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Programa Especial de Formação Pedagógica R2 Conforme Resolução 2 de 01 de Julho de 2015 CNE 1 Alessandra dos Santos Ribeiro João Hulek Márcia Regina Wolfart Libras Curitiba - PR 2017 Programa Especial de Formação Pedagógica R2 Conforme Resolução 2 de 01 de Julho de 2015 CNE 2 Alessandra dos Santos Ribeiro João Hulek Márcia Regina Wolfart Libras Curitiba - PR 2017 Trabalho final apresentado à disciplina de Libras, como exigência parcial para a obtenção do curso de Programa Especial de Formação Pedagógica R2 – Turma 104, sob a supervisão do Professor Roberto de Souza Pólo: Curitiba, PR Programa Especial de Formação Pedagógica R2 Conforme Resolução 2 de 01 de Julho de 2015 CNE 3 SUMÁRIO 1. Introdução: Libras e a Inclusão Social dos Surdos ............................... 04 2. Breve histórico da educação dos surdos................................................ 06 3 Quem são os surdos e o que é surdez?................................................... 09 4 Modelos educacionais da educação de surdos....................................... 09 4.1 Oralismo.......................................................................................... 09 4.2 Comunicação total........................................................................... 10 4.3 Bilinguismo...................................................................................... 10 4.4 Pedagogia surda............................................................................. 10 5. O que é LIBRAS?....................................................................................... 11 5.1 Lei de Libras.................................................................................... 11 5.2 Parâmetros da Língua dos Sinais................................................... 13 5.2.1 Configuração das mãos......................................................... 13 5.2.2 Ponto de articulação.............................................................. 14 5.2.3 Expressão facial e/ou corporal.............................................. 14 5.2.4 Movimento............................................................................. 15 5.3 Dicionário da Língua Brasileira de Sinais........................................ 16 5.3.1 Alfabeto Manual....................................................................... 16 5.3.2 Numerais................................................................................. 17 6. Conclusão................................................................................................... 18 7. Referências Bibliográficas....................................................................... 19 Programa Especial de Formação Pedagógica R2 Conforme Resolução 2 de 01 de Julho de 2015 CNE 4 1. Introdução: Libras e Inclusão Social dos Surdos Através do processo pedagógico, a escola, além de transmitir valores morais e éticos, transmite aos alunos os conhecimentos necessários para desenvolver suas habilidades, tendo como principal objetivo formar cidadãos aptos para viver em sociedade, exercer a cidadania de forma atuante, ter pensamento crítico e transformador (Vasconcelos, 2007). No processo de ensino- aprendizagem de um escola muitos obstáculos devem ser superados para atingir um aprendizado satisfatório, as dificuldades ocorrem principalmente pela diversidade de personalidade dos alunos, pela dificuldade de aprendizado e pela influência da educação recebida dos pais, entre outros (Córdula, 2013). A presença de alunos deficientes auditivos, também chamados de surdos, na sala de aula é um dos grandes obstáculos no processo de ensino-aprendizagem e deve ser superado tanto pelo professor quanto pelo aluno. A realidade é que o professor está preparado para trabalhar com crianças ouvintes, pois a maioria do material didático e do ambiente de ensino na escola é desenvolvido e escolhido para receber alunos que ouvem e falam (Nascimento & Felgar, 2014). A inserção do deficiente auditivo na sociedade, por meio das escolas às vezes não significa que ele esteja incluído socialmente. O fato da maioria das pessoas não terem o conhecimento da língua falada pelos surdos e deficientes