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Apostila Prova I PCI III 2014.1 Aula 01 – Introdução a Assistência de Enfermagem ao Adulto – Profª Maria Angélica Introdução A expressão “cronologização da vida” é usada por Kelhi e Meyer (1996) para caracterizar as transformações na forma como a vida é periodizada, no tempo de transição de uma etapa para a outra e no próprio caráter do curso de vida como INSTITUIÇÃO SOCIAL. Essa institucionalização do curso de vida envolveu praticamente todas as dimensões do mundo familiar e do trabalho e está presente na organização do sistema produtivo, nas instituições educativas, no mercado de consumo e nas políticas públicas, que cada vez mais, têm como alvo grupos etários específicos. A padronização da infância, adolescência, idade adulta e velhice estão associadas historicamente ao processo de transição de uma economia que tinha como base a unidade doméstica para uma economia baseada no mercado de trabalho. Também pode-se atribuir ao Estado Moderno, que transformou questões da esfera privada e familiar em questões de ordem pública: o Estado orienta o curso de vida, regulamentando todas as suas etapas desde o momento do nascimento até a morte, passando pelo sistema de fases de escolarização, entrada no mercado de trabalho e aposentadoria. Quando falamos de cronologização da vida precisamos atentar para as variações nas etapas e na extensão em que seu curso é periodizado em sociedades modernas distintas, ou seja, existe variação na periodização cronológica dependendo do contexto de cada região. ● Idade Adulta: período onde as pessoas tomam consciência das mudanças na capacidade reprodutiva e física, que significam o início de um outro estágio de vida. Do ponto de vista do Direito (jurídico) e no caso das pessoas, a idade adulta supõe o momento em que a lei estabelece que se tem plena capacidade de fazer. Isso supõe um incremento tanto nos direitos da pessoa como em suas responsabilidades. No entanto, é necessário ter presente que, em alguns ordenamentos jurídicos, “maior idade” e “adulto” não são, em sentido próprio, termos sinônimos. O fato de que se considere que o adulto tem a capacidade plena sobre seus atos implica uma série de responsabilidades sobre os mesmo. No caso do menor, pode não ser responsável por algumas atuações penais ou por atos que dêem lugar a responsabilidade civil. Também pode supor que os responsáveis Transformações Históricas Modernização da Sociedade Processo de Individualização Institucionalização do Curso de Vida Estágios de vida foram claramente definidos e separados e a fronteira entre eles passou a ser dada pela idade cronológica Tamires Realce sejam os pais ou tutores em seu lugar. No entanto, a partir da idade adulta o único responsável por seus atos é a própria pessoa, e deve responder deles ante a justiça. ●Idade Adulta Jovem ou Idade Adulta Inicial - entre os últimos anos da adolescência (18anos) e o final dos 30 anos de idade (39 anos) ●Idade Adulta Intermediária ou Meia-idade – entre os 40 e 65 anos de idade. Mudanças Físicas Adulto Jovem - Crescimento físico completo; Grávidas e Lactantes; Mais saudáveis. Adulto meia-idade – Cabelos grisalhos/queda; Diminuição da elasticidade da pele; Diminuição da acuidade visual e auditiva; Menopausa (F) e Cimatério (M). Mudanças Psicossociais Mudanças Cognitivas Adulto Jovem e Adulto de Meia-Idade Tomada de decisão ↔ Pensamento Crítico ↔ Desenvolvimento de Habilidades ↔ Capacidade de Aprender e Ensinar. ADULTO JOVEM Esse período caracteriza-se pelo pico do desenvolvimento biológico, pela adoção de papeis sociais importantes e pela evolução de um self e uma estrutura de vida adulta. O adulto jovem pode fazer vários começos, antes de assumir um compromisso mais duradouro. Tarefas Evolutivas Durante a vida adulta, são restadas opções para profissão e casamento. Também é importante a tarefa de individualização, na qual o adulto aprende a aceitar a si mesmo como uma pessoa única, distinta da sociedade e além disso, parte dessa. O fracasso nessa tarefa leva ao conformismo excessivo. O objetivo primário do adulto jovem é tornar-se mais independente das pessoas e instituições. Aproximadamente por volta dos trinta anos, os adultos sentem a necessidade de levar a vida mais seriamente, fazendo uma reavaliação da vida que estão levando. As pessoas podem, então, reafirmar seus compromissos e experiências, ou passar por uma crise maior manifestada por problemas conjugais, mudanças de emprego , ansiedade e depressão. ADULTO Responsabilidade Objetivos de Vida Trabalho Família Paternidade/ Maternidade Saúde Tamires Realce Tamires Realce Tamires Realce Tamires Realce Tamires Realce Tamires Realce Profissão O desenvolvimento de uma escolha profissional é influenciado pela classe social, pelo gênero e pela raça. Os trabalhadores menos qualificados ingressam no mercado de trabalho logo após o ensino secundário, já os mais qualificados passam antes por uma universidade ou escola profissionalizante. As mulheres exibem um dentre dois padrões: (1) O trabalho é componente central de suas vidas, ficando a família secundária, quando existe; (2) O casamento e a família são primários e a carreira secundária. As donas-de-casa que resolvem trabalhar enfrentam muitos problemas, pois precisam revezar entre os papeis de esposa, mãe e trabalhadora. Os membros das minorias raciais são sobrecarregados, frequentemente, com condições mais baixas, o que limita suas oportunidades de ter um emprego gratificante e satisfatório; sofrendo grandes decepções. A satisfação com o emprego dá vazão à criatividade, relacionamentos satisfatórios com os colegas e maior autoestima; A desadaptação pode causar insatisfação consigo mesmo e com o trabalho, insegurança, autoestima diminuída, raiva e ressentimento por ter que trabalhar. Isso pode levar a mudanças de emprego, faltas, erros, propensão a acidentes e sabotagem. A identidade nuclear da pessoa é seriamente danificada quando a pessoa perde o emprego. Isso leva a tensões psicológicas e físicas que podem causar: alcoolismo, homicídios, violência, suicídio e doenças mentais. Casamento Sua taxa está decrescendo ao passo que a taxa de divórcios está aumentando. A maioria das pessoas divorciadas casa-se de novo. A unidade conjugal continua proporcionando um meio de intimidade prolongada, perpetuando a cultura e gratificando as necessidades interpessoais. Os problemas conjugais podem levar ao divórcio, mas ocorrem também em casamentos que não terminam em divórcio ou separação. Surge, assim, a necessidade de serviços especializados em aconselhamento conjugal. A terapia conjugal é uma forma de psicoterapia para pessoas casadas em conflito uma com a outra, apresentando uma dinâmica mais aprofundada que o aconselhamento conjuga. Tanto um quanto o outro procura ajudar os parceiros a lidarem de modo mais eficaz com seus problemas. Paternidade e Maternidade Vários problemas devem ser enfrentados para a criação de um filho. Estão envolvidos peso econômico e também custos emocionais. Os filhos podem reacender nos pais conflitos infantis ou apresentarem doenças que desafiem os recursos emocionais da família. Os homens, geralmente, estão amis preocupados com o trabalho, enquanto as mulheres estão mais preocupadas com seu papel de mãe. Entretanto, esse quadro vem mudando nos últimos anos, com o aumento do número de mulheresque ingressam no mercado de trabalho. Devido ao aumento no número de divórcios, cresce a taxa de filhos de famílias monoparentais. Essas crianças apresentam maior incidência de baixo rendimento escolar Tamires Realce Tamires Realce Tamires Realce Tamires Realce Tamires Realce Tamires Realce Tamires Realce e problemas emocionais; alguns são precoces, devido ao fato de terem assumido maiores responsabilidades muito cedo. ADULTO DE MEIA IDADE Vai dos 40 aos 65 anos. Os indivíduos fazem uma análise do passado e redefinem como gostariam de viver a vida daí pra frente. Redefinem-se também os papeis de maridos e esposas. Ocorrem também algumas mudanças de gênero, as mulheres assumem posturas tidas como masculinas e os homens posturas tidas como femininas. Tarefas Evolutivas Estudos mostraram que existe uma forte correlação entre saúde física e a saúde mental. Além disso, pessoas com adaptação psicológica mais fraca durante fases anteriores, apresentam maior incidência de doenças físicas, na meia-idade. Aspectos psicológicos do adulto também estão relacionados à infância. Sexualidade: É uma importante questão nessa fase. Pode haver declínio do funcionamento sexual. Nos homens, o problema mais comum é o temor e a realidade da impotência, cujas causas mais comuns são: ingestão excessiva de álcool, drogas (tranquilizantes e antidepressivos) e estresse com fadiga e ansiedade. As mulheres apresentam maior capacidade para o orgasmo, mas são mais vulneráveis a baixas de autoestima por perderem a aparência jovem, valorizada pela sociedade atual. Sentem-se menos desejáveis e menos capacitadas a uma vida sexual adequada. A incapacidade de lidar com essas mudanças corporais leva homens e mulheres a submeterem-se a cirurgias estéticas para manterem uma aparência jovem. O Climatério