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Programa Especial de Formação Pedagógica R2 
Conforme Resolução 2 de 01 de Julho de 2015 CNE 
 
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Alessandra dos Santos Ribeiro 
João Hulek 
Márcia Regina Wolfart 
 
 
 
 
Libras 
 
 
 
 
 
 
 
Curitiba - PR 
2017 
 
Programa Especial de Formação Pedagógica R2 
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Alessandra dos Santos Ribeiro 
João Hulek 
Márcia Regina Wolfart 
 
 
 
 
Libras 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curitiba - PR 
2017 
Trabalho final apresentado à disciplina de 
Libras, como exigência parcial para a 
obtenção do curso de Programa Especial 
de Formação Pedagógica R2 – Turma 
104, sob a supervisão do Professor 
Roberto de Souza 
Pólo: Curitiba, PR 
 
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SUMÁRIO 
 
1. Introdução: Libras e a Inclusão Social dos Surdos ............................... 04 
2. Breve histórico da educação dos surdos................................................ 06 
3 Quem são os surdos e o que é surdez?................................................... 09 
4 Modelos educacionais da educação de surdos....................................... 09 
4.1 Oralismo.......................................................................................... 09 
4.2 Comunicação total........................................................................... 10 
4.3 Bilinguismo...................................................................................... 10 
4.4 Pedagogia surda............................................................................. 10 
5. O que é LIBRAS?....................................................................................... 11 
 5.1 Lei de Libras.................................................................................... 11 
5.2 Parâmetros da Língua dos Sinais................................................... 13 
 5.2.1 Configuração das mãos......................................................... 13 
 5.2.2 Ponto de articulação.............................................................. 14 
 5.2.3 Expressão facial e/ou corporal.............................................. 14 
 5.2.4 Movimento............................................................................. 15 
5.3 Dicionário da Língua Brasileira de Sinais........................................ 16 
 5.3.1 Alfabeto Manual....................................................................... 16 
 5.3.2 Numerais................................................................................. 17 
6. Conclusão................................................................................................... 18 
7. Referências Bibliográficas....................................................................... 19 
 
 
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1. Introdução: Libras e Inclusão Social dos Surdos 
 
Através do processo pedagógico, a escola, além de transmitir valores 
morais e éticos, transmite aos alunos os conhecimentos necessários para 
desenvolver suas habilidades, tendo como principal objetivo formar cidadãos 
aptos para viver em sociedade, exercer a cidadania de forma atuante, ter 
pensamento crítico e transformador (Vasconcelos, 2007). No processo de ensino-
aprendizagem de um escola muitos obstáculos devem ser superados para atingir 
um aprendizado satisfatório, as dificuldades ocorrem principalmente pela 
diversidade de personalidade dos alunos, pela dificuldade de aprendizado e pela 
influência da educação recebida dos pais, entre outros (Córdula, 2013). A 
presença de alunos deficientes auditivos, também chamados de surdos, na sala 
de aula é um dos grandes obstáculos no processo de ensino-aprendizagem e 
deve ser superado tanto pelo professor quanto pelo aluno. 
A realidade é que o professor está preparado para trabalhar com crianças 
ouvintes, pois a maioria do material didático e do ambiente de ensino na escola é 
desenvolvido e escolhido para receber alunos que ouvem e falam (Nascimento & 
Felgar, 2014). A inserção do deficiente auditivo na sociedade, por meio das 
escolas às vezes não significa que ele esteja incluído socialmente. O fato da 
maioria das pessoas não terem o conhecimento da língua falada pelos surdos e 
deficientes auditivos, que é a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), impossibilita 
uma comunicação adequada com os alunos deficientes auditivos. Muitas pessoas 
não sabem como agir diante de alguém surdo ou com deficiência auditiva, 
retraindo-se e não mantendo um vínculo comunicativo com estes. 
De acordo com Silva et al. (2008), a Língua Brasileira de Sinais, a qual 
deveria ser utilizada como segunda língua nas escolas e universidades, está 
ganhando espaço na sociedade devido aos esforços de movimentos dos surdos 
na luta por seus direitos. A LIBRAS possibilita tanto a comunicação dos surdos 
quanto a sua efetiva participação na sociedade (Silva et al., 2008) e o 
conhecimento da LIBRAS é fundamental. Quadros (1997) salienta: 
 
 
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A voz dos surdos são as mãos e os corpos que pensam, sonham 
e expressam. As línguas de sinais envolvem movimentos que podem 
parecer sem sentido para muitos, mas que significam a possibilidade de 
organizar as ideias, estruturar o pensamento e manifestar o significado 
da vida para os surdos. Pensar sobre a surdez requer penetrar no 
mundo dos surdos e ouvir as mãos que, com alguns movimentos, nos 
dizem que para tornar possível o contato entre os mundos envolvidos se 
faz necessário conhecer a língua de sinais (Quadros, 1997). 
 