auditivos, que é a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), impossibilita uma comunicação adequada com os alunos deficientes auditivos. Muitas pessoas não sabem como agir diante de alguém surdo ou com deficiência auditiva, retraindo-se e não mantendo um vínculo comunicativo com estes. De acordo com Silva et al. (2008), a Língua Brasileira de Sinais, a qual deveria ser utilizada como segunda língua nas escolas e universidades, está ganhando espaço na sociedade devido aos esforços de movimentos dos surdos na luta por seus direitos. A LIBRAS possibilita tanto a comunicação dos surdos quanto a sua efetiva participação na sociedade (Silva et al., 2008) e o conhecimento da LIBRAS é fundamental. Quadros (1997) salienta: Programa Especial de Formação Pedagógica R2 Conforme Resolução 2 de 01 de Julho de 2015 CNE 5 A voz dos surdos são as mãos e os corpos que pensam, sonham e expressam. As línguas de sinais envolvem movimentos que podem parecer sem sentido para muitos, mas que significam a possibilidade de organizar as ideias, estruturar o pensamento e manifestar o significado da vida para os surdos. Pensar sobre a surdez requer penetrar no mundo dos surdos e ouvir as mãos que, com alguns movimentos, nos dizem que para tornar possível o contato entre os mundos envolvidos se faz necessário conhecer a língua de sinais (Quadros, 1997). A mesma opinião é compartilhada por Barbosa (2011) onde o mesmo diz que para que a inclusão social dos surdos seja efetiva é necessário difundir a Língua Brasileira de Sinais, a cultura, as histórias e a concepção de mundo dos surdos. Neste sentido, o presente trabalho trás uma abordagem ampla sobre o histórico da educação dos surdos e sobre a Língua Brasileira de Sinais, com o objetivo de salientar a importância deste conteúdo para o processo de ensino e aprendizagem dos alunos do presente curso, bem como para expor aos colegas alguns dos futuros desafios a serem enfrentados na profissão de professor- educador. Programa Especial de Formação Pedagógica R2 Conforme Resolução 2 de 01 de Julho de 2015 CNE 6 2. Breve histórico da educação dos surdos Durante mais de cem anos, a educação de crianças surdas teve como fundamento essencial a aquisição da linguagem oral como requisito principal para sua integração na sociedade. A utilização exclusiva da linguagem oral para a compreensão e a expressão foi considerada como o princípio fundamental para o aprendizado linguístico e cognitivo do aluno surdo e para a sua inclusão no ambiente social (Goldfeld, 1997). O contexto histórico da educação de surdos é cheio de controvérsias. Por séculos, os surdos não eram reconhecidos como humanos e sim como seres inferiores (Barbosa, 2011). Na sociedade antiga quando as crianças nasciam com “defeitos” eram sacrificados ou, no caso das crianças surdas, como seu “defeito” era descoberto tardiamente, elas eram excluídas, isoladas em local à parte para não viverem em sociedade com as pessoas ditas “perfeitas” (Vasco, 2010). Eram rejeitados em espaços sociais, não tinham direito à herança e não podiam se casar. Sofreram muito por não terem direitos como os outros humanos (Barbosa,2011). Com o sistema feudal os surdos passaram a ter mais atenção da igreja que se preocupava em saber por que tais pessoas não vinham se confessar até descobrirem que tais pessoas não apresentavam uma língua estruturada capaz de traduzir seu pensamento. O primeiro livro sobre a educação de surdos, chamado Reduccion de las letras y artes para enseñar a hablar a los mudos foi publicado em 1620 por Bonet e se fundamentava no aprendizado alfabeto manual inventado por Ponce de Léon (Goldfeld, 1997). Neste livro Bonet salienta a necessidade de orientação e prevenção precoce para que as crianças fossem alfabetizadas de acordo com o alfabeto manual desde pequenas, sendo ensinadas por adultos, os quais possuíam a capacidade de aprender este alfabeto e ensiná-lo (Goldfeld 1997; Barbosa, 2011). Em 1775, L’Epée fundou a primeira escola pública para o ensino de surdos em Paris, onde os professores e alunos utilizavam sinais para se comunicar e Programa Especial de Formação Pedagógica R2 Conforme Resolução 2 de 01 de Julho de 2015 CNE 7 seus trabalhos