da Administração 
direta (pertencentes ao Executivo, Legislativo e Judiciário) e indireta, levando-
se em consideração a legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das 
subvenções e renúncia de receitas. 
 
Tribunal de Contas da União 
 
O Tribunal de Contas da União, integrado por noveMinistros, tem sede 
no Distrito Federal, quadro próprio de pessoal e “jurisdição” em todo território 
nacional, exercendo, no que couber, as atribuições previstas no art. 96. 
Os atos praticados são de natureza meramente administrativa, podendo 
ser atacados ou não pelo Legislativo. O Tribunal de Contas, então, decide 
administrativamente, não produzindo nenhum ato marcado pela definitividade, 
ou fixação do direito no caso concreto, no sentido de afastamento da pretensão 
resistida. 
O Tribunal de Contas, apesar de autônomo, não tendo qualquer vínculo 
de subordinação ao Legislativo, é auxiliar deste último Poder. A fiscalização em 
si é realizada pelo Legislativo. O Tribunal de Contas, como órgão auxiliar, 
apenas emite pareceres técnicos. 
No Tribunal de Contas da União funciona também um Ministério Público 
especial, que é ligado administrativamente à Corte, não integrando o Ministério 
Público da União. Os membros do MP junto ao TCU ocupam cargo vitalício, 
provido por concurso público específico e são titulares dos direitos de que 
gozam e sujeitos às vedações a que se submetem os membros do MP comum. 
Quanto às contas do Presidente da República, o Tribunal de Contas da 
União emite parecer, cabendo o julgamento ao Congresso Nacional (arts. 49, 
IX e 71, I, CF). 
De acordo com o art. 73, § 1º da CF, os Ministros do Tribunal de Contas 
da União serão nomeados entre brasileiros que preencham determinados 
requisitos, quais sejam: 
1- Mais de 35 e menos de 65 anos de idade; 
2- Idoneidade moral e reputação ilibada; 
3- Notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e 
financeiros ou de administração pública; 
4- Mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade 
profissional que exija os conhecimentos mencionados no inciso 
anterior. 
A Constituição Federal estabeleceu um método diferenciado na escolha 
e investidura dos Ministros do Tribunal de Contas da União. Assim, o 
Presidente da República escolherá um terço dos membros do Tribunal (três), 
enquanto ao Congresso Nacional caberá a escolha dos outros dois terços 
(seis). 
Melhor explicando, dos 9 Ministros, 3 (1⁄3 dos 9) são escolhidos pelo 
Presidente da República. Desses 3, um será de sua livre escolha, um dentre 
auditores (indicados em lista tríplice a ser enviada pelo TCU) e um dentre 
membros do MP junto ao TCU (também a ser escolhido pelo Presidente dentre 
aqueles da lista tríplice a ser enviada pelo TCU). Os outros 2⁄3, quais sejam, 6 
do 9, serão indicados pelo Congresso Nacional, nos termos do Decreto 
Legislativo n. 6⁄93 e 18⁄94 (regimento interno). 
 
 Pergunta: As empresas públicas e as sociedades de economia 
mista, integrantes da administração indireta, estão sujeitas à 
fiscalização do Tribunal de Contas? 
Sim. As empresas públicas e as sociedades de economia mista, 
integrantes da administração indireta, estão sujeitas à fiscalização 
do Tribunal de Contas, não obstante os seus servidores estarem 
sujeitos ao regime celetista. 
 
Tribunal de Contas Estadual, Distrital e Municipal 
 
No que couber, as regras estabelecidas para o Tribunal de Contas da 
União, deverão ser observadas pelos Tribunais de Contas dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios (art. 75, caput) 
Apesar da CF⁄88 vedar a criação de Tribunais , Conselhos ou órgãos de 
contas Municipais em seu art. 31, § 4º, esta mesma estabelece no mesmo 
artigo, entretanto, no § 1º, que o controle externo da Câmara Municipal será 
exercido com o auxílio do Tribunal de Contas dos Estados ou Município ou dos 
Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver. 
A conclusão a que chegamos é que após a promulgação da CF de 88 foi 
vedada a criação de Tribunal de Contas Municipais. Com relação aos já 
existentes, estes permanecerão em funcionamento. 
Portanto, os Tribunais de Contas Municipais (onde houver) e Estaduais 
também auxiliarão o Legislativo (Câmara Municipal ou Assembléia Legislativa) 
a exercer o controle das Contas do Executivo. 
O controle externo das Contas do Prefeito será realizado pela Câmara 
Municipal, auxiliada pelo Tribunal de Contas Municipal (onde houver) ou pelo 
Tribunal de Contas Estadual (se inexistir, naquele Município, o municipal). 
O Tribunal de Contas, nos termos do art. 31, § 2º, emitirá parecer 
técnico prévio sobre as contas prestadas anualmente pelo Prefeito, podendo 
ser rejeitado pela Câmara Municipal pelo voto de 2⁄3 de seus membros. 
As regras sobre os Tribunais de Contas Estaduais deverão estar 
dispostas na Constituição Estadual, havendo expressa previsão de que o 
número de conselheiros (e não mais ministros) deverá ser de sete. 
 Ver Súmula 653 do STF 
 
 
ESTATUTO DOS CONGRESSISTAS 
 
Finalidade democrática 
 
Com a finalidade de assegurar a liberdade do representante do povo ou 
do Estado-membro no Congresso Nacional, e isso como garantia da 
independência do próprio parlamento e da sua existência, a Constituição traça 
um conjunto de normas que instituem prerrogativas e proibições aos 
congressistas. 
Para o bom desempenho de seus mandatos, será necessário que o 
parlamento ostente ampla e absoluta liberdade de convicção, pensamento e 
ação, por meio de seus membros, afastando-se a possibilidade de ficar 
vulnerável às pressões dos outros poderes do Estado. 
Algumas dessas prerrogativas ganham o nome de imunidade, por 
tornarem o congressista excluído da incidência de certas normas gerais. A 
imunidade pode tornar o parlamentar insuscetível de ser punido por certos 
fatos (imunidade material) ou livre de certos constrangimentos previstos no 
ordenamento processual penal (imunidade formal). 
A imunidade não é concebida para gerar privilégio ao indivíduo que por 
acaso esteja no desempenho de mandato popular; tem por escopo, sim, 
assegurar o livre desempenho do mandato e prevenir ameaças ao 
funcionamento normal do Legislativo. 
Não prospera, pois, assertivas sobre o eventual afastamento e 
desrespeito ao princípio da igualdade (art. 5º, I, CF), em favor dos membros do 
Poder Legislativo, uma vez que a finalidade destas prerrogativas é a 
subsistência da democracia e do próprio Estado de Direito. 
 
Histórico 
 
A criação das imunidades parlamentares como corolário da defesa da 
livre existência e independência do Parlamento tem no sistema constitucional 
inglês sua origem, através da proclamação do duplo princípio da freedom of 
speach (liberdade de palavra) e da freedom from arrest (imunidade à prisão 
arbitrária), no Bill of Rights de 1968, os quais proclamaram que a liberdade de 
expressão e de debate ou de troca de opiniões no Parlamento não pode ser 
impedida ou posta em questão em qualquer corte ou lugar fora do Parlamento. 
Posteriormente, em 1787, as imunidades parlamentares foram inscritas 
constitucionalmente na Carta Magna dos Estados Unidos da América. 
Em 1789 na França houve nova proclamação das imunidades, 
decretando a assembléia a inviolabilidade de seus membros. 
No Brasil, a Constituição Imperial de 1824 concedia aos membros do 
Parlamento as inviolabilidades pelas opiniões, palavras e votos que 
proferissem no exercício de suas funções, bem como a garantia do parlamentar 
não ser preso durante a legislatura, por autoridade alguma, salvo por ordem de 
sua respectiva Câmara, menos em flagrante delito. 
Por sua vez, a Constituição da República de 1891, previa as imunidades 
material e formal, pois os parlamentares eram invioláveis pelas opiniões, 
palavras e votos, bem como não poderiam ser presos nem processados 
criminalmente, sem prévia licença de sua Câmara, salvo caso de flagrante de 
crime inafiançável. 
O Capítulo II, seção I, da Constituição de 1934, em seu art.31 previa a 
inviolabilidade do parlamentar por suas opiniões, palavras e votos, no exercício 
do mandato, enquanto o art. 32 previa imunidades relacionadas à prisão e ao 
processo. Curiosamente, estas imunidades formais eram estendidas ao 
suplente imediato do Deputado em exercício. 
A Carta de 1937 alterou o tratamento das imunidades parlamentares, 
pois, apesar de prevê-las, tanto a material quanto a formal, possibilitava a 
responsabilização do parlamentar por difamação, calúnia, injúria, ultraje à 
moral pública ou provocação pública ao crime. 
Em 1946, a Constituição brasileira consagrando regras mais 
democráticas, previa as clássicas prerrogativas parlamentares. Assim, a 
imunidade material foi prevista no art. 44 e as imunidades formais foram 
previstas no art. 45, determinando-se que os deputados e senadores são 
invioláveis no exercício do mandato, por suas opiniões, palavras e votos (art. 
44), e que desde a expedição do diploma até a inauguração da legislatura 
seguinte, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo 
em flagrante de crime inafiançável, nem processados criminalmente, sem 
prévia licença de sua Câmara. No caso de flagrante de crime inafiançável, os 
autos serão remetidos, dentro de 48 horas, à Câmara respectiva para que 
resolva sobre a prisão e autorize ou não a formação de culpa. 
A Emenda n. º 1 de 69, e, posteriormente a Emenda n.º 11 de 78, à 
Constituição Federal de 1967, alteraram a regulamentação das imunidades 
parlamentares, prevendo, em regra, que os deputados e senadores eram 
invioláveis no exercício do mandato, por suas opiniões, palavras e votos, 
porém, excepcionalmente poderiam ser responsabilizados, no caso de crime 
contra a Segurança Nacional. Também era prevista a impossibilidade de prisão 
do parlamentar, desde a expedição do diploma até a inauguração da legislatura 
seguinte, salvo no caso de flagrante de crime inafiançável, nem processados, 
criminalmente, sem prévia licença de sua Câmara, e que, se a Câmara 
respectiva não se pronunciasse sobre o pedido, dentro de 40 dias a contar de 
seu recebimento, se teria como concedida a licença. No caso de flagrante de 
crime inafiançável, os autos deveriam ser remetidos, dentro de 48 horas, à 
Câmara respectiva, para que resolvesse sobre a prisão e autorizasse ou não a 
formação da culpa. 
A redação original da Constituição Federal de 1988 previa as 
imunidades material e formal no art. 53, §§ 1⁰, 2⁰, 3⁰, determinando que os 
deputados e senadores eram invioláveis por suas opiniões, palavras e votos, 
bem como desde a expedição do diploma não poderiam ser presos, salvo em 
flagrante de crime inafiançável, nem processados criminalmente, sem prévia 
licença de sua Casa. Ainda, disciplinava que, no caso de flagrante de crime 
inafiançável, os autos seriam remetidos, dentro de vinte e quatro horas, à Casa 
respectiva, para que, pelo voto secreto da maioria de seus membros, 
resolvesse sobre a prisão e autorizasse, ou não, a formação de culpa. 
A EC n. ⁰ 35 de 01, alterando significativamente o regime de imunidades 
dos parlamentares, manteve a imunidade material e restringiu a imunidade 
formal processual, conforme veremos adiante. 
 
Imunidade material 
 
 Imunidades parlamentares são prerrogativas inerentes à função 
parlamentar, garantidoras do exercício do mandato parlamentar, com plena 
liberdade. 
A imunidade material (também denominada de inviolabilidade) a que 
alude o caput do art. 53, CF, expressa a inviolabilidade civil e penal dos 
deputados e senadores por suas opiniões, palavras e votos, desde que 
proferidos em razão de suas funções parlamentares, no exercício e 
relacionadas ao mandato, não se restringindo ao âmbito do Congresso 
Nacional, neutralizando a responsabilidade do parlamentar nessas esferas. 
Assim, mesmo que um parlamentar esteja fora do Congresso Nacional, 
mas exercendo sua função parlamentar federal, em qualquer lugar do território 
nacional estará resguardado, não praticando qualquer crime por sua opinião, 
palavra ou voto. 
Não importa, pois, qual a denominação que se dê, o importante é saber 
que a imunidade material (inviolabilidade) impede que o parlamentar seja 
condenado, na medida em que há ampla descaracterização do tipo penal, 
irresponsabilizando-o penal, civil, política e administrativamente 
(disciplinarmente). Trata-se de irresponsabilidade geral, desde que, é claro, 
tenha ocorrido o fato em razão do exercício do mandato e da função 
parlamentar. 
Se a manifestação oral ocorre no recinto parlamentar, a jurisprudência 
atual dá como assentada a existência da imunidade. Se as palavras são 
proferidas fora do Congresso, haverá a necessidade de se perquirir o seu 
vínculo com a atividade de representação política. 
É de se distinguir as situações em que as supostas ofensas são 
proferidas dentro e fora do Parlamento. Somente nessas últimas ofensas 
irrogadas fora do Parlamento é de se perquirir da chamada conexão com o 
exercício do mandato ou com a condição de parlamentar. Para os 
pronunciamentos feitos no interior das Casas Legislativas não cabe indagar 
sobre o conteúdo das ofensas ou a conexão com o mandato, dado que 
acobertadas com o manto da inviolabilidade. Em tal seara, caberá à própria 
casa a que pertencer o parlamentar coibir eventuais excessos no desempenho 
dessas prerrogativas. 
 
Imunidade formal 
 
A imunidade formal ou processual está relacionada à prisão dos 
parlamentares, bem como ao processo a ser instaurado contra eles. Devemos, 
então, saber quando os parlamentares poderão ser presos, bem como se será 
possível instaurar processo contra eles. 
 
Imunidade formal ou processual para a prisão 
 
Os parlamentares passam a ter imunidade formal para a prisão a partir 
do momento em que são diplomados pela Justiça Eleitoral, portanto antes de 
tomarem posse. A diplomação nada mais é do que atestado garantindo a 
regular eleição do candidato. Ela ocorre antes da posse, configurando o termo 
inicial para a atribuição da imunidade formal para a prisão. 
 Ver art. 53, § 2⁰ , CF 
Conclusão: 
 
 Os parlamentares federais não poderão, em regra, ser presos, seja a 
prisão penal ou prisão civil. 
 A única hipótese em que será permitida a prisão do parlamentar federal 
desde a expedição do diploma, será em caso de flagrante de crime 
inafiançável. Mesmo neste caso, os autos deverão ser remetidos à 
Casa Parlamentar respectiva, no prazo de 24 horas, para que, pelo voto 
da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. 
 
