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DIREITO DO TRABALHO 1, A GÊNESE. EMMANUEL ABRANTE. FONTES DO DIREITO DO TRABALHO Conceito Fonte traz consigo a ideia de origem, nascedouro. Fontes do Direito do Trabalho são, portanto, o conjunto de aspectos fáticos e normativos que deram origem a esse ramo especializado do Direito. Classificação As fontes do Direito do Trabalho dividem-se em materiais e formais; estas, por sua vez, subdividem-se em autônomas e heterônomas. As fontes materiais compreendem aspectos fáticos de caráter político, social e econômico que influenciaram a criação do Direi to Laboral. São exemplos de fontes materiais do Direito do Trabalho a Revolução Industrial, o advento do capitalismo, a concretização do trabalho assalariado, a mecanização da indústria, a organização dos trabalhadores em sindicatos, as revoluções sociais, etc. Já as fontes formais compreendem os as pectos normativos. Denominam-se fontes formais heterônomas aquelas que demandam a participação do Estado, através dos Poderes constituídos. Citam-se como exemplos a Constituição Federal, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), as leis ordinárias em matéria trabalhista, os tratados internacionais, o Direito Comparado, os decretos, as portarias ministeriais e a sentença normativa. Por outro lado, as fontes formais autônomas são produzidas sem a participação estatal, pelo esforço dos próprios interessados na regulamentação. São exemplos desse tipo de fonte as convenções coletivas de trabalho, os acordos coletivos de trabalho, os us os e costumes, os estatutos sindicais e os regulamentos de empresa. Hierarquia de fontes formais Como decorrência do princípi o da proteção, prevalece como critério de hierarquia das fontes formais no Direito do Trabalho brasileiro a aplicação da fonte mais favorável ao trabalhador. Assim, havendo conflito de fontes, deve-se optar pela mais adequada aos anseios do obreiro. PRINCÍPIOS: CONCEITO, FUNÇÕES E DISTINÇÃO DAS REGRAS. Princípios são mandamentos de otimização, com elevada carga valorativa e baixa densidade normativa, que atuam como vetores na formação, interpretação, integração e aplicação do Direito. Os princípios (ao contrário das regras) não se revogam. Havendo eventual conflito entre princípios, a prevalência de um decorrerá do exercício de ponderação, levando em conta as especificidades do caso concreto e sem eliminar os demais do ordenamento normati vo. Princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CF) Trata-se de princípio que se situa no núcleo básico dos direitos fundamentais, dentre os quais se destacam os de caráter trabalhist a. Apesar de sua manifesta elasticidade, a dignidade da pessoa humana é fator de distinção do homem considerado como tal, assegurando-lhe o decoro e a personalidade. A dignidade da pessoa humana é também fundamento da República Federativa do Brasil (art. 1º, III, CF). Princípio do valor social do trabalho (arts. 1º, IV e 170, CF) Tal princípio estatui o primado do trabalho (em especial do emprego) no ordenamento constitucional brasileiro. Através da val orização do trabalho, os direitos sociais são colocados em posição central no conjunto normativo do Brasil, funcionando como veto r da ordem econômica. 5.2.3 Princípio da igualdade (art. 5º, caput e I, CF) O princípio da igualdade é visto aqui tanto no seu aspecto formal (igualdade perante a lei), como no seu aspecto material (ig ualdade na lei). O preceito de isonomia preconizado traduz o efeito prático de tratamento desigual aos desiguais na medida de sua desigualdade. Os direitos trabalhistas fundamentam-se, sobretudo, na prevalência do desejado equilíbrio das relações de trabalho, mediante uma postura estatal comissiva de intervenção na autonomia privada, protegendo o trabalhador hipossuficiente. Princípio da não discriminação (art. 7º, XXX, XXXI e XXXII, CF) Discriminar significa tratar alguém fora do padrão normal de consideração racional, em razão de sexo, raça, cor, opção sexual , idade ou outro fator injustificável. É corolário do princípio da igualdade, mas com ele não se confunde, sendo mais específico. E m matéria trabalhista, a Constituição proíbe diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sex o, idade, cor ou estado civil, bem como qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhado r portador de deficiência, além de não estabelecer distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos (art. 7º , XXX, XXXI e XXXII, CF). Princípio da vedação ao retrocesso social Constitui princípio garantidor da evolução constitucional dos direitos sociais. Encontra -se implícito na Constituição Federal e preleciona que os direitos