eram divulgados em reuniões periódicas com o intuito de discutir resultados. Em 1776 L’Epée publicou um livro para relatar suas técnicas (Lacerda, 1998). Em 1960, o linguista Willian Stokoe provou, a partir de um trabalho publicado nos Estados Unidos, que as línguas de sinais são naturais com todas as suas propriedades. A partir deste momento originou-se o pensamento sobre a questão da surdez dando origem à filosofia da comunicação total e, mais tarde, ao bilinguismo. Na educação bilíngue o português é considerado para a língua de sinais a segunda língua. A partir da aquisição desta premissa pelas propostas educacionais, culturais e sociais, assume-se que novas mudanças pedagógicas devem ocorrer para representar os surdos e a surdez (Alpendre, 2008). O ano de 1880 foi marcado pelo Congresso Internacional de Professores de Surdos que ocorreu em Milão, Itália, para discutir e avaliar a importância de três métodos de ensino a deficientes auditivos: língua de sinais, oralista e mista (língua de sinais e oral). Este foi o evento que teve maior impacto na educação de povos surdos. Vários temas foram abordados como: vantagens e desvantagens do internato, tempo de instrução, número de alunos por classe, trabalhos mais apropriados aos surdos, entre outros. Porém, as atenções voltaram-se para o oralismo e a língua de sinais (Borne, 2002). A partir do século passado pesquisadores começaram a dar mais atenção à língua de sinais dentro das comunidades de deficientes auditivos nos espaços escolares (Barbosa, 2011). Foram anos de luta para que a língua de sinais fosse efetivamente reconhecida (Barbosa, 2011). No Brasil, a primeira lei que viabilizou o uso da Língua Brasileira de Sinais como a primeira língua dos surdos, ou seja, a LIBRAS é reconhecida como Língua, foi assinada em 2002 pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. Trata-se da Lei n◦ 10.436, de 24 de abril de 2002. Hoje, o bilinguismo é a forma mais usual nos espaços socioeducacionais, conforme Quadros (1997): O bilinguismo é uma proposta de ensino usada por escolas que se propõe a tornar acessível à criança as duas línguas no contexto escolar. Os estudos têm apontado para essa proposta como sendo mais adequada para o ensino de crianças surdas, tendo em vista que Programa Especial de Formação Pedagógica R2 Conforme Resolução 2 de 01 de Julho de 2015 CNE 8 considera a língua de sinais como língua natural e parte desse pressuposto para o ensino da língua escrita (Quadros, 1997). Apesar das dificuldades, os dias de hoje são marcados pelo bilinguismo no ambiente escolar, pelo fortalecimento do professor surdo, pela existência da LIBRAS no currículo acadêmico, pela inclusão e necessidade de interpretes qualificados. A inclusão é um processo amplo com dimensões ideológicas, sociais, culturais, políticas e econômicas que necessita da interação entre as pessoas. Se não há interação, não há inclusão (Rosa, 2011). Programa Especial de Formação Pedagógica R2 Conforme Resolução 2 de 01 de Julho de 2015 CNE 9 3. Quem são os surdos e o que é surdez? De acordo com Strobel (2008), quando nos referimos a povo surdo, estamos nos referindo às pessoas surdas que não vivem no mesmo ambiente, mas que estão ligados por origem e por um código ético de formação visual, independente do seu nível de evolução linguística. Surdo é a pessoa portadora de surdez e, por isso, apresenta cultura, linguagem e história distintas. Já a surdez, é entendida como uma “deficiência” em comparação à populaçao “ouvinte”, isso deixa os sujeitos surdos em desvantagem em relação à maior parte da comunidade (Skliar, 1998). Conforme Behares (2000 apud Sá, 2002), o conceito de surdez sofre mudanças e modifica-se ao longo da história. Atualmente a expressão “deficiente auditivo” é utilizada no contexto clínico- terapêutico e o termo “surdo” está mais associado ao marco sócio-cultural da surdez. (Alpendre, 2008). 4. Modelos educacionais da educação de surdos A seguir são descritos os cinco principais modelos educacionais na educação de surdos que estão presentes, seja em maior ou menor intensidade, nas escolas para surdos que são: (1) o Oralismo, (2) a Comunicação Total, (3) o Bilinguismo, (4) a Pedagogia do Surdo e (5) o Processo Intercultural, de acordo com Perlin & Strobel (2006). 