Masculino e Feminino: caracteriza-se por uma diminuição no funcionamento biológico e fisiológico. Nas mulheres é a menopausa, cuja experiência pode ser desagradável ou positiva. Muitas mulheres consideram-se mais livres por não mais estarem sujeitas a riscos de gravidez. É uma experiência psicofisiológica súbita ou radical. Algumas mulheres apresentam ansiedade e depressão, consequentes da estrutura da personalidade pré-menopausa. Nos homens não existe uma demarcação muito nítida; contudo, eles devem adaptar-se ao declínio no funcionamento biológico e no vigor físico em geral. Pode passar por uma crise que pode levar ao alcoolismo ou uso de drogas, depressão, mudanças no trabalho e no relacionamento ou até mesmo mudança para um estilo de vida alternativo. Devido a eventos graves ou inesperados da vida, as pessoas podem passar pela “crise de meia-idade”. Riscos de Saúde Fatores de Risco – Fatores de risco de saúde para o adulto são originários de comunidade, dos padrões e estilo de vida e do histórico familiar. Ex.: Histórico Familiar, Hábitos de Higiene Pessoal, Morte Violenta e lesão, Abuso de substâncias, Gravidez não planejada, Doenças Sexualmente transmissíveis, Fatores Ambientais e Ocupacionais. PROMOÇÃO DA SAÚDE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS As atividades de promoção da saúde podem ser: Passivas – Fluoretação da água de um Município. Ativas – Motivação para adotar um Programa de Saúde Mídia; Escola; Trabalho; PCI III Tamires Realce Tamires Realce Tamires Realce Tamires Realce Tamires Realce Tamires Realce As situações de risco de vida são prioridades no atendimento, entretanto em outras situações a médio e longo prazo, o Enfermeiro deve considerar os vários fatores que influenciam e determinam quais as necessidades que devem ser assistidas para manter a saúde. À medida que um país evolui, a população tende a avançar em educação e conhecimentos. Os profissionais, mais precisamente os Enfermeiros, passam a dar ênfase a prevenção de doenças, através da promoção da saúde, como forma importante do cuidar, porque ajudam as pessoas a se manterem saudáveis melhorando o nível de bem estar. A prevenção de doenças parte do conhecimento de que diferentes fatores podem afetar o nível de saúde do indivíduo, incluindo os hábitos de vida, o estresse e o meio ambiente. Os programas de promoção da saúde devem ser dirigidos para a mudança do estilo de vida das pessoas, tendo a finalidade de melhorar o nível de saúde e satisfazer as necessidades básicas delas. O CUIDAR DE ENFERMAGEM também é PREVENIR DOENÇAS, PROMOVENDO A SAÚDE!!! Segundo Nettina (1996), a prevenção de doenças visa evitar problemas ou minimizá-los após sua instalação. O cuidar Preventivo se classifica em como se classificou o cuidar preventivo ou prevenção em: Prevenção Primária: prevenção total Prevenção Secundária: envolve o reconhecimento precoce de uma condição Prevenção Terciária: tenta reduzir os efeitos da condição e impedir as complicações a longo prazo. A Promoção da Saúde deve ser feita durante toda a vida, com assuntos focalizando a 1ª infância, a segunda infância, a adolescência, a vida adulta e velhice. A Educação em Saúde é um componente essencial do cuidado de Enfermagem e tem por objetivos: promover, manter e normalizar a saúde e também a adaptação aos efeitos residuais da doença. Na Educação em Saúde deve-se levar em consideração as aptidões (habilidade inata ou adquirida) para o aprendizado dos clientes e as estratégias de ensino do Enfermeiro. Aptidões para o Aprendizado: 1.Ajudar a melhorar a aptidão física do cliente para que ele aprenda a tentar aliviar qualquer desconforto físico. 2.Ajudar a promover a aptidão emocional do cliente para o aprendizado – motivação. A motivação para o aprendizado depende: -Da aceitação da doença. -Do reconhecimento da necessidade de aprender. -Dos valores relacionados com a história sociocultural e de um esquema terapêutico compatível com seu estilo de vida. -De um ambiente agradável receptivo e positivo. Tamires Realce Tamires Realce Tamires Realce Tamires Realce Tamires Realce 3.Ajudar e promover a aptidão experiencial do cliente a aprender, tendo em vista, as experiências anteriores. Estratégias de Ensino: 1.Estar preparado para ensinar o cliente a qualquer momento e em qualquer lugar. 2.Utilizar várias técnicas adequadas para atender as necessidades de cada indivíduo: aulas explicativas; grupo de discussão (indivíduos com necessidades semelhantes); demonstração e treinamento; livros, cartazes, folhetos, gravuras, vídeos; sessões de reforço PROMOÇÃO DA SAÚDE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS E SUAS COMPLICAÇÕES Alimentação, Exercício Físico regular, Estresse – Sedentarismo/Obesidade Tabagismo Alcoolismo/Drogas DSTs;AIDS Hipertensão Diabetes Dengue Gripe Tipo A CLIENTE ↔ ENFERMEIRO A OMS através das suas estimativas globais indica que um conjunto pequeno de fatores de risco é responsável pela maioria das mortes por doenças crônicas. Entre esses fatores destacam-se o tabagismo, a obesidade, as dislipidemias, a ingestão insuficiente de grutas e hortaliças. Em 2000, a Assembleia Geral das Nações Unidas reunindo 191 países na Cúpula do Milêni comprometeu-se a cumprir os seguintes objetivos de desenvolvimento até 2015: 1.Erradicar a extrema pobreza e a fome 2. Atingir o ensino básico universal 3. Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres 4. Reduzi a mortalidade na infância 5. Melhorar a saúde materna 6. Combater o HIV/AIDS, a malária e outras doenças 7. Garantir a sustentabilidade ambiental 8. Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimentoOs profissionais de saúde, em especial da ENFERMAGEM, estão diretamente implicados na LUTA por melhores condições de VIDA e SAÚDE das populações, o que depende da educação em saúde. Aula 02 – Método de resolução de problemas; Pensamento crítico na Prática de Enfermagem: considerações introdutórias – Profª Márcia Lisboa Pensamos criticamente o dia todo. Tomadas de decisão. Não se aprende a pensar criticamente de uma hora para outra. As enfermeiras tomam decisões clínicas na prática – separa as enfermeiras do pessoal técnico. Benner (1984) descreve a tomada de decisão clínica como um julgamento, que inclui o pensamento crítico e reflexivo e a ação e aplicação da lógica científica e prática. A - Questionamentos orientadores: 1 – O que é um problema? 2 – O que é um método? 3 – O que é um problema do cliente/paciente? 4 – O que é um problema de enfermagem? 5 - Quem é o dono do problema? Quem define o que é problema? – As diferentes visões de mundo 6 - O que é solucionar um problema? 7 – Solucionar problemas em enfermagem é igual a resolver os problemas dos clientes e elaborar o processo de enfermagem? B - Como solucionar um problema no contexto da Primeira Etapa Curricular (baseado no pensador crítico)? Fatores pessoais: 1. Cultive desenvolvimento moral – considere o que é certo e errado no agir. Ex.: Chegar atrasado ajuda a resolver problemas? É correto manter conversas paralelas enquanto outros se focam na solução? 2. Não seja preconceituoso ou tendencioso – considere em uma perspectiva mais multifacetada. Ex.: nem sempre um cliente de menor renda terá pior condição alimentar, existem outros aspectos. 3. Seja autoconfiante: quem teme excessivamente o fracasso centra-se no fracasso. Ex.: Avaliar previamente seu entendimento das perguntas do instrumento de coleta de dados permite a você ser confiante no que irá perguntar. 4. Desenvolva comunicação eficiente e habilidades interpessoais – buscar entender os outros e ser entendidos por eles. Comunicar-se é mais do que escutar e falar, também, é ter comportamento compatível. Ex.: Você não se importa em deixar o cliente em pé por vários minutos, aguardando seu fim de conversa informal com um amigo, e a seguir inicia a entrevista clínica de enfermagem como se importasse com ele? 5. Faça uma autoavaliação durante as ações – verificar em que medida estamos obtendo progresso na ação. Ex.: prossegue desenvolvendo uma palestra enquanto o barulho ao redor é ensurdecedor e o cliente não consegue ouvir. Por que estou agindo assim? Estou focado na tarefa ou no resultado? 6. Examine seu estado de conhecimento e experiência prévia – ter uma consciência de seus pontos fracos e fortes e em que medida eles estão configurados ajuda no desenvolvimento de habilidades. Fatores situacionais: 1. Evite ansiedade, estresse, fadiga – em níveis moderados e elevados tendem a reduzir a capacidade de pensar e resolver problemas. Ex.: Ter brigado com todos os colegas de turma não ajuda nos seus pensamentos porque você tende a perder capacidade de concentração e foco no problema e perde a possibilidade de compartilhar outras visões. 2. Cuidado com sentimentos excessivos – a raiva, repulsa, pena, paixão tendem a causar tanto uma percepção parcial dos fatos, quanto a apressar uma tomada de decisão. 