sociais, quando concretizados no plano normativo, não podem retroceder. Tal princípio impede qualquer iniciat iva voltada a abolir ou diminuir os direitos sociais conquistados. Princípio da progressividade Também decorrente do amadurecimento constitucional no tocante aos direitos fundamentais, tal princípio preconiza que os direi tos sociais estão em constante evolução, crescendo para s e tornarem cada vez mais abrangentes e efetivos. A progressão constante dos direitos sociais deve ser sempre perseguida e festejada. Princípio da proteção Também denominado de tutelar ou tuitivo, o princípio da proteção constitui a essênci a do Direito Individual do Trabalho. Reconhecendo a existência de uma desigualdade substancial evidente entre os sujeitos da relação de trabalho, o Direito do Trabalho busca, no plano normativo, estabelecer um almejado equilíbrio. Para tanto, protege o tra balhador hipossuficiente. O Estado intervém na autonomia privada, criando condições para que a relação de trabalho se desenvolva de um modo mais equânime e justo. Princípio da norma mais favorável Preconiza tal princípio que o operador do Direito deve optar pela norma mais favorável ao trabalhador sempre que, para um mes mo caso concreto, duas ou mais normas forem passíveis de aplicação ou, ainda, sempre que, para uma mesma situação, houver duas o u mais interpretações possíveis. Atua no plano normativo. Princípio da condição mais benéfica Este princípio orienta que o operador do Direito deve optar pela condição mais benéfica ao trabalhador sempre que duas ou mai s cláusulas contratuais ou regulamentares forem aplicáveis, ou, ainda, sempre que duas ou mais interpretações de contrato ou regulamento se apresentarem possíveis. Atua no plano contratual ou regulamentar (extralegal). Princípio da imperatividade das normas trabalhistas (art. 444, CLT) As normas de Direito do Trabalho são imperativas, ou seja, impõem-se à vontade das partes contratantes. Assim, as relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação das partes interessadas em tudo quanto não contravenha às disposições de p roteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes (art. 444, CLT). Princípio da indisponibilidade dos direitos trabalhistas Por serem imperativas, as normas trabalhistas criam direitos que não são passíveis de disposição. Existem, todavia, dois tipos de indisponibilidade: a absoluta e a relativa. Os direitos absolutamente indisponíveis, normalmente relacionados à saúde e segur ança no trabalho, não podem ser alvo de qualquer despojamento (unil ateral ou bilateral). Já os direitos de indisponibilidade relativa podem ser objeto de despojamento bilateral, sobretudo quando autorizado por lei ou via negociação coletiva de trabalho (vide, por exemp lo, art. 7º, VI, XIII e XIV, CF). Princípio da inalterabilidade contratual lesiva (art. 468, CLT) Ao contrário do que ocorre no Direito Civil, em que os contratos podem ser alterados pela l ivre manifestação das partes, o co ntrato detrabalho somente pode ser modificado de forma bilateral e, ainda assim, desde que não cause prejuízo ao trabalhador (art. 468, CLT). Sendo lesiva ao empregado, a alteração contratual não poderá ocorrer, nem mesmo sob seu consentimento. Princípio da intangibilidade salarial O salário é, ao mesmo tempo, a principal obrigação do empregador e o principal direito do empregado. Para este, porém, além d e um mero direito, compreende o numerário responsável pela sua sobrevivência, daí seu caráter alimentar. Tem-se, portanto, que o salário sofre proteção tanto contra débitos do empregador como do próprio empregado. Não pode ser alvo de reduções indevidas (art. 7º , VI, CF), descontos (art. 462, CLT) ou constrições judiciais (art. 649, IV, CPC). Princípio da primazia da realidade sobre a forma (art. 9º, CLT) O contrato de trabalho aperfeiçoa-se no plano dos fatos. Assim, independentemente de qualquer elemento formal, o preenchimento dos requisitos fáticos é suficiente para a existência do contrato laboral. Desse modo, qualquer tentativ a ou mecanismo fraudulento voltado a encobrir ou desvirtuar essa realidade é considerado nulo de pleno direito (art. 9º, CLT). Princípio da continuidade do contrato de trabalho O contrato de trabalho tende a ser contínuo, duradouro, prolongado no tempo. Assim, segue como regra geral a contratação por prazo indeterminado, transformando os contratos a termo (art. 443, §2º e Lei 9.601/1998) em exceção. Os contratos prolongados estim ulam a afirmação social, familiar e laborativa do operário, razão pela qual a continuidade do vínculo faz presunção favorável ao trabalhador (Súm. 212, TST).
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