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Unidade 4 – Princípios Gerais do Direito Processual ➢ Conceito ❖ Conceito: Espécies de normas a conferirem coerência ao sistema. Os princípios jurídicos ocupam posição de destaque no ordenamento, na medida em que veiculam um enunciado lógico, genérico e fundamental, dotado de referências direta de valor, atuando como diretivas de interpretação e de integração do direito. ❖ Princípios Gerais do Direito Processual • Princípio do Devido Processo Legal ou Processo Justo: É o princípio que assegura a todos o direito a um processo com todas as etapas previstas em lei e todas as garantias constitucionais. ✓ Art. 5°, LIV, CR/88 ✓ Limitação para a atuação do legislador, do juiz e do administrador público ✓ Núcleo de convergência – cláusula organizatória • Princípio da Imparcialidade do Juiz (Juiz natural): A imparcialidade do juiz é pressuposto de validade do processo, devendo o juiz colocar-se entre as partes e acima delas, sendo esta a primeira condição para que possa o magistrado exercer sua função jurisdicional. ✓ Art. 5°, XXXVII, CR/88 ✓ Regras de competência previamente estabelecidas ✓ Impede a escolha do juízo para assumir demandas – visa assegurar a imparcialidade do órgão jurisdicional ✓ Impedimento e suspeição – tutela a imparcialidade do juiz • Princípio da Isonomia – Paridade de armas: A igualdade perante a lei é premissa para a afirmação da igualdade perante o juiz: da norma inscrita no art 5º, caput, da Constituição, brota o princípio da igualdade processual. As partes e os procuradores devem merecer tratamento igualitário, para que tenham as mesmas oportunidades de fazer valer em juízo as suas razões. ✓ Art. 5°, caput, CR/88 ✓ Isonomia material ou real: tratar os iguais de forma igual e tratar os diferentes de forma diferente. ✓ CPC: arts. 7° e 139, I ✓ CPP: arts. 386, VI e arts. 623 e 626 ✓ Tratamento prioritário aos idosos – arts. 1048, I, CPC e art. 71, Lei n°10.741 – Estatuto do Idoso • Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa: Implica a necessidade de uma dualidade de partes que sustentam posições jurídicas opostas entre si, de modo que o tribunal encarregado de instruir o caso e proferir a sentença não assume nenhuma posição no litígio, limitando-se a julgar de maneira imparcial segundo as pretensões e alegações das partes. ✓ Art. 5°, LV, CR/88 ✓ Contraditório ≠ Ampla Defesa ✓ Contraditório – oportunidade para pedir, alegar, resistir, provar, argumentar e recorrer. ✓ Ampla defesa – corresponde ao direito da parte de se utilizar de todos os meios a seu dispor para alcançar seu direito, seja através de provas ou de recursos. Assim, o juiz não pode negar à parte o direito a apresentar determinada prova. • Princípio da Demanda e do Impulso Oficial: ✓ Princípio da Demanda: é também conhecido como Princípio da ação ou da iniciativa das partes, e indica a atribuição à parte da iniciativa de provocar o exercício da função jurisdicional. ✓ Princípio do Impulso Oficial: cumpre ao juiz e ao seus auxiliares zelar para que o processo tenha andamento, na forma da lei, impulsionando-o até atingir o seu desfecho. • Princípio da Lealdade Processual: As partes têm o dever de se conduzir com ética e lealdade, cabendo ao juiz reprimir qualquer ato atentatório à dignidade da justiça. ✓ CPC o Art. 5° = opção pela boa-fé objetiva o Boa-fé objetiva ≠ Boa-fé subjetiva: a boa-fé objetiva é externa, voltada para os padrões éticos prescritos na legislação. Já a boa-fé subjetiva refere-se aos sujeitos e as partes do processo; aquilo que as partes entendem como certo de se fazer, ou seja, é a ausência de má-fé o Violação = ilícito processual e litigância de má-fé ✓ CPP o Não denota preocupação com a lealdade processual o CP – art. 347 – fraude processual • Princípio da Proibição de Prova Ilícita: ✓ Art. 5°, LVI, CR/88 ✓ O Sistema probatório brasileiro adota liberdade dos meios de prova, de tal sorte que todo e qualquer instrumento de prova pode ser admitido no processo. o Arts. 156 e 369, CPC o Arts. 157, CPP ✓ O que são provas ilícitas? Podem ser entendidas em sentido lato, quando forem tais provas contrárias a Constituição, a legislação e aos bons costumes; e em sentido estrito, quando tais provas violem dispositivos legais. • Princípio da Disponibilidade e da Indisponibilidade: ✓ Princípio da Disponibilidade – processo civil: princípio segundo o qual as pessoas têm a faculdade de apresentar ou não sua pretensão em juízo, bem como de apresentá-la da