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1. Constituição, Conceitos e Princípios - resumo


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Direito Processual Penal I – Prof. Renato Fanin
CONSTITUIÇÃO, ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO
E DIREITO PROCESSUAL PENAL
Supremacia da Constituição Federal
Constituição é a lei fundamental e suprema de um Estado, que estrutura e organiza os poderes públicos, e estabelece os direitos e as garantias fundamentais.
O Código de Processo Penal vigente (Decreto-lei 3.689, de 3 de outubro de 1941) nasceu sob o regime da Ditadura, assim, a interpretação e a aplicação de suas normas jurídicas devem se adaptar à Constituição Federal de 1988 e seus princípios democráticos.
2. Direito Processual Penal e Processo Penal. Conceitos
Direito Processual Penal é o conjunto de princípios e normas jurídicas que tem por fim disciplinar a persecução penal do Estado, por meio dos órgãos da atividade de investigação e dos órgãos diretos e auxiliares da atividade jurisdicional, para a aplicação do Direito Penal.
Processo penal é o meio ou instrumento utilizado pelo Estado para exercer a atividade jurisdicional e solucionar os litígios penais, ou seja, para realizar o poder punitivo do Estado. Processo: “ato de proceder, de andar”.
O processo penal é composto por um elemento constitutivo objetivo (aspecto objetivo ou externo), o procedimento, e um elemento constitutivo subjetivo (aspecto subjetivo ou interno), que é a relação jurídica processual entre os sujeitos do processo.
Processo penal 		Procedimento
								Relação jurídica processual (juiz e partes- relação triangular)
Procedimento (aspecto objetivo ou externo) é a sucessão ordenada de atos direcionados ao provimento jurisdicional, ou seja, a decisão definitiva (sentença).
Relação jurídica processual é o vinculo estabelecido entre os sujeitos do processo, composto pelo juiz (órgão pela qual o Estado-Juiz exerce o poder-dever da função jurisdicional) e pelas partes (pólo ativo – acusação - e passivo - defesa).
3. Princípios do processo penal
Princípios são mandamentos que alicerçam um sistema, funcionando como diretriz para a interpretação e a integração das normas, dando harmonia e coerência ao sistema normativo. Os princípios podem estar explícitos na lei ou implícitos na conjugação dos dispositivos. Os princípios podem estar inseridos na constituição (princípios constitucionais) ou nas normas infraconstitucionais.
4. Princípio do devido processo legal: O Estado deve observância à lei penal (aspecto material) e à lei processual penal (aspecto processual) para o exercício do ius puniendi, protegendo o acusado de arbitrariedades do Estado e garantindo o equilíbrio entre a pretensão punitiva estatal e o direito de liberdade (paridade).
Art. 5°, LIV, da CF: “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”.
5. Princípio da ampla defesa: assegura ao acusado, em igualdade de condições com a acusação (isonomia processual), utilizar de amplos meios para a defesa da imputação feita pela acusação.
Art. 5°, LV, CF: “Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.
6. Princípio do contraditório: possibilidade de contrariar todas as alegações de fatos e provas produzidas por uma das partes. Permite-se, com isso, o equilíbrio entre as partes (isonomia processual). Art. 5º LV, CF.
7. Princípio da obrigatoriedade de fundamentação das decisões: todas as decisões dos órgãos do Poder Judiciário devem ser fundamentadas, sob pena de nulidade. Art. 93, inciso IX, da CF.
8. Princípio do duplo grau de jurisdição: É o direito de reexame da decisão por órgão jurisdicional superior (implícito na CF na estruturação do Judiciário). art. 8º do Pacto de San José da Costa Rica (Convenção Americana de Direitos Humanos).
9. Princípio da presunção de inocência, estado de inocência ou não-culpabilidade: todo o acusado é presumido inocente até que seja declarado culpado em sentença penal condenatória, com trânsito em julgado.
Art. 5º, LVII, da CF: “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.
10. Princípio da publicidade: todos os julgamentos do Poder Judiciário serão públicos, podendo-se, porém, restringir a publicidade dos atos para a preservação da intimidade ou interesse social exigir às partes e seus advogados, ou somente a estes. É vedado o sigilo total, que ofende a ampla defesa e o contraditório, sob pena de nulidade.
Art. 5°, LX, da CF: “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”.
11. Princípio do juiz natural: garantia de julgamento por um juiz ou tribunal com competência predeterminada por regras objetivas e proibição de tribunais ou juízos de exceção, designados para casos ou pessoas individualizadas. Tem a finalidade de assegurar a imparcialidade do julgador.
Art. 5º, XXXVII e LIII, do art. 5°, da CF: “XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção; “LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente”.
12. Princípio do promotor natural: garantir a imparcialidade do promotor de justiça ou procurador da república e impedir que seja designado para um caso ou pessoa específica.
Art. 5º, LIII, da Constituição Federal: “ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente”.
13. Princípio do juiz imparcial: visa a garantir o julgamento neutro, com base na lei e nas provas colhidas no processo. O julgador deve ser imparcial, equidistante das partes. Esse princípio está conectado ao princípio do juiz natural. Art. 8º, 1, da Convenção Americana de Direitos Humanos.
14. Princípio da oficialidade: a persecução penal, poder-dever do Estado, deve ser realizada por órgãos oficiais, como a polícia judiciária, o Ministério Público e o Poder Judiciário. Polícia Judiciária no inquérito policial (art. 144 CF) e Ministério Público na ação penal pública (art. 129 CF).
15. Princípio da obrigatoriedade (e da indisponibilidade): consiste na obrigação do Estado de exercer o ius puniendi por seus órgãos de persecução penal.
16. Princípio da oficiosidade: A autoridade policial e o Ministério Público devem agir ex officio, sem a necessidade de provocação da parte interessada, salvo nos casos de ação penal privada e da condicionada à representação ou requisição do Ministro da Justiça.
17. Princípio da iniciativa das partes (ne procedat judex ex officio): o titular do direito de ação deve provocar o Poder Judiciário e iniciar a persecução penal em juízo.
18. Princípio do impulso oficial: uma vez promovida a ação penal por seu titular (iniciativa da parte), o juiz deve dar continuidade até a decisão final, em conformidade com o procedimento previsto na lei.
19. Princípio da vedação das provas ilícitas: as provas obtidas por meios ilícitos, com violação de direito material, são inadmissíveis no processo.
Art. 5º, LVI, da CF: “são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meio ilícitos”.
20. Princípio do in dubio pro reo ou favor rei (favor inocentiae, favor libertatis ou princípio da prevalência do interesse do réu): no conflito entre o ius puniendi do Estado e o ius libertatis do acusado, a dúvida deve beneficiar o réu.
21. Princípio da busca da verdade real: buscar a verdade real é descobrir, o mais próximo possível, a verdade objetiva, isto é, o que perfeitamente ocorreu no plano real.
22. Princípio da oralidade: em algumas fases do processo deve-se dar prevalência à palavra oral sobre a palavra escrita (princípios da concentração, imediatidade e identidade física do juiz). ex.: Tribunal do Júri.
23. Princípio da identidade física o juiz: dever do magistrado que concluiu a colheita de provas produzidas no processo de julgar a causa (art. 399, § 2º, CPP).
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