Buscar

Ciências Forenses e o Processo Penal

Prévia do material em texto

Ciências forenses e o processo penal
Podemos conceitua a ciência forense, no entender das autoras:
“Ciência forense é a classificação dada aos esforços de geração e transferência de tecnologia e ciência com a finalidade de elucidar questões relativas ao âmbito do sistema de segurança pública e justiça criminal. ” (FACHONE & VELHO, 2007, Pág. 153)
 Com o decorrer do tempo e com os avanços da própria ciência, vieram as ciências; Química, a Biologia e a Física, que foram criadas com maiores especializações, para que assim ficasse mais fácil o desenvolvimento desses profissionais e assim ter uma ciência forense mais abrangente e eficaz em suas pesquisas e investigações.
 Juntamente temos o direito penal, que foi criado para garantir e preservar a integridade física e moral dos cidadãos, e ajudar a dirimir conflitos que, como vivemos em sociedade, sempre existiram, assim servindo ao Estado frente a sociedade civil, como também possibilita a intervenção do Estado com relação a liberdade individual dos cidadãos.
 De forma que, a verdade dos fatos é sempre o alvo na procura por uma solução em qualquer investigação, sendo que, essa procura deverá ser sempre com a mais clareza possível. 
 Como para cada indivíduo a verdade é vista de forma diferente, na ciência forense a verdade é provada de acordo com o que é encontrado nos fatos ali deixados, ou seja, a investigação dos fatos da cena de crime, é que vai ser levado em consideração naquele momento, e assim colaborar com o direito penal para que ele possa então tentar elucidar as lides no caso concreto. Traz no CPP nos artigos, 6º, I e 169 que traz:
“ Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
Inciso I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais [...] 
Artigo 169:
 “Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos. ”                  
 Com esses cuidados e salvaguardado pelo diploma legal acima citado, a sociedade poderá contar com confiabilidade da investigação através da ciência forense, para que a justiça não erre, acusando e condenando um inocente, ou pior, deixar impune e ás soltas o verdadeiro culpado pelo delito cometido, ou ainda, impedir que a verdade tão procurada na investigação de um crime, seja conseguida de formas não aceitáveis em nosso ordenamento, por ex: através de ameaças ou torturas psicológicas ou físicas.
 E para se evitar o uso dessas formas de descobrir a verdade a todo custo, é que a ciências forenses juntamente com o direito penal e seus princípios constitucionais, estão aí para ajudar a elucidar investigação.
 Na nossa Constituição Federal no artigo 1º, III, versa sobre a dignidade humana, no inciso III do artigo 5º, explicita sobre aos maus tratos e tortura que nenhum indivíduo poderá sofrer. Assim como também é salvaguardado no artigo 5º, 1 da Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica) incorporado através do Decreto nº 678/92, que deixa claro também sobre o direito que todo cidadão tem de ter sobre a sua integridade física, psíquica e moral, assim como também não deve ser submetido a torturas ou maus tratos desumanos ou degradantes.
 Por essa razão é que a confissão não pode ser considerada nesses casos, uma vez que, os testemunhos podem ser superficiais, ou uma maneira de parar com alguma pressão ou tortura sofrida pelo indivíduo, e assim obstruir a materialidade do delito. 
 De acordo com o autor:
“Em investigações de crimes, o foco principal do profissional forense é confirmar a autoria ou descartar o envolvimento do (s) suspeito (s). As técnicas empregadas permitem que seja possível identificar, com relativa precisão, se uma pessoa, por exemplo, esteve ou não na cena do crime a partir de uma simples impressão digital, ou então um fio de cabelo encontrado no local do crime. Em algumas situações, os especialistas forenses utilizam a tecnologia dos testes de DNA, as análises da autenticidade de obras de arte e de documentos ou, ainda, o exame de combustíveis adulterados, entre outras análises” (Chemello, 2006, pág. 02).
 Em especial dos exames citados pelo autor, o exame de DNA nos dias de hoje tem facilitado muito em vários aspectos, não só no caso de crimes, mas também nos casos de reconhecimento de paternidade. Essas investigações permitem os filhos que são de alguma forma adotados possam um dia procurar pelos seus pais biológicos, e nos casos dos quais o pai não queira reconhecer a paternidade, e assim ajudar na elucidação da justiça com relação ao pagamento de pensão alimentícia. 
 O caso de Sandra Regina Machado Arantes do Nascimento Felinto, filha do jogador Pelé (Edson Arantes do Nascimento), só se deu o reconhecimento após a realização do exame de DNA, e ainda assim o jogador não a reconheceu de coração, Sandra veio a falecer em 2006 de câncer de mama. (http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2013/12/netos-de-pele-conseguem-na-justica-o-direito-de-receber-pensao-do-avo.html).
 Outro caso, esse de estupro, em BH há 12 anos foi resolvido através do exame de DNA, um corpo encontrado já em adiantado estado de decomposição, era de uma mulher, a secretária Josélia Mara Lopes. Ao ser feito os exames de corpo de delito nos restos mortais, foram encontrados indícios de violência sexual. O caso só foi resolvido através do exame de DNA, que confirmou o estupro e levou ao autor do crime, o carcereiro da Polícia Civil José Lúcio Milagres, com a coleta do material, mesmo sem o consentimento dele, porém, baseado na lei, pode-se comprovar sua autoria no crime. (https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2012/08/23/interna_gerais,313572/exame-de-dna-prova-crime-cometido-por-ex-policial-ha-12-anos.shtml).