maneira que lhes aprouver e de renunciar a ela ou a certas situações processuais. o Limitação: processo civil ✓ Princípio da Indisponibilidade Processual – processo penal: a adoção desse princípio proíbe a paralisação injustificada da investigação policial ou seu arquivamento pela autoridade policial. Também não permite que o Ministério Público desista da ação. o Limitações: ▪ Transação penal – Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais ▪ Ação penal privada ▪ Crimes de Ação Penal Pública Condicionada à Representação ➢ Princípios Gerais do Procedimento Presidem a forma dos atos processuais ❖ Princípio da Oralidade: O princípio da oralidade determina que certos atos devem ser praticados oralmente, ou seja, recomenda a prevalência da palavra falada sobre a escrita nos processos. • Possibilidade de praticar atos processuais por via oral – vedação à pratica exclusiva de atos processuais orais ✓ CPC – adoção restrita da oralidade ✓ CPP – oralidade reduzida ✓ Processo trabalhista – permeado de verdadeira oralidade ✓ Juizados Especiais – prima pelo integral diálogo entre as partes acompanhado da informalidade e simplicidade Obs: o nosso modelo de procedimento tem elementos de oralidade, mas o que predomina é a prática de atos escritos. Atualmente não existe procedimento na sua forma pura, adotando-se um procedimento misto, uma combinação do oral e do escrito. ❖ Princípio da Persuasão Racional do Juiz: O Brasil adota o princípio da persuasão racional: o Juiz não é desvinculado da prova e dos elementos existente nos autos, o Juiz só decide com base nos critérios críticos e racionais, devendo formar livremente sua convicção. • Apreciação e avaliação das provas ✓ Juiz = vinculado aos elementos existentes nos autos o Decide com base em critérios críticos e racionais o Arts. 371 e 479, CPC o Arts. 157 e 182, CPP ✓ Tribunal do Júri ✓ Cidadãos = decidem pela condenação ou absolvição com absoluta liberdade e sem ter que motivar suas decisões – secundum conscientizam ❖ Princípio da Publicidade: O princípio da publicidade permite que os atos processuais sejam suscetíveis de conhecimentos pelos interessados e envolvidos no processo, como também por qualquer pessoa, podendo manusear os autos, assistir as audiências e julgamentos. • Art. 5°, LX, CR/88 ✓ Os atos processuais são públicos, sendo limitada essa publicidade à determinação legal – segredo de justiça o Segredo de justiça tutela o direito à intimidade e à privacidade o Arts. 11 e 189, CPC o Arts. 483 e 792, § 1°, CPP ❖ Princípio da Recorribilidade: Às decisões judiciais é aplicado o princípio da recorribilidade, o qual garante que eventual erro em decisão judicial possa ser revisto e sanado, seja pelo próprio órgão que decidiu seja por órgão superior. Desta feita, tem-se que a via judiciária ostenta mecanismos próprios para revisão das suas decisões. • Também denominado de duplo grau de jurisdição • Sistema brasileiro – órgãos escalonados em patamares hierárquicos ✓ Possibilidade de revisão, por via recursal ✓ Exigência dos processos iniciarem perante órgãos inferiores de jurisdição • Fundamento do princípio do duplo grau de jurisdição – natureza política ✓ Nenhum ato estatal pode ficarimune aos necessários controles ❖ Princípio da Motivação dos Atos Judiciais: O princípio da motivação determina que a autoridade administrativa deve apresentar as razões que a levaram a tomar uma decisão. • Princípio voltado ao controle sobre o exercício da função jurisdicional • A motivação serve para 03 (três) ordens de destinatários ✓ Partes: para dar consistência aos recursos que possam interpor e para orientar a realização da liquidação da sentença. ✓ Órgãos superiores da Magistratura: para aferirem o acerto ou erro das decisões recorridas ✓ Sociedade: para a formação de seu juízo sobre a legitimidade ou ilegitimidade das decisões tomadas pelo poder judiciário. ➢ Princípios do Processo Penal: ❖ Princípio da Presunção de Inocência: • Art. 5°, LVII, CR/88: “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. • Também denominado de princípio da não culpabilidade ou do estado de inocência • Ônus da prova cabe à acusação e não à defesa – ao Estado-acusação é imposto o dever de provar a culpa do réu. • Excepcionalidade das medidas cautelares de prisão • Intervenção mínima do Estado – penalização apenas para delitos importantes ❖ Princípio do Indubio pro reo: • Na dúvida, prima-se pela decisão a favor do réu ✓ Art. 386, VII CPP = O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça: VII: não existir prova suficiente para a condenação • Esse princípio encontra-se embasamento no princípio constitucional da presunção de inocência – art. 5°, LVII, CR/88 • Na hipótese de dúvida, no momento de interpretação da norma penal, o juiz sempre deverá optar pela versão mais favorável ao réu ❖ Princípio de que ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo: • Princípio que também decorre do princípio da presunção de inocência e da ampla defesa – art. 5°, LVII e LV, CR/88 • É caracterizado como imunidade à autoacusação – logo, ninguém está obrigado a produzir provas contra si mesmo, permitindo ao réu calar-se diante de qualquer situação ✓ Art. 5°, LXIII, CR/88: o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e do advogado ❖ Princípio da Oficialidade: A atividade punitiva é oficial, ou seja, é função do Estado. • A persecução penal é uma função primordial e obrigatória do Estado, função essa exercida por seus órgãos: ✓ Polícia Judiciária = função investigar ✓ Ministério Público = ingressar com a ação penal e provocar a atuação da polícia judiciária, requisitando a instauração do inquérito e as diligências para apuração do suposto crime ✓ Poder Judiciário = aplicar a lei ao caso concreto • Não há possibilidade de entregar ao particular a tarefa de executar a atividade punitiva. Apenas ao Estado cabe a ação de punir – princípio da oficialidade ❖ Princípio da Busca da Verdade Real: O princípio da verdade real impõe que o juiz deve averiguar os fatos além dos limites artificiais da verdade formal, ou seja, daquilo que os sujeitos processuais levam ao processo criminal. Mas apenas durante a instrução probatória. • Informa que no processo penal deve haver uma busca da verdadeira realidade dos fatos. ✓ Art. 147, CPP = o juiz poderá, de ofício, proceder à verificação da falsidade ✓ Art. 209, CPP = o juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além das indicadas pelas partes • No processo penal prevalece a verdade real, que é a situada o mais próximo possível da realidade. Não se deve contentar com as provas trazidas pelas partes. ❖ Princípio da Indivisibilidade da Ação Penal Privada: • O ofendido não pode, ao valer-se da queixa-crime, eleger contra qual dos seus agressores irá ingressar com a ação penal ✓ Art. 48, CPP = a queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade • Princípio específico da ação penal privada ✓ A ação penal pública é obrigatória, razão pela qual esse princípio não se sustenta para esse tipo de ação penal Obs: Não há menor sentido em sustentar a prevalência da indivisibilidade também na ação penal pública, pois esta é norteada pela obrigatoriedade. Assim, quando o promotor toma conhecimento de quais são os autores do crime, deve ingressar coma ação penal contra todos, não porque a ação penal é indivisível, mas porque é obrigatória. ❖ Princípio da Intranscendência: • A ação penal não deve transcender da pessoa a quem foi imputada a conduta criminosa • Decorre do princípio penal de que a responsabilidade penal é pessoa e individualizada – não pode haver crime sem dolo e sem culpa ➢ Princípios do Processo do Trabalho ❖ Princípio da Instauração ex offício da instância: • A jurisdição é inerte e à parte cumpre formular sua pretensão em juízo – esse princípio é aplicável ao Direito do Trabalho, contudo comporta exceções: ✓ Pretensões que não precisam ser provocadas por alguém – o próprio julgador instaura a ação: o Conflitos coletivos – hipótese de greve – essa é um fato social que é controlado juridicamente por lei – art. 856, CLT o Execução dos julgados pode ser iniciado de ofício – parte sem advogado – art. 878, CLT = A execução será promovida pelas partes, permitida a execução de ofício pelo juiz ou pelo Presidente do Tribunal apenas nos casos em que as partes não estiverem representadas por advogados. ❖ Princípio do jus postulandi: ✓ O empregado e o empregador podem iniciar ações ou realizar sua defesa sem a contratação de advogado. o Art. 791, CLT = os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar suas reclamações até o final. ❖ Princípio do Poder Normativa da Justiça do Trabalho: ✓ Por meio dos dissídios coletivos se produzem sentenças normativas, as quais são normas abstratas aplicável a qualquer dos membros de determinada categoria econômica e profissional. ✓ Art. 867, § único, CLT = A sentença normativa vigorará, a partir do dia imediato da sua publicação...
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