A mesma opinião é compartilhada por Barbosa (2011) onde o mesmo diz 
que para que a inclusão social dos surdos seja efetiva é necessário difundir a 
Língua Brasileira de Sinais, a cultura, as histórias e a concepção de mundo dos 
surdos. 
Neste sentido, o presente trabalho trás uma abordagem ampla sobre o 
histórico da educação dos surdos e sobre a Língua Brasileira de Sinais, com o 
objetivo de salientar a importância deste conteúdo para o processo de ensino e 
aprendizagem dos alunos do presente curso, bem como para expor aos colegas 
alguns dos futuros desafios a serem enfrentados na profissão de professor-
educador. 
 
 
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2. Breve histórico da educação dos surdos 
 
Durante mais de cem anos, a educação de crianças surdas teve como 
fundamento essencial a aquisição da linguagem oral como requisito principal para 
sua integração na sociedade. A utilização exclusiva da linguagem oral para a 
compreensão e a expressão foi considerada como o princípio fundamental para o 
aprendizado linguístico e cognitivo do aluno surdo e para a sua inclusão no 
ambiente social (Goldfeld, 1997). 
O contexto histórico da educação de surdos é cheio de controvérsias. Por 
séculos, os surdos não eram reconhecidos como humanos e sim como seres 
inferiores (Barbosa, 2011). Na sociedade antiga quando as crianças nasciam com 
“defeitos” eram sacrificados ou, no caso das crianças surdas, como seu “defeito” 
era descoberto tardiamente, elas eram excluídas, isoladas em local à parte para 
não viverem em sociedade com as pessoas ditas “perfeitas” (Vasco, 2010). Eram 
rejeitados em espaços sociais, não tinham direito à herança e não podiam se 
casar. Sofreram muito por não terem direitos como os outros humanos (Barbosa,2011). 
Com o sistema feudal os surdos passaram a ter mais atenção da igreja que 
se preocupava em saber por que tais pessoas não vinham se confessar até 
descobrirem que tais pessoas não apresentavam uma língua estruturada capaz 
de traduzir seu pensamento. O primeiro livro sobre a educação de surdos, 
chamado Reduccion de las letras y artes para enseñar a hablar a los mudos foi 
publicado em 1620 por Bonet e se fundamentava no aprendizado alfabeto manual 
inventado por Ponce de Léon (Goldfeld, 1997). Neste livro Bonet salienta a 
necessidade de orientação e prevenção precoce para que as crianças fossem 
alfabetizadas de acordo com o alfabeto manual desde pequenas, sendo 
ensinadas por adultos, os quais possuíam a capacidade de aprender este alfabeto 
e ensiná-lo (Goldfeld 1997; Barbosa, 2011). 
Em 1775, L’Epée fundou a primeira escola pública para o ensino de surdos 
em Paris, onde os professores e alunos utilizavam sinais para se comunicar e 
 