Imunidade formal ou processual para o processo 
 
Antes da EC 35 de 01, os parlamentares não podiam ser processados 
sem a prévia licença da Casa, que, em muitos casos, não era deferida, 
ocasionando situações de verdadeira impunidade. 
Oferecida a denúncia, o Ministro do STF poderá recebê-la sem a prévia 
licença da Casa Parlamentar. Assim, poderão ser instaurados inquéritos 
policiais e processos de natureza civil, disciplinar ou administrativa, além do 
oferecimento da denúncia criminal. 
Após o recebimento da denúncia contra o Senador ou Deputado, por 
crime ocorrido após a diplomação, o STF dará ciência à Casa respectiva, que, 
por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria 
absoluta de seus membros, poderá até decisão final, sustar o andamento da 
ação. 
A sustação deve referir-se, nos termos do art. 53, § 3⁰, da CF, a 
processos abertos por crimes ocorridos depois da diplomação e durante o 
mandato. A sustação deve ser concedida pelo Plenário da Casa e pela maioria 
absoluta dos seus membros, por iniciativa de qualquer partido político que 
tenha representação na Casa. Vale dizer que o próprio réu nãopode pedir a 
sustação à Casa, mas tampouco a iniciativa estará reservada ao partido 
político a que é filiado. A Casa legislativa atuará para aferir a viabilidade da 
denúncia e afastar a perspectiva de perseguição política, suspendendo o feito 
criminal em ordem a preservar a liberdade e a autonomia do Legislativo. 
Enquanto o processo estiver suspenso, a prescrição penal não corre, 
mas volta a ter curso no dia em que o mandato se encerra. 
 
 
Atenção!!!!!!! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prerrogativa de foro 
 
 O congressista é processado criminalmente, durante o mandato, pelo 
STF. 
 Mesmo os inquéritos policiais devem correr no Supremo Tribunal. Se 
estão em curso em outra instância, cabe reclamação para questionar a 
usurpação de competência. 
 Encerrado o mandato, o processo deixa de ter curso no STF, mesmo 
que o fato seja contemporâneo ao mandato. 
 
INFRAÇÃO COMETIDA DURANTE O EXERCÍCIO DA FUNÇÃO 
PARLAMENTAR: a competência, como visto, será do STF, não havendo 
necessidade de se pedir autorização para a Casa respectiva para a instauração 
Imagine-se a situação de ter havido sustação do 
processo em crime praticado após a diplomação, 
em concurso de agentes por parlamentar e outro 
indivíduo que não goze da imunidade. Nestes 
casos o STF, por motivo de conveniência, decidiu 
pelo desmembramento do processo (art. 80 
CPP), em razão da diferença do regime de 
prescrição, visto estar suspenso somente o prazo 
prescricional em relação ao parlamentar. 
do processo (recebimento da denúncia), bastando ser dada ciência ao 
Legislativo, que poderá sustar o andamento da ação. Mas pensemos uma outra 
situação: praticado o crime durante o exercício do mandato, instaurado o 
processo, mas não findo ou, ainda, tendo sido sustado o andamento da ação. 
Encerrado o mandato, continuará o julgamento no STF? Até 25.08.1999 
prevalecia o entendimento no STF exposto na orientação dada pela Súmula 
394, ou seja, mesmo que cessasse o mandato, a competência especial por 
prerrogativa de função permanecia com o STF. Através do julgamento da 
questão de ordem no Inq. 687- SP, o STF cancelou a Súmula 394, entendendo 
que a competência deixa de ser do STF, pois não existe mais o exercício da 
função. 
DELITO COMETIDO ANTES DO EXERCÍCIO PARLAMENTAR: nesta 
hipótese, diplomando-se o réu (em caso de ser eleito, por exemplo, Deputado 
Federal), o processo deve ser remetido imediatamente ao STF, que, 
entendendo preenchidos os requisitos, dará prosseguimento à ação penal. 
Neste caso, como se trata de crime praticado antes da diplomação, pela nova 
regra não há mais imunidade processual. Assim, a ação criminal deverá ser 
processada no próprio STF (tendo em vista a regra de competência prevista de 
forma genérica no art. 53, § 1⁰), sem qualquer interferência do Legislativo, não 
havendo, sequer, necessidade de ser dada ciência à Casa respectiva. Findo o 
mandato, caso o processo não tenha terminado, encerrar-se-á a competência 
do STF, devendo o processo retornar para o juiz natural. 
 
DELITO COMETIDO APÓS O ENCERRAMENTO DO MANDATO: mesmo que 
o réu já tenha sido um dia parlamentar, não poderá alegar tal fato, não 
havendo, portanto, nesta situação, competência por prerrogativa de função, 
conforme a Súmula 451 do STF. 
 
Sigilo de fonte 
 “Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre 
informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem 
sobre as pessoas que lhe confiaram ou deles receberam informações” (art. 53, 
§ 6⁰). 
 
Incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores 
 “A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, 
embora militares e ainda que em tempo de guerra, dependerá de prévia licença 
da Casa respectiva” (art. 53, § 7⁰). 
 
Imunidades durante a vigência de estado de sítio e de defesa 
 Como regra geral, durante a vigência desses estados de 
anormalidade, os parlamentares não perdem as imunidades. Apenas durante o 
estado de sítio as imunidades poderão ser suspensas, mediante o voto de 2⁄3 
dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto 
do Congresso, que sejam incompatíveis com a execução da medida (art. 53, § 
8⁰). 
 
Atenção!!! 
 As imunidades parlamentares são irrenunciáveis por decorrerem da 
função exercida, e não da figura do parlamentar. 
 As imunidades parlamentares são prerrogativas que decorrem do efetivo 
exercício da função parlamentar. Não são garantias da pessoa, mas 
prerrogativas do cargo. Assim, as imunidades, inclusive o foro 
privilegiado, não se estendem aos suplentes, a não ser que assumam o 
cargo ou estejam em seu efetivo exercício. 
 
Deputados Estaduais e Distritais 
 
 Com relação aos deputados estaduais, segue-se a mesma sistemática 
de imunidades dos congressistas, nos termos do art.27, § 1⁰, da CF. 
 O mesmo se dá com relação aos deputados distritais (art. 32, § 3⁰, da 
CF). 
 Se há mudança no regime de imunidades no plano federal, o novo 
quadro se aplica, imediatamente, aos deputados estaduais, 
independentemente de não ter havido ainda a adaptação formal da 
Constituição estadual. Por isso também não pode a Constituição estadual ser 
mais generosa que a Federal no momento de definir as imunidades dos 
parlamentares locais. 
 
Vereadores 
 
 Os vereadores não se beneficiam das regras sobre imunidade formal. 
Somente gozam da imunidade material (art. 29, VIII, da CF). Mesmo a 
imunidade material, contudo, é limitada territorialmente à circunscrição do 
Município. 
 
INCOMPATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS DOS PARLAMENTARES 
FEDERAIS 
 (ART. 54, I e II, DA CF) 
 
PERDA DO MANDATO DO DEPUTADO OU SENADOR 
 (ART. 55, CF) 
 
 
 
É possível a renúncia do cargo por parlamentar submetido a processo que vise 
ou possa levá-lo à perda do mandato? 
Sim, é perfeitamente possível a renúncia de parlamentar submetido a processo 
que vise ou possa levá-lo à perda do mandato. Todavia, nesta hipótese, a EC 
de Revisão 6-94, constitucionalizando o previsto no art. 1° e seu parágrafo 
único do Decreto Legislativo n. 16 de 24.03.1994 (art. 55, § 4°, da CF), veio 
disciplinar que a aludida renúncia terá seus efeitos suspensos até as 
deliberações finais descritas nos §§ 2° e 3° do art. 55. Assim, conforme relata o 
decreto, a renúncia “... fica sujeita à condição suspensiva, só produzindo 
efeitos se a decisão final não concluir pela perda do mandato”. No caso de ter 
sido a decisão final pela perda do mandato, o parágrafo único do aludido 
decreto legislativo estabelece que a declaração de renúncia será arquivada, 
não produzindo efeitos no sentido de que já terá sido declarada a perda do 
mandato. 
 
Vencimentos dos parlamentares 
 
 É de competência exclusiva do Congresso Nacional fixar subsídio para 
deputados federais e senadores, presentes os seguintes requisitos, de acordo 
com o art. 49, VII, CF: 
Importante saber!!! 
 
 Subsídios idênticos para deputados federais e senadores; 
 A remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e 
empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, 
dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e 
dos demais agentes e os proventos, pensões ou outra espécie 
remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as 
vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exercer 
o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal 
Federal;O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de 
Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão remunerados 
exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, vedado o 
acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de 
representação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em qualquer 
cão, o disposto no art. 37, X e XI; 
 Vedação à previsão de tratamento privilegiado em relação aos demais 
contribuintes (art. 150, II, CF); 
 Vedação à exclusão da incidência de imposto de renda e proventos de 
qualquer natureza (art. 153, III); 
 Respeito aos critérios da generalidade, da universalidade e da 
progressividade (art. 153, § 2⁰, I). 
 
“Chamei aqui de servidores das leis aqueles que ordinariamente 
são chamados de governantes, não por amor a novas 
denominações, mas porque sustento que desta qualidade dependa 
sobretudo a salvação ou a ruína da cidade. De fato, onde a lei está 
submetida aos governantes e privada de autoridade, vejo pronta a 
ruína da cidade; onde, ao contrário, a lei é senhora dos governantes 
e os governantes seus escravos, vejo a salvação da cidade e a 
acumulação nela de todos os bens que os deuses costumam dar às 
cidades.” Platão 
 
 
PROCESSO LEGISLATIVO 
 
O processo legislativo consiste nas regras procedimentais, 
constitucionalmente previstas, para a elaboração das espécies normativas, 
regras estas a serem criteriosamente observadas pelos “atores” envolvidos no 
processo. 
O art. 59 da CF de 88 estabelece que o processo legislativo envolverá a 
elaboração das seguintes espécies normativas: 
 Emendas à Constituição; 
 Leis complementares; 
 Leis ordinárias; 
 Leis delegadas; 
 Medidas provisórias; 
 Decretos legislativos; 
 Resoluções. 
 
Classificação 
 
Podemos classificar os processos legislativos em relação às formas de 
organização política e em relação à sequência das fases procedimentais. 
Em relação às formas de organização política, o processo legislativo 
poderá ser autocrático, direto, indireto ou representativo e semidireto. 
 
Processo legislativo autocrático: expressão do próprio governo, que 
fundamenta em si mesmo a competência para editar leis, excluindo desta 
atividade o corpo de cidadãos, seja diretamente, seja por intermédio de seus 
representantes; 
 
Processo legislativo direto: discutido e votado pelo próprio povo; 
Processo legislativo semidireto: consubstanciava-se em um procedimento 
complexo, pois a elaboração legislativa necessitava da concordância da 
vontade do órgão representativo com a vontade do eleitorado, através de 
referendum popular. 
Processo legislativo indireto ou representativo: o mandante (povo) escolhe 
seus mandatários (parlamentares), que receberão de forma autônoma poderes 
para decidir sobre os assuntos de sua competência constitucional. 
No que concerne à sequência das fases procedimentais, passaremos a 
expor as espécies de procedimentos a seguir. 
 
Processo legislativo ordinário 
 
O procedimento de elaboração de uma lei ordinária denomina-se 
processo legislativo ordinário e apresenta as seguintes fases: fase introdutória, 
fase constitutiva e fase complementar. 
 
Fase introdutória 
A primeira fase do processo legislativo é a fase de iniciativa, 
deflagradora, iniciadora, instauradora de um procedimento que deverá 
culminar, desde que preenchidos todos os requisitos e seguidos todos os 
trâmites, com a formação da espécie normativa. 
Iniciativa de lei é a faculdade que se atribui a alguém ou a algum órgão 
para apresentar projetos de lei ao Legislativo. 
A CF no art. 61, caput, atribui de maneira ampla competência às 
seguintes pessoas: 
 Qualquer Deputado Federal ou Senador da República; 
 Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do 
Congresso Nacional; 
 Presidente da República; 
 Tribunais Superiores; 
 Procurador-Geral da República; 
 Cidadãos. 
Ainda, a iniciativa poderá ser parlamentar ou extra-parlamentar, 
concorrente, exclusiva e de iniciativa popular, conforme veremos a seguir. 
 
PARLAMENTAR: Conforme nos ensina Alexandre de Moraes, “diz-se iniciativa 
de lei parlamentar a prerrogativa que a Constituição confere a todos os 
membros do Congresso Nacional (Deputados Federais, Senadores da 
República) de apresentação de projetos de lei.” 
EXTRA-PARLAMENTAR: é aquela conferida ao Chefe do Poder Executivo, 
aos Tribunais Superiores, ao Ministério Público e aos cidadãos (iniciativa 
popular de lei). 
CONCORRENTE: refere-se à competência atribuída pela Constituição a mais 
de uma pessoa ou órgão para deflagrar o processo legislativo. É aquela 
pertencente a vários legitimados de uma só vez (por exemplo: parlamentares e 
Presidente da República). 
EXCLUSIVA: Algumas leis são de iniciativa privativa de determinadas pessoas, 
só podendo o processo legislativo ser deflagrado por elas, sob pena de se 
configurar um vício formal de iniciativa, caracterizador da inconstitucionalidade 
do referido ato normativo. 
Apesar da Constituição falar em competência privativa, melhor seria a 
expressão exclusiva em razão da marca de sua indelegabilidade. 
Vejamos alguns casos específicos: 
A) Iniciativa reservada ao Presidente da República (art. 61, § 1º) 
Atenção!!! As hipóteses previstas na Constituição Federal de iniciativa 
reservada do Presidente da República devem ser observadas em âmbito 
estadual, distrital e municipal, ou seja, referidas matérias terão de ser iniciadas 
pelos Chefes do Executivo (Governadores dos Estados e do DF e Prefeitos), 
sob pena de se configurar inconstitucionalidade formal subjetiva. 
B) Iniciativa reservada do Poder Judiciário (art. 96, II; art. 93) 
A CF de 88, no art. 96, II, dispõe como sendo de iniciativa privativa 
(reservada ou exclusiva) do STF, Tribunais Superiores e Tribunais de Justiça 
as matérias de seu interesse exclusivo. 
Além disso, há previsão no art. 93 para a elaboração de lei 
complementar, de iniciativa do STF, que disporá sobre o Estatuto da 
Magistratura. 
C) Iniciativa exclusiva da Câmara dos Deputados e do Senado Federal 
(art. 51, IV e 52, XIII) 
A Câmara dos Deputados e o Senado Federal têm iniciativa privativa 
para leis que fixem a remuneração dos servidores incluídos na sua 
organização. 
D) Iniciativa de lei do Ministério Público 
O art. 127, § 2º da Carta também defere ao Ministério Público a iniciativa 
para propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e 
serviços auxiliares, bem assim a política remuneratória e os planos de carreira. 
No § 5º do art. 128, a CF faculta ao chefe do Ministério Público 
(Procurador Geral da República) a iniciativa de lei complementar que 
estabeleça a organização, as atribuições e o Estatuto de cada Ministério 
Público. Assim, a matéria sobre a organização do Ministério Público da União 
terá iniciativa legislativa concorrente do Presidente da República com o 
Procurador Geral da República. José Afonso chega a falar em “iniciativa 
compartilhada”. 
No âmbito estadual, concorrem para legislar, mediante lei complementar, 
sobre normas específicas de organização, atribuições e estatuto do respectivo 
Ministério Publico local, o governador do Estado e o Procurador-Geral de 
Justiça, muito embora a lei de iniciativa do Presidente da República seja sobre 
normas gerais. 
 
