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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOLOGIA VEGETAL DISCIPLINA DE FISIOLOGIA VEGETAL Pelotas, Maio de 2016 Eng. Agr. MSc Diogo da Silva Moura Inoculação de Sementes Roteiro Introdução Histórico Importância Microrganismos Fixadores de N Infecção/Formação do Nódulo Tipos de Inoculantes Processo de Inoculação Fatores Interferentes da Inoculação/Fixação E Agora ??? Rio Grande/RS – Safra 2014/15 Associação de dois seres vivos, duas plantas ou uma planta e um animal, na qual ambos os organismos recebem benefícios, mesmo que em proporções desiguais; Planta: recebe N para o seu crescimento Bactéria: tem um nicho protegido, rico em nutrientes (cerca de 30% do C fixado pela fotossíntese é exsudado pela raíz) Simbiose Por definição legal da legislação do MAPA, é: “Todo o produto que contenha microrganismos favoráveis ao crescimento de plantas” Contém microrganismos um produto vivo; Forma de se inserir a bactéria no solo, para estar presente junto às raízes, no momento em que esta se formar a partir da germinação das sementes; A produção de inoculantes é regida por legislação Federal - MAPA é o órgão responsável por registrar os estabelecimentos produtores e os produtos. Inoculante * Início da seleção de estirpes Primeira fábrica de inoculantes¹ Seleção de estirpes para soja Fundadas 4 fábricas de inoculante Legislação de inoculantes 1950 1956 Década de 60 Década de 70 Dezembro 1980 Criação da RELARE² Primeiros inoculantes líquidos Turfa esterilizada Inoculantes importados Primeiro inoculante para gramíneas Grandes empresas 1985 Anos 90 Anos 90 2009 2011/12 Histórico ¹Em 1956 foi fundada a primeira fábrica de inoculantes no Brasil, em Pelotas/RS, com tecnologia desenvolvida pela Secretaria da Agricultura. ²RELARE - Rede de Laboratórios para a Recomendação, Padronização e Difusão de Tecnologia de Inoculantes Microbianos de Interesse Agrícola. Vendas no Brasil 12.06112.285 13.956 18.310 23.748 25.957 18.068 13.140 14.917 18.668 20.210 15.312 19.303 0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 30.000 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 D o se s (m ilh õ es ) Anos Fonte: ANPII (2013) Nitrogênio - elemento mais abundante na atmosfera (78%); É o elemento mineral mais demandado pelos vegetais superiores; Absorvido na forma nitrato (NO3 -) ou amônio (NH4 +); Junto com o C, H, O e S, é um dos principais constituintes de toda molécula orgânica; Presente em proteínas, clorofila, nucleotídeos, ácidos nucléicos, alcaloides, e hormônios (auxinas e citocininas). Importância da Inoculação O uso dos inoculantes não traz nenhum problema para o ambiente; Ao fixar N biologicamente, é possível evitar o uso de N químico; O N químico é extremante poluente, pode ser carreado pelas águas das chuvas, para rios e lagos como também para o lençol freático, podendo ocasionar níveis de contaminação extremamente preocupantes; Na Europa - a água tem que ser depurada de N para poder ser utilizada. Aspectos Ambientais Para produção de 3.000 kg de soja por hectare Fator econômico é imprescindível Cerca de 250 a 300 Kg de N Em torno de 500 Kg de ureia ± R$ 750,00 por ha para suprir a planta com N Custo em torno de R$ 5,00 a R$ 6,00 por ha (R$ 10,00 a R$ 12,00 em área de primeiro ano) Aspectos Econômicos Sem inoculante Com inoculante Aspectos Econômicos Sem inoculante Com inoculante Aspectos Econômicos Aspectos Econômicos Sem inoculante Com inoculante Aspectos Econômicos Inoculantes = benefícios para a cultura subsequente; Área com uso de soja inoculada = fornece todo N que a soja precisa, deixa para a cultura subsequente cerca de 