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seus trabalhos eram divulgados em reuniões periódicas com o intuito de discutir 
resultados. Em 1776 L’Epée publicou um livro para relatar suas técnicas (Lacerda, 
1998). Em 1960, o linguista Willian Stokoe provou, a partir de um trabalho 
publicado nos Estados Unidos, que as línguas de sinais são naturais com todas 
as suas propriedades. A partir deste momento originou-se o pensamento sobre a 
questão da surdez dando origem à filosofia da comunicação total e, mais tarde, ao 
bilinguismo. Na educação bilíngue o português é considerado para a língua de 
sinais a segunda língua. A partir da aquisição desta premissa pelas propostas 
educacionais, culturais e sociais, assume-se que novas mudanças pedagógicas 
devem ocorrer para representar os surdos e a surdez (Alpendre, 2008). 
O ano de 1880 foi marcado pelo Congresso Internacional de Professores 
de Surdos que ocorreu em Milão, Itália, para discutir e avaliar a importância de 
três métodos de ensino a deficientes auditivos: língua de sinais, oralista e mista 
(língua de sinais e oral). Este foi o evento que teve maior impacto na educação de 
povos surdos. Vários temas foram abordados como: vantagens e desvantagens 
do internato, tempo de instrução, número de alunos por classe, trabalhos mais 
apropriados aos surdos, entre outros. Porém, as atenções voltaram-se para o 
oralismo e a língua de sinais (Borne, 2002). 
A partir do século passado pesquisadores começaram a dar mais atenção 
à língua de sinais dentro das comunidades de deficientes auditivos nos espaços 
escolares (Barbosa, 2011). Foram anos de luta para que a língua de sinais fosse 
efetivamente reconhecida (Barbosa, 2011). No Brasil, a primeira lei que viabilizou 
o uso da Língua Brasileira de Sinais como a primeira língua dos surdos, ou seja, a 
LIBRAS é reconhecida como Língua, foi assinada em 2002 pelo presidente 
Fernando Henrique Cardoso. Trata-se da Lei n◦ 10.436, de 24 de abril de 2002. 
Hoje, o bilinguismo é a forma mais usual nos espaços socioeducacionais, 
conforme Quadros (1997): 
 
O bilinguismo é uma proposta de ensino usada por escolas que 
se propõe a tornar acessível à criança as duas línguas no contexto 
escolar. Os estudos têm apontado para essa proposta como sendo mais 
adequada para o ensino de crianças surdas, tendo em vista que 
 
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considera a língua de sinais como língua natural e parte desse 
pressuposto para o ensino da língua escrita (Quadros, 1997). 
 
Apesar das dificuldades, os dias de hoje são marcados pelo bilinguismo no 
ambiente escolar, pelo fortalecimento do professor surdo, pela existência da 
LIBRAS no currículo acadêmico, pela inclusão e necessidade de interpretes 
qualificados. A inclusão é um processo amplo com dimensões ideológicas, 
sociais, culturais, políticas e econômicas que necessita da interação entre as 
pessoas. Se não há interação, não há inclusão (Rosa, 2011). 
 
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3. Quem são os surdos e o que é surdez? 
 
De acordo com Strobel (2008), quando nos referimos a povo surdo, 
estamos nos referindo às pessoas surdas que não vivem no mesmo ambiente, 
mas que estão ligados por origem e por um código ético de formação visual, 
independente do seu nível de evolução linguística. Surdo é a pessoa portadora de 
surdez e, por isso, apresenta cultura, linguagem e história distintas. 
Já a surdez, é entendida como uma “deficiência” em comparação à 
populaçao “ouvinte”, isso deixa os sujeitos surdos em desvantagem em relação à 
maior parte da comunidade (Skliar, 1998). Conforme Behares (2000 apud Sá, 
2002), o conceito de surdez sofre mudanças e modifica-se ao longo da história. 
Atualmente a expressão “deficiente auditivo” é utilizada no contexto clínico-
terapêutico e o termo “surdo” está mais associado ao marco sócio-cultural da 
surdez. (Alpendre, 2008). 
 
4. Modelos educacionais da educação de surdos 
 
 A seguir são descritos os cinco principais modelos educacionais na 
educação de surdos que estão presentes, seja em maior ou menor intensidade, 
nas escolas para surdos que são: (1) o Oralismo, (2) a Comunicação Total, (3) o 
Bilinguismo, (4) a Pedagogia do Surdo e (5) o Processo Intercultural, de acordo 
com Perlin & Strobel (2006). 
 
4.1 Oralismo 
 
 A modalidade oralista ganhou força a partir da segunda metade do século 
XIX, quando a língua de sinais foi banida pois acreditava-se que ela atrapalhava o 
desenvolvimento da oralização pelo surdo. É um recurso dentro das metodologias 
orais que utiliza o treinamento da fala e a leitura labial (Perlin & Strobel, 2006). As 
três técnicas mais utilizadas no oralismo são o treinamento auditivo, o 
desenvolvimento da fala e a leitura labial (Dorziat, 2006). De acordo com Goldfeld 
 
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(1997) o oralismo entende a surdez como uma deficiência que deve ser 
minimizada através da estimulação auditiva, para isso a criança deve ser 
integrada à comunidade dando-lhe condições de desenvolver a língua oral. 
 