Iniciativa popular de lei 
 
A iniciativa popular caracteriza-se como uma forma direta de exercício 
do poder (que emana do povo- art. 1º, parágrafo único), sem o intermédio de 
representantes, através de apresentação de projeto de lei, dando-se início ao 
processo legislativo de formação da lei. 
De acordo com o art. 61, § 2º da CF, teremos:a) Iniciativa: popular; 
b) De que forma: apresentação de projeto de lei ordinária ou 
complementar à Câmara dos Deputados; 
c) Como deve ser apresentado o projeto de lei: o projeto de lei deve ser 
subscrito por, no mínimo, 1% do eleitorado nacional; 
d) Como deve estar disposto: este “1% do eleitorado nacional”: 
distribuído por, pelo menos, 05 Estados e, em cada Estado, não pode 
ter menos do que 3⁄10% dos eleitores daquele Estado. 
Exemplos de projetos de lei de iniciativa popular: 
1- Lei 8930 de 94 (Projeto de iniciativa popular Glória Perez) culminando 
na modificação da Lei dos Crimes Hediondos; 
2- Lei 9840 de 99 (Captação do sufrágio), buscando dar mais condições 
para que a Justiça Eleitoral possa coibir com mais eficiência o crime de 
compra de votos de eleitores. 
3- Lei 11124 de 2005 (Fundo Nacional para moradia popular). O principal 
objetivo do Fundo é somar e articular todos os recursos para ações em 
habitação os três níveis de governo- federal, estaduais e municipais- e 
direcioná-los para atender famílias de baixa renda. 
 
Fase constitutiva 
Apresentado o projeto de lei ao Congresso Nacional, haverá ampla 
discussão e votação sobre a matéria nas duas Casas, delimitando-se o objeto 
a ser aprovado ou mesmo rejeitado pelo Poder Legislativo. Além da atividade 
legislativa, na chamada deliberação parlamentar, caso o projeto de lei seja 
aprovado pelas duas Casas Legislativas, haverá participação do chefe do 
Poder Executivo, por meio do exercício do veto ou da sanção (deliberação 
executiva). 
Assim, haverá uma conjugação de vontades, tanto do Legislativo 
(deliberação parlamentar-discussão e votação) como do Executivo (deliberação 
executiva-sanção ou veto). 
 
Deliberação parlamentar 
 
1º passo: 
O processo legislativo de lei federal deverá ser apreciado por duas 
Casas: Casa iniciadora (é aquela que dá início ao processo legislativo onde é 
apresentado) e a Casa revisora (aquela que dá continuidade ao processo 
legislativo podendo inclusive encerrá- lo). Essas duas Casas são 
respectivamente a Câmara dos Deputados e o Senado Federal. 
Dispõe o art. 64 da CF que: “A discussão e votação dos projetos de lei 
de iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos 
Tribunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados”. 
Deve-se acrescentar ainda, os projetos de iniciativa concorrente dos 
Deputados ou de Comissões da Câmara, os de iniciativa do Procurador-Geral 
da República e os de iniciativa popular. Assim, a Câmara dos Deputados será a 
Casa iniciadora e o Senado Federal, em todas estas hipóteses, a Casa 
revisora. 
Deve-se ressaltar ainda que, perante o Senado Federal são propostos 
somente os projetos de lei de iniciativa dos Senadores ou de Comissões do 
Senado, funcionando, nesses casos, a Câmara dos Deputados como Casa 
revisora. 
2º passo: 
Em seguida, o projeto de lei passa à apreciação da Comissão de 
Constituição e Justiça, que analisará sua constitucionalidade, seguindo para as 
comissões temáticas (de acordo com o projeto de lei), que emitirão pareceres. 
3º passo: 
Após a discussão e parecer, os projetos são enviados ao plenário da 
Casa para discussão e votação, só sendo aprovados naquela Casa se atingido 
o quorum mínimo de votação, exigido de acordo com a espécie normativa em 
questão. 
Atenção!!! Ler artigo 58, § 2º, CF. 
Em razão da matéria de sua competência, as comissões, além de 
discutir e emitir pareceres sobre o projeto de lei poderá aprová-los, desde que 
na forma do regimento interno da Casa, haja dispensa da competência do 
plenário, inexistindo também a interposição de recurso de 1⁄10 dos membros 
da Casa, hipótese em que será inviável a votação do projeto de lei pela 
comissão temática, sendo necessariamente transferida para o plenário da 
Casa. 
4º passo: 
Aprovado o projeto de lei pela Casa iniciadora (seja pelas comissões 
temáticas nas hipóteses permitidas, seja pelo plenário da Casa, ele seguirá 
para a Casa revisora que poderá aprová-lo, rejeitá-lo ou emendá-lo. 
Sendo aprovado o projeto de lei pela Casa revisora, em um só turno de 
discussão e votação (regra geral para as leis ordinárias e complementares), ele 
será enviado para a sanção ou veto do Chefe do Executivo. 
Por outro lado, caso seja rejeitado o projeto de lei, ou seja, caso a Casa 
revisora não o aprove, ele será arquivado, só podendo ser reapresentado na 
mesma sessão legislativa (anual), mediante proposta da maioria absoluta dos 
membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional (art. 67). 
Importante lembrar que a sessão legislativa é o período anual em que os 
parlamentares se reúnem em Brasília, conforme art. 57, caput. 
Caso seja emendado, ou seja, ter sido alterado o projeto inicial, a 
emenda, e somente o que foi modificado, deverá ser apreciada pela Casa 
iniciadora, sendo vedada a apresentação de emenda à emenda (subemenda). 
 
 
 
 Não será admitida emenda a projeto de lei que aumente a despesa 
prevista nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da 
República (ressalvado o disposto no art. 166, §§ 3º e 4º), bem como 
nos projetos sobre a organização dos serviços administrativos da 
Câmara dos Deputados, do Senado Federal, dos Tribunais Federais 
e do Ministério Público (art. 63, I e II). 
 
Regime de urgência (Processo Legislativo Sumário) 
 
O regime de urgência constitucional (art. 64, §§ 1º a 4º, CF) depende da 
vontade do Presidente da República, ao qual é concedida a faculdade de 
solicitar urgência para apreciação de projetos de sua iniciativa, seja privativa, 
seja concorrente. 
Cada uma das Casas Legislativas terá o prazo de 45 dias, 
sucessivamente, para a apreciação do projeto de lei. Além disso, a apreciação 
de eventuais emendas do Senado Federal (como Casa revisora) pela Câmara 
dos Deputados, deverá ser feita no prazo de 10 (dez) dias. 
Percebe-se, então, que o procedimento sumário tem prazo de, no 
máximo, 100 dias (45 em cada Casa + 10 dias em caso de emenda do Senado 
Federal a ser apreciada pela Câmara dos Deputados). 
O art. 64, § 2º afirma que tramitando o processo em regime de urgência, 
se a Câmara dos Deputados e o Senado Federal não se manifestarem sobre a 
proposição, cada qual sucessivamente, em até 45 dias, sobrestar-se-ão todas 
as demais deliberações legislativas da respectiva Casa, com exceção das que 
tenham prazo constitucional determinado (como por exemplo, o prazo fixado 
para a apreciação das medidas provisórias determinado na CF de 88, em 60 
dias, prorrogáveis por mais 60 dias), até que se ultime a votação. 
 
Atenção!!! Ver art. 223, § 1º, CF 
Regimentalmente, estabelece-se a possibilidade de se requerer urgência 
na votação de determinadas matérias. No entanto, a previsão é regimental e 
não constitucional, seguindo-se as peculiaridades de cada regimento (art. 336 
RISF e art. 152 RICD). 
 
Deliberação executiva 
 
Após o término da deliberação parlamentar, o projeto de lei aprovado 
pelo Congresso Nacional é remetido à deliberação executiva, onde será 
analisado pelo Presidente da República, podendo este vetá-lo ou sancioná-lo. 
Em caso de concordância, de aquiescência, o Presidente da República 
sancionará o projeto de lei. Sanção é o mesmo que anuência, aceitação. 
Em caso de discordância, poderá o Presidente da República vetar o 
projeto de lei, total ou parcialmente, devendo observar as seguintes regras: 
 Prazo: 15 dias úteis, contados da data do recebimento; 
 Tipo de veto: total ou parcial. Ou se veta todo o projeto de lei (veto 
total), ou somente parte do projeto de lei. O veto parcial só abrangerá 
texto integral de artigo, de parágrafos, de inciso ou de alínea; 
 Motivosdo veto: vetando o projeto de lei, total ou parcialmente, o 
Presidente da República deverá comunicar ao Presidente do Senado 
Federal os motivos do veto no prazo de 48 horas. Poderá o 
Presidente da República vetar o projeto de lei se entendê-lo 
inconstitucional (veto jurídico), ou contrário ao interesse público (veto 
político); 
 Veto sem motivação: se o Presidente simplesmente vetar, sem 
explicar os motivos de seu ato, estaremos diante da inexistência do 
veto, portanto, o veto sem motivação expressa produzirá os mesmos 
efeitos da sanção (no caso tácita); 
 Silêncio do Presidente da República: recebido o projeto de lei e 
quedando-se inerte, o silêncio do Presidente importará sanção, ou 
seja, estaremos diante da chamada sanção tácita. 
Sancionado o projeto de lei, passará ele para a próxima fase, da 
promulgação e publicação. 
Existindo veto, este será apreciado em sessão conjunta da Câmara e do 
Senado, dentro de 30 dias a contar de seu recebimento. Através do voto a 
maioria absoluta dos Deputados e Senadores, em escrutínio secreto, o veto 
poderá ser rejeitado (afastado), produzindo os mesmos efeitos que a sanção. 
Sendo derrubado o veto, o projeto deverá ser enviado ao Presidente da 
República para promulgação. 
 
 
Fase complementar- promulgação e publicação 
 
Promulgação 
A promulgação é um atestado da existência válida da lei e de sua 
executoriedade. 
Para José Afonso da Silva “o ato de promulgação tem, assim, como 
conteúdo a presunção de que a lei promulgada é válida, executória e 
potencialmente obrigatória”. 
Devemos lembrar que o que se promulga e publica é a lei, ou seja, no 
momento da promulgação o projeto de lei já se transformou em lei. Neste 
sentido, cita-se o artigo 66, § 7º da CF. 
A promulgação não se confunde com a sanção, esta incidindo sobre o 
projeto e aquela sobre a lei. 
Em regra, a lei deverá ser promulgada pelo Presidente da República. Se 
no prazo de 48 horas não houver promulgação, nas hipóteses do art. 66, §§ 3º 
(sanção tácita) e 5º (derrubada de veto pelo Congresso), a lei será promulgada 
pelo Presidente do Senado Federal e, se este não o fizer em igual prazo, pelo 
Vice-Presidente do Senado Federal. 
 
Publicação 
Após a promulgação da lei, ela deverá ser publicada. A publicação 
informa a existência e o conteúdo da lei aos seus destinatários. 
Como regra geral, a lei começa a vigorar em todo o País 45 dias depois 
de oficialmente publicada, de acordo com o art. 1º da LICC. No caso de haver 
disposição em contrário, prevalecerá sobre a regra geral (ex.: “esta lei entra em 
vigor na data de sua publicação”). 
Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando 
admitida, inicia-se três meses depois de oficialmente publicada. 
O período que vai da publicação da lei à sua vigência chama-se vacatio 
legis. 
Ninguém poderá escusar-se de cumprir a lei alegando o seu 
desconhecimento (art. 3º, LICC). 
 
 
ESPÉCIES NORMATIVAS 
 
De acordo com o art. 59 da CF, o processo legislativo compreenderá a 
elaboração das seguintes espécies normativas: emendas à Constituição, leis 
complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos 
legislativos e resoluções. 
Necessário se faz destacarmos a inexistência de hierarquia entre as 
espécies normativas, com exceção das emendas constitucionais, que têm a 
capacidade de produzir normas de caráter constitucional. 
Cada espécie normativa atuará dentro de sua parcela de competência. 
O Prof. Michel Temer, adverte que existe um escalonamento de normas, 
chegando a surgir, em determinadas situações, uma verdadeira relação 
hierárquica. Cita-se como exemplo: “A lei se submete à Constituição, o 
regulamento se submete à lei, a instrução do Ministro se submete ao Decreto, 
a resolução do Secretário de Estado se submete à resolução secretarial”. 
 
 
EMENDA CONSTITUCIONAL 
 
As emendas à Constituição visam promover acréscimo, supressão ou 
modificação no texto constitucional. 
As emendas constitucionais são fruto do poder constituinte derivado 
reformador, através do qual se altera o trabalho do poder constituinte originário, 
pelo acréscimo, modificação ou supressão de normas. 
O Congresso Nacional, no exercício do Poder Constituinte derivado 
reformador, submete-se às limitações constitucionais. 
A Constituição Federal traz duas grandes espécies de limitações ao 
Poder de reformá-la, as limitações expressas e implícitas. 
As limitações expressamente previstas no texto constitucional, por sua 
vez subdividem-se em três subespécies: circunstanciais, materiais e formais. 
 
 
Limitações formais ou procedimentais (art. 60, I, II, III, e §§ 2º, 3º e 
5º) 
 
Iniciativa: A CF só poderá ser emendada mediante proposta: 
a) De um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou 
do Senado Federal; 
b) Do Presidente da República; 
c) De mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da 
Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa 
de seus membros. 
Quórum de aprovação: a proposta de emenda será discutida e votada em 
cada Casa do Congresso Nacional, em 2 turnos, considerando-se aprovada se 
obtiver, em ambos, 3⁄5 (60%) dos votos dos respectivos membros. 
Promulgação: outra imposição formal é que a promulgação da emenda seja 
realizada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o 
respectivo número de ordem (numeral indicativo da quantidade de vezes que a 
Constituição foi alterada (pelo poder constituinte derivado) desde a sua 
promulgação. É importante ressaltar que, iniciado o processo de alteração do 
texto constitucional através de emenda, discutido, votado e aprovado, em Cada 
Casa, em 2 turnos de votação, o projeto será encaminhado diretamente para 
promulgação, inexistindo sanção ou veto presidencial. Após promulgada, o 
Congresso Nacional publica a emenda constitucional. 
Proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada: a matéria 
constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não 
pode ser objeto de nova apresentação na mesma sessão legislativa. Trata-se 
de regra diferente da prevista para as leis complementares e ordinárias, em 
relação às quais é permitido o oferecimento de novo projeto de lei (quando 
rejeitado) na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta 
dos membros de qualquer das Casas do Congresso (art. 67). 
 
Limitações circunstanciais (art. 60, § 4º) 
São limitações que pretendem evitar modificações na constituição em 
certas ocasiões anormais e excepcionais do país, a fim de evitar-se 
perturbação na liberdade e independência dos órgãos incumbidos da reforma. 
Nestes termos, a CF não poderá ser emendada na vigência de: 
a) Intervenção federal; 
b) Estado de defesa; 
c) Estado de sítio. 
 
Limitações materiais (art. 60, § 4º) 
Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir 
a forma federativa de Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico; a 
separação dos Poderes; os direitos e garantias individuais. Tais matérias 
formam o núcleo intangível da Constituição Federal, denominado 
tradicionalmente por “cláusulas pétreas”. 
 
Limitações temporais 
As limitações temporais, na história constitucional brasileira, foram 
previstas apenas na Constituição do Império, de 1824, não se verificando nas 
que se seguiram. Trata-se de previsão de prazo durante o qual fica vedada 
qualquer alteração da Constituição. O exemplo único é o art. 174 da citada 
Constituição Política do Império, que permitia a reforma da Constituição 
somente após 4 anos de sua vigência. 
 