27 a 30 Kg de N no solo; Reinoculação em soja: > do rendimento em até 23% e o N total dos grãos em até 25%; Solos com população estabelecida tem de 4 a 15% de acréscimo na produtividade de soja. 0 500 1.000 1.500 2.000 Lin. nod Lin. não nod 1.974 1.529 P ro d . d e t ri g o ( k g /h a ) Linhagens de soja Efeito da inoculação da soja na produção de trigo Fonte: Mascarenhas (2003)*Na área de soja não nodulífera, foram adicionados 50 kg de N/ha. + 23% Aspectos Econômicos Microrganismos Fixadores de N R iz ó b io s Actinomicetos Cianobactérias Simbióticas Diazotróficas Endofíticas Vida Livre Ex.: Frankia Ex.: Nostoc Bactérias A s s o c ia ti v a s Microrganismos Fixadores de N GRUPO DOS RIZÓBIOS GRUPO DOS VIDA LIVRE A bactéria não possui a enzima nitrogenase quando não está associada à planta; A bactéria não fixa N sem se associar com a planta; As bactérias penetram na planta e formam nódulos; Para fixar N, há a necessidade da formação de nódulos; A planta tem um papel fundamental na regulação do funcionamento dos nódulos. A bactéria possui a enzima nitrogenase em sua célula mesmo sem estar associada; A bactéria fixa N mesmo sem estar associada à planta; As bactérias penetram na planta mas não formam nódulos; Bactérias fixam N independente da formação de nódulos; A planta tem um papel menos importante na regulação da associação. Microrganismos Fixadores de N Fixação Biológica de Nitrogênio Planta Hospedeira Fixação Simbionte de N Leguminosas Bactérias Azorhizobium, Bradyehizobium, Photorhizobium, Rhizobium, Sinorhizobium Cana-de-açúcar Beijerinckia fluminensis, Acetobacter diazotrophicus Milho Azospirillum lipoferum Trigo Azospirillum brasilense Briófitas Cianobactérias Nostoc spp. Azolla Anabaena spp. Angiospermas Nostoc punctiforme Árvores e Arbustos Actinomicetos Frankia Microrganismos Fixadores de N Soja/Bradyrhizobium As bactérias são específicas para determinados grupos de plantas, assim, um gênero que nodula a soja não irá nodular o feijão, e vice-versa. (1) Crescimento dos pêlos radiculares - Raízes exsudam compostos orgânicos (açúcares, aminoácidos e outros) que irão atrair as bactérias, formando uma rizosfera microbiana; (2) Os pêlos radiculares eliminam exsudados específicos (flavanóides e antocianinas) para atrair as bactérias para as raízes e induzir especificidade através do gene nod da bactéria (nodulação); (3) A bactéria funde-se na superfície do pêlo radicular (provavelmente pela proteína específica - Lectina-glicoproteína; Formação dos Nódulos Formação dos Nódulos (4) Em resposta ao sinal do rizóbio, o pêlo radicular curva; (5 e 6) A bactéria digere a parede celular e forma o cordão de infecção (forma de tubo) para dentro do córtex da raíz, onde penetram e se multiplicam intensamente, ocorrendo também intensa divisão celular das células corticais que se exteriorizam, formando o nódulo. Nódulos Ativos Vermelha/Rosa Coloração interna do nódulo Leghemoglobina Bactérias através da Nitrogenase Quebram a tripla ligação do N2 até reduzir a NH3 (amônia) Incorporação de íons H+ Incorporados às proteínas NH4 (amônio) Regulado por Lei específica e por diversas portarias do MAPA; Número mínimo de bactérias/semente, para uma nodulação eficaz: Anos 2000: ± 80.000; Atualmente: Legislação: ± 600.000 bact/sem; Órgãos de pesquisa: ± 1.200.000; Baixo nível de contaminantes - A legislação exige que o inoculante não apresente contaminantes abaixo da diluição 1 X 10-5. Padrão de Qualidade dos Inoculantes Tipos de Inoculantes Em pó - tendo a turfa como sua suporte para as bactérias (solo comelevado teor de M.O. e baixa drenagem); A turfa é extraída da jazida, seca, moída e tem seu pH