4.2 Comunicação Total 
 
 A Comunicação total foi criada após o fracasso do Oralismo puro e inclui 
todo o espectro dos modos lingüísticos: gestos criados pelas crianças, língua de 
15 sinais, fala, leitura oro-facial, alfabeto manual, leitura e escrita. Incorpora o 
desenvolvimento de quaisquer restos de audição para a melhoria das habilidades 
de fala ou de leitura oro-facial, através de uso constante de aparelhos auditivos 
individuais e/ou sistemas de alta fidelidade para amplificação em grupo (Freeman, 
Carbin, Boese, 1999 apud Perlin & Strobel, 2006). 
 
4.3 Bilinguismo 
 
 A modalidade Bilíngüe considera a língua de sinais como primeira língua 
dos surdos e a partir daí passa o ensino da segunda língua que é o português na 
modalidade escrita ou oral. O Bilinguismo entende que o surdo deve ser bilíngue, 
ou seja, deve adquirir como língua materna a língua de sinais, considerada 
natural dos surdos e, como segunda língua a língua oficial de seu país. O surdo 
não precisa ter uma vida semelhante ao ouvinte podendo assumir sua surdez 
(Goldfeld, 1997). 
 
4.4 Pedagogia surda 
 
 É uma metodologia que atende de forma satisfatória as especificidades do 
surdo mostrando um novo caminho para sua educação, por considerar todos os 
seus aspectos culturais. Este método requer a presença do professor surdo em 
salas regulares de ensino, bem como nas escolasespeciais e em centros de 
atendimento especializados, em tempo integral. As aulas devem ser ministradas 
 
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em libras por professores surdos desde a educação infantil. (Perlin & Strobel, 
2006). A pedagogia surda é a modalidade da diferença, a qual se refere às 
diferenças culturais entre os vários grupos sociais que formam nossa sociedade. 
Na pedagogia surda a educação ocorre quando o surdo é colocado em contato 
com sua diferença. Assim ele pode construir, a partir de si mesmo, seu próprio 
sujeito (sua subjetividade), atingindo sua identidade frente à diferença cultural. É 
uma modalidade muito apoiada pela comunidade surda que busca a constituição 
da subjetividade ao jeito surdo de ser (Kalatai & Streiechen, 2012; Perlin & 
Strobel, 2006). 
 
5. O que é LIBRAS? 
 
 LIBRAS é a Língua Brasileira de Sinais, a qual tem se destacado devido a 
luta da comunidade surda pelo seu processo de inclusão na rede regular de 
ensino (Kalatai & Streiechen, 2012). De acordo com Fernandes (2002), A LIBRAS 
é uma língua natural organizada em todos os níveis gramaticais e possui o 
mesmo objetivo das línguas orais. É identificada como uma língua de modalidade 
gestual-visual-espacial por ser compreendida através da visualização e por ser 
produzida a partir de recursos gestuais e espaciais, diferente da linguagem oral 
onde utilizamos a fala. 
 
5.1 Lei de Libras 
 
 A corrente fundamentação da legislação que trata da educação dos 
surdos passou por um extenso caminho e, ao longo dos anos ocorreram 
adaptações. A língua de sinais e a cultura surda tornaram-se cada vez mais 
conhecidas e a legislação sofreu ampliações. Em 1961 a primeira Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional já apresentava dois artigos válidos, 88 e 
89, os quais tratavam da educação dos excepcionais lhes garantindo o direito à 
educação através do comprometimento do governo em ajudar organizações não-
 