Limitações implícitas 
 
Implícitas sãoas que dizem respeito à forma de criação de norma 
constitucional bem como as que impedem a pura e simples supressão dos 
dispositivos atinentes à intocabilidade dos temas já elencados (art. 60, § 4º). 
Portanto, as limitações expressas já apontadas caracterizam-se como a 
primeira limitação implícita. Outras duas limitações implícitas apontadas pela 
doutrina são a impossibilidade de se alterar tanto o titular do poder constituinte 
originário como o titular do poder constituinte derivado reformador. 
 
LEI COMPLEMENTAR 
 
O art. 59 da CF traz as leis complementares como espécie normativa 
diferenciada, com processo legislativo próprio e matéria reservada. 
Algumas matérias, apesar da evidente importância, não deveriam ser 
regulamentadas na própria CF, sob pena de engessamento de futuras 
alterações; mas, ao mesmo tempo, não poderiam comportar constantes 
alterações através de um processo legislativo ordinário. O legislador 
constituinte pretendeu resguardar determinadas matérias de caráter 
infraconstitucional contra alterações volúveis e constantes, sem, porém, lhes 
exigir a rigidez que impedisse a modificação de seu tratamento, assim que 
necessário. 
 
Distinção entre lei complementar e lei ordinária 
 
A lei complementar se peculiariza e se define por dois elementos 
básicos. Ela exige quórum de maioria absoluta para ser aprovada (art. 69, CF) 
e o seu domínio normativo apenas se estende àquelas situações para as quais 
a própria Constituição exigiu- de modo expresso e inequívoco- a edição dessa 
qualificada espécie de caráter legislativo. 
Em relação às leis ordinárias, o campo material por elas ocupado é 
residual, ou seja, tudo o que não for regulamentado por lei complementar, 
decreto legislativo e resoluções. 
Enquanto a lei complementar é aprovada pelo quorum de maioria 
absoluta, as leis ordinárias o serão pelo quorum de maioria simples ou relativa. 
Para o quorum de maioria absoluta, a maioria será dos componentes, do 
total de membros integrantes da Casa (sempre um número fixo), enquanto para 
a maioria simples a maioria será dos presentes à reunião ou sessão que, 
naquele dia de votação, comparecerem. 
A maioria será sempre metade mais um para números pares e o 
primeiro número inteiro superior à metade para números ímpares. 
Exemplos: 
 100= 51 (100÷2=50→ 50+1=51) 
 51= 26 (51÷2=25,5→o primeiro número inteiro superior 
à metade= 26) 
O quorum de instalação da sessão de votação é o mesmo, tanto para a 
lei ordinária como para a lei complementar (maioria absoluta). A grande 
diferença reside no quorum de aprovação: lei ordinária (maioria simples) e lei 
complementar (maioria absoluta). 
 
PARLAMENTO HIPOTÉTICO 
(100 componentes. Naquele dia compareceram 60 dos 100) 
Lei ordinária Lei complementar 
 Quorum de instalação da 
sessão de votação- pelo 
menos 51 (maioria 
absoluta). Como vieram, na 
hipótese 60, posso começar 
a votar 
 Quorum de instalação da 
sessão de votação- pelo 
menos 51 (maioria 
absoluta). Como vieram, na 
hipótese 60, posso começar 
a votar 
 Quorum de aprovação- 31 
(maioria simples). Maioria 
dos presentes (60) 
 Quorum de aprovação- 51 
(maioria absoluta). Maioria 
dos componentes (100) 
 
 
Processo legislativo 
O processo legislativo de constituição das leis complementares e 
ordinárias foi exaustivamente tratado quando expusemos a teoria do processo 
legislativo, constituindo-se, basicamente, em três fases distintas, a saber: fase 
de iniciativa (deflagra-se o processo legislativo); fase constitutiva (onde ocorre 
a deliberação parlamentar, pela discussão e votação, bem como a deliberação 
executiva, manifestando-se o Chefe do Executivo pela sanção ou veto) e a fase 
complementar (promulgação e publicação). 
 
Hierarquia: lei complementar e lei ordinária 
 
 
Há hierarquia Não há hierarquia 
Juristas: Alexandre de Moraes; 
Manoel Gonçalves Ferreira Filho, 
Haroldo Valadão, Pontes de Miranda, 
Wilson Accioli, Nelson Sampaio, 
Geraldo Ataliba, dentre outros. 
Juristas: Celso Bastos, Michel 
Temer, Luiz Alberto David Araújo, 
Vidal Serrano Nunes Júnior, Leda 
Pereira Mota, Celso Spitzcovsky, 
Pedro Lenza, STF. 
Fundamentos: a hierarquia se dá em 
decorrência do quorum mais 
qualificado e das hipóteses taxativas 
de previsão da lei complementar. 
Fundamentos: as duas leis 
encontram o seu fundamento de 
validade na Constituição, existindo, 
conforme observou Temer, “âmbitos 
materiais diversos atribuídos pela 
Constituição a cada qual dessas 
espécies normativas”. 
Para o STF o conflito supostamente 
existente será de competência 
constitucional. Eventual LO que trata 
de assunto reservado a LC será 
inconstitucional não por violar a LC 
em si, mas por violar a própria CF de 
88 (RE 419.629, 377.457 e 381.964) 
 
 
LEI DELEGADA 
 
Lei delegada é ato normativo elaborado e editado pelo Presidente da 
República, em razão de autorização do Poder Legislativo, e nos limites postos 
por este, constituindo-se verdadeira delegação externa da função legiferante e 
aceita modernamente, desde que com limitações, como mecanismo necessário 
para possibilitar a eficiência do Estado e sua necessidade de maior agilidade e 
celeridade. 
 
Natureza jurídica 
Apesar da necessidade de aprovação pelo Congresso Nacional de uma 
resolução, autorizando o Presidente da República a Editá-la, a lei delegada, 
quanto ao conteúdo e à eficácia, tem sua natureza jurídica idêntica às demais 
previstas o art. 59 da CF, qual seja, espécie ou ato normativo primário derivado 
de pronto da Constituição. 
Processo legislativo 
 A lei delegada será elaborada pelo Presidente da República, após prévia 
solicitação ao Congresso Nacional, delimitando o assunto sobre o qual 
pretende legislar. Trata-se da primeira fase do processo legislativo de 
elaboração da lei delegada, denominada iniciativa solicitadora. 
 A solicitação será submetida à apreciação do Congresso Nacional, que, 
no caso, de aprovação, tomará a forma de resolução (ar. 68, § 2º), 
especificando o conteúdo da delegação e os termos de seu exercício. 
 
Vedação de delegação 
 Determinadas matéria não poderão ser delegadas (princípio da 
indelegabilidade de atribuições). A Constituição veda a delegação (art. 68, § 
1º): 
 De atos da competência exclusiva do Congresso Nacional (art. 49); 
 Os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do 
Senado Federal (arts. 51 e 52); 
 Matérias reservadas à lei complementar; 
 A legislação sobre: I- organização do Poder Judiciário e do Ministério 
Público, a carreira e a garantia de seus membros; II- nacionalidade, 
cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais; III- planos 
plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos. 
 
Prerrogativa do Congresso Nacional de sustar delegação 
A Constituição Federal determina ser de competência exclusiva do 
Congresso Nacional sustar os atos normativos do Poder Executivo que 
exorbitem os limites de delegação legislativa (art. 49, V). 
Dessa forma, extrapolando o Presidente da República os limites fixados 
na resolução concedente da delegação legislativa, poderá o Congresso 
Nacional, através da aprovação de decreto legislativo, sustar a referida lei 
delegada, paralisando seus efeitos normais. A sustação não será retroativa, 
operando, portanto, ex nunc, ou seja, a partir da publicação do Decreto 
Legislativo, uma vez que não houve declaração de nulidade da lei delegada, 
mas sustação de seus efeitos. 
A existência de controle legislativo não impedirá a eventual declaração 
de inconstitucionalidade por parte do Poder Judiciário, por desrespeitoaos 
requisitos formais do processo legislativo da lei delegada, expressamente 
previstos no art. 68 da CF, existindo dessa forma, um duplo controle repressivo 
da constitucionalidade da edição das leis delegadas. 
A eventual declaração direta de inconstitucionalidade da lei delegada, 
por parte do STF, diferentemente da sustação levada a termo pelo Congresso 
Nacional, terá efeitos retroativos, operando ex tunc, ou seja, desde a própria 
edição daquela espécie normativa. 
 
Observações finais: 
Importante lembrar que, através da resolução, transfere-se apenas, e 
temporariamente, competência para legislar sobre determinadas matérias, 
permanecendo a titularidade da aludida competência com o Legislativo, que 
poderá, mesmo tendo havido delegação ao Presidente, legislar sobre a mesma 
matéria. 
Por fim, constata-se a pouca utilização do instituto da lei delegada pelo 
Presidente da República, tendo em vista a previsão da MP, mais ampla. 
 
MEDIDA PROVISÓRIA 
 
A vigente Constituição aboliu a espécie normativa decreto-lei do nosso 
processo legislativo, substituindo-a, de certo modo, pela medida provisória, 
instituída no art. 59 da Carta Política e disciplinada no seu art. 62. 
As medidas provisórias são atos normativos primários, sob condição 
resolutiva, de caráter excepcional no quadro da separação dos Poderes, e, no 
âmbito federal, apenas o Presidente da República conta com o poder de editá-
las. 
Nos termos do art. 62, caput, da CF, em caso de relevância e urgência o 
Presidente da República poderá adotar medidas provisórias com força de lei, 
devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. 
 
 A competência para edição de medida provisória é exclusiva do 
Presidente da República (art. 84, XXVI, CF); 
 Pressupostos: relevância e urgência. Para que legitime a edição de 
MP, há de se estar configurada uma situação em que a demora na 
promulgação da norma possa acarretar dano de difícil ou impossível 
reparação para o interesse público. Estes requisitos, em regra, 
somente deverão ser analisados, primeiramente pelo Presidente da 
República, no momento da edição da medida provisória, e, 
posteriormente, pelo Congresso Nacional, que poderá deixar de 
convertê-la em lei, por ausência dos pressupostos constitucionais; 
 Prazo: uma vez adotada a MP pelo Presidente da República, ela 
vigorará pelo prazo de 60 dias, prorrogável, nos termos do art. 62, 
§7º, uma vez por igual período, contados de sua publicação no DOU. 
O prazo referido acima ficará suspenso durante o período de recesso 
parlamentar. 
No caso de convocação extraordinária, havendo medidas provisórias em 
vigor na data de sua convocação, serão elas automaticamente incluídas na 
pauta de convocação (art. 57, § 8º). Portanto, temos o seguinte: a edição de 
medida provisória nos períodos de recesso legislativo não obriga, 
necessariamente, a convocação extraordinária do Congresso Nacional; porém, 
caso o Congresso Nacional seja convocado extraordinariamente, nas hipóteses 
constitucionalmente previstas (art. 57, § 6º), as medidas provisórias em vigor 
na respectiva data serão automaticamente incluídas na pauta de convocação. 
Limitações materiais 
 A medida provisória não pode disciplinar qualquer matéria, em virtude da 
existência de limitações constitucionais à sua edição. Neste sentido, ver arts. 
25, § 2º; 62, § 1º, 246 e 73 do ADCT. 
 Embora não haja disposição constitucional expressa nesse sentido, é 
certo que as matérias de iniciativa e competência privativas do Congresso 
Nacional (art. 49), da Câmara dos Deputados (art. 51), do Senado Federal (art. 
52), do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos tribunais de contas 
também não podem ser disciplinadas por medida provisória. 
 
Procedimento legislativo 
 Adotada a MP pelo Presidente da República, ela produzirá efeitos por 60 
dias, devendo ser submetida de imediato ao Congresso Nacional. No entanto, 
findo este prazo inicial, contado da data de sua publicação e não tendo sido 
encerrada a votação nas duas Casas do Congresso Nacional, o prazo inicial de 
60 dias será prorrogado por novos 60 dias, totalizando o prazo de 120 dias, 
quando então, se não for convertida em lei, a MP perderá a eficácia desde a 
sua edição. 
 Esses prazos não correm durante os períodos de recesso do Congresso 
Nacional (art. 57 da CF) 
 Eficácia: estabelece o art. 62, § 3º que as medidas provisórias, 
ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12, perderão eficácia, desde a 
edição, se não forem convertidas em lei no prazo de 60 dias, 
prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período, devendo 
o Congresso Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações 
jurídicas delas decorrentes; 
 Tramitação: adotada a MP pelo Presidente da República ela será 
submetida de imediato, ao Congresso Nacional, cabendo, de acordo 
com o art. 62, §§ 5º e 9º, a uma comissão mista de Deputados e 
Senadores examiná-la e sobre ela emitir parecer, apreciando os seus 
aspectos constitucionais (inclusive os pressupostos de relevância e 
urgência) e de mérito, bem como sua adequação financeira e 
orçamentária e ainda, ter sido enviado pelo Presidente da República, 
no dia da publicação, o seu texto ao CN, acompanhado da respectiva 
mensagem e de documento expondo a motivação do ato. 
Posteriormente, a MP, com o parecer da comissão mista, passará à 
apreciação pelo plenário de cada uma das Casas, que decidirá o atendimento 
ou não dos pressupostos constitucionais de relevância e urgência de MP, ou de 
sua inadequação financeira ou orçamentária, antes do exame de mérito. O 
processo de votação será em sessão separada, tendo início na Câmara dos 
Deputados, sendo o Senado Federal a Casa revisora. 
Se o plenário da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal decidir 
no sentido do não-atendimento dos pressupostos constitucionais ou pela 
inadequação financeira ou orçamentária da medida provisória, esta será 
arquivada. 
 Trancamento de pauta: se a MP não for apreciada em até 45 dias 
contados de sua publicação, entrará em regime de urgência, 
subsequentemente, em cada uma das Casas do Congresso 
Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as 
demais deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando 
(art. 62, § 6º); 
 Reedição da MP: é vedada a reedição de MP, na mesma sessão 
legislativa, expressamente, rejeitada pelo Congresso Nacional, ou 
que tenha perdido a sua eficácia por decurso de prazo, ou seja, não 
tenha sido apreciada pelo CN no prazo de 60 dias prorrogáveis por 
novos 60 dias, contados de sua publicação. 
Adotada a MP pelo Presidente da República, o Congresso Nacional 
poderá tomar as seguintes medidas: aprovação sem alteração; aprovação com 
alteração; não-apreciação (rejeição tácita); rejeição expressa. Passemos a 
cada uma das hipóteses. 
 
Aprovação sem alteração: aprovada a MP, será convertida em lei, devendo o 
Presidente do Congresso Nacional promulgá-la, uma vez que se consagrou na 
esfera legislativa essa atribuição ao próprio Poder Legislativo, remetendo ao 
Presidente da República, que publicará a lei de conversão. 
 
Aprovação com alteração: será possível a apresentação de emendas, 
podendo ser supressivas, modificativas, aglutinativas e substitutivas. 
 Havendo emendas, o projeto de lei de conversão apreciado por uma das 
Casas deverá ser apreciado pela outra (tendo em vista a votação agora em 
sessão separada pelo plenário de cada uma das Casas), devendo, ser 
posteriormente, nos termos das regras para o processo legislativo comum, 
levado à apreciação do Presidente da República para sancionar ou vetar a lei 
de conversão, e, em caso de sanção ou derrubada do veto,promulgação e 
publicação pelo próprio Presidente da República. 
 Nas partes em que a MP foi alterada, as novas normas valerão para o 
futuro, a partir da vigência da própria lei de conversão. Na parte em que a 
medida provisória foi confirmada, opera-se a sua ratificação desde quando 
editada. 
 