3. Conheça o risco envolvido (maleficiência/beneficiência) – estimar os riscos e decorrências da ação tornam a tomada de decisão mais prudente. Ex.: ao conhecer os riscos do abuso de antiácidos, em especial em idosos, permite ao estudante ser cuidadoso na investigação deste dado. 4. Busque mais dados sobre a situação – quanto mais se conhece de determinada situação, maiores as chances de solucionar o problema. Ex.: Entender que cada questão do instrumento de coleta de dados tem uma finalidade, e, que destas outras perguntas poderão surgir. 5. Reconheça os motivadores e os reforços – buscar por traços que o estimulem a pensar mais e tomar a decisão mais correta. Ex.: é motivador pensar na melhora do bem-estar do cliente frente a um problema bem solucionado pelo estudante. 6. Minimize as distrações ambientais – evitar ao máximo os distratores, selecionando o ambiente adequado e buscando se “preparar para o encontro com o cliente”. C- Alguns procedimentos essenciais à resolução de um problema: a) Qual é o problema? - verifique a existência de um problema, determinando a sua categoria: problema de saúde do cliente, problema de relacionamento profissional, problema de disponibilidade de recurso, problema de gerenciamento do cuidado? b) A quem pertence a solução primária do problema? – é um problema de ação independente de enfermagem (investigo-resolvo) ou de prática colaborativa (investigo-compartilho/encaminho)? c) Qual a importância e prioridade atribuída pelo cliente ao problema? – estimar a importância e prioridade que o problema tem para o cliente permite supor qual será seu nível de adesão ao cuidado de enfermagem e saúde. d) Quais são as causas (origem) do problema (desfecho)? – o que levou a que o problema ocorresse? e) Como as causas se relacionam entre si e formam um padrão? – quais os dados que eu posso juntar, e quando reunidos tendem a representar uma “figura que eu considero ter a cara de uma imagem conhecida”? f) Quanto tempo eu disponho para conhecer de modo profundo o problema? – estimar qual a magnitude (tamanho) e complexidade (relações entre as partes) do problema. g) Quais os recursos que disponho para resolver o problema? – de quais recursos humanos e materiais eu disponho para resolver este problema? h) Com que pressa eu estou tirando conclusões dos dados que tenho conhecido? – reconhecer que é comum se gerar hipóteses precoces (soluções/explicações provisórias), mas, que as mesmas podem levar a falsas conslusões (sínteses e julgamentos errados) i) Estou deixando o cliente falar e colocando atenção nas evidências? – perceber que até a conclusão do problema, a solução é guiada pela incerteza e busca da solução provável, e não da confirmação da certeza inicial. D - Algumas ferramentas para a solução de problemas: 1 – Instrumento de coleta de dados estruturado – inclui: os padrões de investigação (necessidades e funções do cliente) e os dados a serem investigados. Apresenta um formato e organização que determina uma “trilha” de investigação que pode facilitar a identificação e solução de problemas do cliente, família e ambiente. Ex: Instrumentos de entrevista e ambiência. 2 - Mapa de dados – representa uma compilação dos dados que estão nos instrumentos, tendo uma estimativa de magnitude representada pela ocorrência (freqüência) absoluta e percentual. 3 – Tabelas – uma organização sintética derivada de dados organizados no mapa de dados. Tende a permitir a interpretação de tendências de um conjunto de dados de um mesmo cliente ou de vários clientes. 4 – Gráfico e tabela de correlação – permite mapear visualmente a correlação entre duas variáveis a serem medidas. Por exemplo: é possível determinar a relação entre a importância e a prioridade conferida a um problema. Exemplo de tabela de correlação de importância e prioridade: Muito importante e pouco prioritário Exemplo de afirmativa: “Eu sei que minha vida depende disso, mas, eu preciso arrumar tempo para fazer isso”. Muito importante e muito prioritário Exemplo de afirmativa: “Eu dependo disso e preciso resolver isso já”. Pouco importante e pouco prioritário Exemplo de afirmativa: “Está tranqüilo; isso incomoda muito pouco e pode esperar”. Pouco importante e muito prioritário Exemplo de afirmativa: “Apesar de ser uma coisinha de poucoimportância eu quero fazer e ficar logo livre disso”. ATITUDE DE PENSAMENTO CRÍTICO CONFIANÇA PENSAR DE FORMA INDEPENDENTE JUSTIÇA RESPONSABILIDADE E AUTORIDADE ASSUNÇÃO DE RISCOS DISCIPLINA PERSEVERANÇA CRIATIVIDADE CURIOSIDADE INTEGRIDADE HUMILDADE Aula 03 – Roteiro para a Pesquisa e Desenvolvimento da Pesquisa/Seminário PCI III – Profª Márcia Lisboa Orientamos os alunos de forma que este trabalho de PCI possa ser utilizado para apresentações futuras em eventos científicos. Sugerimos alguns: Pesquisando em enfermagem (maio), Encontro Trabalho e Saúde do Trabalhador (maio), Jornada de Iniciação Científica da UFRJ (segundo semestre). Os trabalhos só poderão ser inscritos com a autorização de todos os participantes, inclusive da professora orientadora, após a correção do resumo feita por ela. ATENÇÃO: 1) Existe uma parte final de orientações/ prescrições de enfermagem. 2) Este é um roteiro geral que você deverá adequar à situação específica do grupo profissional escolhido, sugerindo tópicos para acrescentar ou retirar o que julgar importante. TÍTULO: (sugestão) - Cuidados básicos de saúde do profissional... - Mecanismos de conservação da saúde em trabalhadores de... – um estudo de enfermagem. - A Enfermagem na prevenção do........ em trabalhadores.... *É importante que o título contenha a palavra enfermeira (o) ou enfermagem e que identifique o grupo de trabalhadores investigados. REGRAS GERAIS DE APRESENTAÇÃO: a) tipo de papel – deve ser utilizado o papel branco, preferencialmente nas dimensões 297x210 mm (A4); b) escrita – digitado com tinta preta e somente um lado da folha; c) paginação – as folhas do trabalho devem ser contadas sequencialmente desde o sumário, mas não numeradas. A numeração é colocada a partir da introdução. O número localiza-se a 2 cm da borda superior do papel, margeado à direita; d) margem - superior e esquerda = 3 cm inferior e direita = 2 cm; e) espaçamento – todo texto deve ser digitado com espaçamento 1,5 de entrelinhas; f) letra – tipo de letra Times New Roman ou Arial tamanho 12 e para citação direta usar fonte tamanho 10; g) parágrafo – 2cm da margem esquerda; h) numeração Progressiva – para melhor organização e apresentação do trabalho, deve- se adotar a numeração progressiva das seções do texto. Os títulos das seções primárias (capítulos), por serem as principais divisões de um texto, devem iniciar em folha distinta, com indicativo numérico alinhado à esquerda e separado por um espaço. - Destacam-se gradativamente os títulos das seções, utilizando-se os recursos de caixa alta, negrito ou, itálico. ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS (não apresentam numeração nas páginas, embora as mesmas sejam contadas): - Capa; - Folha de rosto; - Agradecimento - Sumário ELEMENTOS TEXTUAIS (3 partes) - Considerações Iniciais ou Introdução - Metodologia - Resultados ou Apresentação e análise dos dados ou Desenvolvimento - Considerações Finais ou Conclusão CONSIDERAÇÕES INICIAIS ou INTRODUÇÃO Apresentar o problema de pesquisa e o objeto de estudo contextualizado: Exemplo: “Na condição de alunos do 3º período do Curso de Graduação em Enfermagem e Obstetrícia da EEAN/UFRJ (por extenso) tivemos a oportunidade de realizar um estudo sobre o estresse em adultos trabalhadores e para tanto escolhemos o profissional motorista de ônibus. A escolha desse grupo de trabalhadores foi pelo fato....” PROBLEMÁTICA - Dizer quais são os possíveis problemas físicos, mentais, sociais, que esse grupo profissional pode apresentar a partir desses maus hábitos de saúde (vida). Apresentar autores que discutem esta temática. - A PROFISSÃO E O MUNDO ATUAL Descrever a profissão, origem/ história, características da profissão e dos trabalhadores, inserção no mercado de trabalho. - A TEMÁTICA Apresentar a temática do estudo a partir de referências (tabagismo, alcoolismo, prevenção do câncer, uso de equipamentos de proteção, estresse, etc...) - A ENFERMAGEM E A PROBLEMÁTICA Relacionar a atuação da enfermagem na temática abordada (como os enfermeiros atuam na.... (prevenção do alcoolismo, câncer, etc....) - OBJETIVOS Geralmente em número de dois ou três, articulados à temática e ao tipo de pesquisa desenvolvida. Dar preferência aos verbos: identificar, caracterizar, descrever. *Os objetivos deverão ser atendidos nos resultados do trabalho. Para isso, o instrumento de coleta de dados deverá estar adequado. JUSTIFICATIVA As pesquisas se justificam geralmente pela problemática apresentada e que será estudada; e pela lacuna no conhecimento sobre o tema (poucos trabalhos científicos sobre a temática). - RELEVÂNCIA DO ESTUDO Qual é o impacto que a sua pesquisa trará para a prática desses profissionais? - CONTRIBUIÇÃO DO ESTUDO Quais são as contribuições que o seu estudo trará para a prática assistencial, para a pesquisa e para o ensino de enfermagem? METODOLOGIA (também faz parte da introdução) - TIPO DE ESTUDO O estudo é do tipo quantitativo. - CENÁRIO Descrever o local de trabalho (pode anexar planta física). Apresentar características ambientais que podem contribuir/ facilitar a problemática. Atenção: não é descrição da ambiência como vocês