 Contudo, a importância da ciência forense vem sendo cada vez mais evidente nas investigações de crimes, e a ilícitos civis também. Infelizmente, a falta de mais profissionais especializados nessa área é nítido nos dias de hoje, segundo a professora Aline Thaís Bruni, há uma falta de 30 mil desses profissionais aqui no nosso país, essa constatação foi feita no ano de (2011), na Associação Brasileira de Criminalística, com isso, os poucos profissionais que existem ainda encontram muita dificuldade para trabalhar, apesar de possuímos excelentes laboratórios e uma boa equiparação, muitas das vezes em determinados casos o perito especialista não consegue receber o apoio que precisa para realizar seu trabalho, e por essa razão a demora dos resultados. (http://oxigenio.comciencia.br/ciencia-forense-para-que-serve-e-como-e-feita-no-brasil/). (05/2016).
Em relação a crítica que diz que, se o perito é o dono da verdade, nem precisaria de juiz. Você concorda que o perito poderia substituir o juiz? Caso contrário qual sua resposta para essa crítica?
 Não, não acredito que o perito possa ser o dono da verdade, que vai ter o poder de solucionar em uma questão final de uma investigação criminal, ou até mesmo no deslinde de um julgamento, muito embora, “Apesar de realizar atividade de extrema importância para a resolução do fato litigioso, o perito é apenas um auxiliar da Justiça e a sua função se restringe a fornecer ao juiz informações relativas ao evento probando. (BUSSULAR, 2006, págs. 55). 
 Posto que, de acordo com o artigo 155 do CPP, fala sobre a livre apreciação da prova que o juiz poderá formar dentro de sua convicção, estabelecendo sempre uma determinada lógica entre sua análise e a decisão final.
 Não desrespeitando os princípios do contraditório e da ampla defesa, como princípios constitucionais, deveram ser sempre respeitados, em relação principalmenteno que diz respeito ao direito à liberdade do acusado. Uma vez que, “[...] A norma penal incriminadora, impositiva de sanção, deve ser a última ratio, ou seja, a última hipótese que o Estado utiliza para punir o infrator da lei” (NUCCI, 2016).
 Logo, o juiz terá que analisar o caso não somente baseado ás provas apresentadas pelas partes, mas também pesquisar os fatos profundamente para que se chegue a verdade, verdade essa que, não considerada absoluta, mas a mais possível de ser empregada no caso concreto, para que, não seja o juiz em nenhum momento parcial e assim não assumindo de forma alguma nenhuma posição, nem de quem acusa ou de quem é acusado.  
 E é claro, sempre atentando também ao fato de que, mesmo com as inovações tecnológicas juntamente com a ciência forense que vem sobressaindo mais e mais, essas inovações apesar de bem-vindas, nem sempre poderão ser consideradas de caráter absoluto, uma vez que, mesmo com toda confiabilidade que essas provas e investigações dos peritos e seus auxiliares possam ter, ainda assim pode perfeitamente ocorrer erros. 
Bibliografias: 
Aline Thaís Bruni. (12 de maio 2016). Ciência Forense: para que serve e como é feita no Brasil? – Entrevista Ciências Forenses: Realidade X ficção. Entrevistadora: Paula Penedo Entrevistada: Professora Aline Thaís Bruni, bacharel em química e em Direito, atua como pesquisadora do departamento de química da USP de Ribeirão Preto. Consultado em: http://oxigenio.comciencia.br/ciencia-forense-para-que-serve-e-como-e-feita-no-brasil/ Consultado em agosto de 2018. 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Promulgada em 05 de outubro de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm Consultado em: agosto de 2018.
BRASIL. Decreto – Lei Nº 3.689 de 3 de outubro de 1941, Código Processual Penal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-LEi/Del3689.htm Consultado em: agosto de 2018.
BUSSULAR, Letícia Franklim. A livre apreciação da prova de alto grau de precisão pelo juiz. Panóptica, Vitória, ano 1, n. 3, nov. 2006, p. 55-60. Disponível em: http://docplayer.com.br/21004292-A-livre-apreciacao-da-prova-de-alto-grau-de-precisao-pelo-juiz.html. Consultado em agosto de 2018. 
CHEMELLO, E., Ciência forense: impressões digitais, Química Virtual, 2006, (pág. 02) de La URL. Disponível em: http://www.quimica.net/emiliano/artigos/2006dez_forense1.pdf. Consultado em agosto de 2018.
Convenção Americana de Direitos Humanos (1969). Ratificada pelo Brasil em: 25 de setembro de 1992 e Promulgada no Decreto Nº 678, de 6 de novembro de 1992. Disponível em: https://www.cidh.oas.org/basicos/portugues/c.convencao_americana.htm Consultado em: agosto de 2018.
Exame de DNA prova crime cometido por ex-policial há 12 anos. Reportagem disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2012/08/23/interna_gerais,313572/exame-de-dna-prova-crime-cometido-por-ex-policial-ha-12-anos.shtml Consultado em: agosto de 2018.
FACHONE, Patrícia, VELHO, Léa; Ciência Forense: Interseção Justiça, Ciência e Tecnologia; vl.03, nº4, 2007. Revista Tecnologia e Sociedade; Disponível em : https://periodicos.utfpr.edu.br/rts/article/view/2498/1612.pdf Pág. 153. Consultado em agosto de 2018.
Netos de Pelé conseguem na Justiça o direito de receber pensão do avô. Reportagem disponível em: http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2013/12/netos-de-pele-conseguem-na-justica-o-direito-de-receber-pensao-do-avo.html Consultado em agosto de 2018.
NUCCI, Guilherme de Souza. Princípio da Intervenção Mínima e Contravenções Penais. Dica Guilherme Nucci. Disponível em: http://www.guilhermenucci.com.br/novidades/principio-da-intervencao-minima-e-contravencoes-penais Consultado em: Agosto de  2018.
PS: Professor, espero ter feito as correções e alterações exigidas, ficarei no aguardo de novas considerações e correções.
Abraços, 
Ivani

Continue navegando