Rejeição expressa: uma vez rejeitada expressamente pelo Legislativo, a 
medida provisória perderá seus efeitos retroativamente, cabendo ao Congresso 
Nacional disciplinar as relações jurídicas dela decorrentes, no prazo de 60 dias, 
através de decreto legislativo. Atento às desastrosas conseqüências que a 
perda de vigência da medida provisória pode acarretar no âmbito da segurança 
das relações, o constituinte prevê que o Congresso regulará essas relações. 
 Assim, o Congresso Nacional deverá, mediante decreto legislativo, 
disciplinar as relações jurídicas decorrentes da medida provisória, ou seja, já 
consolidadas sob o fundamento do regramento desta. 
 Essa competência do Congresso Nacional, porém, sofre um limite 
temporal: se, no prazo de sessenta dias contados da rejeição da medida 
provisória, não for baixado o decreto legislativo, expirada estará a competência 
do Congresso Nacional para disciplinar a matéria. Ocorrendo essa caducidade, 
as relações jurídicas consolidadas no período conservar-se-ão reguladas pelos 
termos originais da medida provisória. 
 Nessa situação, teremos uma medida provisória não convertida em lei 
regulando, em caráter definitivo, com força de lei, as relações jurídicas 
consolidadas ( e somente essas) no período em que esteve vigente. 
 Rejeitada MP por qualquer das Casas, o Presidente da Casa que assim 
se pronunciar comunicará o fato imediatamente ao Presidente da República, 
fazendo publicar no DOU ato declaratório de rejeição de MP. 
 O art. 62, § 10º, estabelecer ser vedada a reedição na mesma sessão 
legislativa, de MP que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia 
por decurso de prazo. 
 
Rejeição tácita: a decadência da MP, pelo decurso do prazo constitucional, 
opera a desconstituição, com efeitos retroativos, dos atos produzidos durante 
sua vigência. Assim, caso o CN não a aprecie em tempo hábil (60 dias), este 
ato normativo perderá sua eficácia. 
A rejeição tácita da MP pelo CN permite uma única prorrogação de sua 
vigência pelo prazo de 60 dias. Se, porém, após esse novo prazo, igualmente o 
Poder Legislativo permanecer inerte, a rejeição tácita se tornará definitiva, 
impedindo a reedição da medida provisória na mesma sessão legislativa. 
 
 
DECRETOS LEGISLATIVOS 
 
Os decretos legislativos são atos do Congresso Nacional destinados ao 
tratamento de matérias da sua competência exclusiva, para as quais a 
Constituição dispensa a sanção presidencial. 
“Decretos legislativos são as leis a que a Constituição não exige a 
remessa ao Presidente da República para sanção (promulgação ou veto)”. 
Pontes de Miranda 
Cabe ressaltar, que o decreto legislativo não pode ser confundido com o 
decreto administrativo, de competência do Chefe do Executivo. 
 
Ler: art. 49 (matérias direcionadas ao campo do decreto 
legislativo). 
 
 
RESOLUÇÕES 
 
As resoluções são deliberações que uma das Casas do Congresso 
Nacional, ou o próprio Congresso Nacional toma, fora do processo de 
elaboração das leis e sem ser lei (Pontes de Miranda). 
São atos utilizados pelas Casas Legislativas, separadamente, ou pelo 
Congresso Nacional, para dispor sobre assuntos políticos e administrativos de 
sua competência, que não estejam sujeitos à reserva de lei. 
Casos que requer a edição de resolução: 
 Arts. 51 e 52, CF; 
 Art. 68, §2º; 
 Art. 155, §1º, IV; 
 Art. 155, §2º, V; 
 Art. 155, §6º, I; 
 Art. 52, X. 
A efetiva distinção no emprego dessas espécies normativas tem sido 
fixada pelos regimentos das Casas Legislativas e do próprio Congresso 
Nacional, que apontam, matéria a matéria, quando é o caso de uma ou de 
outra. 
A Constituição Federal não estabeleceu o processo legislativo para a 
elaboração da espécie normativa resolução, deixando essa matéria à 
competência do Regimento Interno das Casas Legislativas e do Congresso 
Nacional. 
A promulgação da resolução será efetivada pelo Presidente da 
respectiva Casa: se a resolução for do Congresso Nacional ou do Senado 
Federal, será promulgada pelo Presidente do Senado Federal; se a resolução 
for da Câmara dos Deputados, ao Presidente desta Casa caberá o ato de 
promulgação. 
Cabe destacar, que no processo legislativo de aprovação das 
resoluções, como ato privativo do Poder Legislativo, não haverá participação 
do Chefe do Executivo para o fim de sanção, veto ou promulgação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PODER EXECUTIVO 
 
O sistema de governo adotado pela CF de 1988 é o presidencialista cujas 
características principais são: 
 Ser um sistema de governo surgido com o modelo clássico da 
separação de Poderes apontado por Montesquieu; 
 Consagrar a unipessoalidade na Chefia do Estado e na Chefia de 
Governo, ou seja, tais chefias estão concentradas nas mãos do 
Presidente da República; 
 Garantir a independência entre Executivo e Legislativo; 
 Prever a derivação dos poderes presidenciais diretamente do povo, ou 
seja, por eleições diretas; 
 Poder responsabilizar o Presidente da República, penal e politicamente, 
por crime de responsabilidade. 
 
Funções típicas e atípicas do Presidente da República: 
 
O Poder Executivo constitui órgão constitucional cuja função precípua é 
a prática dos atos de chefia de estado, de governo e de administração. 
A Chefia do Poder Executivo foi confiada pela Constituição Federal ao 
Presidente da República, a quem compete seu exercício, auxiliado pelos 
Ministros de Estado. 
Apesar da clássica separação de Poderes ter sido adotada pelo 
constituinte de 1988, no art. 2º, ao afirmar que são Poderes da União, 
independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, 
foram consagradas pela Constituição Federal, em relação a todos os Poderes 
de Estado, funções típicas e atípicas, inexistindo pois exclusividade absoluta, 
no exercício dos misteres constitucionais. 
O Executivo, portanto, além de administrar a coisa pública (função 
típica), de onde deriva o nome república (res publica), também legisla (art. 62- 
Medidas Provisórias) e julga (contencioso administrativo), no exercício de suas 
funções atípicas. 
 
O Poder Executivo na CF de 88 
 Âmbito federal: o Poder Executivo no Brasil, conforme estabelece o art. 
76, é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros 
de Estado. 
 Âmbito estadual: neste âmbito, o Poder Executivo é exercido pelo 
Governador de Estado, auxiliado pelos Secretários de Estado, sendo 
substituído (no caso de impedimento) ou sucedido (no caso de vaga), 
pelo Vice- Governador, com ele eleito. 
 Âmbito municipal: exercido pelo Prefeito Municipal. 
 
Estrutura do Poder Executivo 
 
Chefe de Estado e Chefe de Governo 
Na estrutura do Poder Executivo verifica-se a existência de duas funções 
primordiais diversas, quais sejam, a de chefe de Estado e de Chefe de 
Governo, exercidas conjuntamente pelo Presidente da República. 
Como chefe de Estado, o Presidente representa, pois, nas suas relações 
internacionais (art. 84, VII e VIII, XIX), bem como corporifica, a unidade interna 
do Estado. 
Já como chefe de Governo, a função presidencial corresponde à 
representação interna, na gerência dos negócios internos, tanto os de natureza 
política (participação no processo legislativo), como nos de naturezaeminentemente administrativa. Assim, o Chefe de Governo exercerá a 
liderança da política nacional, pela orientação das decisões gerais e pela 
direção da máquina administrativa. 
 
Requisitos para o cargo de Presidente da República 
A Constituição Federal exige alguns requisitos para a candidatura ao 
cargo de Presidente da República e Vice-Presidente da República: 
 Ser brasileiro nato (art. 12, § 3º, I); 
 Estar no pleno exercício dos direitos políticos (art. 14, § 3º, III); 
 Alistamento eleitoral (art. 14, § 3º, III); 
 Domicílio eleitoral na circunscrição (art. 14, § 3º, IV); 
 Filiação partidária (arts. 14, § 3º, V e 77, § 2º); 
 Idade mínima de 35 anos (art. 14, § 4º); 
 Não ser inalistável nem analfabeto (art. 14, § 4º); 
 Não ser inelegível nos termos do art. 14, § 7º). 
 
Modo de investidura e posse no cargo de Presidente da República 
O presidente e vice-presidente da República são eleitos pelo sistema 
eleitoral majoritário, que consiste naquele em que será considerado vencedor o 
candidato que obtiver maior número de votos. Este sistema, em regra, divide-
se em duas espécies básicas: sistema majoritário puro ou simples e sistema 
majoritário de dois turnos. 
No sistema majoritário puro ou simples, será considerado eleito o 
candidato que obtiver o maior número de votos. Ex: eleição de Senadores (art. 
46); Prefeitos municipais em Municípios com menos de 200 mil eleitores (art. 
29, II). 
Já no sistema majoritário de dois turnos será considerado eleito o 
candidato que obtiver a maioria absoluta dos votos válidos. Caso não obtenha 
na primeira votação, deverá ser realizado novo escrutínio. Ex: eleição de 
Presidente da República, Governador dos Estados e DF e Prefeitos de 
Municípios, com mais de 200 mil eleitores (art. 77). 
A eleição dar-se-á em dois turnos de votação, sendo considerado eleito 
Presidente o candidato que, registrado por partido político, obtiver a maioria 
absoluta de votos, não computados os em branco e os nulos. Se nenhum 
candidato alcançar maioria absoluta na primeira votação, a ser realizada no 
primeiro domingo de outubro, far-se-á nova eleição no último domingo desse 
mês, concorrendo os dois candidatos mais votados e considerando-se eleito 
aquele que obtiver a maioria dos votos válidos, excluídos os brancos e nulos. 
Eleito o Presidente da República, juntamente com o Vice-Presidente (art. 
77, § 1º), tomarão posse em sessão do Congresso Nacional, prestando o 
compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, 
promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a 
independência do Brasil (art. 78). 
A posse presidencial ocorrerá no dia 1º de janeiro e, se decorridos 10 
dias da data fixada, e o Presidente ou Vice-presidente, salvo motivo de força 
maior, não tiverem assumido os cargos, estes serão declarados vagos. 
Mandato 
O mandato do Presidente da República é de 4 anos, tendo início em 1º 
de janeiro do ano seguinte ao da sua eleição (art. 82), sendo atualmente, em 
decorrência da EC 16 de 97, permitida a reeleição, para um único período 
subseqüente, do Presidente da República, dos Governadores de Estado e do 
DF, dos Prefeitos e de quem os houver sucedido ou substituído no curso dos 
mandatos. 
 
Vacância da Presidência da República 
Ao Vice-presidente cabe substitir o Presidente, nos casos de 
impedimento (licença, doença, férias) e suceder-lhe no caso de vaga. 
A vacância nos dá uma idéia de impossibilidade definitiva para assunção 
do cargo (cassação, renúncia ou morte), enquanto a substituição tem caráter 
temporário (doença, férias etc). Assim, tanto na vacância como no 
impedimento, o Vice-presidente assumirá o cargo, na primeira hipótese até final 
do mandato e, no caso de impedimento, enquanto este durar. 
Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-presidente, ou 
vacância dos respectivos cargos, serão sucessivamente chamados ao 
exercício da Presidência: o Presidente da Câmara dos Deputados, o do 
Senado Federal e do Supremo Tribunal Federal. 
No caso de impedimento do Presidente e do Vice-presidente, os 
substitutos eventuais ou assumem o cargo o caso de impedimento do 
Presidente e do Vice, ou no caso de vaga de ambos os cargos. Na primeira 
hipótese (impedimento), o afastamento de ambos foi apenas temporário. Na 
segunda, contudo, no caso de vaga de ambos os cargos, a vaga é definitiva e, 
para não deixar o cargo vazio, duas situações surgem: 
 Vacância de ambos os cargos (de Presidente e de Vice) nos 2 primeiros 
anos de mandato: de acordo com o art. 81, caput, far-se-á a eleição 90 
dias depois de aberta a última vaga. Trata-se de eleição direta, pelo 
sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para 
todos; 
 Vacância nos últimos 2 anos do mandato: nesta hipótese a eleição para 
ambos os cargos será feita 30 dias, depois da última vaga, pelo 
Congresso Nacional, na forma da lei (art. 81, § 1º). Ou seja, eleição 
indireta! Exceção à regra do art. 14, caput. 
Em qualquer das hipóteses, a Constituição Federal é expressa ao 
determinar que o Vice-presidente ou qualquer dos eleitos somente complete o 
período de seus antecessores. 
Os substitutos eventuais do Chefe do Executivo quando convocados 
exercem normalmente os poderes e atribuições do Presidente da República 
(por exemplo: sanção, veto, edição de medida provisória, nomeação de 
Ministro de Estado, iniciativa de lei etc). 
 
Atribuições do Presidente da República 
O art. 84 da CF traz as competências privativas do Presidente da 
República, devendo ser ressaltado que este rol de atribuições não é taxativo, 
competindo ao Presidente da República exercer outras definidas na 
Constituição Federal. 
Ainda, é importante destacar que dessas atribuições previstas no art. 84, 
somente as dos incisos VI, XII e XXV poderão ser delegadas, observando-se 
para tanto o parágrafo único do art. 84. 
Em relação ao poder regulamentar do Presidente da República, a 
Constituição Federal, em seu art. 84, IV, prevê que lhe compete, 
privativamente, expedir decretos e regulamentos para fiel execução da lei. 
Os regulamentos, portanto, são normas expedidas privativamente pelo 
Presidente da República, cuja finalidade precípua é facilitar a execução das 
leis, removendo eventuais obstáculos práticos que podem surgir em sua 
aplicação e se exteriorizam por meio de decreto. 
Regulamentos servem para interpretar a lei (para a administração 
pública- efeito interno). Não são inovadores e isso os difere das leis. 
Vale ressaltar, que, salvo em situações de relevância e urgência 
(medidas provisórias), o Presidente da República não pode estabelecer normas 
gerais criadoras de direitos ou obrigações, por ser função do Poder Legislativo. 
Assim, o regulamento não poderá alterar disposição legal, tampouco criar 
obrigações diversas das previstas em disposição legislativa. 
A partir da EC 32 de 2001, o texto constitucional brasileiro passou a 
admitir os “decretos autônomos” do Chefe do Executivo, com a finalidade de 
organização da Administração Pública, pois o art. 84, VI, da CF permite ao 
Presidente dispor, mediante decreto, sobre a organização da administração 
federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de 
órgãos públicos, por equipará-lo aos demais atos normativos primários, 
inclusive lei, e, consequentemente, afirmar seu absoluto respeito ao princípio 
da reserva legal. 
Essa nova previsão pode ser repetida nas Constituições estaduais e Leis 
Orgânicas distrital e municipais, com a finalidade de agilização e eficiência na 
organização e gestão da coisa pública pelo Chefe do Executivo estadual, 
distrital ou municipal, desde quetais medidas não implicassem aumento de 
despesa, criação ou extinção de órgão público. 
 
