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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 8ª VARA CRIMINAL DE FORTALEZA - CEARÁ Autos de origem nº: 0004343-00.2017.8.06.0001 Recorrente: Ramon Alexandre Recorrido: Ministério Público Estadual Ato Processual: Petição de Juntada de Razões de Recurso de Apelação RAMON ALEXANDRE, já qualificado nos autos em epígrafe, neste ato, representado por sua procuradora judicial Débora da Silveira, advogada, regularmente inscrita na OAB/PR, nº 98.807, com escritório profissional sito à Avenida Presidente Perimetral Tancredo de Almeida Neves nº 3866, na cidade de Campo Mourão – PR, onde recebe avisos e intimações, vem perante Vossa Excelência com respeito e acato devidos, requerer a Juntada das Razões de Recurso de Apelação, seja o Membro do Ministério Público intimado para apresentar contrarrazões recursais. Em seguida, devidamente processado, que o recurso de apelação interposto e arrazoado seja remetido ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Ceará para novo julgamento, quando deverá ser provido e o recorrente absolvido. Nestes termos, pede-se deferimento. Fortaleza - Ceará 27 de Julho de 2018 _____________________________ Débora da Silveira OAB/PR 98.807 EXCELENTÍSSIMOS SENHORES DESEMBARGADORES DA __ CÂMARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ Autos de origem nº: 0004343-00.2017.8.06.0001 Recorrente: Ramon Alexandre Recorrido: Ministério Público Estadual Ato Processual: Razões de Recurso de Apelação EMÉRITOS DESEMBARGADORES SENHOR RELATOR 1. SÍNTESE PROCESSUAL O recorrente foi condenado pelo artigo 155, c/c artigo 14, inciso II, ambos do Código Penal, à pena de 4 (Quatro) meses de reclusão, em regime inicial fechado, em decorrência da reincidência, sendo-lhe pelo mesmo motivo negada a substituição de pena restritiva de liberdade por restritiva de direito. Em que pese o indiscutível saber jurídico do Magistrado(a) a quo, a respeitável sentença prolatada merece reforma, conforme se passará a demonstrar. 2. MÉRITO 2.1 ABSOLVIÇÃO POR CRIME IMPOSSÍVEL O que consta nos autos é que o recorrente não conseguiu consumar a subtração da carteira da vítima porque esta, não portava carteira naquele momento, pois havia esquecido a mesma em casa. Diante dos fatos, observa-se nesse momento o artigo 17 do Código Penal, vejamos: Art. 17. Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. Dessa maneira é possível concluir que não deve haver a punibilidade da tentativa, pois há a absoluta impropriedade do objeto. Resta claro que estamos diante de um crime impossível, uma vez que no momento em que o recorrente tentou subtrair a carteira da vítima, esta, não possuía em seu bolso nenhuma carteira, ou seja, não havia nenhum objeto ali a ser furtado. Antonio José Miguel Feu Rosa (1995, p.312) em sua doutrina, dispõe sobre o crime impossível: "a atitude do agente, quando o objeto pretendido não pode ser alcançado dada a ineficácia absoluta do meio, ou pela absoluta impropriedade do objeto”. Agora utilizando-se do Código de Processo Penal, em seu artigo 386, deve haver a absolvição do réu, vejamos: Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça: III - não constituir o fato infração penal; O entendimento jurisprudencial vai de acordo com a tese aqui argumentada. Quando não existe bem a subtrair, estamos diante de um crime impossível. E M E N T A. "CRIME IMPOSSÍVEL - FURTO - AUSÊNCIA DE BENS A SUBTRAIR - EXECUÇÃO INIDÔNEA - INIDONEIDADE ABSOLUTA DO OBJETO - CARACTERIZAÇÃO DA CONDUTA ATÍPICA - RECURSO PROVIDO. Restando comprovado a impropriedade absoluta do objeto, não há falar-se em tentativa, mas sim em crime impossível. Inteligência do art. 17 do Código Penal. (Tribunal de Justiça de Mato Grosso - Relator convocado composta pelo Dr. Adilson Polegato de Freitas - Primeira Câmara Criminal. Recurso de Apelação Criminal n.º 10049/2006 - Classe I - 14 - Comarca de Tangará da Serra) ". Pelo fato do crime ser impossível pelos motivos já arguidos acima, requer-se desde já a absolvição do recorrente, pois o fato não constitui infração penal simplesmente por ele ser impossível, não houve furto em face da vítima. 2.2 SUBSIDIARIAMENTE Caso Vossas Excelências não entendam pela absolvição do recorrente em virtude do crime impossível e de todos os motivos até aqui expostos, requer-se desde já, que o mesmo tenha o regime prisional semiaberto por conta da Súmula 269 do Superior Tribunal de Justiça. Súmula 269 STJ: É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais. É direito do recorrente que o regime fechado imposto inicialmente seja alterado para regime semiaberto, uma vez que este foi condenado a pena de 4 (Quatro) meses de reclusão. Utilizando-se agora do artigo 44 do Código Penal, observa-se que o recorrente tem o direito à substituição da restritiva de liberdade pela restritiva de direito, vez que a reincidência quando não for específica, poderá conceder-se a substituição, conforme letra de Lei: Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: I - aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; § 2º Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos. § 3º Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime. Dessa maneira, requer-se desde já que haja a substituição da restritiva de liberdade pela restritiva de direito por todas as razões até aqui arguidas. 3. REQUERIMENTOS Requer-se o que segue: a) Que seja recebido e provido o presente recurso; b) Que seja o réu Ramon Alexandre absolvido nos termos do artigo 386, inciso III do Código de Processo Penal; c) Em caso de manutenção da r. sentença condenatória, que seja fixado regime inicial de cumprimento de pena semiaberto nos termos do artigo 33, §2º, alínea B do Código Penal; d) Subsidiariamente a substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direito com fulcro no artigo 44 do Código Penal. Nestes termos, pede-se deferimento. Fortaleza - Ceará 27 de Julho de 2018 _____________________________ Débora da Silveira OAB/PR 98.807
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