4.1 Oralismo A modalidade oralista ganhou força a partir da segunda metade do século XIX, quando a língua de sinais foi banida pois acreditava-se que ela atrapalhava o desenvolvimento da oralização pelo surdo. É um recurso dentro das metodologias orais que utiliza o treinamento da fala e a leitura labial (Perlin & Strobel, 2006). As três técnicas mais utilizadas no oralismo são o treinamento auditivo, o desenvolvimento da fala e a leitura labial (Dorziat, 2006). De acordo com Goldfeld Programa Especial de Formação Pedagógica R2 Conforme Resolução 2 de 01 de Julho de 2015 CNE 10 (1997) o oralismo entende a surdez como uma deficiência que deve ser minimizada através da estimulação auditiva, para isso a criança deve ser integrada à comunidade dando-lhe condições de desenvolver a língua oral. 4.2 Comunicação Total A Comunicação total foi criada após o fracasso do Oralismo puro e inclui todo o espectro dos modos lingüísticos: gestos criados pelas crianças, língua de 15 sinais, fala, leitura oro-facial, alfabeto manual, leitura e escrita. Incorpora o desenvolvimento de quaisquer restos de audição para a melhoria das habilidades de fala ou de leitura oro-facial, através de uso constante de aparelhos auditivos individuais e/ou sistemas de alta fidelidade para amplificação em grupo (Freeman, Carbin, Boese, 1999 apud Perlin & Strobel, 2006). 4.3 Bilinguismo A modalidade Bilíngüe considera a língua de sinais como primeira língua dos surdos e a partir daí passa o ensino da segunda língua que é o português na modalidade escrita ou oral. O Bilinguismo entende que o surdo deve ser bilíngue, ou seja, deve adquirir como língua materna a língua de sinais, considerada natural dos surdos e, como segunda língua a língua oficial de seu país. O surdo não precisa ter uma vida semelhante ao ouvinte podendo assumir sua surdez (Goldfeld, 1997). 4.4 Pedagogia surda É uma metodologia que atende de forma satisfatória as especificidades do surdo mostrando um novo caminho para sua educação, por considerar todos os seus aspectos culturais. Este método requer a presença do professor surdo em salas regulares de ensino, bem como nas escolasespeciais e em centros de atendimento especializados, em tempo integral. As aulas devem ser ministradas Programa Especial de Formação Pedagógica R2 Conforme Resolução 2 de 01 de Julho de 2015 CNE 11 em libras por professores surdos desde a educação infantil. (Perlin & Strobel, 2006). A pedagogia surda é a modalidade da diferença, a qual se refere às diferenças culturais entre os vários grupos sociais que formam nossa sociedade. Na pedagogia surda a educação ocorre quando o surdo é colocado em contato com sua diferença. Assim ele pode construir, a partir de si mesmo, seu próprio sujeito (sua subjetividade), atingindo sua identidade frente à diferença cultural. É uma modalidade muito apoiada pela comunidade surda que busca a constituição da subjetividade ao jeito surdo de ser (Kalatai & Streiechen, 2012; Perlin & Strobel, 2006). 5. O que é LIBRAS? LIBRAS é a Língua Brasileira de Sinais, a qual tem se destacado devido a luta da comunidade surda pelo seu processo de inclusão na rede regular de ensino (Kalatai & Streiechen, 2012). De acordo com Fernandes (2002), A LIBRAS é uma língua natural organizada em todos os níveis gramaticais e possui o mesmo objetivo das línguas orais. É identificada como uma língua de modalidade gestual-visual-espacial por ser compreendida através da visualização e por ser produzida a partir de recursos gestuais e espaciais, diferente da linguagem oral onde utilizamos a fala. 5.1 Lei de Libras A corrente fundamentação da legislação que trata da educação dos surdos passou por um extenso caminho e, ao longo dos anos ocorreram adaptações. A língua de sinais e a cultura surda tornaram-se cada vez mais conhecidas e a legislação sofreu ampliações. Em 1961 a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional já apresentava dois artigos válidos, 88 e 89, os quais tratavam da educação dos excepcionais lhes garantindo o direito à educação através do comprometimento do governo em ajudar organizações não- Programa