Atribuições do Vice-presidente da República 
A Constituição Federal prevê ao Vice-presidente diversas funções, que 
poderão ser classificadas em próprias ou típicas e impróprias ou atípicas. 
Aquelas correspondem às atribuições para cujo exercício o cargo de Vice-
presidente foi instituído e existe, sendo inerentes ao ofício vice-presidencial. 
Funções próprias: tais funções podem resultar de previsão expressa da 
própria Constituição Federal ou de lei complementar. 
São funções típicas de ordem constitucional: substituição (art. 79) e 
sucessão do Presidente da República (art. 80); participação nos Conselhos da 
República (art. 89, I) e de Defesa Nacional (art. 91, I). Enquanto são funções 
típicas de ordem legal as eventuais atribuições estabelecidas pela lei 
complementar prevista no art. 79, parágrafo único, da Constituição Federal. 
Funções impróprias: o Vice-presidente auxiliará, nos termos do art. 79 da 
Constituição Federal, o Presidente, sempre que por ele convocado para 
missões especiais. 
 
Órgãos auxiliares do Presidente da República 
 
Ministros de Estado 
Os Ministros de Estado são meros auxiliares do Presidente da República 
no exercício do Poder Executivo e na direção superior da administração federal 
(arts. 76, 84, II e 87). 
Os Ministros de Estado dirigem Ministérios e são escolhidos pelo 
Presidente da República, que os nomeia, podendo ser demitidos (exonerados) 
a qualquer tempo, ad nutum, não tendo qualquer estabilidade (art. 84, I). Os 
requisitos para assumir o cargo de Ministro de Estado, cargo de provimento em 
comissão, são de acordo com o art. 87, caput: 
I- Ser brasileiro, nato ou naturalizado (exceto o cargo de Ministro de 
Estado da Defesa, que, de acordo com o art. 12, § 3º, VII, é 
privativo de brasileiro nato); 
II- Ter mais de 21 anos de idade; 
III- Estar no exercício de direitos políticos. 
As atribuições dos Ministros de Estado encontram-se descritas no art. 87 
da CF. 
 
Conselho da República (art. 89, CF) 
É órgão superior de consulta do Presidente da República composto pelo: 
 Vice-presidente da República; 
 Presidente da Câmara dos Deputados; 
 Presidente do Senado Federal; 
 Os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados; 
 Os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal; 
 O ministro da Justiça; 
 Seis brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos, sendo dois 
nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado 
Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandato 
de três anos, vedada a recondução. 
A Constituição Federal estabelece as funções do Conselho (art. 90), que 
deverá ser regulamentado e organizado por meio de lei, para pronunciar-se 
sobre intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio e as questões 
relevantes para a estabilidade das instituições democráticas. 
 
Conselho de Defesa Nacional (art. 91) 
É órgão de consulta do Presidente da República nos assuntos 
relacionados com a soberania nacional e a defesa do Estado democrático, e 
dele participam como membros: 
 Vice-presidente da República; 
 Presidente da Câmara dos Deputados; 
 Presidente do Senado Federal; 
 O Ministro da Justiça; 
 Ministro de Estado da Defesa; 
 Ministro das Relações Exteriores; 
 Ministro do Planejamento; 
 Os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. 
 
O § 1º do art. 91 estabelece a competência do Conselho de Defesa 
Nacional. 
 
 
Responsabilidade do Presidente da República 
 
Prerrogativas e imunidades do Presidente da República: imunidades formais e 
materiais e prerrogativa de foro 
O Presidente da República possui imunidades formais em relação ao 
processo, pois somente poderá ser processado, seja por crime comum, seja 
por crime de responsabilidade, após o juízo de admissibilidade da Câmara dos 
Deputados, que necessitará do voto de 2⁄3 de seus membros para autorizar o 
processo. E, também, em relação à prisão, pois não poderá ser preso nas 
infrações penais comuns, enquanto não sobrevier sentença condenatória, 
como preceitua a Carta Magna (art. 86, § 3º). 
Além disto, o Presidente da República é relativamente irresponsável, 
pois na vigência de seu mandato, não poderá ser responsabilizado por atos 
estranhos ao exercício de suas funções. 
A Constituição Federal também prevê para o Presidente da República 
prerrogativa de foro, pois somente o Supremo Tribunal Federal poderá 
processá-lo e julgá-lo por crimes comuns (art. 102, I, b, CF) e somente o 
Senado Federal poderá processá-lo e julgá-lo pelos chamados crimes de 
responsabilidade (art. 52, I). 
 
Crime de responsabilidade do Presidente da República 
 
O Brasil, como é sabido, adota a forma republicana de governo. A partir 
de Maquiavel, em 1513, fala-se em duas formas de governo: monarquia e 
república. Antes, Aristóteles falava em três formas de governo: 
 Monarquia (governo de um só); 
 Aristocracia (governo de mais de um, porém poucos); 
 República (governo de muitos); 
No caso das formas de governo serem viciadas, virarão, 
respectivamente: 
 Monarquia → tirania 
 Aristocracia → oligarquia 
 República → demagogia 
 
Na Monarquia o governo é exercido de forma: 
 Vitalícia; 
 Hereditária; 
 Irresponsável. 
Na República, por outro lado, o poder é exercido de forma: 
 Eletiva; 
 Temporária; 
 Responsável. 
Na República, todos devem ser responsabilizados por seus atos (todo 
cidadão que exerce parcela da soberania do Estado). 
Essa responsabilidade pode ser: 
 Administrativa; 
 Civil; 
 Penal; 
 Política. 
Posto isso, percebemos que uma das características principais da forma 
republicana de governo é a possibilidade de responsabilização daqueles que 
gerem a coisa pública, quer dizer, os governantes tem o dever de prestar 
contas sobre sua gestão frente aos administrados. 
A Constituição Federal prevê a possibilidade de responsabilização do 
Presidente da República, tanto por infrações político-administrativas, quanto 
por infrações penais comuns. Importante ressaltar, que de acordo com o cargo 
a responsabilidade será maior. 
Os crimes de responsabilidade são infrações político-administrativas, 
definidas em lei especial federal, que poderão ser cometidas no desempenho 
da função pública e que poderão resultar no impedimento para o exercício da 
função pública (impeachment). 
O art. 78 da CF prevê que o Presidente da República e o Vice- 
presidente tomam posse em sessão conjunta do Congresso Nacional, 
prestando o compromisso de respeitar a Constituição Federal. Se este 
compromisso restar violado há a prática de crime de responsabilidade, previsto 
no art. 85 da Carta Magna. 
O art. 85 aponta as condutas do Presidente da República que 
caracterizarão crime de responsabilidade. Este rol do artigo mencionado é 
meramente exemplificativo. Além dessas condutas, existem outras previstas na 
Lei 1079 de 1950. O STF afirma que esta lei foi recepcionada pela CF de 88. 
A Lei 1079 de 1950 afirma que qualquer cidadão é parte legítima para 
denunciar o Presidente da República pela prática de crime de 
responsabilidade. 
Neste sentido, existem dois conceitos de cidadão: 
1- Cidadão em sentido amplo: qualquer pessoa humana que exerce os 
direitos e deveres; 
2- Cidadão em sentido restrito: nacional que exerce direitos políticos. 
Este será o legitimado para denunciar o Presidente da República 
junto à Câmara dos Deputados. Assim, o cidadão que incorre nas 
causas suspensivas dos direitos políticos não terá legitimidade. 
A partir da acusação formalizada pelo cidadão no gozo de seusdireitos 
políticos, o Presidente já passará a figurar na condição de acusado, sendo, 
portanto, assegurados o contraditório e a ampla defesa (art. 5º, LV, CF). 
Neste sentido, na Câmara dos Deputados será constituída Comissão 
que elaborará parecer que será votado em plenário. Entretanto, antes do 
parecer o Presidente da República terá direito a 10 sessões para comprovar 
sua inocência. 
A autorização para instauração do processo por crime de 
responsabilidade do Presidente da República deve ser dada pela Câmara dos 
Deputados, por dois terços de seus membros (art. 51, I, CF), cabendo a esta 
Casa admitir a acusação feita por qualquer parlamentar ou cidadão no gozo 
dos direitos políticos. 
Pela prática de crime de responsabilidade o Presidente da República é 
julgado no Senado Federal, que se transforma num tribunal misto, jurídico e 
político. O Senado será presidido pelo Presidente do STF. 
Havendo autorização da Câmara dos Deputados, o Senado Federal 
deverá instaurar o processo. A admissão da acusação pela Câmara dos 
Deputados vincula o Senado Federal, obrigando-o a dar início ao 
procedimento para a apuração do crime de responsabilidade, não sendo 
permitida ao Senado qualquer discricionariedade quanto à instauração, ou não, 
do processo de impeachment. 
Instaurado o processo pelo Senado Federal, o Presidente da República 
será cientificado do mesmo, ficando a partir daí afastado de suas funções por 
até 180 dias. Neste período de afastamento, o Vice-presidente assumirá o 
cargo. Se neste período, não terminar o julgamento, o Presidente voltará a o 
exercício da presidência, continuando o julgamento normalmente. 
No Senado, à partir da cientificação do Presidente da República, deve 
ser ofertada, no mínimo 10 sessões para que exerça sua defesa. Ao final 
dessas sessões, o Senado condenará ou não o Presidente por 2⁄3 dos 
Senadores. 
A decisão do Senado é imodificável pelo Poder Judiciário. Este, não 
poderá entrar no mérito da decisão do Senado. O Judiciário pode analisar se 
princípios constitucionais foram respeitados, mas o mérito será imodificável. 
No caso do Senado entender que o Presidente da República cometeu 
crime de responsabilidade, a ele serão impostas duas penas: 
 Perda do cargo; 
 Inabilitação para o exercício de qualquer função pública (sejam as 
resultantes de concursos públicos, sejam as de nomeação em 
confiança, sejam os mandatos eletivos) pelo prazo de 08 anos, além da 
responsabilização civil (improbidade administrativa- Lei 8429 de 92) e 
criminal do Presidente da República. 
 
CURIOSIDADES!!!! 
 Collor foi condenado pela pena de inabilitação por 08 anos, mesmo 
tendo renunciado o cargo de Presidente da República na 1ª sessão 
do Senado. 
 Durante os 08 anos, Collor votava, pois não teve suspensos seus 
direitos políticos. 
 Dispõe o art. 15 da lei 1079 de 50 que “a denúncia só poderá ser 
recebida enquanto o denunciado não tiver, por qualquer motivo, 
deixado definitivamente o cargo”. 
 O ex-Presidente Fernando Collor de Mello impetrou mandado de 
segurança alegando que a renúncia ao cargo extinguiria o processo 
de impeachment. O STF, julgando o aludido MS 21689-1, decidiu 
que a renúncia ao cargo não extingue o processo já iniciado. 
 
Crime comum praticado pelo Presidente da República 
 
A expressão crime comum, conforme posicionamento do STF, abrange 
todas as modalidades de infrações penais, estendendo-se aos delitos 
eleitorais, alcançando até mesmo o crimes contra a vida e as próprias 
contravenções penais. 
Conforme disposto no art. 102, I, b, CF, o Presidente da República é 
julgado pelo Supremo Tribunal Federal. 
A Câmara dos Deputados autorizará ou não o recebimento da denúncia 
ou queixa-crime pelo STF, através do voto de 2⁄3 de seus membros. Neste 
caso, se o STF entender pertinente poderá deixar de receber a denúncia ou 
queixa-crime, sob pena de ferir-se o princípio da tripartição dos Poderes. Ao 
contrário do que ocorre nos crimes de responsabilidade, julgados pelo Senado 
Federal, nos crimes comuns a decisão da Câmara dos Deputados admitindo a 
denúncia ou queixa-crime NÃO vincula o Supremo Tribunal Federal. 
Além de autorização da Câmara para que o Presidente da República 
seja processado, este é dotado de irresponsabilidade relativa, ou seja, não 
poderá ser preso em nenhuma circunstância, salvo se existir uma sentença 
penal condenatória transitada em julgado, proferida pelo Supremo Tribunal 
Federal. 
Ainda, o Presidente da República, durante o mandato, só poderá ser 
processado por crimes “ex officio”, ou seja, crimes realizados em razão do 
exercício da função. A contrario sensu, não pode ser processado por fatos 
estranhos ao exercício da função. 
No caso de crime cometido pelo Presidente da República por fato 
estranho ao exercício da função, quem investigará é um ministro que presidirá 
o inquérito judicial. 
Em se tratando de ação penal pública, a denúncia será ofertada pelo 
Procurador Geral da República. Nos casos de crime de ação privada, haverá 
necessidade de oferta de queixa-crime pelo ofendido, ou de quem por lei 
detenha tal competência. 
No tocante às infrações penais praticadas antes do início do mandato ou 
durante a sua vigência, porém sem qualquer relação com a função 
presidencial, não poderão ser objeto de prescrição, ficando provisoriamente 
suspensos. Neste caso, a responsabilização só ocorrerá após o término do 
mandato, perante a Justiça Comum. 
O Procurador Geral da República oferta a denúncia, mas o STF só a 
receberá com a autorização da Câmara. Se esta fizer juízo de admissibilidade 
negativo, não autorizará o STF a se manifestar sobre o recebimento da 
denúncia. 
Recebida a denúncia, o Presidente da República ficará afastado por até 
180 dias, assumindo o Vice. O STF deverá julgar o Presidente em até 180 dias, 
não ocorrendo, voltará o mesmo ao exercício da presidência. 
O Presidente tem o prazo de 15 dias para ofertar a defesa preliminar. 
Ofertada esta, o STF julgará o Presidente. 
Importante destacarmos que o disposto no art. 86, § 4º da CF, refere-se 
exclusivamente às infrações de natureza penal, não impedindo a apuração, na 
vigência do mandato, da responsabilidade civil, administrativa, fiscal ou 
tributária do Presidente. 
Por fim, observar que, oferecida a denúncia no STF, havendo 
autorização da Câmara, julgando-se procedente o pedido formulado pelo 
Procurador-Geral da República, a condenação aplicada será a prevista no tipo 
penal, e não a perda do cargo (como pena principal), que só ocorrerá no caso 
de crime de responsabilidade. 
No caso de crime comum, a perda do cargo dar-se-á por via reflexa, em 
decorrência da suspensão temporária dos direitos políticos, enquanto durarem 
os efeitos da sentença criminal condenatória, transitada em julgado. 
 
CURIOSIDADE!!! 
 
 O Presidente da República que renunciar será julgado pelo Juiz do 
lugar da infração; 
 No dia 05-11-07 o STF se manifestou sobre o fato do ex-Deputado 
da Paraíba, Ronaldo Cunha Lima, renunciar ao cargo de deputado 
no dia 02-11-07; 
 Para o STF, não pode haver renúncia para se esquivar do 
julgamento realizado pelo STF. Se houver renúncia antes do 
julgamento, constituirá fraude, devendo o STF se manter 
competente. O STF só não o será se a renúncia ocorrer no início do 
julgamento, mas imediatamente antes à data da sentença 
constituirá fraude. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PODER JUDICIÁRIO 
 
O Poder Judiciário é um dos três Poderes expressamente reconhecidos 
pela Constituição da República (art. 2º). Além de instituí-lo como Poder 
independente, a Carta Políticaprotege como cláusula pétrea essa 
independência, em seu art. 60, § 4º, III. 
Seu mister é ser o verdadeiro guardião da Constituição, com a finalidade 
de preservar, basicamente, os princípios da legalidade e igualdade, sem os 
quais os demais tornariam-se vazios. 
Não se consegue conceituar um verdadeiro Estado democrático de 
direito sem a existência de um Poder Judiciário autônomo e independente para 
que exerça sua função de guardião das leis. 
Inúmeros direitos fundamentais, individuais e coletivos, catalogados ou 
não, concernem especificamente ao Poder Judiciário, porquanto a garantia de 
acesso a um Judiciário imparcial e independente é garantia fundamental, 
estruturante de nossa organização político-jurídica. 
Assim, a par de asseverar que “a lei não excluirá da apreciação do 
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito” (art. 5º, XXXV), a Carta Política 
estabelece o princípio do juiz natural (art. 5º, XXXVII), reconhece o Tribunal do 
Júri, atribuindo-lhe competência para julgar os crimes dolosos contra a vida 
(art. 5º, XXXVIII), assegura que “ninguém será considerado culpado até o 
trânsito em julgado de sentença penal condenatória (art. 5º, LVII), dentre outros 
direitos e garantias fundamentais. 
Somente o Poder Judiciário tem jurisdição, isto é, somente ele pode 
dizer, em caráter definitivo, o direito aplicável aos casos concretos litigiosos 
submetidos a sua apreciação. 
 