têm feito. É uma descrição do local onde será feita a pesquisa, justificado na forma como ele pode influenciar na problemática estudada. - SUJEITOS Número (no mínimo vinte) e características desses sujeitos (vide instrumento) Exemplo: “Os sujeitos do estudo serão/foram n trabalhadores de ambos os sexos do setor de embalagens de uma empresa de produtos químicos” - COLETA DE DADOS (INSTRUMENTO) Uso de instrumento (apresentaremos um modelo que você poderá alterar com a orientação da professora de acordo com o grupo pesquisado e com os objetivos da pesquisa). Cada temática tem o seu instrumento próprio. Atenção não é entrevista! - ANÁLISE DOS DADOS Será baseada nos dados coletados, apresentados em forma de quadros e tabelas simples, analisados estatisticamente. - ASPECTOS ÉTICOS Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), de acordo com a Resolução 196/96- atualmente 466/2012. É individual. Ou seja, cada sujeito assinará o TCLE em duas cópias. Os alunos ficarão com uma cópia e a outra ficará com o depoente (sujeito). O Comitê de Ética em Pesquisa da EEAN/HESFA aprovou o grande projeto de pesquisa do PCI-3 em agosto de 2006. *Autorização da Instituição (alguns locais pedem/ exigem uma apresentação institucional dos alunos do trabalho para autorizarem a pesquisa. Para os que necessitarem, solicite à professora orientadora o mais rápido possível, pois o documento deverá ser feito em papel timbrado). - APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ou RESULTADOS ou PODE-SE DAR UM TÍTULO Apresentar os quadros e tabelas de acordo com o questionário feito. Fazer a leitura e os comentários pertinentes, subsidiados por referências (artigos e livros sobre a temática). - CONSIDERAÇÕES FINAIS ou CONCLUSÃO Pontuar os aspectos mais importantes. Apresentar a conclusão e sugestões do grupo de acadêmicos (pesquisadores) para o trabalhador estudado. Pontuar o alcance dos objetivos e a contribuição do estudo. Atenção: não se cita autores nas referências, elas são os comentários finais dos autores sobre a pesquisa desenvolvida. REFERÊNCIA Listar em ordem alfabética os autores citados no corpo do trabalho, inclusive Internet. Ver junto à professora orientadora como fazê-la corretamente. Ajuda: http://www.leffa.pro.br/textos/abnt.htm#5.17 ANEXOS e APÊNDICESInstrumento de coleta de dados Modelo do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Pedido de autorização e carta de autorização da instituição (local onde colheu os dados) Carta de sugestões para o grupo pesquisado: síntese dos resultados com sugestões de melhoria. Folder (se houver) Planta física do local investigado (opcional) Fotos (se houver autorização para divulgação) O que se pede a seguir não faz parte da pesquisa, MAS É IMPORTANTE COMO ATIVIDADE DO PCI - ENTREGUE separadamente, porém, no mesmo dia junto com a pesquisa realizada. - ORIENTAÇÕES DE ENFERMAGEM AOS PROBLEMAS DETECTADOS Listar os problemas detectados a partir da coleta de dados e apresentados em forma de quadros e tabelas. Fazer as orientações/ prescrições de enfermagem para cada problema detectado – correlacione problema e orientação. Aula 04 – Semiologia e Semiotécnica – Ênfase na Inspeção – Profª Maria Angélica Contextualizando • Inserção do conteúdo no PCI III; • Nexos com as outras aulas; • Nexos com a pratica de enfermagem. Introdução • Cuidado de Enfermagem • Sujeito no Cuidado de Enfermagem Primeira Parte • Conceito de Semiologia • Conceito de Semiotécnica • Entrevista e Comunicação Cuidado de Enfermagem Sujeito do Cuidado Sujeito Singular inserido no Contexto; o Sujeito Singular é agente de uma história político-sócio-histórico-cultural. Discutindo a Temática SEMIOLOGIA → Grego: Semeion= sinal + logos = tratado, estudo. Estudo dos Sinais e Sintomas. SEMIOTÉCNICA → Grego: Semeion = sinal + techné = arte. Estudo das Técnicas. Semiologia/Propedêutica • Base da pratica clinica; • Objetiva levantar dados para a intervenção de enfermagem. • O conteúdo mais especifico de semiologia e o exame físico incluindo o levantamento de dados. • Esta incluído no Processo de Enfermagem: Histórico de enfermagem, Diagnóstico de Enfermagem, Prescrição, Implementação e Evolução. Cuidado do Enfermagem integral: Perspectiva técnico- instrumental e perspectiva afetivo- expressiva Sujeito do Cuidado Encontro Face a Face Escuta Sensível Visão Holística Constuindo e Reconstruind o Relações Relação de Confiança Processo de assistência ao cliente: • Realizar a preparação para o exame físico; • Seleção de instrumentos apropriados; • Realização das avaliações; • Registro de achados; • Tomada de decisões. Exame físico: Anamnese (entrevista), o exame físico geral e o exame físico especializado. Resolutividade Semiotécnica Aborda as técnicas de enfermagem, que compreendem as ações indicadas para atender a demanda resultante da semiologia. Entrevista • O que é importante numa entrevista? • Qual o tipo de relação é estabelecida entre enfermeiro e cliente na entrevista? • Quais são os componentes da entrevista? • Como deve ser realizada uma entrevista? • Quais são as partes/fases de uma entrevista? • Quais são as informações que devem ser coletadas na entrevista? Comunicação na Prática de Enfermagem • Processo contínuo, dinâmico e multidimensional; Emissor/Transmissor Receptor/decodificador Tipos de Comunicação Verbal Palavras: falada e escrita. Implica: vocabulário, significados denotativos e conotativos, pausamento, entonação, clareza e concisão, momento e relevância. Não-verbal (55% da comunicação) Cinésia (postura e expressão do corpo) / Toque / Territorialidade ou Proxêmica/ Paralinguagem (elementos não-verbais de comunicação utilizado para modificar sentido e transmitir emoção)/ Características Físicas/ Fatores do meio ambiente/ Tacênica (tudo que envolve a comunicação tátil) (SILVA, 1996). Implica: Aparência pessoal, Postura e Modo de andar, Expressão facial, contato visual, gestos, sons, territorialidade e espaço pessoa Paraverbal Tom Ritmo Períodos de Silêncio Entonação Comunicação Terapêutica Entrevista • Conversa organizada com o paciente para obter anamnese e informação sobre doença atual. • Diálogo com o cliente, não simplesmente uma sessão de perguntas e respostas. Trata- se de um importante instrumento de investigação. • Fases: orientação, funcionamento ou ação e conclusão ou encerramento. Habilidade de um profissional em ajudar as pessoas a enfrentarem seus problemas, relacionarem-se com os demais, ajustarem o que não pode ser mudado e enfrentarem os bloqueios à auto-realização (SILVA,1996) Facilita alcance dos objetivos Proporciona oportunidade de se estabelecer relacionamento humano; Permite interação entre enfermeira e cliente; Elementos: cortesia, utilização de nomes, privacidade, confidencialidade, confiança, autonomia, responsabilidade e afirmativo; Na execução de uma entrevista atentar para: SEMPRE NUNCA ☺Compreensão ☺Ética ☺Respeito ☺Verdade ☺Saber ouvir Autoridade Impaciência Intolerância Juízo de valor Preconceito Fase de Orientação Introdução a entrevista • Apresentação do enfermeiro; • Explicar necessidade da coleta dos dados; • Sigilo profissional; • Estabelecimento de uma relação de confiança (relacionamento enfermeiro-cliente); • Comportamentos não verbais: olhar direcionado ao cliente, meneio afirmativo da cabeça, sorriso, inclinação para adiante e toque. Corpo da Entrevista • Pensamento crítico; • Reunir informações: dados biográficos, evolução da doença atual, as percepções e crenças do paciente sobre a doença e anamnese (detalhes do “funcionamento de seu corpo”, seus hábitos, queixas e sentimentos ou sofrimentos, que possa estar sentindo). • Estratégias de comunicação: ouvir, parafrasear, focalizar, resumir e esclarecer. Fechamento da Entrevista • Dica de que a entrevista está chegando ao final; • Colocar-se a disposição para esclarecimento de dúvidas. • Resumo dos pontos importantes e indagação se o resumo foi preciso; • Agradecer ao cliente por fornecer dados corretos quanto ao seu estado de saúde. Observar na Entrevista Nível de consciência e atividade intelectual Orientação têmporo-espacial – verificar se o cliente tem consciência do tempo (data, hora, dia) e de onde ele está. Orientação autopsíquica – em relação à identificação de si mesmo. Orientação alopsíquica – em relação à identificação dos outros. Atividade discursiva: À forma: a elocução pode ir desde o silêncio absoluto até a fala logorréica. Ao grau de comunicação: acessibilidade,autenticidade ,tendência ao monólogo, volume, tom e modulação da voz. Histórico do Paciente Emocional: Estado de comportamento emocional; Sistemas de apoio; Autoconceito; Imagem Corporal; Humor; Sexualidade; Mecanismos de Enfrentamento. Intelectual: Desempenho Intelectual; Resolução de Problemas; Nível educacional; Memória de longo prazo e recente. Padrões de comunicação; Intervalo de atenção; Social: Situação Financeira; Atividades recreacionais; Linguagem primária; Herança cultural; Influências culturais; Recursos da comunidade; Fatores de risco ambiental; Relações sociais; Estrutura e apoio família. Espiritual: Crenças e Significados; Exp. Religiosas; Rituais e práticas; Associação; Coragem. Física e do Desenvolvimento:Percepção do est. de saúde; Terapias atuais; Fatores de risco; Ativ. e coordenação; Revisão dos sistemas; Crescimento e Maturidade; Ocupação; Capacidade de completar ativ. da vida diária (AVD). Segunda Parte: • Exame Fisico • Tecnicas do Exame Fisico. • Aplicacao das tecnicas do exame fisico. • Sinais Vitais Exame Físico – ênfase no PCI III. Objetivos do Exame Físico: • Coletar dados de referência sobre a saúde do paciente; • Suplementar, confirmar ou contestar dados obtidos no histórico; • Confirmar e identificar diagnósticos de enfermagem; • Realizar julgamento clínico sobre alterações do estado de saúde; • Avaliar resultados fisiológicos do tratamento. Técnicas do Exame Físico 1. Inspeção (processo de observação): • Inspecionar o tamanho, forma, cor, simetria, posição e anormalidade em cada área; • Utiliza-se o sentido da visão; • Pode ser estática ou dinâmica. Principais aspectos que devem ser inspecionados no cliente: • Estado geral; • Nível de consciência; • Estado nutricional; • Linguagem; • Movimentação e postura. 