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governamentais a oferecerem serviços de educação aos excepcionais, entre os 
quais, os surdos (Perlin, Strobel, 2006). 
Artigos presentes na constituição brasileira de 1967 garantem aos surdos o 
direito de receber a educação apropriada. A constituição atual (1988) assegura o 
direito à diferença cultural e a educação diferenciada, contando no artigo 215 a 
responsabilidade do estado em garantir o pleno exercício dos direitos culturais e 
acesso às fontes da cultura nacional, apoiando e incentivando a valorização e 
difusão das manifestações culturais (Perlin, Strobel, 2006). 
 Mais tarde, em 1973, o trabalho de educação dos surdos que era delegado 
às ONGS passou a ser responsabilidade do Centro Nacional de Educação 
Especial criando neste ano. E, em 1996 a nova Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional confirmou à Constituição Brasileira a educação de surdos, 
trazendo novidades com melhores perspectivas para a educação dos surdos. A 
nova LDB tem algumas inovações que permitem indicar melhor perspectivas 
governamentais e legislativas para a educação de surdos. Nesta há um capítulo 
dedicado à inclusão, bem como as escolas de surdos. Mais importante 
contribuição trouxe o decreto governamental 5.626 de 22 de dezembro de 2005 
que institui o ensino aos surdos na língua de sinais. 
 A lei de Libras foi regulamentada através da Lei 10.436/2002, que em seu 
artigo 2◦ enfatiza que é dever do poder público e empresas concessionárias de 
serviços públicos possuir formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da 
Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e de 
utilização corrente das comunidades surdas do Brasil (BRASIL, 2002). A mais 
importante contribuição foi trazida através do decreto 5626 de 22 de dezembro de 
2005, o qual regulamenta a Lei de Libras, cita no 3◦ Artigo a inserção da LIBRAS 
como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para 
o exercício do magistério em nível médio e superior, e nos cursos de 
Fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema Federal 
de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios (BRASIL, 2005). 
 
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 Muitas universidades têm disponibilizado a disciplina de Libras em todos os 
cursos de licenciatura e bacharelado tentando desta maneira, tornar a Libras 
conhecida pelos professores, especialistas e intérpretes, tornando-a não mais 
uma língua exclusivamente dos surdos, o qual sempre foi o foco da comunidade 
surda: a difusão da Libras (Kalatai & Streiechen, 2012). Ao utilizar a Libras, o 
indivíduo possui um elemento intermediador entre o surdo e o meio social onde 
vive possibilitando aos surdos, demostrarem suas habilidades de interpretação do 
mundo e construir estruturas mentais mais elaboradas (Skliar, 2006). 
 
5.2 Parâmetros da Língua dos Sinais 
 
A Língua Brasileira de Sinais se formou a partir da Língua Francesa de Sinais, 
trazida ao Brasil por Huet, primeiro surdo alfabetizado e professor que teve sua 
formação no Instituto de Paris. Ou seja, a Libras não foi influenciada por uma 
língua oral-auditiva, mas sim, espaço-visual. Assim como as línguas orais 
apresentam gramáticas, a Libras possui parâmetros, sendo eles (Honora et al., 
2009): 
5.2.1 Configuração das mãos: as formas das mãos fazem parte da 
datilogia ou não. Na maioria das vezes utiliza-se a mão direita (pelos 
destros) e a mão esquerda (pelos canhotos) ou as duas mãos 
dependendo do sinal (Honora et al., 2009): 
 
 
 
 
 
Fig.1: Figura mostrando a configuração das mãos. 
Fonte: <http://guharteinclusao.blogspot.com.br/2012/01/os-cinco-parametros-da-
lingua-de-sinais.html> 
 
 
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5.2.2 Ponto de articulação: é onde a mão configurada toca, podendo ser 
uma parte do corpo ou local neutro (horizontal ou vertical) (Honora 
et al., 2009): 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig.2: Figura mostrando postos de articulação: em espaço neutro e na testa. 
Fonte: <http://guharteinclusao.blogspot.com.br/2012/01/os-cinco-parametros-da-
lingua-de-sinais.html> 
 
5.2.3 Expressão facial e/ou corporal: fundamental para o entendimento 
do sinal que representa a língua oral (entonação da voz) (Honora et 
al., 2009). 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig.3: Figura mostrando algumas das diferentes expressões faciais/ ou corporais. 
Fonte: <http://guharteinclusao.blogspot.com.br/2012/01/os-cinco-parametros-da-
lingua-de-sinais.html> 
 
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5.2.4 Movimento: envolve várias quantidades de formas e direções 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig.4: Figura mostrando tipos de movimentos. 
Fonte: <http://guharteinclusao.blogspot.com.br/2012/01/os-cinco-parametros-da-
lingua-de-sinais.html> 
 