Especial de Formação Pedagógica R2 Conforme Resolução 2 de 01 de Julho de 2015 CNE 12 governamentais a oferecerem serviços de educação aos excepcionais, entre os quais, os surdos (Perlin, Strobel, 2006). Artigos presentes na constituição brasileira de 1967 garantem aos surdos o direito de receber a educação apropriada. A constituição atual (1988) assegura o direito à diferença cultural e a educação diferenciada, contando no artigo 215 a responsabilidade do estado em garantir o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, apoiando e incentivando a valorização e difusão das manifestações culturais (Perlin, Strobel, 2006). Mais tarde, em 1973, o trabalho de educação dos surdos que era delegado às ONGS passou a ser responsabilidade do Centro Nacional de Educação Especial criando neste ano. E, em 1996 a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional confirmou à Constituição Brasileira a educação de surdos, trazendo novidades com melhores perspectivas para a educação dos surdos. A nova LDB tem algumas inovações que permitem indicar melhor perspectivas governamentais e legislativas para a educação de surdos. Nesta há um capítulo dedicado à inclusão, bem como as escolas de surdos. Mais importante contribuição trouxe o decreto governamental 5.626 de 22 de dezembro de 2005 que institui o ensino aos surdos na língua de sinais. A lei de Libras foi regulamentada através da Lei 10.436/2002, que em seu artigo 2◦ enfatiza que é dever do poder público e empresas concessionárias de serviços públicos possuir formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil (BRASIL, 2002). A mais importante contribuição foi trazida através do decreto 5626 de 22 de dezembro de 2005, o qual regulamenta a Lei de Libras, cita no 3◦ Artigo a inserção da LIBRAS como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério em nível médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema Federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (BRASIL, 2005). Programa Especial de Formação Pedagógica R2 Conforme Resolução 2 de 01 de Julho de 2015 CNE 13 Muitas universidades têm disponibilizado a disciplina de Libras em todos os cursos de licenciatura e bacharelado tentando desta maneira, tornar a Libras conhecida pelos professores, especialistas e intérpretes, tornando-a não mais uma língua exclusivamente dos surdos, o qual sempre foi o foco da comunidade surda: a difusão da Libras (Kalatai & Streiechen, 2012). Ao utilizar a Libras, o indivíduo possui um elemento intermediador entre o surdo e o meio social onde vive possibilitando aos surdos, demostrarem suas habilidades de interpretação do mundo e construir estruturas mentais mais elaboradas (Skliar, 2006). 5.2 Parâmetros da Língua dos Sinais A Língua Brasileira de Sinais se formou a partir da Língua Francesa de Sinais, trazida ao Brasil por Huet, primeiro surdo alfabetizado e professor que teve sua formação no Instituto de Paris. Ou seja, a Libras não foi influenciada por uma língua oral-auditiva, mas sim, espaço-visual. Assim como as línguas orais apresentam gramáticas, a Libras possui parâmetros, sendo eles (Honora et al., 2009): 5.2.1 Configuração das mãos: as formas das mãos fazem parte da datilogia ou não. Na maioria das vezes utiliza-se a mão direita (pelos destros) e a mão esquerda (pelos canhotos) ou as duas mãos dependendo do sinal (Honora et al., 2009): Fig.1: Figura mostrando a configuração das mãos. Fonte: <http://guharteinclusao.blogspot.com.br/2012/01/os-cinco-parametros-da- lingua-de-sinais.html> Programa Especial de Formação Pedagógica R2 Conforme Resolução 2 de 01 de Julho de 2015 CNE 14 5.2.2 Ponto de articulação: é onde a mão configurada toca, podendo ser uma parte do corpo ou local neutro (horizontal ou vertical) (Honora et al., 2009): Fig.2: Figura mostrando postos de articulação: em espaço neutro e na testa. Fonte: <http://guharteinclusao.blogspot.com.br/2012/01/os-cinco-parametros-da- lingua-de-sinais.html> 5.2.3 Expressão facial e/ou corporal: fundamental para o entendimento do sinal que representa a língua oral (entonação da voz) (Honora et al., 2009). Fig.3: Figura mostrando algumas das diferentes expressões faciais/ ou corporais. Fonte: <http://guharteinclusao.blogspot.com.br/2012/01/os-cinco-parametros-da- lingua-de-sinais.html> Programa Especial de Formação Pedagógica R2 Conforme Resolução 2 de 01 de Julho de 2015 CNE 15 5.2.4 Movimento: envolve várias quantidades de formas e direções Fig.4: Figura mostrando tipos de movimentos. Fonte: <http://guharteinclusao.blogspot.com.br/2012/01/os-cinco-parametros-da- lingua-de-sinais.html> 5.2.5 Orientação/direção: representam a direção ou orientação em relação aos parâmetros acima. Fig.5: Figura mostrando orientações. Fonte: <http://guharteinclusao.blogspot.com.br/2012/01/os-cinco-parametros-da- lingua-de-sinais.html> Programa Especial de Formação Pedagógica R2 Conforme Resolução 2 de 01 de Julho de 2015 CNE 16 5.3 Dicionário da Língua Brasileira de SinaisOs dicionários de línguas de sinais são fabricados geralmente por surdos ou por instituições de ensino que capacitam profissionais na língua de sinais ou por iniciativas privadas. Atualmente existem inúmeros tipos de dicionários de línguas de sinais impressos ou digitais. Dicionários impressos trazem fotos, descrições dos sinais, escrita dos sinais, ilustrações e tradução para a língua oral. Já os dicionários digitais mostram os sinais representados por filmagens, contendo descrição e definição e é possível realizar a pesquisa por ordem alfabética do português ou pela configuração de mão (Cardoso, 2017). 5.3.1Alfabeto Manual O Alfabeto manual ou Datilogia em Libras é a primeira coisa a ser ensinada e aprendida. É utilizado para escrever “no ar” sendo produzido por diferentes formatos das mãos que representam letras do alfabeto escrito (escrita de sinais, 2017). Fig. 6: Alfabeto manual. Fonte: <https://escritadesinais.wordpress.com/2010/09/07/alfabeto-manual-ou- datilologia/> Programa Especial de Formação Pedagógica R2 Conforme Resolução 2 de 01 de Julho de 2015 CNE 17 5.3.2 Numerais: O Alfabeto numérico é utilizado para escrever “no ar”, através de diferentes formatos das mãos, representando os números. Fig. 7 Alfabeto numérico Fonte: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAA9skAJ/libras-alfabeto-numeros> Programa Especial de Formação Pedagógica R2 Conforme Resolução 2 de 01 de Julho de 2015 CNE 18 6. Conclusão Este trabalho apresentou um panorama sobre a Língua Brasileira de Sinais e a inclusão social dos surdos, bem como um breve histórico da educação dos surdos, modelos educacionais, aspectos sobre a Lei de Libras, parâmetros de linguagem e dicionários utilizados. O estudo e pesquisa sobre a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS nos proporcionou um conhecimento mais aprofundado sobre o grande desafio enfrentado pelas escolas, professores, alunos e pais de alunos surdos para que ocorra a inclusão social dos deficientes auditivos, de uma maneira que seja possível seu aprendizado eficiente, como aluno e como cidadão. O histórico sobre a educação dos surdos mostrou que, apesar de lenta e a passos curtos, as mudanças para inclusão dos surdos vêm ocorrendo e cada vez mais são solicitados profissionais especializados para permitir a comunicação entre os ouvintes e não ouvintes em escolas e universidades. A presença de uma lei que garante a educação e inclusão dos surdos, respeitando sua cultura, os impulsiona para frente, em luta de seus direitos e conquistas e tornando-os parte importante da sociedade. Este trabalho trouxe um tema muito pertinente para a formação pedagógica, tendo em vista que em nosso futuro profissional é muito provável que tenhamos alunos surdos e assim, poderemos saber quais ferramentas podem ser utilizadas para sua educação e como podemos contribuir no processo de ensino- aprendizagem. Programa Especial de Formação Pedagógica R2 Conforme Resolução 2 de 01 de Julho de 2015 CNE 19 7. Referências Bibliográficas BARBOSA, L.R.S. A Língua Brasileira de Sinais como inclusão social dos surdos no sistema educacional. 2011. Disponível em: <file:///C:/Users/User/Downloads/21216-89176-1-SM.pdf>. Acesso em: 14/07/ 2017. BRASIL, Lei nº10.436. Presidência da República, Casa Civil – Brasília, 2002. Disponível em: <http:www.leidireto.com.br/lei-10436.html>. Acesso em 26/07/2017. 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