2. Ausculta (processo de aplicação da audição) • Ouvir sons ou ruídos produzidos pelos órgãos; •Usada para avaliar ruídos respiratórios normais e patológicos, bulhas cardíacas normais e suas alterações, fluxo sanguíneo passando pelos vasos e ruídos do trato intestinal. 3. Percussão • Golpeamento leve de uma área a ser pesquisada. • Principais técnicas de percussão são: direta, dígito-digital, com borda da mão, punho percussão e de piparote. • É utilizada principalmente para se delimitar órgãos, detectar coleções de líquido ou de ar e perceber formações fibrosas teciduais. 4. Palpação (utilização do sentido do tato) • Objetivo de explorar a superfície corporal (palpação superficial) e os órgãos internos (palpação profunda). • Confirma os dados da inspeção e permite a obtenção de novos indícios como: Alteração da textura; Tamanho; Forma; Consistência; Sensibilidade (tátil, térmica, dolorosa); Elasticidade (turgor); Temperatura; Posição e característica de cada órgão; Resistência muscular; Presença de massas. Refletir • Como utilizaremos essas técnicas do exame físico no estágio do PCI III? • Qual é a importância dessas técnicas para a obtenção de dados na prática de enfermagem? Aplicação das técnicas no PCI III Inspeção: • Avaliar as condições gerais, isso é, condições de Higiene, expressão facial, modo de olhar, postura, condições físicas e contato/relações; • Avaliação do sistema tegumentar. Pele, Cabelo e Unhas • A pele fornece proteção externa ao corpo, regula a temperatura e age como órgão sensorial para dores, temperatura e toque. • A avaliação tegumentar inclui a pele, o cabelo, o couro cabeludo e as unhas. • A avaliação da pele pode revelar uma variedade de condições, incluindo alterações na oxigenação, circulação, nutrição, dano a tecidos e hidratação e higiene. Avaliação do Sistema Tegumentar • Iluminação homogênea e preferencialmente promovida pela luz solar (principalmente em pele escura), temperatura adequada do ambiente e posicionamento do cliente. • Inspeção geral panorâmica da pele, com o paciente despido, em posição ereta preferencialmente, e com a observação das faces anterior, posterior e lateral do corpo. • Pormenorizar as alterações ou desvios da normalidade, com a descrição de todos os caracteres dessas alterações. Avaliação da Coloração da Pele CIANOSE PERDA DA PIGMENTAÇÃO ERITEMA PALIDEZ ICTERÍCIA MARROM-BRONZEADO Albinismo: É a coloração branco-leitosa da pele em decorrência da falta congênita de melanina. Púrpura: Resultante do extravasamento de hemácias na derme. Quando menor que 1 cm, denomina-se petéquia. Maior que 1 cm: Equimose Enantema: Eritema de mucosa. Manchas Pigmentares ▪ Hipocromia: Mancha mais clara que a pele, decorrente da diminuição de melanina. ▪ Acromia: Mancha sem cor decorrente da ausência de melanina. ▪Hipercromia: Mancha escura, variável (castanho, azulado ou preto). Decorre geralmente do aumento de melanina. Lesões Elementares As lesões elementares representam as alterações do tegumento cutâneo, determinadas por processos inflamatórios, degenerativos, circulatórios, neoplásicos, por distúrbios do metabolismo ou por defeito de formação. Palpação (na avaliação da pele): Avaliação da Textura • Trama ou disposição dos elementos que constituem um tecido. A textura da pele é melhor avaliada deslizando-se as polpas digitais sobre a superfície cutânea, sendo possível constatar uma das seguintes alternativas: textura normal, lisa ou áspera, fina ou grossa, endurecida ou macia. Avaliação da Espessura • Lesões com alteração da espessura: • Edema – aumento da espessura, depressível. Resulta do acúmulo de líquido na derme e ou hipoderme. • Cicatriz – tecido fibroso formado após cura de uma ferida. Avaliação da Temperatura • É importante que se faça a distinção entre temperatura corporal e temperatura da pele. Para tal avaliação usa-se o dorso da mão ou dos dedos, comparando-se com o lado homólogo cada segmento examinado. Avaliação do Turgor • É a elasticidade da pele que pode ser reduzido por edemas e desidratação. • Avalia-se o turgor pinçando com o polegar e o indicador uma prega de pele que engloba tecido subcutâneo. • Indica conteúdo normal de água. Avaliação da Sensibilidade: Pode-se observar três tipos de sensibilidade • Sensibilidade dolorosa • Sensibilidade tátil • Sensibilidade térmica Avaliação da Umidade: • Usar as pontas dos dedos sem luvas para palpar superfícies observando maciez, secura, crostas e flocos. Avaliacao da Vascularizacao: • Petéquias: pequenos pontos roxos ou vermelhos na pele causados por pequenas hemorragias nas camadas da pele (problemas de coagulação, doenças hepática e uso de drogas); • Edema: Agregação de líquidos nos tecidos (traumatismos diretos ou retorno venoso prejudicado) – Edema de cacifo (+1=2mm (retorno rápido), +2=4mm (retorno de 10-15s), +3=6mm (1 a 2 min), +4=8mm (2 a 3 min). SINAIS VITAIS • Inspeção: Frequência Respiratória; •Palpação: Pulso Arterial, Temperatura e instrumento na verificação da Pressão Arterial. Pressão Arterial Temperatura: •Hipotermia Grave: <30ºC •Hipotermia Moderada: 30º - 34ºC •Hipotermia Leve: 34º - 36º C •Afebril: 36º a 37ºC •Estado febril: 37º C – 37,5ºC •Febre: > 37,5º C ( Febre – 38 - 38,9ºC; Pirexia- 39 - 40ºC; Hiperpirexia > de 40ºC) Pulso arterial: •Adulto: 60 a 100bpm (POTTER, 2005, p. 659) Frequência respiratória: •Entre 12 a 16 irpm (POTTER, 2005, p.659) Outras avaliações possíveis com a Inspeção Couro Cabeludo: Anormalidades no formato; Inflamações aparentes; Pediculose; Sujidade; Seborréia; Caspa; Cabelos secos e quebradiços. Pelos: Hipertricose ou hirsutismo: proliferação anormal de pelos; Hipotricose: diminuição da quantidade de pelo Alopecia: Queda geral ou parcial de pelos Conjutivite: inflamação da conjuntiva Blefarite: inflamação da borda cutâneo-mucosa Terçol: inflamação das glândulas Zeis e Moi Exoftalmia: Protusão do globo ocular Ptose: Queda de pálpebras Icterícia: deposição de pigmento (bilirrubina) Arco senil: Halo esbranquiçado Enoftalmia: Retração do globo ocular Nariz: Obstrução Nasal; Sujidade Pavilhão Auricular: Implantação Auricular; Sujidade Boca: Cianose ou palidez de lábios; Queilose (rachadura das comissuras labiais); Herpes labial; Ressecamento; Ausência de dentes; Halitose. Membros Superiores e Inferiores: Palidez; Rubor; Cianose; Edema; Dilatação venosa; Alterações cutâneas; Alteração da movimentaçãodas articulações; Limitação de amplitude; Alteração de massa muscular; Alterações de marcha (MMII); Varizes (MMII); Coloração acastanhada no terço inferior (MMII). Considerações ao PCI III Aula 05 – Conceitos de Trabalho e sua Evolução Histórica – Profª Márcia Lisboa O QUE É TRABALHO? O QUE LEMBRA A PALAVRA TRABALHO? - Tem muitos significados. Carrega emoção - dor, tortura, suor do rosto, fadiga, aflição, fardo. - Operação humana de transformação da matéria natural em objeto de cultura. - Homem em ação para sobreviver e realizar-se criando instrumentos e com esses, todo um novo universo com vinculações com a natureza. ORIGEM DA PALAVRA TRABALHO Grego: fabricação esforço (oposto a ócio) pena (próximo a fadiga) Latim: laborare (ação de labor) Operare (verbo que corresponde a opus [obra]) Francês: travailler ouvrer ou oeuvrer tâche (tarefa) Italiano: lavorare operare Espanhol: trabajar obrar Inglês: labour (esforço, cansaço) work (criar) Alemão: arbeit (esforço, cansaço) werk (criar) Estudante: Atendimento no PCI-III requer: ➔ Conhecimento teórico ➔Conhecimento técnico ➔Cultura ➔Atendimento holístico ➔Ética ↓ Qualidade Assistencial Pelos Acadêmicos de Enfermagem Clientes: Atendimento realizado pelo PCI-III traz: ✗Educação em saúde ✗Melhor qualidade de vida ✗Aumento da autoestima ✗Interesse pelo autocuidado ✗Satisfação ↓ Reconhecimento Do Enfermeiro na sociedade Português: labor (realizar uma obra que lhe expresse e que dê reconhecimento social e permaneça além da sua vida) trabalho (esforço rotineiro e repetitivo, sem liberdade, de resultado consumível, incômodo inevitável) Do Dicionário: Operação das forças e faculdades humanas para alcançar determinado fim; atividade coordenada de caráter físico ou intelectual