Órgãos do Poder Judiciário 
Os órgãos que integram o Poder Judiciário foram enumerados pela 
Constituição Federal em seu art. 92. 
Veja a estrutura do Poder Judiciário em anexo. 
 
 
 
Funções típicas e atípicas 
A função típica do Poder Judiciário é a jurisdicional, ou seja, julgar, 
aplicando a lei a um caso concreto, que lhe é posto, resultante de um conflito 
de interesses. 
O Judiciário, porém, como os demais Poderes do Estado, possui outras 
funções, denominadas atípicas, de natureza administrativa e legislativa. 
São de natureza administrativa, por exemplo, concessão de férias aos 
seus membros e serventuários; prover na forma prevista nessa Constituição, os 
cargos de juiz de carreira na respectiva jurisdição. 
São de natureza legislativa a edição de normas regimentais, pois 
compete ao Poder judiciário elaborar seus regimentos internos, com 
observância das normas de processo e das garantias processuais das partes, 
dispondo sobre a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos 
jurisdicionais e administrativos. 
 
Garantias do Poder Judiciário 
 
Autonomia funcional, administrativa e financeira do Poder Judiciário 
Com o advento da Constituição de 1988 houve um fortalecimento 
institucional até então desconhecido pelo Poder Judiciário no sistema 
constitucional brasileiro. Visando a assegurar sua independência e 
imparcialidade, foram-lhes conferidas garantias institucionais sob a forma de 
autonomias (art. 99, CF). 
A autonomia orgânico-administrativa está consagrada nas normas que 
tratam de suas competências, estrutura e funcionamento (CF, art. 96). 
A autonomia financeira se refere à possibilidade de elaboração e 
execução de seu orçamento, nos termos da Constituição (art. 99, §§ 1º a 5º). 
Em razão da autonomia financeira, os tribunais elaborarão suas próprias 
propostas orçamentárias, desde que dentro dos limites estipulados 
conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias. 
Desse modo, o Poder Judiciário, embora não disponha de orçamento próprio, 
tem assegurado constitucionalmente o direito de elaborar sua proposta 
orçamentária, com a participação ativa na fixação dos limites de gastos da lei 
de diretrizes orçamentárias. 
 
Modo de escolha dos dirigentes dos tribunais 
O art. 96, I, a, da Constituição Federal afirma competir aos Tribunais a 
eleição de seus órgãos diretivos. 
A eleição dos dirigentes dos Tribunais é função governativa, na medida 
em que tais dirigentes comandam um dos segmentos do Poder Público. Dessa 
forma, deve ser realizada pelos membros do Tribunal, sem ingerência do Poder 
Executivo ou Legislativo. 
Garantias dos membros (vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade 
de subsídios) 
Vitaliciedade: é adquirida, no primeiro grau, após dois anos de efetivo 
exercício (estágio probatório), só podendo ocorrer a perda do cargo, após este 
período, por sentença judicial transitada em julgado (art. 95, I). Antes da 
aquisição da vitaliciedade, a perda do cargo poderá ocorrer por deliberação do 
Tribunal. 
Inamovibilidade: assegura que os magistrados somente poderão ser 
removidos por iniciativa própria (e não de ofício, por iniciativa de qualquer 
autoridade), salvo por motivo de interesse público, mediante decisão adotada 
pelo voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional 
de Justiça, assegurada ampla defesa (CF, art. 95, II). A inamovibilidade não 
impede, ainda, que o magistrado seja removido por determinação do Conselho 
Nacional de Justiça, a título de sanção administrativa, assegurada ampla 
defesa (CF, art. 103- B, § 4º, III). 
Irredutibilidade de subsídios: assegurada aos magistrados, tem por escopo 
evitar que a sua atuação seja objeto de pressões, advindas de ameaças de 
redução de sua espécie remuneratória, garantindo-se, com isso, a dignidade e 
a independência necessárias ao pleno exercício de suas funções. 
 
Ingresso na carreira 
O ingresso na carreira da magistratura, cujo cargo inicial será o de juiz 
substituto, dar-se-á mediante a realização de concurso público de provas e 
títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as 
fases, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade 
jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação. 
Com o advento da emenda que implementou a “Reforma do Judiciário”, 
a Constituição passou a exigir para o ingresso na carreira da magistratura, o 
tempo mínimo de três anos. 
O tempo mínimo de atividade jurídica é exigido do bacharel em direito. 
Por essa razão, não pode ser considerada para esse fim atividade exercida 
antes da conclusão de curso superior, como estágios anteriores à colação de 
grau. 
 A definição de atividade jurídica abrange “tarefas exercidas com 
exclusividade por bacharéis em Direito e o exercício de cargos, empregos ou 
funções, inclusive de magistério superior, que exijam a utilização 
preponderante de conhecimento jurídico”. Admite-se ainda, “cursos de pós-
graduação na área jurídica reconhecidos pelas Escolas Nacionais de Formação 
e Aperfeiçoamento de Magistrados ou pelo ministério da Educação, desde que 
integralmente concluídos com aprovação” (Res. 11- CNJ, art. 3º). 
 Ler art. 93, I, II e III. 
 
 
Quinto constitucional da OAB e MP 
 
O art. 94 da CF de 1988 estabelece que um quinto (20%) dos lugares 
dos TRFs, dos Tribunais dos Estados e do Distrito Federal e Territórios será 
composto de membros do Ministério Público, com mais de 10 anos de carreira, 
e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de 
10 anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos 
órgãos de representação das respectivas classes. 
Muito embora o art. 94 só se refira explicitamente aos referidos tribunais, 
a “regra do quinto” está prevista, também, para os tribunais do trabalho e para 
o STJ. 
 
 
Organização do Poder Judiciário 
 
Art. 93 da CF. 
 
 
 
Supremo Tribunal Federal 
 
 
Composição 
 
O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze membros, nomeados 
pelo Presidente da República, após aprovação pela maioria absoluta do 
Senado Federal, dentre cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, 
com mais de trintae cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade. 
Como não existe regra predeterminada para o preenchimento das 
vagas, o Presidente da República é livre para escolher, desde que observados 
os requisitos constitucionais a seguir apontados, submetendo o nome à 
aprovação do Senado Federal. Caso haja a aprovação pela maioria absoluta 
do Senado Federal, o Presidente da República fará a nomeação. Com a 
nomeação, cabe ao Presidente do Tribunal dar a posse ao novo Ministro, 
momento em que ocorre a imediata aquisição da vitaliciedade. 
Note-se que, formalmente, a Constituição não impõe que os membros 
do STF sejam, obrigatoriamente, bacharéis em Direito, tampouco que seus 
membros sejam originários da magistratura, embora haja a exigência de 
notável saber jurídico. 
 
Competências 
 
As competências do Supremo Tribunal Federal estão enumeradas nos 
arts. 102 e 103 da CF, podendo ser divididas em competência originária 
(quando o STF processa e julga, originariamente, a matéria, em única 
instância) e competência recursal (quando o STF aprecia a matéria a ele 
chegada mediante recurso ordinário ou extraordinário). 
A competência originária está prevista no inciso I do art. 102 da 
Constituição. Esse rol de competências originárias estabelecido pela CF é 
exaustivo, não havendo possibilidade de o legislador ordinário estabelecer 
outras competências originárias para o STF. Assim, eventuais acréscimos a 
esse rol deverão ser formalizados, sempre, mediante a aprovação de emenda 
à Constituição. 
O STF também atua na via recursal, a qual aprecia as controvérsias a 
ele chegadas mediante recursos ordinários ou extraordinários. 
 
 
Súmulas vinculantes 
 
Por influência do Ministro do STF Victor Nunes Leal, instituiu-se a 
Súmula da Jurisprudência Predominante do Supremo Tribunal Federal, por 
intermédio de Emenda Regimental de 28-03-1963, aprovando-se em 13-12-
1963, os primeiros 370 enunciados. 
Para o Ministro citado a súmula atende a vários objetivos: “é um sistema 
oficial de referência dos precedentes judiciais, mediante a simples citação de 
um número convencional; distingue a jurisprudência firme da que se acha em 
vias de fixação; atribui à jurisprudência firme conseqüências processuais 
específicas para abreviar o julgamento dos casos que se repetem e exterminar 
as protelações deliberadas”. 
Razões pragmáticas, inspiradas no princípio da igualdade, aconselham 
que a jurisprudência tenha relativa estabilidade. Os pleitos iguais, dentro de um 
contexto social e histórico, não devem ter soluções diferentes. A opinião leiga 
não compreende a contrariedade dos julgados, nem o comércio jurídico a 
tolera, pelo natural anseio de segurança. 
Cabe alertar, contudo que referidas súmulas não tem caráter vinculante, 
mas simplesmente, persuasivo. 
Posteriormente, institui-se o STJ, instalado em 07-04-1989, com 
possibilidade de editar súmulas orientando o posicionamento do Tribunal em 
relação a determinados assuntos, sem, contudo, o caráter vinculante. 
Finalmente a EC 45 de 2004 introduziu no direito brasileiro a súmula 
vinculante que foi regulamentada pela Lei 11417 de 2006. 
 
Dispõe o art. 102 da Constituição Federal que: 
 
“As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo 
Tribunal Federal, nas ações diretas de 
inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de 
constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito 
vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder 
Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas 
esferas federal, estadual e municipal”. 
 
Portanto, o direito brasileiro consagra atualmente as seguintes 
modalidades de súmulas: 
 Súmula persuasiva: súmula sem vinculação, indicando simplesmente o 
entendimento pacificado do tribunal sobre a matéria. Atualmente todos 
os tribunais a estabelecem. O impacto, contudo, é meramente 
processual e indicativo. 
 Súmula impeditiva de recursos: Lei 11276 de 2006. 
 Súmula de repercussão geral: Lei 11418 de 2006; 
 Súmula vinculante: introduzida pela EC 45 de 2004- instrumento 
exclusivo do STF, o enunciado de súmula vinculante, uma vez editado, 
produz efeitos de vinculação para os demais órgãos do Poder Judiciário 
e para a administração pública. Assim, a vinculação repercute somente 
em relação ao Poder Executivo e aos demais órgãos do Poder 
Judiciário, não atingindo o Legislativo. 
 
O STF só editará súmula em relação a matérias e assuntos específicos e 
desde que sejam observados os requisitos do art. 2º, § 1º da Lei 11417 de 
2006: que o enunciado da súmula tenha por objeto a validade, a interpretação 
e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja, entre órgãos 
judiciários ou entre estes e a administração pública, controvérsia atual que 
acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos 
sobre idêntica questão. 
 
 
Conselho Nacional de Justiça 
 
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) é um órgão voltado à 
reformulação de quadros e meios no Judiciário, sobretudo no que diz respeito 
ao controle e à transparência administrativa e processual. Foi criado em 31 de 
dezembro de 2004 e instalado em 14 de junho de 2005. Trata-se de um órgão 
do Poder Judiciário com sede em Brasília/DF e atuação em todo o território 
nacional, que visa, mediante ações de planejamento, à coordenação, ao 
controle administrativo e ao aperfeiçoamento no serviço público da prestação 
da Justiça. 
Foi instituído em obediência ao determinado na Constituição Federal, 
nos termos do art. 103-B. É composto por quinze membros com mandato de 
dois anos, admitida uma recondução, sendo (EC nº 61, de 2009): 
 
• O Presidente do Supremo Tribunal Federal (redação dada pela EC nº 61, de 
2009) 
• Um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, que será o Corregedor Nacional 
de Justiça; 
• Um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho; 
• Um Desembargador de Tribunal de Justiça; 
• Um Juiz Estadual; 
• Um Juiz do Tribunal Regional Federal; 
• Um Juiz Federal; 
• Um Juiz de Tribunal Regional do Trabalho; 
• Um Juiz do trabalho; 
• Um Membro do Ministério Público da União; 
• Um Membro do Ministério Público Estadual; 
• Dois advogados; 
• Dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada. 
 
A presidência do Conselho Nacional de Justiça é ocupada pelo 
Presidente do Supremo Tribunal Federal, que é indicado pelos seus pares para 
exercer um mandato de dois anos. 
No caso de ausência e impedimento do presidente, o vice-presidente do 
Supremo Tribunal Federal o substitui. 
 