corrigido; É embalada e esterilização, eliminando todos os microrganismos existentes - ficando apta a receber a cultura do rizóbio que crescerá livre de competição e antagonistas; Após, o caldo é injetado nos pacotes e o inoculante ficará alguns dias em maturação para que a bactéria se desenvolva na turfa; Algumas empresas adicionam aditivos que beneficiam o desenvolvimento das bactérias. Inoculantes Sólidos São os mais práticos e correspondem a 70% do mercado; A bactéria é misturada com substâncias protetoras que reduzem o seu metabolismo, são também esterilizadas, e vão para as embalagens finais, que podem ser frascos ou sachês, onde permanecem em estado de dormência; X Inoculantes Fluídos O comportamento da bactéria é bem diferente nos dois tipos de inoculante: no turfoso, a bactéria está em pleno crescimento, enquanto no líquido ele entre já na concentração máxima e vai morrendo lentamente. Inoculantes Oleosos Inoculantes em Gel Inoculantes Líquido-Turfosos Visa os benefícios do líquido (facilidade de uso) e da turfa (proteção às bactérias). A bactéria, liofilizada, era diluída em água juntamente com um polímero que virava um gel; Bactérias eram liofilizadas e ficavam muito fragilizadas, apresentando elevada mortalidade; Comercializado durante apenas 4 anos; Antes de usar inoculante, temos que dar atenção a diversos pontos: Validade do produto; Usar o inoculante específico para a cultura; O inoculante é um produto vivo, portanto sujeito a limites de temperatura; Não expor o produto ao sol. O sol emite raios ultravioleta, aquece e seca - três inimigos das bactérias. Processo de Inoculação Inocular à sombra, e efetuar a semeadura no mesmo dia, mantendo a semente inoculada protegida do calor excessivo; Em solos de 1º de plantio 2x a dose normal - solos de 1º ano de cultivo são muito adversos à bactéria, causando uma elevada mortalidade; Inoculantes turfosos - recomenda-se umedecer a semente com 300 ml/50 kg semente de água açucarada a 10% (100 g de açúcar e completar para 1L de água); Distribuir o uniformemente em todas as sementes para obter maior benefício da FBN em todas as plantas. Processo de Inoculação Processo de Inoculação - Cálculo Sabendo que: Inoculante: 60 g para 50 kg de sementes; Água: 300 mL para 50 kg de sementes; Açúcar: 100 g para 1 L de água; Peso de 1000 sementes de soja: 160 g; Calcular para 20 kg de sementes de soja: g de Inoculante; L de Água; g de Açúcar; Número de sementes; Máquinas para o Tratamento de Sementes Betoneira ou tambor com eixo excêntrico Colocar as sementes no recipiente seguido de todos os produtos que serão usados no tratamento, menos o inoculante; Girar o tambor diversas vezes até que as sementes estejam bem recobertas pelos produtos; Colocar o inoculante e girar novamente, até que as sementes estejam recobertas pelo inoculante. Máquinas para o Tratamento de Sementes O tratamento das sementes com fungicida e (ou) micronutrientes deve ser feito antes ou depois da inoculação? Antes - O inoculante não pode ser misturado com os fungicidas e micronutrientes, pois os mesmos são, em maior ou menor grau, tóxicos para as bactérias; No caso de sementes tratadas com fungicidas e inoculadas, a semeadura deve ser efetuada em, no máximo, 12 horas; Inoculantes, Fungicidas e Micronutrientes Caso isso não seja possível, as sementes devem ser inoculadas novamente. Facilita o trabalho do agricultor e diminui o efeito nocivo dos fungicidas sobre a bactéria; Diversos experimentos demonstraram aumentos no número de nódulos e na produtividade comparando a aplicação nas sementes. Aplicação no Sulco Alguns cuidados devem ser tomados para utilizar esta tecnologia: Fazer uma rigorosa limpeza no equipamento, tirando qualquer resquício de defensivos; De 2x à 3x dose de inoculante líquido por ha; Aplicar com o solo úmido. Colocar meia saca de semente na caixa da semeadora; Fazer uma mistura, mais meia saca e mais meia dose, fazendo nova mistura; Bolsões de sementes sem receber o inoculante fazer mais uma mistura. Vantagens: Deixa o inoculante por menos tempo em contato com os fungicidas; Diminui o tempo entre a inoculação e a semeadura, com menor mortalidade de bactérias. Aplicação na Caixa da Semeadora E Agora ??? Rio Grande/RS – Safra 2014/15 Fatores Interferentes da Inoculação/Fixação Cálcio e Fósforo – são essências na fixação do N; Nitrogênio - pode reduzir a nodulação e prejudicar a produtividade em quantidades acima de 20 kg/ha; Para cada kg de N disponível no solo acima de 20 Kg/ha, há a redução de 1 kg na FBN; Aplicar N na fase de florescimento inútil para aumentar a produtividade; Macronutrientes Macronutrientes 2498 2638 2688 2535 2580 2400 2450 2500 2550 2600 2650 2700 2750 S/inoc. c/inoc S/inoc + N inocC/ + 30 Kg N plantio C/inoc. + 50 Kg N pré flor. Inoculação e N em Soja K g g rã o s /h a (200 kg/ha) Fonte: EMPRAPA (2011) São essenciais para todos os processos metabólicos da planta. Dois se destacam de forma acentuada: Molibdênio - faz parte do centro ativo da enzima nitrogenase e em sua ausência a enzima não fará seu papel de desdobrar a molécula de N2; Cobalto - faz parte da cobalamina (vitamina B12), essencial nos processos bioquímicos da fixação. Também faz parte do processo de formação da nitrogenase e da leghemoglobina; Existem no mercado formulações de Mo e Co com um grau de compatibilidade mais elevado com as bactérias do inoculante. Micronutrientes Fatores do Solo Acidez - A elevada acidez prejudica a multiplicação das bactérias e, consequentemente, o aporte de N; Matéria Orgânica - Favorece a multiplicação das bactérias, aumentando as chances de formação de nódulos. Em solos sob plantio direto a taxa de FBN é maior que em solos sob plantio convencional; Compactação - Solos muito compactados dificultam a penetração do N no solo e, portanto, dificultam a fixação, dificultando a expansão do nódulo, que fica com seu tamanho reduzido. Fatores do Ambiente Temperatura - Temperaturas muito elevadas, durante certo período de tempo, contribuem para cessar o desenvolvimento das bactérias ou até mesmo matá-las. Abaixo dos 10 °C ou acima de 40 °C o processo de reprodução é paralisado; Umidade: Solo muito seco e demorar a chover - alta mortalidade de bactérias; Solo muito úmido - diminui a taxa de fixação, mas não mata a bactéria. Quando o solo voltar a seu estado normal, a fixação será retomada em seu ritmo normal Avaliação da eficiência da inoculação pode ser feita através: Contagem do número de nódulos; Peso dos nódulos secos; Coloração dos nódulos; Teores de N nas folhas; Produtividade da cultura. Eficiência da Inoculação Para pesquisadores e produtores de inoculantes, a reduzida taxa de reinoculação em alguma localidades tem gerado preocupação; Muitos produtores ao coletarem plantas no solo observam a presença dos nódulos, acreditam que a bactéria já esteja no solo e não fazem a inoculação das sementes, a qual não é suficiente para altas produtividades. Aspectos Preocupantes Revisando... Qual a importância da inoculação? Quais os tipos de inoculantes? Quais condições podem influenciar a fixação biológica de nitrogênio? UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOLOGIA VEGETAL DISCIPLINA DE FISIOLOGIA VEGETAL diogodasilvamoura@yahoo.com.br Inoculação de Sementes
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