necessária a qualquer tarefa serviço ou empreendimento; exercício dessa atividade como ocupação permanente, ofício, profissão. Outros significados mais particulares: dissertação, discurso, trabalhos de assembleia, serviço de uma repartição burocrática, deveres escolares dos alunos, processo de nascimento de uma criança: trabalho de parto. Em nossa língua a palavra trabalho vem do latim “tripalium” (padecimento no cativeiro): sofrer - esforçar-se - laborar - obrar. Trabalho físico e mental (intelectual) - não há predomínio de um sobre o outro, as coisas se superpõem. Trabalho é o esforço e também o seu resultado: a construção (ação) enquanto processo (edifício pronto). O trabalho humano é diferente do trabalho animal, pois há intenção, liberdade, várias maneiras. Em física por ex. o trabalho é o nome do produto entre força e deslocamento que um corpo em movimento realiza no tempo. Em fisiologia: músculo realiza trabalho. Em sociologia: divisão social do trabalho. CONCEITOS “O significado de aplicação das forças e faculdades humanas para alcançar determinado fim; atividade coordenada de caráter físico ou intelectual, necessária a qualquer tarefa, serviço ou empreendimento; exercício dessa atividade como ocupação permanente, ofício, profissão” (Ferreira, 1975) Dicionário filosófico: o homem trabalha quando põe em atividade suas forças espirituais ou corporais, tendo por objetivo um fim sério que deve ser realizado ou alcançado. Mesmo que não se produza nada imediatamente visível com o esforço do estudo, o trabalho de ordem intelectual corresponde àquela definição tanto quanto o trabalho corporal, embora seja este que leve a um resultado exteriormente perceptível, um produto concreto ou uma mudança de estado ou situação. (Albornoz, 2002, p. 9). O trabalho é uma relação peculiar entre os homens e os objetos, na qual se unem o subjetivo e o objetivo, o particular e o geral, através do instrumento, a ferramenta. (Hegel) O trabalho do homem tem uma qualidade específica, distinta de um mero labor animal. “O que distingue o pior arquiteto da melhor das abelhas é que o arquiteto ergue a construção em sua mente antes de a erguer na realidade” (Marx) Para Marx (1980:202): O trabalho é a relação do homem com a natureza. "É um processo de que participam o homem e natureza, processo em que o ser humano com sua própria ação impulsiona, regula e controla seu intercâmbio material com a natureza". Significância do Trabalho: (CODO, SAMPAIO & HITOMI, 1992) - Inserção dos indivíduos no mundo; - Contribui para a formação da identidade humana; - Contribui para a construção da subjetividade humana; - Permite que os indivíduos participem da vida social. TRABALHO: é a atividade desenvolvida pelo homem sob determinadas formas, para produzir riqueza. As condições históricas lhe dão validade e estabelecem o seu limite. A história do trabalho começa quando o homem buscou os meios de satisfazer suas necessidades – a produção da vida material. Na medida em que a satisfação é atendida ampliam-se as necessidades dos outros - criam-se relações sociais – determinam a condição histórica do trabalho. HISTÓRIA DAS CIVILIZAÇÕES PRIMEIRO ESTÁGIO DA ECONOMIA ISOLADA E EXTRATIVA - Grupo de pessoas ligadas por laços de sangue. Colhem frutos pescam, caçam segundo sua tradição. Rituais. Trabalho serve como subsistência. SEGUNDO ESTÁGIO: AGRICULTURA - Surge a propriedade, produto excedente, surge classe social ociosa, posse, direito de domínio (eu plantei o meu grão), trocas desiguais/relações de desigualdade. Guerra - quem perde fica para trabalhar para o novo senhor - a terra pode ser trabalhada por escravos, servos, ou camponeses -, origens da riqueza, incentivo ao trabalho artesanal, comércio/troca/moeda, burguesia (entre senhores feudais e os reis) - a burguesia determina até hoje as formas pelas quais se realiza o trabalho. Saber/tecnologia/colonização. TERCEIRO ESTÁGIO: REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - Séc XVIII: Invenção da máquina a vapor - revolução tecnológica; Séc. XIX - uso da eletricidade; Séc XX automação (terceira onda da revolução industrial). No mundo industrial falta o vínculo entre o trabalho e o resto da vida. A separação do trabalho do prazer leva-nos a atividades alienantes (lazer passivo), não criando senso crítico para mudanças. Enquanto isto, o mundo do trabalho não sofre críticas, continuando a dar lucros a seus donos (empresários). E A SAÚDE DO TRABALHADOR? Para falar do conceito de saúde do trabalhador temos que nos remeter ao conceito de medicina do trabalho e de saúde ocupacional. MEDICINA DO TRABALHO Surgimento: 1ª metade do século XIX com a Revolução Industrial Alto consumo da força de trabalho Processo acelerado e desumano de produção Intervenção sob pena de tornar inviável a sobrevivência e reprodução do próprio processo O médico foi inserido nas fábricas com o objetivo de identificar processos danosos à saúde e auxiliar na recuperação do trabalhador para que o mesmo retornasse ao trabalho Teoria da unicausalidade - para cada doença um agente etiológico que deveria ser identificado e as medidas de controle adotadas A medicina do trabalho era um modelo que se limitava a adaptar e selecionar o trabalhador através de suas aptidões para realizações das atividades laborais- busca da máxima produtividade Problema - identificar/diferenciar as doenças relacionadas ao trabalhocom outras doenças comuns na população Os efeitos da II Guerra Mundial exigiram intensidade de trabalho e em condições adversas. Grande esforço industrial produzido no período pós-guerra. Os custos provocados pelas perdas de vidas nos acidentes de trabalho e doenças do trabalho começaram a serem também sentidos pelos empregadores e companhia de seguros pelas indenizações – seguro por invalidez – originando prejuízos financeiros. A insatisfação dos trabalhadores em seus locais der trabalho aumentou, levando aos movimentos de melhorias das condições de trabalho e demais direitos trabalhistas. A medicina do trabalho foi ineficiente para intervir sobre os problemas de saúde dos trabalhadores. A resposta racional foi ampliar a atuação médica com relação ao trabalhador, intervindo também no ambiente. SAÚDE OCUPACIONAL Surge nas grandes empresas a Saúde Ocupacional com a participação multi e interdisciplinar compondo uma equipe multiprofissional com ênfase na higiene industrial, influenciada inclusive pelas escolas de Saúde Pública (EUA) que já vinham discutindo as questões relacionadas ao trabalho e saúde. Um conjunto de fatores de risco é considerado na produção da doença, avaliada através da clínica e de indicadores epidemiológicos, ambientais e biológicos de exposição e efeito. Contudo mantinha-se uma prática medicalizada, de cunho individual e voltada para o mercado formal de trabalho. O CENÁRIO EM QUE SE DEU AS TRANSFORMAÇÕES DE S.O PARA S. DO T Movimento social renovado, revigorado e redirecionado que surge nos países industrializados – segunda metade a década de 60 – onde se passa a questionar o sentido da vida, o valor da liberdade, o significado do trabalho e da vida, o uso do corpo e a denúncia de obsoletos valores já sem significado para a nova geração. No Brasil a Saúde do trabalhador surgiu na década de 1980: Introdução de mudanças na legislação trabalhistas brasileira e principalmente em relação às questões de saúde e segurança do trabalhador. O processo leva a exigência da participação do trabalhador nas questões de segurança e saúde – expressas em situações de sofrimento, doença e morte. A saúde do trabalhador consiste na área de conhecimento que estuda o processo de saúde/doença dos grupos humanos, bem como sua relação com o trabalho e como trabalho pode levar ao agravamento de doenças e/ou propiciar o seu surgimento. Tem como objetivo a promoção e a proteção da saúde do trabalhador através de ações de vigilância epidemiológica dos riscos presentes nos ambientes e a sua relação com as condições de trabalho. Deve-se considerar as atividades voltadas para a proteção e prestação da assistência aos trabalhadores, compreendendo procedimentos diagnósticos, tratamento e reabilitação de forma integrada. “A Saúde do Trabalhador considera o trabalho enquanto organizador da vida social, como espaço de dominação e submissão do trabalhador pelo capital, mas igualmente, de resistência, de constituição e do fazer histórico. Os trabalhadores assumem o papel de atores, de sujeitos capazes de pensar e de se pensarem produzindo uma experiência própria, no conjunto das representações da sociedade”. EXAME DE SAÚDE DO TRABALHADOR Importante medida preventiva em saúde ocupacional, podendo denominá-los numa empresa de legais, empresariais, pessoais ou individuais. Inclui entre outros, a realização obrigatória dos exames médicos: admissional e demissional, periódico, de retorno ao trabalho (afastamento), mudança de função. TRABALHO NA ENFERMAGEM Origem guerreira/freiras (rituais)/pagã Florence Nightingale Anna Nery Herdamos das americanas A enfermagem é uma ciência humana, de pessoas e experiências, com um campo de conhecimentos, fundamentações e práticas que abrangem do estado de saúde ao estado de doença, e