5.2.5 Orientação/direção: representam a direção ou orientação em 
relação aos parâmetros acima. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig.5: Figura mostrando orientações. 
Fonte: <http://guharteinclusao.blogspot.com.br/2012/01/os-cinco-parametros-da-
lingua-de-sinais.html> 
 
 
 
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5.3 Dicionário da Língua Brasileira de SinaisOs dicionários de línguas de sinais são fabricados geralmente por surdos 
ou por instituições de ensino que capacitam profissionais na língua de sinais ou 
por iniciativas privadas. Atualmente existem inúmeros tipos de dicionários de 
línguas de sinais impressos ou digitais. Dicionários impressos trazem fotos, 
descrições dos sinais, escrita dos sinais, ilustrações e tradução para a língua oral. 
Já os dicionários digitais mostram os sinais representados por filmagens, 
contendo descrição e definição e é possível realizar a pesquisa por ordem 
alfabética do português ou pela configuração de mão (Cardoso, 2017). 
 
5.3.1Alfabeto Manual 
 
O Alfabeto manual ou Datilogia em Libras é a primeira coisa a ser ensinada 
e aprendida. É utilizado para escrever “no ar” sendo produzido por diferentes 
formatos das mãos que representam letras do alfabeto escrito (escrita de sinais, 
2017). 
 
Fig. 6: Alfabeto manual. 
Fonte: <https://escritadesinais.wordpress.com/2010/09/07/alfabeto-manual-ou-
datilologia/> 
 
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5.3.2 Numerais: O Alfabeto numérico é utilizado para escrever “no ar”, através de 
diferentes formatos das mãos, representando os números. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 7 Alfabeto numérico 
Fonte: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAA9skAJ/libras-alfabeto-numeros> 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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6. Conclusão 
 
Este trabalho apresentou um panorama sobre a Língua Brasileira de Sinais 
e a inclusão social dos surdos, bem como um breve histórico da educação dos 
surdos, modelos educacionais, aspectos sobre a Lei de Libras, parâmetros de 
linguagem e dicionários utilizados. O estudo e pesquisa sobre a Língua Brasileira 
de Sinais – LIBRAS nos proporcionou um conhecimento mais aprofundado sobre 
o grande desafio enfrentado pelas escolas, professores, alunos e pais de alunos 
surdos para que ocorra a inclusão social dos deficientes auditivos, de uma 
maneira que seja possível seu aprendizado eficiente, como aluno e como 
cidadão. 
O histórico sobre a educação dos surdos mostrou que, apesar de lenta e a 
passos curtos, as mudanças para inclusão dos surdos vêm ocorrendo e cada vez 
mais são solicitados profissionais especializados para permitir a comunicação 
entre os ouvintes e não ouvintes em escolas e universidades. A presença de uma 
lei que garante a educação e inclusão dos surdos, respeitando sua cultura, os 
impulsiona para frente, em luta de seus direitos e conquistas e tornando-os parte 
importante da sociedade. 
Este trabalho trouxe um tema muito pertinente para a formação 
pedagógica, tendo em vista que em nosso futuro profissional é muito provável que 
tenhamos alunos surdos e assim, poderemos saber quais ferramentas podem ser 
utilizadas para sua educação e como podemos contribuir no processo de ensino-
aprendizagem. 
 
 
 
 
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7. Referências Bibliográficas 
 
BARBOSA, L.R.S. A Língua Brasileira de Sinais como inclusão social dos 
surdos no sistema educacional. 2011. Disponível em: 
<file:///C:/Users/User/Downloads/21216-89176-1-SM.pdf>. Acesso em: 14/07/ 
2017. 
 
BRASIL, Lei nº10.436. Presidência da República, Casa Civil – Brasília, 2002. 
Disponível em: <http:www.leidireto.com.br/lei-10436.html>. Acesso em 
26/07/2017. 
 
BRASIL, Decreto n° 5.626, de 22 de dezembro de 2005, regulamenta a Lei n° 
10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – 
Libras, e o art.18 da Lei n° 10.098, de 19 de Dezembro de 2000. 
 
BORNE, R.M.M. Representações dos surdos em relação à surdez e 
implicações na interação social, dissertação de mestrado da UTP, Universidade 
Tuiuti do Paraná, Curitiba, 2002. 
 
CARDOSO, V.R. Os dicionários da Língua Brasileira de Sinais e suas 
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