 
Observação! Mantenham-se atualizados pesquisando sempre os seguintes sites: 
 
www.cnj.jus.br 
www.stf.jus.br/ 
www.stj.gov.br/ 
www.tjmg.jus.br/ 
 
FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA 
 
 
MINISTÉRIO PÚBLICO 
 
Uma das características da prestação jurisdicional é a inércia. O Juiz 
não pode agir de ofício, em regra. Não existe processo sem autor⁄partes. 
O art. 5º, LIV da CF traz a previsão do devido processo legal, conjunto 
de regras que garantem ao cidadão um processo justo. A imparcialidade do 
magistrado é uma decorrência deste princípio e do princípio da isonomia das 
partes. 
Em virtude dessas regras garantidas aos cidadãos foram criadas 
instituições para que o magistrado fosse provocado, sendo estas os advogados 
e o Ministério Público (funções essenciais à justiça). 
Na verdade, essas são funções essenciais do próprio Estado, uma vez 
que este tem como objetivo uma sociedade justa (art. 3º, CF) e também atuam 
extrajudicialmente (Hugo Nigro Mazzili). 
 De acordo com a Constituição, o Ministério Público é uma instituição 
permanente, essencial à função jurisdicional doEstado, que tem como 
incumbência a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos 
interesses sociais e individuais indisponíveis (art. 127, CF). 
Introdução 
A Constituição de 1824 adotou a teoria de Benjamim Constant, não 
fazendo referência à instituição Ministério Público. Entretanto, o Código de 
Processo Criminal do Império (1832) fazia referência ao promotor de acusação. 
Em 1891, a Constituição posicionava o Ministério Público dentro do 
Poder Judiciário, sendo o Procurador Geral da República um dos Ministros do 
STF. A Lei 1030 de 1890 já havia institucionalizado o Ministério Público. 
A Constituição de 1934 tratava do MP no capítulo de Atividades de 
Cooperação Governamental. Assim, José Afonso da Silva entende que o MP 
estava localizado no Poder Executivo. 
Já a Constituição de 1937 não tratou o MP como instituição. Por outro 
lado, a Constituição de 1946 foi a mais democrática até então, tratando do MP 
como instituição independente dos três poderes. 
Na Constituição de 1967 o MP foi tratado dentro do Poder Judiciário. Já 
na de 1969, dentro do Poder Executivo. 
Por fim, na CF de 1988 foi adotada a teoria de Montesquieu. Assim, 
temos na Constituição atual três poderes formais. O Ministério Público é uma 
instituição extra-poder, exerce atribuições e possui garantias de poderes. 
As Constituições mais modernas, hodiernamente, não falam em 
poderes, mas sim em forças, pois o poder é uno. 
Existe, todavia quem entenda que o Ministério Público faz parte do 
Poder Executivo, levando-se em conta a natureza do ato praticado pelo MP 
(natureza administrativa). 
A posição do MP é que ele se trata de um extra-poder. 
Suas atribuições são de natureza executiva, ou administrativa, e ele se 
vincula (não se subordina) ao Poder Executivo, sendo dotado de autonomia em 
diversos níveis. 
Os membros do Ministério Público não são servidores públicos, não se 
encontram regidos pelo regime único, são classificados como agentes políticos 
por Hely Lopes Meirelles: possuem ampla liberdade funcional, prerrogativas 
próprias e garantias, que são insculpidas não apenas pelo texto constitucional 
como em lei especial (Lei n° 8.625, de 12.02.93). 
Hugo Mazzilli escreve que o Ministério Público é um órgão do 
Estado (e não do governo), dotado de especiais garantias, ao qual a 
Constituição e as leis cometem algumas funções ativas ou interventivas, 
em juízo e fora dele, para a defesa de interesses da coletividade, 
principalmente os indisponíveis e os de larga abrangência social. 
Ao defender a ordem jurídica, revela-se o Ministério Público como fiscal 
da lei, zelando pelo seu cumprimento e pelos interesses gerais da sociedade. 
No campo criminal, explica Hugo Mazzilli, ele tem liberdade de decidir e livre 
convencimento para pedir a absolvição do réu, porque ele não é um eterno 
acusador. No campo cível, pode o Ministério Público provocar o Poder 
Judiciário em várias ações, além, de intervir obrigatoriamente em outras. 
A defesa dos interesses individuais indisponíveis diz respeito aos 
casos em que ao Ministério Público é dado efetuar a proteção dos incapazes e 
suprir a inferioridade da parte, num processo judicial. A defesa dos interesses 
sociais indisponíveis relaciona-se com um interesse público, ou coletivo, a 
zelar, como em questões do meio ambiente. 
 
Princípios institucionais do MP 
 Art. 127, § 1º, CF. 
- da unidade; 
- da indivisibilidade; 
- da Independência funcional; 
- princípio do promotor natural (implícito na CF). 
Princípio da unidade: existência de um único Ministério Público, dentro de 
cada categoria. O membro do Ministério Público, no exercício de suas 
atribuições constitucionais, é o próprio MP (ele não representa o MP e sim 
apresenta). 
 Assim, temos um Ministério Público Federal e os Ministérios Públicos 
estaduais, cada qual sendo uma unidade, e atuando em diversas funções, 
embora todos exerçam o mesmo ofício. A divisão do Ministério Público em 
diversos órgãos é realizada tão-somente em nome de uma divisão e 
adequação de trabalho, mas a instituição é uma só. 
 
Princípio da indivisibilidade: a indivisibilidade é uma conseqüência da 
unidade, é a possibilidade de substituir um membro por outro, naturalmente, 
sem a necessidade de qualquer ato para fundamentar esta substituição. 
 O princípio da indivisibilidade, por sua vez, também contido no parágrafo 
I do art. 127, equivale a dizer que os membros do Ministério Público podem ser 
substituídos uns pelos outros (em caso de morte, de aposentadoria, remoção, 
promoção, etc), o que está presente em qualquer processo é o próprio 
Ministério Público e não aquele Promotor de Justiça específico, havendo assim 
impessoalidade. 
 É possível, no entanto o litisconsórcio entre MPE e MPF, de acordo com 
a lei de ACP, não obstante aquela substituição poder se dar apenas entre 
membros do mesmo ramo. 
Princípio da Independência Funcional: ausência de subordinação 
hierárquica entre os chefes dos MP’s e os demais membros, no exercício de 
suas atribuições constitucionais. Os membros dos MP’s só devem obediência à 
CF. 
Princípio do Promotor Natural: não é pacífico na doutrina a existência deste 
princípio. 
 Os que entendem a existência do princípio do promotor natural 
fundamentam que este está no art. 95, II, CF (inamovibilidade). No entanto, 
existe quem defenda que está no art. 5º, LIII (ninguém será processado nem 
sentenciado senão pela autoridade competente). 
 O princípio do promotor natural é uma garantia fundamental do cidadão. 
Garante a este o direito de não ser processado por promotor de encomenda e 
sim por promotor previamente estabelecido, antes da data do fato. 
 Esse princípio só pode ser mencionado no início da ação, não havendo 
sua incidência durante a fase de investigação. 
 
Garantias dos membros e vedações constitucionais 
 
* Art. 128, §5°, I e II 
=> vitaliciedade, somente podendo perder seu cargo em virtude de sentença 
judiciária, jamais por mera decisão administrativa, exceto para os que ainda 
não a adquiriram por estarem a menos de dois anos de exercício; 
 
=> a inamovibilidade, ou impossibilidade de ser removido compulsoriamente de 
seu cargo, exceto se for por motivo de interesse público, mediante decisão do 
colegiado competente, assegurada ampla defesa. 
 
=> E a irredutibilidade de vencimentos, observando-se que não poderão ser 
superiores aos de Ministros de Estado (art. 37. XI, CFB) e sujeitos à tributação. 
Contidas no parágrafo 5º, II. do art. 128, as vedações são garantias de 
imparcialidade do Ministério Público, como quer José Afonso da Silva. São 
elas: 
 
=> a proibição de receber honorários, custas processuais e percentagens, a 
qualquer título; 
 
=> o exercício da advocacia, sem exceção de qualquer espécie, já que 
exercendo-a poderia o membro do Ministério Público desviar-se da 
imparcialidade requerida para sua função. 
=> participação em sociedade comercial, exceto como acionista ou quotista, 
não se proibindo ao membro do Ministério Público, por exemplo, de ter ações 
numa sociedade anônima; o que se proíbe é que o Promotor de Justiça dirija 
uma sociedade comercial ou administre uma empresa industrial; 
 
=> acumulação de outro cargo ou função, salvo uma de magistério, que pode 
ser em qualquer grau de ensino. 
 
Estrutura 
Conforme dispõe o art. 128 da CF, o Ministério Público abrange: 
 Ministério Público da União 
- MP Federal 
- MP do trabalho 
- MP Militar 
- MP do DF e Territórios 
 
 MP Estaduais 
 
Repare-se que não há Ministério Público Eleitoral, enquanto instituição, 
porque apenas existem funções eleitorais do Ministério Público, exercidaspor 
um promotor eleitoral assim designado, perante a Justiça Eleitoral. 
O chefe do MPU é o Procurador Geral da República, escolhido pelo 
Presidente da República dentre os membros do MPU com mais de 35 anos. Na 
verdade, entende-se que só os membros do MPF poderão ser PGR’s, pois os 
demais ramos do MP são específicos, e a competência da matéria no STF é 
abrangente. 
O PGR exerce o mandato de 02 anos, permitidas tantas reconduções 
que o Presidente da República entender. A cada recondução deve haver uma 
aprovação do Senado, por maioria absoluta. Na verdade, trata-se de 
investidura a prazo certo. 
O PGR não pode ser admitido “ad nutum”, só podendo sê-lo por 
aprovação do Senado, por maioria absoluta. 
O PGR também é chefe do MPF. Os demais ramos do MPU são 
chefiados por Procuradores Gerais, escolhido pelo PGR, de uma lista com três 
nomes, indicados pelos membros das respectivas categorias, com mandato de 
02 anos, permitida uma recondução apenas. Todavia, o PG do MPDFT tem os 
nomes indicados pelos seus respectivos membros e são escolhidos pelo 
Presidente da República e não pelo PGR. 
Chamamos a atenção para o importante papel do Procurador-Geral da 
República no controle da constitucionalidade das leis brasileiras. 
O Ministério Público estadual é exercido pelo Procurador-Geral de 
Justiça, seu Chefe, pelos Procuradores de Justiça e pelos Promotores de 
Justiça. 
Os MPE’s são regulamentados pela Lei 8625 de 93 e as LC’s próprias. 
O Promotor de Justiça oficia, em regra, perante o juiz de direito, e o 
Procurador de Justiça, perante o TJ. O PGJ é escolhido entre estes para 
exercer mandato de 02 anos, permitida uma recondução, através também de 
uma lista com três nomes, cabendo a escolha ao Governador do Estado. Não 
será necessária a aprovação do nome do PGJ pela Assembléia Legislativa, 
aliás, isso já foi julgado inconstitucional pelo STF. 
O art. 130 da CF traz o MP junto ao Tribunal de Contas da União. O STF 
afirma que este é um ramo diverso dos demais. É um MP especializado, junto 
ao TC, não fazendo parte nem do MPU nem dos MPE’s. 
 
Atribuições do Ministério Público 
O art. 129 da CF traz um rol meramente exemplificativo de atribuições. 
Além dessas, existem outras, que devem estar previstas em lei federal e 
estadual. Lei municipal não pode ofertar atribuição ao MP. 
No exercício de suas funções institucionais, arroladas no art. 129, 
podemos notar que ora o Ministério Público age como agente (é titular de ação 
penal e da ação civil pública, promove o inquérito civil e ação civil pública para 
a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros 
interesses difusos), ora age como interveniente (em processos em que deve 
atuar como fiscal da lei). 
A atuação do MP se faz como órgão agente e como órgão interveniente, 
como fiscal da CF. 
O MP como órgão agente exerce sua capacidade postulatória, na defesa 
da vida, liberdade, igualdade, propriedade e segurança. 
Como órgão interveniente, o MP intervém nas situações previstas na CF 
e na lei, atuando como parte (Ex.: at. 81 e 82 do CPC). 
 
Conselho Nacional do Ministério Público 
 
Ao CNMP compete o controle da atuação administrativa e financeira do 
MP e do cumprimento dos deveres funcionais de seus membros. 
O Conselho Nacional do MP compõe-se de 14 membros nomeados pelo 
Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta 
do Senado Federal. 
Ver art. 130-A da CF. 
 
ADVOCACIA PÚBLICA 
A Advocacia-Geral da União representa judicial e extrajudicialmente, a 
União, aqui englobando seus diversos órgãos, nos três Poderes da República, 
e não só o Poder Executivo. 
Cabe-lhe, conforme disciplina a lei comum, exercer a consultoria e o 
assessoramento jurídico do Poder Executivo. 
É de ressaltar que ao Ministério Público é vedado exercer as funções da 
Advocacia-Geral da União, porque o inciso IX do art. 129 da lei Maior lhe 
proíbe a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas. 
Outrossim, devemos constatar que o parágrafo 2° do art. 29 dos Atos das 
Disposições Constitucionais Transitórias conferiu aos Procuradores da 
República, à época da promulgação da Constituição Federal, a prerrogativa de 
optar entre a carreira do Ministério Público Federal e a Advocacia-Geral da 
União 
A chefia do órgão em estudo é exercida pelo Advogado-Geral da União, 
e a competência para sua nomeação cabe ao Presidente da República, como 
se lê no parágrafo 1º do art. 131, e deverá ser feita dentre bacharéis de notável 
saber jurídico e de reputação ilibada. Não há mandato constitucionalmente 
determinado para o exercício do cargo, e como ele é de livre nomeação pelo 
Chefe do Executivo, podemos supor que será, também, exonerável ad nutum, 
isto é, livremente, pois trata-se de um cargo da confiança presidencial. 
O ingresso na carreira da Advocacia-Geral da União é feito através de 
concurso público de provas e títulos, com fulcro no parágrafo 2º do art, 131. 
 
Ver artigos 131 e seguintes da CF. 
 
 
ADVOCACIA 
Advogado é o bacharel em Direito, devidamente habilitado mediante 
inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil. A Constituição de 1988, em seu 
art. 133, veio a considerar o advogado, ao lado da magistratura e do Ministério 
Público, como indispensável para a administração da justiça, sendo inviolável 
por seus atos e manifestações do advogado, quando vinculado ao exercício de 
sua profissão, não pode ser restrito por ação de autoridade. 
Juiz, Promotor de Justiça e Advogado encontram-se em posição de 
igualdade e devem respeito uns aos outros. 
Devemos, contudo, lembrar algumas exceções à indispensabilidade de 
advogado: casos de Justiça do Trabalho, do habeas corpus, e casos cíveis dos 
Juizados Especiais, de até vinte salários mínimos, independem de advogado. 
A Constituição de 1988 denominada "Cidadã", garante a todos o acesso 
ao Poder Judiciário, garantindo-se que ninguém será processado nem 
sentenciado senão pela autoridade competente e que ninguém será privado da 
liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal (art. 5°, LVII e LIV"). 
Por tal razão, determina a Lei Fundamental, ainda em seu art. 5º, LXXIV, que o 
Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem 
insuficiência de recursos 
O art. 133 da CF traz duas regras especiais aplicáveis aos advogados, 
no desempenho de suas funções: (a) o princípio da indispensabilidade do 
advogado; (b) a imunidade do advogado. 
O princípio da indispensabilidade da intervenção exige a subscrição de 
advogado habilitado profissionalmente, mediante inscrição na Ordem dos 
Advogados do Brasil- OAB, para a postulação em juízo. Essa exigência, porém, 
não é absoluta, pois a lei poderá, em situações excepcionais, afastar a 
obrigatoriedade de assistência advocatícia, como ocorre, por exemplo, no caso 
de impetração de habeas corpus e na revisão criminal. 
A garantia da imunidade do advogado lhe assegura a inviolabilidade por 
seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei. Não se 
trata de privilégio do profissional em si, mas sim garantia ao exercício da 
profissão e, também, representa importante garantia para o próprio cliente, que 
muitas vezes confia ao seu advogado documentos e testemunhos que 
necessitam de proteção e sigilo perante terceiros. 
 
DEFENSORIA PÚBLICA 
Conseqüentemente, o art. 134 preceitua que a Defensoria Pública é 
instituição essencial à função jurisdicional do Estado, e a ela incumbe a 
orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados, ou seja, 
daqueles que não puderem arcar com custas processuais e honorários 
advocatícios. 
O acessoà Defensoria Pública dá-se por concurso público de provas e 
títulos. O Defensor Público possui a garantia da inamovibilidade e não poderá 
exercer a advocacia fora das suas atribuições legais de Defensor Público. 
Acentue-se que nas Comarcas onde não existir Defensoria Pública, o 
Juiz nomeará advogado, que será pago pelo Estado. 
A EC 45 de 2004 trouxe regra de fortalecimento da autonomia das 
Defensorias Públicas estaduais, assegurando-lhes autonomia funcional e 
administrativa e a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limites 
estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias. Essa ampliação da autonomia 
administrativa e orçamentária, porém, só foi conferida às Defensorias Públicas 
estaduais, não alcançando a Defensoria Pública da União e do Distrito Federal 
e Territórios. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
Bonavides, Paulo. Curso de Direito Constitucional 
Carvalho, Kildare Gonçalves. Direito Constitucional 
Lenza, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado 
Mendes, Gilmar Ferreira. Curso de Direito Constitucional 
Moraes, Alexandre. Direito Constitucional 
Silva, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo

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