mediada por transações pessoais, profissionais, científicas, estéticas, éticas e políticas do cuidar de seres humanos. (LIMA) Aula 06 – Gênero e Trabalho; Homem e Mulher Trabalhadores – Profª Márcia Lisboa Gênero: é uma categoria própria das ciências sociais que permite compreender a construção social, cultural e histórica das relações entre os sexos. A perspectiva de gênero é uma abordagem teórica e metodológica que permite reconhecer e analisar as identidades, perspectivas e relações entre homens e mulheres, fundamentalmente as relações de PODER entre os sexos. Joan Scott: “o gênero é um elemento constitutivo de relações sociais baseado nas diferenças percebidas entre os sexos”. O gênero é uma forma primeira de significar as relações de poder (dimensão relacional, social e política). Mulheres: considera-se que a aptidão das mulheres que por um lado não é reconhecida pelo mercado de trabalho são características consideradas como naturais e inatas: destreza manual, paciência, perfeição, submissão, meiguice, passividade, dissimula o cansaço, produtora de cuidados, capacidade para exercer dupla ou tripla jornada de trabalho. Homens: distinguem-se do feminino por exclusão; masculinidade, fortaleza, força física, esperteza, superioridade, capacidade de liderança, reativo, que assumem riscos e exigências, reivindicador, maior opção para as funções e para o exercício profissional. Mulher como trabalhadora - pensar na sua integridade, como sujeito da produção e da reprodução. O capitalismo provoca na mulher uma dissociação: Ela é: igual como indivíduo que pode vender sua força de trabalho - ignora- se suas especificidades. Diferente quando é vista como sujeito portador de uma identidade referenciada na esfera doméstica da reprodução, nas vivências próprias da feminilidade (gestação, parto). A qualificação da mulher desde a infância é nas tarefas monótonas, repetitivas, minuciosas - se estendem como mão de obra desqualificada. Essa dissociação condiciona extensa jornada de trabalho + jornada doméstica = dupla jornada de trabalho. O aumento da participação da mulher no mercado de trabalho não significa necessariamente igualdade de condições entre homem e mulher. Algumas questões existentes no contexto de trabalho da mulher: Jornada de trabalho. Ramos de atividades: ainda pode-se dizer que tem-se aquelas profissões verdadeiras reservadas no mercado para mulheres – escolha cultural arbitrada por mecanismos ideológicos. Carga física, assédio sexual, violência, controle das necessidades fisiológicas, a sexualidade, a reprodução, a desigualdade social, a exigência da “boa aparência”. OIT na 60 ª Conferência Internacional do Trabalho afirmou: “devem der adotadas todas as medidas necessárias para garantir o direito das mulheres ao trabalho como um direito inalienável de todo ser humano”. Em 1975 foi proclamado o Ano Internacional do Mulher. Contudo a realidade da mulher trabalhadora ainda era difícil. Hoje tem-se alguma mudança, mas ainda insuficiente. Trabalhadora doméstica: aspectos legais são desconhecidos pelas mesmas ou não cumpridos. Trabalhadora rural: ONU – 67% da força de trabalho rural dos países em desenvolvimento ; não tem seus direitos assegurados. Trabalhadora portadora de deficiência: - Dificuldades na formação profissional. - Acesso ao mercado de trabalho: atividades limitadas à camelô, empregadas domésticas, remuneração mais baixa que o mercado. A saúde no trabalho do H e da M: - Explicar as situações específicas da vida labora: incorporação no mercado de trabalho, discriminação, dupla jornada de trabalho. - Analisar os aspectos reconhecidamente patogênicos e os invisíveis (derivados da divisão da sociedade em gêneros).- Analisar os danos à saúde em função da dupla jornada. Causas da situação de saúde das mulheres no trabalho: - Conflitos decorrentes dos lugares de socialização - Tensão entre a relação “tempo doméstico- tempo social” - Falta de tempo para repor energias consumidas na dupla ou tripla jornada - Fatores sociais e familiares, sobrecarga física e mental, fadiga intensa - Situações decorrentes da saúde reprodutiva (abortos, carga hormonal da contracepção) Questões que a trabalhadora precisa conhecer: - Jornada de trabalho - Hora extra - Jornadas especiais ( insalubre, periculosidade, penosidade) - Trabalho noturno ( 20% sal. Min.) - Repouso semanal, férias, comissões, percentuais, gratificações, abono. Periculosidade São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho, aqueles que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem o contato permanente com inflamáveis ou explosivos em condições de risco acentuado. "O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um adicional de 30% sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa." A periculosidade foi regulamentada pela Norma Regulamentadora Nº 16, por meio de dois anexos. A caracterização e a classificação da insalubridade e da periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão através de PERÍCIA a cargo de Engenheiro do Trabalho ou Médico do Trabalho, registrados no Ministério do trabalho. "O direito do empregado ao adicional de insalubridade ou de periculosidade cessará com a eliminação do risco ã sua saúde ou integridade física..." Insalubridade Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos. A insalubridade foi regulamentada pela Norma Regulamentadora No 15, por meio de 14 anexos. Penosidade Adicional de penosidade encontra-se previsto no artigo 7º, inciso XXIII da Constituição da República, inserido no mundo jurídico juntamente com o adicional de insalubridade e periculosidade. Trata-se de uma modalidade de indenização que será destinada a todo tipo de atividade que, embora não cause efetivo dano à saúde do trabalhador, possa tornar sua atividade profissional mais sofrida, desde que não percebam qualquer outro adicional. Por exemplo: os trabalhadores que exercem sua atividade de pé, ou tenham que enfrentar filas, ou se sujeitem ao sol ou à chuva, ou trabalhem sozinhos, tenham que levantar muito cedo ou muito tarde, ou com produtos com odores extremamente desagradáveis. Revistas Femininas As seguintes pérolas foram extraídas de revistas Femininas da década de 60. Cabe nossa reflexão: Não se deve irritar o homem com ciúmes e dúvidas. (Jornal das Moças, 1957). Se desconfiar da infidelidade do marido, a esposa deve redobrar seu carinho e provas afeto. (Revista Cláudia, 1962). A desordem em um banheiro desperta no marido a vontade de ir tomar banho fora de casa. (Jornal das Moças, 1945). A mulher deve fazer o marido descansar nas horas vagas, nada de incomodá-lo com serviços domésticos. (Jornal das Moças, 1959) A esposa deve vestir-se depois de casada com a mesma elegância de solteira, pois é preciso lembrar- se de que a caça já foi feita, mas é preciso mantê-la bem presa. (Jornal das Moças, 1955) Se o seu marido fuma, não arrume briga pelo simples fato de cair cinzas no tapete. Tenha cinzeiros espalhados por toda casa. (Jornal das Moças, 1957) A mulher deve estar ciente que dificilmente um homem pode perdoar uma mulher por não ter resistido às experiências pré-nupciais, mostrando que era perfeita e única, exatamente como ele a idealizara. (Revista Claudia, 1962) Mesmo que um homem consiga divertir-se com sua namorada ou noiva, na verdade ele não irá gostar de ver que ela cedeu. (Revista Querida, 1954) O noivado longo é um perigo. (Revista Querida, 1953) É fundamental manter sempre a aparência impecável diante do marido. (Jornal das Moças,1957) E para finalizar a “mais mais” de todas: O LUGAR DE MULHER É NO LAR. O TRABALHO FORA DE CASA MASCULINIZA. (Revista Querida, 1955). Aula 07 – Práticas Integrativas e Complementares de Saúde no Cuidado de Enfermagem: Introdução ao tema – Profª Neide Titonelli Definição: emprego de recursos naturais no cuidado à saúde. São práticas que recusam o uso de substâncias químicas que não existam na natureza. Exemplos de PICS •As diversas tecnologias de intervenção em saúde oriundas da Medicina Tradicional Chinesa e outras difundidas no Ocidente: acupuntura, fitoterapia, shiatsu, massoterapia, essências florais, cromoterapia, argiloterapia, trofoterapia. Princípios Fundamentais das PICS •Abordam de modo integral e dinâmico o processo saúde-doença. •Envolvem abordagens que buscam estimular os mecanismos naturais de prevenção de agravos e recuperação da saúde com ênfase na escuta acolhedora, no desenvolvimento do vínculo terapêutico e na integração do ser humano com o meio ambiente e a sociedade. •Podem ser utilizadas de forma isolada ou integrada com outros recursos terapêuticos, naturais ou não. •Dispõem de práticas corporais complementares que se constituem em ações de promoção e recuperação da saúde e prevenção de doenças. Logo, não se preocupam restritamente com a doença e o corpo do doente. •São práticas que incentivam o desenvolvimento comunitário, a solidariedade e a participação social. Daí a colocação de que os princípios destas práticas vêm ao encontro da forma pela qual concebemos o cuidado e a ética que o envolve. Práticas Integrativas e Complementares de Saúde - PICS •Integram as vivências e experiências do ser humano, pessoais e coletivas, de viver e de se cuidar, em uma concepção holística. •Englobam aspectos físicos, socioculturais, emocionais, mentais e ambientais, de forma interativa e interdependente. O potencial de reequilíbrio e autocura do sujeito são estimulados. A Relação no Cuidado •Existem dois sujeitos partícipes do processo do cuidado. •Valoriza o que o cliente sabe, pensa, crê e deseja, associado às suas expectativas e concepções sobre saúde e doença. Tamires Realce Nesta visão → Usuários dos serviços de saúde: sujeitos protagonistas. SUS: oferecer tecnologias compatíveis com a realidade sociocultural das pessoas, considerando seus saberes e práticas de saúde. → Valoriza o ser humano na sua inteireza. A Inserção das PICS no Sistema Único de Saúde •Portaria do Ministério da Saúde nº 971, de 03 de maio de 2006. - Aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde. - Caráter nacional. Recomenda a adoção pelas Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, da implantação e implementação das ações e serviços relativos às Práticas Integrativas e Complementares de Saúde. Os órgãos e entidades do Ministério da Saúde, cujas ações se relacionem com o tema, devem promover a elaboração ou a readequação de seus planos, programas, projetos e atividades. Em 1997 o Conselho Federal de Enfermagem, através da Resolução nº 197 → estabelece e reconhece as Terapias Alternativas como especialidade e/ou qualificação do enfermeiro. Integralidade em saúde •Pensar a saúde na perspectiva da integralidade implica considerar para além dos parâmetros biológicos universais, os incorporando aos processos terapêuticosdos profissionais. •Respeito ao conjunto de crenças, percepções e valores dos grupos sociais que influenciam a forma como as pessoas vivenciam os processos de adoecimento. Para tanto, •Rever os modelos de atenção em saúde que extrapolem a perspectiva reducionista e fragmentária da biomedicina, por uma concepção nova paradigmática pautada na integralidade. •Ampliar as intervenções em saúde, deslocando o foco, das intervenções circunscritas ao combate dos sintomas da doença para ações afetas às necessidades em saúde e as demandas de cuidado dos sujeitos e coletividades. Aplicabilidade das PICS •Implicações: ética; política; ideológica; cultural; econômico; científicas. REFLEXÕES •A academia ensina e sustenta o processo ensino-aprendizagem no saber acadêmico-científico. •Necessidade de ampliação do conhecimento para além da dimensão biológica e em torno de outros recursos que hoje estão sendo objeto de reflexão crítica. Aspecto Ético e Legal •Muitos profissionais se debatem na tentativa de garantir cada qual para si, a exclusividade de saberes e práticas. •Viável a incorporação de conhecimentos herdados de outras culturas e pensamentos na formação acadêmica e prática profissional, desde que o profissional mantenha-se em constante atualização técnica na busca de novos ou resgatados conhecimentos. PESQUISAS DESENVOLVIDAS PELO NUCLEARTE Práticas utilizadas pelos sujeitos •Reiki, shiatsu, acupuntura, fitoterapia, florais, cromoterapia, diferentes tipos de massagem. Principais indicações: dores musculares, depressão e síndrome do pânico. Circunstâncias de utilização: insatisfação e sensação de limites impostos à atuação e interação com o outro; último ou único recurso. Concepções de enfermeiros acerca da inserção de PICS Principais resultados: Práticas vitalizadoras da energia humana → integra a pessoa à natureza, nela envolvendo o contexto e outros seres que a integra. Potencializam a relação do cuidado → cliente e profissional mais presentes e ativos. Rompem com as fronteiras disciplinares e fortalecem a perspectiva interdisciplinar do cuidado. Limites da aplicabilidade de PICS •Dificuldade em rever os paradigmas que sustentam os modelos assistenciais → rigidez em aceitar mudanças ou por conformismo. •Fragilidades relacionadas à falta de regulamentação das PICS. •Formação profissional cunhada ao modelo biomédico. •Desconfiança. •Falta de conhecimento. •Preconceito. Possibilidades •Filosofia institucional como facilitadora •Enfoque humanístico, pautado na integralidade do ser. •Qualifica o cuidado: interação, toque, solidariedade, troca de energia. Pesquisas concluídas •Dissertações de mestrado → Práticas Integrativas e Complementares de Saúde na Concepção de Clientes Usuários: uma análise sob o enfoque ético do cuidado de enfermagem. → Acupuntura no conjunto das intervenções de enfermagem: um diálogo transparadigmático. •Teses de doutorado → Educação em saúde facilitada por música: uma estratégia de cuidado e pesquisa em enfermagem junto a sujeitos com Diabetes Mellitus tipo 2. → Encontros musicais: uma estratégia de cuidado de enfermagem junto a sistemas familiares no contexto da quimioterapia. Pesquisas em andamento ● Tese de doutorado → Efeitos da acupuntura associados ao tratamento convencional na intervenção de diagnósticos de enfermagem de pessoas com hipertensão arterial primária. ● Dissertação de mestrado → Efeitos da acupuntura no tratamento de crianças e adolescentes portadores de fibrose cística. Aula 08 – Cuidado de Enfermagem e o Uso de Plantas Medicinais- Profª Neide Titonelli Plantas medicinais: são aquelas que trazem, na sua composição físico-química, potencialidades terapêuticas cujas finalidades incluem a preservação da saúde, tratamento de males e restauração do bem-estar do ser humano. Fitoterapia: mais utilizado no espaço acadêmico, das investigações científicas e estudos voltados à saúde humana. Emprego de plantas com propriedades terapêuticas •Não se baseia tão somente no saber do senso comum. Muitas delas estão sendo estudadas e demonstradas cientificamente. •Proposta no cuidado de enfermagem: - compartilhamento de saberes e práticas - como utilizar as plantas nos espaços comuns da vida cotidiana das pessoas. De que modo? - Plano coletivo de ação que implique na necessária revisitação do paradigma que sustenta as práticas de saúde vigente. * valorizar a participação ativa e questionadora dos clientes, sujeitos do cuidado. * respeito ao modo de viver e aos saberes e práticas de cuidar dos clientes: questão ética. Formas de Preparo das PM - Cataplasma - Compressa - Decocção - Inalação - Infusão - Suco ou sumo - Xarope Orientações gerais aos usuários de plantas medicinais •Apesar das plantas medicinais serem um método natural ela pode fazer mal, ou seja, causar toxidade ou efeito adverso ao organismo. •Não devem ser consideradas inofensivas. •Não utilizar nenhuma planta que não conheça seus efeitos. •Cuidado: há muitas plantas de aparência semelhante, mas NÃO são iguais. •Locais de plantio. NÃO pode cultivá-las: - locais poluídos, terras contaminadas por produtos químicos, fezes de animais, próximos de gases poluentes, como os dos automóveis. •Verificar o local de armazenamento das plantas: folhas secas devem ser acondicionadas em recipiente de vidro, ao abrigo da luz. •Tome cuidado com a combinação das plantas entre si e com drogas alopáticas. Podem potencializar o efeito das plantas, tornando-as tóxicas ao organismo. •Nenhuma planta deve ser consumida por longo período. •A dose recomendada à criança é sempre a metade a do adulto •Verifique sempre o estado de conservação da planta: se possui mofo, insetos, fezes de animais. •O uso de chá diário não deve ultrapassar três a quatro copos ao dia. Pesquisas produzidas pelo Nuclearte •“Enfermagem fundamental e seus nexos com o uso de práticas naturais de saúde – o exemplo das farmácias vivas”. Contou com o auxílio financeiro da FAPERJ e a participação de 06 bolsistas de iniciação científica: CNPq/balcão, PIBIC, FAPERJ. O projeto foi desenvolvido em dois hospitais universitários do Rio de Janeiro e outros hospitais públicos do município do Rio de Janeiro, além de uma comunidade circunvizinha à UFRJ. Os sujeitos se constituíram de estudantes universitários da área da saúde, clientes dos hospitais em nível ambulatorial e de internação, e pessoas adultas moradoras da comunidade mencionada. Ao todo, participaram 172 sujeitos. Alguns resultados da pesquisa - Emprego indiscriminado. - Não passa pela preocupação com a cientificidade, tampouco de tornar-se nocivo ao organismo humano. - Experiência empírica. - Pressupõe ajuda e solidariedade - Recurso autêntico do saber popular. Plantas que emergiram com maior destaque - Erva-cidreira, boldo, erva-doce, camomila, capim-limão, saião, hortelã, guaco, pata de vaca, poejo, carqueja, espinheira santa e erva-de-santa-maria. - Principais finalidades terapêuticas: efeitos calmantes, dores musculares e no combate aos problemas digestivos e respiratórios. Alguns resultados da pesquisa - Os usuários das plantas medicinais quase sempre desconhecem seus efeitos indesejáveis, considerando-as inofensivas. - Concepção popular de que por se tratar de um recurso natural, não oferece risco à saúde. Justificativa do uso - Eficácia das mesmas, seja como profilaxia de doenças ou manutenção da saúde. - Baixo custo, quando comparadas com os remédios alopáticos. - Frustração sentida pelas pessoas devido à falta de resolutividade dos meios convencionais de tratamento
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